Os Dilemas Atuais do Brasil
e da América Latina
F L C
J M C
A  S
(O)
O D A  B
  A L
Marília/Ocina Universitária
São Paulo/Cultura Acadêmica
Marília
2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
Copyright© 2016 Conselho Editorial
Diretor:
Dr. José Carlos Miguel
Vice-Diretor:
Dr. Marcelo Tavella Navega
Conselho Editorial
Mariângela Spotti Lopes Fujita (Presidente)
Adrián Oscar Dongo Montoya
Ana Maria Portich
Célia Maria Giacheti
Cláudia Regina Mosca Giroto
Marcelo Fernandes de Oliveira
Maria Rosangela de Oliveira
Neusa Maria Dal Ri
Rosane Michelli de Castro
Ficha catalográfi ca
Serviço de Biblioteca e Documentação – Unesp - campus de Marília
Editora afi liada:
Cultura Acadêmica é selo editorial da Editora Unesp
D576 Os Dilemas atuais do Brasil e da América Latina / Francisco Luiz
Corsi, José Marangoni Camargo, Agnaldo dos Santos (organi-

Acadêmica, 2016.
224p

Apoio:Capes
ISBN 978-85-7983-814-9 (impresso)
ISBN 978-85-7983-815-6 (digital)



III. Santos, Agnaldo dos.
CDD 330.981
DOI https://doi.org/10.36311/2016.978-85-7983-815-6
SUMÁRIO
Apresentação ......................................................................................... 7
América Latina e a Crise Capitalista Mundial do Ponto de Vista da
Teoria da Dependência
Adrián Sotelo VALENCIA ...................................................................... 15
As Dimensões da Crise do Capital e a Particularidade Brasileira no Início
do Século XXI
Adilson Marques GENNARI ................................................................... 31
Notas sobre a Política Econômica do Governo Dilma
Francisco Luiz CORSI ............................................................................ 45
Evolução Recente do Emprego e Distribuição da Renda no Brasil em
uma Conjuntura de Crise
José Marangoni CAMARGO .................................................................. 69
Ajuste Fiscal e Austeridade: Saída à Direita
Luís Antonio PAULINO ......................................................................... 83
A inserção internacional do Brasil em face conjuntura econômica e política
da América Latina: uma breve avaliação
Rodrigo Duarte Fernandes dos PASSOS ................................................... 109
Hechos y Desafíos de la Revolución Bolivariana: una mirada
jurídico-política
Jair PINHEIRO ..................................................................................... 121
Movimentos Migratórios como Dilema Contemporâneo: o Papel da Mulher
em Cidades Pequenas e Médias no Brasil
Silvia Aparecida de Sousa FERNANDES ................................................. 135
A entrada da Agroecologia na Agenda do MST: Estratégia para Além do
“Desenvolvimento Sustentável”?
Henrique Tahan NOVAES; João Henrique PIRES.................................... 145
Algumas Reexões sobre os Desaos à Tecnologia Social
numa Economia de Mercado
Agnaldo dos SANTOS ............................................................................ 161
O papel do Estado no Crescimento do Agronegócio e o Impacto na
Conjuntura dos Recursos Hídricos
André SCANTIMBURGO ..................................................................... 175
Capitalismo Retardatário e Pulsão Golpista: um Ensaio sobre
a Miséria Brasileira
Giovanni ALVES .................................................................................... 201
Sobre os Autores ................................................................................... 219
APRESENTAÇÃO
O presente livro abarca um conjunto de trabalhos debatidos
nas mesas-redondas do XV do Fórum de Conjuntura, que discutiu os im-
pactos da crise estrutural do capitalismo global na América Latina e as
alternativas de desenvolvimento socioeconômico para a região. Tema da
maior relevância no atual momento em que se observa uma onda con-
servadora no mundo. Em linhas gerais, o capital, embora abalado pela
crise, busca responder os graves problemas de valorização que enfrenta,
sobretudo devido à existência de uma massa enorme de capital ctício,
por meio da intensicação da exploração do trabalho. Isto signica apro-
fundar a precarização das condições de trabalho, reduzir os salários e as
aposentadorias, reduzir os gastos com programas sociais (educação, saú-
de, moradia, saneamento etc.), concentrar ainda mais a renda e cortar os
direitos sociais e trabalhistas. Apesar da resistência das classes populares,
que até o momento não têm logrado sucesso em sua luta, esta saída tem
sido implementada em toda parte sob a égide do neoliberalismo. Seja na
Europa, onde a Grécia é um caso exemplar, seja na América Latina; o
exemplo brasileiro é lapidar. Um golpe institucional derrubou um governo
constitucionalmente eleito e logo estabeleceu como meta principal o corte
de direitos sociais e trabalhistas em nome da estabilidade scal, que nada
mais é do que garantir as condições de valorização do capital rentista e de
rentabilidade e competitividade do capital. O golpe foi desfechado contra
os direitos civis e sociais de grande parte do povo brasileiro e, mais uma
vez, como em tantas vezes no passado, o ônus da crise será jogado nas con-
tas dos trabalhadores.
https://doi.org/10.36311/2016.978-85-7983-815-6.p7-14
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)
Estas colocações não eximem o governo Dilma de uma severa aná-
lise crítica em virtude de seus inúmeros equívocos, como o de ser conivente
com a corrupção e de implementar um ajuste ortodoxo logo após a sua ree-
leição, contrariando seu discurso e os interesses de suas bases de sustentação;
apesar de seus acertos, como a redução dos juros e a exibilização das metas
de superávit primário e de inação, que desencadearam a fúria conservadora
dos rentistas e da grande imprensa, com largo apoio das classes médias, te-
merosas de perder sua posição social e contrariadas pela política scal, pela
política de cotas, pela desvalorização da moeda e pelo baixo retorno dos ser-
viços sociais. Está em curso uma feroz luta entre as diferentes frações das
classes dominantes pelos rumos da economia e da sociedade brasileira e isto
implica também denir os caminhos da inserção do Brasil no mundo multi-
polar que se congura com a crise estrutural de sobreacumulação.
Estas questões rascunhadas acima foram alvo das discussões do
XV Fórum de Análise de Conjuntura, embora o evento tenha ocorrido
antes do “desfecho” do golpe no Brasil e das eleições na Argentina e na
Venezuela. Ou seja, o evento, organizado pelo Grupo de Pesquisa Estudos
da Globalização e ocorrido entre 16 e 18 de novembro de 2015, na
Faculdade de Filosoa e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), abordou a conjuntura econômica e política dos principais paí-
ses da América Latina. Especial atenção foi dispensada ao Brasil, que vive
complexa crise econômica e política. Em termos mais gerais, os temas do
desemprego, do meio ambiente, da desigualdade social, do acesso aos ser-
viços públicos universais, das estratégias de desenvolvimento e inserção na
economia mundial, do grau de autonomia dos Estados nacionais de levar
a cabo políticas econômicas voltadas para o atendimento das demandas
sociais e o crescimento sustentado ante aos interesses nanceiros dominan-
tes, do esgarçamento das formas de vida, de fazer política e de organização
econômica foram os pontos discutidos no Fórum de Conjuntura.
O livro está organizado em 12 capítulos, que correspondem às
participações dos expositores nas mesas do evento. O capítulo de Adrián
Sotelo Valencia, “América Latina e a Crise Capitalista Mundial do Ponto
de Vista da Teoria da Dependência” discute os impactos da crise mundial
na América Latina. A economia capitalista mundial está passando por di-
culdades sérias e importantes nos últimos anos, especialmente após a crise
Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
estrutural e nanceira que abalou o mundo em 2008-2009. Segundo o
autor, a sua recuperação foi, até o momento, muito tímida. Dessa forma,
a crise, que é profunda, continua afetando praticamente todos os países e
sociedades. As recuperações esboçadas por alguns países são de fôlego cur-
to. Isto se explica essencialmente pelo fato de que para o sistema capitalista
é cada vez mais difícil produzir valor e mais-valia em escala suciente para
garantir a sua reprodução ampliada mantendo ou aumentando a taxa mé-
dia de lucro. Esse é o contexto em que a situação política e econômica da
América Latina precisa ser analisada.
O capítulo “As Dimensões da Crise do Capital e a Particularidade
Brasileira no Início do Século XXI”, de Adilson Marques Gennari, também
analisa a conjuntura da economia brasileira a partir de uma perspectiva
ampla, que tem como referência as profundas transformações em curso no
capitalismo. Segundo o referido autor, o processo de desenvolvimento do
capitalismo brasileiro neste começo do século XXI se caracteriza por conti-
nuidades e por rupturas. Este padrão estaria presente nos aspectos conjun-
turais e estruturais da sociedade e da economia brasileiras. As transforma-
ções em curso estariam articuladas diretamente com a forma de inserção
do Brasil no processo de globalização do capitalismo. Esta inserção seria
subordinada e caracterizada por um ciclo nanceiro inerentemente instável
que aprofundou a vulnerabilidade da economia brasileira. Resultados dessa
inserção seriam, entre outros pontos, a desindustrialização e a re-primari-
zação da economia. O processo de transferência de renda para os setores
populares, que resultou em redução signicativa da população abaixo da
linha da pobreza, estaria em risco em virtude dos limites das políticas eco-
nômicas implementadas no período e dos persistentes problemas estrutu-
rais, que indicam que não houve alteração na secular estrutura social de
concentração da propriedade e da renda.
O capítulo “Notas sobre a Política Econômica do Governo
Dilma”, escrito por Francisco Luiz Corsi, discute as razões do baixo de-
sempenho da economia brasileira entre 2011 e 2014 e da recessão aberta
em 2015. Parte da perspectiva segundo a qual a análise da economia bra-
sileira precisa abarcar o contexto mundial no qual está inserida. Tanto sua
fase de expansão recente (2003-2010), que coincide com o governo Lula,
quanto o baixo crescimento do primeiro mandato do governo Dilma e
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

