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Marília
2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
Copyright© 2014 Conselho Editorial
Diretor:
Dr
. José Carlos M
iguel
Vice-Diretor:
Dr
. Marcelo
T
avella Nav
ega
Conselho Editorial
Mariângela S
potti Lopes Fujita (P
residente)
Adrián Oscar Dongo M
ontoya
Ana Maria P
ortich
Célia Maria Giacheti
Cláudia Regina M
osca Giroto
Giov
anni Antonio Pinto Alves
Marcelo F
ernandes de Oliveira
Neusa M
aria Dal Ri
Rosane Michelli de Castro
P
arecerista
Kester Carrara
Pr
ofessor Adjunto III, Depto. de P
sicologia, Unesp
, Campus de Bauru.
Bolsista de Pr
odutividade do CNPq.
Ficha catalográfi
ca
Serviço de Biblioteca e Documentação – Unesp - campus de Marília
Editora afi
liada:
Cultura
Acadêmica é selo editorial da Editora Unesp
C737 Comportamento simbólico: bases conceituais e empíricas / Júlio
César de Rose, Maria Stella Coutinho de
Alcantara Gil, Deisy
São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2014.
472 p. : il.
ISBN 978-85-7983-516-2
1.
Comportamento (Psicologia). 2. Sinais e símbolos. 3. Cog-
Rose, Júlio César de. II. Gil, Maria Stella Coutinho de
Alcantara. III.
Souza, Deisy das Graças de.
CDD 150.1943
DOI: https://doi.org/10.36311/2014.978-85-7983-516-2
P
ara M
urr
ay e Rita Sidman
7
S
umário
P
refácio
J
úlio C. de Rose
----------------------------------------------------------------
9
Colaboração P
rogramática entre B
rasil e EUA na Análise do
Comportamento: U
ma História do PR
ONEX
William J. McI
lvane
-----------------------------------------------------------
25
Atenção, Observação e a P
rodução do Comportamento Simbólico e
do Responder R
elacional
Marcelo B
envenuti; iago de Barros;
G
erson
Y
ukio
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-------------------------------------------------------
57
Sobre o D
esenvolvimento de um M
odelo Animal do Comportamento
Simbólico
Olavo de F
aria Galvão; Romariz da S
ilva Barros
--------------------------
95
P
erguntem aos Bebês: o Estudo de Pr
ecursores do Comportamento
Simbólico
Maria S
tella Coutinho de Alcantar
a Gil
------------------------------------
111
Relações de Equiv
alência como Modelo de R
elações Semânticas
Renato Bortoloti; J
úlio C. de Rose
--------------------------------------------
149
P
rocedimento
G
o/N
o-go
com Estímulos Compostos no Estudo da
Aprendizagem R
elacional
P
aula Deber
t
------------------------------------------------------------------
177
Aprendizagem D
iscriminativa, Formação de Classes R
elacionais de
Estímulos e Comportamento Conceitual
Raquel Maria de Melo; E
lenice S. Hanna
----------------------------------
193
8
Investigação da F
unção Simbólica Adquirida por Estímulos E
létricos em
Crianças com Implante Coclear
Ana Cláudia M. A
lmeida-V
erdu;
W
agner Rogério da Silva
Raquel Melo G
olfeto; Maria Cecília Bevilacqua
Deisy das G
r
aças de Souza
----------------------------------------------------
229
Controle de Estímulos, Mapeamento S
imbólico Emergente e Aquisição
de V
ocabulário
Aline R
oberta A. Costa; Camila Domeniconi;
Deisy das G
r
aças de Souza
----------------------------------------------------
269
Equivalência de Estímulos e o Controle I
nstrucional
Andr
éia Schmidt; Lidia Maria Marson P
ostalli
Deisy das G
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aças de Souza
----------------------------------------------------
309
Repertórios Rudimentar
es de Leitura via Equivalência de Estímulos e
Recombinação de U
nidades V
erbais Mínimas
Maria A
melia Matos; Alessandr
a Lopes A
vanzi
William J. McI
lvane
-----------------------------------------------------------
335
U
ma Revisão da Contribuição Brasileira no Desenvolvimento de
P
rocedimentos de Ensino para a Leitura R
ecombinativa
Maria Martha Costa H
übner; Ariene Coelho Souza
Silvia R
egina de Souza
--------------------------------------------------------
373
P
rocessos Recombinativ
os: Algumas V
ariáveis Críticas para o
Desenvolvimento de Leitura
Deisy das G
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aças de Souza; Elenice S. H
anna
Alessandr
a Rocha de Albuquer
que; Maria Martha Costa Hübner
--------
421
P
osfácio
J
úlio C. de Rose
----------------------------------------------------------------
463
9
p
refáCio
J
ulio C. de Rose
U
m dos meus livros favoritos à época da minha pós-graduação
foi
um
romance
experimental
latino-americano,
O
J
ogo
da
Amarelinha
(Rayuela,
no original
espanhol), de
J
ulio
Cortazar
,
cujos capítulos
podem
ser lidos na sequência
convencional, começando pelo primeiro, e também
numa
sequência
diferente,
não
linear
.
N
ão
é
comum
iniciar
a
leitura
de
uma
obra
literária
pelo
capítulo
73,
como
recomendava
Cortazar
,
e
continuar
por
uma
sequência apar
entemente arbitrária
de números
de capítulos,
mas
essa
era
uma
proposta
que
o
autor
fazia
para
aqueles
leitores
dispostos
a
uma
experiência
literária
menos
convencional.
U
ma
coletânea
de
textos
cientícos,
em que
nenhum
deles
é pré-requisito para
o
entendimento
de
qualquer
outro, pode
ser lida
total
ou
parcialmente e
em
diferentes
ordens.
O comportamento de muitos leitores
será pouco determinado pela or
dem
em
que
os
organizadores
colocam
os
capítulos.
M
uitos
leitores
podem
ignorar
esta
introdução
e
dirigir-se
imediatamente
a
capítulos
que
tratem
dos
temas
de
seu
interesse.
M
esmo
dentro
de
um
capítulo,
os
leitores
podem
ir
direto
às
páginas
que
contêm
os
tópicos
de
seu
interesse.
Creio
que
não
serão
muitos
os
que
terão
a
gentileza
de
se
deter
nestas
páginas
iniciais,
mas
para
eles
espero
oferecer
algumas
informações
interessantes
sobre o processo de pesquisa coletiv
a que deu origem a este volume.
Este
livro
sintetiza
resultados
de
um
programa
de
pesquisa
que
vem
sendo
desenvolvido
há
mais
de
15
anos
por
um
grupo
de
pesquisadores
de diversas instituições nacionais, em parceria com
uma instituição norte-
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
10
americana.
A
principal
expressão
desse
trabalho
conjunto
foi
a
condução
de dois pr
ojetos sucessivos
no âmbito do
Programa
de A
poio a N
úcleos de
Excelência
(PR
ONEX),
do
Ministério
da
Ciência
e
T
ecnologia.
Os
projetos
do
PRONEX
foram
o
ponto
de
par
tida
do
atual
Instituto
N
acional
de
Ciência e
T
ecnologia sobr
e Comportamento, Cognição e Ensino.
O
PR
ONEX
1
,
proposto
inicialmente
em
1996,
representava
uma
nov
a
modalidade de
nanciamento para
“
gr
upos de
excelência
”,
em todas
as
áreas
de
conhecimento.
O
programa
propunha-se
a
nanciar
grupos
que
já
atuassem
em
conjunto,
de
modo
a
assegurar
uma
fonte
estável
de
nanciamento
que
permitisse
a
articulação
de
esforços
de
pesquisa
focalizando um
tema, com metas
denidas a
longo prazo
. A articulação
de
esforços sobre um foco temático, reunindo equipes amplas compostas por
pesquisadores de diferentes instituições, com planejamento a longo prazo,
era
uma
novidade
no
nanciamento
à
pesquisa
no
Brasil.
Até
aquela
época,
os nanciamentos
eram dirigidos, principalmente,
a projetos individuais
e
com objetivos mais imediatos.
Quando
nosso
grupo
decidiu
submeter
um
projeto
para
o
PR
ONEX,
tínhamos
dúvidas
sobre
perspectivas
de
sucesso. T
ratava-se
de
um
programa
de
nanciamento
bastante
competitivo,
destinado
a
todas
as
áreas
de
conhecimento.
Estaríamos,
por
tanto,
“
concorrendo
”
com
os
melhores gr
upos de
pesquisa
do
país,
a
maioria deles
em
áreas
cujo
status
cientíco é
mais consolidado e
mais reconhecido do que
o da psicologia
e
da análise
do comportamento.
P
or outro
lado, nosso
grupo preenchia
pelo
menos uma das
condições para nanciamento: não seria
um grupo criado
com
a
nalidade
de
apresentar
um
projeto
para
o
novo
programa;
ele
já
existia
antes,
congregando
pesquisadores
de
várias
instituições.
Além disso,
suas
atividades
compreendiam
pesquisa
básica
e
aplicações,
constituíndo,
portanto, um programa de largo espectro.
Decidimos,
então,
elaborar
um
projeto
e
submetê-lo
ao
PR
ONEX,
ainda
que
a
probabilidade
de
obter
aprov
ação
pudesse
não
ser
muito
alta.
Essa
foi
também
uma
oportunidade
de
ampliar
nossa
equipe
original,
com
a
integração
de
outros
pesquisadores
que
atuavam
em áreas compatíveis. O gr
upo, com sede
na U
niversidade F
ederal de
S
ão
1
Pr
onex 1997-2004: MCT/FINEP/ PR
ONEX (Processo 66.3098/1997-1 )
C
S
:
B
C
E
E
1
1
Carlos, continha pesquisadores da U
niversidade Estadual P
aulista J
ulio de
M
esquita
Filho
(UNESP
,
Campus
de
Bauru),
Univ
ersidade
de
São
P
aulo
(USP),
U
niversidade
de
Brasília
e
U
niversidade
F
ederal
do
P
ará.
N
osso
projeto, intitulado
“Relações emergentes
entre estímulos
e suas
aplicações
ao ensino de leitura, escrita e
matemática
”,
começava com uma “
descrição
do N
úcleo e de sua origem
”, transcrita a seguir:
A
investigação
experimental
de
processos
psicológicos
básicos
na
UFSCar
tem
uma
tradição
antiga,
tendo
sido
iniciada
com
o
estabelecimento,
há
mais
de
25
anos,
do
Laboratório
de
Psicologia
da
Aprendizagem.
Este
laboratório
era
destinado
especicamente
ao
desenvolvimento
de
pesquisas
sobre
processos
básicos
de
aprendizagem
em
animais,
segundo a tradição da Análise Experimental do Comportamento.
A
contribuição
da
Análise
Experimental
do
Comportamento
para
a
investigação
das
questões
relacionadas
à
aprendizagem
relacional
e
processos de geração de
nov
os comportamentos
havia se tornado clara
a
partir
dos
estudos
de
Sidman
e
colaboradores
(e.g.,
Sidman,
1971;
Sidman,
&
Cresson,
1973),
demonstrando
que
o
ensino
de
certos
tipos
de
relações
condicionais
entre
estímulos
resultava
em
novas
relações,
não
diretamente
ensinadas,
mas
derivadas
das
relações
ensinadas,
de
modo r
egular e
predizível. Essas
descobertas abriram
o caminho
para o
estudo
experimental
dos
processos
gerativos
de
novos
comportamentos,
envolvidos
particularmente
nos
repertórios
de
comportamento
humano complexo que
abrangem o que é
tradicionalmente designado
como cognição.
De
particular interesse
entre as
relações emergentes
entre
estímulos são
aquelas envolvidas na formação de classes de estímulos,
uma vez que a
classicação
de estímulos
é
tida
como uma
característica
fundamental
do
“
processamento
de
informações
”
envolvido
nos
processos
cognitivos
dos
organismos
superiores,
especialmente
os
humanos
(cf.
de
Rose,
1993, 1996
2
). A especicação
de diversos tipos de classes
de estímulos
e
a
denição
destas
classes
em
termos
de
tipos
característicos
de
relações
emergentes
conduziram
a
uma
vigorosa
análise
experimental
da
formação
de
classes
consideradas
subjacentes
a
processos
de
pensamento e linguagem. Muitos destes estudos foram realizados com
indivíduos
com
retardo
de
moderado
a
severo,
e
deixaram
claro
que
o
desenvolvimento
de
relações
emegentes
entre
estímulos
permitiria
2
O leitor
terá que
perdoar a
abundância de
autocitações neste tr
echo, tendo
em vista o
propósito que
tínhamos
então. Essa passagem começa por armar que o
grupo que então pleiteava um auxílio do PRONEX tinha uma
longa
história
de
pesquisa
no
campo,
uma
condição
sem
a
qual
a
obtenção
de
um
auxílio
tão
competitivo
se
tornaria
virtualmente
impossível.
Assim,
tornava-se
praticamente
obrigatório
documentar
essa
história
de
atuação
com
citações
do trabalho
já desenv
olvido
pelo
grupo e,
particularmente, pelo
coordenador do
projeto,
o
qual tinha, na época, uma história mais longa de atuação nesta área do que o restante do grupo.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
12
estabelecer
repertórios
complexos
e
signicativos
que
contribuiriam
para
um
desenvolvimento
antes
insuspeitado
do
potencial
intelectual
destes indivíduos.
O
grupo
em
formação
na
UFSCar
pretendia,
seguindo
a
linha
apontada
por
estes
trabalhos,
partir
da
investigação
destes
processos
básicos e chegar ao desenvolvimento de aplicações ao
ensino, dirigidas
principalmente
àqueles
indivíduos
que,
seja
por
razões
orgânicas,
seja
por
razões de natureza social, apr
esentam diculdades de desenvolvimento
ou
aprendizagem
e
se
encontram
total
ou
parcialmente
excluídos
dos
benefícios
da
escolarização
regular
.
O
potencial
deste
grupo
para
perseguir
essa
meta
era
fundamentado
em
uma
tradição
de
pesquisa
“básica
”,
caracterizada
pela
formulação
rigorosa
de
procedimentos
experimentais, análise de seus efeitos
sobre o comportamento e análise
das
relações
de
controle
engendradas,
aliada
ao
interesse
na
aplicação
deste conhecimento no desenvolvimento de aplicações educacionais.
Esses inter
esses levaram
nosso grupo, então
em formação,
a estabelecer
um
intercâmbio
com
o
grupo
de
pesquisadores
do
Shriver
Center
for
Mental
Retardation,
em
W
altham,
Massachusetts,
EUA,
liderado
informalmente
pelo
P
rof.
M
urray
Sidman
(que,
embora
não
participasse formalmente
dos trabalhos de pesquisa do
grupo, liderava
as
discussões
em
que
os projetos
eram
concebidos
e
cuja
execução
era
acompanhada). Esse intercâmbio com o
grupo do Shriver Center
,
que
se mantém até hoje, contribuiu
para dinamizar a produção do grupo e
torná-la
competitiva
em
nível
internacional.
O grupo
de pesquisadores
da
UFSCar
cresceu,
com
a
incorporação
de
novos
pesquisadores
que
obtiveram seu doutorado
recentemente e estão agora
em condições de
ampliar
suas
atividades
de pesquisa.
A partir
dos
anos de
1990, o
gr
upo
passou a incluir pesquisador
es da U
nB e da UFPA e a manter também
um inter
câmbio constante
com o
grupo da
USP/SP
,
liderado pela
Dra.
Maria
Amélia
Matos,
cujos
interesses
de pesquisa
eram
semelhantes
aos
nossos,
e
que
passa
a
se
integrar como
um
só
gr
upo, de
maneira
mais
substancial, a partir do presente projeto.
O
gr
upo
iniciou
seus
trabalhos
com
pesquisas
sobre
a
formação
de
relações
de equivalência
e transferência
de funções
de estímulos através
de classes de equiv
alência (de R
ose, Garotti &
Ribeiro, 1992; de
Rose,
McI
lvane,
Dube,
Galpin,
&
S
toddard,
1988;
de
Rose,
McI
lvane,
Dube,
&
Stoddar
d,
1988)
e
sobre
o
processo
de
“
aprendizagem
por
exclusão
”
em
contexto
de
emparelhamento
com
modelo
(Ferrari,
de
Rose, & McI
lvane, 1993; McIlvane, et al., 1987). Mais recentemente,
vêm sendo
desenvolvidas investigações sobr
e a
natureza das relações
de
controle
em
situações
de
formação
de
classes
de
estímulos
(Calcagno,
Dube,
Galvão, &
Sidman,
1994;
de
Rose,
1996;
de
Rose,
Kato,
é,
&
Kledaras, 1997;
de
Rose, Ribeiro,
Reis, &
Kledaras,
1992; Galvão,
C
S
:
B
C
E
E
13
Calcagno,
&
Sidman,
1992),
além
de
investigações
sobre
formação
de
classes
envolvendo
estímulos
não
arbitrários,
como
posições,
e
sobre
procedimentos
para
treinar
discriminações
condicionais
interrelacionadas
por
simetria
e
transitividade.
A
realização
destes
trabalhos
já
publicados,
além
de
outros
que
estão
sendo
submetidos
a
periódicos
ou estão
em
fase
nal
de
redação, atesta
a
consolidação
e
integração
do
grupo
e
sua
vigorosa
atuação
na
investigação
de
processos
básicos env
olvendo
a formação
de r
elações emergentes
entre estímulos.
O
interesse
pela
investigação
destes
processos
básicos
foi
alimentado,
como já
se observou, pelo
seu grande
potencial de
aplicação ao
ensino,
que,
como
tem
sido
recentemente
observado
(e.g.,
Mace,
1994;
Sidman,
1994),
ainda
está
longe
de
ser
plenamente
realizado.
Nosso
grupo
tem
tido
uma
atuação
destacada
para
o
preenchimento
desta
lacuna,
que já
vem sendo
reconhecida
em nív
el
internacional. O
grupo
tem
sido
pioneiro
no
desenvolvimento
das
aplicações
da
equivalência
de
estímulos
ao
ensino
de
leitura
e
escrita,
a
partir
de
uma
análise
dos
repertórios
de
leitura
e
escrita
em
termos
de
redes
de
relações
de
equivalência.
O
enfoque
do
gr
upo
sobre
a
formulação
rigorosa
de
procedimentos
e
a
análise
das
relações
de
controle
engendradas
por
esses
procedimentos
conduziram
o
gr
upo
ao
desenvolvimento
de
procedimentos
experimentais
que
permitem,
concomitantemente,
a
coleta
de
dados
sobre
o
desenvolvimento
de
leitura
e
escrita
de
palavras,
sobre
a
formação
de
relações
de
equivalência
e
sobre
a
recombinação
de
unidades
textuais,
que
permite
a
generalização
de
leitura
e
escrita.
Assim,
os
procedimentos
experimentais
utilizados
pelo
grupo
vêm
se
mostrando também efetivos,
em grande medida,
como procedimentos
de
ensino.
Até
o
momento,
o
grupo
vem
utilizando
esses
procedimentos
de
ensino,
principalmente
para
a
coleta
de
dados
sobre
aquisição
e
generalização
de
leitura
e
escrita
(
J.
C.
de
Rose,
de
Souza,
R
ossito,
&
de
Rose,
1989,
1992;
de
Rose,
de
Souza,
&
Hanna,
1996;
H
ubner-
D’Oliveira
&
Matos,
1993;
M
atos
&
H
ubner-D’Oliveira,
1992;
Rocha,
1996),
empregando,
para
isto,
uma
unidade
textual
pequena
(a palavra)
do ponto
de vista
do repertório
que se
espera de um
leitor
,
mas
bastante
complexa
do
ponto
de
vista
do
que
é
requerido
para
o
estabelecimento
de
controle
de
estímulos
por
tais
unidades.
T
odos
esses
estudos
contribuíram
para
demonstrar
claramente
o
potencial
destes
procedimentos
em
termos
de
uma
inter
venção
voltada
para
a
solução
ou
remediação
de
problemas
de
ensino/aprendizagem.
N
a
continuidade de
seu trabalho, o
grupo pretende
explorar e
desenvolver
mais
sistematicamente
esse
potencial
de
intervenção
com
base
nos
procedimentos desenvolvidos anteriormente.
Os
desenvolvimentos
mais
recentes
desta
linha
de
investigação
envolvem:
a
informatização
dos
programas
de
ensino
e
o
estudo
da
ecácia
das
versões
informatizadas
em
comparação
às
versões
face
a
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
14
face;
o
estudo
de
procedimentos
alternativos
que
vêm
tendo
sua
ecácia
comparada
à
dos
procedimentos
anteriores;
a
inv
estigação
de
procedimentos
que
possam
promover
e
acelerar
a
generalização
de
leitura
e
escrita;
a
adaptação
dos
programas
de
ensino
para
utilização
com
adultos
analfabetos,
pr
é-escolares
e
portadores
de
retardo mental;
a
análise
de
componentes
dos
programas de
ensino
já
utilizados;
a
adaptação
destes
programas
para
o
ensino
de
repertórios
mais
complexos
de
leitura
e
escrita;
e
a
combinação
dos
diferentes
programas
para
gerar
um
currículo
que
possa
ser
ecaz
na
promoção
de aprendizagem
por estudantes “
de risco
” em termos de
alfabetização.
O
grupo
já
obteve resultados
preliminares nestas
direções,
e
o projeto
para
os
próximos
anos
prevê
investimentos
de
modo
a
concretizar
e
ampliar esses avanços.
Recebemos
com
muito
entusiasmo
e
certa
surpresa
a
apro
vação
de
nosso
projeto, que
deveria se
desenvolver
em
quatro
anos, de
1998
a 2001,
prazo
que
acabou
sendo
pr
orrogado
até
2003.
A
equipe
original
deste
projeto
compreendia,
como
“
pesquisadores
principais
”,
a
saudosa
Maria
Amelia
Matos, Deisy
das
Graças de
Souza,
Olav
o
de
F
aria
Galvão,
Elenice Seixas
Hanna
e o
autor desta
introdução, todos com
contribuições neste volume,
inclusive
Maria
Amelia,
que,
apesar
de
não
estar
mais
entre
nós,
comparece
com
a
tradução de
um
dos
últimos
trabalhos em
que
participou,
publicado
em e Analysis
of V
erbal
Behavior e que teve a tradução
e inclusão neste
volume
autorizada
pela
Association
for
Behavior
Analysis
International,
detentora do copyright.
Entre os “
pesquisadores colaboradores
” da
equipe
daquele
primeiro
projeto
do
PR
ONEX,
guravam
outros
autores
de
contribuições
para
este
volume,
como
Maria
S
tella
Alcantara
Gil,
Maria
Martha H
ubner
, Raquel Maria de M
elo e Romariz da S
ilva Barros, alguns
deles
ainda
doutorandos
nesta
época.
Outros
autores
de
capítulos
deste
volume eram também estudantes naquela época.
O
Núcleo
apoiado
pelo
PR
ONEX
foi
batizado
como
Núcleo
de
Estudos
sobre
Compor
tamento,
Cognição
e
Ensino.
P
or
sugestão
de
Maria
Amélia,
o
Núcleo
passou
a
ser
designado
pela
sigla
ECCE.
A
sigla
causa
sempre
alguma
perplexidade,
pois,
de
acordo
com
a
prática
mais
comum, deveria
começar pela
letra
N (de
N
úcleo), letra
esta
que foi
simplesmente
suprimida,
porque
ECCE
é
um
acrônimo
muito
mais
feliz
do que NECCE.
C
S
:
B
C
E
E
15
O
primeiro
projeto
do
PR
ONEX
compreendia
duas
vertentes:
uma
de
pesquisa
básica
e
outra
de
aplicação.
Cada
uma
das
vertentes
compreendia
subprojetos
de
longo
prazo,
na
verdade
linhas
de
pesquisa,
que
resultaram
em
vários
capítulos
deste
volume.
O
projeto
não
foi,
porém,
seguido
de
modo
rígido.
Outras
linhas
de
pesquisa
foram
acrescentadas,
na
forma
de
outros
subprojetos,
ainda
durante
o
primeiro
projeto
do
PR
ONEX
ou,
principalmente,
acrescentadas
nos
projetos
de
continuidade
do
gr
upo:
o
novo
projeto
apoiado
pelo
PR
ONEX
3
,
em
2003,
e,
posteriormente,
o
projeto
que
converteu
o
ECCE
em
Instituto
N
acional
de Ciência e
T
ecnologia (INCT
-ECCE)
4
, em 2008.
Antes
destes projetos
apro
vados,
o gr
upo apresentou
um projeto
para
uma
nova
modalidade
de
grupo
de
pesquisa,
os
Institutos
do
Milênio
.
A
seleção
de
Institutos
do
M
ilênio
também
foi
bastante
competitiva,
abrangendo
todas as
áreas de
conhecimento, e
nosso
projeto foi
apro
vado
na
seleção
inicial,
mas
não
cou
entre
os
aprovados
na
seleção
nal,
apesar
de
ter
seu
mérito
reconhecido.
Alguns
excertos
da
fundamentação
deste
projeto
são
úteis
para
situar
a
importância
teórica
das
linhas
de
investigação
do
grupo,
que,
eventualmente,
r
esultaram
nos
capítulos
deste
volume.
T
ratando-se
de
uma
seleção
de
projetos
em
todas
as
áreas
do
conhecimento,
que,
prov
avelmente,
seria
avaliada
por
um
comitê
multidisciplinar
,
não
tivemos
receio
de
nos
afastar
da linguagem
técnica
da
análise
do
compor
tamento,
para
que
pudéssemos
ser
compreendidos
por
avaliadores que não dominassem essa linguagem.
A
investigação
losóca
sobre
a
natureza
e
funcionamento
da
mente
estabeleceu
algumas
questões
centrais
em
torno
das
quais
se
debruçaram
diversas
teorias
produzidas
desde
a
Gr
écia
antiga.
A
investigação
cientíca
sobre
essas
questões,
desenvolvida
nos
últimos
150
anos,
tem
ocupado
disciplinas
como
a
psicologia,
neur
ologia,
linguística,
antropologia,
ciência
cognitiva
e,
mais
r
ecentemente,
o
esforço
interdisciplinar
crescente
abrangido
pelo
termo
neurociência
cognitiva
.
Historicamente,
os
avanços
nestas
disciplinas
não
foram
sucientemente
expressivos
para
remover
todo
o
ceticismo
a
respeito
da
possibilidade
de
uma
verdadeira
ciência
da
mente.
T
odavia,
a
continuidade
da
pesquisa
empírica
levou
a
um
acentuado
progresso
metodológico
que
mudou
o
panorama
das
ciências
da
mente,
nas
últimas
décadas
do
Século
XX.
Os
extraordinários
avanços
nas
3
Pr
onex 2004-2007: F
APESP (P
rocesso 2003/09928-4)
4
INCT
-ECCE 2009-2015: FAP
ESP (Processo 2008/57705-8) e CNPq (P
rocesso 573972/2008-7)
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
16
neurociências,
evidenciados,
particularmente,
pelo
progresso
nos
métodos
de
imagem
cerebral
e
na
sua
utilização
para
a
investigação
de
funções
mentais,
foram
acompanhados
por
avanços
igualmente
importantes
na
psicologia
compor
tamental
e
cognitiva,
assim
como
nas
outras
disciplinas
relacionadas
à mente.
No
limiar
do
novo
milênio
já
se
tornou clar
o
que
a mente
não é
mais apenas
objeto de
especulação
losóca,
mas
tornou-se
uma
das
principais
fronteiras
da
ciência
moderna.
Cientistas
e
lósofos
parecem
concordar
que
uma
função
central
da
mente
é
a
representação
simbólica
de
aspectos
do
mundo
e
a
interligação
destas
representações
em
sistemas
de
conceitos
ou
categorias,
que
são
transmitidos
socialmente
por
meio
das
linguagens
orais
ou
escritas.
M
uitos
pesquisadores
que
abordaram
a
função
simbólica
concordam
que
ela
envolve
a
formação
de
relações
arbitrárias
ou
convencionais
entre
signos
e
referentes,
que
estabelecem
uma
equivalência
contextualizada
entre
ambos,
com
um
podendo
substituir
o
outro
em
alguns
contextos,
embora
o
usuário
tenha
ciência
da
distinção
entre
o
signo
e
o
referente.
Os
cientistas
também
concordam
que
é
difícil
a
especicação
precisa desta
relação
em
situações
experimentais
ou
naturalísticas
–
uma
especicação
operacional
–
e
que
esta
é
um
importante
obstáculo
para
o
estudo
da
função
simbólica
(doravante
designada como comportamento simbólico).
A
presente
proposta
par
te
da
suposição
de
que
o
modelo
de
equivalência
de
estímulos,
proposto
por
Sidman
e
T
ailby
(1982),
oferece
uma
especicação
operacional
do
comportamento
simbólico.
Esse
modelo
distingue dois
tipos
de
relações entre
pares
de estímulos:
relações
condicionais,
isto
é,
entre
pares
associados,
e
relações
de
equivalência.
O
comportamento
observável
pode
ser
idêntico
nos
dois
tipos
de
relações.
U
ma
criança
que
sabe
ler
pode
apontar
para
uma
das
palavras
impressas
“
verde
”
ou
“
vermelho
”
ao
ouvir
a
palavra
falada
correspondente.
Um
pombo
ou
um
papagaio
podem
ser
condicionados
a
exibir
um
desempenho
similar
.
Supomos
que
a
criança
exibe um comportamento
ver
dadeiramente
simbólico, enquanto a ave
exibe
apenas
relações
entre
pares
associados.
Sidman
e
T
ailby
(1982)
argumentaram que,
embora idênticos, os
compor
tamentos
observáveis
podem ser diferenciados com base em testes que revelem propriedades
gerativas
das
relações
simbólicas
que
não
ocorrem
nas
relações
entre
pares
associados.
Assim,
para
determinar
se
a
seleção
de
uma
palavra
impressa
diante
da
correspondente
palavra
falada
é
mesmo
um
comportamento
simbólico,
o
investigador
verica
se
relações
não
explicitamente ensinadas
emergem,
atestando a
reexividade, simetria
e
transitividade
das
relações
diretamente
ensinadas,
de
acordo
com
a
denição
de
equivalência
fornecida
pela
T
eoria
dos
Conjuntos.
P
or
exemplo:
Sidman
(1971)
e
Sidman
e
Cresson
(1973)
ensinaram,
C
S
:
B
C
E
E
17
a
jovens
com
retardo
mental
severo
e
sem
habilidades
de
leitura,
as
relações
(1)
entre
palavras
faladas
e
desenhos
e
(2)
entre
palavras
faladas
e
palavras
impressas.
Eles
vericaram
depois
a
emergência
de
relações
novas,
e
nunca
explicitamente
ensinadas,
entre
guras
e
palavras
impressas.
Segundo
Sidman
e
T
ailby
,
tais
relações
demonstravam
que
as palavras impressas haviam adquirido o
status de símbolos para esses
jovens
severamente
retardados.
O
modelo
de
equivalência
permitiu
a
simulação
experimental
da
aquisição
de
comportamento
simbólico
com estímulos
abstratos, presumivelmente desprovidos de signicado.
Essas
simulações
permitiram
um
rápido
progresso
empírico,
com
repetida conrmação dos
resultados básicos e
sua progressiva extensão
a
problemas
mais
complexos
(cf.
Sidman,
1994).
Como
obser
varam
Wilkinson
e
McIlvane
(2001),
o
modelo
de
equivalência
está
estabelecendo
pontes
entre
diferentes
disciplinas
que
se
ocupam
do
comportamento simbólico
e fornece
instrumentos metodológicos para
o
avanço
de
estudos
neurológicos,
psicolinguísticos
e
desenvolvimentais
da
função
simbólica,
já
utilizados
em
estudos
de
neurociência
cognitiva
(DiF
iore
et
al.,
2000),
psicolinguística
do
desenvolvimento
(e.g.,
da
Costa,
Wilkinson,
de
Souza,
&
McI
lvane,
2001)
e
cognição
animal
(e.g., Barros, Galv
ão, & McI
lvane, 2002).
O
progresso
das
ciências
naturais
e
a
vertiginosa
aceleração
da
mudança
tecnológica
nas
sociedades
atuais
vêm
tornando
o
conhecimento
o
principal
insumo
na
produção
para o
mercado globalizado
.
Mas
como,
paradoxalmente,
qualquer
conhecimento
pode
tornar-se
rapidamente
obsoleto,
as
sociedades
modernas
precisarão
desenvolver
nas
pessoas,
mais
do
que
qualquer
conhecimento
especíco,
a
faculdade
de
conhecer
,
incluindo
as
capacidades
de
aprender
,
descobrir
e
inventar
,
todas
elas
dependentes da
habilidade da
mente humana
para formar
e manipular
símbolos.
Atualmente,
os
países
desenvolvidos
e,
principalmente,
os
emergentes
enfrentam
os
problemas
decorrentes
da
falta
de
preparo
de
seus
sistemas
educacionais,
que
ainda
não
encontraram
práticas
pedagógicas que
possam
ser amplamente
utilizadas para
desenvolver a
capacidade de aprender
, descobrir e inventar
. Mais grave ainda: sequer
conseguem
transmitir
a
muitas
crianças
os
instrumentos
básicos
de
leitura, escrita
e cálculo. Isto contribuiu para a
exclusão de milhões de
pessoas
do
processo
produtivo
e
para
o
agravamento
das
disparidades
regionais
e
choques culturais.
O
presente
projeto,
além
da
contribuição
para
o
desenvolvimento
cientíco,
continuará e
aprofundará
iniciativas
bem
sucedidas
já
implementadas
pela
equipe
no
sentido
de
desenvolver
e
difundir
procedimentos
educacionais,
sobretudo
aqueles
vinculados
à aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
18
Os
resultados
desta
sequência
de
projetos
do
PR
ONEX
são
sintetizados
neste
livro.
Assim
como
os
projetos
do
PR
ONEX,
o
livro
contém
uma
vertente
básica
e
uma
vertente
aplicada,
que
não
são
estanques:
os
trabalhos da
vertente
básica têm,
em
geral, implicações
para a
pesquisa
aplicada;
e
os
trabalhos
de
pesquisa
aplicada
têm
for
te
fundamentação
na
pesquisa
básica
e
também
implicações
para
a
pesquisa
básica.
Essa
distinção
entre
pesquisa
básica
e
aplicada
pode
ser
compreendida
como
um
contínuo,
que
vai
da
produção
de
conhecimento
no
laboratório
à
aplicação
deste conhecimento
em ser
viços, passando
por uma
área translacional (cf.
M
cIlvane, 2009).
O
aspecto
central
dos
projetos
do
ECCE
é
a
investigação
do
compor
tamento
simbólico
por
meio
da
apr
endizagem
relacional
e
emergência
de
relações
de
equivalência
de
estímulos.
O
paradigma
de
equivalência
de
estímulos
é
tomado
como
modelo
compor
tamental
do
signicado.
A
primeira
par
te
do
livro
abrange
pesquisa
que,
embora
não
desconectada
de
possíveis
aplicações,
está
principalmente
voltada
para
a
investigação
comportamental
do
signicado
através
da
aprendizagem
relacional
e
do
modelo
de
equivalência,
incluindo
o
desenv
olvimento
de
métodos
de
investigação,
condições
necessárias
para
a
equivalência
e
seus
precursores,
implicações
teóricas
do
modelo
e
seu
potencial
para
a
compreensão
de
fenômenos
e
processos
r
elacionados
à
linguagem
e
cognição
(eg.,
Barros,
Galvão,
&
McIlvane,
2002,
2003;
Bor
toloti
&
de
Rose,
2009;
Debert,
Matos,
&
McI
lvane,
2007; G
il, O
liveira,
de S
ousa,
&
F
aleiros, 2006; Oliveira & Gil, 2008;
T
omanari, B
alsamo, F
owler
, F
arren,
& Dube, 2007).
O
paradigma
de
equivalência
tem
tido
impor
tantes
aplicações,
particularmente
no
ensino,
que
já
vêm
sendo
designadas
pelo
termo
instrução baseada
em equiv
alência
(
equivalence-based
instruction
), abreviada
como
EBI
(e.g.,
F
ienup,
Covey
,
&
Critcheld,
2010).
U
m
termo
mais
abrangente
para
aprendizagem
de
relações
que
incluem
a
equivalência
é
relações
derivadas
(
derived
relations)
cujas
orescentes
aplicações
têm
sido
bastante
exploradas
recentemente
(e.g.,
Rehfeldt,
2011;
Rehfeldt
&
Barnes-
Holmes, 2009). Os estudos que deram origem
ao modelo de equivalência
(Sidman,
1971;
Sidman
&
Cresson,
1973;
ver
Sidman,
1994,
para
uma
revisão
histórica)
envolviam
a
aquisição
de
leitura
com
compreensão.
A
C
S
:
B
C
E
E
19
contribuição das
pesquisas do ECCE
para o estabelecimento
da EBI não é
desprezível
(e.g.,
de
Rose,
de
Souza,
&
Hanna,
1996;
de
Rose,
de
Souza,
Rossito,
&
de
Rose,
1989,
1992;
Melchiori,
de
Souza,
&
de
Rose,
2000;
de Souza, de R
ose, F
aleiros, Bortoloti, &McI
lvane, 2009).
Após
os
capítulos
que
tratam
de
pesquisa
mais
“básica
”,
o
livro
prossegue
com
capítulos
que
tratam
de
aplicações
ao
ensino
e
à
reabilitação,
incluindo
a
tradução
de
um
artigo
de
Maria
Amelia
Matos,
tendo
como
colaboradores Alessandra A
vanzi e Bill M
cIlvane.
Como
dito
anteriormente,
o
ECCE
tem
sido,
ao
longo
de
sua
existência,
um
grupo
que
congrega
pesquisadores
de
várias
instituições
nacionais,
em
parceria
com
uma
instituição
norte-americana,
o
Shriver
Center
for
Mental
Retardation,
da
U
niversityof
Massachusetts
Medical
School.
Este
volume
inclui
uma
preciosa
introdução
de
William
J.
M
cIlvane,
Diretor
do
Shriver
Center
for
Mental
Retardation
e
Professor
da
U
niversity
of
Massachusetts
M
edical
School,
que
trata
desta
cooperação
binacional,
fundamental
para
resultados
que
estão
presentes
ao
longo
de,
praticamente,
todo
este
volume.
A
introdução
de
Bill
M
cIlvane
também
menciona
algumas
inuências
importantes
de
nossos
professores
ou
mentores,
cuja
repetição
se
faz
desnecessária.
Entre
eles,
porém,
M
urray
Sidman
é
particularmente
importante
por
seu
pioneirismo
e
liderança
na
pesquisa
sobre
equivalência
de
estímulos
e
comportamento
simbólico.
Literalmente,
o trabalho
do
ECCE
não seria
possível
se M
urray não
tivesse
aberto
o
caminho
com
suas
pesquisas
e
ideias
pioneiras.
Mas
a
contribuição
de
M
urray
para
nosso
trabalho
vai
muito
além
disso.
Dentr
e
nós,
poucos
chegaram
a
trabalhar
“
ocialmente”
com
ele
(e.g.,
T
omanari,
Sidman,
Rubio,
&
Dube,
2006;
Calcagno
et
al.,
1994),
mas
muitos
puderam
se
beneciar
de construtivas
interações informais,
por
meio
das
quais M
urray
foi um impulsionador e mentor do nosso
trabalho
.
Assim, dedicamos este
livro
a M
urray S
idman e,
in memoriam
, à
sua querida e
inseparável esposa,
Rita Sidman.
N
ão
podemos
encerrar
sem
agradecer
às
agências
que
apoiaram
nossos
esforços
de
pesquisa.
O
PRONEX,
que
apoiou
nosso
trabalho
de
1997
a
2004,
foi
iniciativa
do
Ministério
da
Ciência
e
T
ecnologia,
inicialmente
por
meio
da
FINEP
(F
inanciadora
de
Estudos
e
Pr
ojetos)
e,
posteriormente,
do
CNPq
(Conselho
N
acional
de
Desenvolvimento
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
20
Cientíco e
T
ecnológico). A continuidade de
nosso auxílio do
PR
ONEX,
a
partir
de
2004,
foi
feita
em
parceria
com
a
F
APESP
(P
rocesso
F
APESP
#2003/09928-4).
P
or
sua
vez,
o
Instituto
Nacional
de
Ciência
e
T
ecnologia
sobre Comportamento, Cognição e Ensino, que deu continuidade à linha
de
investigação
iniciada
no
PR
ONEX,
apoiou
a
preparação
e
publicação
deste
livro
(P
rocessos
CNPq
573972/2008-7
e
F
APESP
2008/57705-
8).
Agradecemos
também
à
cuidadosa
revisão
dos
textos
feita
por
João
Henrique de Almeida e N
atalia Aggio, com ajuda de Solange Calcagno
.
R
EFER
ÊNCIAS
Barros,
R.
S.,
Galvão,
O.
F
.,
&
McI
lvane,
W
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Generalized
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matching-to-sample in
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the
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equivalent
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a semantic
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Classes
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estímulos:
Implicações
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reading
and
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Exclusion
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Rose,
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Souza,
D.
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A.
L.,
&
de
Rose,
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Aquisição
de
leitura
após
história
de
fracasso
escolar:
equivalência
de
estímulos
e generalização.
P
sicologia:
T
eoria e P
esquisa, 5
, 325-346.
C
S
:
B
C
E
E
21
de
Rose,
J.
C.,
de
Souza,
D.
G.,
Rossito,
A.
L.,
&
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Rose,
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reading after
matching
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T
ransferência de funções
discriminativas
em
classes
de
estímulos
equivalentes.
P
sicologia:
T
eoria
e
P
esquisa, 8
, 43-65.
de
Rose,
J.
C.,
Kato,
O.
M.,
é,
A.
P
.
G.,
&
Kledaras,
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V
ariáveis
que
afetam
a
formação
de
classes
de
estímulos.
Acta
Compor
tamentalia,
5
,
143-163.
de
Rose,
J.
C.,
McIlvane, W
.
J.,
Dube,
W
.
V
.,
Galpin
V
.
C.,
&
S
toddard,
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Emergent
simple
discrimination
established
by
indirect
relation
to
dierential consequences.
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Behavior
, 50
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1-20.
de Rose,
J. C., M
cIlvane, W
. J., Dube
W
. V
., & S
toddard, L.
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. (1988). S
timulus
class
formation
and
functional
equivalence
in
moderately
retarded
individuals
’
conditional discrimination.
Behaviour
al Processes, 17
, 167-175.
de
Rose, J.
C.,
Ribeiro,
I.
G.,
Reis,
M.
J.
D.,
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Kledaras, J.
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P
ossible
eects of
the procedure to teach
conditional discriminations
on the outcome
of
tests
for
stimulus
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and
transfer
of
functions.
Experimental
Analysis of H
uman Behavior Bulletin, 10,
10-11.
de
Souza,
D.
G.,
de
Rose,
J.
C.,
F
aleiros, T
.
C.,
Bortoloti,
R.,
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McIlvane,
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eaching
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I
nter
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sycholog
y and P
sychological er
apy
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DiF
iore,
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Dube,
W
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nalysis of Human B
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J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
22
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ienup,
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M.,
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,
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omanari,
G.
Y
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Balsamo,
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F
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R.,
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K.
M.,
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observing
behavior
in
human
subjects.
Eur
opean
J
our
nal of Behavior A
nalysis, 8
, 29-40.
T
omanari,
G.
Y
.,
Sidman,
M.,
Rubio,
A.,
&
Dube,
W
.
V
.
(2006).
Equivalence
classes
with
requirements
for
shor
t
response
latencies.
J
our
nal
of
the
Experimental A
nalysis of Behavior
, 85
,
349-369.
Wilkinson,
K.,
&
McI
lvane,
W
.
J.
(2001).
M
ethods
for
studying
symbolic
behavior
and
category
formation:
Contributions
of
stimulus
equivalence
research.
Dev
elopmental Review
, 21
, 355-374.
24
25
C
olaboração
p
roGramátiCa
entre
b
raSil
e
eu
a
n
a
a
náliSe
do
C
ompor
t
ament
o
:
uma
h
iStória
do
pr
oneX
1
William J. McI
lvane
P
ROBLEMA
T
RATADO
V
irtualmente,
todas
as
contribuições
deste
livro
descrevem
elementos
de
um
conjunto
especíco
de
programas
de
pesquisa
que
receberam
apoio
nanceiro
em
dois
Programas
de
Apoio
a
N
úcleos
de
Ex
celência
(PR
ONEX),
entre
1997
e
2007.
Em
contraste,
minha
contribuição
deve
ser
a
de
promover
uma
recapitulação
no
sentido
de
uma
visão
abrangente
do
panorama
geral
–
compreendendo
a
iniciativa
PR
ONEX
no
contexto
de
uma
perspectiva
mais
ampla
de
desenvolvimento
de
programas.
Essa visão
programática
tem
evoluído ao
longo
de
décadas
e
representa
não
somente
o
pensamento
dos
que participaram
deste
volume,
mas
também
daqueles
que
a
inuenciaram,
como
professores,
colegas
de
trabalho e outros assessores.
N
enhum
indivíduo
sozinho,
nem
mesmo
um
pequeno
gr
upo,
pode
ser
considerado
o
arquiteto
do
programa
PR
ONEX
descrito
neste
volume. O programa r
eete esforços de longo prazo de muitas pessoas, na
direção de
encadear
interesses
de
pesquisa e
potencialidades
de
um
grupo
talentoso
de
cientistas
do
compor
tamento
para
lidar
com
algumas
barreiras,
1
T
radução da Dra. Ana Karina Leme Arantes, Departamento de Psicologia/UFSCar
, São Carlos, SP
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
26
ou
talvez
removê-las,
visando
aper
feiçoar
o
desenvolvimento
da
Ciência
do
Comportamento
em
certas
áreas.
T
odos
os
projetos,
de
uma
maneira
ou
de
outra,
tratam do
funcionamento
simbólico
humano e,
em
sua
maioria, são
pertinentes
também
à
compreensão
de
processos
típicos
da
comunicação
ao
longo da
vida e/ou
de funcionamentos
atípicos de
populações especiais.
P
ara
além
do
interesse
nos
processos
simbólicos
e
na
comunicação
funcional,
este
projeto
PR
ONEX
esteve
preocupado
com
uma
questão
mais
abrangente
de
desenvolvimento
programático.
De
modo
geral,
a
questão
poderia
ser
caracterizada
da
seguinte
maneira:
como
poderiam
dois
países
que
têm
buscado
avanços
combinar
seus
recursos
intelectuais
e
materiais
na
direção
de
resolver
certos
problemas
globais
de
interesse
mútuo?
P
ela
minha
experiência,
cientistas
em
universidades,
clínicos
e
educadores
estão
reconhecendo,
cada
vez
mais,
que
lidar
com
desaos
globais de
modo adequado
requererá o desenvolvimento
de programas
de
cooperação
internacional.
Como
cará
evidente
ao
longo
deste
capítulo,
o
grupo
PR
ONEX
deu
um
pequeno
passo
na
direção
de
desenvolver
um
programa como este.
O
BJETIV
O
DESTE
CAPÍTULO
M
eu
principal
objetivo
é
situar
o
programa
de
pesquisa
em
um
contexto
que
ajudará
o
leitor
a
compreender
sua
origem,
sua
evolução,
a
partir
de
iniciativas
modestas,
como
suas
atividades
foram
estimuladas
via
PRONEX,
e
em
que
direção
provavelmente
caminhará,
a
par
tir
de
seus alicerces. Ao fazer isto, espero ajudar
o leitor a compreender como os
vários componentes do
programa PR
ONEX, representados neste volume,
se relacionam em um todo integrado
.
O
PROGRAMA
DE
PESQUISA
PR
ONEX
P
anorama
do
progr
ama.
Os
capítulos
deste
volume
descrevem
aspectos
de
um
programa
de
pesquisa
que
trata
de
uma
vasta
gama
de
tópicos
relevantes
para
a
compreensão
das
funções
simbólicas
humanas.
O
programa
inclui
estudos
sobre
processos
compor
tamentais
que
estão
envolvidos
quando
crianças
e
adultos
funcionam
simbolicamente.
Inclui,
C
S
:
B
C
E
E
27
também,
estudos
com
não
humanos,
que
podem
ser
vir
para
elucidar
ou
criar
modelos
para
o
comportamento
simbólico
e,
implicitamente,
tratar
do
caminho evolucionário
que levou
humanos
a serem
caracterizados por
Deacon (1997) como
A Espécie S
imbólica
.
Como
um
cientista
do
comportamento
nor
te-americano,
quei
honrado
com
o
convite
de
meus
colegas
brasileiros
para
ajudar
a
introduzir
este
volume. Virtualmente,
todo o
trabalho
descrito
no
livro foi
realizado
por
brasileiros,
contando,
em
alguma
medida,
com
o
apoio
de
colegas
do
Shriver
Center
.
Acredito
que
fui
convidado
a
fazer
esta
introdução
principalmente por
ter vivido, por
mais de duas
décadas, entre os
Estados
U
nidos
e
o
Brasil.
Desde
1989,
z
mais
de
50
viagens
ao
Brasil,
passei
a
falar
e
a
escrever
um
P
ortuguês
funcional,
mesmo
que
não
elegante,
e
posso
me
encontrar
em
uma
posição
única
para
relatar
uma
perspectiva
binacional
acerca
do
trabalho
dos
grupos
de
pesquisa
que
contribuíram
para
este
livro:
seus
fundamentos
históricos,
suas
contribuições
até
o
momento e aquelas que certamente ainda virão.
Ao ponderar como poderia
descrever mais de
50 anos de história
de
conexões
entre
cientistas
do
compor
tamento
brasileiros
e
norte-
americanos
em
uma
breve
introdução,
decidi
enfatizar
a
história
verdadeira
que
testemunhei,
em
virtude
de
dados
de
outras
fontes
diretas.
Ao
fazer
isso,
posso,
simultaneamente,
tratar
de
assuntos
gerais
de
nossa
ciência,
bem
como relatar como
o
programa PR
ONEX foi
construído
e
evoluiu a
partir
de
um
alicerce
estabelecido
por
gerações
anteriores,
cuja
visão
tem
se
expressado
nas
atividades
do
gr
upo
de
investigadores
que
participaram
diretamente da montagem deste volume.
C
OLABORAÇÃO
BINACIONAL
:
OS
ANOS
DE
FORMAÇÃO
Qualquer
descrição
das
presentes
colaborações
binacionais
entre
cientistas
do
comportamento
dos
EUA
e
do
Brasil
deve
começar
pela
menção à relação especial que evoluiu entre a Columbia Univ
ersity e uma
geração
de
cientistas
e
estudantes
brasileiros.
U
ma
descrição
detalhada
dessa
história
está
documentada
em
outras
fontes
de
fácil
acesso
(por
exemplo:
Keller
, 1987;
T
odorov
, 2006;
T
odoro
v &
Hanna, 2010),
e eu
não r
epetirei
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
28
tantos de seus detalhes,
uma vez que já foram apresentados de modo
mais
completo por outros.
P
ara
localizar
contextualmente
o
presente
trabalho,
preciso
mencionar
o
papel
essencial
que
desempenhou
o
Dr
.
F
red
Keller
,
quando
veio
ao
Brasil
e
à
U
niversidade
de
São
P
aulo
(USP)
como
um
F
ulbright
Scholar
,
em
1961.
Com
seu
colega
N
at
Schoenfeld,
Keller
escreveu
P
rinciples
of
P
sycholog
y
(1950):
o
primeiro
verdadeiro
livro-texto
a
apresentar
os
princípios
desenvolvidos
por
Skinner
(1938)
a
estudantes
interessados
na
análise
cientíca
do
comportamento.
O
Dr
.
F
red
Keller
foi
convidado
a
car
na
USP
por
um
ano
sabático,
por
sugestão
de
uma
aluna
que
com
ele
havia
estudado,
na
Columbia.
N
a
USP
,
ministrou
uma
disciplina
de
Análise
do
Compor
tamento
para
a
graduação
–
muito
pro
vavelmente
o
primeiro
curso
desse
tipo
na
América
Latina.
Keller
e
seus
colaboradores
brasileiros
deram
início
ao
que
foi
provav
elmente
o
primeiro
uso
do
método
do
condicionamento
operante
no
Brasil,
pela
montagem
de
um
laboratório
que
incluía
toscas
versões
da
caixa
de
Skinner
e
outros
equipamentos associados à metodologia operante.
Os
primeiros
assistentes
que
Keller
formou
foram
Rodolfo
Azzi
e
Carolina
Bori,
esta
última
tendo
se
tornado,
mais
tarde,
uma
das
mais
inuentes
cientistas
do
comportamento,
no
Brasil.
Em
sua
primeira
disciplina de graduação, estav
am presentes M
aria Amélia M
atos, Dora F
ix
V
entura,
Maria Inês Rocha e Silva, e
muitos outros que
tiveram papéis de
destaque
no
desenvolvimento
da
Ciência
do
Comportamento,
no
Brasil.
O
trabalho
de
Keller
continuou
em
1962-1963
sob
a
direção
de
outro
membro do
departamento na
Columbia U
niversity
,
o Dr
.
J
ames
Gilmour
Sherman.
Como
decorrência
dessas
atividades,
Keller
foi
posteriormente
convidado
por
Bori
para
ajudar
a
criar
o
Departamento
de
P
sicologia
na
nova
U
niversidade
de
Brasília
(U
nB),
criada
ocialmente
em
1963.
T
rabalhos
preliminar
es sobre
a implantação
do novo departamento
foram
desenvolvidos
na USP
e suas
operações
iniciaram
em 1964.
P
aralelamente,
Matos,
V
entura
e
Silva
foram
para
a
Columbia
cursar
pós-graduação.
Como
consequência
desses
v
ários
movimentos,
foram
desenvolvidos
robustos
programas
em
Análise
do
Comportamento
ao
longo
da
década
seguinte,
tanto
na
USP
quanto
na
U
nB
(ainda
em
funcionamento).
P
ela
sua
inuência,
C
S
:
B
C
E
E
29
outros
também
robustos
programas
em
Análise
do
Compor
tamento
começaram
a
surgir
em
seguida,
dentre eles
o
da
Univ
ersidade
F
ederal
de
São
Carlos
(UFSCar)
e
o
da
U
niversidade
Federal
do
P
ará
(UFP
A).
Em
apoio
a
esses
esforços,
Keller
visitou
o
Brasil
por
várias
ocasiões
ao
longo
das
três
décadas seguintes
(aprendendo
a
comunicar-se razoav
elmente
bem
em P
ortuguês), diminuindo
gradualmente a frequência de visitas somente
quando
a
idade
tornava
cada
vez
mais
difíceis
os
inconvenientes
das
viagens
internacionais.
Iniciando
a
década
de
1980,
M
urray
Sidman
passou
a
ter
um
pequeno
papel na
Análise
do Compor
tamento brasileira
que
era,
todavia,
claramente
inuenciada
pela
tradição
de
Keller
.
Sidman
estudou
com
Keller
e
Schoenfeld,
na
Columbia,
durante
os
anos
de
implementação
daquele
programa,
e
tornou-se
um
dos
analistas
do
comportamento
mais
inuentes
mundialmente.
Com
a
inuência
de
Keller
,
Sidman
visitou
o
Brasil várias vezes ao longo da década de 1980, completando um período
sabático
na
USP
,
com
palestras
em
reuniões
nacionais
pelo
país,
publicações
em
periódicos
brasileiros,
já
dominando
um
pouco
a
Língua
P
or
tuguesa.
P
or
alguns
anos,
Sidman
manteve-se
associado
à
USP
.
Ademais,
como
Keller
,
Sidman
tornou-se
fonte
prossional
e
pessoal
para
pesquisadores
brasileiros
interessados
no
intercâmbio
e
no
desenvolvimento
de
colaborações potenciais com pesquisadores e programas dos EU
A.
O
desenvolvimento
de
minha
própria
carreira
tem
sido
fortemente
inuenciado
por
laços
com K
eller
e S
idman e
as r
elações
que eles
ajudaram
a
criar
e
fomentar
no
Brasil
(e
ao
redor
do
mundo).
Assim
como
Keller
foi
um
dos
professores
de
Sidman,
este
foi
um
dos
meus
professores
–
uma conexão “
transitiva
” com Keller
, que foi
um determinante crítico
das
escolhas de minha
carreira. Como um estudante
interessado em instrução
programada
e
outros
aspectos
de
tecnologia
instr
ucional,
fui
levado
ao
programa
de
psicologia
experimental
da
N
ortheastern
U
niversity
,
em
1976,
tendo
estudado,
principalmente,
com
Larr
y
S
toddard
e
M
urray
Sidman, em todas as ocasiões possíveis.
P
or
indicação
de
Sidman,
J
úlio
de
Rose,
da
UFSCar
,
veio
ao
nosso
laboratório
como
um
acadêmico
Fulbright,
em
1984,
tendo
passado
dois
anos
em
colaboração
conosco,
durante
os
quais
iniciamos
uma
relação
pessoal
e
prossional
que
continua
até
hoje.
Durante
aquele
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
30
período,
era
óbvio
para
todos
que
de
Rose
se
desenvolvera
como
um
pesquisador
visionário
e
independente.
P
or
exemplo,
ele
foi
o
primeiro
a
demonstrar
que
funções
discriminativas
de
unidades
compor
tamentais
simples de
três
termos poderiam
se transferir
via equivalência
de estímulos
entre elementos de unidades de quatro termos (de Rose, M
cIlvane, Dube,
Galpin,
&
S
toddard,
1988;
de R
ose,
McIlv
ane,
Dube,
&
Stoddar
d,
1988).
Ele
também
muito
contribuiu
com
nosso
programa
sobre
aprendizagem
por
exclusão
(LBE,
McIlv
ane
et
al.,
1987),
cuja
experiência
o
levou
a
lançar
um
programa
de
longo
prazo,
no
Brasil,
que
utiliza
o
método
LBE
para
ensinar
pré-requisitos
comportamentais
de
leitura
rudimentar
a
crianças
com
histórico
de
fracasso
escolar
(
J.
C.
de
Rose,
de
Souza,
de
Rose,
&
Rossito,
1989).
Como
outros
tantos
do
Shriver
,
ele
também
aprendeu
a
escrever
em um estilo dir
eto, modelado por
Sidman: habilidade
chave que
promo
veu nossa comunicação de modo mais eciente do que faríamos, se
assim não fosse.
Algum
tempo
depois
(1990),
Olavo
Galvão
veio
a
Boston,
da
UFP
A,
para
um
pós-doutoramento
de
dois
anos
com
Sidman,
no
N
e
w
England Center
for Children
(NECC). Embora
eu não
tenha colaborado
muito com
ele
naquele período,
trabalhou com
Bill Dube,
e isso
também
levou
a
uma
publicação
(Calcagno,
Dube,
Galvão,
&
Sidman,
1994).
T
alvez,
de
modo
mais
importante,
seus
estudos
com
Sidman
(Galvão,
Calcagno,
&
Sidman,
1992), seu
contato com
o
programa
de
ensino do
NECC e
sua
participação
em
encontros
de
pesquisa
com
membros
do
Shriver
,
sobre
métodos
para
ensino
para
indivíduos
com
deciência
intelectual,
tenham
inuenciado no
subsequente desenvolvimento
de sua carr
eira. Q
uando ele
voltou para
a UFP
A,
desenvolveu uma abordagem verdadeiramente única
no
estudo de
primatas
não humanos
(
Cebus apella)
.
Mais que
meramente
operacionalizar
um
laboratório
de
pesquisa
compor
tamental
na
tradição
estabelecida
por
pesquisadores
sobre
cognição
animal,
ele
concebeu
seu
trabalho
desenvolvendo
uma
“Escola
E
xperimental
de
P
rimatas
”.
Esse
parecia ser
um
desenvolvimento
natural,
considerando
a sua
formação
na
tradição
de
Keller
,
Bori,
e
outros
que
enfatizaram
tecnologias
instrucionais
individualizadas e domínio de desempenho, em lugar da tradição ensinar-
testar
que
caracteriza
muito
da
pesquisa
comportamental
/
educacional
e
prática.
C
S
:
B
C
E
E
31
Olavo
Galvão
e
seus
alunos
implementaram
um
“
currículo
”
estruturado,
que
tinha
por
objetivo
ensinar
os
macacos
como
se
fossem
alunos
de
uma
escola,
pela
utilização
de
métodos
instrucionais
derivados
daqueles propostos por Sidman, Stoddar
d e seus alunos.
Romariz da Silv
a
Barros
veio
a
Boston
logo
depois
de
Galvão,
tendo
estudado
comigo
por
dois anos no
NECC, no espaço
de laboratório que
herdei quando S
idman
se
aposentou.
A
colaboração,
que
envolveu
Galvão,
Barros
e
colegas
do
Shriver
,
sustentou-se
por
mais
de
dez
anos,
e
publicamos
vários
artigos
em conjunto sobre metodologia comportamental
de ensino e avaliação de
habilidades
comportamentais
e
cognitivas
de
Cebus
apella
(e.g.,
Barros,
Galvão, & M
cIlvane, 2002; Galvão et al., 2005; B
rino et al., 2011).
Gerson
T
omanari,
outro
líder
da
pesquisa
comportamental
no
Brasil,
também
teve
uma
for
te
conexão
com o
programa
do
Shriver
em
sua
formação.
Em
1996, iniciou
um
programa de
doutorado sanduíche,
tendo
Dube
como
seu
super
visor
no
Shriver
.
Mais
do que
completar seu
trabalho
principal na tese,
uma colaboração de longo
prazo desenvolv
eu-se entre
os
dois
investigadores.
Esse
programa
utilizava
rastreamento
de
olhar
e
outros
métodos
para
estudar
uma
variedade
de
tópicos,
a
maioria
relevante
para
processos de obser
vação e atenção
em procedimentos de
apr
endizagem de
discriminação.
Mais
tarde,
eles publicaram
uma
série de
artigos e
capítulos
em
coautoria,
dos
quais
a
maioria
derivava
de
atividades
iniciadas
direta
ou
indiretamente
durante
o
estágio
sanduíche
de
T
omanari
(e.g.,
Dube
et
al.,
2010; T
omanari,
Machado,
&
Dube
1998;
T
omanari
et
al.,
2007;
T
omanari, Sidman, R
ubio, & Dube, 2006).
Outros
autores
de
capítulos
deste
livro
também
estudaram
no
Shriver
Center
,
tipicamente
como
cientistas
visitantes
ou
estudantes
de
pesquisa.
Dentre
eles,
incluem-se
Maria
Stella
Coutinho
de
Alcântara
Gil,
Deisy
das
Graças
de
Souza,
Elenice
Seixas
Hanna,
Aline
R.
A.
da
Costa, Camila Domeniconi, Andrea Schmidt,
e Renato Bortoloti. Outras
colaborações
surgiram
durante
minhas
frequentes
visitas
ao
Brasil,
ao
longo
dos
anos,
dentre
as
quais
estão
projetos
em
desenvolvimento
que
tratam
de
aspectos
da
aprendizagem
de
discriminação
“
go-no
go
”,
conduzidos
por
P
aula
Debert,
na
USP
,
e
aprendizagem
de
discriminação
auditiva
em
crianças
com sur
dez pr
é
e pós-v
erbal,
em colaboração
com Deisy
de S
ouza,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
32
Ana Claudia M.
Almeida V
erdu, J
úlio de Rose,
W
agner R
ogério da S
ilva e
Raquel M
elo Golfeto.
Embora
muito
do
desenvolvimento
do
programa
PR
ONEX
possa
ser
relacionado
conceitualmente
ao
trabalho
de
Sidman
e
de
seus
alunos
do
Shriver
,
claramente
houve
também
outras
inuências.
