Ci, F.L.; Caag, J.M.; Sa, A. (Org.)
como pode ser observado na tabela abaixo. O acelerado crescimento também
contribuiu para diminuir a visibilidade dos processos de desindustrialização e
reprimarização das exportações
12
, que também decorrem, em parte, das políti-
cas neoliberais em um contexto de reconguração espacial do capitalismo, no
qual a América Latina, segundo mencionado acima, tende a inserir-se como
exportadora de bens primários, particularmente para a China
13
.
Tabela 1: Contribuições para o crescimento do PIB Brasil, 2002-2015 (da-
dos em % anual)
Estoques CT FBCF X M PIB
2002 1,32 2,16 -3,28 0,90 1,60 2,7
2003 0,83 -0,24 -1,66 1,97 0,20 1,1
2004 1,32 3,16 0,54 2,29 -1,61 5,7
2005 1,41 3,11 -1,79 1,53 -1,06 3,2
2006 1,47 3,65 0,25 0,76 -2,13 4,0
2007 1,48 4,69 1,32 0,89 -2,28 6,1
2008 1,29 4,04 1,62 0,07 -1,82 5,2
2009 -6,26 3,25 4,56 -1,25 1,02 -0,3
2010 1,3 5,15 3,90 1,26 -3,99 7,5
2011 -1,2 2,8 0,9 0,5 -0,4 2,7
2012 -0,9 2,5 -0,8 O,1 0,0 0,9
2013 -0,32 2,02 1,45 0,32 -1,17 2,3
2014 3,3 2,2 -4,4 -1,1 -1,0 0,1
CT – Consumo (Consumo das Famílias e do Governo)
FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo
X – Exportações
M - Importações
Fonte: IPEA/DATA
12
Entre 2003 e 2008 e entre 2009 e 2013, o crescimento do PIB da indústria de transformação foi respectiva-
mente de 3,2% e 0,0%. O coeciente de exportação da indústria cresceu de 12,7% em 1996 para 15,6%, em
2012, depois de ter atingido a cifra de 21,6%, em 2004. O coeciente de penetração de importações passou de
14,1%, em 1996 (quando as importações já tinham apresentado forte crescimento desde 1994), para 19,3%,
em 2012, alcançando 21% em 2014. Em 1980, a participação da indústria de transformação no PIB era de
25,8%. Este número caiu para 17,9% em 2010 e atingiu 11%, em 2014. O ritmo de crescimento do PIB per
capita da indústria de transformação tem apresentado tendência à queda. Na última década cresceu em média
1,0% ao ano, enquanto que para o largo período 1900-2010 o crescimento dessa variável foi de 3,1% ao ano.
Entre 2003 e 2010, a taxa média anual real de crescimento do valor adicionado da indústria de transformação
foi de 2,7%, enquanto que para a mineração foi de 5,5% e para agropecuária foi de 3,2%. Neste período, o
crescimento médio anual do PIB foi de 4%. Esses processos foram acompanhados pela reprimarização da pauta
de exportações. Em 1980, a composição das exportações era a seguinte: produtos básicos 42,2% do total, pro-
dutos semimanufaturados 11,7% e manufaturados 44,8%. Em 2002, esses números eram respectivamente os
seguintes: 25,5%, 15,3% e 56,8%. Em 2010, os produtos básicos representavam 38,5%, os semimanufaturados
13,7% e os manufaturados 45,6% Em 2013, os básicos alcançaram 46,7%, semimanufaturados 12,6% e os
manufaturados 38,4%. (GONÇALVES, 2013, p. 82-92; CANO, 2014, p. 18-22; CORSI, 2015a).
13
O processo de desindustrialização, a reprimarizacão das exportações e a manutenção da vulnerabilidade externa
fragilizam a política externa de Lula ao enfraquecerem a economia nacional e acentuarem a sua inserção dependen-
te na economia mundial. A política externa que buscava ampliar a projeção brasileira tinha pés de barro.