a recessão em curso só são inteligíveis no bojo da evolução da economia
mundial, não obstante o desempenho da economia brasileira também de-
pender, em boa medida, das determinações internas e da luta de classes em
torno da denição dos seus rumos. Para o autor, a política econômica dos
governos Lula e Dilma se sustentava em dois pilares contraditórios. De um
lado, mantiveram a política macroeconômica neoliberal de FHC. De ou-
tro, adotaram medida voltadas para a expansão do mercado interno e para
a distribuição da renda. Esta situação sustentou-se no período de boom da
economia mundial. Quando da crise de 2008, as contradições aoraram e
o desfecho foi a recessão aberta em 2015.
O capítulo escrito por José Marangoni Camargo, “Evolução re-
cente do emprego e distribuição da renda no Brasil em uma conjuntura de
crise”, discute a evolução da economia brasileira no período recente, em um
contexto de crise econômica e os impactos sobre o emprego e a distribuição
da renda. No período 2003-2014, apesar das políticas de cunho neoliberal
terem sido mantidas em linhas gerais nos governos Lula da Silva e Dilma
Roussef, as taxas de crescimento médias superiores às duas décadas anterio-
res, geraram efeitos positivos sobre o mercado de trabalho. Adicionalmente,
a formulação de um conjunto de políticas sociais, como a recomposição
do valor real do salário mínimo e a concessão da bolsa família, possibili-
tou também um crescimento da renda dos segmentos mais baixos e uma
pequena desconcentração da renda, revertendo uma tendência de aumento
da desigualdade observada desde os anos 60. Já no cenário mais recente,
o desempenho medíocre da economia, com a redução acentuada das taxas
de crescimento econômico a partir de 2011 e queda em 2015 e 2016 têm
levado a uma rápida deterioração dos indicadores do mercado de trabalho,
com aumento signicativo das taxas de desemprego e redução das rendas do
trabalho, com sérios riscos de perdas das conquistas obtidas ao longo da últi-
ma década, como reexo do agravamento das condições econômicas do país.
Luís Antônio Paulino discute, em seu artigo “Ajuste scal e aus-
teridade: saída à Direita”, o quadro econômico vivido pelo Brasil desde o
início desta década, em particular a queda do crescimento e as escolhas do
Governo Dilma, entre o nal do primeiro mandato e o início do segun-
do. A manutenção de alguns instrumentos de política econômica que se
mostraram inecientes, somada à conjuntura internacional desfavorável,