P
or
exemplo, Larry
Williams ajudou a
criar o P
rograma de P
ós-Graduação
em
Educação
Especial,
da UFSCar
, e
sua
inuência pr
ecoce
foi importante
no
estabelecimento
de
suas
direções
programáticas.
Deisy
de
Souza
estudou
com
A.
Charles
Catania,
na
U
niversity
of
Mar
yland-B
altimore
County
,
durante
o
mesmo
período
em
que
de
Rose
esteve
no
Shriver
Center
.
Elenice
Hanna
estudou
com
Derek
Blackman,
na
U
niversity
of
Cardi,
P
aís
de
Gales.
Ademais, outr
os cientistas do comportamento norte-americanos visitaram
laboratórios
do
PRONEX
e
promo
veram
importantes
contribuições.
J
oseph Spradlin
visitou a UFSCar por
um período pr
olongado, realizando
atividades
de
ensino
e
pesquisa
relacionados,
interagindo
intensamente
com
os
alunos
da
época.
U
ma
série
de
outros
cientistas
comportamentais
dos
EUA
visitou
os
laboratórios
PR
ONEX
por
períodos
mais
breves,
apresentando
pesquisas
recentes
e
ministrando
cursos
de
curta
duração,
dentre
eles:
William D
ube, Carol P
ilgrim, G
ina G
reen, Richard
Saunders,
Kathryn Saunders, e Richard Serna.
Enquanto
as
várias
colaborações
inuenciaram
o
desenvolvimento
do
programa
PRONEX
ao
longo
dos
anos,
devo
concluir
esta
seção
pelo
reconhecimento de que
nenhuma dessas atividades
teria sido possível
sem
o
for
te
apoio
dos
líderes
da
Ciência
do
Comportamento
brasileiros
(por
exemplo:
Carolina
Bori,
Maria
Amelia
Matos,
João
Claudio
T
orodov
,
e
outros
muito
numerosos
para
serem
citados),
encorajando
colaborações
binacionais
que
beneciaram
o
desenvolvimento
das
carreiras
de
pesquisadores
em
ambos
os
países.
T
ambém
de
suma
importância
foi
o
excepcional
compromisso
de
nanciamento
feito
por
universidades
e
agências
governamentais
brasileiras,
como
a
F
APESP
,
o
CNPq
e
a
CAPES,
que
dividiram
os
custos
do
desenvolvimento
do
programa
com
universidades dos EUA (majoritariamente, a
U
niversity of Massachusetts)
e
outras
fontes
de
recursos,
como,
principalmente,
os
N
ational
Institutes
of Health (EU
A).
C
S
:
B
C
E
E
33
O
programa
PR
ONEX,
em
particular
,
tem
sido
o
fundamento
principal do desenvolvimento e expansão de nossa colaboração binacional
ao
longo
dos
últimos
15
anos.
Sem
esse
programa,
minhas
energias
e
meu
desenvolvimento
na
carreira
muito
pro
vavelmente
teriam
ido
por
direções
diferentes neste
espaço
de
tempo.
Dado o
contexto
estabelecido
por
Keller
,
Sidman
e
seus
parceiros
brasileiros,
ao
longo
das
três
décadas
que
precederam
minha
primeira
visita
ao
Brasil,
as
opor
tunidades
para
colaboração
eram
claras. Q
uando
combinadas
com
recursos
disponíveis,
as
oportunidades se transformaram
em r
ealidade. A
próxima sessão
contará a
história de como essas contribuições positivas aconteceram.
1997-2007:
UM
PANORAMA
DOS
ANOS
PR
ONEX
P
anorama.
U
m
grupo
de
pesquisadores
brasileiros
conseguiu
um
nanciamento
PR
ONEX
em
um
edital
do
CNPq,
de
1997.
A
coluna
esquerda
da
T
abela
1
apresenta
a
lista
original
dos
11
principais
investigadores
do
PR
ONEX,
na
qual
fui
incluído
informalmente
como
colaborador
.
A
coluna
direita
da
T
abela
1
lista
os
membros
de
um
grupo
ligeiramente
recongurado,
que
par
ticipou
da
obtenção
da
renovação
do
nanciamento na edição 2003 do PR
ONEX.
Ambos
os
projetos
PR
ONEX
enfatizavam
redes
multi-
institucionais
com
foco
na
ciência
do
compor
tamento
e
tecnologia
envolvendo
tópicos
relacionados
direta
ou
indiretamente
ao
funcionamento
simbólico
e décits
funcionais
r
elacionados,
particularmente
em crianças.
Décits
funcionais
do
funcionamento
simbólico
repr
esentam
um
desao
importante
para
os
indivíduos
afetados
por
eles,
suas
famílias
e
suas
comunidades
mais
abrangentes.
T
ais
décits
podem
resultar
de desordens
neurológicas
e
neurodesenvolvimentais,
ambientes
empobrecidos
e/ou
suas interações.
Qualquer que seja
a etiologia,
contudo, a prática
corrente
é
pro
ver
terapia
comportamental,
apoio
educacional
melhorado
e
outras
intervenções que reduzam seu impacto.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
34
T
abela
1
-
P
esquisadores
principais
da
rede
PR
ONEX
de
programas
de
universidades
brasileiras
(UFSCar
,
USP
,
UNESP
,
U
nB,
UFP
A)
e
do
programa colaborador da UMMS.
1997-2003
2003-2007
Deisy das G
raças de Souza
Elenice Seixas H
anna
Gerson A.Y
.
T
omanari
J
oão de F
ernandes
T
eixeira
J
air Lopes J
únior
J
orge Mendes de O
liveira Castro N
eto
J
úlio César C. de Rose
Maria Amélia Matos
Maria S
tella Coutinho de Alcântara Gil
Olavo de F
aria Galvão
Romariz da Silv
a Barros
William M
cIlvane (UMMS, ex ocio)
Ana Claudia Almeida Mor
eira V
erdu
Deisy das G
raças de Souza
Elenice Seixas H
anna
Gerson A.Y
.
T
omanari
J
orge Mendes de O
liveira Castro N
eto
J
úlio César C. de Rose
Maria Amélia Matos
Maria Martha Costa H
übner
Maria S
tella Coutinho de Alcantara Gil
Olavo de F
aria Galvão
Romariz da Silv
a Barros
12. William M
cIlvane (UMMS, ex ocio)
Ambos
os
projetos
PR
ONEX
integraram
pesquisa
básica
e
aplicada
em
um
programa
coerente
e
altamente
produtivo,
com
foco
em
vários aspectos do funcionamento
simbólico em crianças e adultos. Como
cará
evidente
pelos
capítulos
deste
livro,
um
progresso
signicativo
foi
conseguido em várias áreas que incluem, mas não estão limitadas a:
♦
I
denticação
de
condições
necessárias
e
sucientes
para
o
desenvolvimento
de
funcionamento
simbólico
condizente
com
a
idade;
♦
M
odelos
de
laboratório
de
funcionamento
simbólico
e
seus
precursores
na identicação de condições
necessárias e sucientes para
o estabelecimento de competências simbólicas;
♦
Desenvolvimento
e/ou
renamento
de
procedimentos
para
manejo
dos
desaos
da
variabilidade
entre
sujeitos
em
resposta
a
procedimentos
educacionais
e/ou
terapêuticos,
inclusive
aqueles
delineados
para
melhorar
o
funcionamento e/ou
manejar
décits
da
função
simbólica
usando comunicação aumentada ou alternativa;
♦
M
odelos
animais
que
contribuem
para
a
análise
do
comportamento
simbólico,
seus
precursores,
e
que
informam
inter
venções
educacionais/
terapêuticas para certas populações de crianças;
C
S
:
B
C
E
E
35
♦
M
etodologia
para
avaliação
e
remediação
de
décits
de
comunicação
simbólica em crianças com surdez congênita e adquirida;
♦
M
etodologias que podem
ser aplicadas em
inter
venções
precoces
a m
de
alterar
trajetórias
de
desenvolvimento
de
crianças
e
bebês
com
ou
sem deciências neurodesenvolvimentais;
♦
M
etodologia
para
prevenção
e
remediação
de
décits
em
leitura,
escrita
e matemática em crianças em idade escolar;
♦
T
ecnologias
comportamentais
baseadas
em
evidências
que
podem
ser
implementadas em escolas, clínicas e outros ambientes de serviços.
Outras
realizações
deste
grupo
PR
ONEX
também
incluem
orientação
para
aceleração
de
desenvolvimento
prossional
de
jovens
cientistas
dentro
do pr
ograma. D
entre
os autores
e coautores
dos capítulos
deste livro, está incluída mais de uma dúzia de pesquisadores em início de
carreira
que
trabalharam
dentro
da
estrutura
PR
ONEX
para
completar
sua
pós-graduação
em
ciências
comportamentais,
clínicas
e/ou
educacionais.
O
grupo
também
estabeleceu
as
bases
para
a
divulgação
dos
frutos
de
seu
próprio
trabalho
ao
público
em
geral,
de
uma
forma
que
fosse
de
fácil
compreensão
para
indivíduos
sem
formação
tradicional
e/ou
sem
experiência com ciência e tecnologia.
I
mpacto
no
desenvolvimento
do
progr
ama
binacional.
T
alvez,
a
melhor
maneira
de
rapidamente
comunicar
o
impacto
do
programa
PR
ONEX
no
desenvolvimento
de
colaborações
binacionais
seja
rever
as
publicações diretamente relacionadas às
atividades do programa. A
F
igura
1
apresenta
uma
análise
dos
currículos
dos
investigadores
do
Shriver
Center
que colaboraram
com aqueles associados
ao programa
PR
ONEX, de
1984
a
2009
(um
período
que
captura
os
anos
de
formação
da
colaboração
binacional
pela
atividade
residual
de
publicação
atribuível
ao
trabalho
ao
longo dos anos do PR
ONEX).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
36
A
n
o
s
su
c
e
ssiv
o
s
F
igura
1.
Fr
equência
acumulada
de
publicações
de
investigadores
do
Shriver Center em colaboração com o PR
ONEX, de 1984 a 2009.
É possível
ver um aumento
nas publicações
entre 1986
e 1988, o
que repr
esenta as publicações conjuntas que
resultaram da bolsa
Fulbright
de
de
Rose.
Outra
opor
tunidade
real
de
construção
de
colaborações
binacionais
veio
quando
o
II
I
nstituto
Internacional
sobre
Relações
V
erbais
ocorreu
em
Lindóia,
em
1989.
Como
um
jov
em
pesquisador
,
fui
convidado
a
participar
com
Bori,
Matos,
de
Rose,
Sidman,
Stev
en
Hayes,
Phillip
Chase
e
muitas
outras
guras
proeminentes
nas
ciências
do
comportamento,
do
Brasil
e
dos
EUA.
Felizmente,
fui
convidado
a
retornar
no
ano
seguinte
para
um
workshop
na
USP
.
Os
efeitos
dessas
duas
primeiras
visitas
são
demonstrados
pelo aumento
subsequente de
publicações
em colaboração,
entre
1992
e
1994.
P
or
muitas
razões
relativas
a
compromissos
no
programa
do
Shriver
,
não
pude
voltar
ao
Brasil
até
o
encontro
da
Sociedade
Brasileira
de
P
sicologia,
em
1996.
N
aquele
mesmo
momento,
Gerson
T
omanari
iniciou
seu
doutorado
sanduíche
e
Dube
envolveu-se
bastante
como
seu
orientador
.
N
ovamente,
as
publicações
aumentaram,
desta
vez
como
C
S
:
B
C
E
E
37
reexo não só das minhas colaborações
e outras atividades brasileiras, mas
também devido à crescente colaboração entre D
ube e
T
omanari.
Quando o
projeto PRONEX foi
iniciado, em
1998, trouxe
com
ele
recursos
que
permitiram
um
maior
nível
de
atividade
binacional.
O
apoio
combinado
do
PRONEX
e
do
Shriver
Center
permitiu
que
alguns
pesquisadores
do
Shriver
visitassem
laboratórios
do
PR
ONEX
praticamente
todos
os
anos,
de
1997
a
2007.
Resultaram
26
publicações
diretamente
relacionadas àquele comprometimento binacional.
P
rofessores
da
UFP
A
também
colaboraram
com
professores
do
Shriver
para
assegurar
dois
nanciamentos
de
pesquisa
dos
N
ational
Institutes
of
Health
(EUA).
Esses
nanciamentos
permitiram
dividir
com
o
PR
ONEX
os
custos
de
investigações
relacionadas
à
avaliação
do
funcionamento
neurocognitivo
de
primatas
não
humanos
e
de
crianças.
P
or
isso,
a
colaboração
binacional pr
ovou-se
benéca para
todos os
envolvidos,
ampliando
efetivamente
as
oportunidades,
tanto
para
pesquisadores
brasileiros
quanto
dos
EUA,
e
diminuindo
os
custos
individuais
das
instituições participantes.
P
ERSPECTIVAS
EM
FUNCIONAMENTO
E
COMPORTAMENTO
SIMBÓLICOS
P
ara
localizar
o
programa
PR
ONEX
no
contexto
cientíco,
é
necessário
r
ecapitular
rapidamente
alguns
dos
conceitos
e
temas
fundamentais
que
ajudaram
a
nor
tear
sua
formação
e
sua
atual
estr
utura.
É
importante
estar
atento
ao
fato
de
que
comportamento
e
funcionamento
simbólicos
são
um
assunto
extr
emamente
amplo
e
multifacetado,
e
é
essencial
explicar
certos
aspectos
particularmente
relevantes
para
os
objetivos
do
PR
ONEX.
P
ara
isto,
apresentarei
uma
pequena
revisão
de
alguns
pensamentos-chave
que
guiaram
o
desenvolvimento
do
programa
PR
ONEX.
Em
seguida,
mostrarei
como
os
vários
projetos
se
articulam
como
um
programa
coerente
relativo
à
análise
comportamental
do
funcionamento e comportamento simbólicos.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
38
O
QUE
É
COMPORTAMENTO
SIMBÓLICO
?
Em
1979,
Elizabeth
Bates
cunhou
uma
das
mais
aceitas
denições
de trabalho para o comportamento simbólico:
[co
mpo
rtam
ent
o
sim
ból
ico
é]
a
compr
eensã
o
ou
uso,
dent
ro
ou
fora
de
sit
uaç
ões
de
comun
icaçã
o,
de
uma
rela
ção
entr
e
um
sím
bolo
e
seu
re
fer
ente
de
modo
que
o
sím
bol
o
seja
tra
tad
o
como
...
subs
tit
uív
el
em
re
laç
ão
ao
seu
ref
er
ent
e
em
uma
var
ieda
de
de
conte
xto
s:
ao
mes
mo
tem
po,
o
u
suá
rio
s
abe
q
ue
o sí
mbo
lo
é di
fere
nte
de
seu
r
efer
ent
e
(p
. 43
).
Bates
(1979)
admitiu,
entretanto,
que
“
é
muito
mais
difícil
especicar
o
conjunto
de
comportamentos
que
nos
leva
a
inferir
uma
compreensão
do
relacionamento
funcional
entre
o
símbolo
e
seu
referente.
”
(p.38).
Historicamente,
psicolinguistas
tem
inferido
relações
simbólicas
a
partir
de
uma
constelação
de
comportamentos
vagamente
relacionados,
chamada
descontextualização,
entre
os
quais:
aplicar
a
palavra
a
múltiplos
exemplar
es;
referir-se
a
um
exemplar
ausente;
usar
a
palavra
com
diferentes
ouvintes,
e
assim
por
diante.
Contudo,
a medida
de
descontextualização
não
é
satisfatória
quando
a
palavra
é
parcialmente,
mas
não
completamente
descontextualizada.
Onde
seria
possível
traçar
uma
linha
entre
o
compor
tamento
simbólico
e
o
pseudosimbólico,
aprendido
meramente por memorização?
A pesquisa em Análise
do Comportamento
oferece
um
caminho
para
diferenciar
comportamentos
simbólicos
daqueles
comportamentos
não
simbólicos
meramente
decorados,
e
diferenciar
relações
simbólicas
de
relações
de
outros
tipos,
no
nível
dos
processos
comportamentais básicos.
Em
um
dos
mais
importantes
artigos
que
inuenciaram
o
programa
PR
ONEX,
Sidman
e
T
ailby
(1982)
distinguiram
relações
de
equivalência
de
outras
relações
comportamentais
apr
endidas
(relações
condicionais
).
Na
análise
de
equivalência,
a
palavra
falada
“
maçã
”
pode
substituir
o
objeto
(isto
é,
pode
ser
vir
a
algumas
das
mesmas
funções
do
objeto).
P
or
exemplo,
ouvir
a
palavra
“
maçã
”
pode
fazer
com
que
um
ouvinte
faminto
salive,
até
mesmo
se
nenhuma
maçã
estiver
presente
no
ambiente
imediato.
A
substitutabilidade
de
palavras
por
seus
referentes
é
fundamental para o que psicolinguistas querem dizer por “
símbolo
”.
C
S
:
B
C
E
E
39
Sidman
e
T
ailby
(1982)
desenvolveram
também
uma
denição
operacional
de
relações
simbólicas
pela
especicação
de
critérios
precisos
para
inferir
relações
de
equivalência,
baseados
em
denições
matemáticas
de
equivalência,
mapeadas
por
matching-to-sample
–
uma
ferramenta
básica
da
ciência
comportamental
analítica,
comparativa,
do
desenvolvimento,
siológica e sensorial.
As propriedades
de uma relação
de equivalência
são
reexividade,
simetria
e
tr
ansitividade
.
Rapidamente,
ao
aprender
relações
AB
por
emparelhamento
com
o
modelo
(
matching-to-sample
),
uma
criança
demonstra
r
eexividade
em
matching-to-sample
se
ela
então
exibir
relações
de
correspondência
AA
e
BB
sem
um
treinamento
especíco.
Relações
simétricas
são
bidir
ecionais.
T
endo
aprendido
as
relações
de
correspondência
AB,
a
simetria
é
apresentada
na
emergência
de
relações
BA
sem treinamento extra. Relações transitivas são demonstradas por relações
emergentes
envolvendo
estímulos
que
não
tenham
sido
apresentados
simultaneamente
durante
o
treino:
AB
e
BC
produzem
relações
emergentes
AC.
A
emergência
coincidente
de
relações
do
par
simétrico
CA
conrma
que
AB
e
BC
são,
de
fato,
relações
de
equivalência
(Sidman
&
T
ailby
,
1982).
Quando
tais
r
elações
comportamentais
emergentes
são
documentadas,
elas demonstram a
formação de classes de
estímulos equivalentes, que
têm
status
simbólico, de acordo com sua própria denição
.
Embora
as
denições
de
relações
simbólicas
de
Sidman
e
Bates
tenham
sido
desenvolvidas
independentemente,
seus
aspectos
essenciais
são
notavelmente
similares.
N
a
denição
mencionada
anteriormente,
Bates
especicou
seu
critério
para
comportamento
simbólico,
e
essas
disposições
convergem
com
a
análise
de
equivalência.
P
rimeiramente:
o
comportamento
simbólico
inclui
“...
compreensão
ou
uso,
dentro
ou
fora de situações de
comunicação, de uma relação entre um símbolo e seu
referente...
”.
Bates
separa,
explicitamente,
o
funcionamento
simbólico
da
linguagem
e a
comunicação
simbólica
per
se
-
como
também
o faz
Sidman,
ao
utilizar
procedimentos
tais
como
matching-to-sample
para
estudar
a
formação
de
classes
de
equivalência.
Segundo:
o
símbolo
e
o
referente
precisam
ser “
substituíveis... em
uma variedade de
contextos,
” e
“
o usuário
sabe
que
o
símbolo
é diferente
de
seu
referente, ou
seja,
sabe
que
não
são
o
mesmo
”.
Sidman (1994)
também
detalha
vários exemplos
de
como um
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
40
estímulo
pode
ser
substituído
por
outro
(por
exemplo,
uma
bandeira
é
um
símbolo
de
uma
nação;
queimar
uma
bandeira
pode
ser
interpretado
como
um
ataque
a
essa
nação)
e
de
como
o
símbolo
(palavra)
é
separável
do referente.
“N
ós
dem
onst
ram
os
expe
rim
en
tal
men
te
que
rel
açõ
es
de
equ
ival
ên
cia
apa
rece
m
sob
con
tr
ol
e
co
nte
xtua
l..
.
Circ
un
stâ
nci
as
de
ter
min
am
se
e q
uan
do
estí
mul
os s
ão
equi
va
len
tes..
. N
ós
não
te
nta
mos
com
er
a pa
lavr
a
‘
pão
’ ou
go
lpe
ar a
pala
vra
‘
mosc
a
’.
..
” (S
idma
n,
1992,
p.
22
).
Os
paralelos
entre
as
denições
de
Bates
(1979)
e
Sidman
sugerem
que
a
análise
de
equivalência
oferece
tanto
uma
perspectiva
sobre
quanto
uma
metodologia
para
avanços
na
análise
empírica
de
pr
é-requisitos
comportamentais e neurológicos para o funcionamento simbólico.
U
m
questionamento
de
interesse
contínuo,
tanto
na
psicolinguística
desenvolvimental
quanto
na
análise
do
compor
tamento,
é
a
relação
entre
o
desenvolvimento
de
categorias
(isto
é,
classes
de
equivalência) e
linguagem. Essas
perspectivas podem
ser identicadas.
N
a
“hipótese
da
cognição
”,
propõe-se
que
a
cognição
não
verbal
direcione
a
estrutura da categoria, e a
linguagem mapeie tais categorias (Rosch, 1977;
Rosch
&
Mervis,
1975).
Proponentes
do
“
determinismo
lingüístico
”
têm
argumentado
que
algumas
ou,
talvez,
todas
as
categorias
cognitivas
derivem
das
estr
uturas
da
linguagem
(
Whorf,
1956a,
1956b). U
ma terceira
posição
“interacionista
”
arma que
a
inuência
é
bidir
ecional:
cognição
direciona
linguagem
e
esta,
por
sua
vez,
age
como
um
“
chamariz
”
para
a
cognição
(Rice & Kemper
, 1984).
Ana
list
as
do
co
mpo
rtam
ento
tê
m
um
con
jun
to
para
lel
o
de
per
spec
tiv
as.
H
orne
e
Low
e
(199
6)
te
oriz
ara
m
que
a
equ
iv
alê
ncia
depe
nde
da
nom
eaç
ão de
est
ímulo
s, qu
e em
erge
à me
di
da q
ue
os r
eper
tór
ios
de fa
lar
e
ouv
ir
se
fund
em
dura
nte
a
aquis
ição
da
ling
ua
gem
.
Hay
es,
Bar
nes
-H
olme
s
e
Ro
che
(20
01)
teo
ri
zar
am
que
a
apr
endi
zage
m
da
li
ngu
age
m
ins
tanc
ia
con
ting
ênc
ias
que
ger
am
“
res
pon
der
re
la
cio
nal
arb
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aria
men
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apl
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l
”;
um
tipo
dest
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19
94,
200
0)
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p
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s
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C
S
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B
C
E
E
41
fun
dame
nta
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gera
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cias
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cog
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”).
Certo
s
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ta
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m a
par
ece
m
de
tempo
s e
m
temp
os
nos
esc
rito
s d
e S
idm
an
(e.
g.,
Si
dma
n 19
94,
p
. 28
1-2
82).
Em
relação às
evidências
empíricas
para
as
várias
posições,
Horne
e
Lowe
(1996)
embasaram
seus
argumentos
pela
demonstração
de
que
o
fracasso
de
crianças
pré-escolares
em
apresentarem
relações
de
equivalência
poderia ser
revertido ao
ensinar-lhes o
nome dos
estímulos (e.g.,
Dugdale
&
Lowe,
1990).
Ademais,
o
gr
upo
de
Hayes
relatou
resultados
positivos
sobre
classes
de
equivalência
em
crianças
que
tinham
algum
tipo
de
linguagem,
e
resultados
negativos
em
crianças
que
apar
entemente
não
tinham
(Devany
,
Hayes,
&
Nelson,
1986).
Entretanto,
achados
contraditórios
foram r
elatados por
Carr
,
Wilkinson, B
lackman
e M
cIlvane
(2000),
que
descreveram
resultados
positivos
com quatr
o
de
cinco
crianças
em
idade
escolar
com
deciências
intelectuais,
que
tinham
habilidades
verbais
extremamente
limitadas.
Além
disso,
Schusterman
e Kastak
(1993)
relataram
que
leões
marinhos
pareciam
ser
capazes
de
demonstrar
formação
de
classes
de
equivalência.
Assim,
a
relação
entre
a
formação
de
classes
de
equivalência
de
estímulos
e
capacidades
de
linguagem
permanece
um
assunto
não
resolvido.
Se
for
prov
ado
que
não
humanos
e/ou
humanos
pré-verbais
são
rotineiramente
capazes
de
exibir
classes
de
estímulos
equivalentes,
uma
implicação
da
posição
de
Sidman
torna-se
clara:
comportamento e
funcionamento simbólico
são logicamente separados
da
linguagem
per
se
;
capacidade
simbólica
pode
ser
representada
em
alguns
não humanos;
portanto, tal
capacidade pode
ser rastr
eada de
um ponto
de
vista evolucionário
.
O
CONTEXTO
DO
PROGRAMA
PR
ONEX
As
concisas
informações de
contextualização que
acabaram de
ser
expostas
mostram
o
ponto
de
partida
do
desenvolvimento
da
agenda
de
pesquisa
do
PR
ONEX.
O
programa
e
seus
investigadores
tiveram,
pelo
menos, três objetivos principais para a construção de seus alicerces:
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
42
♦
M
uitos
investigadores
do
PR
ONEX
estavam
interessados
em
expandir
,
enriquecer
ou
testar
os
limites
da
análise
de
Sidman
de
relações
simbólicas
em
termos
de
classes
de equivalência.
P
or
exemplo:
embora
classes de
equivalência tenham, apar
entemente, uma forte conexão com relações
simbólicas,
a
equivalência,
como
um
conceito
denidor
,
não
é
ampla
o
suciente
para
explicar
isoladamente
todo
o
comportamento
que
alguém
possa
denominar
“
simbólico
”
e,
certamente,
não
é
adequado
em
si
ou
por
si
mesmo
como
uma
explicação
da
linguagem
humana
e do compor
tamento conceitual avançado. Outr
os processos precisam
ser
evocados
e
alinhados
com
a
análise
de
classes
de
equivalência,
se
o
plano
for
ousado
na
explicação
das
complexidades
da
cognição
humana.
♦
Esses
e
outros
investigadores
do
PR
ONEX
estavam
interessados,
também,
na
compreensão
de
variáveis
que
poderiam
determinar
se
classes
de
equivalência
de
estímulos
poderiam
ser
demonstradas
em
par
ticipantes
individuais
ou
em
grupos
de
indivíduos
com
diferentes
características,
histórias
e/ou
níveis
de
desenvolvimento
comportamental.
Se
a
formação
de
classes
de
equiv
alência
de
estímulos
for
entendida
como
um
processo
comportamental
básico
que advém de
reforçamento,
então será necessário explicar
as falhas da
formação
de
classes
que
ocorrem
até mesmo
em estudos
de laboratório
razoavelmente
bem
controlados,
com
uma
variedade
de
participantes
e
de
populações
de
participantes.
Uma
explicação
razoável
para
tais
falhas
é
que
elas
ocorrem
quando
investigadores
não
controlam
adequadamente
os
estímulos
aos
quais
os
participantes
atentam
(cf.
M
cIlvane
&
Dube,
2003),
aumentando,
por
tanto,
o
potencial
para
a
ocorrência
de
falso
negativo
em
resultados
de
testes
de
equivalência.
Assim,
pesquisas
que
se
preocupassem com
processos
de
obser
vação e
atenção
tornaram-se
essenciais
para
completar
a
explicação
que
tinha
sido iniciada em Sidman e
T
ailby (1982).
♦
Outra
contribuição
para
desenvolvimentos
posteriores
para
essa
explicação
é
denir
as
características
da
população
que
irá
ou
não
exibir
relações de equivalência. Se a
equivalência de estímulos é,
de fato, um
processo
compor
tamental
básico,
então
seria
possível
esperar
que
ela
fosse
demonstrável
não
somente
em
humanos
verbais,
mas,
talvez,
C
S
:
B
C
E
E
43
também
em
humanos
não
verbais
e
até
mesmo
em
não
humanos.
T
ais
populações
podem
representar
desaos
importantes
no
controle
do
obser
var
e
do
atentar
,
necessários
para
conduzir
testes
válidos
de
equivalência de estímulos e seus pré-r
equisitos.
♦
T
odos
os
investigadores
do
PRONEX
estavam
interessados
direta
ou
indiretamente
em
aplicações
potenciais
da
equivalência
de
estímulos
e
metodologias
relacionadas
para
otimizar
a
tecnologia
instrucional
que
poderia
ser
aplicada
para
superar
desaos
na
sala
de
aula,
na
clínica
e
em
outros
ambientes. Até
mesmo
aqueles
investigadores
que
realizavam
estudos
quase
básicos
de
pré-requisitos
compor
tamentais
para a
formação de classes
de equiv
alência de
estímulos em
humanos e
não humanos tipicamente relacionavam seu
trabalho a procedimentos
mais
ecientes
para
ensinar
e/ou
para
oferecer
outras
formas
de
intervenção comportamental.
O
S
PROGRAMAS
INDIVIDUAIS
DE
PESQUISA
PR
ONEX
Este
livro
inclui
13
capítulos
selecionados
a
m
de
ilustrar
o
escopo
do
programa,
seus
interesses
e/ou
as
realizações
dos
pesquisadores
nanciados
pelo
PR
ONEX,
nas
décadas
entre
1997
e
2007.
E
les
representam
amplos
programas
de
pesquisa,
que
vou
resumir
rapidamente,
esboçando
suas
interconexões
em
relação
aos
objetivos
maiores
do
programa
PR
ONEX.
Expandindo
e
enriquecendo
as
análises
de
relações
de
equivalência
de
estímulos.
Durante
o
período
do
PR
ONEX,
a
função
simbólica
tem
sido
muitas
vezes
denida
operacionalmente
em
termos
de
relações
de
equivalência
de
estímulos,
que
apresenta
os
pré-requisitos
relacionais
de
reexividade,
simetria
e
transitividade.
Essa
denição
operacional
tem
servido
bem
a
vários
projetos
e
ao
contexto
mais
amplo
de
programas
cientícos
nos
quais
operam.
A
denição
permitiu
especicar
,
por
exemplo,
testes
precisos
que,
sem
ambiguidade,
conrmam
ou
não
se
as
relações
examinadas
nos
estudos
atingem
de
fato
o
critério
para
relações
simbólicas.
Isto reconhecido,
a
denição
operacional
não
captura
todas
as
dimensões
do funcionamento simbólico.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
44
Como
um exemplo,
relações de
equivalência de
estímulos
e seus
pré-requisitos compor
tamentais
são
essencialmente
conceitos
categóricos,
isto
é,
estímulos
ou
são
equivalentes
entre
si
ou
não
são.
Em
relação
aos
pré-
requisitos
relacionais, as
relações são ou
não transitivas. P
or isso,
o modelo
de
equivalência
de
estímulos
usado
em
pesquisas
anteriores
ao
programa
PR
ONEX,
geralmente,
tratava
de
relações
comportamentais
que
eram
categóricas
ou
não
(por
exemplo,
uma
pessoa
que
é
homem
ou
não,
brasileiro
ou não, que está viv
a ou morta, etc.). Ú
til como os modelos categoriais de
equivalência
de
estímulos
são
para
alguns
propósitos,
eles
não
capturam
o
amplo
espectro
de
propriedades
relacionais
que
caracterizam
muitos
aspectos
do
comportamento
humano
complexo
.
Usando
somente
um
de
muitos
dos
possíveis
exemplos da
ciência
clínica,
a
classicação
categorial
inicial “
autista
” foi depois modicada por características comportamentais
que
aparecem
no
indivíduo
dentro
de
uma
classicação
dimensional
que
especica
o
grau
em
que
um
indivíduo
exibe
as
características
marcantes
de
autismo
(referidas
como
“
espectro
autista
”).
Assim,
a
distinção
categorial
“
autismo
”
é
modicada
por
distinções
dimensionais
que
levam
certos
indivíduos
a
serem classicados
como
“
mais
autistas
”
ou
“
menos
autistas
”
em relação um ao outro
.
O
programa
descrito
por
de
Rose
e
Bortoloti
(Capítulo
5)
tem
suas
raízes
claramente
na
tradição
da
pesquisa
em
equivalência
de
estímulos,
mas,
tão
claramente
quanto
suas
inuências,
ele
buscou
expandir
e
enriquecer
as
análises
comportamentais
de
relações
de
equivalência.
Em
particular
,
eles
adicionaram
um
caráter
dimensional
à análise
de
relações
de
equivalência
de estímulos,
sugerindo a
existência de circunstâncias
em que os
estímulos
são mais ou menos equiv
alentes. Embora o programa
de pesquisa ainda se
encontre
em seus
estágios iniciais,
é possív
el ver
claramente como
a análise
de
equivalência
pode
ser
ampliada
para
capturar
,
por
exemplo,
categorias
polimórcas
como
“
cachorro
”.
N
essa
categoria,
um
cachorro
válido
pode
ser
grande
ou
pequeno,
atarracado
ou
esguio,
ter
pelos
longos
ou
curtos,
ser amigável ou agr
essivo, e assim por diante. Assim,
em alguns contextos,
um
beagle
e um
cão de
caça
são,
de
fato,
“
mais equiv
alentes
” que
um
beagle
e um cão afegão.
Em
outro
ex
emplo
do
trabalho
que
tem
buscado
expandir
e
enriquecer
a
análise
de
equivalência
de
estímulos
e
sua
aplicação,
C
S
:
B
C
E
E
45
Schmidt,
P
ostalli
e
D.
de
Souza
(Capítulo
10)
tratam
do
tópico de
como
procedimentos
e
conceitos
de
equivalência
podem
informar
a
análise
de
uma
função
crítica
no
desenvolvimento
da
comunicação
simbólica
–
a
habilidade
de
seguir
instr
uções
e,
especialmente,
de
passar
de
um
conjunto
inicialmente
limitado
de
habilidades
de
seguimento
direto
de
instruções
para
um
repertório
mais
geral
de
seguimento
de
instruções.
O
capítulo
trata de
processos
de comunicação
simbólica
tanto
verbais quanto
não
verbais,
utilizando
procedimentos
que
permitem
concluir
que
os
achados
são
devidos
a
procedimentos
especícos
usados
nas
pesquisas
e,
assim,
demonstram
que
o
grupo
dispõe
de
um
conjunto
útil
de
modelos
de
procedimentos
para
análises
futuras
dos
processos
envolvidos
em
seguimento generalizado de instruções.
T
ambém
relacionados
a
este
tema
geral
estão
os
estudos
de
Costa,
Domeniconi
e
D.
de
Souza
(Capítulo
9),
que
tratam
do
tópico
crítico
de
como
humanos
adquirem
novos
desempenhos
relacionais
que
são
pré-requisitos
para
relações
de
equivalência,
tão
rapidamente
quanto
na
vida
cotidiana.
Esse
assunto
foi
estudado
muito
pouco
por
analistas
do
compor
tamento,
mas
é
uma
preocupação
central
em
disciplinas
das
ciências
comportamentais
interessadas
no
desenvolvimento
da
linguagem.
As
autoras
resumem
as
principais
contribuições
da
Análise
do
Compor
tamento
para
esse
campo
–
muitas
das
quais
resultaram
da
colaboração
de
investigadores
associados
ao
grupo
PR
ONEX.
E
las
consideram
não
só
o
mapeamento
de
relações
semânticas
simples,
mas
também
de outras
(por
exemplo, adjetivos,
verbos, etc.)
que
serão críticas
para
expandir
as
análises
de
equivalência
de
comunicação
simbólica
de
modo a explicar as complexidades da linguagem humana.
A
pesquisa
nas
linhas
descritas
nesta
seção
consiste
em
um
desenvolvimento
muito
bem-vindo.
Ela
avança
no
processo
de
construir
pontes entr
e a
concepção analítico-comportamental da
função simbólica
e
aquelas que emergiram
de outras linhas de
pesquisa e tradições losócas.
Em
última
análise,
trabalhos
como
esses
desaam
os
analistas
do
comportamento
interessados
em
explicações
processuais
do
funcionamento
simbólico
a
explorar
o
amplo leque
de
processos
relevantes.
Ao fazer
isso,
estaremos
tratando
do
desao
lançado
por
Sidman
(1986),
há
muito
tempo:
“
embora
tenha
progredido
rapidamente,
mesmo
na
escala
acelerada
do
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
46
tempo
da
ciência
moderna,
e
tenha
criado
uma
fundamentação
sistemática,
[a
Análise do
Comportamento]
ainda
não foi
su
cientemente impaciente
para tentar todas as sínteses de que é capaz
” (p.215).
V
ariabilidade
nos
resultados
de
testes
de
classes
de
estímulos
equivalentes.
Cinco
capítulos
do
presente
v
olume
tratam
deste
tópico
geral,
cada
um
deles
de
um
jeito
relativamente
diferente.
Contudo,
eles
têm um aspecto em comum. S
eja explícita ou implicitamente, eles podem
ser
compreendidos
em
termos
do
modelo
simples
apresentado
na
F
igura
2,
onde
o funcionamento
simbólico é
visto
como requerendo dois
processos
fundamentais:
processos
discriminativos
e
processos
simbólicos.
N
em
todos
os
desempenhos
discriminativ
os
são
necessariamente
simbólicos
(por
exemplo,
detecção
de
diferenças
em
comprimento
de
ondas),
e
nem
todas as performances em processos simbólicos env
olvem necessariamente
discriminação no sentido em que é comumente
empregado (por ex
emplo,
sonhar).
Dito
isso, se
o objetiv
o
é encontrar
e r
econhecer o
funcionamento
simbólico convencional,
alcançar este objetivo
requer um alinhamento
de
ambos os tipos de processos.
F
igura
2.
Dois
processos
fundamentais
do
funcionamento
simbólico:
processos discriminativos e processos simbólicos.
Benvenuti, Barros
e T
omanari
(Capítulo
2)
revisaram processos-
chave
de
atenção,
obser
vação
e
processos
relacionados
em
uma
análise
do
impacto
destes
na
equivalência
de
estímulos,
em
par
ticular
,
e
na
aprendizagem
relacional,
em
geral.
Esse
é
um
conjunto
crítico
de
considerações,
porque
quaisquer
análises
que
argumentem
que
um
indivíduo
ou
gr
upo
de
indivíduos
é
incapaz
ou
tem
di
culdades
em
formar
classes
de
equivalência
devem descar
tar a
possibilidade
de
atenção
e/ou
obser
vação
inadequada
dos
estímulos.
Essas
considerações
são
particularmente
impor
tantes
quando
os
procedimentos
de
aprendizagem
C
S
:
B
C
E
E
47
relacional
são complex
os,
envolvem
grandes conjuntos
de
estímulos
ou,
de
outro modo, desaam as capacidades de processamento de informação
do
participante.
M
elo
e
Hanna
(Capítulo
7)
abordam
tópicos
relacionados
ao
desenvolvimento de
desempenhos de aprendizagem relacional,
enfocando
a
atenção
nos
processos
de
modelagem
gradual
de
tais
desempenhos.
Em
par
ticular
,
elas
consideram
o
tópico
amplamente
negligenciado,
de
procedimentos
com
potencial
para
levar
em
à
aprendizagem
sem
err
o.
Historicamente,
há
uma
dupla
justicativa
para
os
esforços
de
minimização
de
erros:
reduzir
as
consequências
emocionais
de
escolhas
não
reforçadas
e
prevenir
mudanças
indesejadas
de
controle
de
estímulos
(isto
é,
erros
que
aumentam
a
probabilidade
de
erros
futuros).
Em
minha
opinião,
a
última
justicativa
é,
de
longe,
a
mais
importante.
Enquanto
for
possível
adaptar
participantes
a
escolhas
não
reforçadas
por
esquemas
graduais,
procedimentos
que
minimizam
erros
tipicamente
o
fazem
por
programações
cuidadosas
que
instanciam
os
pré-requisitos
comportamentais
para
quaisquer
performances
nais
que
sejam
o
objetivo
último
do
ensino.
Assim,
tais
procedimentos
envolvem
uma
abordagem
muito
direta
para
controlar a aquisição
e reduzir
a variabilidade comportamental associada
a
programações de ensino menos cuidadosas.
Debert
(Capítulo
6)
emprega
uma
abordagem
minimalista
para
inuenciar
a
natureza
de
atentar
e
obser
var
estímulos
visuais.
Seu
procedimento
go/no
go
apresenta
estímulos
a
serem
relacionados
em
pares
justapostos,
e
o
participante
deve
julgar
se
os
estímulos
estão
ou
não
relacionados,
respondendo
em
telas
(por
exemplo,
tocando)
que
apresentam
pares
relacionados,
e
fazendo
outra
coisa
(isto
é,
não
tocar)
quando
os
pares
não
são
relacionados.
N
este
procedimento
não
há
um
modelo
a
ser
observado
como
no
procedimento
de
matching-to-sample
e,
por isso, o peso do rastreamento visual é minimizado
.
Questões
de
procedimentos
de
controle
da
atenção
e
da
obser
vação
assumem
uma
impor
tância
especial
no
trabalho
descrito
por
Galvão
e
Barros
(Capítulo
3)
e
Gil
(Capítulo
4).
Ambos
os
capítulos
estão
preocupados
com
o
potencial
para
a
aprendizagem
relacional
de
par
ticipantes
não
verbais
–
macacos
capuchinhos
no
primeiro
e
crianças
pré-verbais
no
segundo.
N
os
dois
casos,
investigadores
do
PRONEX
estão
tratando
do
desao
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
48
conduzir
testes
adequados
para
propriedades
relacionais
da
equivalência
de
estímulos,
esforçando-se
para
prover
treinos
pr
eparatórios
que
estejam
cuidadosamente
alinhados
com
as
necessidades
da
população-alvo.
N
o
primeiro
caso,
Galvão
e
colegas
desenvolveram
um
“
currículo
”
formal
que
utiliza
abordagens
derivadas
da
instrução
programada
para
construir
,
sistematicamente,
linhas
de
base
comportamentais
requeridas
para
a
condução de
testes de
reexividade, simetria e
transitividade (e.g.
Galv
ão,
Barros,
Goulart,
M
endonça,
&
Rocha,
2002;
Galvão
et
al.,
2005).
Gil
adota uma
abordagem relacionada, delineando
procedimentos de treino
e
de teste
que reconheçam as
necessidades especiais
de crianças
e bebês pré-
verbais,
entre
as
quais:
sessões
curtas,
estímulos
com
materiais
interessantes,
que possam
ser manipulados
por crianças, e
brincadeiras estruturadas para
suplementar
propriedades
reforçadoras
dos
estímulos
(e.g.,
Gil,
Oliveira,
Sousa, & F
aleiros, 2006; Oliveira & Gil, 2008). Em ambos os casos, esses
laboratórios PR
ONEX têm
produzido não só desempenhos notavelmente
avançados
em
seus
participantes,
como
também
claricaram
certos
processos comportamentais que
precisam ser manejados para que
isto seja
conseguido.
Aplicações
de
controle
de
estímulos
e
procedimentos
de
equivalência
de
estímulos
nas
ciências
clínicas
e
educacionais.
T
rês
capítulos
deste
livro
ilustram
claramente
que
procedimentos
derivados
de
estudos
de
laboratório
podem
ser
aplicados
em
benefício
direto
de
crianças
com
desaos
de
aprendizagem
e
outros tipos
de
deciência.
Um dos
destaques
do
projeto
PR
ONEX
é
sua
contribuição
para
o
desenvolvimento
de
tecnologia
instrucional
para
ensino
de
repertórios
r
udimentares
de
leitura
a
crianças
com
longas
histórias
de
fracasso
escolar
.
A
racional
e
a
história
deste
programa
são
cobertas
por
Hübner
,
A.
de
Souza
e
S.
de
Souza
(Capítulo
12), D.
de S
ouza, H
anna, Albuquerque
e H
übner (Capítulo
13), e
Matos,
A
vanzi, e M
cIlvane (Capítulo 11).
A
abordagem
nos
estudos
descritos
é
um
excelente
exemplo
do
desenvolvimento
de
procedimentos
instrucionais
efetivos,
usando
os
resultados
de pesquisa
de laboratório
para
a
validação
inicial em
ambientes
instrucionais
que
lembram,
mais
de
per
to,
aqueles
empregados
em
bons
programas
escolares.
E,
em
última
análise,
ser
ve
como
um
modelo
de
metodologia
que
poderá
ser
subsequentemente
aplicada
em
esforços
C
S
:
B
C
E
E
49
abrangentes
para
melhorar
os
resultados
do
ensino
em
ambientes
típicos
de
educação
regular
e
especial.
Os
estudos
têm
empregado
métodos
derivados
do
laboratório
para
ensinar
as
crianças,
que
até
então
falhavam
neste
tipo
de
tarefa,
a
distinguir
em
entre
letras
impressas,
sílabas
e
palavras,
e
a
relacionarem
as
unidades
impressas
com
as
palavras
faladas
correspondentes.
Os
principais
ambientes
de
pesquisa
utilizam
metodologia
instrucional
apoiada
por
computadores
em
procedimentos
de
instrução
individualizada, correspondentes às necessidades especícas da criança.
A
abordagem
de
prontidão
de
leitura
utiliza
propriedades
silábicas
da
Língua
P
ortuguesa
para
ensinar
a
criança
a
reconhecer
e
recombinar
sílabas
para
ler
nov
as
palavras.
Se
uma
criança
ou
adulto
analfabeto
aprender
a
ler
as
palavras
BOCA,
V
ACA
e
LOBO,
então
poderá
demonstrar
a
imediata
capacidade
de,
espontaneamente,
ler
palavras
como
BOBO,
BOLO,
CABO,
CACA, CALO,
V
ALO,
e
outras
mais,
via
recombinação
espontânea
de
unidades
silábicas
mínimas:
BO,
CA,
V
A,
LO.
Crianças
que
aprendem
a
fazer
recombinação
espontânea
de
maneira
generalizada
exibem
consciência
fonológica,
um
pré-requisito
crítico
para
uma
leitura
eciente.
O
programa
PR
ONEX
também
leva
à
progressiva
expansão
de
habilidades
básicas
de
leitura
por
meio
de
recombinações
silábicas
mais
numerosas
e
extensas,
levando, portanto,
a
desempenhos em
decodicação
de palavras mais extensa do que foi exemplicado
.
P
or
um
momento,
sairei
do
meu
papel
de
colaborador
e
consultor
dos investigador
es do PR
ONEX para apresentar a
opinião de alguém que,
de
fato,
esteve
relativamente
distante
nos
estágios
de
desenvolvimento
formativo
deste
programa,
ocorrido
antes
de
1996,
quando
passei
a
estar
totalmente
comprometido
com
meus
colegas
brasileir
os.
Embora
esse
programa
derive
de
procedimentos
de
laboratório
desenvolvidos
por
investigadores na
linhagem
do
Shriv
er
Center
(por exemplo,
equivalência
de
estímulos,
exclusão,
recombinação
sequencial,
etc.),
ninguém
daquele
grupo
foi capaz
de organizar
um programa
que fosse
sequer remotamente
comparável
em
qualidade
ao
que
foi
conseguido
pelo
grupo
PR
ONEX.
Este
programa
ser
ve,
talvez,
como
o
melhor
modelo
de
como
métodos
de
laboratório
são
agregados
como
um
conjunto,
organizados
em
um
currículo, e disponibilizados
de um modo eciente para
a sala
de aula (Cf
.
de
Rose,
de
Souza,
&
Hanna,
1996;
de
Souza,
et
al.,
2009).
Esse
foi
um
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
50
brilhante
exemplo
do
que
um
grupo
comprometido
de
investigadores,
operando com
uma visão raz
oavelmente
clara, pode
fazer com
os frutos
da
ciência
do
compor
tamento
.
Confesso
cer
ta
parcela
de
inveja
de
que
meu
grupo não tenha organizado – ainda hoje
– um programa comparáv
el em
nossas
áreas
particulares
de
interesse.
Estamos
trabalhando
nesse
problema,
com
um
alto
nível
de
inspiração
nas
realizações
de
nossos
colegas
brasileiros.
O
gr
upo
PR
ONEX
tem,
ainda,
outra oportunidade
de fazer
uma
importante contribuição (ainda que em
menor escala) de
natureza similar
.
O
Capítulo
8
(
V
erdu,
da
Silva,
Golfeto,
Bevilacqua,
&
D.
de
Souza)
focaliza o inter
esse dos investigador
es do PR
ONEX em avaliar o potencial
de
crianças
com
surdez
neurossensorial
e
implante
coclear
recente
para
a
formação
de
relações
de
equivalência
auditivo-visuais
e
visuais-visuais.
Estudos-piloto
indicaram
inicialmente
que
crianças
que
se
tornaram
surdas antes da aquisição da linguagem (surdez pré-lingual) podem diferir
daquelas
que
se
tornaram
surdas
após
a
aquisição
de
linguagem
(surdez
pós-lingual).
P
esquisa
subsequente
estudou
uma
amostra
substancial
de
crianças,
em
um
trabalho
de
seguimento.
Praticamente
todas
as
crianças
aprenderam
relações
condicionais
auditivo-visuais
e
demonstraram
relações
emergentes
de
equivalência.
No
entanto,
testes
de
nomeação
revelaram
um
padrão
variável
em
relação
aos
resultados
do
teste
de
equivalência.
Somente
algumas
crianças nomearam
com
segurança
os
estímulos visuais
que
foram
apresentados
como
equivalente
aos
estímulos
auditivos.
Essa
pesquisa
promo
veu
várias
contribuições
para
o
campo
de
investigação
em
relações
de
equivalência:
demonstrou
que
tanto
crianças
com
surdez
pré-lingual
quanto
pós-lingual
podem
adquirir
r
elações
de
equivalência
auditivo-
visuais
após
o
implante
coclear
,
deixando
claro,
pela
primeira
vez
nessa
população,
um
verdadeiro
funcionamento
simbólico;
colocou
em
destaque
uma
população
que
pode
ser
especialmente
interessante
para
pesquisadores
voltados para a análise da relação entre a linguagem r
eceptiva e expressiv
a;
mostrou
a
possibilidade
de
se
conduzirem
estudos
experimentais
formais
de
processos
de
controle
de
estímulos
dentro
das
restrições
de
um
ambiente
hospitalar
,
durante
as
consultas
de
acompanhamento
que
são
necessárias
para
a
manutenção
dos
implantes
cocleares.
Em
minha
opinião,
esse
programa
de
pesquisa
tem
todos
os
componentes
necessários
para
se
C
S
:
B
C
E
E
51
desenvolver a
ponto
de
rivalizar
com o
programa
de
leitura
do PRONEX
na integração metodológica e no impacto sobre sua população-alvo
.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
: PR
ONEX
E
ALÉM
U
m
leitor
de
todos
os
capítulos
deste
livro
poderá
apreender
um
quadro
bastante
abrangente,
ou
seja,
saber
onde
o
grupo
PR
ONEX
estava
cientica
e
operacionalmente
até
por
volta
de
2009.
F
elizmente,
este foi um
trabalho de qualidade, abrangência e
profundidade, que levou
à
obtenção
de
recursos
nanceiros
para
levar
o
programa
ainda
mais
adiante.
Em
continuidade
ao
trabalho
relatado
neste
volume,
o
gr
upo
PR
ONEX
foi
expandido,
passando
a
incluir
outros
pesquisadores
que
colaboraram
na
constituição
de uma
rede
constituída
por
oito
núcleos
de
pesquisa:
sete
programas
em
universidades
brasileiras
e
um
em
colaboração
internacional
com
a
Univ
ersidade
de
Medicina
de
Massachusetts
(U
niversity of
Massachusetts
M
edical School).
O grupo assegurou
o apoio
necessário
para
estabelecer
o
Instituto
Nacional
de
Ciência
e
T
ecnologia
sobre
Compor
tamento,
Cognição
e
Ensino
(INCT
-ECCE),
de
caráter
binacional.
Claramente,
o
programa
iniciado
via
PRONEX
tem
agora
uma oportunidade de expandir e exceder suas realizações passadas.
A
rede
INCT
-ECCE
mantém
o
foco
na
análise
de
processos
de
aprendizagem
relacional
e
função
simbólica.
O
que,
então,
ainda
resta
por
r
ealizar?
Do meu
ponto de
vista,
o grupo
recém-expandido tem
à
sua
frente alguns desaos óbvios e modelos a seguir para superá-los.
Os
principais desaos
derivam do
desao anterior
de Sidman
aos
analistas
do
compor
tamento,
no sentido
de “
tentar todas
as sínteses
de
que
são
capazes
”.
P
enso
que
o
grupo
dispõe
dos
meios
(recursos
intelectuais
e
recursos
nanceiros)
para
contribuir
para
várias
áreas
prioritárias
na
ciência
contemporânea, muitas envolvendo colaborações com outras disciplinas.
Dentre
os
desaos
mais
óbvios,
encontra-se
um
engajamento
ainda
mais
direto
nas
ciências
clínicas
e
em
outras
disciplinas
que
lidam
com
deciências
funcionais
de
desenvolvimento
e
envelhecimento
(por
exemplo,
transtornos
do
espectro
autista,
atrasos
e
transtornos
da
linguagem,
problemas
de
aprendizagem,
transtornos
neurodegenerativos,
etc.).
Outro
alvo
óbvio
será
contribuir
para
o
desenvolvimento
da
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
52
neurociência
comportamental
e
cognitiva
–
uma
contribuição
que
Skinner
(1988/1991) sugeriu ser um necessário passo nal no desenvolvimento de
uma
verdadeira explicação
abrangente
do
compor
tamento. Finalmente, o
grupo pode
continuar contribuindo
para o
desenvolvimento
de
tecnologia
instrucional
para
pessoas
com
desenvolvimento
típico,
ajudando
a
otimizar
suas
oportunidades
de
aprendizagem
e
mantendo
e
honrando
as
direções
programáticas
estabelecidas
por
Keller
,
Sidman,
Bori,
Matos,
e
muitos
outros envolvidos na colaboração binacional de várias décadas.
O
modelo
principal
para
avançar
é
o
programa
de
leitura
do
PR
ONEX,
que
ainda
tem
espaço
signicativo
para
nov
os
desenvolvimentos.
Aquele
programa tem
todas
as
dimensões
necessárias
para
a
continuidade
do
desenvolvimento
exemplar
demonstrado
durante
os
anos
de
PRONEX:
ciência
básica
para
elucidar
processos-chave,
comportamentais
e
biocomportamentais;
ciência
translacional
para
conduzir
estudos
desses
processos
sob
condições
controladas
de
laboratório;
e
estudos
aplicados
em
sala
de
aula
para
vericar
se
os
achados
do
programa
translacional
serão
sustentados
em
condições
menos
controladas.
Como
comentei,
o
programa
sobre
discriminação
auditiva
também
apresenta
esses
componentes,
e
seu
desao
é meramente
desenvolver
atividades em
um
programa
integrado e
contínuo de pesquisa básica-translacional-aplicada.
O
desao
para
o
grupo
PR
ONEX/INCT
-ECCE
é
expandir
projetos
deste
tipo
para
um
leque
maior
de
tópicos
de
pesquisa,
para
as
áreas que já mencionei
e, talvez, para
outras que emergirão
na medida em
que esse produtivo grupo evoluir ao longo do tempo
.
R
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S
:
B
C
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. V
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constr
ucted-response
matching
to
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leitura
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estímulos
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T
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esquisa
,
5
, 325-346.
de
Rose,
J.
C.,
McI
lvane,
W
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J.,
Dube, W
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V
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C.,
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discrimination
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de
Souza,
D.
G.,
de
Rose,
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C.,
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aleiros,
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57
a
tenção
, o
bSer
v
ação
e
a
p
rodução
do
C
ompor
t
ament
o
S
imbóliCo
e
do
r
eSponder
r
elaCion
al
Marcelo B
envenuti
iago de Barros
G
erson
Y
ukio
T
omanari
A
tentar
e
observar
envolvem
responder de
maneira
seletiva,
de
modo
concomitante
ou
prévio
a
outro
comportamento.
N
esse
sentido,
o
comportamento
de
obser
vação
pode
ser
visto
como
um
pré-requisito
para
o
comportamento
simbólico.
M
uitas
vezes,
é
um
pré-requisito
que
falta
ou
é
estabelecido
de
forma
inadequada
e
precisa
ser
corrigido
ou
construído
em
intervenções
comportamentais.
Algumas
das
pesquisas
que
serão
descritas
neste
capítulo
sugerem
for
temente
que
diculdades
em
estabelecer
relações
simbólicas
podem
depender
de
diculdades
nesse
pré-requisito,
que
chamamos
de
observar
ou
atentar
.
Estabelecer
esses
pré-requisitos
tem sido
uma das
questões de
pesquisa que
serão
abordadas.
Contribuições
da
pesquisa
sobre
compor
tamento
simbólico
são
possíveis
a
par
tir
do
amadurecimento
de
uma
noção
que
não
deve
ser
esquecida
quando
analistas
do
compor
tamento
avançam
com
cada
vez
mais
competência
e
segurança
para
temas
complexos
e
desaadores
como
aqueles
do
campo
da
cognição
e
do
ensino:
relações
comportamentais
complexas
são
construídas
a
partir
de
uma
função
básica
exercida
pelo
ambiente,
a
seleção,
que
atua
sobre
a
variabilidade
comportamental
apresentada
por
um
organismo
em
um
dado
momento
(Donahoe
&
P
almer
,
1994;
Skinner
,
1981). O conhecimento cada vez maior sobre como a complexidade pode
ser
derivada
de processos
básicos de
variação,
seleção
e
retenção
permite ao
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
58
analista
do
comportamento
leituras
inovadoras
a
respeito
de
fenômenos
discutidos na P
sicologia.
S
idm
an (198
6)
mos
tr
ou
com
o
o
esc
op
o
e o
alc
anc
e
da anál
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men
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os
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s.
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R
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.
A
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de
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de
co
mo
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cond
ici
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ser
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s
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duo
s
que
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,
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7;
N
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s
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amin
ho
par
a uma
clar
a co
mpr
eens
ão
do c
omp
ort
ame
nto
simb
ólic
o
.
Sidman
(2000)
considerou
que
contingências
de
reforço
produzem
dois
resultados
comportamentais:
1)
unidades
de
análise
de
2,
3,
4 ou
5 termos (a
depender das exigências do
ambiente para a
produção do
reforço); 2)
relações
de
equivalência,
que,
por
sua
vez,
seriam
decorrentes
de
pares
ordenados
de
quaisquer
elementos
positivos
que
participam
da
contingência.
Com
essa
posição,
Sidman
considerou
que
relações
de
equivalência
não
seriam
decorrentes
unicamente
de
contingências
de
quatro
termos.
Essa
posição
é
consistente
com
a
literatura
experimental,
que
tem
mostrado
a
produção
de
relações
de
equivalência
a
par
tir
de
contingências de
três termos
(e.g., Debert, capítulo
6), bem como
relações
de equivalência envolvendo estímulos reforçadores (e.g., Dube, M
cIlvane,
Mackay
, & S
toddard, 1987).
N
o
presente
texto,
serão
discutidas
as
unidades
de
análise
envolvidas
na
atenção
e
no
comportamento
de
obser
vação
.
Em
especial,
procuraremos
descrever
como
o
comportamento
de
obser
vação
pode
ser
estudado
como
uma
condição
necessária
para
o
estabelecimento
de
controle
de
estímulos
característico
do
compor
tamento
simbólico
e
responder
relacional.
Uma
decorr
ência
dessa
análise
é
a
constatação
C
S
:
B
C
E
E
59
que
a
relação
entre
controle
simples
de
estímulos
e
controle
relacional
é
imbrincada
e
interdependente:
estabelecimento
de
controle
relacional
e
classes
simbólicas,
controles
complexos
de
estímulos
e
responder
relacional
podem depender de controles
de estímulos e de pr
é-requisitos usualmente
descritos pelas noções básicas de discriminação e reforço condicionado
.
Inicialmente,
este
capítulo
apresenta
denições,
questões
conceituais
e
delineamentos
básicos
para
a
investigação
da
atenção
e
da
observação em análise do comportamento.
N
a primeira parte,
o objetiv
o principal
será demonstrar a
rique
za
de
arranjos
de
contingências
que
podem
ser
manipuladas
para
dar
conta
da
produção
do
comportamento
de
obser
vação
e
da
atenção.
Na
segunda
par
te,
serão
discutidas as
possibilidades
de
ensino
de
r
elações
entre estímulos
na
área
que inv
estiga
respostas
de
obser
vação
e
responder
mantido
por
reforço
condicionado.
Reforçador
es
condicionados
dependem,
por
denição,
de
relações
entre
estímulos
não
necessariamente
baseadas
em
identidade
ou
similaridade.
Assim,
procedimentos
para
investigação
de
reforço
condicionado
podem
ser
alternativas
metodológicas
para
a
investigação
do
comportamento
simbólico.
Em
uma
terceira
parte
do
capítulo
são
debatidas
as
questões
do
controle
restrito
de
estímulo,
indicando
que
o
responder
seletivo,
relacionado
com
o
comportamento
de
observação
inadvertidamente
ou explicitamente
ensinado, pode
ser
um facilitador
ou
um
problema a
ser superado
no estabelecimento
de
controle de
estímulos
complexos. Como
ilustração,
serão
discutidas algumas
implicações
para
o
ensino
de
leitura
e
para
a
produção
de
leitura
com
base
na
recombinação
de elementos de palavras ensinadas.
A
TENÇÃO
E
OBSERVAÇÃO
:
QUESTÕES
CONCEITUAIS
E
PROCEDIMENTOS
BÁSICOS
Em
psicologia,
a
noção
de
atenção
tem
sido
importante
para
lidar
com
casos em
que o
responder
de um
organismo é
restritivo
a
certas partes
do
ambiente.
A
atitude
em
análise
do
comportamento
tem
sido
abordar
a
atenção
a
partir
das
contribuições
da
área
de
controle de
estímulos
e
da
área
que
mostra a
importância
de
repertórios pr
ecorrentes
(e.g.,
Strapasson
& Dittrich, 2008).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
60
Skinner (1953)
armou que “
atenção é
uma relação de controle
–
uma relação
entre
uma resposta
e
um estímulo
discriminativo. Quando
alguém
está
prestando
atenção
está
sob
controle
especial
de
estímulos
”
(p.
122).
Comentando
essa
passagem
de
Skinner
,
T
errace
(1966)
mostra
que
o
conceito
de
atenção
é
proposto
como
um
conceito
descritivo,
não
explicativo
.
Na
avaliação
de
T
errace,
a
posição
de
Skinner
seria
diferente
da
posição
de
outros
teóricos
clássicos
da
psicologia,
como
K.W
.
S
pence,
que
buscavam
na
atenção
uma
explicação
para
cer
tos
fenômenos
da
aprendizagem.
A
ab
or
dage
m
da
aten
ção
com
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o
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ju
dic
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201
1).
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).
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1)
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e
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per
iênc
ias
.
A
rma
que
,
“
em resu
mo,
at
enç
ão
é
mu
ito
mai
s
adj
etiv
o
do
que
subs
tant
ivo
” (p
. 24
7).
