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Em 1939, ao deflagrar a guerra mundial, os vencimentos mensais de
um catedratico do ensino secundario eram de um mil cruzeiros e o
preço de cada aula extraordinaria era de dez cruzeiros. Naquela ocasião
a circulação monetaria nacional era de cinco biliões de cruzeiros.
Atualmente a circulação monetaria nacional, devido à politica
inflacionista dos ultimos governos, é superior a cinquenta biliões de
cruzeiros, de sorte que nossa moeda desvalorizou-se de dez vezes, e,
consequentemente, os preços dos artigos de consumo, alugueis de casa,
medicamentos, etc., subiram, em média, dez vezes mais. Ora, para que
um professor catedratico perceba hoje os mesmos vencimentos que
percebia naquela ocasião, necessario seria que seus vencimentos fossem
iguais a dez vezes mais os vencimentos vigorantes naquela época. Não
é o que acontece presentemente. Depois de uma renhida luta em que
reivindicavam melhores vencimentos, durante dois anos seguidos, sem
nenhuma majoração de vencimentos, o Legislativo aprovou a
mensagem do Executivo propondo o reajustamento geral do
funcionalismo, inclusive do professorado. No caso do professor
secundario, passou do padrão “L”, Cr$ 6.900,00, para o padrão “M”,
Cr$ 9.400,00, apresentando-se, portanto, ainda, um “déficit” de Cr$
600,00 para a subsistencia do mestre, considerando-se o milagre de que
o mesmo não seja obrigado a gastos extraordinarios, com molestias sua
e de sua família, pois não se pode falar noutros extraordinarios que
escapam ao poder aquisitivo do professor. E note-se que o professor
vinha sofrendo, desde muitos anos, a pressão do custo de vida sem
reajustamento de seus vencimentos, levando, portanto, vida de
sacrificios, com reflexos na sua vida funcional, na sua formação
profissional ou aperfeiçoamento, vale dizer com profundos reflexos no
ensino (SOUZA, 15 mar. 1957).
Não podemos aqui deixar de lembrar que anos antes houvera, no
Estado de São Paulo, uma negociação dos professores, mediante um
memorial redigido e assinado pelas diversas entidades sindicais, propondo
a remuneração de sete mil cruzeiros para o professor. Parte da classe
considerava, já em 1954, irrisório esse valor e as entidades sindicais