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
criaram grandes impasses para o governo reeleito. A opção em adotar parte
do programa econômico derrotado em 2014, diante da redução dos inves-
timentos e das exigências de operadores do mercado, indicou o caminho
da austeridade scal, que na prática implica maiores sacrifícios para os
trabalhadores e nenhum para o topo da pirâmide social.
No capítulo “A inserção internacional do Brasil em face da conjun-
tura econômica e política da América Latina: uma breve avaliação”, Rodrigo
Duarte Fernandes dos Passos, a partir das categorias de hegemonia e “tra-
dução”, desenvolvimento desigual e combinado e a dialética da paz e da
guerra, faz uma reexão sobre a posição brasileira no contexto internacional.
Segundo o autor, o Brasil está inserido em limites conjunturais especícos do
movimento de “tradução” de longo alcance da hegemonia norte-americana,
além dos nexos desiguais e combinados com perspectiva da dialética da paz
e da guerra no além-fronteiras. Na perspectiva da política exterior brasileira
com relação ao mundo e à América Latina, o autor faz ressalvas quanto ao
papel de liderança e hegemonia brasileiro, na medida em que o Brasil não
é uma potência militar e do ponto de vista econômico, apesar da liderança
regional, o processo de desindustrialização da economia em curso e a espe-
cialização regressiva do país, como exportador de commodities, representam
obstáculos ao seu papel de liderança e hegemonia no continente.
Jair Pinheiro, em “Hechos y desafíos de la Revolución Bolivariana:
una mirada jurídico-política”, procura analisar os dilemas e as perspec-
tivas institucionais e políticas abertas pela Constituição bolivariana da
Venezuela, que convive com princípios legais tradicionais (“burgueses”)
e socialistas. Enquanto a democracia representativa tradicional é mantida,
com eleições periódicas e a passividade típica deste modelo, existe tam-
bém um Ministério das Comunas pautado pela democracia participativa
protagônica”, que procura envolver os trabalhadores na gestão do bem
comum. Esta tensão entre duas concepções distintas de Estado abre muitos
desaos, mas também grandes oportunidades para construir novas formas
de democracia naquele país e no próprio continente.
No artigo intitulado “Movimentos migratórios como dilema con-
temporâneo: o papel da mulher em cidades pequenas e médias no Brasil”,
Silvia Aparecida de Sousa Fernandes discute o papel da mulher migrante
no interior do estado de São Paulo, particularmente na região de Ribeirão
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

Preto, no contexto do mundo do trabalho e das relações sociais que esta-
belece com seu grupo. A autora analisa o perl da migrante e as relações
que estabelece no lugar de chegada, no lugar de trabalho e nas relações de
vizinhança no bairro de residência. Muitas vezes, esses lugares de reprodu-
ção da vida são distintos e exigem o exercício de diferentes papéis e funções
sociais. Tendo como referência pesquisa de campo realizada em um bairro
do município de Serrana/SP, identica-se o perl do migrante na cidade
e discute-se a condição da mulher como migrante e os papéis sociais a
ela atribuídos. A pesquisa identicou que a maioria dos entrevistados tem
origem em uma única cidade do interior de Minas Gerais, Montalvânia,
o que, segundo a autora, indica que as redes sociais têm um papel signi-
cativo na denição do uxo migratório. Esses migrantes estão inseridos
em atividades econômicas que exigem menor qualicação, pois trabalham
majoritariamente na agroindústria canavieira ou com serviço doméstico.
Além disso, ao analisar apenas a participação feminina e os motivos da
migração, cou evidente a falta de autonomia das mulheres na opção pela
migração e na denição dos destinos do uxo migratório, pois armam ter
migrado para acompanhar seus maridos.
No capítulo escrito por Henrique Tahan Novaes e João Henrique
Pires, “A entrada da Agroecologia na agenda do MST: estratégia para além
do ‘desenvolvimento sustentável”, os autores mostram que a agroecologia
começou a ganhar força na América Latina a partir da década de 1980,
no contexto de “redemocratização”. Vários pesquisadores, extensionistas,
membros de ONGs e intelectuais de movimentos sociais vêm teorizando
sobre suas práticas e princípios, inclusive com a incorporação do tema na
agenda do MST, que a partir do ano 2000 assume a agroecologia como
matriz produtiva estratégica para as áreas de assentamento e acampamen-
tos sob sua inuência. Ela vem sendo vista como alternativa para fazer o
enfrentamento às condições destrutivas que a nanceirização da agricul-
tura gerou para diversos trabalhadores que se produzem e reproduzem no
campo. Mas segundo os autores, a expansão da agroecologia no Brasil en-
contra barreiras, na medida em que o debate sobre a questão agroecológica
e o seu avanço devem levar em consideração outras dimensões que não
apenas a ecológica.