A
discussão
de
Anderson
(2011)
sobre
atenção
é
consistente
com
achados
empíricos
e
discussões
realizadas
no
contexto
da
análise
do
comportamento.
Se
atenção
é
efeito
e
não
causa,
cabe
ao
analista
do
compor
tamento
descrever
como
controles
de
estímulos
são
gerados
e
quando
há
r
esponder
restrito
a
cer
tos
componentes
dos
estímulos
discriminativos.
Reforço
diferencial
com
base
na
presença
ou
ausência
de
determinados
estímulos
produz
responder
diferenciado,
controle
de
estímulos
sobre
o
comportamento.
Contudo,
reforçar
diferencialmente
respostas
na
presença
de
estímulos
não
garante
que
todas
as
propriedades
relevantes
dos estímulos,
ou
relações
entre eles,
adquiram
controle
sobre
as
C
S
:
B
C
E
E
61
respostas
de inter
esse.
A questão
da atenção
em
análise
do
comportamento
surge
exatamente
da
análise
de
resultados
em
que
diferentes
organismos
passam
por
determinado
treino
discriminativo,
mas
o
controle
gerado
é
parcial ou restrito a certos aspectos dos estímulos utilizados.
U
m
re
su
lta
do
ex
peri
men
tal
fr
equ
entem
ente
cita
do
pa
ra
col
oca
r
o
pr
obl
ema
da
atenç
ão
em
aná
lis
e
do
comp
orta
me
nto
foi
obt
ido
por
R
eyn
old
s
(19
61)
em
um
estu
do
com
doi
s
pom
bos
.
Re
ynold
s
re
ali
zou
um
pro
ced
ime
nto
de
tr
ein
o
de
disc
rim
inaçã
o
simp
les
suce
ss
iv
a
com
estí
mu
los
com
po
sto
s
de
uma
for
ma
geom
étr
ic
a
e
uma
cor
.
P
ara
os
dois
pom
bos
,
re
spost
as
eram
re
forç
ad
as
qua
ndo
o
s
pomb
os
bicav
am
em
um
disc
o
com
um
triâ
ngu
lo
com
con
torn
o
bran
co
sob
repo
sto
à
cor
ver
me
lha
.
N
a
pr
ese
nça
de
um
círc
ulo
com
cont
orno
br
anc
o
sob
re
po
sto
à
cor
ver
de,
r
esp
ost
as
no
disc
o
não
eram
re
forç
ad
as.
Os
doi
s
pomb
os
apr
end
eram
a
bic
ar
pre
dom
inant
emen
te
no
com
post
o
tr
iân
gul
o-ve
rme
lho
.
T
est
es
sub
seq
uen
tes
demo
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raram
que
as
re
spos
tas
de
bica
r
for
am
con
tr
ola
da
s
ex
clus
iv
ame
nte
pel
a
prop
ri
eda
de
cor
par
a
um
pomb
o
.
P
ara
o
outr
o,
apen
as
a
form
a
da
gura
cont
rolo
u
o
re
spo
nd
er
.
Os
dese
mpe
nhos
do
s
suj
eit
os
expos
tos
ao
me
smo
tre
ino
car
am
sob
con
tr
ole
de
di
fer
ente
s
pr
opr
ied
ades
do
estím
ulo
com
pos
to
den
ido
como
estím
ulo
dis
crim
ina
tiv
o.
De
acor
do
com
Rey
no
lds
(196
1),
os
pomb
os
r
esp
on
der
am
sel
etiv
am
ent
e
a
um
aspe
cto
do
estí
mu
lo
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imina
tivo
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,
re
it
era
ndo
que
“
um
orga
nism
o
ate
nt
a
par
a um
est
ímulo
qua
ndo
seu
res
pon
der
est
á so
b
con
trol
e
do
est
ímulo
” (p
.208
).
É
importante
notar
que
Reynolds
(1961)
descreveu
o
controle
parcial
exercido
por
um
estímulo
discriminativo
composto,
não
porque
isso
aconteceu. O
importante desse estudo
é que
a questão
do controle
seletivo
foi
colocada
na
perspectiva
dos
conceitos
e
instrumentos
empíricos
para
avaliação
de
controle
de
estímulos
característicos
da
análise
experimental
do
comportamento.
Em
uma
replicação
sistemática
do
estudo
de
Reynolds,
com
ampliação
das
conclusões
iniciais,
Wilkie
e
Massom
(1976)
mostraram que,
em condições
idênticas de
treino e
teste, pombos
caram
sob
controle
exclusivo
da
cor
,
em
detrimento
da
forma
utilizada
no
estímulo
discriminativo
composto.
Em
novas
condições
de
treino,
Wilkie
e
Massom
mostraram
também
que
o
desempenho
discriminativo
de
pombos
era
mais
rapidamente
estabelecido
quando os
treinos
envolviam
o estímulo
forma,
o
triângulo,
ao
qual
os
pombos
não
haviam
respondido
previamente
nas
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
62
condições
de
teste.
Isso
mostra
que,
apesar
do
controle
seletivo
para
a
dimensão
cor
,
não
seria corr
eto armar
que
não existia
controle
pela
forma
no
estudo de
Reynolds
e Wilkie
e Massom.
Esse
controle foi
estabelecido
durante
as
condições
de
treino
com
reforço
diferencial,
mas
foi
identicado
apenas
em
condições
especiais
de
retreino
com
as
formas
e
novos
estímulos.
Esses
achados
são
consistentes
com
a
posição
de
T
errace
(1966),
segundo
a
qual
“
atenção
parece
ser
sinônimo
de
controle
de
estímulos,
na
medida
em
que
falhas
para
estabelecer
controle
de
estímulos
são
referidas
como
falhas
de
atenção
”
(p.
288).
Ou
seja,
claramente,
os
fenômenos
atencionais,
entendidos
como
resultados
de
certas
operações
experimentais
e
experiências
de
um
organismo,
podem
ser
tratados como
comportamentos
e
abordados
de
acordo
com
os
métodos
empíricos
da
análise
experimental
do
comportamento.
Wilkie
e
Massom
(1976),
por
exemplo,
discutiram a
questão
da
generalidade
das
conclusões
de
Reynolds
utilizando
treinos
discriminativos
e
testes
em
extinção.
Ao
procederem
dessa
forma,
mostraram
controles
de
estímulos
que
não
eram
evidentes
no
estudo
de
Reynolds
(1961),
mas
que
puderam
ser
identicados
em
condições de nov
as aprendizagens discriminativas.
P
ara T
errace
(1966),
a
questão
central
na
abordagem
da
atenção
em
análise
do compor
tamento
envolv
e
o
estudo
das condições
que
levam
um
organismo
a
manter
contato
com
estímulos
exteroceptivos
utilizados
como discriminativos
em procedimentos de
discriminação. Respostas que
garantem
esse
contato
podem
ser
denidas
como
respostas
de
obser
vação
(F
erster
,
1960;
W
ycko,
1952).
Consistente
com
a
posição
de
T
errace,
mais
recentemente,
Catania
(1999)
sugeriu
que
“
o
problema
central
na
aprendizagem
[discriminativa]
pode
ser
simplesmente
o
de
levar
o
organismo
a
obser
var
os
estímulos
relevantes
”
(p.195).
V
eremos,
a
seguir
,
que
essa
mesma
denição
de
respostas
de
obser
vação
pode
ser
aplicada
a
diferentes
formas
de
responder
em
tarefas
de
discriminação
simples
e
condicional.
O
papel
da
obser
vação,
referida
por
Catania
(1999),
em
uma
situação
de
discriminação
cou
especialmente
claro
em
um
estudo
realizado
por
W
ycko
(1952)
sobre
o
compor
tamento
de
obser
vação
e
o
estabelecimento
de
controle
discriminativo.
W
ycko
explorou
a
relação
entre
discriminação
e
reforço
condicionado
com
um
procedimento
no
C
S
:
B
C
E
E
63
qual
pombos
respondiam
nas
contingências
VI
ou
EXT
programadas
em
um
mesmo
manipulando.
Sem
estimulação
diferencial
presente
nos
discos,
os
pombos
trabalhavam
em
um
esquema
misto
VI
EXT
.
Nesse
caso,
o
disco
de
respostas
permanecia
branco
enquanto
os
componentes
eram
alternados
de
acordo
com
a
programação
prévia
do
experimentador
.
Como
não
havia estimulação
exteroceptiva associada
às diferentes
contingências,
o
desempenho
dos
pombos
era
indiferenciado
em
relação
aos
componentes
VI
e
EXT
.
A
novidade
do
procedimento
de
W
ycko
foi
que
os
pombos
podiam
responder
em
um
segundo
manipulando,
um
pedal,
e
com
isso
produziam
estimulação
relacionada
aos
esquemas
em
vigor
.
Mantendo
o
pedal
de
respostas
pressionado,
os
pombos
mantinham
cores
especícas,
correlacionadas
com
as
contingências
de
VI
e
EXT
,
projetadas
nos
discos.
Respostas
ao
pedal
transformavam
o
esquema
misto
em
múltiplo
e
permitiam
que
os
sujeitos
trabalhassem
sob
controle
discriminativo.
As
respostas
ao
pedal
foram
chamadas
de
respostas
de
obser
vação
,
porque
produziam
estímulos
discriminativos
de
outras
contingências
nas
quais
uma
resposta
principal
pode
produzir
reforçamento
primário
(
W
ycko,
1952, 1959, 1969).
Estudos
posteriores
contribuíram
para
mostrar
a
generalidade
dos
resultados obtidos
por
W
ycko
(1952).
P
rocedimentos
semelhantes,
com
a
possibilidade
de
emissão
de
respostas
de
obser
vação,
podem
envolver
manipulandos
diferentes
em
contextos
experimentais.
U
m
procedimento
desse
tipo
utiliza
apenas
um
manipulando
e
apresentação
de
reforço
primário
não
contingente
a
respostas
do
sujeito
experimental.
N
os
estudos,
tentativas
discretas
terminam
com
ou
sem
reforço
primário
(ou
outro
condicionado
para
a
resposta
principal,
no
caso
de
humanos).
Respostas
de
obser
vação
podem
produzir
estímulos
relacionados
ao
programado
para
o
m
da
tentativa.
O
sujeito
pode
“
aguardar
”
o
m
da
tentativa
com
ou
sem
estimulação
exteroceptiva
associada
com
o
ganho
ou
não
de
reforço
.
Se o
sujeito
responde durante
a
tentativa no
manipulando
de
observação,
é
produzida
a
estimulação
correlacionada
com
a
apresentação
de
reforço
ou
a
estimulação
correlacionada
com
a
não
apresentação
do
reforço
(a
depender
do
que
esteja
previamente
programado). Esse
procedimento
foi
utilizado
com
pombos
(Benvenuti
&
T
omanari,
2010;
Blanchard,
1975;
Kendal,
1973a;
1973b;
T
omanari,
2001,
T
omanari,
Machado,
&
Dube,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
64
1998),
com
ratos
(
T
omanari, 1996),
com macacos
(Schrier
, ompson,
&
S
pector
, 1980) e com humanos (
T
omanari, 2004).
Em
outr
a
va
ria
ção
do
pro
cedi
men
to
de
res
posta
de
obs
erva
ção
,
tr
ês
mani
pul
an
dos
são
uti
liz
ad
os.
O
esq
uem
a
pri
nci
pal
vig
ora
em
um
dos
man
ipul
and
os.
N
os
outr
os
doi
s,
pode
m
ser
emit
ida
s
resp
osta
s
que
têm
com
o
cons
equ
ênc
ia
a
pro
dução
de
dete
rmi
nados
est
ímu
los
no
man
ipu
lan
do
pri
ncip
al
(es
tímul
o
cor
elac
ionad
o
com
ref
or
ço
em
um
mani
pul
ando;
estí
mul
o
cor
rel
aci
ona
do
com
exti
nção
no
out
ro
,
por
exe
mpl
o).
Ess
e
pr
oce
dimen
to
tem
sido
uti
li
zad
o
prin
cip
alme
nte
com
human
os
(Ca
se
&
F
ant
ino
,
198
9;
Cas
e, F
anti
no,
& W
ixte
d,
1985
; Case
, P
loo
g, &
F
anti
no,
199
0; F
ant
ino &
Cas
e,
19
83;
F
ant
ino
, Case
,
&
Alt
us, 1983
;
P
er
one &
Ba
ron,
19
80;
P
er
one
& Ka
min
ski,
199
2),
mas
tam
bém
fo
i empr
egad
o co
m po
mb
os (Jwai
deh &
M
ulv
aney
,
1976
;
M
ulv
aney
,
Din
smo
or
,
Jwa
ideh
,
&
H
ugh
es,
197
4;
Rop
er
&
Ze
nta
ll,
199
9)
e rat
os (
Ro
per
& B
aldw
in,
2004
).
P
or
m,
outros
procedimentos
utilizam
dois
manipulandos,
tal
qual
o
estudo
original
de
W
ycko
(1952).
N
esse
caso,
respostas
de
observação e respostas que produzem o reforçador principal (e.g., água ou
alimento) se distinguem, como no procedimento com três manipulandos.
O
procedimento
foi
usado
com
pombos
(Allen
&
Lattal,
1989;
Auge,
1973,
1974;
Branch,
1970,
1973;
Dinsmoor
,
Bowe,
Gr
een,
&
Hanson,
1988;
Dinsmoor
,
Browne,
&
Lawrence,
1972;
Dinsmoor
,
M
ulvaney
,
&
Jwaideh,
1981;
Hirota,
1972;
J
enkins
&
Broakes,
1973;
Kendall,
1974;
M
uller
&
Dinsmoor
,
1984,
1986)
e
com
ratos
(Car
valho
&
Machado,
1992;
P
reston,
1985).
Em
estudos
com
humanos,
fazendo-se
uso
de
outros
reforçador
es condicionados
no lugar
de água
ou alimento,
documenta-se a
manutenção
de r
espostas de
observação
nesse
mesmo procedimento
básico
(Case &
F
antino, 1981;
M
ulvaney
, H
ughes, Jwaideh, & D
insmoor
, 1981;
T
omanari, Balsamo, F
owle, F
arren, & Dube, 2007).
Os r
esultados obtidos por essa linha
de investigação fortaleceram
a
ideia
de que
antes
ou
durante
o
estabelecimento de
uma
discriminação,
outros
processos
comportamentais
são
estabelecidos.
A
consideração
desses
processos
comportamentais
é
impor
tante
para
uma
clara
compreensão
da
aquisição
de
controle
de
estímulos.
Dinsmoor
(1983)
levantou
a
possibilidade
de
que
o
controle
de
estímulo
depende
de
quanto
contato
sensorial
o
organismo
tiver
com
o
estímulo
relevante.
O
contato
ocorre
C
S
:
B
C
E
E
65
por intermédio das
respostas de obser
vação (e.g., olhar para,
direcionar-se
a, tocar
, sentir
, ouvir etc.) (ver também Dinsmoor
, 1995a, 1995b).
N
esse
sentido,
a
análise
da
obser
vação
como
compor
tamento
de
observação
passa
pela
consideração
do
repertório
que
produz,
clarica
ou
torna
mais eciente
um estímulo
discriminativo.
A
análise desse
repertório
não
pode
ser
feita
sem
a
consideração
daquilo
que
é
chamado
de
reforçador
secundário
ou
condicionado.
Diferentes
organismos,
especialmente
o
homem,
engajam-se
em
atividades
que
alteram
o
ambiente
de
modo
a
alterar
outros comportamentos. Essas
primeiras respostas são
mantidas pelo
valor
reforçador
condicionado
adquirido
por
certas
alterações
ambientais
que
são
condição
para
outras
formas
de
responder
(responder
discriminado,
no caso de aprendizagens discriminativas). Como ilustra S
kinner (1957),
es
que
cem
os
fr
eq
ue
nte
men
te
qu
e
ol
har
par
a
um
pa
dr
ão
vi
su
al
ou
ou
vir
son
s
é
tam
bém
co
mpo
rta
men
to,
pr
o
va
ve
lm
ent
e
po
r
qu
e
c
am
os
im
pr
es
sio
nad
os
pe
lo c
omp
ort
ame
nto
ma
is
imp
ort
ant
e qu
e o
pa
drã
o o
u o
so
m c
on
tr
ol
am.
P
or
ém
, q
ua
lqu
er
aç
ão
qu
e l
ev
a u
m o
rg
ani
smo
ao
c
on
tat
o
co
m um
e
st
ímu
lo d
is
cri
min
at
iv
o, o
u cl
ar
ic
a ou
in
ten
si
ca s
eu
s ef
eit
os,
é
r
ef
or
ça
do
po
r
se
us
re
su
lt
ado
s
e
po
de
se
r
ex
pli
cad
o
nes
ses
t
erm
os.
(p
.
15
7)
.
Como
salientam
P
essôa
e
S
ério
(2006)
e
T
omanari
(2009),
o
estudo
do
comportamento
de
observação
exige
a
descrição
de
duas
contingências
distintas:
a
contingência
de
obser
vação;
e
a
contingência
principal,
em
que
um
mesmo
estímulo
funciona
como
elo
intermediário
entre
elas, ou
seja, um
estímulo
que
é
reforço
condicionado
para
a
resposta
de observação e estímulo discriminativo para a resposta principal.
As
expressões
comportamento
de
observação
ou
r
esposta
de
observação
não
são
utilizadas
apenas
na
linha
de
investigação
inaugurada
por
W
ycko.
U
ma
contribuição
impor
tante
a
respeito
da
importância
do
comportamento
de
observação
–
compor
tamento
que
pr
oduz
estímulos
discriminativos
de
outras
contingências
-
surgiu
na
condução
de
investigação
experimental
com
pombos
em
procedimento
de
discriminação condicional. N
o procedimento utilizado por F
erster (1960)
e
Cumming
e
Berryman
(1961),
pombos
eram
colocados
em
uma
caixa
de
condicionamento
com
três
discos
e
expostos
a
sessões
com
tentativas
discretas.
Cada
tentativa
se
iniciava
com
o
disco
do
centro
iluminado
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
66
com uma cor – um estímulo modelo. Respostas a esse disco tinham como
consequência
a
apresentação
de
cores
nos
dois
discos
laterais
–
estímulos
de
comparação.
Respostas
a
um
dos
discos
de
comparação
produzia
reforço
a
depender
de
critérios
estabelecidos
pelo
experimentador
(para
mais
detalhes
a
respeito
do
procedimento
de
pareamento
de
acordo
com
o modelo, ver de R
ose, 2004). A resposta ao estímulo modelo foi também
denida
como
uma
resposta
de
obser
vação
.
O
importante
a
respeito
da
resposta
de
obser
vação
no
procedimento
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo
é
que
manipulações
posteriores
mostraram
que
contingências
explícitas
para
essa
resposta
podem
inuenciar
o
controle
de
estímulos
exercido
pela
relação
entre
modelo
e
estímulos
de
comparação
(ver
,
por
exemplo,
Cohen,
Brady
,
&
Lowry
,
1981;
Cohen,
Looney
,
Brady
,
&
Aucella, 1976; U
rcuioli & Callender
, 1989)
A
análise
do
comportamento
de
observação
pode
também,
adicionalmente,
ser
realizada
com
base
em
uma
resposta
tipicamente
identicada
com
o
obser
var:
o
movimento
dos
olhos
(Holland,
1957,
1958;
Schroeder
&
Holland,
1968).
Schroeder
e
Holland
(1968)
trabalharam
com
humanos
empregando
um
aparato
que
permitia
medir
a
frequência
e
a
duração
de xação
dos
olhos
em
determinados pontos
de
um
anteparo
.
Os
participantes
tinham como
tarefa detectar
o
mo
vimento
de um
de quatro
ponteiros
que
cavam
em
quatro
mostradores
distribuídos
no
anteparo
em
volta
da
foto
de
uma
mulher
.
Quando
detectassem
o
movimento
do
ponteiro,
os participantes
deveriam
aper
tar
um botão
. A
natureza da
tarefa
exigia
que
os
participantes
distribuíssem
a
xação
do
olhar
em
diferentes
pontos
do
anteparo,
passando
sempre
pelos
quatro
mostradores
onde
estavam
os
ponteiros
que
poderiam
ser
movimentados.
A
manipulação
experimental
consistiu
em
estabelecer
diferentes
contingências
de
reforço
para
o
movimento
dos
olhos.
Essa
resposta,
por
sua
vez,
era
reforçada
pela
movimentação
dos
ponteiros.
O
padrão
de
movimentação
dos
olhos
de
três
par
ticipantes
universitários
foi
sensível
às
contingências
programadas:
quando o
movimento do
ponteiro
era
programado
em
DRL
10s,
os
participantes
moviam
o
foco
do
olhar
lentamente
de
um
ponto
a
outro; quando, diferentemente, a contingência mudav
a para um FR 45, o
movimento assumia o padrão contrário, ou seja, o r
esponder era rápido.
C
S
:
B
C
E
E
67
Os
estudos
experimentais
descritos
até
o
momento
permitem
constatar
diferentes
contingências
envolvidas
no
estudo
da
obser
vação
pela
análise do
comportamento. Contingências
variam entr
e aquelas
em que se
exige
um
maior
contato
com
estímulos
modelo
em
um
procedimento
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo,
até
aquelas
nas
quais
um
organismo
deve
produzir explicitamente
condições que
podem
controlar diferencialmente
outras
respostas.
Essas
contingências
mostram
a
complexidade
a
ser
considerada no estudo da obser
vação
. A análise experimental da
atenção e
da
obser
vação
não
deve
ser
reduzida
nem
a
um
determinado
procedimento,
nem
a
um
determinado
conjunto
de
respostas.
T
anto
em
procedimentos
de
discriminação
condicional
como
em
procedimentos
de
discriminação
simples,
diferentes
arranjos
podem
permitir
que
um
organismo
responda
de
modo
a
aumentar
seu
contato
com
estímulos
discriminativos.
Deve
ser
notado
que
estímulo
discriminativo
refere-se
ao
estímulo
presente
nas
contingências
arranjadas
pelo
experimentador
.
O
controle
dos
estímulos
sobre
o
comportamento
dos
organismos
expostos
a
essas
contingências
parece emergir concomitantemente ao
fortalecimento do compor
tamento
de observação.
A
investigação
do
comportamento
de
observação
e
do
efeito
de
reforçamento
condicionado
constitui-se
em
uma
área
própria
de
investigação
na análise
do comportamento,
com pr
ocedimentos
e
questões
teóricas
especícas.
Não
é
o
objetivo
do
presente
texto
abarcar
todos
os
desdobramentos
dessa
área,
mas
apresentar
uma
seleção
de
estudos
e
de
discussões
conceituais
que
permitam
identicar
o
comportamento
de
observação
e
refor
çamento
condicionado
com
o
desenvolvimento
do
comportamento simbólico e do responder relacional.
O
BSERVAÇÃO
,
REFOR
ÇO
CONDICIONADO
E
CONTROLE
DE
ESTÍMULOS
A
importância
dos
reforçadores
condicionados
na
compreensão
do
comportamento
humano
tem
justicado
uma
área
de inv
estigação
com
seus
procedimentos
e
técnicas
próprias.
Além
do
interesse
na
noção
de
reforço
condicionado,
a
área
tem
sido
impor
tante
porque
reforçador
es
podem
contribuir
para
o
controle
de
estímulos
não
apenas
na
seleção
do
comportamento
em
determinados
contextos,
mas
também
atuando
no
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
68
próprio
controle
do
comportamento
com
controle
discriminativo
adicional.
Reforçador
es
condicionados,
portanto,
podem
contribuir
para
ampliar
o
leque
de estímulos
que contr
olam discriminativ
amente
o comportamento
.
N
a
déca
da
de
193
0,
iníc
io
da
Aná
lis
e
Ex
per
im
ent
al
do
Com
porta
men
to
(e.
g.,
Ski
nne
r
,
1938
),
a
desc
riç
ão
de
enc
ade
ame
ntos
de
re
spos
tas
e
estí
mul
os
ref
or
çad
or
es/d
isc
rim
inati
vos
começ
ou
a
apon
tar
para
a
nec
es
sid
ade
de
discu
ssão
da
dup
la
funç
ão
de u
m
mes
mo
ev
ento
a
mbi
ental
em
uma
dis
crim
ina
ção
.
N
o
del
inea
men
to
bási
co
com
rat
os,
uma
luz
é
est
abel
eci
da
com
o
um
est
ímu
lo
di
scr
imi
nativ
o,
cont
ro
la
ndo
a
re
spo
sta
de
pr
essi
ona
r
a
ba
rra
(R
1),
r
efo
rç
ada
com
al
ime
nto
.
Es
sa
m
esm
a
lu
z
fo
i
us
ada
par
a
r
efo
rç
ar
ou
tra
res
posta
,
pu
xar
um
trap
ézio
pr
eso
ao
te
to
da
caix
a,
R2
.
A
luz
func
ion
a
como
e
stímu
lo
dis
cri
mina
tiv
o p
ara
a
re
spos
ta
de
pres
siona
r a
bar
ra e
co
mo
refo
rço
con
dici
ona
do
para
a r
esp
ost
a de
puxa
r a
tr
apézi
o
.
Como no estudo de W
ycko (1952), identicar a luz, no estudo
de
Skinner
(1938),
como
tendo
uma
dupla
função
comportamental,
de
reforço
e
de
estímulo
discriminativo,
pode
representar
uma
diculdade
para
quem
entende
que
um
estímulo
é
uma
“
coisa
”
única.
O
que
os
estudos
sobre
o
papel
do
comportamento
de
obser
vação
e
sobre
encadeamento
tornam
evidente
é
que
um
mesmo
evento
(“luz
”,
por
exemplo)
funciona
como
dois estímulos,
opera
em duas
contingências
diferentes,
controlando
respostas
diferentes,
pelos
processos
de
discriminação
e
reforço
.
O
encadeamento
de respostas,
procedimento
largamente utilizado
em
análise
do
comportamento,
envolve
sucessão
de
estímulos
e
respostas
em
que
as
funções
de
reforço
condicionado
e
estímulo
discriminativo
dos
estímulos
são
compar
tilhadas
(e.g.,
Boren,
1963;
Boren
&
Devine,
1968;
Lattal
&
Crawford-G
odbey
, 1985).
Antes
mesmo
dos
estudos
pioneiros
de
W
ycko
(1959;
1969),
Keller
e
Shoenfeld
(1950)
exploraram
a
noção
de
encadeamento
oferecida
por
Skinner (1938)
e
relacionaram-na
com
a
noção
de
controle
discriminativo
.
P
ara
Keller
e
Shoenfeld
(1950),
um
evento
torna-se
um
estímulo
reforçador
condicionado
na
medida
em
que
ganha
a
função
de
estímulo
discriminativo
.
A
hipótese
cou
conhecida
como
“hipótese
do
estímulo
discriminativo
”
e
foi
a
base
para
discussões
subsequentes
na
área.
Com
o
procedimento
de
resposta
de
obser
vação,
a
pergunta
sobre
a
relação
entre
função
discriminativa
e
reforçadora
pôde
ser
explorada
C
S
:
B
C
E
E
69
experimentalmente
de
modo
inovador:
no
procedimento
de
resposta
de
observação,
o
estímulo
discriminativo
não
é
condição
necessária
para
a
produção
do
reforço
primário.
Assim,
a
função
de
reforço
condicionado
pode
ser
estudada
separadamente
da
função
de
estímulo
discriminativo.
P
or
outro
lado,
em
discriminações
condicionais,
a
relação
entre
reforço
e
resposta
de
obser
vação
é
como
no
encadeamento:
no
procedimento
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo,
a
resposta
aos
estímulos
de
comparação só é possível com a emissão de respostas ao estímulo modelo
.
S
e
é
poss
ív
el
que
um
mes
mo
ev
ent
o
com
parti
lhe
as
duas
funç
ões
com
porta
men
ta
is,
é
possí
vel
qu
e
con
cei
tos
e
téc
nicas
ex
per
iment
ais
con
soli
dad
os
para
o
es
tud
o
do
re
for
ço
co
ndi
ci
ona
do
poss
am
ajud
ar
a
r
eso
lv
er
que
stõe
s
em
ab
erto
acer
ca
de
co
ntr
ole
de
estím
ulos
,
e
vic
e-v
ersa
.
U
sual
men
te,
est
ímul
os
re
forç
ado
res
co
ndi
ci
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dos
est
abele
cido
s
no
lab
ora
tór
io
para
inv
esti
ga
ção
exp
er
ime
nta
l
são
eve
ntos
dis
cr
etos,
rela
ciona
dos
de
mane
ira
inv
ariá
ve
l
a
ref
or
çad
ores
prim
ári
os.
I
sso
perm
ite
rel
aci
on
ar
re
fo
rç
o
con
dici
ona
do
com
disc
rimin
açõe
s
sim
pl
es
,
em
que
a
rel
açã
o
entr
e
estí
mul
o
dis
crim
ina
tiv
o
e
pro
bab
ili
dade
de
re
for
ço
são
inv
ari
antes
.
U
m
me
smo
est
ímul
o
sempr
e
atu
a
como
discr
imin
ati
vo
e
esse
mes
mo
est
ímu
lo
atu
a
na
sel
eção
d
e
out
ra
res
pos
ta.
U
ma
poss
ibi
lidad
e po
uco
exp
lo
rad
a
é
q
ue
re
laç
ões
ent
re
estí
mu
los
sej
am
es
tab
ele
cidas
co
mo
re
fo
rç
ado
re
s c
ond
icio
nad
os.
N
ess
e
cas
o,
a re
laç
ão
e
ntr
e
um
es
tímul
o
e a
pr
obab
ili
da
de de ref
or
ço
nã
o deve
ser
inv
aria
nt
e,
mas
va
ria
r
a
depe
nde
r
do
cont
ext
o
ofe
re
cido
por
ou
tr
os
est
ímu
los,
com
o
oco
rre
nos
pr
oce
dim
entos
de
dis
cri
mi
naç
ão
condi
cion
al
(C
ummi
ng
&
Be
rryman
,
196
5).
U
ma
rel
ação
inv
ari
ante
é
enc
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a
quan
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por
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o, a
r
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ão
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a dia
nte
da
luz
ve
rm
elh
a
e
col
oca
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ext
in
ção
qua
ndo
emit
id
a
dian
te
da
luz
ve
r
de.
Em
u
ma
situ
açã
o
dif
er
ente,
re
spo
nder
dian
te
de v
erme
lho
o
u d
e ve
rde
p
ode
ser
ref
or
ça
do a
de
pen
der do
co
ntext
o
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r
eci
do pel
a pres
ença de uma linh
a
ve
rti
cal
ou
hori
zont
al:
na
pr
ese
nç
a
da
lin
ha
vert
ical,
re
spost
as
dia
nte
de
ve
rme
lho
sã
o
re
for
çada
s
e
co
loc
ad
as
em
ext
inç
ão
dian
te
de
ver
de;
na
pr
esenç
a
da
lin
ha
hor
iz
ont
al,
as
con
ting
ênc
ias
pa
ra
ver
de
e
ver
melh
o
são
inve
rtida
s:
dia
nte
de
ve
rd
e,
re
spo
stas
são
ref
orça
da
s
e
co
loc
adas
em
ex
tin
ção
di
an
te
de
ve
rme
lho
.
N
esse
cas
o,
o
est
ímulo
dis
cri
min
ativ
o
(v
er
de
ou
ve
rme
lho)
ou
a
fun
çã
o
dis
cri
min
ativ
a
do
estí
mul
o
va
ria
,
a
dep
end
er
da
apr
esen
ta
ção
da
ori
enta
ção
da
linh
a.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
70
Ohta
(1987)
avaliou
experimentalmente
a
possibilidade
de
que
estímulos
compostos
pudessem
manter
respostas
de
obser
vação
em
pombos.
A
apresentação
dos
estímulos
utilizados
–
cores
e
linhas
–
foi
planejada
de
modo
que
as
combinações
entre
componentes
fossem
semelhantes
às
relações
entre
estímulos
que
caracterizam
discriminações
condicionais, nas
quais a r
elação entr
e estímulo e
probabilidade de refor
ço
variava
a
depender
do
contexto.
Cada
fase
do
experimento
continha
sempre
um
treino
de
discriminação
condicional
e
um
teste
no
procedimento
de
resposta
de
obser
vação
.
N
o
treino
de
discriminação
condicional,
cada
tentativa
era
iniciada
com
a
apresentação
de
um
estímulo
composto
cor/linha.
Diante
de
duas
das
quatro
possíveis
combinações
cor/linha,
o
responder
ao
disco
era
reforçado
com
apresentação
de
alimento.
Diante
das
outras
duas
combinações
cor/linha,
respostas
ao
disco
postergavam
a
tentativa
até
que
o
pombo
não
apresentasse
a
resposta
de
bicar
durante
cinco segundos. No teste de obser
vação, cada tentativa
era iniciada com o
disco
de
resposta
iluminado
pela
cor
ver
de.
U
ma
resposta,
denida
como
resposta
de
obser
vação,
produzia
a
mudança
na
cor
do
disco,
em
VI
10
s,
de
verde
para
azul
ou
vermelho
a
depender
da
presença
ou
ausência
de
comida
na
tentativa.
Quarenta
e
cinco
segundos
depois
do
início
da
tentativa,
tendo
sido
produzida
a
mudança
na
cor
do
disco
ou
não,
uma
das
linhas
era
apresentada.
As
combinações
cor/linha
relacionadas
com
alimento
ou
escurecimento
da
caixa
eram
as
mesmas
da
fase
anterior
.
Diante
de
combinações
“
positivas
”,
como
denominou
o
autor
,
respostas
eram
reforçadas
com
alimento
de
acordo
com
o
esquema
FI;
diante
de
combinações
“
negativas
”,
r
espostas
não
eram
reforçadas.
Diante
da
ausência
de
respostas
de
observação,
a
combinação
cor/linha
aparecia
no
disco
independentemente
do
comportamento
do
pombo
e
o
esquema
FI
para
a
obtenção
do
alimento
entrava
em
vigor
.
Em
algumas
fases,
a
função
“
positiva
”
de
um
estímulo
cor
dependia
da
(era
condicional
à)
apresentação
do
componente
linha
(horizontal
ou
vertical).
Em
outras
fases,
uma das
orientações de
linhas era
denida
como S+
a despeito
da cor
(de
maneira
que
a
apresentação
da
cor
seria
“
redundante
”).
A
frequência
de
respostas
de
observação
foi
maior
na
condição
em
que
a
produção
da
cor
não
era “
redundante
”.
Com esses
resultados, Ohta
concluiu que
respostas
de
obser
vação
podem
ser
mantidas
pela
produção
de
combinações
de
componentes
de
um
estímulo,
mesmo
que
a
relação
entre
os
estímulos
e
C
S
:
B
C
E
E
71
probabilidade
de
reforço
não
seja
invariante,
à
semelhança
do
que
acontece
na
discriminação
condicional.
As
conclusões
de
Ohta
foram
logo
depois
fortalecidas por resultados de Ohta (1988), obtidos
em um procedimento
concorrente encadeado
.
Com
o
procedimento
de
resposta
de
observação
com
um
disco,
Benvenuti
e
T
omanari
(2010)
perguntaram
se
respostas
de
obser
vação
seriam
igualmente
mantidas
por
aspectos
relacionais
entre
componentes
de
um
estímulo
composto.
Com
base
no pr
ocedimento
utilizado
por
Ohta
(1987),
descrito
anteriormente,
o
estudo
de
Benvenuti
e
T
omanari
utilizou
quatro
pombos
e
buscou
analisar
respostas
de
obser
vação
que
tiveram
como
consequência
estímulos
compostos
em
um
procedimento
de
resposta
de
obser
vação
com
apenas
um
disco.
O
estudo
empregou
um
contexto
experimental
no
qual
o
alimento
era
apresentado
independentemente
de
qualquer
resposta
dos
pombos
(minimizando
possíveis
efeitos
entre
respostas
de observação e
respostas
que produz
em alimento).
Bicar
o disco
de
resposta
tinha
como
única
consequência
a
apresentação
de
um
de
quatro
estímulos
compostos
por
uma
cor
combinada
com
a
orientação
de
uma
linha
(sobreposta
à
cor
projetada
no
disco
de
respostas).
As
combinações
de
componentes
dos
estímulos
compostos
com
o
que
ocorria
ao
nal
da
tentativa
foram
planejadas
de
modo
que
um
único
componente
do
estímulo composto – cor ou orientação
da linha –não era invariavelmente
correlacionado
com
o
nal
da
tentativa.
As
combinações
vermelho/
linha
vertical
e
verde/linha
horizontal
foram
apresentadas
quando
estava
programado
alimento
independente
do
responder
ao
nal
da
tentativa;
combinações
vermelho/linha
horizontal
e
verde/linha
vertical
foram
apresentadas
quando
estava
programada
a
ausência
de
alimento
para
o
nal da tentativa.
N
a
primeira
fase
do
estudo
de
Benvenuti e T
omanari
(2010),
os
componentes
do
estímulo
composto
eram
apresentados
sucessivamente
durante
as
tentativas
do
procedimento
de
resposta
de
obser
vação.
N
essas
condições,
o
efeito
da
apresentação
dos
estímulos
compostos
sobr
e
a
emissão
de
respostas
de
obser
vação
foi
transitório
para
três
dos
quatro
sujeitos.
P
ara
o
único
sujeito
que
apresentou
consistentemente
o
responder
de
obser
vação,
foram
conduzidas
manipulações
experimentais
adicionais
que buscaram
avaliar os
possíveis efeitos
reforçadores
de cada componente
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
72
do estímulo composto. N
a terceira fase, para
esse sujeito, os componentes
do
estímulo
foram
apresentados
sucessivamente.
Respostas
ao
disco
branco
tinham
como
consequência
a
apresentação
de
um
componente
do
estímulo
composto,
a
cor
ou
a
linha.
Se
o
pombo
continuasse
a
bicar
no
disco
com
o
primeiro
componente
projetado,
o
segundo
componente
era
apresentado
(para
a
produção
de
cada
componente
do
composto
estava
em
vigor
um
esquema VI independente).
Os
dados
obtidos
sugerem
que
respostas
de
observação
podem
ser
mantidas
por
estímulos
compostos
estabelecidos
pela
combinação
de
dois
elementos,
no
caso,
cor
e
orientação
da
linha.
Entretanto,
trata-se
de
um
repertório
complexo
e
frágil
que
precisa
ser
analisado
com
mais
cuidado
para
que
conclusões
denitivas
possam
ser
alcançadas.
U
ma
das
possibilidades
para
explicar
o
desempenho
frágil
da
maior
par
te
dos
pombos
do
estudo
é
que
os
estímulos
não
tenham
adquirido
função
discriminativa
por
conta
da
forma
pela
qual
o
alimento
era
apresentado.
O
alimento
era
apresentado
independente
do
responder
,
de
forma
que
a
apresentação
dos
estímulos
compostos
não
indicava
qualquer
resposta
que
o
pombo
deveria
emitir
para
conseguir
alimento
(com
uma
possível
exceção,
se forem
consideradas as
respostas
consumatórias).
Esse pr
oblema
é
tanto
de
procedimento
para
gerar
controle
de
estímulos
como
para
avaliar
esse
controle,
podendo
levar
a
uma
importante
discussão
sobre
o
papel
do
reforço diferencial
para
o
estabelecimento
e
avaliação
do
r
epertório
de
observação.
Outra
possibilidade
para
explicar
os
dados
é
que
a
escolha
de
pombos
como
sujeitos
experimentais
demandou
a
construção
de
uma
história
experimental bastante
longa e
complexa,
que
pode ter
contribuído
para
a intr
odução
de
variáveis
de
controle
não
conhecidas que
competiram
com a história que se pretendia criar
.
Em
uma
tarefa
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo,
o
responder que
leva a refor
ço pode gerar
controle ex
clusivo por pelo menos
duas
topograas
de
controle
de
estímulos
diferentes
ou
a
combinação
delas:
seleção
(e.g.,
se
A1
como
modelo,
então
escolha
de
B1...),rejeição
(e.g.,
se
A1
como
modelo,
então
escolha
o
que
não
é
o
B1...)
ou
ambas.
Enquanto
o
procedimento
está
em
vigor
,
não
é
possível
identicar
se
o
responder
envolve contr
ole de
uma, de
outra ou de
ambas (Arantes, 2008;
Carr
,
Wilkinson,
Blackman,
&
McI
lvane,
2000;
Carrigan
&
Sidman,
C
S
:
B
C
E
E
73
1992;
Cumming
&
Berr
yman,
1965;
de
Rose,
Hidalgo,
&
V
asconcelos,
2000;
M.
H.
Dixon
&
L.
S.
Dixon,
1978;
Goulart,
Mendonça,
Barros,
Galvão,
&
M
cIlvane,
2005;
G
risante,
2007;
Johnson
&
Sidman,
1993;
Kato,
de
Rose,
&
F
aleiros,
2008;
Magnusson,
2003;
McIlv
ane,
et
al.,
1987;
M
cIlvane,
Withstandley
,
&
Stoddar
d,
1984;
P
erez,
2008;
S
tromer
& Osborne, 1982).
P
rocedimentos
de
observação
podem
contribuir
para
esclarecer
quais
são
as
topograas
envolvidas
em
controles
estabelecidos
em
discriminações
condicionais.
Hamasaki
(2009)
desenvolveu
um
procedimento
em
que,
em
uma
tarefa
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo
no
computador
,
estímulos
modelo
e
comparações
são
seletivamente
cobertos
com
uma
janela
preta.
Essa
janela
pode
ser
aberta
pelo
par
ticipante
por
meio
de
uma
resposta
de
observação
(uma
resposta
com o
mouse
sobr
e um botão localizado
abaixo da ár
ea de apr
esentação do
estímulo).
U
m
clique
sobre
esse
botão
permite
que
o
estímulo
encoberto
possa
ser
obser
vado
por
um
breve
período
de
tempo.
O
estabelecimento
de
controles
por
seleção
e/ou
rejeição
foram
manipulados
por
meio
de
duas
estratégias
distintas.
Na
primeira
estratégia,
o
participante
era
impedido
de observar
o
S- ou
de observar o
S+, de
modo a
favorecer
o r
esponder por
seleção
ou
por
rejeição.
N
esse
caso,
o
planejamento
experimental
previa
que respostas de
observação eram inefetivas seletivamente, ora
na abertura
das
janelas
onde
estavam
os
S+,
ora
na
abertura
das
janelas
onde
estavam
os
S-
N
a outra
estratégia,
as probabilidades
de
que
as
respostas de
observação
dessem
acesso
ao
S+
ou
ao
S-
foram
manipuladas
sistematicamente.
Em
ambas, a
identicação dos
controles por
seleção
e r
ejeição ocorria
ao longo
do
treino
de
discriminação
condicional,
fato
que
possibilita
monitorá-los
e,
eventualmente,
alterá-los
previamente aos
testes
de
formação
de
classes
de equivalência (ver também dados de P
erez, 2008).
De
maneira
geral,
os
resultados
dos
estudos
apresentados
nesta
seção
sugerem
fortemente
que
os pr
ocedimentos
de r
esposta
de observação
podem
ser
utilizados
para
o
estudo
do
controle
por
relações
entre
estímulos
e
responder
relacional.
Reforçadores
condicionados
são
criados
por
contingências
estímulo-estímulo,
que
quase
sempre
envolvem
estímulos
dissimilares,
sem
correspondência
formal.
Esses
estímulos
podem,
contudo, passar a compartilhar funções comportamentais funcionalmente
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
74
equivalentes, tanto no contr
ole discriminativo do comportamento quanto
no
controle
como
consequências
do
responder
.
A
dicionalmente,
essa
possibilidade
pode
contribuir
para
uma
análise
da
natureza
simbólica
e
relacional
dos
reforçadores
condicionados
generalizados,
tais
como
a
atenção
(do
outro),
aprov
ação,
submissão,
dinheiro,
status
e
afeto
(Skinner
,
1953).
Experimentalmente,
a
manipulação
de
respostas
de
obser
vação
pode
ser
impor
tante
para:
criar
relações
entre
estímulos
via
função
de
reforço
condicionado; e av
aliar controles
de estímulos que
podem ser importantes
para a formação
de classes de
estímulos, como os
controles por rejeição
ou
seleção.
O
BSERVAÇÃO
E
CONTROLE
RESTRITO
:
O
R
ESPONDER
SELETIVO
COMO
DIFICULDADE
A
SER
SUPERADA
Como
identicado
na
primeira
par
te
deste
texto,
a
resposta
ao
estímulo
modelo
que produz
a
apresentação
dos estímulos
de comparação,
em
procedimentos
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo,
foi
denida
por
F
erster
(1960)
como
uma
resposta
de
observação.
Manipulações
relativas
a
essa
resposta
podem
ter
efeitos
impor
tantes
sobre
o
controle
de
estímulos
condicional
subsequente:
de
modo
geral,
a
exigência
da
r
esposta
de
observação
contribui
para
um
controle
mais
restritivo
às
dimensões
relevantes
dos
estímulos
implicados
na
discriminação
complexa.
Usualmente,
esse
controle
restritivo
às
dimensões
relevantes
de
estímulos
é
algo
necessário
e
buscado
pelo
experimentador
ou
por
quem
planeja
uma
inter
venção
comportamental
(por
isso,
dimensões
relev
antes
).
P
or
outro
lado,
controle
de
estímulos
em
procedimentos
de
discriminação
condicional
ou
simples
pode
ser
atipicamente
restritivo,
a
ponto
de
ser
considerado
limitado.
O
controle
inadequado
desse
tipo
tem sido denominado de
controle de estímulo parcial
ou
restrito
(ver D
ube,
2009,
para
uma
r
evisão
sobre
o
assunto).
O
problema
repr
esentado
pelo
controle
restrito
de
estímulos
é
especialmente
destacado
na
análise
comportamental
de
crianças
diagnosticadas
com
autismo.
Lovaas
e
sua
equipe
realizaram
uma
série
de
estudos
demonstrando
que
crianças
diagnosticadas
com
autismo
apresentavam,
frequentemente,
controle
de
estímulos
restrito
(ou
hiperseletividade
de
estímulo).
Isso
quer
dizer
que,
em
tarefas
de
discriminação simples
ou
complexa,
crianças
autistas cav
am
C
S
:
B
C
E
E
75
mais
frequentemente
sob
o
controle
de
aspectos
irrelevantes
ou
parciais
dos
estímulos
apresentados
do
que
crianças
com
desenvolvimento
típico
expostas às
mesmas condições. Nas tarefas diárias, o
controle restrito seria
especialmente problemático
para a apr
endizagem necessária nas interações
sociais
e
no
momento
de
lidar
com
as
próprias
emoções
(e.g.,
Lovaas,
Koegel, & Schr
eibman, 1979).
Controle
restrito
pode
ser
identicado
a
par
tir
da
análise
de
desempenhos
em
um
procedimento
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo
com
estímulos
compostos.
Stromer
,
McI
lvane,
Dube
e
Mackay
(1993)
realizaram
uma
série
experimentos
dos
quais
par
ticiparam
pessoas
com
deciência
mental.
O
procedimento
básico
foi
uma
tarefa
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo
por
identidade
com
atraso
(DMTS).
N
essa
tarefa,
os
participantes
deveriam escolher
um
estímulo de
comparação
com base
na
propriedade de identidade
(igualdade em termos de
características físicas).
Entre
a resposta
ao modelo e
a apresentação
dos estímulos de
comparação,
havia
sempre
um
inter
valo
de
tempo
durante
o
qual
o
estímulo
de
comparação não estava presente (esse inter
valo poderia ser zero). Em cada
tentativa,
um
estímulo
modelo
composto
era
apresentado.
O
estímulo
modelo
permanecia disponível
para obser
vação até
o par
ticipante tocá-lo;
então
o
estímulo
modelo
desaparecia
e
os
estímulos
de
comparação
eram
apresentados.
Os
estímulos
de
comparação
eram
três
estímulos,
um
dos
quais era
idêntico
a um
dos componentes
do estímulo
modelo
composto
.
Se
considerarmos
o
composto
como
sendo
um
estímulo
representado
pelas
letras
AB,
os
comparações
podem
ser
representados
por
A,
C
e
D.
Quando AB
era
apresentado como
modelo
composto,
os comparações
A,
C e D eram
apresentados, sendo A o componente do composto
diante do
qual
responder
produzia
reforço
.
Em
outra
tentativa,
com
a
apresentação
de
AB
como
modelo,
seriam
apresentados
B,
C
e
D
como
estímulos
de
comparação.
N
esse
caso,
responder
ao
comparação
B
seria
reforçado.
N
o
procedimento
DMTS
com
um
modelo composto,
ambos os
componentes
do
estímulo
modelo
tinham
uma
probabilidade
de
apresentação
equivalente
com
a
função
de
estímulo
de
comparação
correto
.
Durante
a
apresentação
do modelo composto,
não era possível
predizer
qual dos
dois
componentes
do
estímulo modelo
seria o
estímulo
de
comparação
correto
.
N
essa
tarefa,
um
desempenho
com
alta
precisão
(>90%
de
acerto)
indica
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
76
a
ausência
de
controle
restrito
exercido
pelos
componentes
do
estímulo
modelo
composto.
No
outro
extremo,
precisão
em
ou
próxima
de
níveis
do acaso (33%)
indicam uma falha
global para o
desempenho na tarefa de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo.
Resultados
de
precisão
intermediária
(p. ex., aproximadamente 67%)
indicam controle
r
estrito, isto
é, controle
exercido
por
apenas
um
dos
componentes
do
estímulo
composto.
Nesse
procedimento, controle
restrito signica
que
o
participante seria
capaz
de
“
emparelhar”
somente
um
dos
dois
componentes
do
estímulo
modelo
com
os
estímulos
de
comparação.
P
or
exemplo,
considerando
o
estímulo
modelo
AB,
o
par
ticipante
acertaria
sempre
quando
o
estímulo
de
comparação
fosse
A
e
acertaria
ao
nível
do
acaso
quando
o
estímulo
de
comparação
correto fosse B.
Em
procedimentos
semelhantes
ao
de
Str
omer
et
al.
(1993),
respostas
de
obser
vação
diferenciais
podem
contribuir
para
a
eliminação
do
controle
restrito e
melhora nos
desempenhos nas
tarefas
de pareamento
entre
estímulos.
U
ma
resposta
desse
tipo
pode
ser
nomear
os
estímulos
modelo
(Constantine
&
Sidman,
1975;
G
utowski,
Geren,
Str
omer
,&
Mackay
,
1995).
Constantine
e
Sidman
(1975)
mostraram
que
o
desempenho
de
uma
pessoa
com
retardo
mental
severo
em
DMTS
com
guras
melhorou
quando
foi
solicitada
a
nomear
as
guras
apresentadas
como modelo.
Com
base
nas
possibilidades
de
análise
que
o
procedimento
de
S
tromer et al. (1993) tornam possíveis, Dube e M
cIlvane (1999) testaram
um
procedimento
em
que
era
exigida
uma
resposta
de
obser
vação
não
verbal
para
redução
de
controle
restrito
em
tarefas
de
DMTS
com
modelos
compostos.
D
ube
e
McIlv
ane
trabalharam
com
três
indivíduos
com
retar
do
mental
moderado.
Os
par
ticipantes
apresentaram
desempenho
acurado na
tarefa de
emparelhamento com
o modelo simultâneo
e DMTS
com um
modelo simples (não
composto); porém
exibiam contr
ole r
estrito
na
tarefa
de
DMTS
quando
os
modelos
eram
compostos.
Na
linha
de
base,
com a
tarefa
DMTS
com modelos
compostos e
comparações simples
(procedimento
de
Stromer
et
al.,
1993),
os
participantes
apresentavam
precisão
intermediária
na
tarefa,
indicando
que
poderiam
“
parear
”
um
dos
componentes
do
modelo
ao
comparação
correto,
mas
não
os
dois
componentes.
A
precisão
da
condição
de
linha
de
base
foi
comparada
C
S
:
B
C
E
E
77
com
os
resultados
após
a
introdução
de
um
procedimento
que
exigia
dos
par
ticipantes
uma
resposta
diferencial
não
verbal
durante
o
período
de
apresentação
do
modelo.
Cada
tentativa
desse
período
de
obser
vação
iniciava-se
com
a
apresentação
do
modelo
composto.
Depois
de
uma
resposta ao
modelo,
eram apresentados
três estímulos
compostos, um
dos
quais
“
emparelhava
”
com
um
dos
componentes
do
estímulo
composto.
Os
comparações
incorretos
eram
arranjados
de
tal
sorte
que
apenas
um
dos
componentes
era
idêntico
a
um
dos
componentes
do
modelo.
Considere,
como
exemplo,
que
fosse
apresentado
AB
como
modelo.
Como
comparações,
seriam
apresentados
AB
(correto)
e
AC
e
DB
(incorretos,
mas
com um
componente do
modelo). Respostas nas
tentativas de
observação
diferencial não eram reforçadas, mas seguidas de uma tentativa de DMTS
como
da
linha
de
base.
Quando
a
resposta
de
obser
vação
diferencial
foi
requerida,
a
precisão
dos
par
ticipantes
melhorou.
No
retorno
à
condição
de
linha de
base, quando
as r
espostas
de observação
diferencial
já não
eram
requeridas,
a
precisão
retornou
aos
níveis
intermediários.
Os
resultados
mostraram
que
o
controle
restrito
de
estímulos
pode
ser
reduzido
por
uma intervenção comportamental que controla as respostas de obser
vação
e
avalia
o
controle
discriminativo.
Contudo,
a
exposição
a
cada
um
dos
procedimentos
isoladamente
não
garantiu
a
manutenção
da
precisão
do
desempenho na tarefa de DMT
S.
Adicionalmente a essas
estratégias com manipulação de r
espostas
de
obser
vação
não
verbais
para
aumentar
o
controle
de
estímulos
em
tarefas
de
discriminação
condicional,
Dube
et
al.
(2010)
analisaram
a
questão
do
controle
restrito
em
um
estudo
com
dez
participantes
com
atraso
no
desenvolvimento e
quatro com
desenvolvimento normal. Os
participantes
foram
submetidos
a
uma
tarefa
de
pareamento
ao
modelo
com
estímulos
de
comparação
compostos
de
dois
elementos
(tarefa
muito
semelhante
à
utilizada
por
Dube
&
MacI
lvane,
1999).
A
observação
dos
par
ticipantes
foi
medida por um equipamento capaz de rastrear a direção e o foco do olhar
enquanto
os
participantes
trabalhavam
na
tarefa.
Desempenhos
precisos
nas
tarefas
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo
foram
encontrados
em
oito
participantes, os
quatro com desenvolvimento normal e em
outros quatro
com
atraso
no
desenvolvimento
.
A
precisão
na
tarefa
foi
correlacionada
com
a
obser
vação
dos
dois
componentes
dos
estímulos
compostos.
P
ara
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
78
os
outros
seis
participantes,
com
atraso
no
desenvolvimento,
precisão
intermediária
na
tarefa
foi
correlacionada
com
a
obser
vação
seletiva
de
um dos componentes
dos estímulos de comparação
compostos e períodos
breves
de
obser
vação
aos
estímulos
da
tarefa.
Estratégias
para
intensicar
a observação foram utilizadas, por
ém foram efetivas
em apenas quatr
o dos
seis participantes.
Os
resultados
alcançados
por
Dube
e
M
cIlvane
(1999)
são
consistentes
com
a
sugestão
de
que
um
controle
de
estímulo
adequado
pode
ser
obtido
com
operações
que
isolem
as
diferentes
propriedades
ou
dimensões
de
um
estímulo
e
forneçam
reforçamento
diferencial
para
o
responder
às
características
experimentalmente
denidas
como
relevantes
para
o
controle
de
estímulo
almejado
(ver
também
M
cIlvane
&
Dube,
2003; Serna, Lionello-DeN
olf, B
arros, Dube, & M
cIlvane, 2004).
Saunders
e
Spradlin
(1989,
1990)
e
Saunders
e
Green
(1999)
utilizaram
respostas
de
observação
diferenciais
aos
estímulos
modelo
como
manipulação
para
facilitar
a
aquisição
de
r
esponder
r
elacional
de
participantes
humanos
com
atraso
no
desenvolvimento
em
tarefas
de
emparelhamento
de
acordo
com
o
modelo
com
estímulos
visuais
e
arbitrários.
Os
autores
descreveram
que
respostas
de
obser
vação
diferenciais
ao
modelo
garantem
um
processo
discriminativo
simples
entre
os
estímulos
modelo que é crítico para as relações condicionais.
P
or
exemplo,
para
responder
à
relação
envolvendo
a
palavra
“bola
”
falada
e
impressa,
as
crianças
deveriam
exibir
repertório
discriminativo
simples
em
relação
a
elementos
como
as
letras
componentes
da
palavra
impressa
e
os
elementos
sonoros
(diferenciando
“bo
”
de
“
do
”
e
“la
”
de
“
pa
”,
por
exemplo).
Ainda,
o
estabelecimento
de
uma
discriminação
condicional
envolv
eria
dois
processos
discriminativos
simples:
para
os
estímulos
modelo,
um
componente
de
discriminação
simples
sucessiva;
e
para
os
estímulos
de
comparação,
um
componente
de
discriminação
simples
simultânea.
Em
uma
tarefa
de
discriminação
condicional
em
que
o
experimentador
ora
apresenta
a
palavra
falada
“bola
”
ou
“lata
”
como
modelo, a criança se depara com
uma situação de discriminação sucessiva.
P
ara
responder
aos
comparações
impressos
BOL
A
e
L
A
T
A,
a
criança
se
depara com uma discriminação simultânea.
C
S
:
B
C
E
E
79
Os
estudos
relacionados
até
o
momento,
nesta
seção,
mostram
que
desempenhos
pouco
acurados
em
procedimentos
de
discriminações
condicionais
(contingências
de
quatro
termos)
podem
ser
alterados
por
manipulações
diretas
sobre
o
responder
de
observação.
U
ma
clara
compreensão
a
respeito
da
eciência
dessas
manipulações
pode
depender
de
(e
levar
a)
uma análise
mais
detalhada da
interação
entre
o
estabelecimento
de controles simples e contr
oles condicionais. A noção de contingência de
três termos é chave para uma clara análise daquilo que se costuma chamar
de
observação
e atenção
em
psicologia,
de forma
que
os
estudos relatados
até
aqui
podem
ser
importantes
para
uma
análise
de
como
controles
discriminativos
simples
e
reforço
condicionado
par
ticipam
na
produção
do comportamento simbólico e do responder relacional.
O
BSERVAÇÃO
E
LEITURA
P
rocedimentos
para produção de
controle de
estímulos têm sido
efetivamente
utilizados
para
ensino
de
leitura
(e.g.,
de
Rose,
2005).
P
alavras
são
estímulos
compostos com
múltiplas
propriedades,
entre elas,
sílabas
e
letras.
Alguns
estudos
utilizaram
procedimentos
de
respostas
de
obser
vação
diferencial para avaliar a aquisição de
controle de estímulos exercidos por
palavras
em
participantes
com
comprometimentos
intelectuais
(e.g.,
da
Hora
&
Benvenuti,
2007;
W
alpole,
Roscoe,
&
Dube,
2007).
Os
resultados
convergem em
muitos sentidos na
direção apontada
por D
ube e M
cIlvane
(1999),
indicando
a
ecácia
da
manipulação
no
favorecimento
do
controle
de
estímulo
requerido
apenas
durante
a
introdução
do
procedimento
(da
Hora
&
Benvenuti,
2007)
ou
com
efeitos
persistentes
após
a
retirada
do
procedimento (W
alpole et al., 2007).
Como
ilustrado
na
seção
anterior
,
Saunders
e
Spradlin
(1989,
1990)
e
Saunders
e
Gr
een
(1999)
sugeriram
que
o
treino
isolado
dos
componentes
discriminativos
simples
envolvidos
na
discriminação
condicional
favorece
a
aquisição
das
relações
condicionais,
inclusive
em
participantes
humanos
com
longa
história
de
fracasso
em
aprender
essas
mesmas relações
via procedimentos
tradicionais de
pareamento de acordo
com
o
modelo.
A
discriminação
simples
sucessiva
entre
os
estímulos
modelo
é,
geralmente,
obtida
pela
requisição
de
uma
resposta
de
obser
vação
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
80
diferencial
para
cada
modelo
(i.e.,
nomeação,
esquemas
diferentes).
A
discriminação
simples
simultânea
entre
os
estímulos
de
comparação
é,
geralmente, obtida
pelo treino
de discriminações simples simultâneas
com
reversões
rápidas
com
os
mesmos
estímulos.
Esses
estudos,
apesar
de
não
serem
diretamente
relacionados
aos
estudos
de
respostas
de
obser
vação,
são
especialmente
interessantes,
pois
demonstram
a
obser
vação
aos
estímulos
aumentada em função de operações envolvendo discriminações simples.
Os
procedimentos
que
manipulam
respostas
de
obser
vação
para
o
favorecimento
de
controle
de
estímulos
com
palavras
podem
ser
considerados
como
estudos
que
buscaram
especicar
controle
por
certas
propriedades
relevantes
dos
estímulos.
De
acordo
com
a
racional
desenvolvida
em
Saunders
e
Spradlin
(1989,
1990)
e
Saunders
e
Green
(1999),
o
processo
subjacente
à
ecácia
desses
procedimentos
são
componentes
discriminativos
simples
estabelecidos
por
eles.
Consistente
com
essa
posição,
outros
estudos
mostraram
o
efeito
de
discriminações
simples
sobre a
aquisição
de relações
entre os
estímulos
(e.g., Man,
2007;
Rocha,
2003)
e,
ainda,
a
emergência
de
nov
as
relações
a
par
tir
de
treinos
discriminativos
simples
(e.g.,
Debert,
H
uziwara,
F
aggiani,
Mathis,
&
M
cIlvane, 2009; M
ontans & Ander
y
, 2009; Mor
eira, 2010).
Como
ilustrado
por
Hübner
,
A.
de S
ouza e
S. de
Souza
(Capítulo
12)
e
de
Souza,
Hanna,
de
Albuquerque
e
Hübner
(Capítulo
13),
a
leitura
de
palavras
com
base
na
recombinação
de
elementos
de
palavras
de
treino
tem
sido
buscada em
procedimentos
baseados
no
paradigma
de
equivalência
de
estímulos.
Apesar
das diculdades,
há
avanços
consistentes
e
alguns
deles
podem
ser
analisados
e,
eventualmente, maximizados,
com
base na presente discussão
.
De
Rose,
de
Souza
e
Hanna
(1996)
realizaram
dois
estudos
em
que
crianças
aprendiam
relações
entre
os
estímulos
palavras
faladas,
escritas
e
desenhos
a
partir
do
procedimento
de
emparelhamento
com
o
modelo
.
O
repertório
de
relações,
programado
com
base
em
estudo
previamente
realizado
por
de
Rose,
de
Souza,
Rossito
e
de
Rose
(1989),
era ampliado ao
longo de uma série
de passos a
partir do procedimento
de
exclusão
.
As
contingências
para
os
participantes
de
cada
um
dos
grupos
diferiram
em
um
ponto
importante:
os
participantes
do
primeiro
gr
upo
deveriam
“
construir”
as
palavras
impressas
com
letras
que
podiam
ser
C
S
:
B
C
E
E
81
manipuladas;
também
deveriam
“
nomear”
a
palavra
constr
uída.
De
sete
participantes
do
G
rupo
1,
todos
aprenderam
as
tarefas
do
treino
e
cinco
apresentaram
resultados
positivos
nos
testes
de
leitura
generalizada.