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
O artigo “Algumas reexões sobre os desaos à tecnologia social
numa economia de mercado”, de Agnaldo dos Santos, discute em formato
ensaístico alguns aspectos relativos ao desenvolvimento cientíco e tecno-
lógico à luz do discurso economicista e os problemas desta concepção para
as experiências de tecnologia social. Os gestores públicos e parte da co-
munidade de pesquisa no Brasil aceitam a premissa de que a universidade
deve desenvolver pesquisa “pragmática”, para ser aplicada imediatamente
pelo mercado, para garantir o desenvolvimento do país. Outra parte desta
comunidade, denunciando a instrumentalização da ciência pelo capital,
defende a total ruptura com este modelo. A questão seria saber, então,
como experimentos de tecnologia social e de economia solidária podem
utilizar tais saberes como “implantes pós-capitalistas” no tecido social, sem
cair em formas de niilismo.
“O papel do Estado no Crescimento do Agronegócio e o Impacto
na Conjuntura dos Recursos Hídricos”, de André Scantimburgo, proble-
matiza questões relativas ao uso e à sustentabilidade dos recursos hídricos
a partir da conjuntura atual, identicando nesse cenário o impacto gerado
pelo modelo agrícola brasileiro, que privilegia substancialmente o chamado
agronegócio. Procura, então, fazer uma análise crítica das políticas de gestão
de águas adotadas no Brasil desde os anos 1990, caracterizadas por um mo-
delo gerencial com excesso de tecnocracia e economicismo, no sentido de en-
tender quais as respostas dadas por essas políticas, de forma direta e indireta,
para o quadro preocupante de conjuntura dos recursos hídricos.
Ao nal, o capítulo escrito por Giovanni Alves, “Capitalismo re-
tardatário e pulsão golpista: um ensaio sobre a miséria brasileira” trata da
crise econômica e política brasileira que culminou no golpe que afastou a
presidente Dilma do governo. A partir de uma perspectiva histórica, que
busca apontar as raízes das mazelas de nossa sociedade, o autor escreve
um breve ensaio sobre o tema. De acordo com Alves, o projeto neode-
senvolvimentista de inclusão social não foi aceito pela oligarquia brasi-
leira, que sempre buscou preservar a ordem social, cultural e politica da
Casa Grande. O lulismo abriu espaços para o povo, o que não foi tolerado
pela burguesia brasileira e pela classe média. No Brasil, a herança colonial-
-escravista impede qualquer transformação mais profunda da sociedade.
A burguesia brasileira não está comprometida com um projeto de Nação
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

que inclua o povo. A tarefa que se coloca é romper com esse passado e isto
implica a democratização radical do Estado. Esta deve ser a tarefa política
da esquerda brasileira. Porém, a esquerda não está a altura dessa tarefa. O
PT não buscou romper com essa situação e uma certa esquerda socialista,
teleologicamente revolucionária”, é incapaz de romper com seu mundo de
abstrações e participar efetivamente da luta de classes. “O único interessa-
do no projeto de Nação é o povo brasileiro.
Boa leitura!
Os organizadores.

AMÉRICA LATINA E A CRISE CAPITALISTA MUNDIAL
DO PONTO DE VISTA DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA
Adrián Sotelo VALENCIA
BREVES CONSIDERACIONES SOBRE LA VIGENCIA DE LA TEORÍA MARXISTA DE LA
DEPENDENCIA EN LA EXPLICACIÓN DE LA CRISIS ESTRUCTURAL DEL CAPITALISMO
CONTEMPORÁNEO
En el curso de la década de los años sesenta y en los setenta
del siglo pasado surgió en Brasil la teoría de la dependencia como una
especicidad que asumía el pensamiento latinoamericano para explicar
la problemática de la región en el contexto internacional.
1
Sin embargo,
dicha teoría no fue monolítica, sino que básicamente se expresó en las
dos corrientes principales aludidas.
2
La que negó rotundamente la teoría
y planteó la dependencia como una categoría coyuntural, con un método
que ponderaba el análisis sociopolítico
3
y la que reivindicó explícitamente
1
Véase: BAMBIRRA, Vania. Teoría de la dependencia: una anticrítica, ERA, México, 1978. Hay versión en in-
ternet: <http://www.rebelion.org/docs/55078.pdf>. Acceso en: 20 de agosto de 2007, y CARDOSO, Fernando
Henrique. Notas sobre el estado actual de los estudios de la dependencia, en Varios, Problemas del subdesarrollo
latinoamericano, Editorial Nuestro Tiempo, México, 1976, p. 90-125.
2
BLOMSTRÖM, Magnus y ENTE, Björn. La teoría del desarrollo en transición, FCE, México, 1990 y KAY,
Cristóbal, Latin American eories of Development and Underdevelopment. London, Routledge, 1989.
3
CARDOSO, Fernando Henrique. Notas sobre el estado actual, op. cit., p. 90-125 y con Enzo Faletto,
Dependencia y desarrollo en América Latina, Siglo XXI, México, 1979 (16.ª edición).
https://doi.org/10.36311/2016.978-85-7983-815-6.p
15-30
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

la necesidad de forjar una teoría de la dependencia, considerando a ésta
como un fenómeno y una problemática de carácter estructural inserta en el
modo capitalista de producción, que sólo se superaría superando, al mismo
tiempo, el sistema capitalista dependiente. La gura más sobresaliente de
esta postura es Ruy Mauro Marini, quien utilizó un método de análisis
fundado en El capital de Marx y en la teoría del imperialismo de Lenin.
4
Brasil se constituye en el punto de partida del surgimiento de
la TMD. El golpe militar de 1964 contra el gobierno constitucional de
Goulart, va a provocar que una serie de intelectuales salgan de Brasil.
Más adelante unos llegan al Chile de la UP y fundan el CESO en donde
conuyen intelectuales y académicos de América Latina y Europa como:
Gunder Frank, Bambirra, Marini, Dos Santos, etc., donde se concentra el
exilio proveniente de Brasil, Argentina, Paraguay, Haití, Centroamérica.
En Chile se desarrolla la TMD y se producen importantes
trabajos de autores y textos
5
sobre temas tan diversos como trasnacionales,
dependencia, desarrollo, educación. Además, este país representa una
importante etapa tanto teórica, política y estratégica de la formación del
pensamiento latinoamericano y de la TMD. Por último, continúa su
desarrollo y se consolida en México donde Marini forja grupos de estudiantes
y de académicos que producirán tesis, artículos y libros importantes bajo la
óptica de la dependencia.
En su vertiente marxista, la teoría de la dependencia va sostener, en
primer lugar, que el subdesarrollo, el atraso y las relaciones de dependencia
son un genuino producto del desarrollo del capitalismo mundial; no son
residuos de viejos modos de producción, como explicaban, por cierto, los
teóricos de los partidos comunistas, particularmente, los historiadores.
6
4
MARINI, Ruy Mauro. Dialéctica de la dependencia, ERA, México, 1973.
5
CAPUTO, Orlando y PIZARRO, Roberto. Imperialismo, dependencia y relaciones económicas internaciona-
les, CESO, Santiago, 1971 y CÓRDOVA, Sergio Ramos. Chile, ¿una economía en transición?, Documento de
Trabajo, CESO, 1970. Este libro recibió un año después el Premio Ensayo Casa de las Américas, La Habana,
1972, en este mismo año el CESO publicó en versión mimeograada la Dialéctica de la dependencia de Marini y
otro ensayo en la misma forma: La acumulación capitalista dependiente y la superexplotación del trabajo.
6
Véase, por ejemplo, SEMO, Enrique. Historia del capitalismo en México. Los orígenes. 1521-1763, ERA,
México, 1983, 20.ª ed., que se ubica en esta perspectiva teórica. Este libro debería aludir, más que al desarrollo
del capitalismo, al “desarrollo del feudalismo” en México, ya que su tesis es que este país tuvo un modo de pro-
ducción de esa naturaleza y, por consiguiente, se tenía que vencer, primero, al elemento feudal, representado por
la república de españoles aliados de la corona, contra la República de indígenas registrándose una suerte de lucha