Dos
quatro participantes do Grupo 2, todos
apr
enderam as palavras
do treino,
mas
apenas
uma
criança
apresentou
resultados
positivos
nos
testes
de
leitura
generalizada, sugerindo
o
papel
diferencial da
tarefa de
construção
das
palavras.
Hanna,
de
Souza,
de
Rose
e
Fonseca
(2004)
investigaram
o
efeito
de
uma
tarefa
semelhante
sobre
a
leitura
posterior
de
palavras
de
generalização. Os participantes do estudo foram
as seis crianças do estudo
de
Rose
et
al.
(1996),
que
haviam
apresentado
resultados
positivos
no
treino
e
testes
de
relações
de
equivalência
com
palavras
treinadas,
mas
não
haviam
apresentado
leitura
das
palavras
de
generalização.
N
a
tarefa,
as
crianças
tinham
acesso
a
um
estímulo
modelo,
uma
palavra
impressa
em
um
cartão,
que
cava
disponível
por
dez
segundos
ou até
que
a
criança
dissesse
“
pronto!”.
O
estímulo
modelo era
então
retirado
e
a
criança
era solicitada
a
reconstruir a
palavra com
letras de
um conjunto que
incluía todas as letras
do
alfabeto.
A
criança
também
tinha
que
escrever
cursivamente
a
palavra
em
uma
folha
de
papel.
Das
seis
crianças
do
estudo,
todas
apresentaram
resultados
positiv
os
nas
tarefas
que
envolviam
as
palavras
treinadas
e
quatro
delas
apresentaram
também
resultados
positivos
com
palavras
de
generalização.
U
ma
possibilidade
para
explicar
as
diculdades
de
alguns
participantes
nos
testes
de
leitura
de
palavras
de
generalização
pode
ser
a
ocorrência
de
controle
restrito
durante
as
condições
de
treino.
Controle
restrito
pode
existir
e,
ainda,
possibilitar
que
os
par
ticipantes
dos
estudos
apresentem
resultados
positivos
nas
tarefas
de
treino
e
equivalência
(e.g.,
de
Souza
et
al.,1997).
Contudo,
controle
restrito
pode
ser
problemático
exatamente nas
tarefas de
generalização, nas quais a
posição das sílabas das
palavras
é
trocada.
N
as
condições
de
treino,
a
topograa
de
controle
de
estímulos,
que
pode
eventualmente
ser
descrita
como
“
responder
à
primeira
sílaba
”
ou
“
responder
à
segunda
sílaba
”
quando
uma
palavra
aparece
como
modelo
ou
comparação,
é
suciente
para
responder
e
acertar
.
Na
condição
de
teste
de
generalização,
contudo,
quando
as
sílabas
aparecem
em sequências diferentes, a falta
de coerência de topograa de controle de
estímulos acarreta quase sempre em err
o.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
82
Com
manipulações
explícitas
sobre
respostas
de
obser
vação,
W
alpole
et
al.
(2007)
utilizaram
o
procedimento
para
reduzir
controle
restrito
em
uma
atividade
de
leitura.
A
tarefa
utilizada
foi
de
pareamento
visual-auditivo
em
que
eram
apresentadas
palavras
impressas
como
modelo
e
o
par
ticipante
deveria
responder
vocalmente.
Um
par
ticipante
com
autismo
apresentou
índice
alto
de
acer
tos
quando
as
palavras
não
tinham
letras em
comum.
Os índices
de
acerto
diminuíam
drasticamente
quando
as
palavras
utilizadas
tinham
duas
letras
em
comum.
N
a
tarefa
de
observação
diferencial,
letras
críticas
das
palavras
eram
utilizadas
como estímulos
comparação quando
era apresentada a
palavra toda como
modelo.
Os
índices de acertos
aumentaram e mantiv
eram-se altos mesmo
quando o procedimento de observação diferencial foi retirado
.
Os
resultados
dos estudos
com palavras
como estímulos
descritos
até
o
momento
sugerem
que
procedimentos
que
levem
o
participante
a
responder
ao
estímulo
“
palavra
impressa
”
como
um
todo
(fazendo
com
que
o
sujeito
responda
a
cada
um
dos
elementos
que
compõem
o
estímulo)
aumentam
a
possibilidade
de
desempenho
de
leitura
com
palavras
de
generalização
(ver
também
Matos,
A
vanzi,
&
McI
lvane,
2006
[repr
oduzido
no
Capítulo
11
deste
volume];
Matos,
H
übner
,
&
P
eres,
1997a,
1997b;
Matos,
H
übner
,
Serra,
Basaglia,
&
A
vanzi,
2002).
Respostas
como
construir
palavra,
oralizar
ou
mesmo
escrever
a
palavra
podem
ser
analisadas
como
uma
resposta
diferencial
a
estímulos
que
facilitam
o
controle
pela
unidade menor
que a
palavra.
T
al como
denido no
presente texto,
seriam
respostas
de observação
, pois
possibilitariam ao
organismo o
contato com
os
estímulos.
A
resposta
de
obser
vação,
portanto,
pode
ter
contribuído
para
corrigir
a
topograa
insuciente
de
controle
de
estímulos,
levando
a
um
desempenho
em
que
o
responder
passasse
a
car
controlado
por
todas
as
dimensões
do
estímulo
“
palavra
impressa
”,
ao
mesmo
tempo
em
que
as
partes especícas pudessem exercer controle difer
enciado.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
O
presente
capítulo
discutiu
a
relação
entre
o
compor
tamento
de obser
vação e
a
produção do compor
tamento simbólico
e do
responder
relacional.
Observar
pode
ser
denido
como
responder
de
modo
a
produzir
C
S
:
B
C
E
E
83
estímulos
diante
dos
quais
outras
formas
de
responder
são
reforçadas.
A
descrição
do
comportamento
de
obser
vação
envolve
a
identicação
de
estímulos
que
funcionam,
simultaneamente,
como
refor
çadores
condicionados
e
como
antecedentes
para
outro
comportamento.
Em
alguns
arranjos,
o
compor
tamento
de
obser
vação
produz
estímulos
para
contingências
de
discriminação
simples,
como
no
estudo
de
W
ycko
(1952);
em
outros,
o
comportamento
de
obser
vação
produz
estímulos
para
contingências
de
discriminações
condicionais,
como
é
o
caso
da
resposta
de
obser
vação
em pr
ocedimentos
de
pareamento
de acor
do
com
o
modelo,
como
nos
estudos
de
F
erster
(1960)
e,
mais
recentemente,
Dube
e
McIlv
ane
(1999).
Esse
conjunto
de
arranjos
mostra
a
riqueza
de
contingências
que
devem
ser
levadas
em
conta
para
a
análise
do
comportamento
de
observação,
muitas
vezes
entrelaçado
com
o
“
compor
tamento
principal”,
caracterizado como simbólico ou relacional.
As
principais
contribuições
revisadas
no
capítulo
mostram
que
manipulações
diretas
sobre
o
comportamento
de
observação
podem
alterar
drasticamente
o
comportamento
denido
como
principal,
seja
o
responder
discriminado
simples,
o
responder
encadeado,
o
responder
em
tarefas
de
pareamento
de
acordo
com
o
modelo
ou
o
responder
que
exige
o
olhar
como
resposta
especíca.
Como
apresentado
no
início
do
capítulo, a
presente análise sugere fortemente
que a
relação entre controle
simples
de
estímulos
e
controle
relacional é
imbricada
e
interdependente.
Controles
de
estímulos
simples
e
efeitos
de
reforçador
es
condicionados
estão envolvidos no estabelecimento de
controle relacional e formação de
classes simbólicas,
bem como
em outras
formas mais
simples de
responder
discriminado. O exame
dos principais arranjos
da área mostra
que não há
diferentes
denições
do
que
seja
obser
var
em
análise
do
compor
tamento
.
Mais
do
que
uma
questão
de
denição,
é
possível
a
programação
de
diferentes
arranjos
em
que
um
sujeito
ou
um
par
ticipante
é
levado
a
responder
a
estímulos
que
fazem
par
te
das
contingências
principais
para
o
estabelecimento
de
controle
de
estímulos.
Nesse
sentido,
o
presente
capítulo
pode
contribuir
para
a
análise
de
diferentes
estratégias
bem
sucedidas
em
análise
do
comportamento,
especialmente
análise
aplicada,
em
termos
do
efeito
de
reforço
diferencial
e
reforço
condicionado
no
estabelecimento
de
controle
de
estímulos.
O
caso
da
aquisição
de
leitura
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
84
parece
ser
especialmente
importante
de
ser
considerado
por
ser
uma
área
em que analistas do comportamento têm feito avanços consideráveis.
R
EFER
ÊNCIAS
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B
C
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IL:
Dorsey
P
ress.
94
95
S
obre
o
d
eSenv
ol
viment
o
de
um
m
odelo
a
nimal
do
C
ompor
t
ament
o
S
imbóliCo
1
Olavo de F
aria Galvão
Romariz da Silv
a Barros
U
m
componente
da
complexidade
do
repertório
humano
consiste
no
controle
produtivo
(além
do
diretamente
treinado)
do
comportamento
por
relações
arbitrárias
entre
eventos,
caracterizando
parte
do
que
é
denominado
comportamento
simbólico.
U
m
exemplo
disso
está
no
fato
de
que
palavras
e
eventos
a
elas
relacionados
se
tornam,
em
certa
medida,
substituíveis
no
controle
do
comportamento.
O
fenômeno
da
formação
de
classes
de
equivalência
(Sidman,
1994;
2000)
vem
sendo
proposto
como
um
princípio
comportamental
subjacente
à
aquisição
de
repertórios simbólicos
2
.
O
modelo
de
equivalência
proposto
inicialmente
por
Sidman
e
T
ailby
(1982),
para
interpretar
a
generatividade
produzida
pelo
ensino
de
relações
arbitrárias
entre
estímulos,
disponibilizou
um
instr
umental
conceitual
e
metodológico
que
gerou
toda
uma
área
de
pesquisa
sobre
a
1
Este
texto
foi
elaborado
a
partir
da
palestra
do
primeiro
autor
,
apresentada
na
XXXV
Reunião
Anual
de
P
sicologia,
Outubro
de
2005,
Curitiba.
Correspondência
para
olavo@pq.cnpq.br
.
As
pesquisas
mencionadas
foram nanciadas
por: MCT/FINEP
0 1 04
0200 00,
MCT/CNPq 411472/2003-
8, CNPq
(478821/2003-4,
411472/2003- 8,),
NIH
1 R01
HD39816-01A1 (CFDA
#93.865). Os
autores são
bolsistas de
produtividade
em pesquisa do CNPq (Níveis 1B e 2, r
espectivamente primeiro e segundo autor).
2
No
modelo
formal
de
equivalência
(Sidman
&
T
ailby
,
1982)
fala-se
em
classes
de
estímulos
equivalentes
quando, após
o ensino
das relações
arbitrárias entre elas,
for observada a
emergência das seguintes r
elações entre
estímulos:
reexivas
(e.g.
escolher
A
dado
A
como
modelo),
simétricas
(e.g.
escolher
A
dado
B
como
modelo,
após
o
ensino
da
relação
A-B)
transitivas
e
simétricas
transitivas
(e.g.
escolher
C
dado
A
como
modelo
e
vice-
versa, após o ensino das relações A-B e B-C).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
96
ontogênese
do
compor
tamento
simbólico/cognitivo
e,
como
aponta
de
Rose
(1996),
recolocou
para
a
Análise
do
Comportamento
a
opção
de
analisar
a
signicação
como
substituição
de
estímulos
(aspecto
que
Skinner
,
1957/1992,
criticara com
veemência
na linguística).
Da
perspectiva desse
modelo,
o
fenômeno
da
equivalência
precede
o
desenvolvimento
da
linguagem,
correspondendo à
capacidade que
permite
o desenvolvimento
simbólico
(
pace
Hay
es,
Barnes-H
olmes,
&
Roche,
2001;
H
orne
&
Lowe,
1996).
O
fenômeno
da
equivalência
é
a
ligação
entre
a
“
mera
”
associação
de estímulos e a formação de signicados (Sidman, 1994).
N
a
demonstração
experimental
da
formação
de
classes
de
estímulos
já
se
vão
35
anos
de
pesquisa
e
debate
conceitual
e
metodológico.
A
relação
entre
equivalência
e
capacidade
linguística,
por
exemplo,
tem
sido
assunto
constantemente
visitado,
com
opiniões
divergentes.
Com
a
vericação
de
que
o
método
de
ensino
de
discriminações
condicionais
arbitrárias
inter-relacionadas
falhava
em
produzir
generatividade
em
animais
e
pessoas
sem
repertório
linguístico,
a
discussão
teórica
sobre
as
bases do
compor
tamento
simbólico ger
ou difer
entes modelos
explicativos.
Em
operações
que
obedecem
a
lógicas
diferentes
da
perspectiva
sidmaniana,
Hayes
e
colaboradores
(Hayes,
1994;
Hayes
et
al.,
2001)
interpõem
a
formação
de
‘
quadros
relacionais
’
3
como
processo
para
a
formação
de
classes
de
equivalência; e
Horne
e
Low
e
(1996)
e
Lo
we,
H
orne,
Harris
e Randle
(2002)
argumentam
que
a
formação
de
classes
de
estímulos
depende
da
aprendizagem
de
relações
bidirecionais
entre
classes
de
estímulos
e
comportamentos
de
falante-ouvinte
(presentes
no
mesmo
indivíduo),
caracterizando
um
comportamento
de
segunda
ordem
denominado,
por
eles, ‘
nomeação
’ (
naming
).
Do
ponto
de
vista
de
Sidman
(2000),
a
equivalência
seria
um
resultado
direto
das
contingências
de
reforçamento,
assim
como
a
discriminação
e
a
generalização
decorrem
do
reforçamento
diferencial.
N
o
reforçamento
de
relações
arbitrárias
entre
estímulos,
os
estímulos
positivamente
correlacionados
poderiam
se
tornar
equivalentes.
Desse
ponto
de
vista,
a
sensibilidade
dos
organismos
à
equivalência
entre
estímulos
ao
fato
de
que,
em
cer
tos
casos,
conjuntos
de
estímulos
têm
a
mesma
3
De
acordo
com
Hayes
et
al.
(2001),
a
formação
de
um
quadro
relacional
implica
o
responder
relacional
arbitrariamente
aplicável
com
as
propriedades
de:
1)
interdependência
mútua,
2)
interdependência
combinatória,
e 3) transformação de função de estímulo.
C
S
:
B
C
E
E
97
função
e
mudanças
nessa
função
são
sempre
mudanças
conjuntas
para
todos
esses
estímulos
pode
ser
considerada
uma
vantagem
adaptativa,
e
pode-se
supor
que
ela
precede,
evolutivamente,
o
desenvolvimento
da
linguagem,
caracterizada,
por
sua
vez,
como
um
sistema
ar
ticulado
de
relações
arbitrárias.
Equivalência
entre
estímulos,
por
tanto,
seria
antes
uma característica
do ambiente,
e a
refer
ência à
formação de
classes como
variável
dependente
se
torna
relevante
pela
necessidade
desse
repertório
para a sobrevivência.
Analisando
a
discussão
sobre
a
relação
entre
linguagem
e
equivalência,
de
Rose
(1996)
propôs
a
distinção
entre
discriminações
condicionais
emergentes
por
equivalência
direta
e
discriminações
condicionais
emergentes
que
são
controladas
verbalmente.
Segundo
de
Rose,
“
esses
[dois
tipos
de
relações
condicionais
emergentes]
podem
não
ser
mutuamente
exclusivos,
e
ambos
podem
estar
presentes
em
humanos
aptos
lingüisticamente.
”
(p.
256).
Os
estudos
de
equivalência
com
sujeitos
competentes
linguisticamente
poderiam
ser
comparados
aos
estudos
de
equivalência
com
animais.
Da
mesma
maneira,
os
estudos
do
comportamento
controlado
por
esquemas
de
reforço
em
humanos
poderiam
ser
comparados
aos
estudos do
compor
tamento controlado
por
esquemas
de
reforço
com
animais,
pois
“
...após
longa
exposição
às
contingências,
humanos
podem
formulá-las
verbalmente,
e
seu
comportamento
car
pelo
menos parcialmente sob controle dessas regras
” (p. 271). O problema que
se coloca é o de produzir uma demonstração experimental convincente da
possibilidade
de
animais
responderem
aos
estímulos
enquanto
membros
de
classes
equivalentes,
em
especial
quando
os
elementos
especícos
em
questão nunca foram relacionados diretamente pelas contingências.
N
ess
a
dir
eção
, es
te c
apítu
lo a
pre
sen
ta
e d
is
cut
e
as c
aract
erís
tic
as
de
um
prog
rama
para
o
estud
o
ex
per
ime
ntal
do
cont
role
do
com
port
amen
to
por
rel
ações
entr
e
estí
mul
os
em
ma
cac
os
-pr
ego
(
S
apa
jus
apel
la
),
pa
ra
des
envo
lv
er
um
mod
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ani
mal
para
est
udo
dos
pos
sív
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ant
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de
nte
s
do
com
porta
men
to
sim
ból
ico
.
Esse
pro
grama
v
em
sen
do
des
env
olvi
do
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Esco
la
Ex
per
imen
tal
de
P
rimat
as
(EE
P),
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U
niv
ers
idade
F
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l
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P
ará
,
com
uma
Abo
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gem
Edu
cac
ion
al
P
ro
gra
mada
(Ba
rr
os,
Galv
ão,
&
M
cIlv
ane,
200
3), em
qu
e as
ma
nip
ulaç
ões
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per
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ais
são den
ida
s
“
à
la
carte
”,
d
e
for
ma
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o
métod
o
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men
tal
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or
dina
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a
um
rep
lanej
amen
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J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
98
con
stan
te das
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ções em fun
ção
do
s
re
sulta
dos obti
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s e
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nci
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efe
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amen
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em
vigo
r
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B
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os,
Ga
lv
ão,
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R
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a, 200
5; Br
ino, 200
7;
G
alv
ão, Ba
rr
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R
ocha
, Me
ndonç
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& Go
ula
rt,
200
2; S
ouza
, B
or
ges
, G
oula
rt,
B
arro
s,
& Ga
lv
ão,
200
9).
E
M
BUSCA
DE
UM
MODELO
ANIMAL
DO
COMPORTAMENTO
SIMBÓLICO
Desde
que
Sidman
et
al.
(1982)
relataram
falha
na
obtenção
de
simetria
com
macacos
Rhesus
e
babuínos,
e
Devany
,
Hayes
e
N
elson
(1986)
relataram
falha
na
obtenção
de
equivalência
com
humanos
portadores
de
deciência
mental,
dando
origem
a
toda
a
controv
érsia
sobre
o
papel
da
linguagem
na
formação
da
equivalência,
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estudos
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(1987),
com
macacos
Rhesus,
V
aughan
(1988),
com
pombos,
Schusterman
e
Kastak
(1993)
e
C.
R.
Kastak,
Schusterman
e
Kastak
(2001),
com
leões
marinhos,
vêm
tendo
seus
relatos
analisados
detidamente, com
reser
vas.
Os procedimentos
usados por
McI
ntire et
al. e
V
aughan
(1988)
teriam
ensinado
dir
etamente
os
repertórios que
ocorrem
nos
testes.
Adicionalmente,
o
estudo
de
V
aughan
adota
o
modelo
de
reversões
sucessivas de
discriminações simples
combinadas, que
é diferente
do
procedimento
padrão,
de
ensino
de
relações
condicionais
arbitrárias
por
pareamento
ao
modelo.
O
estudo
de
Schusterman
e
Kastak
(1993)
envolve
extenso
treino
de
relações
diretas
e
inversas,
par
ticularidades
de
procedimento
que indicam
certa
fragilidade do
efeito obtido
. As críticas
a
esses estudos, e principalmente
a escassez de replicações, vêm dicultando
a
aceitação
geral
de
que
animais
são
capazes
de
equivalência
(ver
Horne,
H
ughes, & Lowe, 2006).
Mais
recentemente,
F
rank
e
W
asserman
(2005)
mostraram
pela
primeira
vez
em
animais,
especicamente
em
pombos,
a
emergência
de
simetria
após
o
ensino
de
apenas
duas
relações
condicionais
arbitrárias
e
quatro
relações
de
identidade.
N
o
procedimento
usado,
o
procedimento
“
go/no-go
”,
após
dez
segundos
de
apresentação
de
um
estímulo
S1
em
uma janela
única no
painel de
respostas, a primeira
resposta de bicar
uma
tela
sensível
ao
toque
produzia
um
novo
estímulo
S2,
apresentado
na
mesma
chave
de
respostas.
Se
o
S2
fosse
um
estímulo
programado
para
C
S
:
B
C
E
E
99
ser
pareado
com
o
S1
(por
exemplo,
no
caso
dos
pares
A1B1
e
A2B2),
após
de
z
segundos,
a
primeira
resposta
seria
reforçada.
Se
S2
fosse
um
estímulo
programado
para
não
ser
pareado
a
S1
(por
exemplo,
no
caso
dos
pares
A1B2
e
A2B1),
este
desapareceria
após
dez
segundos
e
não
haveria
reforçamento,
independentemente
das
respostas
dos
sujeitos.
Dois
pares
de
estímulos
foram
usados
para
formar
uma
linha
de
base
de
identidade
(A1A1,
A2A2,
B1B1
e
B2B2).
Os
dois
pares
foram
também
relacionados arbitrariamente (A1B1
e A2B2) em uma linha de base mista,
com
os
estímulos
relacionados
por
identidade
e
arbitrariamente.
N
as
tentativas
de
teste
de
simetria
(B1A1
e
B2A2)
sem
reforço,
misturadas
às
tentativas
de
linha
de
base
com
reforço,
o
desempenho
foi
similar
ao
apresentado
nas
tentativas
de
linha
de
base,
com
alta
taxa
de
respostas
ao
A1
e
A2
apresentados
como
S2
quando,
respectivamente, B1
e
B2
foram
apresentados
como S1;
e
baixa
taxa
de
respostas
ao
A1
e A2
apresentados
como S2 quando,
respectivamente,
B2 e B1
foram apresentados
como S1.
Em
outras palavras,
os pombos, que
haviam aprendido
a bicar
B1 após
A1
e
B2 após
A2, nas
tentativas de
teste, bicaram
A1 –e
não
A2- após
B1 e
A2
–e
não
A1-
após
B2.
Essa
preparação
bastante
engenhosa
mostra
resultados
que
reforçam
a
ideia
de
Sidman
(2000)
de
que
os
pares
associados
se
tornam equivalentes.
V
ale
ressaltar
que
os
dados
anteriormente
registrados
só
foram
encontrados
naquele
estudo
quando
o
treino
de
relações
arbitrárias
foi
feito
simultaneamente
ao
treino das
relações
de
identidade.
F
rank
(2007)
e
U
rcuioli
(2008)
aprofundaram
estudos
nessa
linha
de
pesquisa
e
seus
resultados
indicam
que
o
uso
do
procedimento
de
pareamento
sucessivo
(“
go/no-go
”)
e
o
treino
das
discriminações
arbitrárias
junto
com
as
relações
de
identidade
são
duas
variáveis
que
aumentam
as
chances
de
se
documentar
a
propriedade
de
simetria,
apesar
de
não
ser
uma
condição
necessária
e
nem suciente, como fe
z pensar o primeiro estudo. A explicação de como
essas duas variáveis atuam ainda é insuciente na literatura.
N
esse contexto, o
programa de pesquisas
da Escola E
xperimental
de P
rimatas (EEP) ambiciona
desenvolv
er um modelo
animal de pesquisa
do comportamento simbólico,
ou seja, de
controle emergente
por relações
arbitrárias
entre
estímulos,
em
particular
daquelas
relações
que
caracterizam
as relações entre elementos de uma mesma classe.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
100
A
escolha
do
macaco-prego
como
sujeito
experimental
decorre
de
duas
razões
relevantes:
o
macaco-prego
vem
sendo
descrito
como
um
animal
extremamente
adaptável,
vivendo
em
ambientes
diversos,
resolvendo
problemas
de
forma
criativa,
inclusive
com
uso
de
objetos
como
ferramenta
(Lima
et
al.,
2007);
é
um
animal
selvagem
que
resiste
bem
ao
cativeiro,
desde
que
um
conjunto
de
condições
garanta
a
saúde
física e comportamental (Lessa, 2009).
O
pro
gra
ma
part
e
da
opçã
o
de
ensi
nar
abs
traç
ões
com
alt
o
grau
de pe
rfei
ção de des
emp
enho
e
c
om med
idas qu
e perm
itam
i
nfe
rir
o efet
ivo
con
trol
e
de
estí
mul
os
dese
nv
olv
ido
em
cada
conj
unt
o
de
disc
rim
in
açõ
es
ens
inad
as.
U
m
gran
de
núme
ro
de
traba
lhos
fo
i
dev
ota
do
ao
dese
nv
olv
ime
nto
de
proc
edi
ment
os
ec
azes
para
prod
uz
ir
ide
ntida
de
gene
ral
izada
,
con
side
ran
do
que
ess
e
re
pertó
rio
suge
re
gran
de
coer
ênci
a
ent
r
e
a
mane
ira
com
o
o
expe
rim
ent
ador
e
o
suj
ei
to
con
ceb
em
as
tare
fas
expe
rime
nta
is,
asp
ecto
que
pod
e
faci
lit
ar
o
dese
nv
olv
iment
o
de
rep
ert
óri
os
de
dis
cri
minaç
ões
con
dici
ona
is
abst
rat
as.
No
des
envo
lvi
ment
o
des
ses
pr
oced
ime
nto
s,
foi
uti
liza
do
um
ars
ena
l d
e c
oncei
tos
ana
lít
ico
s q
ue
permi
tira
m
maio
r
coer
ênci
a
ent
re
o c
ont
role
de
estí
mulo
s p
lan
ejado
e o
ob
tid
o.
Barros,
Galvão
e
M
cIlvane
(2002,
2003)
e
Galvão
et
al.
(2005)
apresentaram
um
modelo
experimental
para
ensino
de
relações
condicionais
que
favorecem
o
verdadeiro
comportamento
de
pareamento
ao
modelo
(Sidman,
1994),
aplicado
ao
estudo
de
relações
condicionais
de
identidade.
Esse
modelo
continua
em
desenvolvimento,
incluindo
um
conjunto
expressivo
de
técnicas
de
controle
experimental,
e
o
uso
de
conceitos
analíticos
com
os
quais
extraímos
ou
tentamos
extrair
sentido
dos
resultados
obtidos.
O
“
sentido
”
dado
aos
resultados
é
a
busca
de
se
obter o verdadeiro par
eamento ao modelo que, eventualmente, redundará
na
obtenção
de
evidências
de
formação
de
classes
de
estímulos,
mas
essa
história
futura
vai
depender
de
obtermos,
com
o
programa
de
pesquisas
com
discriminações condicionais
arbitrárias,
sucesso similar
ao obtido
até
aqui
com
o
programa
de
pesquisas
com
discriminações
condicionais
de
identidade,
cujos
dados
preliminares
são
estimulantes
(Brino,
Galvão,
&
Barros, 2009; G
alvão, Soar
es, N
eves, & Nagahama, 2009).
Dentre
as
técnicas
de
controle
comportamental
originais
da
Escola
Experimental
de
Primatas
(EEP),
em
que
basicamente
se
usam
os
C
S
:
B
C
E
E
101
procedimentos
de
discriminação
simples
simultânea
e
de
discriminação
condicional, destacamos:
1.
Balanceamento
de
posições
dos
estímulos
modelo
e
comparação,
como
forma de
evitar que
a posição
do estímulo controle
o comportamento
de
escolha,
fenômeno
relatado
em
pesquisas
de
pareamento
ao
modelo
com
animais
(Iversen,
1997).
Enquanto
no
procedimento
de
pareamento
ao
modelo
tradicional
os
modelos
se
alternam
em
uma
posição
central
equidistante
das
comparações,
no
procedimento
da
EEP
o
modelo
pode
aparecer
em
quaisquer
das
posições
disponíveis
para
apresentação
dos
estímulos.
Essa
operação,
juntamente
com
a
variação
balanceada
das
posições
dos
estímulos,
visa
minimizar
o
reforçamento
de
relações
ocasionais
de
posição.
Kataoka,
Brino,
Galvão
e Souza
(submetido) mostraram que, em determinadas
circunstâncias,
a
posição
dos
estímulos
assume
o
controle
das
escolhas,
competindo
com o
controle planejado (mais
detalhes sobre relações de
posição em
Barros & G
alvão, 2003; e Barr
os, Galvão, & F
ontes, 1996).
2.
Introdução
dos
estímulos
em
procedimentos
de
discriminação
simples,
antes
de
usá-los em
discriminação condicional,
para contornar
o efeito
de
novidade.
A
experiência
com
discriminações
simples
simultâneas,
com
mudanças
de
função
dos
estímulos,
prepara
alguns
aspectos
do
desempenho,
especialmente
um
repertório
preciso
de
obser
vação
dos
estímulos, que é essencial nas discriminações condicionais.
3.
N
úmero
de
escolhas
que,
tanto
na
discriminação
simples
simultânea
como
na
condicional,
tem
implicações
e
gera
consequências
para
o
desenvolvimento
das
características
ambientais
que
assumem
o
controle
da
resposta
(Bezerra,
2008).
A
probabilidade
de
reforçamento
para
uma
resposta
casual
(não
controlada
pelo
modelo
no
procedimento
de
pareamento
ao modelo)
é inversamente
proporcional
ao
número
de
escolhas
simultâneas,
e
uma
resposta
programada
como
correta
pelo
experimentador é reforçada
antes de a relação de contr
ole planejada se
tornar
efetiva.
Com duas
escolhas, é
provável
o surgimento
de
controle
por rejeição do S-,
também chamado controle tipo-R,
misturado com
o controle por seleção ou controle tipo-S
(
J
ohnson & Sidman, 1993).
O
desempenho
diretamente
obser
vável
não
é
difer
ente
em
ambos
os
casos,
sendo
a
detecção
e
a
determinação
do
controle
feitas
com
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
102
procedimentos
especiais
(e.g.
Goulart,
Mendonça,
Barros,
Galvão,
&
M
cIlvane, 2005).
4.
U
so
de
comparação
vazia,
ou
“
máscara
”
para
vericar
e
induzir
a
presença
de
controle
da
escolha
por
seleção
do
S+
ou
por
rejeição
do
S-
(Goulart et
al.,
2005).
Quando manipulamos
os estímulos
de
uma
linha
de
base
com
alto
nível
de
desempenho
(por
exemplo,
quando
trocamos
um
dos
estímulos
de
comparação
e
vericamos
a
deterioração
do
desempenho),
podemos
inferir
qual
era
a
relevância
do
estímulo
retirado
.
P
odemos
exemplicar:
se
o
estímulo
substituído
tinha
a
função de S-, em
uma tentativa de
matching
de identidade, e
o sujeito
falha
em
escolher
o
S+,
que
é
o
estímulo
igual
ao
modelo,
ca
claro
que
o
desempenho
de escolher
o
estímulo
igual
ao
modelo
estava
sob
controle “
tipo
R”, por
rejeição do
S-.
Apesar do
alto índice
de
acertos
eventualmente atingido
nessa linha
de base,
não podemos
dizer
, nesse
caso, que
ao procedimento
de pareamento
ao modelo
corresponda
um
desempenho de pareamento ao modelo
.
Além
de importantes
detalhes de
procedimento,
alguns conceitos
ainda
não muito
utilizados
na
pesquisa sobre
cognição
animal vêm
sendo
essenciais
para
a
maneira
como
analisamos
os
dados.
Os
conceitos
de
‘
exclusão
’
(Dixon,
1977),
‘
controle
T
ipo
S’
e
‘
T
ipo
R’
(
J
ohnson
&
Sidman,
1993),
‘
topograa
de
controle
de
estímulos
’
(Dube
&
M
cIlvane,
1996),
‘
momento
comportamental’
(N
evin,
Davison,
&
Shahan, 2005),
‘reforço
especíco
da
classe
’
(Sidman,
2000),
são
aplicados
no
laboratório
para
entender
e
ou
produzir
diferenças
sutis
entre
desempenhos
de
“
escolha
”,
porque
mesmo
altos
índices
de
acerto
em
discriminações
simples
e
condicionais
podem,
ao
ser
feita
uma
mudança
no
procedimento,
revelar
controle
por
contingências
difer
entes
daquelas
planejadas
pelo
experimentador
.
Da
perspectiva
de
partir
do
simples
para
o
complexo,
através
da
instalação
dos
comportamentos
que
são
supostamente
pré-requisitos
para
os seguintes,
os sujeitos
que dominaram
o desempenho
de identidade
generalizada passam
para um
segundo nív
el: ensino
das relações
arbitrárias
entre
dois
conjuntos
de
estímulos,
vericação
das
relações
de
controle
desenvolvidas e a
eventual emergência de simetria.
Esse nível repete várias
C
S
:
B
C
E
E
103
das
características
do
nível
da
identidade
e
acrescenta
especicidades
nas
técnicas de ensino de relações arbitrárias.
A
VANÇOS
RECENTES
T
rê
s
lin
has
de
d
ese
nv
olv
imen
to
de
rep
ertó
ri
o
d
e
par
eam
ent
o
arb
itrá
rio
,
uma
con
cluíd
a
e
dua
s
em
and
ame
nto
,
ex
pl
ora
m
dife
rent
es
pr
oce
ssos
co
mpo
rta
men
tai
s
par
a
des
envo
lv
er
com
porta
men
to
pré-
simbó
lico
.
N
a
pri
mei
ra,
a
part
ir
de
uma
linh
a
de
base
de
iden
tid
ade
com
estí
mul
os
vis
uais
,
os
est
ím
ulo
s
mode
lo
for
am
sen
do
gra
dua
lme
nte
alte
ra
dos
em
sua
for
ma at
é qu
e tr
ês di
scri
min
açõ
es por
iden
tid
ade
se tra
nsfor
mass
em e
m tr
ês
re
laçõ
es
arb
itr
árias
.
U
ma
das
di
cu
lda
des
enco
ntra
das
é
que
as
mud
an
ças
gra
duai
s
em
parte
s
dos
estí
mul
os
pe
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trol
e
re
str
ito
por
part
es
ain
da
não
mod
i
cad
as
dos
est
ímu
lo
s
(que
per
man
eciam
id
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icas
ao
est
ímu
lo
de
comp
araçã
o co
rret
o),
de m
aneir
a qu
e, a
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nal
do
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ima
s por
çõe
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mu
los
r
em
ane
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ntes são
al
ter
adas,
a
pr
ecis
ão
do
des
empe
nho
d
os suj
eit
os cai ao nív
el
do
aca
so (e.
g.
C
ruz et al.
,
20
09)
.
Es
se
tip
o
de
ocor
rê
ncia mo
str
a que
os pass
os gra
duai
s da sup
ost
a mod
ela
gem
de
con
trol
e
de
es
tím
ul
os
nã
o
for
am
e
cie
nte
s
par
a
mod
i
car
grad
ual
ment
e
o
con
trol
e
de
est
ímulo
s (M
cI
lv
ane
&
Dub
e,
199
2).
Em
uma
segunda
linha,
substituíram-se,
uma
a
uma,
as
relações
de
identidade
por
relações
arbitrárias,
apro
veitando-se
o
fenômeno
da
exclusão
ou
“
fast-mapping
”,
com
a
emergência
imediata
de
alto
índice
de
acertos
e
gradual
desenvolvimento
de
controle
do
“
tipo
S”.
Dados
preliminar
es
indicam
que
o
uso
de
quatro
ou
mais
escolhas
e
o
uso
de
procedimentos
de
modelagem de
controle de
estímulos (como
a
modelagem do
estímulo
modelo ou o uso de
randomização progressiv
a de blocos de tentativ
as) são
promissores,
embora
em
muitos
casos
seja
necessário
desenvolver
ajustes
de
procedimento
em
função
do
desempenho
dos
sujeitos.
U
ma
série
de
outras
diculdades
com
as
relações
plenamente
arbitrárias
e
com
as
relações
mistas
de controle
parecem indicar
que
essa também
pode
ser uma
opção
fraca
para
o
desenvolvimento
de
verdadeiro
pareamento
ao
modelo
em
macacos-prego (B
rino, 2007).
Em
uma
terceira
linha,
foi
ensinado
aos
macacos-prego
a
encontrar
o
igual
dentre
16
estímulos
apresentados
simultaneamente,
sendo
quatro
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
104
subconjuntos
de
estímulos
categoriais,
como:
fotos
de
rostos
de
macacos,
de
pessoas,
ores,
insetos
(sobre
o
uso
de
estímulos
complexos
neste
tipo
de
pesquisa,
ver
também
Galvão
et
al.,
2009),
e
vericou-se
que
o
desempenho
no
pareamento
categorial
com
os
estímulos
previamente
pareados
por
identidade
foi
alto
desde
o
início
e
rapidamente
atingiu
critérios
de
90%
de
acerto.
O
pareamento
categorial
envolvia
quatro
estímulos
de
quatro
categorias
se
revezando
como
modelos
e
outros
quatro
apresentados
simultaneamente
como
comparação
(P
ereira,
Galvão,
&
Lobato,
2008).
N
esse
projeto
poderá
ser
averiguada
a
emergência
da
simetria
dos
pares
categoriais.
A
inserção de
estímulos
novos completamente
arbitrários
será
implementada
e,
após
atingir
o
critério
de
aprendizagem,
vericar-se-á
a
transferência da relação para os outr
os estímulos da mesma categoria.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
Como
pôde
ser
obser
vado
na
descrição
prévia
dos
desenvolvimentos
recentes
do
programa
da
EEP
,
os
esforços
têm
se
concentrado
no
ensino
de
relações
arbitrárias, de
forma a
estabelecer linhas
de base
conáveis para
que
se
possam
realizar
testes
de
emergência
de
relações
de
equivalência,
com
ênfase
no
teste
de
relações
de
simetria.
Essa
ênfase
se
explica
tanto
pela
diculdade
em se
vericar desempenhos
que implicam
relações
de
simetria
em
organismos
não
verbais
ou
com
limitações
verbais
(Lionello-DeN
olf,
2009)
como
pelo
papel
que
a
apr
endizagem
de
r
elações
bidirecionais
entre
estímulos
(o
que
caracteriza
as
relações
de
simetria)
parecem
ter
no
desenvolvimento verbal (H
orne & Lowe, 1996).
Em
princípio,
os
pares
positivamente
correlacionados
ao
reforçamento
no
ensino
de
discriminações
condicionais
arbitrárias
deveriam
ter
maior
probabilidade
de
serem
formados
nos
testes
de
simetria.
N
o
entanto,
efeitos
de
novidade e
da
história
recente
de
escolha
em
tentativas
com
novas
congurações
devem
ser
levados
em
conta
como
possíveis
r
uídos
na
detecção
da
formação
de
classes
de
estímulos
emergentes
das
contingências
envolvendo
pares
de
estímulos
positivamente
correlacionados
com
o
reforçamento
.
Lionello-DeN
olf
(2009)
revisou
a
literatura sobr
e simetria
em animais e
argumentou que
a falta
de coerência
de
controle
de
estímulos
pode ser
uma
causa
para
os
relatos
de
insucesso:
C
S
:
B
C
E
E
105
os
procedimentos
não
produzem
de
fato
o
desempenho
planejado
nas
linhas
de
base
treinadas,
o que
explica a
inconsistência
do
desempenho nos
testes de simetria.
Recentemente,
obtivemos
resultados
positivos
de
emergência
de
simetria com um macaco-pr
ego, em uma condição em que o
desempenho
de
escolha
por
exclusão
era
possível,
e
resultados
negativos
quando
a
exclusão
não
era
possível,
pela
introdução
simultânea
de
duas
comparações
nov
as.
A
precisão
atual
dos
procedimentos
e
a
possibilidade
de
análise
pormenorizada
das
relações
de
controle
estabelecida
permitem
supor
que
em
futuro
r
ecente
poderemos
obter
desempenhos que
hoje
chamamos
de
emergentes
em
contextos
em
que
as
condições
conhecidas
permitirão
o
acesso
às
variáveis
históricas
responsáveis
pelo
desempenho
consistente
–
no caso simétrico- com as
relações tr
einadas (Brino, Assumpção,
Campos,
Galvão, & M
cIlvane, 2010).
P
ara
ser
bem
sucedido,
um
programa
experimental
para
investigar
relações
simbólicas
em
animais
deverá,
além
de
apresentar
adequada
homologia
comportamental
e
de
processos
bio-comportamentais
com
o
comportamento
humano
modelado
(McIlv
ane
&
Cataldo,
1996;
S
taay
,
Arndt,
& N
ordquist,
2009),
envolver
a
busca
e demonstração
de
coerência
de
controle
de
estímulos
em
desempenhos
signicativos,
e
constituir-se
em
um
modelo
replicável
e
com
baixa
variabilidade
intersujeitos
(McIlvane,
Serna,
Dube,
&
Str
omer
,
2000).
A
demonstração
da
utilidade
dos
novos
conceitos
disponíveis para
a
análise
mais
precisa
do
controle de
estímulos
sobre
o
comportamento de
escolha
é
uma das
consequências
desse
projeto,
a
par
da
demonstração
da
possibilidade
de
comportamentos
simbólicos
produtivos em animais.
P
ara
além
da
pesquisa
no
escopo
da
análise
do
comportamento,
a
consistência
do
conhecimento
alcançado
em
diferentes
especialidades
cientícas
vem
delineando
uma
nova
compreensão
do
comportamento
simbólico
–e
de
sua
evolução-
que
abarca
as
relações
ambiente/
comportamento
e
os
processos
biológicos
que
o
sustentam.
P
arece
plausível
supor
que
o
surgimento
da
capacidade
simbólica
pode
ter
exercido
um
papel
sobre
o
incomum
desenvolvimento
cortical
dos
hominídeos
(Deacon,
1997).
Disso
decorre
que
o
símbolo
pr
ecede
o
crescimento
cerebral
e
coevolui
com
ele
ao
longo
da
evolução
da
família
hominidae.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
106
A
linguagem
simbólica
muito
pro
vavelmente
teria
começado
pelo
uso
de
símbolos
não
orais, menos
imponderáveis
que
a
comunicação
vocal,
com
o
uso
de
objetos
com
função
simbólica.
Em
sua
evolução,
as
protolinguagens
devem ter tido um
pequeno número de símbolos e um
limitado conjunto
de
relações
simbólicas,
com
as
quais
um
pequeno
cérebro
primata
podia
lidar
,
estabelecendo-se
as
condições
para
a
coevolução
da
linguagem
e
do
cérebro
.
Da
colaboração
entre
as
especialidades
cientícas,
em
particular
entre a análise experimental do compor
tamento e a neurociência, podem-
se
esperar
avanços
signicativos
na
compreensão
do
desenvolvimento
do
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o
e
Studo
de
p
reCurSoreS
do
C
ompor
t
ament
o
S
imbóliCo
1
Maria S
tella Coutinho de Alcantar
a Gil
U
m analista
do comportamento, quando observa
um bebê
que
diz
uma
palavra
nov
a
a
cada
dia
e,
rapidamente,
passa
a
construir
frases
que
aumentam seu
acesso a coisas
e pessoas, poderia
perguntar: como explicar
uma
aquisição
tão
importante
como
a
da
linguagem
ou
do
comportamento
verbal?
Quais
as
aquisições
do
bebê
que
preparam
seu
comportamento
de
falar?
Q
uais
os
princípios
básicos
que
explicam
o
comportamento
especíco
de
relacionar
palavras
a
objetos,
situações
ou
pessoas?
Algumas
possibilidades
de
respostas
para
tais
questionamentos
foram
apresentadas
por
precursores
como
Staats
(1968),
Bijou
(1995)
e
Hayes,
Blackledge
e
Barnes-H
olmes (2001).
Em
especial,
o
modelo
de
equivalência
de
estímulos
tem
fornecido
propostas
de
análise
para
a
aquisição
da
linguagem
(Sidman,
1970;
1986;
Sidman & T
ailby
,
1982;
Bush,
Sidman,
&
de Rose,
1989)
e
vem
gerando
procedimentos
e
produzindo
dados
sobre
a
aprendizagem
das
relações
chamadas
simbólicas,
implicadas
no
“boom
”
da
linguagem
nos
bebês.
Estes
produzem
novas
palavras
e
frases,
ou
seja,
apresentam
novos
comportamentos
em
contextos
apropriados,
sem
que
ninguém
lhes
ensine,
1
Apoio
FAPESP
(Pr
ocesso
01/05178-5),
CNPq
(551845/02-3,
1415832003-7),
E
unice
Kenedy
S
hriver
Center-U
niversity
of
Massachusetts
Medical
School
(HD04147
and
HD39816).
P
ar
te
deste
texto
foi
apresentada em 2005, na XXXV R
eunião Anual da Sociedade B
rasileira de Psicologia, no S
impósio
T
endências
Contemporâneas na Análise do Comportamento.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
1
12
sistemática
e
explicitamente,
todas
as
palavras
e
frases
que
passam
a
falar
.
P
ode-se dizer que palavras e frases emergem no repertório dos bebês.
N
este
capítulo,
discutiremos
os
cuidados
para
denir
elementos
das
contingências
a
serem
utilizadas
em
pesquisas
experimentais
sobre
os
precursores
do
compor
tamento
simbólico
quando
os
participantes
são
os
bebês
humanos.
P
retendemos
explicitar
como
as
condições
de
estudo
podem estabelecer
o
sucesso ou
fracasso
da manutenção
dos
bebês
em
atividade
na
situação
experimental.
Os
procedimentos
de
pesquisa
examinados
decorreram
da
experiência
da
Análise
do
Comportamento
com
estudos
sobre
discriminação
simples
e
discriminação
condicional
arbitrária, via
emparelhamento com
o modelo, e
consideraram a
produção
de outras áreas, sobretudo da P
sicologia do Desenvolvimento.
A
pergunta
subjacente
ao
objetivo
deste
capítulo
diz
respeito
à
aquisição
de
novos
comportamentos
de
ouvinte
e
de
falante
-
aqueles
que
emergem
sem
treino
especíco
no
repertório
das
crianças
pequenas.
A
aquisição
de
comportamento
novo
é
par
te
dos
processos
ditos
representacionais
e,
principalmente,
daqueles
que
favorecem
a
aprendizagem
de
relações
arbitrárias
e
convencionais
entre
r
espostas
e
sinais
aceitos
pela
comunidade
verbal.
A
similaridade
entre
as
características
dos
processos
representacionais
e
dos
processos
básicos
componentes
do
comportamento
emergente
sugere
uma
relação
entre
estes
e
a
função
simbólica,
da
qual
a
linguagem é parte (de R
ose, 1993; Sidman, 1994,
1997, 2000; S
idman &
T
ailby
, 1982).
Os
compor
tamentos
emergentes
que
nos
interessam
neste
capítulo
são
aqueles
que
resultam
de
discriminações
condicionais
ensinadas
nos
procedimentos
de
emparelhamento
com
o
modelo
(de
Rose,
2004).
Os
dados
obtidos
até
o
presente
nos
estudos
sobre
comportamentos
emergentes
têm
gerado
dois
tipos
de
interpretação:
comportamentos
emergentes
podem ser
considerados
simbólicos
por si
próprios
ou podem
ser considerados
precursores
do comportamento simbólico e,
portanto, da
linguagem.
A
possibilidade
da
dupla
interpretação
mantém
em
aber
to
uma
série de questões
sobre a
natureza da r
elação entre a linguagem
(nomeação
dos
estímulos)
e
a
formação
de
classes
de
equivalência
(Sidman,
1997,
2000).
C
S
:
B
C
E
E
1
13
P
ara
por
à
prova
a
o
papel
da
“
nomeação
”,
discutido
desde
o
estudo
de
Sidman
e
T
ailby
(1982),
seria
preciso
investigar
populações
não
verbais
ou
com
acesso
restrito
à
produção
linguística,
no
caso,
os
primatas infra-humanos (os macacos) e os bebês
humanos. A equivalência
de
estímulos
não
foi
vericada
nos
estudos
realizados
com
animais
não
verbais (Dube, M
cIlvane, Callahan, & Stoddar
d, 1993). P
or
outro lado, a
população
de participantes
humanos
que vem
sendo
estudada constituiu-
se
predominantemente
de
crianças,
adolescentes
e
adultos
com
e
sem
distúrbios
ou
deciência
do
desenvolvimento
.
Os
desaos
que
a
área
enfrenta
podem
ser
em
parte
respondidos
pelos
estudos
sobre
a
aquisição
de
r
epertório
simbólico
pelos
bebês
e,
assim,
poderemos
analisar
as
possibilidades
de
obter
resultados
consistentes
no
tratamento
experimental.
A
SINGULARIDADE
DO
BEBÊ
PARTICIPANTE
DA
PESQUISA
EXPERIMENTAL
Os bebês constituem uma população bastante peculiar e não nos
surpreende
a
inexpressiva
quantidade
de
estudos
sobre
equivalência
de
estímulos
realizados
com
eles,
dada
a
diculdade
de
criarmos
situações
experimentais apropriadas para
essa população.
Encontramos na literatura
o
trabalho
de
Boelens,
Broek
e
Klarenbosch
(2000),
cujos
bebês
tinham
entre
25
e
37
meses,
e
o
conhecido
estudo
de
Lipkens,
Hayes
e
Hayes
(1993),
que
contou
com
um
bebê
de
16
meses.
U
m
conjunto
de
estudos
foi
realizado
com
a
participação
de
bebês
mais
nov
os
na
perspectiva
da
hipótese
da
nomeação,
na
qual
a
capacidade
v
erbal
da
criança
de
nomear
os
estímulos
seria
um
pré-requisito
essencial
para
a
formação
de
equivalência
de
estímulos
(Bentall,
Lowe,
&
Beasty
,
1985;
Lowe,
Beasty
,
&
Bentall,
1983; o
comentado
estudo
de
H
orne
&
Lo
we,
1996;
e trabalhos
subsequentes
do mesmo
grupo
de
pesquisadores:
Horne,
Lowe,
&
Randle,
2004; Horne, H
ughes, & Lowe, 2006; Lo
we, Horne, & H
ughes, 2005).
Os
bebês
têm
sido
considerados
participantes
pouco
cooperativos
em
pesquisas
experimentais.
As
diculdades
encontradas
decorrem
da
recusa
dos
bebês
em
permanecer
nos
ambientes
experimentais
sem
a
presença
de
pessoas
que
lhes
sejam
familiares
e
da
pouca
conabilidade
das r
espostas dos participantes, dado
o estranhamento que a
nov
a situação
produz
(Kagan,
1981;
Long,
Hammack,
May
&
Campbell,
1958;
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
1
14
Simmons
&
Lipsitt,
1961).
U
m
alentado
estudo
longitudinal
realizado
por Kagan (1978) indica
que o pico da reação a estranhos
ocorr
e entre 10
e
12
meses
e que
a r
eação
à
separação
cresce
entre
os
9
e
os 15
meses.
T
anto
a r
eação a estranhos
como a
reação
à separação dos
familiares permanecem
fortes
por
alguns
anos,
conforme
os
inúmeros
estudos
realizados
sobre
o
apego
(Bowlby
,
1969,
1976/1995;
Ferr
eira,
1986;
Lamb,
ompson,
Gardner
,
&
Charnov
,
1985).
O
conhecimento
sobre
a
resistência
dos
bebês
aos
ambientes
e
pessoas
pouco
familiares
está
sintetizado
no
título
de
um
procedimento
clássico
no
estudo
da
formação
de
vínculos
entre
os
bebês
e
as
pessoas
mais
próximas:
a
“Situação
Estranha
”
(Ainshwor
th,
Blehar
, W
alters, & W
all, 1978).
Dentre
as
alternativas
encontradas
ao
estranhamento
que
os
laboratórios
produzem,
três
delas
têm
sido
efetivas
em
garantir
a
tranquilidade
necessária
para
a
permanência
dos
bebês
em
situações
experimentais. U
ma das alternativ
as adotadas nos
estudos sobr
e percepção
e
cognição
consiste
em
manter
os
bebês
no
colo
ou
muito
próximos
aos
pais
(Bertenthal,
Campos,
&
Kermoian,
1994;
Lewkowicz,
1986;
Slater
,
1998). As
duas outras
organizaram a
situação experimental
em ambientes
familiares:
casa
e
escola.
O
ambiente
experimental
foi
transferido
para
a
casa
dos
bebês
em
uma
bem
sucedida
estratégia
adotada
nos
estudos
relatados
por
Kagan,
Kearsley
,
&
Zelazo
(1978)
e
Kagan
(1981).
Igualmente
bem
sucedida
foi
a
estratégia
do
experimento
realizado
na
creche
frequentada
pelos participantes, no estudo apresentado por Boelens et al. (2000).
As
três
estratégias,
entretanto,
requerem
cuidados.
Os
estudos
sobre
percepção
e
cognição
buscam
minimizar
inter
ferências
do
adulto
familiar
, provendo-lhe fones de ouvido ou vendas que impeçam o contato
com
as
variáveis
em
análise.
Os
estudos
realizados
na
casa
dos
bebês
requerem
preparação
prévia
do ambiente
familiar para a
realização dos
experimentos
e
um
período
longo
(39
meses)
de
visitas
curtas
(aproximadamente
40
minutos
cada),
conforme
relata
Kagan
(1981).
Os
estudos
realizados
em
creches também prev
êem períodos de adaptação entre o experimentador e
os
participantes
para
garantir
que
os
bebês
acompanhem
o
experimentador
e
permaneçam
com
ele
sem
a
presença
de
um
adulto
familiar
(Boelens
et
al., 2000; Gil, O
liveira; Sousa, & F
aleiros, 2006).
C
S
:
B
C
E
E
1
15
U
ma
estratégia
que
nos
parece
apropriada,
mas
pouco
prov
ável
pela
diculdade
de
ter
a
exclusividade
do
professor
do
bebê
por
muito
tempo,
seria
a
de
organizar
a
situação
experimental
em
uma
sala
especial
em
escola
ou
em
cr
eche,
mantendo
o
professor
do
bebê
visualmente
acessível
na
situação
experimental.
Outra
possibilidade
seria
a
de
manter
o
aparato e
os
equipamentos
dispostos em
salas
de
atividades regulares da
criança.
A
solução
evitaria
longos
períodos
de
adaptação
pesquisadores/
bebê
e
eliminaria
a
intrusão
dos
pesquisadores
na
família
dos
participantes,
bem
como
a
interferência
de
múltiplas
variáveis
do
ambiente
familiar
no
desempenho
das
crianças.
Uma
alternativa
a
essa
pouco
prováv
el
disponibilidade
do
professor
é
programar
um
período
de
familiarização
dos
pesquisadores
com
os
bebês.
Extensa
literatura
indicou
que
crianças
pequenas
se
mantêm
serenas,
exploram
ambientes
desconhecidos
e
se
engajam
em
brincadeiras
quando
um
adulto
familiar
está
presente
e
disponível a atendê-las (Kagan, 1989).
A
permanência
do
bebê
no
ambiente
experimental
depende,
ainda,
do
quão
atraente
pode
ser
a
situação,
incluindo
aí
os
estímulos
disponíveis
e as
respostas
deles r
equeridas. A
necessidade
de
levar
em conta
características
do
repertório dos
sujeitos
e
o
que
constitui
o ambiente
dos
organismos
nas
decisões
da
pesquisa
experimental
faz
parte
de
antiga
e
sempre reno
vada discussão na Etologia (T
inbergen, 1972) e na Análise do
Comportamento.
Ao
propor
o
estudo
envolvendo
uma
população
de
bebês
com idade
entre
3 e
36 meses,
devemos
tratar de
problemas adicionais
que
podem ser ilustrados por uma visita hipotética ao bebê, a cada 3 meses.
O
QUE
FAZEM
OS
BEBÊS
?
Se
visitarmos
um
bebê
de
3
meses
e
depois
o
encontrarmos
aos
6,
aos
9,
aos
12
e
aos
18
meses,
defrontar-nos-emos
com
crianças
dramaticamente difer
entes. P
odemos facilmente
imaginá-lo balbuciando
e
sendo
levado
de
um
lugar
a
outro
por
um
adulto,
aos
6
meses;
engatinhando
e
balbuciando
as
primeiras
sílabas,
aos
9;
andando
e
falando
as
primeiras
palavras
aos
12
meses;
e
ágil
e
comunicativo
aos
18
meses,
se
compararmos
com os meses anteriores.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
1
16
Os
bebês
deslocam-se
de
forma
independente
e
têm
sua
autonomia
fortemente
incrementada
ao
andar
e
ao
engatinhar
.
As
possibilidades
de
explorar o ambiente pelo
deslocamento incluem o no
vo acesso aos objetos
que
o
engatinhar
oferece
e
que
o
caminhar
amplia
ao
liberar
as
mãos
dos
bebês.
Extensa
literatura
discutiu
os
ganhos
dos
hominídeos
na
passagem
ao
bipedalismo
(Armtrong,
S
tokoe,
&
Wilco
x,
1996;
Bruner
,
1965),
mas, aqui, nos
interessam os precursor
es deste ganho
na ontogênese e que
podem
ser
identicados
nos
bebês
que
apenas
engatinham.
As
mudanças
dramáticas
nos
bebês
e
no
ambiente
que
os
cerca,
com
a
aquisição
do
engatinhar
ou
do
andar
,
têm
exemplicado
o
salto
desenvolvimental
proporcionado
por
algumas
aquisições.
As
mudanças
no
repertório
dos
bebês com
impacto na
constituição do
seu ambiente
vêm sendo
discutidas
sob o título de
behavioral cusp
pelos propositores do conceito e por outros
autores (R
osales-Ruiz & Baer
, 1997;
T
ourinho & Car
valho, 2004).
Observando
um
bebê
que
progressivamente
especializa
o
seu
engatinhar
,
vericamos
que
há
uma
diferença
importante
entre
as
tentativas
iniciais
e
o
engatinhar
desenvolto
que
ocorre
entre
os
nove
e
dez
meses.
N
o
início,
o deslocamento
frequentemente produz pequenas
quedas, pela
diculdade
de
sustentar
o
tronco
longe
do
chão
ou
pela
diculdade
de
coordenar
movimentos
dos
membros
anteriores
e
posteriores.
N
as
tentativas
subsequentes,
o
bebê
pode
locomover-se,
deslizando
a
barriga
pelo
chão,
e,
nalmente,
se apoiar
nas
pernas
dobradas
e
em
uma
das mãos,
tendo
a
outra
mão
liberada
para
manusear
objetos.
Bebês
que
caminham
ou
que
engatinham
com
desenvoltura
podem
ter
acesso
a
objetos
quando
estes
estão
localizados
em
lugares
que
não os
ultrapassam
em
altura,
estando
eles
em pé ou de gatinhas.
Análises
detalhadas
da
impor
tante
transformação
do
ambiente
do bebê
a partir
do seu
deslocamento independente
foram realizadas com
objetivos
diferentes,
mas
chegaram
a
conclusões
convergentes.
T
emos
como
exemplos:
o
longo
estudo
sobre
o
desenvolvimento
da
motricidade
infantil,
realizado
por
Gesell
(1946/1998);
a
proposta
de
análise
dos
efeitos
do
desenvolvimento
motor
na
organização
psicológica
da
criança
pequena,
apresentada por Bertenthal e Campos
(1990); e a proposta formulada por
Rosales-R
uiz
e
Baer
(1997)
para
uma
abordagem
comportamental
do
desenvolvimento
.
C
S
:
B
C
E
E
1
17
Além da concor
dância dos autores sobr
e o impacto exer
cido pelo
incremento
da
motricidade
nos
primeiros
dois
anos,
os
autores
apontam
outros
aspectos
relevantes
deste
período
de
vida
para
se
conhecer
o
organismo
em
mudança.
P
or
exemplo,
as
propostas
de
análise
sistêmica
do
desenvolvimento
infantil
enfatizaram
a
multiplicidade
de
fatores
responsáveis
pelas
alterações
que
surgem
ao
longo
do
tempo
e
que
são
vinculados
à
maturação, tais
como:
as
habilidades
motoras
(Bertenthal
&
Campos,
1990;
Gesel,
1946/1998),
as
pressões
do
meio
(N
ovak,
1996;
Rosales-R
uiz
&
Baer
,
1997;
Schlinger
,
1995),
e
ambos
os
fatores
abordados
nos estudos sobre a percepção e a cognição dos bebês.
Da
década
de
1940
até
o
presente,
ganhamos
muito
no
conhecimento
das
competências
de um
bebê
ativo,
capaz
e
perfeitamente
adaptado
às
suas
necessidades
e
às
exigências
ambientais
em
cada
fase
do
desenvolvimento
(Bruner
,
1976;
Hainline,
1998;
Seidl-de-M
oura
&
Ribas,
2004;
Ro
vee-Collier
,
2000).
A
mudança
substantiva
na
metodologia
utilizada
nos
estudos
sobre
percepção
e
o
incremento
da
neurociência
(Lewkowicz,
2000; Kuhl,
2000) permitiram
que
se
conhecesse
melhor
“
o
bebê
”.
Entretanto,
essa
designação
genérica
representa
muitos
bebês
que
são
diferentes
em
cada
período
de
desenvolvimento,
mas
que
compartilham
uma característica
comum a
todos. Sejam
quais forem
suas peculiaridades,
são
organismos
funcionalmente adaptados,
no
sentido
biológico
do termo
.
P
ara
prosseguir
no
exame
do
que
fazem
os
bebês,
é
importante
considerar
que olhar
é
a atividade
predominante nos
primeiros três
meses
de
vida
(Rovee-Collier
,
2001). A
exploração
visual
é
acompanhada
de uma
progressiv
a ampliação da
exploração manual e cinestésica, que inclui
levar
à
boca
tudo
aquilo
que
pode
ser apr
eendido
com
as mãos.
Entre
os
seis e
os
dez
meses,
obser
vamos
que: a
percepção
intersensorial dos
bebês
ganha
em
renamento (Le
wkowicz, 1988b,
1992),
acompanhada de
incremento
na
exploração
tátil,
visual
e
cinestésica
dos
objetos
(Bruner
,
1973);
são
capazes
de
manter
um
objeto
em
uma
das
mãos
enquanto
pegam
objeto
semelhante
com
a
outra
mão
(Bruner
,
1973);
vacilam
diante
da
apresentação
simultânea
de brinquedos no
vos e velhos (Kagan,
1978), embora r
espondam a ambos
(Krojgaard,
2000);
desenvolvem
a
sensibilidade
à
inuência
da
gravidade
e
têm
habilidade
para
perceber
a
identidade
e
a
interpolação
de
limites
dos
objetos
(
J
ohnson,
1998);
respondem
corretamente
ao
deslocamento
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
1
18
de
objetos
e
deixam
de
cometer
os
erros
A-não-B
das
prov
as
piagetianas
de
permanência
do
objeto
(Bruner
,
1973;
Kagan,
1978).
N
este
mesmo
período,
os
bebês
se
mostram
sensíveis
à
sincronia
da
estimulação
visual
e
auditiva
(Le
wko
wicz,
1986,
1988a,
1988b,
1994)
e
começam
a
estabelecer relações de causalidade entr
e eventos (Cohen, Amsel, Redfor
d,
&
Casasola,
1998).
Algum
tempo
depois,
entre
os
11
e
os
18
meses,
os
bebês
são
capazes
de
armazenar
objetos
(Bruner
,
1973)
e
reagem
com
o
choro
a eventos
discrepantes.
T
anto o
aparecimento
repentino
do palhaço,
no
J
ack-in-the-Box,
como a
partida da
mãe em
ambientes pouco
familiares
são
seguidos
de
choro
(Kagan,
1978).
N
este
mesmo
período,
aumenta
o
tempo de
xação visual
quando eles
são confrontados
com transformações
não usuais
em máscaras
ou
quando são
colocados diante
de fotograas
de
faces às quais foram expostos anteriormente (Kagan, 1978).
B
EBÊS
CONTRIBUEM
PARA
A
INVESTIGAÇÃO
DA
AQUISIÇÃO
DO
COMPORTAMENTO
SIMBÓLICO
Diante
das
competências
dos
bebês
comprovadas
na
literatura,
é
importante
retomar
o
objetivo
deste
trabalho,
ou
seja,
analisar
a
possibilidade
de
criar
condições
para
a
apr
endizagem
relacional
e
investigar
a
emergência
de
novas
classes
de
estímulos
em
bebês
na
faixa
etária
dos
9
aos
18
meses. T
al
proposta
requer
a
seleção
de
estímulos
que
passem
a
exercer
a
função
de
estímulos
discriminativos
e/ou
de
estímulos
condicionais e,
ainda, identicar
e selecionar
estímulos refor
çadores.
Além
de
denir
as
condições
de
estímulo
que
serão
apresentadas
aos
bebês,
é
preciso
especicar uma
classe de
respostas
requerida
nos
procedimentos
de
discriminação simples e de emparelhamento com o modelo
.
Em
quê
esta
proposta
se
diferencia
daquelas
apresentadas
pelos
estudos
sobre
o
desenvolvimento,
seja
a
literatura
que
apresenta
as
características
dos
bebês
em
função
da
passagem
do
tempo
(meses,
anos...),
seja o expressivo conjunto de trabalhos sobr
e a aquisição da linguagem?
N
as
referências
sobre
a
identidade
do
bebê
que
pretendemos
estudar
,
a
literatura
destaca
e
dá
ênfase
ao
que
o
analista
do
comportamento
chamaria
de
“
topograa
da
resposta
”.
O
foco
dos
estudos
sobr
e
desenvolvimento
motor
está
nas
características do
engatinhar
,
nos
aspectos
C
S
:
B
C
E
E
1
19
do
andar
,
mesmo
quando
a
literatura
os
considera
em
uma
perspectiva
sistêmica
orientada
para
a
autonomia.
Ao
explorar
o
exemplo
da
autonomia
conferida
pelo
andar
em
relação
ao
engatinhar
,
e
por
este
em
relação
ao
deslocamento no colo
dos adultos, a análise
é dirigida para
a relação entre
as
respostas
que
produzem
deslocamento
e
as
inúmeras
possibilidades
de
nov
os
ambientes
proporcionadas
pelo
andar
,
sobre
os
dois
pés
e
com
as
mãos livres.
O exame
das aquisições
do bebê
não deixará
de considerar
os
aspectos
da
maturação,
mas
dará
igual
relevo
ao
fato
de
que
as
mudanças
nas
estruturas
biológicas
estão vinculadas
às
da
interação
entr
e
o
bebê em
crescimento (que
amadurece) e
o ambiente
no
qual ele
vive (Bijou,
1995;
Gewirtz & P
eláez-N
ogueras, 1996).
M
uitas
questões
podem
ser
derivadas
do
confronto
entre
as
exigências
da
pesquisa
sobre
emergência
do
compor
tamento
novo
e
a
pesquisa
envolvendo
bebês.
Dada
a
peculiaridade
dos
participantes,
uma
pergunta inicial
seria: por
que trabalhar com
sujeitos arr
edios às
condições
experimentais
e
com
tantas
alterações
de
repertório
em
um
curto
espaço
de tempo (dias, meses...)?
A
escolha
da
faixa
etária
está
relacionada
às
habilidades
do
bebê
mais
do
que
à
idade
propriamente
dita.
Importa
que,
guardadas
as
diferenças
individuais,
a
partir
dos
nove
meses
o
bebê
é
capaz
de
locomoção
auto
produzida (Bertenthal, Campos,
& Kermoian, 1994); localiza
e manuseia
dois
ou
mais
objetos
(Bruner
,
1973);
apresenta
marcada
preferência
por
objetos
novos
e
diferentes
daqueles
com
os
quais
convive;
e
responde
à
sincronia de estímulos auditivos e visuais (Gogate & B
ahrick, 2001).
Além
disso,
parece
impor
tante
obter
dados
que
contribuam
para
a
compreensão
dos
eventos
implicados
na
aquisição
e
domínio
do
comportamento
verbal
pelo
bebê
e
pela
criança
que
ele
será.
Pr
ecisamos
aprofundar
o
conhecimento
sobre
as
condições
nas
quais
são
adquiridos
os
primeiros
compor
tamentos
verbais
dos
bebês,
e
as
relações
entre
a
aprendizagem
relacional
e
a
emergência
de
relações
especícas
entre
estímulos
que
os
tornam
membros
de
classes
de
estímulos
equivalentes.
A
investigação
empírica
continua
sendo
o
marco
para
orientar
o
debate
sobre
o
papel
da
fala
(“
nomear”
de
acordo
com
Sidman,1994,
ou
na
perspectiva
de
H
orne
&
Lowe,
1996).
N
este
domínio,
há
diculdade
em
sustentar empiricamente as interpretações sobre a relação nomear/emergir
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
120
no
comportamento
nov
o,
seja
pelo
modelo
da
equivalência
de
estímulos,
seja pelos demais modelos que vêm sendo propostos.
Em relação ao modelo
da equivalência de
estímulos, nos estudos
realizados
com
organismos
não
humanos
ainda
há
escassez
de
dados
(Schusterman
&
Kastak,
1993;
para
uma
revisão
dos
estudos
com
primatas,
ver
Cerutti
&
Rumbaugh,
1993).
Nas
pesquisas
com
par
ticipantes
humanos
cujo
desenvolvimento
da
linguagem
é
restrito
também
são
poucas
ou
questionáveis
as
armações
sobre
o
papel
da
linguagem
(Carr
,
Wilkinson,
Blackman,
&
M
cIlvane,
2000;
Devany
,
Hayes,
&
Nelson,
1986; para
revisão da polêmica
sobre o papel
da linguagem,
ver Horne &
Lowe,
1996, e
os comentários
correspondentes, bem
como Sidman,
1994,
2000).
Os
bebês
são,
portanto,
uma
população
especialmente
desaadora
e
potencialmente
apropriada
para
elucidar
o
estatuto
do
repertórios
verbais
nos
modelos
explicativos
da
aquisição
do
comportamento
novo,
pois
há
poucos
indícios
que
permitem
decidir
se
nomear
é
um
requisito
indispensável
para
a
equivalência
de
estímulos
ou
se
a
equivalência
é
um
fenômeno
que
dá
as bases para
o comportamento verbal,
independentemente da nomeação.
A característica
que torna
a população
de bebês
apropriada para
o estudo
é
o
fato de
apresentar
uma
linguagem, ou
seja, o
comportamento
de
ouvinte
e
de
falante
ainda
incipiente,
e,
por
analogia,
apresentar
a
capacidade
simbólica
igualmente
incipiente
se
comparada
com
a
competência
de
jov
ens e adultos falantes e ouvintes em uma comunidade.
Entre
os
9
e
os
18
meses,
os
bebês
não
estão
plenamente
capacitados
para
a
produção
da
fala;
porém,
usando
os
gestos,
são
bem
sucedidos
ao
se
comunicarem
com
adultos
ou
mesmos
com
os
pares
de
idade.
As
habilidades
comunicativas
antes
da
fala
indicam que,
para
avaliar
o
nível
de
desenvolvimento
da
função
simbólica,
não
bastaria
avaliar
o
estágio
de
desenvolvimento
da
linguagem
falada,
mas
seria
necessário
considerar todas as possibilidades
de repr
esentação à disposição dos
bebês.
A
habilidade
comunicativa
sem
o
uso
da
fala
coincide
com
uma
das formulações sobre uma
característica do comportamento verbal, que é
a de não
se restringir
às emissões v
ocais e abranger também
os gestos entre
outras formas
de comunicação. A característica
básica do
comportamento
C
S
:
B
C
E
E
121
verbal seria
a possibilidade de
alterar o ambiente por
intermédio do outr
o.
Bastaria
olhar
um
bebê
estendendo
a
mão
em
direção
a
um
objeto
fora
do
seu
alcance,
obser
var
o
adulto
pegando
o
objeto
e
entregando-o
ao
bebê,
para
compreender
a
função
comunicativa
do
gesto.
M
uitos
outros
signicados podem
ser
atribuídos ao
estender a
mão em
direção a
alguma
coisa,
em
diferentes
circunstâncias.
A
multiplicidade
de
signicados
que
o
gesto
de
“
apontar”
recebe
ao
longo
do
desenvolvimento
infantil
reforça
a
ideia
de
que
signicados
são
especicados
pelo
fato
de
serem
compartilhados pelo emissor e pela audiência (Skinner
, 1957).
A
importância
e
o
papel
do
gesto
receberam
diferentes
tratamentos
de
diversos
autores
no
estudo
do
desenvolvimento
humano.
Apesar
das
diferenças
teóricas,
o
gesto
tem
sido
um
elemento
impor
tante
para
a
análise
do
desenvolvimento
da
função
simbólica
e
tem
sido
considerado
um
dos
precursores
ou
correlatos
da
linguagem
(Bruner
,
1983;
Kagan,
1981;
Piaget,
1975; P
iaget
& I
nhelder
, 1969;
T
omasello, 1999;
V
ygotsky
,
1978).
E encontramos
também uma
defesa do papel
da logênese segundo a
qual
gestos
e
linguagem
compar
tilham
o
status
simbólico
por
similaridade
de
origem
logenética
e
de
função
comunicativa
(Armtrong,
Stokoe,
&
Wilcox, 1996).
N
a
pesquisa
experimental
sobre
os
precursores
do
comportamento
simbólico,
de
um
lado
interessa
que
os
bebês
não
tenham
domínio
pleno
da
linguagem,
mas,
em
contrapar
tida,
é
importante
que
eles
sejam
minimamente
capazes
de
estabelecer
relações
arbitrárias,
uma
das
características dos
signos, sinais e
representações em
geral. Inter
essam-nos,
sobretudo,
os
gestos
por
seus
aspectos
comunicativos
e,
portanto,
pelo
potencial
simbólico
que
carreiam.
O
fato
de
que
bebês
estão
capacitados
a
se
comunicar
pelos gestos
indica
que, de
algum
modo, partilham
signicados
com
o outro
que
reage a
ele,
permitindo armar
que
a
denominada
função
simbólica está em exercício
.
Sintetizando
a
atratividade
de
se
estudar
os
bebês
entre
9
e
18
meses,
há
a
constatação
do
precário
equilíbrio
entre
“
nem
tanto
”
(a
fala
competente)
e
“
nem
tão
pouco
”
(a
comunicação
r
udimentar)
parece
presente
no
repertório dos
bebês, entr
e 9
e 18
meses, que
favorece
o estudo
da emergência
das novas relações entre estímulos.
O maior controle
sobre
a
história
dos
sujeitos,
neste caso,
é
um
ganho
adicional.
Especicamente
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
122
do ponto
de vista
da pesquisa
experimental com
bebês, o
apontar
,
o tocar
ou
o
pegar
um
objeto
são
respostas
de
um
repertório
comportamental
que
é
requisito
para
o
planejamento
dos
experimentos.
A
possibilidade
comunicativa
do
gesto
foi
examinada
em
um
cuidadoso
estudo
realizado
por
P
etitto e
Mar
entette (1991),
no qual
obser
varam
a produção
vocal, gestual
e
de
atividades
manuais
de
bebês.
O
trabalho
teve
por
objetivo
comparar
o
repertório
vocal
e
manual
de
bebês
surdos
(dois)
e
ouvintes
(três),
com
idades
variando
entre
sete
e
dez
meses,
em
relação
ao
que
elas
denominaram
de
“balbucio manual”. Com
base
nos videoteipes
produzidos
em situação
experimental
e
natural,
as
autoras
deniram
dois
tipos
de
desempenhos:
o
balbucio
manual
silábico
e
os
gestos.
O
balbucio
manual
silábico
foi
desmembrado
em
três
categorias:
atividade
manual
usada
referencialmente,
isto
é,
a
atividade
manual que
está
relacionada
diretamente a
um r
eferente;
atividade manual usada comunicativamente, ou seja,
produzida com clara
intenção comunicativa; e atividade manual com signicado convencional,
como o
sinal de
colocar o
dedo indicador sobr
e os lábios
ao mesmo
tempo
em que produz o som “
ssshhh
”. A categoria de gestos
incluiu mo
vimentos
de
erguer os
braços
para ganhar
colo,
levar um
objeto
vazio à
boca, como
se
bebesse
algo,
e
outros. Os
bebês
surdos e
ouvintes
produziram
gestos
e
balbucios
manuais.
Os
gestos
foram
equilibradamente
distribuídos
entre
bebês
surdos
(média
=
111
emissões)
e
ouvintes
(média
=
138
emissões).
A
distribuição
do
balbucio
silábico
manual
foi
bastante
diferente
para
crianças
surdas
(média
=
95
emissões)
e
crianças
ouvintes
(média
=
8
emissões). Em
relação às emissões
vocais, as crianças
ouvintes produziram
“balbucios sem sentido (linguístico), em sequências que soam como frases
…” (P
etitto & Marentette, 1991, p
. 1494).
Alé
m
das
qu
est
ões sobr
e
a prop
ri
eda
de da esco
lha
da
po
pul
ação
a
ser
estu
dada,
outr
o
co
nju
nto
de perg
unt
as
es
tá rel
acio
nad
o às
c
ond
içõ
es
de
est
ímul
os
re
lev
ante
s
par
a
os
dife
re
ntes
beb
ês
na
faix
a
de
idad
e
sel
eci
ona
da.
N
ov
amen
te,
tra
tam
os
aqui
das
rel
açõ
es
ent
re
estr
utu
ra
e
funç
ão
(Cat
ani
a,
197
3).
U
m
asp
ect
o
da
se
le
ção
dos
be
bês
está
no
re
pertó
rio
que
el
es
apr
ese
nt
am,
ou
sej
a,
as
cla
ss
es d
e re
spo
stas
que
fa
ze
m a
in
ter
açã
o des
te
org
ani
smo c
om
o
mei
o.
O
nosso
ob
jet
ivo
re
que
r
mais
do
que
o
conhe
cime
nto
das
car
ac
ter
íst
icas
das
re
spo
stas
(est
rutur
a)
e
dir
ige
a
aná
li
se
para
a
des
criçã
o
das
rel
aç
ões
fun
cion
ais
entr
e
as
aç
ões
do
bebê
e
o
seu
ambie
nte.
U
ma
descr
ição
que
C
S
:
B
C
E
E
123
per
mite
iden
ti
car
as
cont
ing
ência
s
que
prod
uzi
ram
o
repe
rtóri
o
pr
es
ent
e
ou
que
pod
erã
o pr
odu
zir
out
ras
clas
ses
de
re
spost
a.
U
ma
discussão
de
Gewir
tz
e
P
elaez-Nogueras
(1996)
sobre
a
direção
das
mudanças
no
desenvolvimento
pode
ilustrar
o
desao
com
o
qual
o
analista
do
compor
tamento
se
depara
ao
propor
uma
análise
comportamental
da
aquisição
dos
precursores
da
linguagem.
Os
autores
ressaltam
que
o
desenvolvimento
pode
acontecer
do
“
complexo
”
para
o
“
simples
”,
ao
contrário
do
que
geralmente
supõe
a
literatura
sobre
desenvolvimento
.
P
or
exemplo,
quando
as
classes
de
resposta
dos
bebês
ganham
em
eciência
ao
serem
controladas
por
aspectos
cada
vez
menos
numerosos
e
mais
simples
dos
estímulos.
No
caso
do
nosso
chamado
“
o
bebê
”
que se desloca no espaço, aponta e manuseia objetos com ambas
ou
uma
das
mãos,
procura
os
objetos
que
saíram
do
seu
campo
visual
e
faz
muito mais, a questão
está em identicar quais
os estímulos ou dimensões
dos
estímulos
que
controlam
as
respostas
obser
vadas.
P
ara
o
nosso
propósito
de formular
um procedimento
experimental para
o estudo
dos precursor
es
do
compor
tamento
verbal,
perguntamos:
qual
será
o
equivalente
aos
discos
com
cores
apresentados
aos
pombos
nos
estudos
sobre
controle
de
estímulos
(F
arthing
&
Opuda,
1974;
T
errace,
1966)?
Qual
a
resposta
típica
do bebê,
uma classe de
respostas potencialmente equivalente
ao pressionar
a barra pelo rato (S
kinner
, 1938)? Quais os estímulos r
eforçadores ecazes
para
esta
população?
N
a
investigação
de
características
dos
bebês,
qual
será
o
“bom
estímulo
”,
o
“
contexto
adequado
”,
a
“
resposta
apropriada
”?
Ou,
melhor
dizendo,
que
características
das
classes
de
estímulo
e
classes
de
respostas
selecionadas
podem
produzir
relações
mais
efetivas
e
ecazes
entre
estímulo
antecedentes
–
classes
de
resposta
e
estímulos
reforçador
es
para a aprendizagem de relações condicionais por bebês?
O
S
ELEMENTOS
DA
CONTINGÊNCIA
EXPERIMENTAL
Os
Estímulos-
Os
estudos
sobre
equivalência
de
estímulo
têm
proporcionado
signicativa
experiência
em
relação
às
alterações
que
podem
ser ocasionadas
por mudanças
nos estímulos
propostos para
se estabelecer
suas
funções
discriminativas.
Mantendo-nos
no
limite
dos
estudos
sobre
equivalência,
é
possível
vericar
que
algumas
pesquisas
empregaram
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
124
cadernos
nos
quais
os
estímulos
relevantes
estavam
impressos
(
J.
C.
de
Rose, de Souza, Rossito, &
de Rose, 1989;
1992). Outras utilizaram
uma
máquina
de
ensinar
modicada
na
qual
os
estímulos
eram
apresentados
em
janelas
com
3,86
cm
de
diâmetro
(Zygmont,
Lazar
,
Dube,
&
McIlv
ane,
1992).
Atualmente,
o
locus
dos
estímulos
sob
análise
é
predominantemente
a
tela
de
monitores
(Carr
et
al.,
2000;
Serna,
Wilkinson,
&
McIlv
ane
1998).
A
mudança
espacial
de
disposição
dos
estímulos
nas
posições
horizontal
(caderno
apoiado
em
um
supor
te
inclinado)
e
vertical
(tela
do
monitor)
não parece ter afetado o controle discriminativ
o
.
A
análise
de
outros
parâmetros
na
denição
dos
estímulos
controladores
aparece
na
proposta
denominada
T
opograa
do
Controle
de
Estímulos
(
T
CS)
(M
cIlvane
&
Dube,
1992;
McI
lvane,
Serna,
Dube,
&
Stromer
,
2000).
Na
elaboração
da
proposta
TCS
são
retomados
dois
aspectos
relevantes
da
pesquisa
sobre
controle
de
estímulos:
a
sugestão
de
Ray
(1969),
sobre
a
possibilidade
de
se
considerar
cada
nova
função
discriminativa
uma nova topograa
de
controle
de estímulo,
e
o
alerta
de
Sidman
(2000), sobre
a busca rigor
osa da denição
dos mesmos estímulos
controladores,
pelo experimentador
e
pelo sujeito
. E
xperimentos
nos quais
alterações
aparentemente
pouco
r
elevantes
nas
condições
de
estímulos
produziram
modicações
acentuadas
nos
desempenhos
de
macacos
foram
relatados
por
Iwai,
Y
aginuma
e
Mishkin
(1986).
Procedimentos
para
estabelecer
aprendizagem
de
discriminação
de
Macaca
mulatta
ou
M.
fuscata
produziram
diferentes
resultados
a
despeito
da
similaridade
de
aparatos,
procedimentos
e
conguração
dos
estímulos.
No
estudo
realizado
pelos autores,
223
macacos
foram
testados
(WGT
A)
em
relação
a
pequenas
alterações
no
tamanho
dos
estímulos
e/ou
do
fundo
sobre
o
qual
eram
apresentados.
Ao
aumentarem
ou
diminuírem
o
tamanho
dos
estímulos
discriminativos
e
os
fundos
correspondentes,
os
autores
alteraram
a
dimensão
relativa
à
separação
entre
estímulo
antecedente
e
resposta,
obtendo
resultados
indicativos
de
que
o
desempenho
diferiu
de
acordo
com
as
mudanças
na
conguração
dos
estímulos.
Resultados
similares
foram
encontrados
para
a população
de indivíduos
com
o
repertório
severamente
comprometido, como no
caso da chamada
superseletividade de estímulos.
Os resultados obtidos nas pesquisas realizadas com jovens com deciência
intelectual
acentuada
têm
revelado
que
nem
sempre
o
compor
tamento
C
S
:
B
C
E
E
125
está
sob
o
controle
da
dimensão
de
estímulo
que
o
pesquisador
designou
relevante (D
ube & M
cIlvane, 1997a, 1997b; M
cIlvane et al., 2000).
É
possível
dizer
que
há
uma
sólida
experiência
acumulada
em
relação
ao
que
poderia
ser
denido
como
o
“bom
”
estímulo.
Os
desaos
presentes
na
denição
de
respostas
e
de
estímulos
apropriados,
nas
situações
experimentais
e
na
aplicação
dos
princípios
da
Análise
do
Compor
tamento
às
situações
práticas
foram
retomados
por
Stoddar
d
e
M
cIlvane
(1986)
e
M
cIlvane
(1992).
Os
autores
chamam
a
atenção
para
as
diculdades
de
denir
estímulos
e
respostas,
mas,
apesar
destas,
parece
interessante
avançar
na
direção
de
buscarmos,
concomitantemente,
estímulos
e
respostas
potencialmente
ecientes
e
ecazes
para
o
estabelecimento
de
controle experimental na pesquisa com bebês.
A
literatura
sobre
aquisição
de
discriminação
por
macacos
é
um
importante
exemplo
da transição
do
investimento
na
denição
do
“bom
”
estímulo experimental
para a
análise das relações
de controle de
estímulos.
O
trabalho
de
I
wai
et
al.
(1986)
sugere
que
a
condição
mais
propicia
à
aprendizagem
de
discriminações
por
primatas
é
aquela
na
qual
o
sujeito
toca
os
estímulos
estudados.
A
r
elação
estímulo
antecedente/resposta,
neste
caso, garantiria
obser
vação
do estímulo
aumentando a
probabilidade
de aprendizagem das relações entr
e estímulos.
O
conhecimento
mais
renado
sobre
as
condições que
propiciam
aprendizagem
de
discriminação
permite
que
analisemos
outros
aspectos
das
funções
discriminativas
dos
estímulos.
Se
a
relação
entre
a
localização
do
estímulo
e
as
características
da
resposta
produziu
resultados
satisfatórios
no
estudo
citado,
em
um
dos
trabalhos
de
Sidman
et
al.
(1982),
a
transposição
de
estímulos
compostos
por
linhas
e
cores,
inspirado
nos
procedimentos
realizados
com pombos,
para experimentos
realizados
com macacos
rhesus
,
babuínos
e
crianças,
resultou
em
um
desempenho
em
torno
de
50%
de
acertos
nos
testes
de
simetria
realizados
com
os
macacos
rhesus
e
os
babuínos. Quatro das
seis crianças testadas,
em procedimento semelhante
ao
empregado
com
os
macacos,
obtiveram
acer
tos
em
torno
de
80%
nos
testes
de
simetria.
Na
discussão
dos
resultados,
os
autores
questionaram,
entre
outros
aspectos,
a
congr
uência
entre
a
dimensão
de
estímulo
denida
pelo
experimentador
e aquela
que
controla
o
compor
tamento
do sujeito
.
A
congruência
das
denições
poderia
requerer
o
respeito
às
especicidades
da
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
126
espécie,
permitindo supor
que haveria
outro grau
de acurácia
nas respostas
dos
macacos
se
os
procedimentos
tivessem
empregado
odores
ou
ruídos
relacionados
à
espécie,
ao
invés
de
linhas
e
cores.
O
estudo
com
pombos
é
mais
um
exemplo
da
necessidade
de
considerar
as
particularidades
das
espécies
na
denição
das
condições
experimentais
pela
impor
tância
da
denição de
estímulos apropriados para
o estudo
da equivalência (Zental,
1996).
Em
uma
revisão
da
literatura
sobre
o
substrato
neural
do
comportamento de escolha, Platt (2002) relatou um estudo com primatas
que
conrma
o
destaque
dado
à
seleção
das
condições
de
estimulação
apropriadas
para
a
espécie.
U
m
grupo
de
macacos
foi
obser
vado
em
seu
habitat
e nele
foram
introduzidos
os
sons produzidos
pelo
lhote
de uma
das
macacas
do
grupo (sons
previamente
gravados). Os
resultados
indicam
que
a
macaca
despendeu mais
tempo observando
o
local
onde foi
colocado
o
alto
falante
que
emitia
os
sons
do
seu
bebê
do
que
obser
vando
outro
membro do grupo presente.
Há
ainda
mais
uma
relação
possível
entre
estímulos
e
resposta
apresentada
no
estudo
r
ealizado
por
McI
lvane
e
Stoddar
d,
em
1981.
U
m
indivíduo
severamente
retar
dado
foi
ensinado,
pelo
procedimento
de
pareamento
com
o
modelo,
a
estabelecer
relações
entre
uma
palavra
falada e um alimento ou bebida. O
procedimento geral utilizado consistia
em
apresentar
concomitantemente
uma
palavra
falada
e
dois
alimentos
colocados em
compartimentos separados. Dada
a apr
esentação da palavra,
o
sujeito
deveria
selecionar
um
dos
alimentos
tocando
a
por
ta
do
respectivo
compartimento.
Se
a
resposta
de
seleção
fosse
considerada
correta,
o
sujeito
abria
a
porta,
pegava
o
alimento
e
o
comia.
Havia,
assim,
estreita
relação
entre o
estímulo
de comparação,
a
resposta e
o
estímulo reforçador
.
Cada
alimento
ou bebida
era o
elemento com
o qual
a
reposta
se completav
a.
Os
mesmos “
objetos
” ex
erciam o
duplo papel
de
estímulo de
comparação e
de
estímulo
reforçador
.
É
interessante
observar
que
alguns
dos
erros
iniciais
do
sujeito
ocorreram
em relação
aos alimentos
que lhe
eram pouco
familiares,
ou
seja,
que
ele
nunca
havia
comido
ou
tomado.
Após
a
consumação
destes
alimentos
na
situação
experimental,
decorrente
de
um
procedimento
complementar
para
evitar
erros,
as
respostas
tornaram-se
acuradas
e
ocorreu
aprendizagem consistente das discriminações condicionais.
C
S
:
B
C
E
E
127
Os
trabalhos
sobre
desenvolvimento
perceptual
dos
bebês
humanos
constituem
outra
fonte
de
informações
sobre
as
variáveis
selecionadas
para
estudo
e
sobre
as
estratégias
de
mensuração
adotadas.
N
o
caminho
da
investigação
da
competência
dos
bebês,
os
estudos
sobre
percepção
geraram
muita
informação
e
uma
proporcional
polêmica
quanto
à
validade
dos
dados
obtidos
(
J
ohnson,
1998;
Ro
vee-Colier
,
2001).
U
m grau razoável de organização visual, de desenvolvimento
de memória,
de
preferências
visuais,
de
reconhecimento
da
face
e
da
voz
humana
foi
identicado
com
base
em
pressupostos
de
que
bebês
preferem
a
novidade
e
em medidas
do tempo
de
xação visual
e da
taxa de
batimentos cardíacos
que
diferiria
para estímulos
familiares
ao
bebê e
para
estímulos
ainda
não
apresentados
(Br
emner
,
1997;
Slater
,
1997).
Os
resultados
obtidos
indicam
que
o
bebê
identica:
a forma
de
objetos
semi-aparentes;
a
identidade
do
objeto;
a
sensibilidade
à
gravidade;
e
a
relação
de
suporte
entre
objetos,
quando
volta
sua
face
mais
ou
menos
tempo
para
estímulos
grácos,
ou
seja,
para
a
apresentação
de
dois
desenhos
diferentes
(ver
estudos
realizados
por
Baillargeon
&
Hanko-S
ummers,
1990;
Craton,
1996;
Kellman
&
S
pelke, 1983; Kim & S
pelke, 1992, respectivamente).
As
possibilidades
de
identicar
dimensões
de
estímulo
controladoras
do
desempenho
de
sujeitos
humanos
nos
têm
sido
apresentadas
pelos
trabalhos
sobre
controle
de
estímulos.
A
associação
entre
o
procedimento
de
emparelhamento
com
o
modelo
e
o
emprego
do
equipamento
ISCAN
permite
o
registro
renado
de
respostas
visuais
em
relação
a
aspectos
dos
estímulos
exibidos
para
os
sujeitos.
Em
um
procedimento
de
emparelhamento
com
o
modelo
empregam-se:
a
tela
de
um
monitor
sensível
ao
toque
para
a
apresentação
dos
estímulos,
o
registro
das
respostas
e
a
apresentação
de
alguns
estímulos
reforçadores
condicionados.
Neste
procedimento,
diante
da
apresentação
do
estímulo
modelo,
o
sujeito
deve
tocá-lo
(resposta
de
observação
–
Dinsmoor
,
1995).
O
toque
sobre
a
tela
do
monitor
,
no
espaço
correspondente
ao
estímulo
modelo,
resulta
em
apresentação
dos
estímulos
comparação.
O
toque
sobr
e
a tela
no
espaço do
estímulo
de comparação,
designado
S+, é
seguido
de
estímulos
associados
ao
reforçamento
da
resposta
considerada
correta.
Sentado
diante
da
tela
do
monitor
,
o
sujeito
veste
um
boné
que
serve
de
sustentação
para
um
jogo
de
câmeras
e
espelhos.
O
aparato
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
128
permite
a
videogravação
da
imagem
que
se
desloca
sobre
o
monitor
e
que
corresponde
aos
movimentos
da
pupila
do
sujeito
na
inspeção
dos
estímulos
(Dube
et
al.,
1999;
Dube
&
McIlvane,
1997a).
O
exame
quadro a
quadro do
videoteipe e o
tratamento digitalizado da informação,
realizado
por
meio
de
um
sistema
de
categorias,
permitem
recuperar
a
relação
direção
do
olhar
,
resposta
de
seleção
do
estímulo
de
comparação
e
r
eforçamento.
P
rocedimento
e
aparato
incrementam
a
acurácia
da
apreensão
do
dado
e
da
interpretação
das
funções
discriminativas
dos
estímulos.
Os
estudos
recentes
que
empregaram
o
rastreamento
do
olhar
(
eyetr
acking
)
exemplicam
o
aumento
da
precisão
no
registro
da
direção
do
olhar para inferir as respostas de observação e a relação estímulo/resposta.
N
a
Análise
do
Comportamento,
entretanto,
toda
essa
experiência
que se consolidou a respeito dos organismos infra-humanos, primatas não
humanos
e
humanos
adultos,
adolescentes
e
crianças
maiores
de
3
anos,
ainda está sendo elaborada em relação à população de bebês com idade de
até 24 meses.
N
os
estudos
realizados
com
bebês,
foram
utilizados
diferentes
objetos
com
a
função
de
estímulo
discriminativo
ou
condicional,
e
confeccionados
bichinhos
que
poderiam
ser
agarrados
com
uma
única
mão
ou
com
as
duas
mãos.
Eram
coloridos,
macios
e
organizados
de
maneira
a
produzir
movimentos,
sons,
e
podiam
ser
manuseados
livremente
pelos
participantes
(Gil
&
Oliveira,
2003;
Gil,
Oliveira,
&
McIlv
ane,
2011).
Brinquedos
industrializados
com
características
similares
de
manuseio,
variedade
de
cores,
maciez
e
produção
de
ruído
ou
música
foram
utilizados
também com sucesso (Gil et al., 2006; O
liveira & Gil, 2008).
Em
parte
dos
estudos,
os
objetos
exerceram
a
dupla
função
de
estímulos
discriminativos,
quando
expostos
nos
aparatos,
e
de
estímulos
reforçador
es,
quando
alcançados
pelos
bebês
que
brincavam
com
os
bichinhos.
A
dupla
função
dos
objetos
atendia
à
replicação
do
procedimento de McI
lvane e Stoddart (1981) e foi eciente para o
ensino
de
discriminação
simples,
reversão
da
discriminação
e
par
eamento
de
identidade
(Gil &
Oliv
eira,
2003; Gil
et
al., 2006;
Oliveira &
Gil, 2008;
Gil, O
liveira et al., 2011).
C
S
:
B
C
E
E
129
As
Respostas
-
Do
ponto
de
vista
da
denição
da
“
melhor
resposta
”,
perguntamo-nos se haverá respostas “
naturalmente” comuns ao repertório
de
bebês
de
diferentes
idades
que
possam
ser
denidas
na
qualidade
de
“
resposta
tipo
”,
tal
como
aconteceu com
a pr
essão
à barra
do rato
(Skinner
,
1938),
com
a
bicada do
pombo
(F
erster
&
Skinner
,
1957) ou
com
toque
em uma tela de computador pelos primatas (I
wai et al., 1986).
P
or
muito
tempo,
neonatos
e
bebês
foram
considerados
incompetentes
não
apenas
pela
inadequada
comparação
com
crianças
mais velhas ou com adultos (Bruner
, 1976), mas também pela diculdade
em
manejar
e
registrar
variáveis dependentes
com
a
tecnologia
disponível
na
época.
O
avanço
tecnológico
e
a
intensa
e
extensa
pesquisa
descritiva
impulsionada
pelos
estudos
etológicos
sobre
a
infância
apresentaram
um
bebê
ativo
e
capaz,
com
um
repertório
compor
tamental
perfeitamente
adaptado
ao
estágio
de
desenvolvimento
no
qual
se
encontrava,
em
diferentes
períodos
dos
seus
primeiros
24
meses
de
vida
(Seidl-de-M
oura
&
Ribas,
2004;
Ro
vee-Collier
,
2000).
No
caso
da
P
sicologia
do
Desenvolvimento,
podemos r
ecuperar o
papel da
obser
vação
das
crianças, nos
seus ambientes
cotidianos,
se
considerarmos
as
três
teorias
síntese
personalizadas
por
Bowlby
,
Piaget e Vigotsky
.
A obser
vação dos
comportamentos
infantis no
dia
a dia
constituiu
a base
das
formulações
teóricas correspondentes
e
das
correntes
de
pensamento
e
de
pesquisas
que
elas
geraram
(Bowlby
,
1969;
Piaget,
1964;
Vigotsky
,
1978).
O
que
a
criança
faz
e
como
o
faz
foi
o
ponto de
partida para
muitas das decisões
da pesquisa sistematizada
sobre
o comportamento da criança, realizada no laboratório ou no campo.
Estudos
que
utilizaram
princípios
desenv
olvidos
pela
Análise
do
Comportamento
também
nos
forneceram
exemplos
de
respostas-alvo
“
adequadas
”,
presentes
no
repertório
dos
bebês
e
que
atendem
às
exigências
experimentais.
Em
pesquisa
realizada
sobre
o
comportamento
exploratório
de bebês de quatro meses,
Roo
ve-Collier e Capatides (1979) selecionaram
o
movimento
das
pernas
do
bebê
para
produzir
a
alteração
desejada
no
ambiente.
Os
autores
amarraram
uma
das
pontas
de
uma
ta
no
tornozelo
e
a
outra
ponta
em
um
móbile
que
cava
acima
do
rosto
de
um
bebê
deitado
de costas. Os
chutes do bebê
moviam o
brinquedo, que produzia
ruído de
sinos.
A
resposta
de
chutar
aumentou
rapidamente
de
frequência.
O
mesmo
procedimento
foi
empregado
para
estudar
o
contraste
comportamental,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
130
utilizando
esquemas
de
reforçamento
múltiplo
e
conjugado,
com
bebês
de
três
meses
(C.K.
Roo
ve
&
Roo
ve,
1969).
Estudos
com
a
participação
de
neonatos
selecionaram
variáveis
dependentes
mensuráveis
dentre
as
respostas
disponíveis
no
repertório
deste
período,
como,
por
exemplo,
os
movimentos
de
sucção
e
as
taxas
de
batimentos
cardíacos.
Em
1969,
Siqueland
e
DeLucia
analisaram
o
controle
exercido
pelo
bebê sobr
e
o tipo
de
slide
apresentado em função da amplitude dos mo
vimentos de sucção.
A
direção
do
olhar
tem
sido
a
variável
dependente
privilegiada
nos
estudos
sobre
o
desenvolvimento
da
percepção.
É
possível
considerar
que
o av
anço tecnológico
da N
eurociência e
da F
isiologia permitirá
renar
a
seleção
da
variável
independente
e
de
sua
medida
nestes
estudos.
P
or
exemplo,
os
trabalhos
de
Khul
(2000)
indicaram
que
ondas
cerebrais
sofrem
alterações
r
egulares
diante
da
apresentação de
estímulos
familiares
e
de
estímulos desconhecidos.
As
ondas
cerebrais tomadas
como
variáveis
dependentes
aumentaram
a
possibilidade
da
mensuração
acurada
dos
fenômenos
perceptuais,
dado
o
desenvolvimento
da
tecnologia
empregada.
Da
mesma forma,
o uso
dos equipamentos
de registr
o da
direção do
olhar
,
mais
precisos
do
que
a
obser
vação
a
olho
nu,
permitiu
o
renamento
da
relação entre a r
esposta e a medida da relação estímulo/resposta no estudo
da percepção de bebês.
É
impor
tante
retomar
a
análise
dos
estudos
de
equivalência
em
relação
à
topograa
de
repostas
requerida
nos
procedimentos
que
incluíam
o
pareamento
com
o
modelo.
Em
alguns
estudos,
o
teclado
do
computador
deveria
ser
manejado
de
modo
que
o
participante
localizaria
o
estímulo
relevante
clicando
as
teclas
de
rolagem
para
cima,
para
baixo
e
para
os
lados.
Outros
estudos
empregaram
o
mouse
:
o
sujeito
deveria
mov
ê-lo
sobre
a
mesa
de
modo
a
guiar
a
echa
na
tela
do
computador
até
o
estímulo
previamente denido
como
relevante.
N
os
estudos mais
recentes,
os
participantes
tocam
a
tela
sensível
de
um
monitor
(Costa,
McIlv
ane,
Wilkinson,
&
de
Souza,
2001;
Serna
et
al.,
1998).
Há,
ainda,
um
conjunto
de
estudos
que
requeria
que
os
par
ticipantes
falassem
diante
de
palavras
impressas
em testes
de leitura generalizada
(de R
ose et
al., 1989). Algumas
replicações
utilizando
as
diferentes
topograas
de
respostas
foram
realizadas
visando
identicar
discr
epâncias
de
resultados
supostamente
devidas
à
topograa
de
respostas
empregada.
N
o
trabalho
de
McI
lvane
e
Stoddard
C
S
:
B
C
E
E
131
(1981),
descrito
anteriormente,
o
sujeito
deveria
manejar
uma
de
oito
chaves
de
resposta
de
uma
máquina
de
ensinar
em
diferentes
fases
do
procedimento
. Dev
eria, ainda,
inserir uma
cha em
uma fenda
de modo a
acionar
o
aparato que
dispunha
os
estímulos
a
serem selecionados;
diante
dos
estímulos,
deveria
segurar
a
porta
do
compartimento
correspondente
a um
de dois
estímulos comparação
. Segurar
a porta corr
espondente ao S+
era seguido
pelo destrancar
a porta. D
iante da
porta destrancada, o
sujeito
podia
alcançar
a
bebida
ou
o
alimento
disponível.
Do
mesmo
modo
que
se
observou
com
relação
aos
estímulos
empregados
nas
pesquisas
sobre
controle
de
estímulos,
as
diversas
topograas
de
respostas,
seguidas
de
estímulos
reforçador
es
apropriados,
selecionaram
relações
condicionais
especícas (Sidman, 2000).
Os
estudos
realizados
no
âmbito
da
Psicologia
do
Desenvolvimento,
sobretudo
aqueles
orientados
pelos
princípios
da
Etologia,
deram
ênfase
à
investigação
dos
organismos
em
seus
próprios
habitat
e
parecem
ter
redirecionado
as
perguntas
para
os
próprios
organismos
trazendo
contribuições
inestimáveis
na
caracterização
das
populações
estudadas.
Entretanto,
a
Análise
do
Comportamento
atém-se
à
descrição
das
interações
dos
organismos
com
o
ambiente
por
meio
da
obtenção
do
dado
obser
vável.
Dito
de
outro
modo,
como
armou
Blurton-
J
ones
(1974) ao
tratar das pesquisas
etológicas com crianças,
os bebês e
as
crianças
forneceram
as respostas
às
perguntas
de
pesquisas muito
mais
do
que
os
sistemas
teóricos
puderam
oferecer
.
Os
pressupostos
e
princípios
da
análise
compor
tamental
têm
características
que
permitem
prever
que
a
busca
dos
processos
básicos
na
aquisição
do
comportamento
verbal
por
bebês
oferecerá
r
espostas
frutíferas
para
a
análise
comportamental
do
desenvolvimento (B
ijou, 1995; Gewirtz & P
elaez-N
ogueras, 1992; N
ovak
& P
elaez, 2004).
N
os estudos iniciais
não se
exigia qualquer topograa
de r
esposta
especíca,
apenas
que
os
participantes
indicassem
o
objeto
estímulo.
Os
participantes poderiam
apontar
, tocar
a mão
ou o
pé ou
mesmo apro
ximar
o
rosto
da
janela
do
aparato
que
expunha
o
brinquedo
(Gil
&
Oliveira,
2003; Gil
et al., 2006; G
il, Oliveira
et al., 2011). N
os estudos posteriores,
as
respostas
foram
mais
bem
especicadas,
sendo
escolhidas
as
classes
de
resposta
de
apontar
ou
de
tocar
o
local
onde
estava
exposto
o
brinquedo.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
132
Com
a
denição
das
classes
de
resposta,
aumentou
a
conspicuidade
da
resposta de
obser
vação dirigida
ao modelo ou
da seleção de
um brinquedo
(Oliveira & G
il, 2008; Gil, Sousa, & de Souza, 2011).
A
necessidade
ou
não
de
se
ensinar
as
respostas
de
obser
vação
ou
de
seleção
para
os
participantes
dependia
das
classes
de
respostas
já
instaladas no repertório dos bebês. As classes de respostas foram ensinadas
empregando-se,
principalmente,
dois
procedimentos.
F
oram
oferecidos
modelos
pelo
experimentador
que
tocava
o
objeto
no
aparato
que
o
expunha
(Sousa,
Canhedo,
&
Gil,
2007) ou
foi
dada
ajuda
física
quando a
experimentadora apoiava ou conduzia a mão do bebê
até que ele tocasse o
objeto ou o aparato (Oliveira & G
il, 2008; Gil, Sousa et al., 2011).
Em
algumas
ocasiões,
os
bebês
tocavam
em
sequência
duas
ou
mais
janelas
do
aparato,
com
uma
das
mãos
ou
com
as
duas
mãos
simultaneamente.
As
respostas
sequenciais
e
rápidas
ou
o
toque
simultâneo
das
duas
mãos
no
aparato
eram
seguidas
por
um
procedimento
de
correção
que
consistia
em
retirar
,
delicadamente,
as
mãos
dos
bebês
do
aparato
e
fechar as janelas encerrando a tentativa.
Os
estímulos
reforçador
es-
As
condições
da
pesquisa
realizada
por
M
cIlvane
e
Stoddar
d
(1981)
chamaram
a
atenção
pela
coincidência
em
um
mesmo
objeto
das
funções
de
estímulos
antecedentes
e
consequentes
e do alvo das
respostas. O procedimento
reuniu no objeto/estímulo a
base
concreta
e objetiva
das possíveis
relações a
serem
estabelecidas pelo
sujeito.
As
diferentes
funções
–
estímulos
discriminativos/condicionais,
respostas
e
estímulos
reforçadores
–
poderiam
ser
exercidas
a
partir
de
uma
porção
de
alimento.
A
mesma
porção
foi
o
alvo
da
obser
vação,
do
gesto
e
da
consumação,
o
que
lhe
conferia
uma
concretude
inicial
importante
para
o
estabelecimento
de
relações
condicionais
arbitrárias
por
sujeitos
que
apresentam repertório simbólico r
estrito.
A
relevância
da
experiência
da
criança
com
o
“
concreto
”
e
a
ênfase
na r
elação do
comportamento de bebês
jovens
com o
mundo objetivo
têm
sido
intensas
e
extensamente
tratadas
desde
os
trabalhos
realizados
por
Piaget
e
Vigotsky
,
na
década
de
1930.
Baldwin
e
W
oodworth
referiam-
se
igualmente
ao
papel
que
os
objetos
teriam
no
desenvolvimento
dos
primeiros
anos
de
vida.
Do
mesmo
modo,
os
estudos
realizados
com
C
S
:
B
C
E
E
133
bebês
vêm
indicando
que
o
movimento
dos
objetos,
a
possibilidade
de
deslocá-los
e
os
resultados
da
ação
dos
bebês
sobre
os
objetos
podem
mantê-los
envolvidos
em
uma
mesma
atividade
por
períodos
de
tempo
considerados relativamente extensos.
O envolvimento a que nos r
eferimos
pode
ser
traduzido
objetivamente
tanto
pela
direção
do
olhar
para
um
determinado
evento
ou
objeto
como
pela
frequência
com
a
qual
o
bebê
retoma
as
mesmas
ações
em
relação
aos
mesmos
objetos.
Os
estímulos
que
seriam
reforçadores
para
os
bebês,
dado
o
conhecimento
acumulado
sobre esse
período da
vida,
estariam fortemente
vinculados
à satisfação
de
necessidades básicas
(Bijou &
Baer
, 1961, 1965)
e aos r
esultados das ações
dos
bebês
sobre
os
objetos
–
os
reforçadores
naturais
(Roove-Collier
&
Capatides,
1979;
C.
K.
Roo
ve
&
Roo
ve,
1969;
Piaget,
1964;
Piaget
&
Inhelder
,
1969).
Os
resultados das
ações
dos
bebês
sobre
objetos
que
não
são
apropriados
à
consumação
parecem adequados
à
análise
experimental
do
compor
tamento
dos
bebês
pela
possibilidade
de
se
constituírem
em
estímulos
reforçador
es
independentemente
do
estabelecimento
de
condições
de
privação
(Sidman,
1962).
T
êm
a
vantagem
de
reunir
no
mesmo
objeto
a
possibilidade
de
que
este
exerça
diferentes
funções
de
estimulação e seja o
lócus
das respostas.
Duas
condições
de
liberação
de
estímulos
reforçadores
foram
investigadas.
U
ma
delas
considerava
a
permanência
do
bebê
no
ambiente
experimental
e
a
outra
buscava
garantir
a
execução
das
tarefas
experimentais.
A
separação
entre
reforçador
es
para
a
permanência
no
ambiente
e
para
a
realização
das
tarefas
foi
um
artifício
empregado
para
melhor
investigar
cada uma das condições.
As
decisões
experimentais
respeitaram
a
determinação
de
organizar
o
ambiente
e
os
procedimentos
experimentais
com
o
caráter
de
brincadeira.
O
aparato,
os
estímulos
antecedentes
e
subsequentes,
a
interação
da
experimentadora
com
o
bebê
e
as
oportunidades
de
brincar
,
independentemente da tarefa
experimental, tinham o que se denomina de
“
caráter lúdico
” (Gil & de Rose, 2003; de Rose & G
il, 2003).
Ao
analisar
as
variáveis
relevantes
para
a
permanência
dos
bebês
na
sala
e
na
realização
das
tarefas,
Gil
et
al.
(2006)
testaram
a
introdução
de
brincadeiras
ao
nal
do
período
de
ensino
das
discriminações
e
a
realização
de
brincadeira
do experimentador
com
o
bebê
e
o
brinquedo
selecionado
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
134
(S+).
A
introdução
do
“
cantinho
da
brincadeira
”
contendo
brinquedos
variados
e
da
preferência
dos
bebês
permitia
que
brincassem
livremente
antes
de
voltar
ao
ambiente
coletivo,
e
foi
mais
efetiva
para
reconduzir
o
bebê
à
sala
experimental
durante
o
experimento
do
que apenas
levá-lo
de
volta
ao
berçário
ao
nal
do
período
de
ensino.
N
o
mesmo
estudo,
duas
condições
de
consequenciação
da
resposta
correta
foram
consideradas:
em
uma
delas,
o
bebê
brincava
com
o
brinquedo
selecionado
(S+)
sem
a
participação
do
adulto;
na
outra
condição,
o
adulto
brincava
com
o
bebê
e
o
objeto
que
exercera
a
função
de
S+.
F
oi
obser
vado
o
impacto
destas
variáveis
no
aumento
da
quantidade
de
acertos,
na
diminuição
de
respostas
de
“
não
escolha
”
e
no
aumento
do
tempo
médio
de
brincadeira
com
o
estímulo S+ selecionado.
A
efetividade
do
reforçamento
social
provido
pelo
experimentador
foi
também
examinada
por
Sousa
e
Gil
(2006)
em
um
estudo
que
controlou
a
natureza
do
reforçamento
social
liberado
pela
experimentadora
na
brincadeira
do
bebê
com
o
brinquedo/estímulo
após
escolha
correta.
A
interação
entre
experimentador/bebê/brinquedo,
após
resposta
correta
do
bebê,
foi
mais
efetiv
a
quando
havia
contato
visual
entre
ambos
e
vocalizações,
sorrisos,
contato
físico
e visual
por
par
te
da experimentadora.
Os r
esultados obtidos
foram corroborados
pelos dados do estudo
de
Oliv
eira
e
Gil
(2008)
que
manejaram
as
mesmas
variáveis.
N
este
trabalho,
outro
recurso
para
manter
a
motivação
dos
bebês
na
realização
das
tarefas
foi
empregado
com
a
mudança
dos
estímulos
a
cada
sessão,
independentemente
do
desempenho
do
bebê.
Considerou-se
que o
caráter
de
novidade
poderia
manter
os
participantes
na
tarefa
por
períodos
mais
longos.
A
S
APRENDIZAGENS
DOS
BEBÊS
NAS
CONDIÇÕES
EXPERIMENTAIS
QUE
LHES
FORAM
OFERECIDAS
T
odos
os
estudos
foram
realizados
nas
creches
frequentadas
pelos
bebês
e
conduzidos
por
experimentadoras
e
experimentadores
que
realizaram
atividades
diárias
com
os
participantes
antes
do
início
dos
pr
ocedimentos
experimentais.
N
o
período
de
familiarização
entre
experimentadores
e
bebês,
o
repertório
dos
par
ticipantes
foi
avaliado
por
C
S
:
B
C
E
E
135
meio
do
T
este
de
T
riagen
Denver
II
e
de
uma
adaptação
do
Inventário
P
or
tage
Operacionalizado
(Willians
&
Aiello,
2001).
P
ar
te
dos
participantes
foi
identicada
com
desenvolvimento
típico
e parte
deles,
com risco
para o
desenvolvimento
. Os
mais no
vos
tinham 12
meses e a
maioria estava
entre
15 e 21 meses de idade, no início das coletas de dados.
Os
aparatos
empregados
foram
progressivamente
aprimorados
de
modo
a
diminuir
o
inter
valo
entre
tentativas,
minimizar
o
acesso
do
bebê aos estímulos com função de S-
e aumentar o valor motivacional das
tarefas
(G
il
&
Oliveira, 2003,
Gil,
Oliveira et
al.,
2011,
Gil,
Sousa
et
al.,
2011). Nos estudos deste
período, os brinquedos
exerceram as funções
de
estímulos
antecedentes
e
reforçadores,
e
a
interação
com
a
experimentadora
foi um
fator relevante para garantir
o valor reforçador da brincadeira
com
o
brinquedo
após
acerto. T
ambém
foram
avaliadas
variáveis,
tais
como:
o
número
de tentativas
por
sessão;
a
denição
de critérios
de
aprendizagem
pelo
número
de
acer
tos
consecutivos
a
cada
sessão;
os
procedimentos
de
introdução
de
reforçamento
diferencial
no
ensino
de
discriminações
simples
ou
do emprego
de
reversão
das
discriminações;
e as
condições de
ensino
de
discriminações
condicionais
em
procedimentos
de
emparelhamento
com
o modelo de identidade (Garcia, 2010; S
ousa, 2009).
Os
bebês
atingiram
os
critérios
de
aprendizagem
propostos,
mas
para
isto
foram
introduzidas
variações
nos
procedimentos,
que
estão
detalhadas
nos
ar
tigos,
teses
e
disser
tações.
Eles
foram
bem
sucedidos
na
aprendizagem
de
discriminação
simples
e
reversão
das
discriminações
e
na
aprendizagem
de
discriminações
condicionais
em
pareamento
de
identidade.
P
ermaneceram
por
períodos
mais
extensos
na
situação
experimental,
embora
tenhamos
diminuído
o
número
de
tentativas
por
sessão para oito e até mesmo seis.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
Dois
grandes
conjuntos
de
variáveis
foram
examinados
com
a
distinção
entr
e
variáveis
de
permanência
na
situação
experimental
e
variáveis
de
realização
das
tarefas.
Esse
ar
tifício
de
análise
permitiu
o
manejo
de
variáveis,
tais
como
as
brincadeiras
livres
inicialmente
realizadas
no
“
cantinho
da
brincadeira
”
e,
posteriormente, intr
oduzidas
no
meio
e
ao
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
136
nal
das
sessões
(Gil
&
Oliveira,
2003;
Gil
et
al.,
2006;
Oliveira
&
Gil,
2008;
Sousa
&
Gil,
2006).
N
o
mesmo
período,
foram
introduzidas
alterações
nos
procedimentos
de
ensino
das
discriminações
simples
e
condicionais,
tais como:
a) aparatos pr
ogressivamente
melhor construídos em
função do
material
utilizado,
das
características
de
exposição
dos
estímulos,
da
sua
operação
e
das
respostas
requeridas
dos
participantes
–
caixa
de
papelão
com
duas
janelas
e
manejo
manual
da
aber
tura
e
fechamento
das
janelas
pelos
experimentadores;
equipamento
em
madeira
com
três
janelas
e
com
sistema
de
abertura
e
fechamento
das
janelas
pelo
manejo
de
um
sistema de
roldanas; equipamento em acrílico
com abertura
e fechamento
de
cinco
janelas
por
um
sistema
automatizado;
b)
tipos
de
estímulos
modelo/comparação
–
brinquedos,
fotograas;
c)
topograa
da
resposta
requerida
–
olhar
,
apontar
,
tocar;
d)
natureza
e
características
dos
estímulos
reforçador
es liberados –
brincadeira com o
brinquedo, com o brinquedo
e
adulto sem vocalizações, com brinquedo, adulto e vocalizações.
Os
procedimentos
de
correção
foram
recursos
importantes
para
evitar
a
exposição
ao
erro
com
a
decorrente
deterioração
do
desempenho
observada.
Os principais procedimentos
de correção foram
a manutenção
da
exposição
do
S+
e
S-
diante
da
resposta
incorreta
e
a
introdução
de
ajuda
física
para
a
escolha
de
estímulos
especicados
como
S+
pelos
experimentadores.
O ex
ercício
de identicar
relações entre
variáveis de
permanência
do bebê na situação experimental e entr
e variáveis de ensino das tar
efas de
discriminação
parece
alertar
para
a
impor
tância
de
rever
os
trabalhos
na
perspectiva
de
considerar
que,
independentemente
das
classicações
úteis
à
análise,
a
identicação
de
procedimentos
ecientes
para
a
aprendizagem
dos
bebês pode
constituir-se em
fator
altamente relevante para
a permanência
destes participantes na situação experimental e vice-versa.
O
arranjo
de
contingências
efetivas
para
a
aprendizagem
das
tarefas
pelos
bebês pode
maximizar
a função
reforçadora
da
situação
experimental
e
a
consequente
permanência
do
bebê
nas
tarefas,
que,
em
sua
maioria,
são seguidas
de reforçamento
. P
or outro
lado, o
planejamento de
situações
experimentais
que
favorecem
a
manutenção
dos
bebês
por
períodos
relativamente
longos
dos
procedimentos
pode
permitir
aos
pesquisadores
a
denição
e
redenição
de
variáveis
favorecedoras
para
o
desempenho
C
S
:
B
C
E
E
137
dos bebês nas tarefas. Apesar da utilidade para análise de trabalhos da área
e
para
o
planejamento
e
proposição
de
novas
investigações,
as
variáveis
descritas
se
inter-relacionam,
de
forma
que
características
favorecedoras
em um aspecto também inuenciam o outro
.
P
ara
pesquisadores
acostumados
com
situações
experimentais
altamente
controladas,
os
estudos
que
utilizam
respostas,
estímulos,
tarefas
ou
ambientes
semelhantes
à
situação
natural
aparentemente
opor-
se-iam
a
situações
mais
estr
uturadas,
com
a
utilização
de
aparatos
como
computadores,
e
nas
quais
seria
possível
maior
rigor
no
controle
de
aspectos dos
estímulos apresentados,
na r
edução da
duração das interações
sociais
e
da
mensuração
de
características
das
respostas
(como
a
latência).
Entretanto,
vale
ressaltar
a
impor
tância
das
situações
cotidianas
para
o
controle experimental e
como essas situações
são repletas de
contingências
efetivas de ensino de relações condicionais para os bebês.
F
inalmente,
vale
considerar
que
algumas
questões
parecem
melhor
esclarecidas,
como
a
importância
de
se
considerar
o
repertório
dos
pequenos
na denição das r
espostas requeridas e
a vantagem de pr
opor as tarefas
em
situação
semelhante
àquelas
propostas
aos
bebês
pelos
adultos
em
situações
de
brincadeira
em
seus
cotidianos.
Outros
aspectos,
como
a
alternância
dos
estímulos
utilizados,
a
qualidade
da
interação
social,
a
brevidade
das
sessões
e
dos
inter
valos
entre
tentativas,
brincadeiras
não
relacionadas
à
tarefa
experimental
contingentes
à
realização
das
sessões
experimentais,
também
foram descritas
como
favorecedor
es
ao
compor
tamento
dos bebês
de permanecer na situação experimental.
Em
contrapartida,
apesar
da
identicação
de
alguns
aspectos
metodológicos
favoráveis ao
desempenho
dos bebês
nas
tarefas propostas,
como
a
utilização
de
procedimentos
de
correção
e
dica
e
de
exposição
apenas
do
S+
em
tentativas
iniciais
de
treino,
evidencia-se
a
necessidade
de
investigações
adicionais
relacionadas
aos
critérios
de
aprendizagem
das
tarefas,
ao
efeito
da
aprendizagem
de
algumas
tarefas
(discriminações
simples,
reversões,
relações
de
nomeação)
sobre
a
aprendizagem
subsequente
de
pareamentos
condicionais
arbitrários,
além
de
esclarecimentos
sobre
algumas
diculdades
especícas
relacionadas
às
tarefas
de
matching-to-
sample
,
como
respostas
de
obser
vação
requeridas,
número
de
estímulos
comparação empregados, estruturas de treino das tar
efas, entre outros.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
138
R
EFER
ÊNCIAS
Ainsworth,
M.
D.
S.,
Blehar
,
M.
C.,
W
alters,
E.,
&
W
all,
S.
(1978).
P
atter
ns
of
attachment:
A
psychological
study
of
the
strange
situation
.
Hillsdale,
NJ:
Lawrence Erlbaum Associates.
Amostrong, D.
F
, Stokoe,
W
. C., &.
Wilcox, S.
E. (1996).
Gestur
e and the natur
e
of language
. Cambridge, MA: U
niversity Pr
ess.
Baillargeon,
R.,&
Hanko-Summers,
S.
(1990).
Is
the
top
object
adequately
supported
by
the
botton
object?
Y
oung
infants’
understanding
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r
elaçõeS
de
e
quiv
alênCia
Como
m
odelo
de
r
elaçõeS
S
emântiCaS
Renato Bortoloti
J
ulio C. de Rose
À
primeira
vista,
pode
parecer
que
o
Behaviorismo
Radical
e
a
Análise
do
Comportamento
nada
teriam
a
contribuir
para
uma
melhor
compreensão
dos
processos
simbólicos
e
de
suas
características
fundamentais.
Segundo
a
noção
difundida
entre
cientistas
sociais,
o
Behaviorismo
Radical
só
trabalha
com
o
comportamento
obser
váv
el
e
não
poderia,
portanto,
dar conta da complexidade do pr
ocesso simbólico.
Geertz (1973) expressa
uma
opinião
quase
universal
ao
sugerir
que
o
behaviorista
seria
incapaz
de
distinguir
uma
piscada
de
olhos,
feita
como
sinal
conspiratório
a
um
amigo, de um cerrar inv
oluntário das pálpebras, já que em ambos
os casos
observaria apenas o movimento de cerrar a pálpebra.
E
vid
ent
eme
nte,
opi
niões
como
a
de
Gee
rtz
re
vela
m
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ção
ao
Be
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ic
al
e
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obra
de
Sk
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.
Sk
in
ner
(19
53
,
195
7,
1969
)
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tin
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sin
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o,
pe
lo
me
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e
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t
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ric
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A
con
traç
ão
in
volu
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um
r
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xo
,
el
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ado
po
r
um
est
ímu
lo
ant
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dente
que
p
od
e
ser
inco
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cion
ado
ou
con
dic
ionad
o.
J
á
a
pis
cad
a
com
o
si
nal
é
um
ope
rant
e, não sen
do eli
cia
da
po
r um
e
stí
mul
o
ant
ecede
nte,
ma
s cont
ro
lad
a
por
uma
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tó
ria
p
as
sad
a
de
c
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cia
s qu
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es
pos
tas
des
ta m
es
ma
clas
se
tiv
eram
quan
do
emit
idas
em
pr
ese
nç
a
de
deter
minad
os
estí
mulo
s.
V
ári
as
pis
cada
s
oper
ante
s,
de
form
a
par
ecid
a,
podem
ter
dife
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nte
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his
tóri
as
de
con
sequ
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Com
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v
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Ge
ertz
(197
3),
a
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com
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um
par
ceir
o
de
jog
o
de
truco
,
por
e
x
emp
lo
,
pod
e
ter
f
or
ma
seme
lha
nt
e
à
pis
cad
a
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
150
que
outr
o
jogad
or
faz
zo
mb
and
o
do
sin
al
feit
o
pel
o
adv
ersár
io,
e
amba
s
pod
em
ter
for
ma
semel
hante
à
pisca
da
que
uma
pess
oa
prati
ca
em
fre
nte
ao es
pel
ho (por
exe
mpl
o, para
usar
post
eri
or
men
te co
mo si
nal
em um jog
o
de
truco
).
O
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R
yle
(194
9) d
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,
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orm
a da
res
pos
ta.
P
orém,
a
distinção
entre
alguns
compor
tamentos
que
envolvem
ou
não
a
compreensão
de
atos
simbólicos
pode
exigir
um
modelo
de
análise
que
suplemente
a
proposta
de
Skinner
.
T
ome-se
o
caso
de
uma
criança
que
ainda
não
fala,
mas
que
já
é
capaz
de
responder
adequadamente
a
algumas
palavras,
e
de
um
cachorro
que
se
orienta
com
destreza
pela
fala
humana.