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
La TMD sostiene que el subdesarrollo es un producto del desarrollo
capitalista mundial: a mayor desarrollo, entonces, mayor dependencia,
es esto lo que dice Marini y otros autores como Frank. El desarrollo del
capitalismo genera más dependencia y la dependencia en el fondo implica
profundizar dicha relación, que al nal resulta en mayor dominación, en
el esquema centro-periferia, en el plano económico, incluso, en el político,
tecnológico y militar.
Desde una perspectiva teórico-metodológica Bambirra
7
indica tres
cuestiones de enorme importancia y trascendencia que constituyen verdaderas
tesis epistemológicas que debemos considerar para renovar la TMD y el
pensamiento de Marini para abordar los problemas contemporáneos de la
(neo) dependencia y el (neo) imperialismo en el siglo XXI.
1. En un nivel abstracto, correspondiente al modo de producción capitalis-
ta, no existe una teoría de la dependencia, puesto que esto, o sea, la teoría
general de la crítica y de las leyes del modo de producción capitalista, fue
hecho magistralmente por Marx, quien descubrió las leyes generales que
rigen el desarrollo, crisis y superación de ese modo de producción en
escala global como, por cierto, lo estamos viviendo hoy en día, con todas
las contradicciones y problemáticas que se expresan en la realidad del
mundo contemporáneo. Por lo tanto, se concluye que la teoría marxista
de la dependencia de ningún modo sustituye a la teoría del capitalismo
de Marx, sino que se retroalimentan mutuamente.
2. El segundo planteamiento contundente de la autora es que no existe,
como se llegó a creer y ponticar, una teoría del modo de producción
capitalista dependiente, porque esto es absurdo y no tiene asidero en la
teoría marxista de la dependencia.
3. Por último, la Teoría de la dependencia – subrayo teoría con mayúscu-
la para diferenciarla de la corriente del “enfoque” identicada anterior-
mente – se construye en el nivel intermedio de la formación económi-
co-social y, por supuesto, en su articulación subordinada con el modo
de producción capitalista global que en su expresión más concreta se
expresa en el mercado mundial capitalista.
para avanzar, después, al socialismo, para lo que era necesario superar el elemento más retardatario que provo-
caba subdesarrollo, pobreza, bajos salarios, servidumbre derivado de los modos de producción precapitalistas.
7
BAMBIRRA, Vania. Teoría de la dependencia: op. cit. p. 26 y ss.
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

La formulación de Marini la TMD no se concibe fuera del marco
del marxismo; no se construye a nivel del concepto abstracto modo de
producción – donde Marx formuló sus leyes esenciales del desarrollo y
crisis del capitalismo, por lo que no se le debe sobreponer a Marx otra
u otras teorías – sino al nivel del concepto Formación Económica Social
Capitalista Dependiente. Como se desprende de lo anterior la TMD
no se ubica en la perspectiva del “enfoque”, sino que hace el objeto de
estudio a la misma dependencia en tanto categoría económica, política,
ontológica, global. Abarca el conjunto de los fenómenos contemporáneos
del capitalismo en que está inmiscuida América Latina y el Caribe en tanto
región periférica, dependiente y subdesarrollada, además de otras regiones
del mundo que se encuentran en esta misma condición.
De lo anterior planteamos que la TMD, desde el punto de vista
epistemológico, se construye en el contorno de la formación económico-
social capitalista dependiente: en un nivel de abstracción metodológico
más concreto, y no al nivel del modo de producción, puesto que en éste
es justamente donde actúan leyes generales descubiertas por Marx y la
teoría marxista en este nivel de abstracción: valor, plusvalía, acumulación,
composición orgánica del capital, tendencia a la caída de la tasa de ganancia,
ejército de desempleados, crisis, clases sociales y Estado.
Es en función de estas indicaciones teórico-metodológicas que se
debe ubicar en particular el pensamiento de Marini. En su obra primicia,
Dialéctica de la dependencia (Dd), formuló un esbozo, una introducción
general, para construir la TMD la cual se encuentra abierta para coadyuvar
a tan noble tarea como un pasaporte a las futuras generaciones de
intelectuales, estudiantes, académicos y colectivos que están investigando
y publicando en Europa, Argentina, Brasil o Estados Unidos desde esa
perspectiva crítica frente a las teorías dominantes de raigambre norte-
eurocentristas que se difundieron desde los centros de poder en los años
ochenta y noventa del siglo pasado a la luz de la crisis capitalista y de la
desintegración del bloque socialista y que, hoy, están en crisis sistémica.
8
8
Un ejemplo de esto es el del Fondo Monetario Internacional que, ante la quiebra de la rma norteamericana
Lehman Brothers en septiembre de 2008 que desencadenó la crisis capitalista que padecemos en la actualidad,
aludió en varias publicaciones y, por supuesto, desde su perspectiva ultraneoliberal a la intervención del Estado
lógicamente para “salvar al capitalismo” – y superar sus dicultades – de la debacle económica, mientras que
los más conspicuos representantes del capital cticio internacional reculan de sus leyes del mercado y recur-
ren también al socorro del Estado para salvar de la ruina, de la bancarrota, al capital cticio, mientras que se