Se
a
mãe
disser
“bola
”,
a
criança
poderá
procurar
uma
bola,
apanhá-la,
jogá-la,
e
assim
por
diante,
da
mesma
forma
que
o
cachorro
o
faria.
De
acordo
com
Skinner
(1957),
o
comportamento
da
criança
e
o
compor
tamento
do
cão
seriam
diferentes,
uma
vez
que
as
relações
entre antecedentes,
respostas
e
consequências seriam
diferentes.
Mas seria
possível
dizer que
a criança
entendeu
a fala da
mãe de maneira
diferente do
cão?
O
compor
tamento
da
criança
que
pega
e
brinca
com
a
bola
depois
da
fala
da
mãe
é
um
operante,
assim
como
o
do
cão
que
executa
ações
análogas,
mas
tendemos
a
atribuir
ao
comportamento
da
criança
uma
função
simbólica
que
recusamos
ao
compor
tamento
do
cão.
A
validade
da
inferência
do
caráter
simbólico
do
compor
tamento
da
criança
negada
ao
compor
tamento
do
cão
não
é
demonstrável
a
partir
de
uma
análise
puramente skinneriana dos comportamentos descritos.
C
S
:
B
C
E
E
151
A
suposta
compreensão
simbólica
da
criança
poderia
ser
encarada
como
um
epifenômeno
,
um
subproduto
ou
mero
acompanhante
do
compor
tamento,
que
não
pode
ser
demonstrado,
conhecido
e
nem
apro
veitado
como
explicação
de
coisa
alguma.
Mas
existe
uma
possibilidade
mais
interessante
de
explorar
semelhanças
e
diferenças
pela
Análise
do
Comportamento.
O
modelo
de
equivalência
de
estímulos
(e.g.,
Bush,
Sidman
&
T
.
de
Rose,
1989;
Sidman,
1971,
1994;
Sidman
&
T
ailby
,
1982)
permite
identicar
experimentalmente
funções
simbólicas
e,
desta
forma,
pro
vavelmente
distinguir
entre
o
comportamento
da
criança
e
do
cão.
Esse
modelo
especica
condições
sucientes
(e
talvez
necessárias) para
uma análise que identique o uso simbólico de estímulos.
O
modelo de
Sidman
&
T
ailby
(1982)
estabelece uma
distinção
entre
relações
de
pares
associados
(i.e.,
relações
condicionais,
desprovidas
de
função simbólica,
do tipo
se
“bola
”, então
BOLA) e
relações
simbólicas,
chamadas
de
relações
de
equivalência.
S
idman
e
T
ailby
(1982)
argumentaram
que
relações
simbólicas
podem
ser
identicadas
por
meio
de
testes
que
revelam
indicadores
comportamentais
derivados
de
propriedades
que
não
ocorrem
nas
relações
entre
pares
associados.
Os
autores
propuseram
que
o
critério
para
identicar
relações
simbólicas
pode
ser
semelhante
àquele
fornecido
pela
teoria
dos
conjuntos
para
identicar
relações
de
equivalência:
a
demonstração
das
propriedades
de
reexividade,
simetria
e
transitividade.
De
acordo
com
essa
proposta,
o
símbolo
seria
qualquer
estímulo
relacionado
a
uma
coisa
,
ou
seja,
outro
estímulo,
por
meio
de
uma relação de equivalência. S
e a relação for de equivalência, os estímulos
relacionados
formarão
uma
classe
de
estímulos
equivalentes
e
a
relação
entre eles será
simbólica. As
propriedades que
demonstram a equivalência
podem
ser
vericadas
por
meio
de
testes
que
revelam
relações
emergentes
entre
os
estímulos,
ou
seja,
se
algumas
relações
forem
explicitamente
ensinadas
a
um
indivíduo,
outras
relações,
não
treinadas,
devem
emergir
,
atestando as propriedades de reexividade, simetria e transitividade.
A
distinção
entre
relações
de
pares
associados
e
relações
de
equivalência
é
feita
experimentalmente.
O
procedimento
envolve
uma
sequência
de tentativas
de
emparelhamento
ao modelo
. Em
cada
tentativa,
um
estímulo
é
apresentado
como
modelo
e
dois
ou
mais
estímulos
são
apresentados
como
opções
de
escolha
(chamados
de
estímulos
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
152
comparação).
O
par
ticipante
deve
escolher
um
dos
estímulos
de
comparação
em
função
do
modelo
exibido
em
cada
tentativa.
Consequências
diferenciais
para
escolhas
corretas
e
incorretas
são
apresentadas
até
que
o
participante
aprenda
todas as
relações
modelo/comparação
que se
planeja
ensinar
.
Então,
uma
série
de
tentativas
é
conduzida
para
testar
a
emergência
de
relações
que
não
foram
explicitamente
ensinadas,
mas
que
podem
ser
derivadas
daquelas
que
foram
ensinadas
diretamente.
Haverá
uma
classe
de
estímulos
equivalentes
se
as
relações
emergentes
demonstrarem
o
caráter
reexivo, simétrico e transitiv
o das relações que foram ensinadas.
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T
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(19
82)
como
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straç
ão
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153
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2)
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00)
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,
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nto
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ações
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par
es
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s,
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ão.
Em
su
ma,
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ímul
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ão d
os i
ndi
vídu
os
em
ati
vida
des
si
mbóli
cas.
A
especicação
operacional
fornecida
pelo
modelo
de
equivalência
de
estímulos
tem
permitido
a
simulação
de
compor
tamentos
simbólicos
em
laboratório.
N
ormalmente,
são
utilizados
estímulos
supostamente
despro
vidos
de
signicado:
guras
abstratas,
palavras
ou
sílabas
sem
sentido.
A
utilização
desses
estímulos
possibilitou
simulações
experimentais
da
aquisição
e
manipulação
de
símbolos
por
indivíduos
humanos
que
já
dominam
a
linguagem,
dispensando
o
recrutamento,
muitas
vezes
difícil,
de
indivíduos
com
pouca
ou
nenhuma
atividade
simbólica
(tais
como
bebês
humanos,
indivíduos
com
retar
do
mental
muito
severo
ou
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
154
animais
não
humanos).
Essa
maneira
de
proceder
tem
sido
adotada
em
uma
ampla variedade
de
condições,
o que
permitiu
um
avanço rápido
do
conhecimento gerado.
U
ma grande quantidade de
estudos experimentais tem mostrado
congruência
entre
as
propriedades
das
classes
de
estímulos
equivalentes
e
aquelas
que
se
espera
de
relações
simbólicas.
P
or
exemplo,
foi
demonstrado
que,
quando
uma
classe
é
estabelecida,
respostas
emitidas
diante
de
um
estímulo
(ou
funções
adquiridas
por
ele)
podem
ser
transferidas
para
os
demais
membros
da
classe
(e.g.,
D.
Barnes-Holmes,
Keane,
Y
.
Barnes-
Holmes,
& S
meets, 2000;
de Rose,
McIlv
ane,
Dube,
Galpin, &
Stoddard,
1988;
Dougher
,
Augustson,
Markham,
Greenway
,
&
W
ulfert,
1994;
S.
C.
Hayes,
Kohlenberg,
&
L.
J.
Hayes,
1991).
Isto
é
compatível
com
a
ideia
de
que,
em
muitos
contextos,
nós
reagimos
aos
símbolos
como
se
estivéssemos
diante
dos
eventos
referidos
por
eles.
Assim,
um
estímulo
que
tem
(ou
adquire)
determinadas
funções
pode
ser
tomado
como
um
refer
ente,
e
os
estímulos
equivalentes
a
ele
podem
ser
tomados
como
símbolos
capazes
de
substituí-lo
em
alguns
contextos.
Além
da
transferência
de
funções
que
obser
vamos
entre
estímulos
equivalentes,
outros
indicadores
da
validade
do
modelo
de
equivalência
de
estímulos
na
simulação
de
repertórios
simbólicos
podem
ser
destacados.
P
or
exemplo,
as
classes
de
estímulos
equivalentes
podem
ser expandidas
pelo ensino
de r
elações entr
e
nov
os
estímulos
e
apenas
um
dos
membros
da
classe,
cando
os
novos
estímulos
relacionados
a
todos
os
demais
membros
da
classe
(Sidman
&
T
ailby
,
1982);
duas
classes
são
fundidas
quando
um
membro
de
uma
é
relacionado
a um
membro
da
outra
(R.
R.
Saunders,
K.
J.
Saunders,
Kirby
,
&
S
pradlin,
1988);
e
a
pertinência
a
uma
classe
depende
de
estímulos
contextuais,
podendo
um estímulo
ser membr
o
de
uma
classe
em presença
de
um
estímulo
contextual
e
ser
membro
de
outra
classe
em
presença
de
um estímulo contextual diferente (B
ush et al., 1989).
Embora
os
resultados
dos
estudos
de
equivalência
de
estímulos
tenham
sido
bastante
signicativos,
eles
não
abarcavam,
até
muito
recentemente,
a
determinação
do
caráter
simbólico
dos
estímulos
por
meio
de
procedimentos
externos
ao
próprio
modelo.
N
este
capítulo,
apresentaremos
uma
revisão
de
estudos
recentes
que
utilizaram
no
vas
técnicas
para
avaliar
a
validade
do
modelo
de
equivalência
de
estímulos
C
S
:
B
C
E
E
155
na
simulação
de
relações
simbólicas.
Em
seguida,
descreveremos
como
a
utilização
de
algumas
dessas
técnicas
tem
permitido
observar
que
a
equivalência
de
estímulos
não
é
um
fenômeno
do
tipo
“
tudo
ou
nada
”,
mas
que relações
de equivalência podem
ser estabelecidas
em níveis
diferentes.
O objetiv
o central
deste capítulo
será descr
ever
demonstrações da
validade
do
paradigma
de
equivalência
de
estímulos
como
modelo
de
relações
semânticas
e
mostrar
como
é
possível
conhecer
as
condições
que
inter
ferem
no nível de transferência de signicados entr
e estímulos equivalentes.
V
ALIDAÇÃO
DA
EQUIVALÊNCIA
DE
ESTÍMULOS
COMO
MODELO
DE
SIGNIFICADO
Bortoloti
e
de
Rose
(2007)
testaram a
validade
da
equivalência
de
estímulos como
modelo
experimental de
relações simbólicas,
avaliando se
estímulos
que
se
tornam
equivalentes
passam
a
ter
signicados
semelhantes.
Os
autores
utilizaram
a técnica
do diferencial
semântico (Osgood,
S
uci, &
T
annenbaum,
1957)
para
medir
a
transferência
de
signicados
induzida
por
relações de
equivalência. O difer
encial semântico é usado
para mensurar o
signicado
que os
participantes atribuem
a “
conceitos
” (palavras,
locuções,
fotograas,
desenhos,
etc.).
I
nstr
umentos
de
diferencial
semântico
são
concebidos
para
registrar
,
quanticar
e
comparar
o
signicado
de
um
ou
de
vários
conceitos,
para
um
ou
vários
indivíduos,
em
uma
ou
em
várias
situações.
A
experiência
empírica
tem
demonstrado
a
dedignidade
e
a
sensibilidade
do
diferencial
semântico
como
medida
de
signicado
em
uma
ampla
variedade
de
condições
(P
ereira,
1986)
e
também
a
facilidade
de
compreensão da tarefa pelos par
ticipantes que respondem ao instr
umento
(Engelmann, 1978).
Bortoloti e
de Rose
(2007) submeteram estudantes
universitários
a
um
treinamento
de
discriminações
condicionais
para
gerar
classes
de
equivalência envolvendo expr
essões faciais e guras abstratas. Em seguida,
os
participantes
avaliaram
algumas
das
guras
abstratas
utilizando
um
instrumento
de
diferencial
semântico
formado
por
um
conjunto
de
13
escalas
ancoradas
por
adjetivos
opostos,
cada
uma
com
sete
inter
valos.
U
m
grupo
controle,
que
não
foi
ensinado
a
relacionar
os
estímulos
envolvidos nesse
estudo, avaliou as
guras abstratas e
as faces
utilizando o
mesmo
instrumento. As
guras
foram
avaliadas
como
neutras
pelo
grupo
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
156
controle (a média
das avaliações tendeu ao
intervalo central nas
diferentes
escalas,
ao
qual
foi
atribuído
o
valor
zero)
e
as
faces
foram
avaliadas
diferencialmente,
conforme
a
emoção
expressada.
P
or
exemplo:
uma
face
alegre foi
avaliada como
positiva e
uma raivosa,
como negativa. O
s valor
es
atribuídos às avaliações das
faces e dos estímulos equivalentes a
elas (feitas
pelos
participantes
do
grupo
submetido
ao
treino
de
relações
condicionais)
caram pr
óximos.
As similaridades
entre
as avaliações
das faces
pelo grupo
controle
e
das
guras
pelo
grupo
experimental
são
indicações
de
que
pode
haver
transferência
de
signicados
de
“
referentes
”
para
“
símbolos
”
em
simulações
experimentais
baseadas
no
modelo
de
equivalência
de
estímulos.
Esse
resultado
promo
veu,
por
tanto,
uma
validação
externa
da
equivalência como um modelo do signicado
.
Barnes-H
olmes
et
al.
(2005)
também
testaram
a
adequação
da
equivalência
de estímulos
na simulação
de r
elações simbólicas por
meio de
um
procedimento
capaz
de
detectar
um
efeito
conhecido
como
priming
semântico
(
semantic
priming
eect
).
P
esquisadores
da
ciência
cognitiv
a
(e.g.,
M
eyer
&
Schvaneveldt,
1971;
N
eely
,
1991)
têm
descrito
que
signicados
relacionados
podem
gerar
o
efeito
de
dica
semântica
sobre
o
desempenho
de
participantes
em
algumas
tarefas
de
reconhecimento
de
palavras
(e.g.,
tentativas
de
decisão
léxica).
P
or
exemplo:
se
duas
palavras
são
apresentadas
em
sequência
–
a
primeira
como
“
dica
”
(
prime
)
e
a
segunda
como
“
alvo
”
(
target
)
–
e
se
elas
estão
semanticamente
relacionadas
(e.g.,
tigre-leão),
os
participantes
geralmente
reconhecem
a
palavra-alvo
em
menos
tempo
do
que
a
reconheceriam
se
não
houvesse
relação
semântica
entre
elas
(e.g.,
tigre-casa).
Barnes-Holmes
et
al.
(2005)
vericaram
que
relações
de
equivalência
podem
gerar
o
efeito
de
dica
semântica
entre
palavras
sem
sentido
constr
uídas
arbitrariamente.
Em
três
experimentos,
os
participantes
responderam
mais
rapidamente
em
tentativas
de
decisão
léxica
quando
o
alvo
era
equivalente
à
dica
do
que
quando
a
dica
e
o
alvo não eram equivalentes, ou quando pelo menos um dos estímulos não
havia
sido
apresentado
durante
o
treino.
Esses
resultados
mostram
que
palavras
sem
sentido,
quando
equivalentes,
podem
adquirir
propriedades
de
palavras
com
signicados
relacionados,
contribuindo
para
dar
mais
validade ao modelo de equivalência de estímulos.
C
S
:
B
C
E
E
157
Bor
tol
oti
e
de
Ros
e
(201
1)
ver
ic
aram
a
ocorr
ênc
ia
do
prim
ing
sem
ânti
co
em
“
tent
ati
va
s
de
dec
is
ão
léx
ica
”
que
n
ão
envo
lvi
am
pala
vra
s,
mas
som
ente
est
ímu
los
ab
str
ato
s
equi
va
len
tes
e
não
equ
iv
ale
ntes.
As
ten
tat
iv
as
de
dec
isão
léx
ica o
cor
r
era
m a
nte
s d
os
tes
te
s de
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va
lên
cia.
Du
as g
ura
s e
ram
apr
ese
nta
das
em
sequê
ncia,
com
o
“
dica
”
e
“
alv
o
”,
em
ten
ta
tiv
as
em
que
o
par
tic
ipa
nte
res
pon
dia
se
reco
nhec
ia
ou
não
a
gu
ra-
alvo
.
As
re
spo
stas
for
am
mai
s
ráp
idas
qu
and
o
dic
a
e
alv
o
pert
enc
iam
à
mesm
a
clas
se,
re
pr
odu
zindo
com
est
ímu
lo
s abst
rat
os
e
qui
va
len
tes o
e
fei
to de dic
a sem
ânt
ica
.
Es
se efe
ito
foi
obse
rvad
o
ent
re
os
estí
mul
os
dir
eta
ou
ind
ire
tam
ent
e
re
lac
ionad
os
e
de
for
ma i
nde
pen
dente
da
est
rutu
ra d
e t
re
ino u
sada
.
Outro estudo
que
merece destaque
(O’T
oole,
Barnes-H
olmes
&
S
myth,
2007)
promoveu
uma
validação
da
equivalência
de
estímulos
como
modelo
de
funções
simbólicas
por
meio
do T
este
de
Associação
Implícita
(de
agora
em
diante,
IA
T
,
de
Implicit
Association
T
est
).
Basicamente,
o
IA
T
envolve
a
apresentação
simultânea
de
dois
conceitos
atributivos,
como
“
agradável”
e
“
desagradável”,
e
de
um
estímulo-alvo
na
tela
de
um
computador
. O
experimentador pode trabalhar com vários estímulos-alvo
que se alternam ao
longo das tentativas, como “or”, “inseto
”, “
perfume”,
“
vômito
”,
“
alegria
”,
“
pânico
”,
etc.
A
cada
tentativa,
o
participante
é
requerido
a
responder
pressionando
uma
tecla
que
relaciona
o
estímulo-
alvo
apresentado
com
um
dos
conceitos
atributivos.
Consideremos
um
experimento
que
envolva
“
agradável”
e
“
desagradável”
como
conceitos
atributivos,
e
“or”
e
“inseto
”
como
estímulos-alvo.
Em
um
bloco
de
tentativas,
diante
de
“or”,
o
par
ticipante
deve
responder
na
tecla
que
remete
ao conceito
“
agradável”,
e diante
de “inseto
”, ele
deve responder
na
tecla que remete ao conceito “
desagradável”. Assume-se que as
associações
“or”-“
agradável”
e
“inseto
”-“
desagradável”
são
pro
váveis,
motivo
pelo
qual
as
tarefas
desse
bloco
de
tentativas
são
chamadas
de
consistentes
.
Em
um segundo
bloco de
tentativas, inverte-se a
exigência: diante
de “or”, o
participante
deve
responder
na
tecla
que
remete
ao
conceito
“
desagradável”,
e
diante
de
“inseto
”,
ele
deve
responder
na
tecla
que
remete
ao
conceito
“
agradável”.
P
or
serem
menos
prováv
eis
as
associações
“or”-“
desagradável”
e
“inseto
”-“
agradável”,
as
tarefas
desse
segundo
bloco
são
chamadas
de
inconsistentes
.
Pr
evê-se
que
o
participante
seja
mais
rápido
nas
tarefas
consistentes
do
que
nas
inconsistentes.
A
diferença
entre
o
tempo
gasto
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
158
para
responder
nas
tar
efas
consistentes
e
nas
inconsistentes
é
chamado
de
efeito IA
T (G
reenwald, N
osek, & Banaji, 2003).
O’T
oole
et
al.
(2007)
treinaram
estudantes
universitários
em
uma
série
de
discriminações
condicionais
que
resultariam
no
estabelecimento
de quatro classes
de equivalência com quatr
o membros cada uma
(A1-B1-
C1-D1,
A2-B2-C2-D2,
A3-B3-C3-D3,
A4-B4-C4-D4).
Cada
estímulo
era
uma
sequência
arbitrária
de
três
letras.
Durante
o
treino,
os
quatro
estímulos
do
conjunto
A
eram
pareados
com
fotograas
pr
eviamente
avaliadas
de
forma
positiva
ou
negativa
(A1
e
A2
eram
pareados
com
estímulos
avaliados negativamente: cobras
e
aranhas, respectivamente;
A3
e A4 eram pareados com estímulos avaliados positivamente: bebês e casais
românticos,
respectivamente).
A
transferência
de
funções
avaliativas
para
os
outros
estímulos
direta
ou
indiretamente
relacionados
a
A1,
A2,
A3
e
A4 foi
medida com
o IA
T
.
T
odos
os par
ticipantes que passaram
nos testes
de equivalência foram mais rápidos nos blocos consistentes envolvendo os
estímulos
dos
conjuntos
B,
C
e
D
do
que
nos
blocos
inconsistentes.
Esse
típico
efeito
IA
T
não
foi
obser
vado
entre
os
par
ticipantes
que
falharam
nos
testes
de
equivalência.
Os
autores
defendem
que
esses
resultados
dão
mais
validade
à
equivalência
de
estímulos
como
um
modelo
do
controle
que pode ser exercido por categorias semânticas sobr
e o comportamento.
Dois
estudos
envolvendo
técnicas
de
extração
de
potenciais
cerebrais
relacionados
ao
evento
(PREs),
amplamente
utilizadas
em
pesquisas
linguísticas,
também
deram
demonstrações
persuasivas
de
que
relações
de
equivalência
têm
propriedades
que
fazem
delas
um
bom
modelo para o
estudo de r
elações semânticas (B
arnes-Holmes
et al., 2005;
Haimson,
Wilkinson,
Rosenquist,
Ouimet
&
McIlvane,
2009).
P
or
se
tratar
de
uma
metodologia
ainda
incomum
para
a
análise
do
comportamento,
é conveniente fazer uma br
eve descrição de suas características principais.
PREs
são
pequenas
mudanças
na
atividade
elétrica
do
cérebro
pro
vocadas
por
algum
evento
externo
ou
interno
e
registradas
a
partir
do
couro
cabeludo.
P
elo
fato
de
se
sobrepor
ao
eletroencefalograma
(EEG)
em
curso,
o
PRE
é,
frequentemente,
muito
difícil
de
se
enxergar
a
partir
da
apresentação
individual
de
um
evento
particular
.
T
ipicamente,
repete-se
um
grande
número
de
eventos
similares
(em
experimentos
sobre
linguagem,
mais
de
50)
e
calcula-se
a
média
dos
traços
de
EEG
que
ocorrem
em
C
S
:
B
C
E
E
159
resposta
a esses
eventos.
Adicionalmente,
interferências
(“
noises
”) e
outras
ondas não
associadas com
o evento
são eliminadas por
meio de
técnicas de
ltragem apropriadas. P
adrões regulares de PRE que ocorrem tipicamente
associados
a
processos
funcionais
especícos são
chamados
de
componentes
.
Componentes
são
discriminados
entre
utuações
negativas
e
positivas
normalmente designadas pela sua polaridade e latência ou posição ordinal
depois da apresentação do
estímulo. P
or exemplo, o N400
é uma deexão
negativa
(N
para
negativo),
que
tem
seu
pico
aproximadamente
400
ms
depois
da
apresentação
do
estímulo.
O
P3
é
o
terceiro
pico
positivo
(P
para
positivo), que
aparece
depois
da apresentação
do
estímulo. P
esquisas
linguísticas
envolvendo
PREs
tiveram
um avanço
considerável
desde que
o
“
componente
semântico
”
N400
foi
observado
(K
utas
&
Hillyar
d,
1980).
N
os
anos
seguintes,
foram
descritos
componentes
adicionais
associados
a
processos
acústico-fonéticos,
fonológicos,
ortográcos,
prosódicos
e
sintáticos
(Steinhauer
&
Connolly
,
2008).
Os
componentes
relacionados
a operações
mais básicas,
como discriminação
de fonemas ou
segmentação
de
palavras,
tendem
a
se
manifestar
antes
(100-200
ms),
de
forma
rápida
e
automática.
Os
componentes
que
reetem
processos
de
integração
ou
revisão tendem a apresentar latências mais altas (de até 1 s).
Barnes-H
olmes et al.
(2005) e Haimson et al. (2009) mostraram
que
o
componente
N400 é
modulado de
forma signicativ
a
pela
formação
de
classes
de
equivalência.
O
N400
é
um
componente
negativo
amplo,
que
tem
seu
pico
aproximadamente
400
ms
depois
da
apresentação
de
um
estímulo
e
reete
o
grau
de
incompatibilidade
entre
uma
palavra
e
um
contexto
semântico
previamente
estabelecido.
P
or
exemplo:
um
N400
amplo
seria
evocado
pela
última
palavra
da
sentença
“
a
mulher
foi
trabalhar
dirigindo
seu
novo
nariz
”,
mas
não
para
a
última
palavra
da
sentença
“
a
mulher
foi
trabalhar
dirigindo
seu
novo
carro
”.
Resultados
similares
são
obtidos
para
pares
de
palavras
apresentados
em
sequência,
em
procedimentos
de
priming
semântico,
nos
quais
um
N400
é
eliciado
pela
segunda
palavra
se
ela
for
incompatível
com
o
contexto
semântico
estabelecido pela primeira
palavra (p. ex., um amplo
N400 é eliciado
pela
segunda palavra em
sapato-árvore
, mas não em
sapato-meia
).
Haimson
et
al.
(2009),
num
primeiro
experimento,
replicaram
a
obtenção
do
componente
N400
com
pares
de
palavras
de
uso
corrente
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
160
na
língua
inglesa
(o
idioma
nativo
dos
participantes).
Em
um
segundo
experimento, ensinaram
relações AB, AC,
AD, AE
e AF
para gerar classes
de
equivalência
entre
estímulos
arbitrários
e,
em
seguida,
usaram
um
procedimento
similar
ao
priming
semântico
envolvendo
os
estímulos
B,
C,
D,
E
e
F
.
Os
autores
constataram
que
a
apresentação
dos
pares
como
BC,
DE,
FD,
etc.,
nos
quais
o
primeiro
estímulo
simulava
um
contexto
semântico
para
o
segundo,
evocava
um
amplo
componente
N400
somente
quando
esses
estímulos
não
per
tenciam
à
mesma
classe
de
equivalência
(p.ex.,
pares
como
B1C2,
D2E3,
F3D1,
etc.).
N
esse
estudo,
o
uso
da
eletrosiologia
deu
um
novo
tipo
de
supor
te
à
proposta
de
S
idman
(1994):
mostrou
que
o
componente
N400
é
obtido
tanto
em
condições
que
envolvem
relações
semânticas
da
linguagem
nativa
dos
participantes
quanto
em
condições
experimentais
arbitrárias
envolvendo
relações
de
equivalência.
Os estudos
r
elatados até
aqui, envolvendo diferencial semântico,
priming
semântico,
IA
T
e
PREs,
deram
um
novo
suporte
ao
modelo
de
equivalência
de
estímulos,
atestando
a
sua
validade
na
simulação
de
relações simbólicas.
Os
trabalhos
descritos
a seguir
mostram
que a
utilidade
de alguns
procedimentos
para
o
paradigma
de
equivalência
pode
ir
além
da
validação
do
modelo
experimental:
alguns
procedimentos
têm
permitido
obser
var
que relações
de equivalência podem
ser estabelecidas
em níveis
diferentes.
Esses
procedimentos
foram
utilizados
para
vericar
variações
no
nível
de
transferência
de
signicados
em
função
da
manipulação
de
parâmetros
experimentais.
Os
trabalhos
já
conduzidos
fornecem
indicações
de
que
o
grau
de
transferência
de
signicados
pode
variar
sistematicamente
de
acordo
com
os
parâmetros
experimentais
envolvidos
e
que
as
medidas
utilizadas são sensíveis
a essas variações. F
aremos a
seguir um sumário
dos
principais aspectos e resultados dos estudos publicados até o momento
.
D
IFER
ENTES
NÍVEIS
DE
EQUIVALÊNCIA
Embora
pareça
estranho
e
matematicamente
contraditório,
F
ields
e
colaboradores
(Belanich
&
F
ields,
2003;
Fields, Adams,
V
erhave,
& N
e
wman, 1993; F
ields, Landon-J
imenez, Bungton, & Adams, 1995;
C
S
:
B
C
E
E
161
F
ields
&
W
atanabe-Rose,
2008;
Moss-Lourenco
&
Fields,
2011)
vêm
armando, há quase 20 anos, que relações de equivalência entr
e estímulos
podem
comportar
diferentes
graus
ou,
em
outras
palavras,
que
membros
de
uma
classe
de
estímulos
equivalentes
podem
ter
diferentes
graus
de
relacionamento
entre
si.
De
acordo
com
F
ields
et
al.
(1995),
o
grau
de
relacionamento
entre
estímulos
equivalentes
é
inversamente
proporcional
à
distância
nodal
entre
eles.
U
m
nódulo
é
um
estímulo
relacionado
a
dois
ou
mais
estímulos
adicionais
por
meio
de
relações
condicionais
diretamente
treinadas.
P
or
exemplo,
quando
as
relações
diretamente
treinadas
para
estabelecer
A,
B,
C,
D
e
E
como
uma
classe
de
estímulos
equivalentes
são
AB,
AC,
AD
e
AE,
apenas
o
estímulo
A
é
um
nódulo;
os
demais
são
denominados
de
singulares.
Nesse
exemplo,
nenhuma
relação
treinada
comporta
nódulos
inter
venientes,
de
modo
que
a
distância
nodal
entre
todos
os
membros
da
classe
é
0.
A
mesma
classe
poderia
ser
estabelecida,
embora
possivelmente
com
maior
diculdade
(Arntzen,
G
rondahl,
&
Eilifsen,
2010),
por meio
do ensino
das relações
AB, BC,
CD
e DE.
Nesse
caso,
a
classe
conteria
três
nódulos
B,
C
e
D
,
pois
cada
um
desses
estímulos
teria
sido
diretamente
relacionado
a
dois
outros.
N
o
caso
desse
protocolo
de
treino
linear
,
a
distância
nodal
entre
os
membros
da
classe
seria
variáv
el. T
omando
A como
ponto
de referência, os
demais
estímulos
situam-se
a
uma
distância
nodal
crescente,
sendo
a
distância
nodal
de
B
a A igual a 0, de C a A igual a 1, de D a A igual a 2, e de E a A igual a 3.
A
noção
de
que
estímulos
equivalentes
podem
ter
diferentes
graus
de
relacionamento
entre
si
em
função
da
distância
nodal
foi
questionada
com
base
em
argumentos
lógicos
(Sidman,
1994)
e
de
controle
experimental
(Imam,
2001,
2006).
Imam
(2006)
argumentou
que
os
estudos
sobre
distância
nodal
são
tipicamente
conduzidos
com
protocolos
de
treino
de
discriminações condicionais
em arranjos
lineares (e.g.,
AB, BC,
CD, etc.)
em
que
sucessivas
discriminações
condicionais
vão
sendo
acrescentadas
à
medida
que
o
treino
progride.
Desse
modo,
tomando
como
referência
a
primeira
discriminação
condicional
treinada,
o
aumento
da
distância
nodal
corresponde
geralmente
ao
treino
mais
tardio
e,
principalmente,
com
o
número
de
apresentações
decrescente
dos
estímulos,
uma
vez
que
os
estímulos introduzidos
mais
tar
de
no treino
tendem a
ser
apresentados
menos
vezes.
Com
base
em
dados
que
obteve
experimentalmente,
Imam
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
162
(2006) argumentou
que os
efeitos de
distância nodal desapar
ecem quando
o
número
de
apresentações
dos
estímulos
é
equalizado.
No
entanto,
resultados
recentes
(e.g.,
Moss-Lour
enco
&
Fields,
2011)
mostram
que
efeitos
de
distância
nodal
persistem
mesmo
quando
todas
as
discriminações
condicionais
são
treinadas
simultaneamente
e
com
o
mesmo
número
de
tentativas para cada uma.
Os
partícipes
dessa
discussão
buscam
apoio
em
evidências
indiretas
–
baseadas,
por
exemplo,
na
transferência
de
funções
e
no
tempo
que
os
par
ticipantes
levam
para
demonstrar
o
estabelecimento
de
relações
emergentes
–
para
sustentar
seus
argumentos.
A
razão
disso
é
que
a
metodologia
especicada
pelo
paradigma
de
equivalência
de
estímulos,
baseada
em
procedimentos
de
emparelhamento
ao
modelo,
tem
poucos
recursos
para
determinar
qualquer
diferença
quantitativa
entre
as
relações
estabelecidas.
P
rocedimentos
de
emparelhamento
ao
modelo
estabelecem
contingências
de
escolhas
forçadas
entre
alternativas
discretas,
que
podem
determinar
se
o
participante
formou
ou
não
classes
de estímulos equivalentes
(efeito “
tudo ou nada
” ou escala binária 0 ou
1),
mas é
muito difícil
determinar
com precisão se
os estímulos
presentes nas
classes
formadas estão
igualmente
relacionados
entre
si.
Em outr
os
termos,
o
padrão
metodológico
utilizado
em
pesquisas
envolvendo
o
modelo
de
equivalência permite constatar
a existência de
uma relação simbólica,
mas
não que se avalie a “
consistência simbólica
” dessa relação.
V
ariações
no
grau
de
relacionamento
de
estímulos
equivalentes
podem
ser
estimadas
pela
utilização
de
alguma
medida
externa
aos
procedimentos de emparelhamento ao
modelo, que
seja capaz de
vericar
variações
no nív
el
de
transferência
de funções
entre
os estímulos
de
mesma
classe.
Se
uma
dada
operação,
ocasionada
em
um
determinado
nível
por
um
dos
membros
de
uma
classe
de
equivalência,
passa
a
ser
ocasionada
em
níveis
similares
pelos
demais
membros
da
classe,
então
todos
esses
estímulos poderiam
estar igualmente
relacionados.
Se, por
outro lado,
essa
operação
passa
a
ser
ocasionada
em
níveis
diferentes,
então
os
estímulos
não
estariam
igualmente
r
elacionados.
N
esse
segundo
caso,
quando
o
grau de transferência
varia sistematicamente de acor
do com os parâmetros
experimentais
envolvidos,
as
variações
no
grau
de
relacionamento
detectadas poderiam ser atribuídas aos parâmetros utilizados.
C
S
:
B
C
E
E
163
U
ma
medida
que
tem
se
mostrado
bastante
útil
para
estimar
variações no
grau de relacionamento
entre
estímulos de
uma mesma classe
é
o
diferencial
semântico,
introduzido
por
Bortoloti
e
de
Rose
(2007),
que
se
destina
a
avaliar
a
transferência
de
signicados
entre
estímulos
equivalentes.
Da
mesma
forma
que
no
estudo
inicial,
os
autores
têm
utilizado estímulos signicativ
os, faces expr
essando emoções, r
elacionados
condicionalmente
a
estímulos
abstratos (e.g.,
Bor
toloti &
de
Rose,
2008,
2009, 2011; Bortoloti, de Rose & Rodrigues, 2011).
Bortoloti
e
de
Rose
(2009)
conduziram
dois
experimentos
para
avaliar:
os
efeitos
do
atraso
na
apresentação
dos
estímulos
de
comparação
em
tarefas
de
emparelhamento
ao
modelo
(
matching
atrasado)
sobre
a
indução
de
signicado
entre
estímulos
equivalentes
(Experimento
1);
e
os
efeitos
da
distância
nodal sobr
e
a indução
de
signicado entr
e
estímulos
equivalentes
(Experimento
2).
T
ambém
era
objetivo
do
Experimento
2
avaliar
efeitos
da
combinação
de
matching
atrasado
e
distância
nodal
sobre
a
indução
de
signicado
entre
estímulos
equivalentes.
Nos
dois
experimentos,
os
participantes
dos
grupos
experimentais
eram
ensinados
a
estabelecer
classes
de
equivalência
envolvendo
fotograas
de
faces
expressando
emoções
e
guras
abstratas.
Em
seguida,
os
participantes
que
demonstravam
o
estabelecimento
efetivo
das
classes
planejadas
eram
instr
uídos
a
avaliar
algumas
das
guras
abstratas,
utilizando
um
instrumento
de
diferencial
semântico.
U
m
grupo
controle
utilizou
o
mesmo
instrumento
para
avaliar
as
fotograas
e
as
mesmas
guras
abstratas
avaliadas
pelos
grupos
experimentais.
N
o
Experimento
1,
dois
gr
upos
de
par
ticipantes
foram
treinados
a
estabelecer
classes
de
equivalência
envolvendo
um
conjunto
de
faces
(A)
e
três
conjuntos
de
guras
abstratas
(B,
C
e
D)
por
meio
de
procedimentos de
emparelhamento ao
modelo. Em
seguida, avaliaram
as
guras
do
conjunto
D,
utilizando
o
diferencial
semântico.
F
oram
ensinadas
as
relações
e
testadas
as
relações
e
.
N
essa
conguração,
os
testes
de
equivalência
podiam
ser
feitos
sem
a
apresentação
das
faces.
Durante
o
treino
e
teste
das
relações
de
equivalência,
os
estímulos
de
comparação
eram
apresentados
com
o
modelo presente
para os
participantes
de um
grupo, denominado
Grupo
Simultâneo; para
o outro
grupo,
denominado Grupo Atrasado,
o modelo
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
164
era remo
vido depois de uma
resposta de observação e, dois segundos
mais
tarde,
os estímulos
de comparação
eram apr
esentados. O
G
rupo Atrasado,
portanto, devia escolher o estímulo de
comparação correto na
ausência do
estímulo
modelo.
Em
seguida,
os
participantes
que
atingiram
os
critérios
estabelecidos
nos
testes de
equivalência
foram
instruídos
a
avaliar
as
guras
abstratas
do
Conjunto
D,
utilizando
o
diferencial
semântico,
e
essas
avaliações
foram
comparadas
com
aquelas
que
o
Grupo
Controle
fez
das
faces
e das
mesmas guras
abstratas.
Conforme era
esperado,
faces alegres
foram
avaliadas
de
forma
positiva;
raivosas,
de
forma
negativa;
e
guras
abstratas,
de
forma
neutra
pelo
Grupo
Controle.
Essas
mesmas
guras
foram
avaliadas
de
forma
positiva,
quando
equivalentes
às
faces
alegres,
e
negativa,
quando
equivalentes
às
faces
raivosas,
pelos
par
ticipantes
dos
dois
gr
upos
experimentais.
Embora
similares
entre
si,
houve
uma
correspondência
maior
entre
as
avaliações
das
guras
do
Conjunto
D
(pelo
G
rupo Atrasado)
e das faces equivalentes
a elas (pelo
G
rupo
Controle) do
que
entre as
avaliações das
mesmas
guras (pelo
G
rupo
simultâneo)
e das
faces equivalentes (pelo G
r
upo Controle).
O
Experimento
2
replicou
sistematicamente
o
Experimento
1,
expandindo
as
classes
por
meio
da
inserção
de
mais
três
conjuntos
de
estímulos.
Dois
gr
upos
experimentais
foram
treinados
a
estabelecer
três
classes de equivalência de sete membros cada. F
oram ensinadas as relações
e
testadas
as
relações
e
.
Os
estímulos
do
Conjunto
A
eram
fotograas
de
faces
expressando
emoções
e
os
demais
conjuntos
eram
guras
abstratas.
Como
no
estudo
anterior
,
um
dos
grupos
foi
ensinado
com
procedimento
de
matching
simultâneo
(G
rupo
Simultâneo)
e
o
outro
gr
upo
foi
ensinado
com
procedimento
de
matching
atrasado
(G
r
upo
Atrasado). Em
seguida,
dentre
os
participantes
de
cada
grupo
que
estabeleceram
as
classes
de
equivalência
programadas,
metade
deles
usou
o
diferencial
semântico
para
avaliar
os
estímulos
do
Conjunto
D
(um
nódulo
distantes
das
faces)
e
a
outra
metade
usou
o
mesmo
instr
umento
para
avaliar
os
estímulos do
Conjunto F
(três
nódulos
distantes
das
faces).
As
avaliações
das
guras
do
conjunto
D
foram
similares
às
avaliações
das
próprias
faces.
As
avaliações
das
guras
do
Conjunto
F
não
foram
similares
às
avaliações
das
faces.
Entre
as
avaliações
similares,
as
que
mais
se
aproximaram
das
avaliações
das
próprias
faces
foram
feitas
C
S
:
B
C
E
E
165
pelos
participantes
do
Grupo
atrasado.
Além
disso,
constatou-se
que
matching
atrasado
foi
o
mais
eciente
para
gerar
classes
de
equivalência:
75% dos par
ticipantes submetidos ao procedimento
de
matching
atrasado
formaram
as
classes
de
equivalência
programadas,
contra
apenas
43%
dos
participantes
submetidos
ao
matching
simultâneo.
Esses
resultados
indicam
que o
matching
atrasado
deve
favorecer
o
estabelecimento
relações
de equiv
alência mais
for
tes
do que
o
matching
simultâneo,
e que
estímulos
cuja
relação
é
mediada
por
um
número
menor
de
nódulos
inter
venientes
podem
ter
um
“grau
de
relacionamento
”
mais
intenso
do
que
estímulos
cuja relação é mediada por um número maior de nódulos.
Bortoloti
e
de
Rose
(2011)
zeram
uma
reanálise
dos
resultados
do
Experimento
2,
de
Bortoloti
e
de
Rose
(2009),
e
encontraram
a
seguinte
evidência:
além
dos
parâmetros
experimentais
envolvidos
nos
procedimentos
de
tr
eino,
o
tipo
de
estímulo
utilizado
também
pode
interferir
no
nível
de
transferência
de
signicados
entre
estímulos
equivalentes.
Essa
reanálise
foi
baseada
na
obtenção
dos
desvios
médios
entre
as
avaliações
das
faces
e
as
avaliações
dos
estímulos
equivalentes
a
elas
obtidas
com
o
diferencial
semântico.
Esses
desvios
foram
calculados
pelas
médias
dos
valores
absolutos
das
diferenças
entre
as
avaliações
de
uma expressão
facial e
as avaliações de
um estímulo
equivalente a
ela para
cada
uma das
13 escalas
do instrumento
de difer
encial
semântico utilizado
por
Bortoloti
e
de
Rose
(2009).
Assim,
se
a
mediana
das
avaliações
da
expressão
alegre
em
uma
dada
escala
fosse
igual
à
mediana
das
avaliações
de
um estímulo equivalente
a ela na mesma
escala, o desvio
nessa escala seria
igual a
zero.
Se
as avaliações fossem
diferentes, um
valor
seria subtraído
do
outro
e o
valor
absoluto
dessa
diferença constituiria
o
desvio
nessa
escala.
Os
desvios
médios
entre
as
avaliações
das
faces
e
dos
estímulos
equivalentes
a
elas
foram
obtidos
pelo
cálculo
da
média
dos
valores
absolutos
das
diferenças obtidos
para
todas
as
escalas.
Os desvios
foram
calculados
para
os estímulos
que estavam
a um e
a três
nódulos das faces
alegres e
raivosas,
para
os
grupos
simultâneo
e
atrasado.
P
or
tanto,
quanto
menor
o
desvio,
maior
o
grau
de
relacionamento
entre
uma
expressão
facial
e
o
estímulo
equivalente
a
ela.
A
F
igura
1
mostra
os
desvios
que
foram
obtidos
com
essas operações.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
166
F
igura
1.
Desvios
médios
entre
as
avaliações
das
faces
e
dos
estímulos
equivalentes a elas. (Adaptada de Bortoloti & de R
ose, 2011).
Em
termos
gerais, a
Figura
1 par
ece
con
rmar
que a
transferência
de signi
cados avaliada com o diferencial semântico é uma função inversa
da
distância
nodal
e
é
maior
com
o
emparelhamento
atrasado
(DMTS)
do
que
com
o emparelhamento
simultâneo
(SMTS). É
interessante
notar
que
as
avaliações
com
o
diferencial
semântico
sofreram um
desvio
menor
quando o
estímulo avaliado
era equivalente
às faces alegr
es do
que quando
era
equivalente
às
faces
raivosas a
um
nódulo
de
distância
das
fotogra
as.
O estímulo que
estava a um nódulo
das faces alegres recebeu as
avaliações
menos
desviantes
quando
o
DMTS
foi
empregado.
O
desvio
dessas
avaliações foi signi
cativamente menor do que o desvio de todas as outras
avaliações consideradas aqui.
Bo
rt
ol
ot
i
e
de
Ro
se
(2
01
2)
t
es
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ra
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a
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“
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ou
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iv
a
com
o
estí
mul
o-a
lvo,
e
as
le
tra
s
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
168
“V”
e
“F
”
como
“
te
rmo
s
rel
acion
ais
”.
Blo
cos
co
nsi
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raiv
osos
, n
os b
loc
os
consi
sten
tes
e
incon
sist
ent
es.
F
igura
2.
Latências
para
a
emissão
de
respostas
corretas
diante
de
alvos
alegres
e raivosos
nos
blocos
consistentes
(BC)
e
inconsistentes
(BI)
pelos
participantes dos grupos simultâneo e atrasado.
(Adaptada de Bortoloti &
de Rose, 2012).
C
S
:
B
C
E
E
169
Os
participantes
do
Grupo
Simultâneo
foram
mais
rápidos
nos
blocos
consistentes
somente
quando
o
estímulo-alvo
era
uma
face
expressando
alegria,
e
os
participantes
do
Grupo
Atrasado
foram
mais
rápidos
nos
blocos
consistentes
diante
de
qualquer
alvo
apresentado
.
Nesse
estudo,
por
tanto,
o
atraso
na
apresentação
dos
estímulos
de
comparação
em
tarefas
de
emparelhamento
ao
modelo
parece
ter
favorecido
o
estabelecimento de classes de
equivalência mais consistentes,
conrmando
os
resultados
anteriores
envolvendo
o
difer
encial
semântico
(Bortoloti
&
de
Rose,
2009).
T
ambém
nesse
estudo,
faces
alegres
pareceram
mais
fortemente
relacionadas
aos
estímulos
equivalentes
a
elas
do
que
as
faces
raivosas.
Esse
resultado
e
a
reanálise
apresentada
por
Bortoloti
e
de
Rose
(2011)
fornecem
evidências
de
que
alguns
estímulos
signicativos
poderiam ter um grau de
“
relacionabilidade
” maior do que outros
quando
envolvidos em classes de equivalência.
A
noção
matemática
de
equivalência
não
compor
ta
variações
quantitativas;
é
logicamente
contraditório
conceber
elementos
mais
ou
menos
equivalentes
entre
si.
N
a
matemática,
por
tanto,
equivalência
é
um
fenômeno
do
tipo
“
tudo
ou
nada
”.
Relações
simbólicas,
por
outro
lado,
parece
que
admitem
gradações.
Uma
pessoa
pode
relacionar
uma
palavra
de
sua
língua
nativa
com
um
determinado
signicado
e
pode
relacionar
uma
palavra
de
outro
idioma
com
um
signicado
semelhante.
P
odem
existir relações
semânticas nas duas
situações, mas,
nos estágios
iniciais de
aprendizagem
da
segunda
língua,
é
possível
que
a
relação
entre
a
palavra
estrangeira
e
seu
signicado
seja
menos
for
te
do
que
a
relação
entre
a
palavra
da
primeira
língua
e
seu
signicado.
Os
estudos
descritos
nesta
seção
sugerem
que
relações
simbólicas
simuladas
de
acordo
com
critérios
fornecidos
pelo
modelo
de
equivalência
de
estímulos
admitem
variações
quantitativas.
Acr
editamos
que
essa
característica
aproxima
o
modelo
de
equivalência das relações simbólicas que ocorr
em naturalmente.
Além
da
analogia
com a
equivalência
matemática,
a noção
de que
relações
de
equivalência
não
comportariam
graus
deve
ter
sido
imposta
pelo procedimento
de emparelhamento
ao modelo,
no qual
o participante
deve
fazer
escolhas
forçadas
entre
alternativas
discretas.
P
rocedimentos
de
emparelhamento
ao
modelo
capturam
o
estabelecimento
de
relações
simbólicas
de
forma
muito
eciente,
mas
deixam
de
fora
a
dimensão
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
170
quantitativa
das
relações
estabelecidas.
Medidas
complementares
ao
emparelhamento
ao
modelo
que permitam
estimar o
nível
de
transferência
de
funções
entre
estímulos
equivalentes
podem
ajudar
a
preencher
essa
lacuna.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
Sidman
e
colegas
(e.g.,
Sidman,
1994,
2000;
Sidman
& T
ailby
,
1982)
argumentam
que
as
relações
de
equivalência
constituem
relações
simbólicas,
com
signicado
semântico.
Quando
um
conjunto
de
estímulos
relacionados
entre
si
constitui
uma
classe
de
estímulos
equivalentes,
cada
membro
da
classe
é
um
símbolo
dos
demais
e
os
membros
da
classe
compartilham
o
signicado.
Os
estudos
de
Sidman
produziram,
portanto,
uma
ferramenta
conceitual
para
a
abordagem
comportamental
de
fenômenos
de
grande
relevância
para
o
estudo
do
comportamento
complexo, como
símbolo e
signicado, criando
a possibilidade
de realizar
o
que
muitos
viam
como
uma
lacuna
na
análise
do
comportamento,
particularmente do comportamento humano.
Inicialmente,
estudos
envolvendo
transferência
de
funções,
controle
contextual,
fusão
e
expansão
de
classes
tenderam
a
conrmar
a
proposição de que
a equivalência de
estímulos possibilita
uma abordagem
comportamental
de
processos
simbólicos.
Mais
recentemente,
a
validade
da
equivalência
de
estímulos
como
modelo
compor
tamental
de
símbolo
e
signicado
foi
conrmada
por
estudos
envolvendo
diferentes
técnicas,
entre
elas o
diferencial
semântico, o
priming
semântico,
o IA
T e
a extração
de
ERP
s,
conforme
destacamos
anteriormente.
O
uso
de
algumas
dessas
técnicas
tem
permitido
vericar
que
relações
de
equivalência
podem
ser
estabelecidas
em
níveis
diferentes,
o
que
deixa
ainda
mais
próximas
as
relações
geradas
pelo
modelo
experimental
das
relações
simbólicas
envolvidas, por exemplo, na linguagem natural dos participantes.
O
diferencial
semântico
e
o
IRAP
,
usados
como
medidas
contínuas
da transferência
de funções
entre estímulos
equivalentes, têm
sido úteis na
investigação
de
procedimentos
que
contribuem
para
a
formação
de
relações
simbólicas
mais
bem
estabelecidas.
A
identicação
desses
procedimentos
pode
ter
implicações
impor
tantes
para
a
aplicação
do
paradigma
de
C
S
:
B
C
E
E
171
equivalência
à
educação
e
à
reabilitação.
Considerando
que
o
paradigma
de
equivalência
é
aplicado
para
estabelecer
ou
desenvolver
repertórios
simbólicos,
a
informação
de
que,
por
exemplo,
o
matching
atrasado
gera
mais
transferência
de
signicado
do
que
o
matching
simultâneo
é
relevante
para
pesquisadores,
instr
utores
e
desenvolvedores
de
programas
educacionais.
A
investigação
de
parâmetros
experimentais
que
afetam
a
transferência
de
signicados entr
e
estímulos
equivalentes
aponta
caminhos
importantes
para
pesquisas
futuras.
P
or
exemplo,
Bor
toloti
e
de
Rose
(2009,
2012)
encontraram
evidências,
com
o
diferencial
semântico
e
com
o
IRAP
,
de
que
a
transferência
de
funções
é
maior
em
classes
de
equivalência
envolvendo
expressões
faciais
alegres
do
que
em
classes
de
equivalência
envolvendo
expressões
faciais
raivosas.
Esse
resultado
é
aparentemente
consistente
com
estudos
que
descrevem
r
espostas
mais
rápidas e intensas diante de expressões alegres (e.g., Batty &
T
aylor
, 2003;
Kirita
&
Endo,
1995; Leppänen,
Kauppinen, P
eltola,
& H
ietanen,
2007),
mas
contraditório
em
relação
a
estudos
que
descrevem
respostas
mais
rápidas para
expressões negativ
as (e.g.,
F
ox, Lester
, Russo,
Bowles, Pichler
,
&
Dutton,
2000;
C.
H.
Hansen
&
Hansen,
1988;
Öhman,
Lundqvist,
&
Esteves, 2001).
P
ortanto,
são
necessárias
mais
investigações
focadas no
efeito de
expressões faciais de
emoções sobre
o grau
de relacionamento de
estímulos
equivalentes.
Replicações
sistemáticas
desses estudos
variando
os
tipos de estímulos emocionais também seriam interessantes.
Além
do
conteúdo
emocional
das
classes
estabelecidas,
várias
outras
possibilidades
de
investigações
futuras
podem
ser
destacadas.
P
or
exemplo,
parece
relevante
o
estudo
de
parâmetros
de
treino
como
a
duração do
atraso no empar
elhamento com
modelo, o uso
de supertreino,
o
uso
de
protocolos
de
treino
do
tipo
um
para
muitos
e
muitos
para
um
e
a
direcionalidade
das
relações
estabelecidas.
T
ambém
parece
relevante
o
estudo
do
grau
de
relacionamento
entre
estímulos
abstratos
e
estímulos
signicativos
relacionados
por
relações
distintas
da
equivalência,
especicamente
de
oposição
e
comparação,
como
“
maior
que
”/”menor
que
” (Hayes, Barnes-H
olmes & Roche, 2001).
U
ma
importante
direção
para
a
pesquisa
futura
sobre
as
condições que afetam
o grau de relacionamento de estímulos equivalentes
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
172
envolve
medidas eletr
osiológicas da
atividade neuronal dos
par
ticipantes,
especialmente
a
extração
do
componente
N400.
Se
esse
componente
se
mostrar
sensível
a
parâmetros
como
distância
nodal,
matching
atrasado
e
conteúdo
emocional
das
classes
estabelecidas,
conclusões
sobre
diferentes
níveis
de
transferência
de
signicados
entre
estímulos
equivalentes
ganharão
um
novo
suporte
e
isso
poderá
ajudar
a
claricar
questões
teóricas
envolvendo
o
grau
de
relacionamento
de
estímulos
equivalentes.
Alguns
estudos-piloto já estão sendo conduzidos com esse propósito
.
R
EFER
ÊNCIAS
Arntzen, E.,
Grondahl,
T
., & E
ilifsen, C.
(2010). e eects
of dier
ent training
structures
in the
establishment of
conditional
discriminations
and
subsequent
performance
on
tests
for
stimulus
equivalence.
e
Psychological
Recor
d,
60,
437-462.
Barnes-H
olmes,
D.,
Keane,
J.,
Barnes-H
olmes,
Y
.,
&
Smeets,
P
.
M.
(2000).
A
derived
transfer
of
emotive
functions
as
a
means
of
establishing
dierential
preferences for soft drinks.
e P
sychological Recor
d, 50
, 493-511.
Barnes-H
olmes,
D.,
Staunton,
C.,
Whelan,
R.,
Barnes-Holmes,
Y
.,
Commins,
S.,
W
alsh,
D.,
S
tewart,
I.,
S
meets,
P
.
M.,
&
Dymond,
S.
(2005).
Derived
stimulus
relations,
semantic
priming,
and
event-related
potentials:
T
esting
a
behavioral
theor
y
of
semantic networks.
J
our
nal
of
the
Experimental
Analysis
of
Behavior
,
84
, 417-433.
Batty
,
M.,
&
T
aylor
,
M.
J.
(2003).
Early
processing
of
the
six
basic
facial
emotional
expressions.
Cognitive Br
ain Research
,
17
, 613-620.
Belanich,
J.,
&
F
ields,
L.
(2003).
Generalized
equivalence
classes
as
response
transfer networks.
e P
sychological Record, 53
, 373–413.
Bortoloti, R., &
de Rose, J. C. (2007). M
edida do grau de
relacionamento entr
e
estímulos equivalentes.
P
sicologia: Reexão e Crítica, 20
, 250-256.
Bortoloti, R.
& de Rose, J. C. (2008). T
ransferência de signicado
de expressões
faciais
apresentadas
brevemente
para
estímulos
abstratos
equivalentes
a
elas.
Acta Comportamentalia
,
16
, 223-241.
Bortoloti,
R.,
&
de
Rose,
J.
C.
(2009).
Assessment
of
the
relatedness
of
equivalent
stimuli
through
a semantic
dierential.
e
Psy
chological R
ecord, 59
,
563-590.
C
S
:
B
C
E
E
173
Bortoloti,
R.,
&
de
Rose,
J.
C.
(2011).
An
“Orwellian
”
account
of
stimulus
equivalence.
Are
some
stimuli
“
more
equivalent
”
than
others?
European
J
our
nal of Behavior A
nalysis, 12
, 121-134.
Bortoloti,
R.,
&
de
Rose,
J.
C.
(2012).
Equivalent
stimuli
are
more
strongly
related after training with delay
ed than with simultaneous matching: A study
using the Implicit Relational Assessment
P
rocedure (IRAP).
e
P
sychological
Recor
d, 62,
41-54.
Bortoloti
R.,
de
Rose
J.
C.,
&
Rodrigues
N.
C.
(2011,
N
ovember
,
24-26).
T
ransfer
of
meaning
among
equivalent
stimuli
is
more
intense
when
the
number
of
training
trials
is
greater:
A
study
using
the
semantic
dierential.
In
J.
C.
C.
de
Rose
(Chair),
Basic
research
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177
p
roCediment
o
G
O
/N
O
-
GO
Com
e
Stímulo
S
C
ompo
St
o
S
no
e
Studo
d
a
a
prendiza
Gem
r
elaCion
al
P
aula Debert
N
as últimas
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estabelecimento de r
elações de controle
condicional
diretamente
ensinadas,
bem
como
a
identicação
desse
controle
em
situações
novas
sem
treino
direto,
tem
sido
a
marca
dos
estudos
que
abor
dam
fenômenos conhecidos
como
comportamento
complexo ou
aprendizagem r
elacional. O procedimento
matching-to-sample
(MT
S) tem
sido utilizado
com sucesso para
estabelecer tais comportamentos
(Sidman,
1994).
Entretanto,
algumas
pesquisas
revelam
diculdades
para
estabelecer
os
mesmos
comportamentos
quando
indivíduos
com
desenvolvimento
atípico
são
submetidos
ao
MTS
(e.g.,
Devany
,
Hayes
&
N
elson,
1986).
N
esse
sentido,
investigações
que
envolvem
procedimentos
alternativos
ao
MTS
podem
contribuir
para
o
desenvolvimento
de
tecnologias
direcionadas
à produção de aprendizagem r
elacional para a população mencionada.
Este
capítulo
tem
por
objetivo
sistematizar
os
estudos
conduzidos
com
o
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
para
estabelecer
aprendizagem
relacional
de
modo
a
avaliar
a
efetividade
desse
procedimento
como
uma
alternativa
ao
MTS.
Além
disso,
o
capítulo
discute
a
necessidade
de
uma
reformulação
da
denição
de
discriminação
condicional,
que
se
apresenta
mais
claramente
a
partir
dos
resultados
de
estudos
que
empregaram o procedimento
go/no-go
com estímulos compostos.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
178
D
ISCRIMINAÇÃO
SIMPLES
X
DISCRIMINAÇÃO
CONDICIONAL
O
controle
do
responder
por
eventos
ambientais
antecedentes
tem
sido
demonstrado em
estudos experimentais,
desde os
trabalhos iniciais
de
Skinner
(1931;
1935;
1938;
1953).
Relações
constantes
estabelecidas
entre
diferentes
eventos
ambientais
antecedentes
e
diferentes
probabilidades
de
respostas
são
chamadas
de
“
discriminações
simples
”.
N
o
procedimento
comumente
empregado
para
gerar
discriminações
simples,
respostas
são
seguidas
de
reforço
apenas
diante
de
determinados
estímulos.
Diante
de
outros estímulos, essas respostas não são
seguidas de reforço ou o são com
outra
probabilidade.
O
desempenho
resultante
reete,
então,
um
responder
sob controle
discriminativo
. Ou
seja, enquanto
o estímulo
diante do
qual
a r
esposta foi seguida
de reforço
passa a
controlar a
ocorrência da
resposta,
os
outros
estímulos
passam
a
controlar
a
ocorrência
dessa
resposta
com
menor
probabilidade, o
que
assinala a
constância das
relações estabelecidas
em uma discriminação simples (Skinner
, 1953).
É
possível
também
estabelecer
relações
de
controle
entre
probabilidades
de resposta
e
eventos
ambientais
antecedentes,
que
mudam
a
depender
de
outros
estímulos.
Diferentemente
de
uma
situação
de
discriminação
simples,
em
uma
situação
de
discriminação
condicional
não
se
estabelece
uma
relação
constante
entre
um
estímulo
antecedente
e
uma
resposta;
esta
relação
muda
de
acordo
com
os
contextos
nos
quais
o
estímulo aparece.
Em linhas gerais,
para se
obter uma
relação condicional
são
necessários,
pelo
menos,
quatro
estímulos.
Apenas
na
presença
de
duas
das
possíveis
combinações
desses
quatro
estímulos,
as
respostas
são
seguidas
de
reforço.
Combinações
outras
desses
quatro
estímulos
não
se
conguram
ocasiões
diante
das
quais
as
respostas
são
seguidas
de
reforço
.
P
or
tanto,
no
caso
de
uma
discriminação
condicional,
respostas
diante
de
um
mesmo
estímulo poderão
ou não
ser seguidas
de r
eforço
a depender
de
um estímulo adicional.
O
P
ROCEDIMENTO
MATCHING
-
TO
-
SAMPLE
E
A
DEFINIÇÃO
DE
DISCRIMINAÇÃO
CONDICIONAL
O
procedimento
comumente
utilizado
para
estabelecer
discriminações
condicionais
é
o
matching-to-sample
(MTS).
No
C
S
:
B
C
E
E
179
procedimento
MTS
padrão,
primeiramente,
um
dos
estímulos
condicionais
é
apresentado
em
cada
tentativa
e,
após
a
emissão
de
uma
resposta
de
observação
a
esse
estímulo
condicional,
dois
outros
estímulos
(chamados
“
estímulos escolha
”) são
produzidos. A
resposta de
escolher apenas um
dos
estímulos
escolha
é refor
çada
a
depender do
estímulo modelo
apresentado.
A
sinalização
alternada
de
reforço
e
extinção
pelos
mesmos
estímulos
escolha
em função do
estímulo modelo presente
conferiria caráter condicional aos
desempenhos produzidos pelo procedimento MT
S.
A
diferença
na
forma
como
estímulos
modelo
e
escolha,
apresentada
no
procedimento
MTS,
parece
estar
mais
intimamente
relacionada
com
a
própria
denição
de
discriminação
condicional,
que
passa
a
vigorar
a
par
tir
de
uma
das
primeiras
revisões
da
literatura
sobre
discriminação
condicional
(Cumming
&
Berryman,
1965).
P
ara
Cumming
e
Berr
yman
(1965),
em
uma
discriminação
condicional,
um
estímulo
(no
caso,
o estímulo
condicional) funciona
como um
“
seletor”
de
discriminações,
mais do
que
“
seletor” de
respostas individuais.
De
acordo
com
essa
descrição,
o
reforço
seria
contingente
à
relação
entre
uma
resposta
e
dois
estímulos,
cada
um
com
uma
função
diferente:
a
de
estímulo
discriminativo e a de condicional.
C
RÍTICAS
À
DEFINIÇÃO
DE
DISCRIMINAÇÃO
CONDICIONAL
U
m
qu
est
io
nam
ent
o
a
re
spe
ito
da
de
niç
ão
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rim
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r
ecor
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a
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res
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Sch
mi
dt
(19
89)
.
Os
aut
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sup
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ais
e
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ri
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ati
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são
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esent
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em
um
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a,
não
é
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ível
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bui
r
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men
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da
um
de
les
funç
ões
cond
ici
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e
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crimi
nativ
as
espe
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as.
Ou
sej
a,
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to
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est
ímul
os
cuja
apr
ese
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ção
é
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da
de
tent
ati
va
para
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iv
a
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que
sup
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men
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bir
funç
ão
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minat
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sessã
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que
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tam
ent
e
dev
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exi
bir
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ond
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cem
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ções.
N
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J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
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qua
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bic
ar
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com
a
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ver
mel
ha,
e
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,
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M
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dest
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ciona
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ixa
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cor
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chav
e.
P
orta
nto,
quand
o
est
ímu
los
que
nun
ca
fora
m
apr
ese
ntad
os
com
o
su
posto
s
co
ndic
ion
ais
ou su
pos
to
s disc
rimi
nat
iv
os
no
tr
ein
o, o são
nos
tes
tes
,
pass
am
a
cont
ro
lar
as
re
spo
st
as
de
form
a
co
nsi
ste
nte
com
o
tre
ino,
den
otan
do
um
desem
penh
o c
ond
icion
al.
Segundo
omas
e
Schmidt
(1989),
quando
Cumming
e
Berryman
(1965)
descreveram
o
estímulo
condicional
como
um
“
seletor
de
discriminações
”,
eles
tinham
em
mente
o
procedimento
matching-
to-sample
no
qual
o
estímulo
modelo
(i.e.,
o
estímulo
condicional)
é
apresentado
sucessivamente
de
tentativa
para
tentativa,
e
o
estímulo
escolha
(i.e.,
o
estímulo
discriminativo)
é
apresentado
simultaneamente
em
cada
tentativa.
Respostas
especícas
a
cada
um
destes
estímulos
(resposta
de
obser
vação
e
resposta
de
escolha)
são
exigidas
com
o
intuito
de
favorecer
o estabelecimento de
funções condicionais ao
estímulo modelo e
discriminativas
aos
estímulos
escolhas.
P
ortanto,
para
omas
e
Schmidt
(1989), a denição de discriminação condicional
oferecida por C
umming
e
Berr
yman
(1965),
que
implica
uma
“
relação
hierárquica
”
entre
estímulos,
se
originou
e
se
restringe
às
situações
em
que
o
procedimento
MTS
é
utilizado.
Os
resultados
do
estudo
de
omas
e
Schmidt
(1989),
que
revelam
a
possibilidade
de
ambos
os
estímulos
(condicional
e
discriminativo)
apresentarem
as
duas
funções,
permitiriam
uma
crítica
à
denição
de
discriminação condicional
apr
esentada por
C
umming e
Berryman (1965)
na
medida
em
que
ela
não
deveria
postular
uma
função
especíca
para
cada
estímulo
e
muito
menos
uma
relação
hierárquica
entre
estímulos.
C
S
:
B
C
E
E
181
P
ara
os
autores,
uma
denição
mais
parcimoniosa
de
discriminação
condicional
seria
aquela
em
que
combinações
de
estímulos,
mais
do
que
elementos com funções independentes, são vistas como sinalizando qual a
contingência que está em vigor
.
D
EFINIÇÃO
DE
DISCRIMINAÇÃO
CONDICIONAL
E
CLASSES
DE
EQUIVALÊNCIA
A
pós
as
pri
meira
s
dem
ons
traçõ
es
empír
icas
de
com
o
clas
ses
de
equ
ival
ên
cia
são
prod
uzi
das
a
par
tir
do
pr
oce
di
men
to
MT
S,
Sid
man
e
T
ai
lb
y
(19
82)
forn
ecem
uma
sis
te
mat
iza
ção
mai
s
cla
ra
da
de
niç
ão
de
cla
sse
s
de
equ
iv
alê
nci
a.
P
ara
tan
to,
part
em
de
uma
de
niç
ão
de
disc
rim
inaçã
o
con
dici
ona
l
simil
ar
à
apr
esen
tada
por
Cu
mmi
ng
e
Be
rryma
n
(196
5),
que
foi
cri
tica
da
por
oma
s
e
Sch
mid
t
(19
89)
.
Se
gundo
S
idma
n
e
T
ailb
y
(1
982
),
a
con
ting
ênc
ia
de r
efo
rç
ame
nto
em um
a dis
cri
mi
naç
ão
con
di
cio
nal
é des
cr
ita
uti
liza
ndo
quat
ro
termo
s:
Sc
-
Sd
-
R
–
Sr
.
N
est
a
form
ulaç
ão,
a
“
funçã
o
sel
etor
a
”
atr
ibu
ída
po
r
Cu
mmi
ng
e
Ber
ryman
(19
65)
ao
estí
mul
o
cond
ic
ion
al
é
desc
rita
com
o
env
olve
ndo
a
po
ssi
bi
lid
ade
de
alte
rar
/d
ete
rmi
nar
a
rela
ção
de
trê
s t
erm
os (S
d -
R -
S
r) q
ue
est
ará e
m vi
gor
.
Com o
crescimento da
área de
equivalência de
estímulos e
com o
sucesso
dessa
área
em
produzir
compor
tamentos
complexos
emergentes
em
diferentes
contextos
aplicados,
a
denição
de
discriminação
condicional
fornecida por
Sidman e
T
ailby (1982),
também atrelada ao
procedimento
MTS, ganha força e passa a ser mais r
ecorrentemente empr
egada.
Da
mesma
forma
que
o
procedimento
proposto
por
omas
e
Schmidt
(1989)
permitiu
uma
crítica
à
denição
de
discriminação
condicional, r
estaria saber
se procedimentos
diferentes do MT
S, nos
quais
funções
especícas não
pudessem ser
atribuídas
a cada
estímulo
pela forma
como
são
apresentados,
também
produziriam
classes
de
equivalência.
A
demonstração
dessa
possibilidade
indicaria
que,
mesmo
para
estabelecer
discriminações
condicionais
emergentes,
não
há
necessidade
de
estabelecer
funções especícas para cada estímulo.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
182
A
DEFINIÇÃO
DE
DISCRIMINAÇÃO
CONDICIONAL
E
O
PROCEDIMENTO
GO
/
NO
-
GO
COM
ESTÍMULOS
COMPOSTOS
PARA
ESTABELECER
CONTROLE
CONDICIONAL
EMERGENTE
Debert,
M
atos
e
McI
lvane
(2007)
investigaram
se
um
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
produziria
relações
condicionais
emergentes.
N
esse
procedimento,
pares
de
estímulos
abstratos
eram
apresentados
simultaneamente
(lado
a
lado)
como
estímulos
compostos.
Esses
estímulos
compostos
eram
formados
pelos
estímulos
AB
e
BC.
Repostas
aos
estímulos
A1B1,
A2B2,
A3B3,
B1C1,
B2C2
e
B3C3
eram
seguidas
de
reforço,
e
repostas
aos
estímulos
A1B2,
A1B3,
A2B1,
A2B3,
A3B1,
A3B2,
B1C2,
B1C3,
B2C1,
B2C3,
B3C1,
B3C2
não eram seguidas
de refor
ço.
Após o
estabelecimento de um desempenho
acurado
nessa
tarefa,
testes
posteriores
indicariam
a
produção
de
relações
condicionais
emergentes
se
os
participantes,
sem
treino
direto,
respondessem
sistematicamente
aos
compostos
A1C1,
C1A1,
A2C2,
C2A2,
A3C3,
C3A3
e
não
aos
compostos
A1,C2,
C2A1,
A1C3,
C3A1,
A2C1,
C1A2,
A2C3,
C3A2, A3C1,
C1A3, A3C2
e C2A3.
O que
há de
especial interesse nesse
procedimento
é
que,
pela
forma
como
os
estímulos
são
apresentados
nos
treinos
e
nos
testes,
não
há
a
possibilidade
de
identicar
quais
estímulos
seriam condicionais e quais seriam os discriminativos.
N
o
estudo
realizado
por
Debert
et
al.
(2007),
seis
universitários
foram
submetidos
a
uma
tarefa
na
qual
deveriam
responder
ou
não
com
mouse
em
um
botão
desenhado
apresentado
no
centro
de
um
monitor
de
computador
.
N
este
botão
desenhado
era
apresentado
um
par
de
estímulos
(compostos)
formados
por
duas
de
nove
formas
abstratas
utilizadas
por
Markham
e
Dougher
(1993).
O
computador
estava
equipado
com
o
programa
“COMPOUND”,
desenvolvido
a
partir
do
software
Visual
Basic,
que
controlava
a
apresentação
dos
estímulos
e
o
registro
das
respostas.
O
experimento
teve
três
fases.
O
objetivo
da
F
ase
I
foi
produzir
um
padrão
de
respostas
que
envolvia
responder
diante
de
determinados
estímulos
compostos
e
não
responder
diante
de
outros
estímulos
compostos
por
meio
do
procedimento
go/no-go
.
Cada
estímulo
composto
era apresentado
randomicamente e
sucessivamente ao
longo
da
sessão
e
cada
apresentação
era
seguida
por
um
inter
valo
entre
tentativas
(IET)
de
dois
segundos
durante
o
qual
nenhum
estímulo
estava
presente
C
S
:
B
C
E
E
183
no
“botão
”.
N
ão
havia
consequências
especícas
para
respostas
durante
o
IET
.
F
oram
apresentados
18
compostos
(A1B1,
A2B2,
A3B3,
B1C1,
B2C2,
B3C3
–
estímulos
compostos
arbitrariamente
designados
como
“
corretos
”
–
e
A1B2,
A1B3,
A2B1,
A2B3,
A3B1,
A3B2,
B1C2,
B1C3,
B2C1,
B2C3,
B3C1
e
B3C2
–
estímulos
compostos
arbitrariamente
designados
como
“incorretos
”
1
).
Em
cada
sessão
foram
apresentadas
288
tentativas
programadas
em
12
blocos,
cada
um
com
24
tentativas.
Cada
estímulo
composto
“
correto
”
foi
apresentado
duas
vezes
e
cada
estímulo
composto
“incorreto
”,
uma
vez,
já que
o
número
de
possíveis
combinações
de
estímulos
em
compostos
“incorretos
”
(total
de
12)
era
o
dobro
do
número
de
possíveis
combinações
de
estímulos
em
compostos
“
corretos
”
(total
de
6).
Em
cada
bloco,
as
apresentações
dos
estímulos
compostos
eram
realizadas
de
forma
randômica,
evitando
que
o
mesmo
estímulo
composto
fosse
apresentado
mais
que
três
vezes
consecutivas
e
evitando
que
o
número
de
apresentações
de
estímulos
compostos
“
corretos
”
e
o
número
de apr
esentações de
estímulos compostos
“incorretos
” ex
cedessem
três apresentações consecutiv
as.
Os
participantes
poderiam
emitir
várias
respostas,
clicando
com
o
mouse
em
qualquer
par
te
do
“botão
”,
ou
não
responder
durante
a
apresentação
de
cada
estímulo
composto.
As
respostas
diante
dos
estímulos
compostos
“
corretos
”
eram
consequenciadas
a
par
tir
de
um
esquema
de
reforçamento
intermitente
(Conjuntivo
FR1
e
VT
2,5).
O
reforço
consistiu
de
um
barulho
que
simulava
o
som
de
chas
caindo
e
do
acréscimo
de
dez
pontos
apresentados
em
um
contador
de
pontos
localizado no canto superior
esquerdo da
tela do computador
, que passava
a
piscar
por
um
segundo
e
meio.
N
enhuma
resposta
emitida
durante
a
apresentação
dos
compostos
“incorretos
”
era
seguida
de
consequência
diferencial.
Cada
sujeito
foi
submetido
a
uma
sessão
de
treino
por
dia,
cada
uma
com 30
minutos
de
duração. A
passagem
para
a
F
ase
II
ocorria
apenas
se
os
participantes
respondessem,
pelo
menos,
uma
vez
diante
de
todos
os
estímulos
compostos
“
corretos
”
e
não
respondessem
diante
de
quaisquer
dos
estímulos
compostos
“incorretos
”
em
uma
sessão.
Caso
contrário,
uma
nova
sessão
de
treino
era
conduzida
até
que
o
critério
estipulado fosse atingido. A F
ase II, que envolveu teste em extinção, tinha
por
objetivo
vericar
se
os
participantes,
sem
treino
direto, responderiam
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
184
apenas
na
presença
dos
estímulos
compostos
“
corretos
”,
mesmo
quando
os
estímulos
destes
compostos
e
dos
compostos
“incorretos
”
ocupassem
posições
trocadas
(o
estímulo
que
apareceu
na
par
te
direita
do
estímulo
composto
durante o
treino
aparecia
à
esquerda
no teste
e
vice-versa).
N
esta
fase,
o
contador
de
pontos
não
aparecia
em
nenhum
momento.
Na
tela,
era
apresentado
apenas
um
estímulo
composto
no
“botão
”
central
e,
da
mesma
forma
que
no
treino,
cada
estímulo
composto
era
apresentado
sucessivamente
por
quatro
segundos,
seguidos
de
dois
segundos
de
IET
,
no
qual
nenhum
estímulo
era
apresentado
no
“botão
”
central.
F
oram
testadas,
em
extinção,
18
relações
que
envolviam
apenas
a
modicação
na
posição
dos
estímulos
dos
compostos
apresentados
na
F
ase
I:
B1A1,
B2A2,
B3A3,
C1B1,
C2B2,
C3B3
(estímulos
compostos
“
corretos
”);
B1A2,
B1A3,
B2A1,
B2A3,
B3A1,
B3A2,
C1B2,
C1B3,
C2B1,
C2B3,
C3B1,
C3B2
(estímulos
compostos
“incorretos
”).
Em
cada
sessão
eram
apresentadas
144
tentativas
programadas
em
6
blocos,
cada
uma
com
24
tentativas.
Cada
estímulo
composto
“
correto
”
era
apresentado
duas
vezes
e
cada
estímulo
composto
“incorreto
”,
uma
vez,
já
que
o
número
de
possíveis
combinações
de
estímulos
em
compostos
“incorretos
”
(total
de
12)
era
o
dobro
do
número
de
possíveis
combinações
de
estímulos
em
compostos
“
corretos
”
(total
de
6).
Em
cada
bloco,
as
apresentações
dos
estímulos
compostos
eram
realizadas
de
forma
randômica,
evitando
que
o
mesmo
estímulo
composto
fosse
apresentado
mais
que
três
vezes
consecutivas
e
evitando
que
o
número
de
apresentações
dos
estímulos
compostos “
corretos
” e
número de
apresentações dos estímulos
compostos
“incorretos
”
excedessem
três
apresentações
consecutivas.
A
sessão
durava
aproximadamente 15 minutos.
A
passagem
da
F
ase
II
para
a
F
ase
III
ocorria
apenas
quando
os
participantes
respondiam,
pelo
menos,
uma
vez
diante
de
cada
estímulo
composto
“
correto
”
e
não
respondiam
diante
de
qualquer
estímulo
composto “incorreto
”. Caso contrário, a F
ase II seria conduzida mais uma
vez
após
repetição
da
F
ase
I
(treino).
O
objetivo
da
F
ase
III
foi
vericar
se
os
participantes,
sem
treino
direto,
responderiam
apenas
diante
dos
compostos
que
apresentav
am
estímulos
que
foram
relacionados
a
um
mesmo
estímulo
no
treino
(por
exemplo,
A1B1
e
B1C1
no
treino
e
A1C1
e
C1A1
nesta
fase).
T
odas
as
características
da
F
ase
II
foram
mantidas
na
F
ase
C
S
:
B
C
E
E
185
III, ex
ceto o tipo
de estímulos compostos
empregado
. F
oram apresentadas
144
tentativas,
em
extinção.
Em
cada
tentativa
era
apresentado
um
dos
18
possíveis
estímulos
compostos
que
eram
formados
por
estímulos
que
foram
relacionados
a
um
mesmo
estímulo
no
treino,
ocupando
todas
as
posições
(direita
e
esquerda).
T
ais
testes
foram
denominados
T
este
de
T
ransitividade
e
Equivalência: A1C1,
A2C2, A3C3,
C1A1,
C2A2,
C3A3
(nov
os
estímulos
compostos
“
corretos
”);
A1C2,
A1C3,
A2C1,
A2C3,
A3C1,
A3C2,
C1A2,
C1A3,
C2A1,
C2A3,
C3A1,
C3A2
(novos
estímulos
compostos
“incorretos
”
1
).
Essa
fase
poderia
ser
repetida
caso
a
porcentagem
de acertos fosse baixa.
Os
participantes
levaram
de
3
a
6
sessões
para
atingir
100%
de
acertos
no
treino.
Dentre
os
seis
par
ticipantes
submetidos
ao
presente
estudo,
todos
exibiram,
imediatamente,
desempenhos
emergentes
nos
testes
de
Simetria
(F
ase
II)
e
quatro
mostraram
desempenhos
emergentes
nos
blocos
da
primeira
ou
da
segunda
sessão
do
T
estes
de
T
ransitividade
e
Equivalência
(F
ase
III).
A
possibilidade
de
desempenhos
condicionais
emergirem
em
testes
subsequentes
na
F
ase
III,
no
caso
dos
dois
participantes
que
não
os
demonstraram,
não
pôde
ser
avaliada,
uma
vez
que
eles
não
puderam continuar o estudo.
Em
conjunto,
os
resultados
apresentados
por
Debert
et
al.
(2007)
indicam
que
o
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
permite
que
dois
estímulos
apresentados
simultaneamente
sejam
separados
e
recombinados
em
estímulos
compostos
novos,
que
permanecem
controlando
condicionalmente
o
responder
nos testes.
P
ortanto, o
procedimento
go/no-
go
com
estímulos
compostos permite
a produção
de relações condicionais
emergentes
e
pode
ser
empregado
como
uma
alternativa
ao
MTS.
Além
disso,
os
resultados
obtidos
por
Debert
et
al.
(2007)
permitem
reiterar
as
críticas
realizadas
por
omas
e
Schmidt
(1989)
quanto
às
denições
atuais
de
discriminação
condicional,
na
medida
em
que
relações
condicionais
emergentes
foram
produzidas
sem
que
fosse
possível
identicar
quais
os
estímulos condicionais e discriminativos.
S
tromer
,
McI
lvane
e
Serna
(1993),
em
artigo
teórico,
propõem
uma
denição
alternativa
de
discriminação
condicional.
P
ara
eles,
tem-se
1
“Correto
”
e
“incorreto
”
referem-se a
estímulos
diante
dos
quais,
respectivamente,
responder seria
e
não
seria
consistente com o treino.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
186
uma
discriminação
condicional
quando
estímulos
compostos
podem
ser
separados
e
recombinados
em
testes
subseqüentes
e
permanecer
controlando
o
responder de
uma
forma
consistente
com o
treino. De
acordo com
essa
denição,
não
há
a
necessidade
de
se
estabelecer
funções
condicionais
e
discriminativas
para
que
discriminações
condicionais
sejam
estabelecidas
e,
sendo
assim,
tanto
os
desempenhos
produzidos
pelo
pr
ocedimento
MTS
quanto
os
produzidos
pelo
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos poderiam envolver discriminações condicionais emergentes.
A
NALISE
DE
PARÂMETROS
DO
PROCEDIMENTO
GO
/
NO
-
GO
COM
ESTÍMULOS
COMPOSTOS
Após
o
estudo
inicial
desenvolvido
por
Debert
et
al.
(2007),
outros
estudos
foram
conduzidos
com
o
intuito
de
avaliar
alguns
parâmetros
do
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos,
bem
como
de
vericar
a
efetividade
desse
procedimento
em
contextos
nos
quais
há
alguma
diculdade para implementar o procedimento MTS.
O e
stud
o d
ese
nvol
vid
o po
r P
erez
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emer
gent
e.
A
extensão da
aplicação
do procedimento
go/no-go
com estímulos
compostos
foi
vericada
em
um
outro
estudo
que
analisou
a
efetividade
desse
procedimento
em
gerar
relações
condicionais
emergentes
em
situações
nas quais o uso do MTS é mais complicado ou impossível.
Debert,
H
uziwara,
F
aggiani,
de
Mathis
e
McI
lvane
(2009)
conduziram
dois experimentos
nos quais
relações condicionais
emergentes
foram
detectadas
a
partir
de
um
treino
com
o
procedimento
go/no-go.
N
este
procedimento,
foram
empregados
estímulos
compostos
formados
por
gura-fundo
(Experimento
1)
e
por
estímulos
e
suas
respectivas
localizações (Experimento 2).
N
o
Experimento
1,
os
estímulos
compostos
foram
guras
abstratas
sobrepostas
a
fundos
coloridos.
Os
estímulos
compostos
apresentados
no
treino
foram
AB e
BC, sendo
que os
estímulos A
e C
eram guras
abstratas
e
os
estímulos
B
eram
fundos
coloridos.
Os
testes
AC
e
CA
empregaram
estímulos
compostos
formados
por
duas
guras
abstratas
apresentadas
lado
a
lado.
Os
cinco
estudantes
de
graduação
submetidos
a
esse
estudo
demonstraram
desempenhos
emergentes
nos
testes.
Isso
indica
que,
mesmo
quando estímulos
são apresentados como gura-fundo,
há a possibilidade
de os estímulos dos compostos ser
em separados e recombinados em no
vos
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
188
compostos
que
mantêm
o
controle
do
responder
nas
tentativas
de
teste
de
forma
consistente
com
o
que
foi
treinado
.
N
o
caso
do
MTS,
relações
estabelecidas entre
o estímulo
modelo e
o estímulo
escolha não
permitem
que
esses
estímulos sejam
apresentados
como
gura-fundo, o
que
torna
o
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
a
única
alternativa
para
se estabelecer esse tipo de relação
.
N
o
Experimento
2,
duas
dimensões
conguravam
os
estímulos
compostos:
o
desenho
de
guras
abstratas
e
duas
possíveis
localizações
dessas
guras
na
tela
de
um
computador
(direita
e esquer
da).
Os
estímulos
compostos
apresentados
no treino
foram
AB e
BC,
sendo que
os
estímulos
A
e
C eram
guras abstratas
e
os
estímulos
B
eram as
localizações nas
quais
os
estímulos
As
e
Cs
eram
apresentados.
T
al
como
proposto
no
Experimento
1,
nos
testes
AC
e
CA,
os
estímulos
compostos
eram
formados
por
duas
guras
abstratas
apresentadas
lado
a
lado
no
centro
da
tela.Os
seis
estudantes
de
graduação
submetidos
a
esse
estudo
demonstraram
desempenhos
emergentes
nos
testes.
Isso
indica
que
as
localizações
funcionaram
como
um nódulo
e que,
mesmo quando
os compostos são
formados por
guras
e suas localizações, há a possibilidade
de as guras serem
separadas de suas
localizações
e
recombinadas
em
novos
compostos
formados
por
duas
guras
que
passam
a
controlar
o
responder
de
uma
forma
consistente
com
o
que
foi
treinado
.
N
o
caso do
MTS,
relações estabelecidas
entre
o estímulo
modelo
e
o
estímulo
escolha
não
permitem
que
esses
estímulos
sejam
uma
gura
e
a
sua
localização.
É
necessário
que
outro
estímulo
seja
apresentado
em
diferentes
localizações
com
as
funções
de
modelo
e
comparação
para
que
a
localização
desse
outro
estímulo
se
torne
um
estímulo
a
ser
relacionado
a
outra
gura,
por
exemplo
.
Dessa
forma,
o
estabelecimento
de
relações
entre
estímulo
e
localizações
envolverá
outro
estímulo
no
MTS
(aquele
que
vai
ser
apresentado
na
localização
especíca),
o
que
pode
tornar
o
treino mais complicado e, portanto, menos efetivo
.
Sendo assim,
os
dois
experimentos
conduzidos
por
Debert et
al.
(2009) indicam
que
o procedimento
go/no-go
com
estímulos compostos
é
uma
alternativa
ao
MTS
e
pode
demonstrar
vantagens
especiais
a
depender
do tipo de relação entre estímulos que se pr
etende estabelecer
.
C
S
:
B
C
E
E
189
P
ERSPECTIVAS
DE
INV
ESTIGAÇÕES
Os
resultados
dos
estudos
anteriormente
descritos
revelam
a
efetividade
do
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
para
estabelecer
relações
condicionais
emergentes
e
a
possibilidade
de
esse
procedimento
se
congurar
uma
alternativa
ao
MTS.
Além
disso,
os
estudos
descritos
indicam
a
necessidade
de
se
empregar
uma
nova
denição
de
discriminação condicional,
de acor
do com
o que
foi proposto
por
Str
omer
et al. (1993).
N
ovas
investigações
a
respeito
desse
procedimento
vêm
sendo
desenvolvidas
no
Laboratório
de
Análise
Experimental
de
Compor
tamentos
Complexos,
da
U
niversidade
de
São
P
aulo,
para
que
alguns
de
seus
parâmetros
possam
ser
avaliados
e
para
vericar
a
efetividade
desse
procedimento em no
vos contextos e com diferentes populações.
P
arte
dessas
investigações
pretende
vericar
quais
esquemas
de
reforçamento,
diferentes
do
esquema
conjuntivo
empregado
por
Debert
et
al.
(2007),
produziriam
desempenhos
acurados
mais
rapidamente
nos
treinos,
e
se
o
uso
de
reforçamento
diferencial
também
no
caso
dos
estímulos
compostos
“incorretos
”,
no
lugar
do
procedimento
de
extinção
utilizado por Debert et
al. (2007), produziria
desempenhos acurados mais
rapidamente nos treinos.
Outra
parte
dessas
investigações
pretende
vericar
o
potencial
do
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
para
gerar
outros
desempenhos
que
comumente
são
produzidos
pelo
MTS,
tais
como
transferência
de
respostas
discriminativas
e
controle
contextual.
Especicamente,
a
eventual
produção
de
controle
contextual
por
meio
do
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
também
permitirá
estender
a
crítica
sobre
a
denição
de
discriminação
condicional
à
denição
de
controle
contextual
que
também
parece
estar
atrelada
exclusivamente
ao
procedimento MTS.
U
m
terceiro
conjunto
de
estudo
pretende
vericar
a
possibilidade
de
o procedimento
go/no-go
com estímulos
compostos
produzir
classes de
equivalência
em crianças
com desenvolvimento
atípico e
pombos.
N
o
caso
dessas
populações,
a
literatura
aponta
a
possibilidade
de
responder
em
diferentes localizações
com um parâmetr
o crítico do
MTS,
que produziria
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
190
controle
pela
localização
em
detrimento
ao
controle
pelas
relações
condicionais
visadas.
Como
o
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
envolve
um
único
oper
andum
,
poderia
ser
uma
alternativa
viável
no
caso
de
indivíduos
que
respondem
sob
controle
exclusivo
da
localização
dos estímulos quando submetidos ao MTS.
T
odas
essas
investigações
permitirão
uma
análise
mais
abrangente
do
potencial
do
procedimento
go/no-go
com
estímulos
compostos
como
uma alternativa ecaz ao procedimento MT
S.
R
EFER
ÊNCIAS
Cumming,
W
. W
., & Berryman, R. (1965).
e complex discriminated
operant:
S
tudies
of
matching to
sample and
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Mostofski
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S
timulus
gener
alization
(pp
.
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Stanfor
d,
CA:
S
tanford
U
niversity
P
ress.
Debert,
P
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Matos,
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.,
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192
193
a
prendiza
Gem
d
iSCrimina
tiv
a
,
f
ormação
de
C
laS
SeS
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”
(Ze
nta
ll,
Gal
izio
,
&
Cri
tch
el
d,
2002
,
pp
.238
-23
9).
N
est
e
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em
err
os.
Considerando-se
a
ampla
gama
de
relações
que
compõe
os
repertórios
conceituais,
ressalta-se
que
os
fenômenos
comportamentais
discutidos
neste
capítulo
são
a
base
para
a
formação
de
repertórios
conceituais mais complexos.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
194
C
LASSES
DE
ESTÍMULOS
E
COMPORTAMENTO
CONCEITUAL
O
tema
conceito
é
tradicionalmente
estudado
pela
psicologia
cognitiva.
De
acordo
com
esta
abordagem,
conceito
refer
e-se
ao
conhecimento
adquirido
pelo
indivíduo,
que
possibilita/facilita
que
ele
categorize ou
crie grupos
a par
tir de
eventos dissimilares (Barsalou,1992).
N
essa
perspectiva,
conceito
constitui-se
no
desenvolvimento
de
uma
estrutura
ou
representação
mental.
A
expressão
formação
de
conceito
está,
portanto,
associada
a
uma
mudança
interna
estr
utural
ou
representacional,
que
acontece
quando
um
conceito
é
adquirido
,
e
a
categorização
é
considerada
a
função
do
conceito,
que
envolve
a
identicação
de
seus
elementos
(Medin
&
Smith,
1984).
Essa
concepção
ainda
arma
que
“
o
conhecimento
conceitual
existe
independente
de
relações
especícas
ambiente/comportamento
...
uma
vez
que,
estabelecido
o
repertório
de
categorização,
um
indivíduo
é
capaz
de
categorizar
tanto
estímulos
vistos
anteriormente quanto eventos no
vos
” (Zentall et al., 2002, pp.237-238).
N
a
Análise
do
Compor
tamento,
conceito
e
categorização
são
tópicos
investigados
em
estudos
sobre
controle
de
estímulos,
e,
diferentemente
da
abordagem
cognitiva,
esses
termos
são
traduzidos
como
tipos
de
comportamento
operante
sob
o
controle
de
estímulos.
Em
um
dos
primeiros
livros
sobre
os
princípios
e
conceitos
da
Análise
do
Compor
tamento,
Keller
e
Schoenfeld
(1950/1974)
armam
que
o
comportamento
conceitual
envolve
“
generalização
intraclasse
e
discriminação
interclasses
”
de
estímulos
(p.169). Exemplica
a
discriminação
interclasses
o
fato
de
a
criança
dizer
cadeira
na
presença
da
cadeira
originalmente
apresentada,
mas
não
de
outros
objetos. A
generalização intraclasse
ocorre
quando a
criança é capaz
de dizer cadeira para aquelas feitas de material, forma ou cor diferente.
Mais
recentemente,
na
Análise
do
Comportamento,
o
comportamento
conceitual
foi
relacionado
à
formação
de
classes
de
estímulos
(e.g.,
de
Rose,
1993;
Zentall
et
al.,
2002).
O
termo
classe
de
estímulos
refere-se
a um
conjunto de
estímulos que
ocasionam uma
mesma
resposta
ou uma classe
de respostas em
um determinado contexto (Z
entall
et
al.,
2002).
O
desenvolvimento
de
classes
de
estímulos
é
necessário
em
diversos fenômenos complexos, como conhecer
, perceber e pensar
.
C
S
:
B
C
E
E
195
De acor
do com Zentall et
al. (2002), pode-se
classicar as classes
de
estímulos
em
três
tipos:
(a)
classes
perceptuais,
constituídas
por
estímulos
que
compartilham
características
físicas
ou
topográcas,
e
que
controlam
o
mesmo responder como,
por exemplo, denominar
de vermelho
difer
entes
objetos
de
cor
vermelha;
(b)
classes
relacionais,
identicadas
quando
uma
mesma
resposta
ocorre
diante
de
estímulos
que
compartilham
determinadas
relações
entre
suas
dimensões
físicas,
como
no
caso
de
selecionar
apenas
as
guras
formadas
por
dois
elementos
em
que
um
deles
está
em
cima
do
outro
(e.g.,
um
vaso
em
cima
de
uma
mesa);
(c)
classes
associativas,
identicadas
quando
uma
mesma
r
esposta
ocorre
diante
de
cada
um
dos
estímulos
que
compõem
a
classe,
que
são
intercambiáveis,
mas
não
apresentam
similaridade
física,
como,
por
exemplo,
pronunciar
a
palavra
“
gato
”
diante
da
gura
de
um
gato, da
palavra
GA
T
O
escrita
em
por
tuguês
e diante da mesma palavra escrita em inglês (
cat
).
Quando
um
conjunto
variado
de
eventos
ambientais
possui
uma
dimensão
em
comum,
contingências
que
envolvem
esses
estímulos
podem
produzir
generalização
e/ou
abstração.
A
abstração
implica
em
respostas sob
o
controle de
uma dimensão
especíca
que é
compartilhada
por
um
conjunto
de
estímulos.
P
ara
que
o
comportamento
de
selecionar
objetos
da
cor
vermelha que
sob
o
controle
apenas
da
cor
,
por
exemplo,
a
contingência
de
ensino
deve
“
reforçar
respostas
a
muitos
objetos,
todos
vermelhos,
mas
diferindo
amplamente
em
outras
propriedades
”
(Skinner
,
1953/1981,
p.
137).
Quando
esse
controle
dimensional
se
desenvolve,
o
desempenho
em
testes
de
generalização,
com
estímulos
variando
em
outras
dimensões, é preciso
1
.
Com
o
ar
ma
Cat
ania
(19
98/19
99),
a
dist
inção
entr
e
abs
traç
ão
e
con
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o
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gu
a:
“
o
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pon
der
com
base
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b
ase
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lgu
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bin
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eda
des
” (p
. 161
).
O autor
par
ece
suge
rir
qu
e
a
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O
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Coca
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do
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.
Ess
a
suti
lez
a
na
dife
renc
iaçã
o
e
uso
dos
1
Note
que
o
controle
dimensional
é
inferido
a
partir
do
desempenho
em
teste
de
generalização
e
não
é
explicação do comportamento observado.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
196
con
ceit
os tor
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.
F
ORMAÇÃO
DE
CLASSES
DE
ESTÍMULOS
A
PARTIR
DE
TREINO
DISCRIMINATIV
O
SIMPLES
E
CONDICIONAL
Os
estímulos
de
uma
classe
passam
a
exercer
controle
sobre
um
determinado
comportamento
quando
eles
participam
de
uma
contingência
de
reforçamento
especíca.
No
caso
de
compor
tamento
conceitual
relacional
(que
requer
a
aprendizagem
de
relações
entre
estímulos),
dois
procedimentos
de
ensino
diferentes
são
frequentemente
utilizados:
o
pareamento
ao
modelo
com
estímulos
simples
e
o
treino
discriminativo
simples
simultâneo
2
com
estímulos
compostos
(Catania,
1998/1999;
de
Rose,
1993;
Sério,
Andery
,
Gioia,
&
Micheleto,
2002;
S
meets,
Barnes-
Holmes, & C
ullinan, 2000).
2
Procedimentos
de
treino
discriminativo
sucessivo
têm
sido
também
utilizados,
mas
serão
discutidos
no
Capítulo 6, de autoria de P
aula Debert, neste volume.
C
S
:
B
C
E
E
197
N
o
procedimento
de
treino
discriminativo
simples
simultâneo
,
dois
ou
mais
estímulos
são
apresentados
ao
mesmo
tempo,
e
o
responder
ao
estímulo
S+
(ou
S
D
),
e
não
ao
S-
(ou
S
),
é
reforçado
.
P
or
exemplo,
em
uma
situação
em
que
existem
bolas
dentro
e
fora
de
uma
caixa,
quando
a
professora
elogia
o
compor
tamento
de
pegar
uma
bola
que
está
fora
da
caixa
(S+),
mas
não
outras
que
estão
dentro
da
caixa
(S-),
o
comportamento
de
pegar
sob
o
controle
da
posição
do
objeto
é
fortalecido.
O
responder
diferencial
aos
estímulos
com
posições
diferentes,
desenvolvido
ao
longo
do
treino,
é
a
evidência
da
aprendizagem
de
discriminações
entre
conjuntos
de
estímulos e
de
formação de
duas classes
(dentro de
e fora
de) constituídas
por estímulos com semelhanças em cada relação de posição
.
N
o
procedimento
de
pareamento
ao
modelo
,
dois
ou
mais
estímulos
são
também
apresentados
para
escolha,
sendo
a
função
de
cada
estímulo
como
S+
ou
S-
dependente
do
estímulo
condicional
ou
modelo
adicionado
à
contingência.
Assim,
ensina-se
com
esta
contingência
relações
entre
cada
estímulo
modelo
e
o
comparação
correspondente
e
o
responder diferencial
às
diferentes relações.
N
o
exemplo anterior
,
pode-se
mostrar
para
a
criança
duas
guras
ao
mesmo
tempo:
uma
com
a
Bola
X
dentro
da
caixa
e
outra
com
a
mesma
bola
fora
da
caixa.
Diante
do
modelo
“
Bola
A
dentro
de
uma
caixa
”,
se
a
criança
apontar
o
car
tão
com
a
Bola
X
dentro,
a
professora
elogia;
mas,
se
ela
apontar
a
Bola
X
fora
da
caixa,
a
professora
remove
os
cartões.
A
seguir
,
apresentam-se
novamente
os
cartões de
escolha,
utilizando
como
modelo
a
“
Bola A
fora
da caixa
”,
e
o
elogio ocorre se a escolha for do cartão com a Bola X fora da caixa.
A
apr
endizagem
de
uma
única
discriminação
parece
não
ser
suciente
para
o
desenvolvimento
de
comportamento
conceitual.
Independente
do
procedimento
utilizado,
vários
treinos
discriminativos
com
estímulos
diferentes,
mas
que
apresentam
o
mesmo
tipo
de
relação
(e.g.,
sapato
fora
de
uma
caixa,
lápis
fora
de
um
estojo)
são
necessários
(e.g.,
Herrnstein
&
Loveland,
1964;
Hull,
1920
[citado
em
Millenson,
1967/1985],
1930;
W
atanabe,
Sakamoto,
&
W
akita,
1995).
A
utilização
de
múltiplos
exemplar
es
durante
o
processo
de
ensino
de
discriminações
pode
aumentar
as
chances
de
que
o
compor
tamento
ocorra
diante
de
estímulos
que
não
foram
diretamente
ensinados
(e.g.,
F
ields,
1978).
A
exposição
a
múltiplos
exemplos
de
S+
e
S-,
apenas
quando
implicam
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
198
em
experiência
discriminativa
com
a(s)
dimensão(ões)
r
elevante(s)
em
diferentes
contextos,
pode
aumentar
as
chances
de
ocorrer
generalização
(van
Laarhoven,
J
ohnson,
Repp
,
Karsh
&
Lenz,
2003).
A
partir
dessa
experiência,
é
pro
vável
que
a
criança
se
comporte
de
forma
semelhante
na presença de outros
objetos, fora e dentro
de outras caixas
e recipientes,
e
quando
há
variações
em
outras
características
dos
objetos
(e.g.,
forma,
tamanho,
cor).
Quando
os
controles
pelas
posições
dentro
de
e
for
a
de
são
desenvolvidos,
duas
classes
de
estímulos
se
formam
e
a
ampliação
das
classes sem a
necessidade de ensino
adicional é fr
equentemente observada.
A
emergência
dessa
ampliação
ocorre
por
meio
de
generalização
e/ou
abstração
(Fields,
Reeve,
Adams,
&
V
erhave,
1991),
quando
os
novos
estímulos apresentam
similaridade física com
os membros da
classe ou são
relacionados
com
um
dos
membros
que
já
fazem
parte
da
classe
(e.g.,
de
Rose, M
cIlvane, Dube, Galpin, & S
toddard, 1988; Lazar
, 1977).
N
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s.
A
PR
ENDIZAGEM
DISCRIMINATIVA
COM
E
SEM
ERRO
N
os
procedimentos
de
treino
discriminativo,
programa-se
reforçamento
diferencial
para
responder
sob
duas
condições
de
estímulos
diferentes.
Combinam-se
pelo
menos
duas
contingências
de
três
termos:
na
presença
de
S+
a
ocorrência
de
uma
resposta
é
seguida
por
determinadas
consequências;
e
na
presença
de
outros
estímulos
(S-),
a
ocorrência
dessa
mesma
resposta
não
produz
as
consequências.
O
procedimento
convencional
de r
eforçamento
diferencial da
discriminação
nal,
em geral,
resulta
na
ocorrência
de
muitos
erros
(respostas
ao
estímulo
negativo
S-)
no
início
do
treino,
sendo o
processo chamado
de aprendizagem
por tentativ
a
C
S
:
B
C
E
E
199
e err
o (Hamilton,
1911; H
ull, 1930).
N
esses estudos
iniciais, considerava-
se
que
cada
discriminação
aprendida
era
um
problema
solucionado
e
o
erro era parte inerente do processo de solução
.
N
o
entanto,
discriminações
difíceis
para
determinadas
pessoas
ou
que
parecem
inatingíveis
por
procedimentos
convencionais
requerem
a
utilização
de
contingências
especiais.
P
rocedimentos
alternativos
de
ensino,
que
resultam
na
aquisição
de
discriminações
com
pouco
ou
nenhum
erro,
são
denominados
procedimentos
de
discriminação
sem
erro
,
esvanecimento
(e.g.,
Sidman
&
Stoddar
d,
1967; T
errace,
1963a)
ou
procedimentos que modelam o controle de
estímulos (M
cIlvane & D
ube,
1992).
Esses
procedimentos
baseiam-se
nos
estudos
clássicos
de
T
errace
(1963a, 1963b), que mostraram que, diferente
do que se pensava à época,
erros
não
são
necessários
para
a
ocorrência
da
aprendizagem
discriminativa.
T
errace
(1963b)
par
tiu
do
ensino
da
discriminação
3
entre
vermelho
e
verde
para
pombos
e,
uma
vez
estabelecida
esta
discriminação,
ensinou
a
discriminação
entre
linha
vertical
e
horizontal.
As
linhas
foram
sobrepostas
às
cores
e
gradualmente
as
cores
foram
esvanecidas,
até
que
apenas
as
linhas
eram
as
condições
de
estímulos
às
quais
os
pombos
respondiam.
O
desenvolvimento
da
discriminação
com
esse
procedimento
especial
foi
comparado
com
outras
duas
condições
de
ensino:
uma
que
modicava
abruptamente
da
discriminação
de
cores
para
a
de
inclinação
da
linha;
outra
que
apresentava
os
estímulos
cor
e
linha
sobrepostos,
mas
sem
o
esvanecimento da cor
.
O autor concluiu que
as condições necessárias para
a
aprendizagem
sem erro
eram a
programação
inicial
de
grandes difer
enças
entre
S+
e
S-
e
a
redução
progressiva
e
lenta
dessas
diferenças
ao
longo
das
tentativas
de
ensino.
A
semelhança
física
entre
os
estímulos
de
uma
etapa
para
a
próxima
possibilita
a
transferência
do
controle
de
estímulos
nas
discriminações
sucessivas.
Os
estudos
com
procedimentos
de mudança
gradual
de
estímulos
relatam
desempenhos
precisos
desde
o
início
do
ensino
e pr
oduzem
rápida
aquisição das
discriminações (e.g.,
Fields,
1978,
1979, 1981; Richmon & Bell, 1986; Sidman & S
toddard, 1967).
T
errace
(1963b)
obser
vou
também
a
deterioração
da
discriminação
vermelho-ver
de,
adquirida
anteriormente
com
precisão
e
sem
erro,
após
3
T
errace
utilizou
em
seus
estudos
o
procedimento
de
treino
discriminativo
sucessivo
(go/no
go)
descrito
no
Capítulo 6. Este capítulo enfatiza r
esultados de treino discriminativo
simultâneo, mas, quando for considerado
relevante, resultados de estudos com os dois pr
ocedimentos serão relatados.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
200
a
ocorrência
de
erros
com
procedimentos
de
ensino
sem
esvanecimento
da
discriminação
vertical/horizontal.
Estudos
posteriores
conrmaram
os
efeitos
deletérios
do
erro
e
ampliaram
as
análises
das
suas
consequências
para
a
aprendizagem,
mostrando
subprodutos
emocionais
(A
zrin,
H
utchinson,
&
Hake,
1966),
padrões
de
resposta
incompatíveis
com
a
aprendizagem
da
discriminação-alvo
e
a
alteração
em
comportamentos
já
aprendidos
(Sidman &
Stoddar
d,
1967;
Stoddar
d,
de
Rose,
&
McIlv
ane,
1986; S
toddard & S
idman, 1967).
Os
resultados
de
T
errace
(1963a,
1963b)
inspiraram
vários
estudos
que
utilizaram
variações
de
procedimentos
de
esvanecimento
e
encontraram
resultados
positivos
com
diferentes
espécies
(pombos,
ratos,
golnhos,
primatas
e
humanos)
e
com
diferentes
tarefas
(discriminação
auditiva,
de
posições,
de
inclinações
de
linha,
cores,
palavras,
formas,
tamanhos,
letras
do
alfabeto
Braille)
(e.g.,
Aronsohn,
Pinto-Hamuy
,
T
oledo,
&
Asenjo,
1987;
H
erman
&
Arbeit,
1973;
Kodera
&
Rilling,
1976;
Sidman
&
Rosenberger
,
1967;
Sidman
&
Stoddar
d,
1967).
P
rocedimentos
de aprendizagem sem
erro têm
sido utilizados
para desenvolver aplicações
práticas
ou
em
avaliação
de
pessoas
com
necessidades
especiais
(e.g.,
crianças
com
atraso
no
desenvolvimento,
adultos
com
deciência
intelectual,
indivíduos
com
diagnóstico
de
esquizofrenia,
indivíduos
que
sofreram
acidente
vascular
cerebral,
dependentes
de
álcool)
(Letts
et
al.,
2011; M
ount et
al., 2007;
Pitel
et al.,
2010;
W
alsh, 1985),
e tornou-se,
na
última
década,
um
dos
focos
de
interesse
de
neurocientistas
que
investigam
processos de memória (Clare & J
ones, 2008).
Comparações
de
resultados
de
estudos com
esvanecimento
e
com
o
procedimento
convencional
são
dicultadas
pelos
diversos
aspectos
em
que
os
dois
procedimentos
diferem.
Apesar
disso,
há
vários
relatos
que
comparam os
procedimentos e
armam a
superioridade do
esvanecimento
em
relação
ao
procedimento
de
tentativa
e
erro
(e.g.,
Dixon,
Spradlin,
Girar
deau
&
Etzel,
1974;
Richmond
&
Bell,
1983;
G.
L.
Schilmoeller
,
Schilmoeller
,
Etzel,
&
LeBlanc,
1979;
Zawlocki
&
W
all,
1983).
Além
das
diferenças
entre
os
procedimentos,
a
diculdade
de
conclusões
nais
a
partir
dos
estudos
comparativos
se
deve
à
grande
variação
de
procedimentos
de
aprendizagem
sem
erro,
de
um
estudo
para
o
outro.
Os
estudos utilizam
diferentes
critérios de
aprendizagem,
tarefas,
números
C
S
:
B
C
E
E
201
de etapas de
esvanecimento, estímulos suplementares
que são
esvanecidos,
estímulos-alvo
do
esvanecimento
(S+,
S-
ou
ambos),
para
citar
alguns.
Há
a
necessidade
de
manipulações
singulares
para
vericar
o
efeito
independente
de cada variável sobr
e o desenvolvimento do controle de estímulos.
U
m
aspecto
adicional
ao
procedimento,
investigado
em
poucos
estudos
(e.g.,
Melo,
de
J
esus,
&
Hanna,
2005;
van
Laarhoven
et
al.,
2003),
é
a
medida
comportamental
que
ser
ve
de
base
para
comparar
os
resultados.
Em
procedimentos
de
aprendizagem
sem
erro,
é
característica
essencial
o
ensino
de
múltiplos
exemplares,
considerando
que
cada
etapa
do
esvanecimento
altera
o
par
de
estímulos
apresentado
.
Essa
característica
tem
implicações sobr
e qual
processo deve
ser o foco
da análise: a
aprendizagem
de
uma
discriminação-alvo
ou
a
formação
de
classe
de
estímulos
por
generalização
ou
abstração?
O
primeiro
é
analisado
a
partir
dos
dados
do
treino
discriminativo,
enquanto
o
segundo
requer
testes
adicionais
de
generalização.
A
escolha
de
uma
ou
de
outra
medida
compor
tamental
pode levar a conclusões diferentes, como será discutido em seguida.
Considerando
a
diversidade
de
procedimentos
e
medidas,
mais
importante
do
que
apontar
um
ou
outro
procedimento
como
melhor
,
precisamos,
como
salientam
Deitz
e
Malone
(1985),
conhecer
sobre
as
variáveis
que inuenciam
o contr
ole
de
estímulo.
Esse conhecimento
pode
ser
utilizado
com
propósito
de
aplicação,
mas
sua
impor
tância
é
mais
abrangente e, portanto, de fundamental importância.
A
generalidade
dos
resultados
positiv
os
de
procedimentos
de
aprendizagem
sem
erro
já
foi
desaada
por
alguns
estudos,
o
que
levou
Schwartz,
F
irestone
e
T
err
y
(1971)
a
armarem
que
os
procedimentos
de
esvanecimento
não
são
em
sua
totalidade
bem
sucedidos.
A
revisão
da
literatura
realizada
por
Lancioni
e
Smeets
(1986)
resume
alguns
parâmetros
básicos para o ensino de discriminação sem erro
.
O
fator
mais
consistentemente
apontado
como
r
elevante
é
a
relação
entre
a
discriminação-alvo
e
a
dimensão
manipulada
nas
etapas
de
esvanecimento,
ou
o
tipo
de
manipulação
do
estímulo
(Lancioni
&
S
meets,
1986).
Suponha
que
se
queira
ensinar
a
discriminação
entre
círculo
e
quadrado.
Na
etapa
inicial
do
procedimento
de
ensino
é
apresentado
ao
aluno
um
círculo
preenchido
por
preto
e
um
quadrado
preenchido
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
202
por
branco.
Ao
longo
das
etapas,
a
cor
preta
é
esvanecida.
A
dimensão
do
estímulo
que
se
altera
no
esvanecimento
é
a
cor
,
mas
a
discriminação
pretendida
é
a
de
forma.
Esse
seria
um
procedimento
de
esvanecimento
de
estímulo
(dica
cor)
não
relacionado
com
o
critério
da
discriminação
nal
(
noncriterion
related
)
em
contraposição
ao esv
anecimento
relacionado
ao
critério
(
criterion
r
elated
4
),
em
que
se
alteraria
a
forma
5
,
iniciando,
por
exemplo,
com
as
guras
de
uma
maçã
e
de
uma
janela,
ambas
apenas
desenhadas
com
linhas
pretas.
As
evidências
empíricas
sugerem
que
o
esvanecimento de
aspectos do estímulo
relacionados
ao critério
é r
elevante
para
produzir
a
aprendizagem
da
discriminação
nal
programada
pelo
experimentador
e
para
manter
o
desempenho
preciso
nas
etapas
nais
do
ensino,
quando
a
dica
é
removida
(Lancione
&
Smeets,
1986).
Entretanto,
há
relatos
de
sucesso
com
esv
anecimento
não
relacionado
ao
critério,
inclusive o estudo clássico de
T
errace (1963b).
Os
resultados
negativos
têm
sido
interpretados
no
contexto
de
controle de
estímulos compostos: o
estímulo suplementar
não relacionado
ao
critério,
quando
inserido
no procedimento
de
treino,
pode
se
tornar
o
aspecto
saliente
ou
que
já
controla
o
compor
tamento,
obscurecendo
ou
bloqueando a
possibilidade de
controle pela
dimensão relevante (Rescorla
& W
agner
,
1972).
P
ode-se
também
interpretar
esses
resultados
como
um
tipo
de
controle
restrito
a
características
especícas
do
estímulo
(Lovaas,
Koegel,
&
Schreibman,
1979;
McIlv
ane,
1988;
Serna
&
Carlin,
2001)
que a contingência
de refor
çamento permite estabelecer
quando estímulos
compostos
são
apresentados.
O
procedimento
de
treino
discriminativo
com estímulos
compostos com
dica não
relacionada ao critério
possibilita
uma
alta densidade
de
reforços
até
etapas
avançadas da
retirada
da
dica
sob
o
controle
desta
dimensão.
Se
nenhum
controle
pela
dimensão
relevante
4
Os termos
esvanecimento
extrínseco
e
intrínseco (Schwar
tz, Firestone & T
erry
,
1971)
e
manipulações
extra
e
intra
estímulo
(Lancioni
&
Smeets,
1986)
são
também
utilizados,
mas
as
expressões
não
relacionado
e
relacionado com o critério são mais utilizadas na literatura.
5
O procedimento de alteração da forma do estímulo tem sido chamado
de modelagem de estímulo em vez de
esvanecimento da
forma. Alguns
autores sugerem
esta diferença porque
neste caso
não ocorre
a introdução
ou
retirada
gradual
de
um
estímulo
suplementar
(
prompt
)
e
sim
a
modicação
da
topograa
ou
conguração
do
estímulo
como
um
todo
(Etzel
&
LeBlanc,
1979).
Como
esvanecimento
é
um
termo
genérico
para
procedimentos
que
modicam
uma
propriedade
do
estímulo
em
tentativas
sucessivas para
transferir
o
controle
do
responder
dessa
propriedade
para outra
ou
para
outro
estímulo
(Rilling,
1977),
o termo
foi
utilizado
aqui
também
para
modicação da forma, como sugerem Deitz e Malone (1985).
C
S
:
B
C
E
E
203
for
desenvolvido
quando
a
dica
é
totalmente
esvanecida,
espera-se
que
erros ocorram na etapa nal.
Os
critérios
para
avançar
ou
nalizar
o
treino
(número
de
respostas
corretas
por
etapa,
número
de
respostas
corretas
no
bloco
nal,
número
máximo
de
erros
permitido)
e
o
estímulo
no
qual
o
esvanecimento
foi planejado (S+, S-
ou ambos) são também
parâmetros de procedimento
que
podem
ter
inuência
na
aprendizagem
da
discriminação
nal,
independentemente do
(ou interagindo
com o)
efeito do tipo
de mudança
discutido
nos
parágrafos
anteriores
(Lancioni
&
Smeets,
1986).
Além
disso,
as
variáveis
do
sujeito
(e.g.,
histórias
de
sucesso
e
fracasso,
tipo
e
grau de comprometimento
do transtorno de desenvolvimento) e
da tarefa
(e.g., semelhança física
entre os
estímulos, complexidade dos
estímulos ou
número
de
dimensões
relevantes)
são
relevantes
para
a
análise.
Com
esse
grande
número de
variáveis que
devem
ser
consideradas no
planejamento
e
comparação
entre
estudos,
é
difícil
extrair
conclusões
nais
e
gerais
sobre as
condições necessárias
e
sucientes para
a
aprendizagem sem
erro
.
Apesar
do
aumento
de
estudos sobr
e
controle
de estímulos
nas
últimas
três
décadas, o
interesse principal tem
sido especíco para
classes de estímulos
equivalentes (Sidman, 1994; S
idman &
T
ailby
, 1982).
O
avanço
no
conhecimento
da
temática
deste
capítulo
depende
de
um
programa
de pesquisa
básica sobr
e contr
ole
de estímulos
com inter
esse
nas
variáveis
de
procedimento,
sujeito
e
tarefa
em
situações
controladas
e
que permitam a comparação entre estudos.
A
PR
ENDIZAGEM
DISCRIMINATIVA
COM
E
SEM
ERRO
E
GENERALIZAÇÃO
As
“investigações
deveriam
ser
delineadas
para
avaliar
os
efeitos
da
aprendizagem sem
erro
sobr
e
a generalização.
Até o
momento,
os estudos
têm
se
concentrado
na
aquisição
de
discriminação,
dando
pouca
atenção,
se
alguma, à questão da generalização entre estímulos ou arranjos
” (Lancioni
&
Smeets,
1986,
p.
159).
N
esta
seção
serão
resumidos
os
principais
estudos
que,
após
a
apr
endizagem
de
pelo
menos
duas
discriminações
e
com
diferentes
procedimentos
de
ensino,
incluindo o
esvanecimento,
avaliaram
o responder na presença de no
vos estímulos ou em novo contexto
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
204
U
ma
comparação
entre
dois
procedimentos
de
esvanecimento
e
tentativa e
erro foi r
ealizada por S
trand e M
orris (1986), com
crianças que
apresentavam
atraso
no
desenvolvimento
cognitivo.
As
crianças
aprendiam
discriminações
entre
formas
que
eram
combinadas
com
cores irrelevantes
e
se
alternavam
no
S+
e
S-.
Cada
criança
aprendia
as
discriminações
de
três
pares
de
formas
diferentes
e
sem
características
comuns.
U
m
quar
to
exemplar
era
r
eser
vado
para
teste.
O
procedimento
de
esv
anecimento
iniciava
com S+
pleno
e S-
apagado.
Ao
longo
de
oito etapas,
a
intensidade
do
S-
era
aumentada
até
sua
intensidade
ser
igualada
ao
S+.
Outro
grupo
de
crianças foi
ensinado
com o
esvanecimento de
dicas externas
ao estímulo:
verbal,
gestual
e
ajuda
física.
Na
etapa
inicial,
as
três
dicas
estavam
presentes
e
eram retiradas
de forma
gradual
ao
longo de
oito
etapas. Após
aprender
as
discriminações
em
cada
condição,
as
crianças
par
ticipavam
do
teste
com um novo par de estímulos e
com o procedimento de tentativa e
erro
.
Assim,
avaliava-se
a
rapidez
de
aquisição
da
nova
discriminação,
baseada
na
mesma dimensão
treinada
com os
exemplar
es anterior
es. Os
desempenhos
nos
treinos
com
esvanecimento
apresentaram
alta
precisão,
nenhum
erro
com
dica
externa
e
um
número
pequeno
de
erros
com
esvanecimento
da
intensidade.
M
uitos
erros
ocorreram
no
procedimento
de
tentativa
e
erro
e,
em
cinco
casos,
os
par
ticipantes
não
atingiram
o
critério
de
160
tentativas no máximo
.
N
o teste
com o
novo
problema,
sem dica
nenhuma, r
ealizado
por
S
trand
e
M
orris
(1986),
todos
os
participantes
aprenderam
a
discriminação.
M
enores
números
de
erros
e
de
tentativas
para
atingir
o
critério
foram
observados
no
grupo
com
história
de
esvanecimento
da
intensidade
do
S-.
Os
desempenhos
dos
outros
dois
gr
upos
foram
semelhantes,
i.e.,
os
participantes
demoraram
mais
para
aprender
e
apresentaram
mais
erros.
Apesar
de
a
tarefa
com
o
novo
problema
fornecer
dados
que
permitem
discutir
o
efeito
dos
diferentes
procedimentos
de
ensino
sobre
a
nova
aprendizagem,
a
medida
não
fornece
informação
sobre
seus
efeitos
na
formação de classe de estímulos.
N
o
estudo de Gollin e
S
avoy (1968) também não
foi realizado o
teste de generalização, mas os autores
utilizaram uma medida que permite
avaliar
a
formação
de
classes
de
estímulos.
Após
ensinar
a
discriminação
original
(S+
círculo
vs
S-
triângulo)
e
um
treino
de
reversão
(S+
passou
C
S
:
B
C
E
E
205
a
ter
função
de
S-
e
vice-versa)
com
linhas
horizontais
como
fundos
diferentes
em
cada
treino
(uma
linha
no
treino
original
e
sete
linhas
no
treino
de r
eversão),
os
participantes ex
ecutavam
um teste
de discriminação
condicional.
Neste
teste,
os
dois
pares
de
estímulos
utilizados
nos
treinos
eram
apresentados
em
ordem
randômica
para
avaliar
se
os
participantes
mantinham
suas
escolhas,
nessa
nova
situação,
para
os
S+
das
situações
de
treino. T
rinta
e
uma
crianças
foram
ensinadas
com
um
procedimento
de esvanecimento
da saturação
do
S-,
e 21
crianças
(todas pré-escolares e
com
idades
entre
3
e
8
anos)
aprenderam
as
discriminações
com
tentativa
e
erro
. Os
autores relataram
que mais participantes apr
enderam sem
erro no
treino
com
esvanecimento,
mas
um
número
maior
de
crianças
do
grupo
que
aprendeu
com
o
procedimento
convencional
apresentou
escore
alto
no teste.
U
m
estudo
semelhante
foi
conduzido
por
W
alsh
(1985),
que
replicou
e
estendeu
os
resultados
de
Gollin
e
Savoy
(1968)
com
21
indivíduos
com
atraso
no
desenvolvimento
cognitivo,
ensinando
a
discriminação
vermelho/azul
com
esvanecimento
da
saturação
do
S-.
N
o
treino
original,
todas
as
tentativas
apresentavam
o
comando
verbal
com
o
nome
de
uma
das
cores
(e.g.,
“
aponte
o
cartão
vermelho
”)
e
os
car
tões
vermelho
e
azul (S+
vermelho
para 20
participantes e
azul
para o
restante).
N
o
treino
de
reversão,
a
instr
ução
verbal
mudava
o
nome
da
cor
(e.g.,
“
aponte
o
cartão
azul”)
e
a
função
dos
car
tões
se
invertia.
No
teste
de
discriminação
condicional,
o
comando
verbal
incluiu
as
duas
cores
em
ordem
aleatória.
Cinco
participantes,
dos
dez
que
aprenderam
com
tentativa
e
erro,
obtiveram
escores
maiores
que
75%
de
acerto
no
teste,
mas
nenhum
participante
que
apr
endeu
com
esvanecimento
mostrou
escore maior que 60% de acerto.
N
os
do
is
est
udo
s
an
ter
ior
es,
os
e
stí
mul
os
uti
li
zad
os no
tes
te
era
m
os
mesm
os
do
tr
ein
o,
modi
cand
o-se
apen
as
o
cont
ext
o
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ntaç
ão
de
ten
tati
va
s
dos
dois
tre
ino
s
ant
eri
ores
em
uma
mesm
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ses
são
).
A
me
did
a
for
neci
da
pel
a
no
va
tar
efa
aval
ia,
p
orta
nt
o,
a
tran
sf
er
ênc
ia
de
cont
ro
le
par
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o
no
vo
co
nte
xto
,
mas
pode
sofr
er
efe
it
o
da
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per
iên
cia
da
si
tua
ção
de
ensin
o.
A
aná
lise
de r
esul
tad
os
, ap
re
senta
da por
W
als
h (1
98
5),
for
neceu
evidê
ncias
de
que
os parti
cip
antes
esta
va
m rea
lme
nte res
pon
dendo
nas ten
tat
iv
as de test
e
sob
o
con
tr
ole
do últi
mo
tr
ein
o. A
mai
or parte
da
s
es
col
has,
esp
eci
almen
te
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
206
do
Gru
po
Es
va
nec
ime
nto,
fora
m
na
for
ma
(G
oll
in
&
Sa
vo
y
,
19
68)
e
na
cor
(W
als
h,
198
5)
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fo
rç
ada
s
na
úl
tim
a
cond
içã
o
de
en
sin
o,
ind
epe
nd
ent
e
da
pro
prie
dad
e
dos
estí
mul
os
que
dev
eria
servi
r
no
tes
te
com
o
estí
mul
o
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dici
ona
l (l
inha
s ho
riz
onta
is
e co
man
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rbal)
. Se
ndo
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sim
, a
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cond
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ados
,
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e
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melh
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ad
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ant
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que
con
clu
sõe
s
mais
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nit
iv
as
sej
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Al
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sso
,
nen
hum
S+
no
vo
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aná
lise
de
de
senv
olv
imen
to
de
compo
rtame
nto
co
ncei
tua
l.
N
o
estudo
de
Aeschleman
e
Higgins
(1982),
discriminações
condicionais com
cinco exemplar
es de
garrafa e jarra
foram ensinadas para
três
grupos
de
oito
crianças
com
atraso
no
desenvolvimento.
Cada
grupo
aprendia
com
um
procedimento
distinto:
esvanecimento,
dica
atrasada
ou
tentativa
e
erro.
No
esvanecimento,
o
estímulo
incorreto
era
cober
to
por
uma
máscara
cinza
que,
ao
longo
de
dez
etapas,
tornava-se
cada
vez
mais transparente
e aumentava
a saliência
do S-.