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
Son temas para actualizar críticamente la TMD y el pensamiento
de Marini – y no, para en su nombre, rechazarla – en esa ola de fenómenos
y de los límites a los que está llegando el capitalismo histórico, no digo
a su caída denitiva – que es deseable – sino a límites estructurales cuya
naturaleza es preciso indagar para crear nuevos conceptos y categorías
que nalmente construyan alternativas de futuro superiores, capaces de
trascender a este sistema monstruoso de esclavitud salarial y de miseria
sustentado en el modo capitalista de producción para contribuir a apresurar
su inminente decadencia histórica.
LA CRISIS CAPITALISTA
Es importante advertir que para solventar la supervivencia del
capitalismo como un todo es preciso que, por lo menos, mantenga una
tasa compuesta de crecimiento de 3% de acuerdo con el geógrafo marxista
David Harvey.
9
Se debe considerar, además, que el capitalismo histórico
trae aparejada una tendencia secular declinante desde la segunda guerra
mundial del siglo pasado: de arrojar una tasa promedio de crecimiento
superior a 6% entre 1945 y 1974, declinó a una tasa de 5% entre 1974-
1980; en la década de los ochenta dicha tasa fue de 3.4%, de 1.8% en la de
los noventa y en el año 2000 uctuó entre 0% y signo negativo.
10
Durante el período 2001-2011, como se aprecia en el cuadro
siguiente, el capitalismo mundial sólo creció a una tasa promedio anual de
1,9%, pero aún más baja para los llamados países desarrollados que lo hicieron
a sólo 0,1% durante el mismo período. Fue mejor el comportamiento para
los también llamados países en desarrollo, pero por la fuerte contribución
reestructura el capitalismo mediante “reformas estructurales” en Europa y se generalizan en todo el mundo,
que se encuentra al borde de la recesión y de la profundización de sus dicultades en los órdenes económi-
co, político, social y militar. Dicho en palabras de Gilberto Felisberto Vasconcellos, “Gurú del monetarismo
Milton Friedman puede ser considerado como el padrino de la actual crisis nanciera, pero ahora él dejó de
ser el economista del momento, pues lo que está avanzando en el escenario de la derecha imperialista hoy es
la necesidad de retornar a Keynes. Hasta el mismo Bill Gates y George Soros, frente a la crisis de las hipotecas
sub-prime, andan declarando que son keynesianos, lo que no signica que sean progresistas y avanzados, porque
el propio Keynes, la muñeca inglesa que en 1945 (Breton Woods) quería hacer de Inglaterra socia menor de
Estados Unidos, desde 1933 se dedicó a evitar el colapso del capitalismo…”, VASCONCELLOS, Gilberto
Felisberto. Gunder Frank. O enguiço das ciências sociais, op. cit., p. 23-24.
9
HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do capitalismo, São Paulo, Boitempo Editorial, 2012, p. 109.
10
VERGOPOULOS, Kostas. Globalização: o m de um ciclo. Ensayo sobre a instabilidade internacional, Rio
de Janeiro, Contraponto, 2005, p. 73.
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

de potencias como China e India. En los siguientes años el promedio el
de los primeros no mejoró las perspectivas de crecimiento (2,5% anual)
durante 2012-1015, al igual que el de los segundos (1,5%) durante el
mismo período, mientras que la India creció 5,4% y China, 7,4%. El caso
de Japón, cuna del toyotismo exible y de la desregulación del mundo del
trabajo, es dramático y pasó de un crecimiento negativo de -0,7% durante
2001-2011 a uno mediocre de 1% entre 2012 y 2015. Mientras tanto
Estados Unidos, la potencia del orbe, a pesar de los cantos de sirena de
los organismos hegemónicos nancieros y de los medios de comunicación
alienados en el sentido de que este país asumiría un auténtico dinamismo
en la economía mundial, sobre todo con la explosión de las técnicas de
la fractura hidráulica (fracking) para extraer petróleo, creció sólo 0,2%
durante 2001-2011 y 2,4% entre 2012 y 2015. Ambos casos, además del
promedio de la economía mundial, por debajo del crecimiento compuesto
histórico considerado por Harvey de 3% como mínimo.
Cuadro
1.
Regiones y países seleccionados: tasa de crecimiento del PIB,
2008-2015.
(En
porcentajes
)
2001-2011 2012 2013 2014 2015’
Revisión respecto a la
proyección de enero
2015
Mundo 1,9 2,4 2,5 2,6 2,8 -0.3
Países desarrollados 0,1 1,1 1,2 1,6 2,2 0.1
Estados Unidos 0,2 2,3 2,2 2,4 2,8 0
Japón -0,7 1,5 1,6 0 1,2 0
Zona del euro -0,2 0,8 -0,4 0,9 16, 0,3
Federación de Rusia 1,4 3,4 1,3 0,4 -3,0 -3,2
Países en desarrollo 5,6 4,8 4,7 4,4 4,4 -0,4
India 7,3 4,7 6,4 7,2 7,6 1.7
China 9,6 7,7 7,7 7,4 7,0 0
África meridional 3,3 3,4 3,2 2,5 2,9 -0,7
Fuente:
Co
mi
s
i
ó
n
Económica
para América
L
a
t
i
na
y el
Caribe
(
C
E
PAL)
,
sobre
la base
de
Na
c
1
o
n
e
s
Unidas
,
World
E
conom
i
c
Situation
and Prospects,
201
5.
Update as of
mid-2015, Nueva York,
2015
;
World economic
situation
and p
rospects, 2014, Nueva York,
20
14.
Proyecciones
de
mayo
de
20
1
5.
Por otro lado, los organismos nancieros internacionales del
sistema (FMI, BM. CEPAL, OCDE, BID) convienen en que América Latina
y el Caribe han dejado atrás el ciclo de crecimiento que experimentaron

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
durante el período de 2003-2012, cuando se registraron tasas de más
de 5% de crecimiento promedio anual, para ingresar en uno nuevo de
desaceleración y de graves dicultades económicas y sociales en el contexto
de la crisis y desaceleración de la economía capitalista mundial. Así, la
CEPAL pronostica que el crecimiento de la región en 2015 se contraerá
-0,3% y sólo crecerá 0,7% en 2016 afectando con mayor severidad a las
economías y países del Cono Sur,
11
en especial, de Brasil.
LA DESMEDIDA DEL VALOR COMO ACICATE DE LA CRISIS
Muchas son las teorías que se han levantado en torno a las causas
de este comportamiento de la economía capitalista mundial, y en las cuales
no vamos a reparar. Sólo indicamos que para nosotros se involucran los
ciclos de producción, circulación, intercambio y consumo y que el origen
de la crisis se deriva del fenómeno que hemos denominado: desmedida del
valor
12
que, en síntesis, signica que la constante reducción del tiempo
de trabajo socialmente necesario para la producción y reproducción de
las mercancías, incluyendo a la misma fuerza de trabajo, es cada vez más
insuciente tanto para continuar midiendo el valor global de las mercancías,
como para garantizar escalas crecientes y sostenibles de producción de
plusvalía. Esta hipótesis, nos permite concluir que la actual es una crisis
capitalista derivada de graves dicultades que tiene el capital social global
para producir esencialmente valor y plusvalía, lo que redunda, como está
ocurriendo hoy en día, en un proceso de creciente desdoblamiento del
capital a las esferas nanciero-especulativa, reforzando el régimen del
capital cticio productor de ganancias cticias.
13
La desmedida del valor constituye, así, el eje central de la crisis
contemporánea del capitalismo y del poderoso impulso al proceso de
proletarización y precarización del mundo del trabajo que ocurre hoy en
día prácticamente en todo el mundo.
11
CEPAL, Comunicado de prensa: “CEPAL pronostica que el crecimiento de la región en 2015 se contraerá
-0,3% y sólo crecerá 0,7% en 2016 <http://www.cepal.org/es/comunicados/cepal-pronostica-que-crecimiento-
-la-region-2015-se-contraera-03-crecera-07-2016>. Acceso en: 5 de octubre de 2015.
12
Tema que hemos desarrollado, entre otros, en nuestro libro: Crisis capitalista y desmedida del valor: un enfoque
desde los Grundrisse, coedición Editorial Itaca-UNAM-FCPYS, México, 2010.
13 CARCANHOLO, Reinaldo. Capital, essência e aparência, vol. 2, Expressão Popular, São Paulo, 2013, p.
139. Traducción nuestra.
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

La desmedida del valor (dismeasure of value) es un fenómeno
contradictorio relativo a que mientras que el tiempo de trabajo socialmente
necesario, que es el fundamento de la producción capitalista y de la
plusvalía (trabajo abstracto) — y sin el cual este sistema no puede existir
por lo menos tal y como lo conocemos — continúa siendo el instrumento
determinante del valor, de medición del desarrollo de las fuerzas productivas
materiales de la sociedad y de la concomitante producción de la riqueza
social, va disminuyendo paulatinamente por la acción de estas mismas
fuerzas e impacta la reducción de la plusvalía (de donde depende la tasa
de ganancia) mientras aumenta la riqueza social (valores de uso) sobre
una base frágil que ya no es soportable por el sistema capitalista. Además,
como dice Bensaïd: “El valor está determinado por el tiempo de trabajo
socialmente necesario para la producción de la mercancía, tiempo él mismo
uctuante, exible como instrumento de medida que variará con el objeto
medido
14
, particularmente mediante el desarrollo fenomenal de las fuerzas
productivas materiales y cientícas de la sociedad.
En síntesis: la desmedida del valor es la contradicción agrante
entre el tiempo de trabajo socialmente necesario (valor de uso) y el excedente
no remunerado (valor de cambio) donde éste termina subordinando a
aquel, hasta producir una reducción signicativa de la plusvalía que hace
“indiferente” el desarrollo de las fuerzas productivas para el capital.
Para Marx esta desmedida del valor y, por ende, del capital, implica
una agrante contradicción entre la base de la producción burguesa y su
propio desarrollo histórico hoy en pleno desarrollo.
15
De lo anterior derivamos la siguiente hipótesis: por más que siga
aumentando la productividad, desarrollándose la revolución tecnológica
y ahorrado fuerza de trabajo mediante el aumento del ejército industrial
de reserva – como por cierto está ocurriendo como consecuencia de la
actual crisis mundial del modo de producción capitalista – la reducción del
tiempo de trabajo socialmente necesario para la producción de mercancías
y de la fuerza de trabajo (desmedida del valor) va perdiendo funcionalidad
14
BENSAÏD, Daniel. Marx intempestivo: grandezas y miserias de una aventura crítica, Ediciones Herramienta,
Buenos Aires, 2013, p. 134. Cursivas mías.
15
MARX, Karl. Elementos fundamentales para la crítica de la economía política (Grundrisse) 1857-1858, vol. 2.,
SigloXXI Editores, México, 1980, p. 227.

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
y volviéndose marginal y es cada vez más insignicante como medio para
producir valor y plusvalor aunque progresivamente esté aumentando en
la sociedad el volumen general de la riqueza física (valores de uso) en el
contexto del aumento exorbitante de la pobreza, del desempleo y de la
precariedad social del mundo del trabajo. Paralelamente la estrategia del
capital se dirige a aumentar el trabajo excedente en la sociedad a costa
de reducir, al mínimo, el necesario. Como dice Marx: “… disminuye,
pues, el tiempo de trabajo en la forma de tiempo de trabajo necesario,
para aumentarlo en la forma del trabajo excedente; pone por tanto, en
medida creciente, el trabajo excedente como condición — cuestión de
vida y de muerte — del necesario”.
16
Entoncesel sistema entra en crisis
orgánica, estructural y civilizatoria en virtud de sus constantes décits en
la producción de valor y de plusvalía.
Al respecto dice Giovanni Alves que:
El crecimiento de la productividad del trabajo en las últimas décadas,
debido a las innovaciones tecnológico-organizacionales del capital, sig-
nicó una tendencia a la disminución relativa del trabajo vivo en la
producción social, al interior de un orden mercantil dominado por una
acumulación nancierizada que preserva la obligación de trabajar”.
17
En esta línea de análisis
concebimos el capitalismo global como un
sistema caracterizado por crecientes dicultades que presenta la producción de
valor y de plusvalía a partir de la reducción del tiempo de trabajo socialmente
necesario en la determinación del valor de las mercancías y, por ende, en la
manera como incide en la acumulación y reproducción del capital y en la
formación de las tasas de ganancia (media y extraordinaria), considerando
que esta última es el verdadero motor del sistema.
Del mismo modo que cuando una cuerda ya no se puede estirar
al alcanzar el límite de su resistencia sin que se rompa, el tiempo de trabajo
– promedio, exacto, social y necesario – disminuye, pero lo hace cada vez
menos, marginalmente, debido, entre otros factores: a) al desplazamiento
de fuerza de trabajo que provoca el aumento de la composición orgánica
16
MARX, Karl. Grundrisse, op. cit., p. 229.
17
ALVES, Giovanni. Trabalho e subjetividade. O espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório,
Boitempo, Sao Paulo, 2011, p. 24-25. Traducción nuestra.
Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)

del capital (la relación entre capital constante (medios de producción y
materias primas) y el capital variable (fuerza de trabajo); b) al desarrollo
tecnológico que, en sí, no crea valor ni, por ende, plusvalor, sino que sólo
lo transere al producto-mercancía, y, c) a la constante producción de
plusvalía relativa, articulada con la producción de plusvalía absoluta y a la
superexplotación de la fuerza de trabajo.
Uno de los efectos de estas dicultades es la reversión del capital
productivo, que no encuentra condiciones adecuadas a sus intereses de
rentabilidad en la producción, a la esfera nanciera y especulativa (capital
cticio) que, por ello mismo, se convierte en hegemónica dentro del ciclo
del capital y que Françoise Chesnais caracteriza de “régimen de dominio
nanciero.
18
Esta tesis coincide con la de Reinaldo Carcanholo cuando
caracteriza la crisis capitalista mundial como “…especulativa y parasitaria,
presidida de la insuciente capacidad del capital productivo para generar el
necesario excedente económico real con el n de atender las exigencias de
remuneración del llamado capital ‘nanciero’ y del capital en su conjunto.
Y esto presenta no sólo consecuencias en la relación intercapitalista, sino
también en la que existe entre el trabajo y el capital”.
19
De lo anterior derivamos la siguiente hipótesis: por más que siga
aumentando la productividad, desarrollándose la revolución tecnológica
y ahorrado fuerza de trabajo mediante el aumento del ejército industrial
de reserva – como por cierto está ocurriendo como consecuencia de la
actual crisis mundial del modo de producción capitalista – la reducción del
tiempo de trabajo socialmente necesario para la producción de mercancías
y de la fuerza de trabajo (desmedida del valor) va perdiendo funcionalidad
y volviéndose marginal y es cada vez más insignicante como medio para
producir valor y plusvalor aunque progresivamente esté aumentando en la
sociedad el volumen general promedio de la riqueza física (valores de uso)
en el contexto del aumento exorbitante de la pobreza, del desempleo y de
la precariedad.
18
CHESNAIS, Françoise. A sionomia das crises no regime de acumulação sob domináncia nanceira, Novos
Estudos, CEBRAP, n. 52, noviembre de 1993.
19
CARCANHOLO, Reinaldo. Capital, essência e aparência, vol. 2, Expressão Popular, São Paulo, 2013, p. 139.
Traducción nuestra.

Os dilemas atuais do Brasil e da América Latina
Desde el punto de vista de la lucha de clases entonces la estrategia
que plantea el capital para “salir” de la crisis y contrarrestar los efectos
perniciosos de la desmedida del valor que al nal de cuentas es también
desmedida del capital, se desdobla en tres vertientes: a) por un lado, en
la tendencia a apropiarse del trabajo subjetivo del obrero colectivo en su
conjunto para convertir y materializar dicha subjetividad en producción
de plusvalía y, por ende, en nuevo capital; b) en segundo lugar, en una
pronunciada tendencia, que incluso se propaga en los países imperialistas
y en sus procesos productivos de trabajo, consistente en superexplotar a la
fuerza de trabajo y expropiar parte – o una proporción creciente – de su
fondo de consumo para convertirlo en fuente adicional de la acumulación,
lo que redunda en aumento de las tasas de plusvalía y de ganancia.
20
Ambos
procedimientos constituyen herramientas de la organización cientíca e
informacional del trabajo extremadamente funcional al sistema japonés:
el toyotismo. Por último, c) en la fenomenal precarización del trabajo que
ocurre vertiginosamente en la última década del siglo XX y en los primeros
tres lustros del XXI.
DEPENDENCIA Y CRISIS DEL PATRÓN DE ACUMULACIÓN DE CAPITAL
En los términos en que hemos denido la desmedida del valor
como causa profunda de la crisis estructural del sistema capitalista global,
América Latina se ve constreñida para desarrollar estrategias y posibilidades
para generar nuevos derroteros que la pudieran escudar frente a las
calamidades y contradicciones de esa crisis. Por el contrario, no escapa
a sus vicisitudes y en tanto región dependiente y subdesarrollada, a la
par, es corresposable – e interactúa – en sus ciclos depresivos y de relativo
crecimiento en determinadas coyunturas. Una fue la de la primera década
del 2000 con el auge del precio de las materias primas y de los alimentos y
otra es la actual de depresión de los mismos y de la contracción brutal de
la tasa promedio de crecimiento económico de la mayor parte de los países
de América Latina y del Caribe.
20
Para el tema de la extensión de la superexplotación del trabajo al mundo desarrollado, véase: MARINI, Ruy
Mauro. Proceso y tendencias de la globalización capitalista, en MARINI, Ruy Mauro y MILLÁN, Márgara, La
Teoría Social Latinoamericana, vol. 4, Cuestiones contemporáneas. Ediciones El Caballito, 1996, p. 49-68. Hay
versión en internet: <http://biblioteca.clacso.eu.ar/ar/libros/secret/critico/marini/08proceso.pdf>.