O procedimento
de dica
atrasada
iniciava
com
S+
e
S-
apresentados
simultaneamente
e
com
o
experimentador apontando
o S+.
Em cada
uma das
dez etapas, o
inter
valo
entre
a
apresentação
dos
estímulos
de
escolha
e
da
dica
(experimentador
apontar
o
S+)
aumentou
em
0,5s,
chegando
a
4,5s
na
última
etapa.
O
treino de
tentativa e
erro apresentava os
pares de
estímulos na
forma
nal
pelo
mesmo
número
de
tentativas
programadas
para
os
outros
grupos,
mas
sem
dica
adicional.
As
últimas
seis
tentativas
dos
três
procedimentos
eram
iguais
e
com
apresentação
apenas
do
par
nal
de
jarra
e
garrafa.
Erros
produziam
o
retorno
para
o
passo
anterior
,
sendo
o
procedimento
interrompido
em
100
tentativas.
Esses
casos
foram
considerados
como
fracasso
na
aprendizagem,
e
a
coleta
era
interrompida
para
as
crianças.
Os
estímulos
utilizados
nos
procedimentos
de
esvanecimento
e
dica
atrasada
controlaram
o
comportamento
na
primeira
etapa
do
treino,
mas
o controle
não se transferiu
para a
discriminação-alvo para alguns
sujeitos
e
os
erros
foram
recorrentes.
Ocorreram
fracassos
de
aprendizagem
com
os
três
procedimentos:
três
crianças
não
aprenderam com
esvanecimento,
quatro
com
tentativa
e
erro
e
cinco
com
dica
atrasada.
Ressalta-se
que
os
procedimentos
de
aprendizagem
sem
erro
utilizaram
dica
(nitidez
ou
apontar)
como critério
não
relacionado
com a
discriminação
nal (forma).
C
S
:
B
C
E
E
207
Os
tr
einos
discriminativos
com
diferentes
ex
emplares
foram
intercalados
com
testes
de
aquisição
conceitual
ou
generalização.
N
esses
testes,
realizados
apenas
se
a
criança
aprendesse
a
discriminação-alvo,
foram
apresentadas
15
tentativas
com
novos
pares
de
estímulos
formados
pelos
estímulos
treinados,
cinco
com
um
dos
S+
treinados
e
um
S-
constituído
por
novos
desenhos
de
objetos
fora
das
classes
treinadas
(e.g.,
copo,
pote
de
or).
U
ma
quantidade
maior
de
crianças
expostas
ao
esvanecimento
atingiu
o
critério
para
considerar
evidência
de
aprendizagem
conceitual no
teste,
com por
centagens de
acertos superiores
a 80%,
após
a apr
endizagem
de
um
ou
dois
exemplares
de
jarra
e
garrafa.
Apesar
de
realizarem
o
teste
de
generalização,
os autor
es não
utilizaram
S+
novo
(estímulo
não
treinado
com
as
características
críticas
dos
estímulos
treinados)
para
avaliar
o
comportamento conceitual.
O
estudo
de
van
Laarhov
en
et
al.
(2003)
apresenta
informações
relevantes para
compreender
a
relação entre
ocorrência de
generalização
e
características
dos
procedimentos
de
ensino
discriminativo.
P
essoas
com
atraso
no
desenvolvimento
cognitivo
par
ticiparam
de
dois
experimentos
que
avaliaram
os
efeitos
de
procedimentos
de
ensino
de
múltiplos
exemplar
es
de
S+
e
S-,
com
e
sem
esvanecimento.
N
o
primeiro
estudo,
o
procedimento
de
tentativa
e
erro
foi
programado
em
duas
condições:
com
variação
inter
e
intratentativa de
dimensões não críticas
do S+
e S- (e.g.,
tamanho, estilo,
tipo
da
fonte).
Os
S-s
diferiram
em
dimensões
críticas
em
relação
ao
S+
(letras e
sequência das
letras; e.g.,
CEREAL
vs
. CENTRAL).
N
o
segundo
estudo,
a
manipulação
na
apresentação
dos
múltiplos
exemplar
es
(intra
e
intertentativas) foi repetida, e o ensino
foi realizado com o esvanecimento
aditivo
da
semelhança
entre
S+
e
S-
em
três
etapas.
A
apresentação
de
múltiplos
exemplares
intratentativa
foi
possível,
nos
dois
experimentos,
com
a
utilização
de
três
alternativas de
resposta
(1 S+
e 2
S- ou
2 S+
e
1
S-)
com a variação de características não críticas nos 2
S+ ou nos 2S- (e.g., S+
CEREAL,
S-s
CER
T
AIN
e
CER
T
AIN
).
T
odos
os
participantes
realizavam
o
pr
é-teste,
a fase
de ensino
e
o teste
de
generalização
.
Este apresentava as
mesmas
palavras
(a corr
eta e
as
incorretas)
da fase
de
ensino,
agora
grafadas
de maneira diferente com relação às características não críticas.
O ensino com esvanecimento gerou desempenhos mais altos (80
-
100%
de
acertos)
e
homogêneos
do
que
sem
esvanecimento
(13
-
91%
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
208
de
acertos)
nas
tentativas
nais
do
treino,
quando
o
experimentador
não
fornecia
dica
gestual
em
caso
de
erro
.
Com
esvanecimento,
ocorreu
também
mais
generalização
para
palavras
escritas
com
estilos
diferentes.
A
utilização
de
múltiplos
exemplares
intertentativas,
com
e
sem
esvanecimento,
produziu
escores
superiores
nas
tentativas
nais
de
ensino
do
que
o
procedimento
intratentativa
6
.
A generalização
foi, entr
etanto,
superior após
o
ensino com
múltiplos
exemplares
intratentativa.
Em
conjunto,
os
resultados
de
van
Laarhov
en
et
al.
(2003)
sugerem
que
as
condições
de
ensino
com
mais
variação
dos
estímulos
–
esvanecimento
e
intratentativa
-
favoreceram
a
generalização.
Esses
resultados
estão
de
acordo
com
a
análise
de
Stokes
e
Baer
(1977)
sobre
as
variáveis
que
contribuem
para
a
generalização,
com
resultados de estudos sobre ensino
de leitura de
palavras (e.g., de
S
ouza et
al., 2009;
Hanna et
al., 2011;
H
übner
, Gomes
& M
cIlvane, 2009; M
atos,
A
vanzi,
&
McIlvane,
2006)
e
com
a
literatura
sobre formação
de
conceitos
(e.g.,
Harlow
,
1949;
King,
1966;
V
aughan,
1988),
que
indicam
a
utilização
de
múltiplos
exemplares
e
da
variação
dos
estímulos
como
um
dos
aspectos
fundamentais para a generalização e formação de classes de estímulos.
M
uit
os
estu
dos
rel
atado
s
na
lite
ra
tur
a
têm
ava
lia
do
e
comp
ara
do
pr
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nto
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rend
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m sem
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err
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nsino
de
dis
crim
ina
çõe
s,
mas
a
gran
de
maio
ri
a
tem
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o
a
an
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dos
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tos
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a
gene
rali
zaç
ão
de
estí
mul
os,
a
form
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de
clas
ses
e
o
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ort
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.
Den
tr
o
des
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de
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fo
ram rea
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es par
a ver
ic
ar se discr
imin
açõ
es con
dicio
nais
se des
env
olve
ram a
part
ir
do
en
sin
o
de disc
rimin
ação sim
ple
s e
re
ve
rs
ão da
dis
crim
ina
ção
(Go
lli
n
&
Sav
oy
,
196
8;
W
als
h,
198
5):
um
del
es
ba
seo
u-s
e
na
aquis
ição
de
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s
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ver
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ar
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ext
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Mo
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1986
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mú
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plo
s
ex
emp
la
re
s
(van
La
arh
o
ve
n
et
al
.,
200
3).
Este
últi
mo
fo
i
o
ún
ico
que
perm
itiu
a
ver
ic
aç
ão
de
des
env
olvi
men
to
de
gener
aliz
açã
o
ao
uti
liz
ar
estím
ulos
nov
os
em
rel
açã
o
às
car
acter
ístic
as
irr
ele
va
nte
s (
estil
o da
fo
nte
).
6
N
ão ca claro no texto original como
a exigência de duas respostas no pr
ocedimento intratentativa com 2 S+
foi analisada e ajustada
em relação ao
procedimento que requeria
uma escolha apenas para
tornar os escores
das
duas condições comparáveis.
C
S
:
B
C
E
E
209
U
m
conjunto
de
estudos
desenvolvido
por
Melo,
Hanna
e
colaboradores
7
,
na
U
niversidade
de
Brasília,
procurou
ampliar
o
conhecimento sobre essa questão
.
A
NÁLISE
DE
VARIÁV
EIS
METODOLÓGICAS
NO
ENSINO
DISCRIMINAÇÕES
SIMPLES
E
EFEITOS
SOBRE
A
FOR
MAÇÃO
DE
CLASSES
E
COMPORTAMENTO
CONCEITUAL
Os
estudos
resumidos
a
seguir
investigaram
o
efeito
de
variáveis
metodológicas
na
aquisição
de
discriminações
de
posição
(dentro-fora,
em
cima-embaixo,
esquer
da-direita)
com
múltiplos
ex
emplares,
na
formação
de classes
de
estímulos e
de
comportamento
conceitual. Os
três
estudos
ensinaram
a
crianças
pré-escolares,
de
quatro
a
seis
anos,
as
três
discriminações,
realizando
dois
ou
três
treinos
com
diferentes
exemplares
para
cada
posição
.
Cada
posição
foi
ensinada
com
um
procedimento
diferente,
o
que
caracterizava
as
condições
experimentais.
T
estes
para
avaliar
o
desenvolvimento
de
compor
tamento
de
conceitual
e
de
discriminação
condicional
foram
realizados
em
cada
condição.
O
T
este
de
Compor
tamento
Conceitual
(T
este
CC)
tinha
o
formato
do
treino,
com
a
apresentação
de
dois
estímulos
simultâneos
(S+
e
S-),
e
misturava
tentativas
com
os
estímulos
dos
diferentes
treinos
e
com
nov
os
estímulos
quanto
à
forma
e
cor
.
O
T
este
de Discriminação
Condicional
(T
este
DC)
tinha o
formato
do
procedimento
de
par
eamento ao
modelo
(
matching-to-sample
) e
programava
tentativas
em
igual
número
com
modelo,
sendo
um
exemplar
da
posição
S+
(dentro,
em
cima
ou
esquerda)
e
da
posição
S-.
J
unto
com
o
modelo
apresentava-se um ex
emplo e um contraexemplo (S+ e S-) para escolha.
T
odos
os
estímulos
eram
compostos
por
um
elemento
de
referência
centralizado
e
um
elemento
relacional
menor
,
que
mudava
de
posição.
Os
estímulos
S+
e
S-
da
discriminação
nal
tinham
a
mesma
forma
e
cor
,
diferindo
apenas
na
posição
que
o
estímulo
relacional
ocupava.
A
F
igura
1
contém
um
exemplo
de
par
S+/S-
de
cada
posição
ensinada,
na
coluna esquerda da
gura, e um
exemplo de estímulos
utilizados no teste,
na coluna da direita.
7
As
alunas
de
graduação
e
bolsistas
de
Iniciação
Cientíca
colaboraram
na
coleta
e
organização
dos
dados
em
pelo
menos
um dos
estudos
descritos
neste
capítulo:
P
atrícia
Serejo
de
J
esus,
Lílian
Cherulli
de
Carvalho,
F
ernanda T
rancoso
de Morais, Roberta Ladislau Leonardo, Marina Kohlsdorf, ais Cruz Andreozzi, Gabriela
Lourenço.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
210
F
igura
1.
Exemplos
de
estímulos
ensinados
e
testados
nos
estudos
de
Melo,
Hanna e colaboradores.
U
ma
primeira preocupação foi replicar estudos que compararam
o
esvanecimento
e
tentativa
e
erro,
incluindo
uma
terceira
condição
que
modicava
os
estímulos
com
o
mesmo
número
de
etapas
do
esvanecimento,
mas
de
forma
não gradual.
Essa seria
uma condição
controle
para
avaliar
se
o
número de
exemplares
tr
einados
nas
etapas
do esvanecimento
é
tão
(ou
mais)
importante quanto
à mudança
gradual dos
estímulos que
caracteriza
o procedimento
.
O
estudo
de
Melo
et
al.
(2005)
utilizou
três
procedimentos
de
ensino:
esvanecimento
(FD),
com
mudanças
graduais
na
forma
e
cor
dos
estímulos;
múltiplos
ex
emplares
(ME),
com
mudança
não
gradual
da
forma
dos
estímulos;
e
tentativa
e
erro
(TE),
que
mantinha
o
mesmo
par
de
estímulos.
A
ordem
de
exposição
aos
procedimentos
foi
balanceada
entre
os
participantes, que
passaram pelas
três
condições.
N
a primeira
condição,
as
crianças
deveriam
escolher
o
estímulo
que
continha
um
elemento
relacional
dentro
e
não
fora
do
de
referência
(e.g.,
canudo
dentro
do
copo);
na segunda condição, a escolha correta era a do elemento relacional acima
do
outro
(e.g.,
sol
acima
da
nuvem);
e
na
terceira
condição,
o
estímulo
correto era
o
com
o
elemento
relacional à
esquerda do
de
referência (e.g.,
copo
à
esquerda
da
garrafa).
Em
todas
as
etapas,
era
possível
identicar
o
elemento
r
elacional
que
cava
destacado
com
cor
diferente.
F
oram
utilizados
13
S+
e
13
S-
nas
duas
condições
com
mudança
de
estímulos
(ver
exemplo
na
F
igura
2).
O
par
de
estímulos
nal
era
sempre
o
mesmo
C
S
:
B
C
E
E
21
1
nas tr
ês condições. E
m todos
os treinos,
foi programado
o mesmo númer
o
de tentativas, o mesmo
critério para avançar de uma
etapa para a próxima
e
para
nalizar
as
sessões
de
ensino.
A
ordem
de
exposição
aos
diferentes
procedimentos foi balanceada em três grupos de cinco crianças.
F
igura
2.
Quatro
exemplares
dos
estímulos
S+
e
S-
utilizados
nas
Etapas
1,
5,
9
e
13
do
T
reino
FD
(a
esquerda)
e
do
T
reino
ME
(a
direita)
da
discriminação
dentro-for
a
utilizados
por
Melo
et
al.
(2005).
O
número
1
indica
o
estímulo
inicial
e
o
13,
o
estímulo
nal.
Ao
longo
das
etapas
de
treino, modicava-se
primeiro o S- até o
exemplar 13, e,
em seguida, o S+
era modicado até o exemplar 13.
O
resumo
dos
resultados
(média
da
porcentagem
de
acertos
de
todas
as
crianças)
dos
treinos
e
testes
é
apresentado
na
F
igura
3.
Nas
três
condições
experimentais,
as
porcentagens
médias
de
acertos
nos
treinos
com
os
três
procedimentos
foram
superiores
a
90%,
mas
o
total
de
erros
foi
maior
para
as
condições
TE
e
ME
em
comparação
com
a
condição
FD,
replicando
resultados
da
literatura.
Melo
et
al.
(2005)
consideraram
que a
alta porcentagem
de acertos
também nos
treinos ME e TE pode ser
decorrente
dos
cuidados
metodológicos
utilizados
para
controlar
fatores
indesejáveis
entre
as
condições.
N
as
três
condições,
foram
mantidos
constantes:
a
apresentação
apenas
do
S+
na
tentativa
inicial;
o
número
de tentativas programadas
(26); o retorno à
tentativa anterior quando
um
erro ocorria; e o intervalo entre tentativas (IET) de 3s com a tela branca.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
212
F
igura
3.
P
orcentagem
de
r
espostas
corretas
(média)
nos
treinos
com
diferentes
procedimentos,
nos
testes
de
compor
tamento
conceitual
(CC)
e
de
discriminação
condicional
(DC)
de
cada
condição
experimental
do
estudo
de
Melo
et
al.
(2005).
Os
traços
verticais
representam
um
desvio
padrão.
As
barras
do
teste
DC
preenchidas
com
sinal
“-“
representam
a
porção
de
acertos
em
tentativas
cujo
modelo
tinha
função
de
S-
durante
os treinos.
Os
testes
CC
mostraram
que
o
procedimento
TE
desenvolveu
maior
controle
abstrato
pelas
posições,
produzindo
desempenhos
altos
(mais
que
90%
de
acertos)
nos
testes
com
estímulos
treinados
e
novos.
Os
desempenhos
nas
condições
Esvanecimento
(FD)
e
T
entativa
e
Erro
(TE)
foram
similares
e
ao
nível
do
acaso.
Análises
estatísticas
(teste
t)
indicaram que
as diferenças entre
as condições FD
e
TE
e entre ME
e
TE
são
signicativas
(p<0,01).
Altos
escores
nos
testes
podem
ser
considerados
como
evidência
de
formação
de
classes
de
estímulos
de
posição
ou
comportamento
conceitual,
uma
vez
que
o
controle
estabelecido
nos
treinos
das
discriminações
de
posição
se
estendeu
para
estímulos
nov
os,
demonstrando a generalização intraclasse.
N
os testes DC, os desempenhos
caram ao nível do
acaso (50%)
nas
três
condições.
Importante
notar
,
entretanto,
que
o
desempenho
na
condição
TE
foi
consistente:
grande
par
te
dos
acer
tos
ocorreu
nas
tentativas
com
modelo
S+
do
treino.
Nas
tentativas
com
modelo
S-
do
treino,
os
participantes
erravam,
ou
seja,
escolhiam
novamente
o
S+
da
etapa
de
C
S
:
B
C
E
E
213
ensino.
P
oder-se-ia pensar
que a
experiência
longa
com o
procedimento
de
discriminação
simples sucessiv
a
e o
pouco
contato com
o
procedimento
de
pareamento ao
modelo
antes do
início
do estudo
(pré-tr
eino)
explicariam
o padrão
de responder obser
vado
. No entanto, se
essas fossem
as variáveis
determinantes,
o
mesmo
resultado
seria
esperado
para
as
condições
com
mudança
de
estímulo
FD
e
ME.
W
alsh
(1985)
obteve
resultados
semelhantes,
que
dicultaram
a
interpretação
dos
testes
de
discriminação
condicional.
Importante
no
estudo
de
Melo
et
al.
(2005)
é
obser
var
que
a
apresentação
de
múltiplos
exemplares,
com
ou
sem
mudança
gradual,
não
foi
suciente
para
o
estabelecimento
do
compor
tamento
conceitual
baseado
na
posição.
P
ossivelmente,
as
várias
dimensões
e
características
dos
estímulos complex
os
utilizados nas
várias
etapas podem
ter dicultado
o
desenvolvimento
do
controle
pela
posição
apenas.
Sendo
essas
discriminações
relacionais
e não
absolutas, a
complexidade dos
estímulos
é
sempre uma diculdade adicional para o planejamento do ensino
.
U
m
fator
apontado
por
M
elo
et
al.
(2005),
que
pode
ter
contribuído
para
a
obtenção
de
resultados
mais
precisos
e
sistemáticos
na
condição
TE,
diz
respeito
à
diferença
no
número
de
exposições
aos
estímulos
S
+
e
S-
nais.
Nos
treinos
TE,
era
necessário
que
a
criança
respondesse
ao
S
+
pelo
menos
26
vezes
(número
de
tentativas
programadas
para
os
três
procedimentos),
sendo
que
somente
a
posição
do
elemento
relacional
diferenciava
esse
estímulo
do
S-.
Nas
condições
com
mudança
(FD
e
ME),
o
critério
de
nalização
do
treino
era
o
acer
to
na
última
e
única
tentativa
programada
com
os
S+
e
S-
nais.
Desta
forma,
apenas
uma
resposta
ao
S+
nal
era
reforçada
antes
do
encerramento
do
treino
.
Apesar de
esse procedimento
ter sido também
utilizado em outros
estudos
(e.g.,
Gollin
&
Savoy
,
1968;
Schilmoeller
et
al.,
1979),
os
resultados
de
M
elo
et
al.
sugerem
que o
critério
utilizado
pode
fornecer
uma
quantidade
de exposição
insuciente para estabelecer
a discriminação
nal. N
o estudo
de
Aeschleman
e
Higgins
(1982),
que
utilizou
bloco
nal
com
critério
no
treino
com
esvanecimento,
foi
vericada
a
formação
de
classes
de
estímulos.
O
critério
de
encerramento
de
M
elo
et
al.
(2005)
foi
considerado
suciente
para
indicar
a
aquisição
das
discriminações
entre
os
estímulos
de
treino
e
para
diferenciar
os
procedimentos.
A
característica
principal
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
214
do
esvanecimento
é
a
mudança
gradual
dos
estímulos.
A
inclusão
de
um
bloco de tentativ
as com os estímulos
nais incorpora no
esvanecimento as
tentativas
do
procedimento
convencional.
F
az-se
necessário
investigar
se
esse
é
um
aspecto
essencial
do
esvanecimento
para
o
desenvolvimento
de
controle abstrato e generalização intraclasse de estímulos.
M
elo,
de
J
esus,
Araújo,
Hanna
e
Andreozzi
(2003)
incluíram
no
procedimento
de
M
elo
et
al.
(2005)
um
bloco
nal
com
critério
de
aprendizagem
para
investigar
o
efeito
na
aprendizagem
com
os
três
procedimentos.
N
este
estudo,
realizado
com
12
crianças
de
quatro-cinco
anos,
foi
modicada
apenas
a
cor
nas
condições
FD
e
ME.
Em
vir
tude
dessa
mudança
adicional,
metade
das
crianças
realizou
a
replicação
de
Melo
et
al.
(2005)
sem
o
bloco
nal,
modicando-se
apenas
a
cor
,
e
as
outras
seis
crianças
par
ticiparam
dos
mesmos
procedimentos
com
a
adição
do
bloco
nal e
a
exigência
de
100% de
acerto
neste
bloco
para a
nalização
do
treino.
Como
a F
igura
4 permite
visualizar
,
os desempenhos
nos
treinos
foram
novamente altos
(90%
ou
acima)
com
os
três
procedimentos, com
ou
sem
o
bloco
nal.
A
mudança
apenas
da
cor
produziu
desempenhos
bastante
semelhantes
nos
treinos
das
três
condições,
resultado
que
sugere
efeitos
semelhantes
dos
três
procedimentos
de
ensino.
Essa
conclusão
deve ser
relativizada,
uma vez
que
participantes
diferentes foram
expostos
a
apenas
uma
das
condições
(com
ou
sem
bloco
nal
com
critério
de
aprendizagem)
e
os
resultados
dos
testes
apresentaram
grande
variabilidade
entre
os
par
ticipantes.
Adicionalmente,
os
procedimentos
de
esvanecimento
dos
dois
estudos
se
diferenciaram
quanto
ao
estímulo
em
relação
ao
qual
as
mudanças
foram
efetuadas.
Em
M
elo
et
al.
(2005),
o
esvanecimento
envolvia
mudanças
na
cor
e
na
forma
do
S-
e
do
S+,
enquanto
em
Melo
et
al.
(2003)
ocorreu
apenas
o
esvanecimento
da
cor
do
S-.
Essa
variável
necessita
ser
melhor inv
estigada, uma
vez que,
como r
elatado por
Schilmoeller et
al.
(1979),
procedimentos
de
esvanecimento
diferentes estão
associados
com
desempenhos
distintos quanto
à transferência
de controle
para a
dimensão
crítica para a discriminação nal.
C
S
:
B
C
E
E
215
F
igura
4.
P
orcentagem
de
r
espostas
corretas
(média)
nos
treinos
com
diferentes procedimentos e nos testes de compor
tamento conceitual (CC)
de cada condição experimental do estudo de
Melo
et al. (2003). Os traços
verticais representam um desvio padrão da média.
A
inclusão
do
critério
de
aprendizagem
no
bloco
nal
elevou
os
escores
do
T
este
CC
da
Condição
ME,
mas
não
na
Condição
FD
(compare
o grá
co superior com
o inferior da
F
igura 4). A
Condição
TE nov
amente
produziu
melhores
desempenhos
no
T
este
CC
em
comparação
com
as
condições com modi
cação gradual e não gradual da cor
.
O
terceiro
estudo
conduzido
pelo
grupo
investigou
o
efeito
de
três
procedimentos
de
esvanecimento.
Nos
estudos
que
utilizaram
mudanças
graduais,
é
mais
comum
realizar
o
esvanecimento
do
S+;
ou,
quando
a
modi
cação
ocorre
em S+
e
S-, a
modi
cação
do
S+
é
realizada
por
último.
Essa
preferência
pode
ser
justi
cada,
conforme
sugere
Etzel
(1997),
pela
maior
chance
de
a
modi
cação
no
S+
garantir
o
controle
da
dimensão
relevante presente neste estímulo,
uma vez que
o organismo tende
a olhar
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
216
em
direção
aos
estímulos
que
estão
sendo
modicados.
No
entanto,
o
mesmo argumento
poderia ser utilizado
em fav
or do
esvanecimento do
S+
e S-
juntos, dado que,
em muitos
casos, a
discriminação precisa
considerar
os
estímulos
negativos
presentes
no
treino
da
diferenciação,
para
que
o
aluno
aprenda
a
distinguir
o
exemplo
do
contraexemplo.
U
m
argumento
que
pode
ser
utilizado
a
favor
da
modicação
apenas
do
S-
é
que,
neste
procedimento,
o
S+
nal
está
presente
desde
a
primeira
tentativa
e,
por
isso,
a frequência
de
reforçamento
da
resposta
na pr
esença desse
estímulo é
maior do que nos demais procedimentos.
Apesar
da
existência
de
v
ários
r
elatos
de
pesquisa
sobre
essa
questão,
as
evidências
não
são
conclusivas.
Schreibman e
Charlop
(1981)
observaram que a
modicação gradual
do S+
resultou
na apr
endizagem de
discriminações
mais rápidas
e
com
menos
erros para
apenas
uma
das
oito
crianças
autistas,
quando
comparada
com
a
modicação
gradual
do
S-.
Cheney
e
Stein
(1974)
relataram
desempenhos
semelhantes
(superiores
a
80%
de
acertos)
com
a
utilização
de
esvanecimento
do
S+
ou
do
S-
em
uma
tarefa
de
escolha
do
estímulo
diferente
(
oddity
task
).
Discriminações
de
tamanho
e quantidade
foram
ensinadas
para adultos
com
retar
do
mental,
em
Zawlocki
e
W
alls
(1983),
utilizando
delineamento
de
gr
upo
para
comparar
o tr
einamento
com esv
anecimento do
S+, do
S- e
de
ambos S+
e
S-. Os autores relatam, em geral,
maior número de respostas corretas para
o procedimento
de mudança gradual
de ambos
os estímulos,
mas a análise
estatística
das
tentativas
com
os
estímulos
nais
não
mostrou
diferença
signicativa
entre
os
diferentes
esvanecimentos.
Resultados
semelhantes
para o esvanecimento do S+ ou
do S- também foram relatados por Strand
(1989),
ao
ensinar
discriminação
de
rotação
vertical
para
crianças
com
atraso intelectual
sever
o. O estudo de
F
ields
(1978) comparou o efeito
do
esvanecimento do S+, S- e
S+ e S- sobre a aprendizagem de discriminação
de
linhas
com
inclinações
diferentes,
utilizando
pombos.
A
atenuação
da
cor
utilizada
isoladamente
no
S+
e
juntamente
com
a
atenuação
da
cor
também no S- foram
superiores para o controle para a inclinação da
linha
quando comparado com o esvanecimento apenas da cor no S-.
Em
r
esumo,
há
evidências
de
que
participantes
submetidos
a
procedimentos
que
alteravam
apenas
o
S+
produziram
melhores
desempenhos
quando
comparados
aos
desempenhos
de
participantes
C
S
:
B
C
E
E
217
submetidos
a
procedimentos
que
alteravam
apenas
o
S-
(Schreibman
&
Charlop, 1981;
S
tella
&
E
tzel, 1986).
N
o
entanto, também
há
resultados
que
mostram
desempenhos
semelhantes
com
a
utilização
de
esvanecimento
do
S+
ou
do
S-
(Cheney
&
Stein,
1974;
Strand,
1989).
E
ainda,
relatos
de ausência
de diferença nos desempenhos
dos participantes
(Zawlocki &
W
alls,
1983)
ou
de desempenho
melhor
com
a
mudança gradual
do
S+
e
de
ambos
os
estímulos
(S+
e
S-)
em
comparação
com
a
mudança
gradual
apenas no S- (F
ields, 1978).
Considerando
os
resultados
contraditórios
da
literatura
sobr
e
o
assunto,
Melo,
Hanna
e
de
J
esus
(2002)
compararam
o
efeito
do
esvanecimento
do
S+
ou
S-
sobre
a
aquisição
de
discriminações
de
posição
e
de
compor
tamento
conceitual.
Dez
crianças
de
quatro
e
cinco
anos
participaram
de
duas
diferentes
condições
com
procedimentos
de
esvanecimento
da
cor
e
da
forma
do
S+
ou
do
S-.
F
oram
utilizados
os
mesmos
estímulos
da
condição
FD
de
Melo et
al.
(2005),
e
os
treinos
nalizavam
quando
os
par
ticipantes
atingiam
o
critério
de
aprendizagem
no
bloco
nal,
sem
estímulos
suplementares.
A
ordem
de
exposição
às
condições
de
esvanecimento
do
S+
ou
do
S-,
para
o
ensino
de
discriminações
de
posição
distintas
(
em
cima-embaixo
e
esquerda-dir
eita
),
foi
balanceada
entre
grupos
de
cinco
participantes.
U
ma
terceira
condição
foi
adicionada
ao
estudo,
após
a
realização
das duas
primeiras, em
que todos
os participantes
aprenderam a
discriminação
dentro-fora
com
o esvanecimento
simultâneo
do S+ e do S-.
As
porcentagens
de
acerto
nos
treinos
(médias)
com
os
três
procedimentos
de
esvanecimento,
mostradas na
Figura
5,
foram
superiores
a 90%,
independente do
estímulo modicado
. Ocorr
eram menos
erros na
condição
de
esvanecimento
de
ambos
os
estímulos
e
mais
erros
na
condição
de
esvanecimento
apenas do
S-.
Nos testes
de
comportamento
conceitual
das
tr
ês
condições,
foram
obtidos
percentuais
de
acertos
superiores
a
85%,
sendo
que
desempenhos
mais
precisos
ocorreram
na
condição
de
esvanecimento do
S+ e
do S-.
Análises estatísticas
(teste t)
mostraram que
as diferenças foram
signicativas (p<0,01) entre as
condições S+ e
S+/S- e
entre
as
condições
S-
e
S+/S-
para
a
quantidade
de
erros
e
percentual
de
acerto nos testes CC.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
218
F
igura
5.
P
orcentagem
de
respostas
corretas
(média)
nos
treinos
e
nos
testes
CC
de
cada
condição
experimental
com
procedimento
de
ensino
com esvanecimento do S+, S- e ambos, do estudo de M
elo et al. (2002).
Os
resultados
de
Melo
et
al.
(2002)
sugerem
que
não
houve
efeito
do
estímulo
em
que
as
mudanças
graduais
foram
efetuadas.
N
as
três
condições,
independente
do
estímulo
modi
cado,
as
discriminações
foram
aprendidas
com
alta
porcentagem
de
acer
to
e
se
estenderam
para
estímulos
novos,
o
que
mostra
controle
pela
dimensão
crítica,
posição
treinada e
formação
de
classes
de estímulos.
Os
melhores resultados
para
o
procedimento
que
modi
cou
ambos
os
estímulos
podem
ser
devidos
ao
fato
de
a
condição
ter
ocorrido
como
terceira
condição
para
todos
os
participantes
e
de
ter
sido
ensinada,
em
todos
os
casos,
a
discriminação
dentro/fora.
N
os
demais
estudos,
a
ordem
de
exposição
às
condições
e
a
discriminação
treinada
com
os
diferentes
procedimentos
foram
controladas.
N
este estudo, isto ocorreu apenas para as primeiras duas condições.
Com
base
nos
três
estudos
apresentados
nesta
última
seção,
podem-se
tirar
algumas
conclusões
preliminar
es
importantes,
mostrar
análises que podem ser feitas e propor no
vas investigações.
A
aquisição das
discriminações
simples
de posição
não
foi
afetada
pelo tipo
de modi
cação
efetuada nos estímulos,
pela presença de
critério
de
aprendizagem
nos
treinos
e
pelo
estímulo
escolhido
para
realizar
as
C
S
:
B
C
E
E
219
mudanças
(S+,
S-
e
S+/S-).
A
quantidade
de
erros
foi
uma
medida
mais
sensível
à
manipulação
das
variáveis
investigadas,
obser
vando-se:
menos
erros com
a
modicação gradual
dos estímulos;
mais
erros com
múltiplos
exemplar
es
e com
estímulos
modicados
gradualmente com
a
introdução
de
critério
de
aprendizagem;
e
menos
erros
com
o
procedimento
de
esvanecimento simultâneo das dimensões cor e forma.
Com
relação
aos
desempenhos
nos
testes,
foram
formadas
classes
de
estímulos
de
posição
com
tr
eino
discriminativ
o
simultâneo
com reforço diferencial e um único
par de estímulos,
com ou sem critério
de
aprendizagem.
A
utilização
de
múltiplos
exemplares
e
de
treino
com
esvanecimento simultâneo
da forma e da
cor geraram classes
de estímulos,
quando foi introduzido o critério de aprendizagem nos tr
einos.
P
rocedimentos
de
esvanecimento
mostraram-se
mais
ecazes
na
fase de
treino,
mas não
nos testes,
sugerindo que o
controle pela
dimensão
relevante cou
comprometido
.
A hipótese
inicial
de que
o
esvanecimento
poderia
ser
um
procedimento
que
estabelece
comportamento
conceitual,
em
vir
tude
das
diversas
etapas
do
esvanecimento
nas
quais
se
utilizam
estímulos
diferentes
no
treino
discriminativo,
não
foi
comprovada.
P
ara
compreender
esses
resultados,
é
necessário
renar
os
procedimentos
e
realizar
estudos
adicionais.
A
literatura
sugere
que
a
utilização
de
esvanecimento
em dimensão diferente da
denida como alvo da discriminação nal pode
gerar
controle
irrelevante
e
impedir
o
controle
que
se
deseja
estabelecer
(e.g., Schilmoeller et
al., 1979; cf. Etzel, 1997). Estudos futuros deveriam
utilizar
o
esvanecimento
de
estímulos
que
favoreçam
o
contr
ole
pela
dimensão crítica.
Outro
aspecto
que
merece
estudos
adicionais
é
a
utilização
de
tarefas
de
discriminação
com
pelo
menos
três
alternativas
ou
do
procedimento de discriminação
sucessiva. O número
pequeno de escolhas
em
tarefa de
discriminação
simultânea
pode
dicultar
o
desenvolvimento
de
controle
pela
característica
relev
ante
(e.g.,
B
ezerra,
2008;
Sidman,
1987).
Mais
detalhes
sobre
essa
diculdade
de
estabelecer
controle
estão
descritos
no Capítulo
3
deste
volume, de
autoria
de
Galvão e
Barros, que
discutem
pesquisas
com
animais
sobre
desenvolvimento
de
repertórios
discriminativos.
Procedimentos
de
discriminação
sucessiva
do
tipo
go/
no-go,
utilizados desde
os
estudos iniciais
sobre
ensino de
conceitos
(e.g.,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
220
Herrnstein
&
Loveland,
1964),
também
têm
se
mostrado
alternativas
vantajosas
para
o
estudo
de
relações
de
posição
(e.g.,
Debert,
Matos,
&
M
cIlvane, 2007; ver também Capítulo 6, neste v
olume).
Adicionalmente,
também
é
relevante
a
identicação
mais
detalhada
dos
controles
gerados
pelos
procedimentos
utilizados
com
os
estímulos
complexos
em
questão.
A
utilização
de
equipamentos
de
rastreamento
da
direção
do
olhar
,
como
uma
medida
mais
precisa
para
identicar as
diferentes topograas de
controle de estímulos
(e.g., S
tella &
Etz
el,
1986;
Endemann,
P
essôa,
P
erez,
& T
omanari,
2011)
presentes
nos
treinos e nos testes, parece ser um importante r
enamento metodológico.
A
exposição
ao
mesmo
par
S+/S-
foi
suciente
para
estabelecer
controle
pela
posição,
a
dimensão
crítica
dos
estímulos
compostos
de
treino
. N
o entanto, é importante considerar que o delineamento utilizado
nos
estudos
de
M
elo,
Hanna
e
colaboradores
envolveu
a
exposição
a
três
treinos
com
pares
diferentes
de
uma
mesma
relação
de
posição,
mas
que
diferiram
em
r
elação
a
outras
dimensões.
P
rovavelmente,
ocorreu
um
efeito
combinado
(que
merece
investigações
adicionais)
entre
a
quantidade
de
exposição
a
um
mesmo
par
de
estímulos
em
cada
treino
e
a
história
de
exposição
aos
pares
de
estímulos
diferentes
entre
os
três
treinos
para
a
formação
de classes
de estímulos
de
posição
.
Além disso,
as
características
dos
participantes
podem
ter
favorecido
os
resultados
positivos
desse
procedimento
.
A
literatura
apresenta
relatos
de
erros
recorrentes
em
treinos
discriminativos
com
diferenças
pequenas
entre
os
estímulos
(e.g.,
Sidman
&
Stoddar
d,
1967;
Stoddar
d
et
al.,
1986),
como
é
o
caso
dos
estímulos
aqui
utilizados,
quando
os
participantes
apresentam
atraso
no
desenvolvimento
.
O
conjunto
de
estudos
apresentados
nesse
capítulo
representa
um
avanço
metodológico
na
análise
comportamental
de
classes
de
estímulos
relacionais,
apesar
dos
renamentos
necessários
sugeridos
anteriormente.
U
ma
característica
geral
dos
procedimentos
utilizados
foi
a
realização
de
mais
de
um
treino
discriminativo
em
cada
condição,
com
exemplar
es
diferentes
representando
as
mesmas
posições,
caracterizando
a
metodologia
de
estudo
de
comportamento
conceitual.
O
primeiro
treino
discriminativo
permite
comparar
o
efeito
das
manipulações
sobre
a
aquisição
de
discriminação.
T
reinos
subsequentes
possibilitam
avaliar
C
S
:
B
C
E
E
221
o
papel
de
múltiplos
exemplares
no
desenvolvimento
de
abstração.
O
delineamento
padrão
treinos-seguidos-de-testes
fornece
medidas
para
monitorar
(avaliar)
o
desenvolvimento
de
abstração
ou
desenvolvimento
de
controle
pela
dimensão-alvo
a
par
tir
de
duas
medidas.
A
redução
da
quantidade
de
erros
ou
de
tentativas
para
nalizar
os
treinos
ao
longo
do
estudo
poderia
indicar
maior
controle
pela
dimensão-alvo.
Nos
testes,
os
escores na presença de um
conjunto de estímulos
de treino e de
estímulos
nov
os com a
mesma dimensão ensinada permitem
avaliar a discriminação
interclasses
e
a
generalização
intraclasses
de
estímulos
de
diferentes
posições.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
Repertórios
conceituais
são
estudados
a
par
tir
do
planejamento
de
contingências
de
ensino
de
discriminações
e
de
avaliações
que
permitem
vericar a
formação de
classes
de estímulos
(Astley & W
asserman, 1998a,
1998b).
N
a
base desses
repertórios
estão as
discriminações aprendidas
em
diferentes
contextos,
com
diferentes
pr
ocedimentos.
A
vasta
literatura
sobre
o
efeito
de
procedimentos
alternativos
que
reduzem
o
erro
e
sobre
comparações
com
o
procedimento
convencional
raramente
avalia
e
relata
o
desempenho
com
novos
estímulos
e
em
nova
tarefa.
U
ma
vez
que
o
controle de
estímulos é sempr
e uma infer
ência (Sidman,
1979), avaliações
mais
amplas
auxiliam
na
identicação
dos
limites
e
das
dimensões
do
controle estabelecido
.
Os
estudos
apresentados
na
última
seção
deste
capítulo
demonstraram
a
impor
tância
de
avaliações
adicionais
para
identicar
diferentes
efeitos
das
diferentes
contingências
de
ensino.
Os
três
procedimentos
utilizados
para
o
ensino
de
discriminações
de
posições
para
crianças
pr
é-escolares
com
desenvolvimento
típico
foram
ecazes
para
estabelecer
as
discriminações
entre
as
guras
ensinadas,
apesar
de
o
procedimento
convencional
produzir
maior
número
de
erros.
As
maiores
diferenças
foram
observadas
não
na
etapa
de
ensino,
mas
em
testes
de
comportamento
conceitual
e
de
discriminação
condicional.
O
alcance
de
uma
situação
de
ensino,
quando
medido
também
pela
generalização
de
estímulos
e
transferência
de
controle
para
novas
situações,
pode
mostrar
que
o
estágio
nal
do
ensino
de
uma
discriminação
não
é
suciente
para
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
222
caracterizar o
controle de
estímulos desenv
olvido a
par
tir
de contingências
de
ensino
diferentes.
Os
estudos
mostraram
que,
com
o
procedimento
sem
mudança
de
estímulos,
a
formação
de
classes
de
estímulos
foi
mais
pro
vável do que com
o procedimento de esv
anecimento ou com mudança
de estímulos não gradual.
Entretanto,
à
luz
dos
presentes
dados,
a
impor
tância
do
esvanecimento
em
prevenir
os
efeitos
colaterais
do
erro
não
deve
ser
negligenciada.
A
aprendizagem
discriminativa
é
essencial
para
o
desenvolvimento
de
comportamento
conceitual
e,
para
alguns
par
ticipantes
e tarefas, ela só se torna possível com pr
ocedimentos que reduzem o erro
.
Em
face
da
importância
dos
resultados
apresentados,
faz-se
necessário
ampliar
o
conhecimento
sobre
a
relação
entre
as
características
da
contingência
de
ensino
e
seus
efeitos
sobre
o
compor
tamento
conceitual
e
a
aprendizagem
de
relações
condicionais.
Os
resultados
apresentados
restringem-se
a
discriminações
de
posição
utilizando
desenhos,
uma
conguração
especial
de
estímulo
e
o
esvanecimento
de
dica
incorporada
no
estímulo,
mas
não
relacionada
ao
critério
requerido
na
discriminação
nal.
Estudos
adicionais
necessitam
investigar
a
generalidade
dos
resultados
obtidos
com
outr
os
problemas
e
estímulos,
com
o
esvanecimento
de
aspectos
relacionados à
dimensão-
alvo,
como também
ampliar
as
variáveis
investigadas.
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i
nveStiGação
d
a
f
unção
S
imbóliCa
a
dquirid
a
por
e
Stímulo
S
e
létriCo
S
em
C
riançaS
Com
i
mplante
C
oClear
Ana Cláudia M. A
lmeida-V
erdu
W
agner Rogério da Silva,
Raquel Melo G
olfeto
Maria Cecília Bevilacqua
Deisy das G
r
aças de Souza
A
deciência
auditiva
é
caracterizada
por
alterações
na
percepção
auditiva
e
congura
uma
condição
que
pode
impor
severas
restrições
de
estimulação
sensorial
(Bevilacqua
&
Moret,
2005).
No
processo
de
diagnóstico
da
deciência
auditiva,
identicam-se
aspectos,
como:
localização
(periférica,
neurosensorial,
ou
central),
lateralidade
(unilateral
ou
bilateral),
grau
(leve,
moderada,
severa
ou
profunda)
e,
também,
o
período
da
perda
auditiva.
T
odos
esses
aspectos
são
impor
tantes
e
podem
ser tratados
em profundidade,
mas serão
considerados apenas
brevemente
neste
capítulo,
cujo
objetivo
será
focar
a
deciência
auditiva
a
partir
de
suas
implicações
para
a
aquisição
de
linguagem
e
para
o
estabelecimento
de comportamento simbólico (compreensão e signicado).
Do
ponto de
vista
da
compreensão
auditiva,
o
período
da
perda
auditiva é especialmente importante, razão pela qual
é feita uma distinção
entre
surdez
pré-lingual
e
surdez
pós-lingual.
A
deciência
auditiva
pré-
lingual
é
a
que
acomete
o
indivíduo
antes
da
aquisição
da
linguagem,
e
a
pós-lingual
é
a
que
ocorre
posteriormente
à
aquisição
da
linguagem.
As
implicações
para
a
(re)habilitação
são
muito
diferentes
nos
dois
casos:
a
surdez
pré-lingual
poderá
acarretar
importantes
atrasos
na
aquisição
de
linguagem
e,
se
a
função
auditiva
for
restabelecida
em
algum
grau
(por
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
230
meio
de
apoios
auditivos),
o
indivíduo
que
começa
a
ouvir
se
encontra
na
posição
de
quem
inicia
a
aquisição
de
linguagem;
no
segundo
caso,
quando
a
função
auditiva
é
restaurada,
o
indivíduo
encontra-se
pronto
a
reagir
com
compreensão
aos
sons
da
fala
(pelo
menos
no
que
tange
a
aquisições prévias) e a produzir fala inteligív
el.
Caracterizada
a
perda
auditiva,
uma
importante
etapa
da
(re)
habilitação
consiste
em
denir
o
tipo
de
apoio
que
o
indivíduo
poderá
utilizar
para
que
seja
restabelecida
a
função
auditiva.
Os
apoios
auditivos
atuam
nas
áreas
danicadas do
ouvido interno,
e uma
identicação
precisa
destas
áreas permite
interferir em
diferentes
etapas do
processo
de audição,
da
estimulação inicial
à
transmissão
do
som pelo
sistema
auditivo (Morre
& Linthicum, 2004).
U
ma
das
possibilidades
de
(re)habilitação
auditiva
se
dá
pelo
implante
coclear
(IC),
uma
tecnologia
biomédica
que
permite
a
detecção
de
estímulos
sonoros
via
estimulação
elétrica
direta
do
nervo
auditivo.
Essa
tecnologia,
a
primeira
a
promover
uma
interação
cérebro/máquina
(N
icolelis,
2003),
foi
desenvolvida
desde
a
década
de
1960
(Simmons
et
al.,
1965),
e
apresenta
as
seguintes
funções
básicas:
captação
e
conversão
de
estímulos
acústicos
em corrente
elétrica;
condução
da
corrente elétrica
até a
cóclea; estimulação direta do
nervo auditivo
ou bras residuais deste
tecido,
por
meio
de
eletrodos.
A
utilização
do
implante
coclear
produz
o
retorno imediato da detecção de sons.
A
de
t
ec
çã
o
de
s
on
s
é
mu
it
o i
mp
o
rt
a
nt
e,
m
as
n
ão
as
se
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ão
d
o
si
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ca
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b
r
et
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a.
Es
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l
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O
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as
v
a
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r
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mo
,
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c
on
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çõ
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d
e
ap
r
en
di
za
ge
m
(
Bo
on
s
et
a
l.
,
2
01
2)
.
M
uitas
disciplinas
têm
investigado
os
aspectos
relacionados
ao
sucesso
do
implante
na
(re)habilitação
auditiva,
destacando-se
as
contribuições
da
Otologia,
Audiologia,
F
onoaudiologia,
P
sicofísica,
Acústica,
P
sicoacústica
e
Engenharia.
U
ma
inter
face
recente
com
as
pesquisas
sobre
processos
da
audição
e
(re)habilitação
pelo
implante
tem
sido
realizada
pela
Análise
do
Comportamento,
com
ênfase
na
C
S
:
B
C
E
E
231
aprendizagem
de
relações,
envolv
endo
estimulação
auditiva,
com
especial
interesse
em como
a estimulação
sonora transmitida
pelo implante
coclear
adquire
signicado
ou
função
de símbolo
para quem
faz
uso
do dispositiv
o
(Almeida-V
erdu,
2002;
Almeida-V
erdu,
da
Silva,
&
Golfeto,
2008;
da
Silva,
de
Souza,
de
Rose,
Bevilacqua,
&
McIlv
ane,
2006).
A
nalidade
deste
capítulo
é
destacar
algumas
das
perguntas
de
pesquisa
e
apresentar
uma
síntese
das investigações
sobre
a aquisição
de
signicado
envolvendo
estímulos
auditivos
em
usuários
de
implante
coclear
.
Uma
seção
nal
do
capítulo
explora
como
o
modelo
de
aquisição
de
signicado
que
norteia
as
pesquisas
tem
sido
aplicado
para
responder
a
algumas
das
perguntas
envolvidas
no
processo
de
r
egulagem
do
implante
coclear
após
o
ato
cirúrgico e na aquisição da linguagem.
B
R
EV
ES
CONSIDERAÇÕES
SOBRE
O
IMPLANTE
COCLEAR
O
implante
coclear
tem
componentes
externos
e
internos.
A
porção
externa é constituída
por um micr
ofone retr
oauricular
, um processador de
fala
e
uma
antena
transmissora,
conectados
aos
componentes
internos.
A
porção
interna,
implantada
cirurgicamente,
inclui
um
receptor-estimulador
e
um
conjunto
de
eletrodos
arranjados
em
forma
de
feixe
1
(Bevilacqua,
Costa, & M
oret, 2003). De forma simplicada,
o procedimento cirúrgico
requer
uma
incisão
na
parte
lateral
da
cabeça
e
acima
da
orelha,
sobre
o
osso
temporal,
no
qual
é
esculpido
um
leito
para
depósito
do
receptor-
estimulador
.
Em
uma
etapa
seguinte,
chamada
de
cocleostomia,
o
cabo
com
os
eletrodos
é
inserido
na
rampa
média
da
cóclea
via
janela
redonda
(Bento,
B
rito,
Sanchez,
&
Castilho,
2002).
A
conexão
entre
a
parte
externa e
interna do implante
é feita
por meio de
dois imãs,
um instalado
na
antena
transmissora
e
outro
no
receptor-estimulador
,
o
que
permite
que
a
antena
permaneça
xa na
cabeça
do
indivíduo,
no
ponto
em
que
o
receptor-estimulador foi implantado. Com esses componentes, o processo
de estimulação
elétrica inicia-se
no microfone
retro-auricular
, que
capta os
sons
do
ambiente
e
os
envia
ao
processador
da
fala.
Este
seleciona
e
codica
os sons
do ambiente (incluindo
a fala humana)
e gera pulsos
elétricos que
são
enviados
à
antena
transmissora.
A
passagem
dos
sinais
codicados
e
1
De acordo
com o modelo ou
o fabricante, o
número de eletrodos para
implantação pode variar entr
e 16 e
24.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
232
dos pulsos para a parte interna ocorr
e de modo transcutâneo, por meio
de
ondas de
radiofrequência, utilizadas
para transpor
te. Com
as informações
contidas
nas
ondas,
o
receptor-estimulador
aciona
os
eletrodos
e
cria
um
uxo de
corrente elétrica
sobre o
nervo
auditivo que,
por
sua vez,
conduz
à estimulação do córtex (Rizzi & Bevilacqua, 2003).
A
con
ve
rsã
o
de
sin
ais
sono
ro
s
em
est
imu
laç
ão
elét
ric
a
pel
o
imp
lant
e
cocle
ar
dep
en
de
da
codi
ca
ção
do
espec
tro
da
fre
quê
ncia
,
de
pad
rões
te
mpo
rai
s
e
da
int
ens
idade
do
si
nal
son
oro
.
N
o
pr
oce
ssa
dor
de
fal
a,
lt
ros
sepa
ram
e
com
pri
mem
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fr
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97; F
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igue,
200
8)
Os
implantes
cocleares
disponíveis
atualmente
utilizam
os
recursos
de
manipular
o
local, a
velocidade
de estimulação
elétrica
e outros
parâmetros,
para
denir
a
estratégia
de
processamento
de
sinal
que
controla
os
processadores
de
fala.
Essas
possibilidades
de
produzir
estimulação
de
modo
localizado
e
variar
a
velocidade
de
envio
do
estímulo
permitem
ao
implante
coclear
reproduzir
o
modo
como
o
sistema
auditivo
normal
utiliza
o
espectro
da
frequência
e
os
padrões
temporais
do
sinal
acústico
para
gerar
percepção de
sons do
ambiente. Além
dessas, outra
informação necessária
para a
estimulação auditiva elétrica
é a intensidade
do sinal.
P
ara
denir a
intensidade,
é necessário
estabelecer
, para
cada
eletrodo,
os níveis
mínimos
e
máximos de
corrente elétrica
que
permitem
gerar sensação
auditiva
sem
produzir
desconforto,
ou
seja,
é
preciso
delimitar
uma
área
de
extensão
dinâmica para a estimulação elétrica (Shapiro, 2000).
2
P
ara detalhes adicionais sobre a relação fr
equência/tonotopia coclear
, ver Morre & Linthicum (2004).
3
P
ara ex
emplos sobre
modos de
gerar uxo
de corrente
com o
arranjo de
eletrodos, consultar
Clark et
al., 1997.
C
S
:
B
C
E
E
233
A
denição
da
quantidade
de
sinal
necessário
para
gerar
sensação
auditiva
é
obtida
na
programação
do
dispositivo
e
deve
ser
feita
individualmente,
uma
vez
que
os
níveis
de
corrente
necessários
variam
entre
os indivíduos implantados. Essa condição implica a exigência de avaliação
por
meio
de
procedimentos
clínicos
4
.
O
mapeamento
de
eletrodos
é
um
dos
procedimentos
de
regulagem
e
programação
do
implante
e
consiste
em
determinar: a
menor quantidade
de corrente elétrica
que produz detecção
consistente
do
estímulo,
isto
é,
100%
das
vezes
(limiar
elétrico);
e
a
máxima
quantidade de
corrente que
pode ser
aplicada sem gerar
desconfor
to
(nível
de
conforto
elétrico). A
diferença
entr
e
esses
dois valores
estabelece a
área
dinâmica para
variar a
quantidade de
corrente elétrica. O
balanceamento,
outro procedimento clínico de
regulagem, refer
e-se ao estabelecimento
de
uma
faixa
de
quantidade
de
corrente
elétrica
que
gera
a
mesma
sensação
de
intensidade,
independente
do
eletrodo
estimulado
em
frequências
diferentes (Allum, 1996; Clark et al., 1997; ai-V
an et al., 2007).
U
m
dos
progressos
no
uso
da
estimulação
elétrica
como
tratamento refere-se à realização precoce do
implante coclear em
crianças
com
surdez
neurossensorial
profunda
bilateral.
Desde
o
início
dos
anos
de
1990,
crianças
a
par
tir
de
24
meses
têm
sido
submetidas
ao
implante
coclear
e
avanços
nos
procedimentos
de
avaliação
da
audição,
que
permitem diagnósticos precisos de
per
das auditivas nas
primeiras semanas
de
vida,
têm
ampliado
a
possibilidade
de
indicação
do
implante
coclear
para
crianças
até
mesmo
a
par
tir
dos
12
meses.
O
benefício
cr
ucial
da
realização
precoce
do
implante
está
no
fato
de
a
criança
implantada
ter
acesso
à
estimulação
auditiva
no
período
que
corresponde
ao
processo
de
desenvolvimento
de
linguagem
oral
em
crianças
ouvintes.
Os
resultados
da
implantação
precoce
mostram
que,
com
a
possibilidade
de
detecção
auditiva
durante
o
primeiro
ano
de
vida,
ocorre
o
desenvolvimento
rápido
(primeiro
ano
após
a implantação)
e
consistente
de
habilidades
de
percepção
de
fala,
e o
atraso na
aquisição de
fala
por parte
dos
implantados
pode
ser
bastante
minimizado
(Boons
et
al.,
2012).
A
limitação
para
uso
em
larga
escala
do
implante
coclear
precoce
está
relacionada
aos
riscos
de
uma
cirurgia
para
inserção
dos
eletrodos
em
crianças
tão
jovens,
mas
há
evidências
de
que
tais
riscos
podem
ser
reduzidos
a
ponto
de
viabilizar
a
4
A
programação
do
implante
coclear
será
retomada
adiante
para
tratar
da
contribuição
de
uma
tecnologia
operante para a obtenção das medidas de limiar e conforto auditivo.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
234
realização
de
implante
coclear
em
crianças
com
seis
meses
(Anderson
et
al., 2004; V
alencia, Rimell, Friedman, O
blander
, & Helmbrecht, 2008).
As
possibilidades
oferecidas
com
o
uso
de
implante
coclear
e
seus
avanços
tecnológicos
fazem
deste
dispositivo
o
principal
recurso
para
o
tratamento,
que
visa
desenvolver
repertório
de
falante
em
crianças
com
deciência
neurossensorial
profunda,
principalmente
entre
aquelas
acometidas
por
esse
tipo
de
perda
antes
do
desenvolvimento
de
linguagem
oral
(período
pré-lingual).
P
orém,
o
procedimento
cir
úrgico
congura uma
etapa
intermediária entre as
condições
pr
évias
ao implante
e
o
acompanhamento
após
o
implante.
A
interação
entr
e
essas
três
etapas
determinará
o ganho
real
no desenvolvimento
de
audição e
da
linguagem
oral por crianças surdas pr
é-linguais (M
oret, Bevilacqua, & Costa, 2007).
Com
relação
ao
período
entre
o
surgimento
da
surdez
e
a
realização
da
cirurgia,
ou
condições
anteriores
ao
implante,
resultados
de
pesquisas
cientícas
indicam
que,
quanto
menor
o
tempo
de
privação
do
acesso
à
sensação
auditiva,
maiores
as
possibilidades
de
se
adquirir
fala
com v
elocidade e
inteligibilidade satisfatórias. Esses
resultados justicam
a
realização precoce do implante, ou seja, em idades cada v
ez menores.
Após
a
cirurgia,
o
chamado
processo
de
(re)habilitação
auditiva
implica
o
monitoramento
do
funcionamento
e
a
programação
do
dispositivo,
o
monitoramento
da
aquisição
das
habilidades
auditivas,
a
adesão
familiar
ao
tratamento
e
a
terapia
fonoaudiológica
especializada.
Depois da cir
urgia, a monitoração das
habilidades aprendidas envolvendo
a
estimulação
elétrica
constitui
o
principal
instr
umento
de
avaliação
dos
resultados
obtidos
com
o
implante.
É
esse
monitoramento
que
mede
a
qualidade
e
a
v
elocidade
do
desenvolvimento
auditivo
da
criança
e
identica a necessidade ou não de intervenção.
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C
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B
C
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E
235
O
OUVIR
COMO
COMPORTAMENTO
O
conhecimento
preciso
das
dimensões
comportamentais
do
ouvir
possibilita
decidir
que
tipo
de
mudança
neural
ou
função
cortical
investigar
.
Embora
cada
um
dos
aspectos
do
ouvir
tenha
seu
lugar
em
órgãos
especícos,
bem
como
no
mecanismo
neural,
e
os
procedimentos
de
avaliação
diagnóstica
de
perdas
auditivas
sejam
frequentemente
baseados
em
medidas
siológicas
(Bevilacqua,
Costa,
&
de
Souza
F
reitas,
1998;
Giraud
&
T
r
uy
,
2002;
Manrique
et
al.,
1999),
é
fundamental
conhecer
,
também,
as
propriedades
do
comportamento
de
ouvir
,
uma
vez
que
elas
são
acessíveis pela observação (da) e pela interação com a pessoa implantada.
Conhecer
o
comportamento
de
ouvir
implica
a
compreensão
das
condições
sob
as
quais
se
estabelecem
relações
funcionais
entre
o
comportamento
do
indivíduo
e
a
presença
de
estímulos
sonoros.
Nos
procedimentos
clínicos de
programação do
implante coclear
, audiologistas
e
fonoaudiólogos
avaliam
determinados
comportamentos
do
indivíduo
quando
certa
quantidade
de
corrente
é
liberada
nos
eletrodos.
Em
decientes
auditivos
que
receberam
implante
coclear
,
as
relações
funcionais
que
podem
descrever
o
comportamento
de
ouvir
são
buscadas
observando-
se
o
que
o
indivíduo
implantado
faz
na
presença
da
estimulação
elétrica
do
nervo
auditivo
produzida
pelo
implante.
O
compor
tamento
de
um
indivíduo
pode
se
alterar
em
função
da
estimulação
acústica
ou
elétrica
presentes
de
maneira
reexa
(comportamento
respondente)
e,
também,
pelas
consequências
que
produz.
Quando
as
consequências
do
ouvir
desempenham
um
papel
impor
tante,
então
o
ouvir
pode
ser
considerado
como um comportamento operante e colocado sob controle de estímulos.
A
par
tir
do
paradigma
operante,
o
ouvir
pode
ser
concebido
como
um
operante
discriminado
(Catania,
1999;
Horne
&
Lowe,
1996;
Skinner
, 1957),
pois depende
não só
das condições do
organismo (como a
preservação
e
funcionalidade
de
todos
os
órgãos
sensoriais
envolvidos),
mas
também de
mudanças ambientais antecedentes
(por exemplo, de ausência
para presença de
estimulação sonora ou de um
tipo de estimulação sonora
para
outro)
e
das
consequências
que
o
indivíduo
produz
quando
está
exposto
à
estimulação
sonora.
Se
o
ouvir
puder
ser
modicado
por
manipulações
experimentais,
será
possível
realizar
a
descrição
do
procedimento
e
das
variáveis responsáveis pela
mudança. As
mudanças no
comportamento
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
236
ouvir
são
resultado
das
interações
com
o
ambiente
e
impactam
também
sobre
a
diferenciação
e
modelagem
de
circuitos
neurais
que
caracterizam
a
plasticidade
neural
(F
errari,
T
oyoda,
F
aleiros,
&
Cer
utti,
2001;
Ryugo,
Limb, & R
edd, 2000), fundamental para um implante bem sucedido.
Essa
concepção
do
ouvir
como
comportamento
operante
discriminado
tem
fundamentado
o
interesse
na
origem
de
relações
simbólicas
envolvendo
estímulos
auditivos
e
seu
papel
na
aquisição
do
ouvir
e
do
falar
.
As
pesquisas
descritas
neste
capítulo,
nor
teadas
por
esse
interesse,
têm
focalizado
efeitos
do
implante
coclear
sobre
o
desenvolvimento
da
função
simbólica
(ou
compreensão
auditiva)
com
estímulos
elétricos,
sobre
a
aprendizagem
de
novas
relações
entre
estímulos
auditivos
(elétricos)
e
outros
eventos
(reconhecimento
de
palavras)
e
sobre
a
verbalização
de
nov
as palavras (nomeação de eventos).
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uit
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do ouvi
do, impl
ant
e
d
e
tr
onco
en
cef
álico
);
ef
ei
tos
do
imp
lant
e
co
clear
em
sín
drom
es
q
ue
incl
uem
d
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iênci
a au
di
tiv
a. O
tem
a
de
maio
r
int
ere
sse
f
oi
a
av
ali
ação
da
lingu
agem
rec
ept
iv
a
e
de
pro
dução
d
e
fal
a
em
cri
anç
as
e
adu
ltos
imp
lant
ado
s,
encon
trad
o e
m 4
1,8%
dos
arti
gos
.
Em
relação
aos
artigos
que
investigaram
a
percepção
e
a
produção
da
fala,
um
aspecto
metodológico
a
ser
destacado
é
a
aplicação
de
escalas
ou
testes
de
avaliação da
competência linguística
e
de
percepção
da fala
em
momentos sucessivos após
o implante coclear
, em que os participantes são
expostos
a
um
conjunto
de
estímulos
visuais
(guras)
ou
auditivos
(lista
de fonemas, palavras,
sentenças) e registra-se o desempenho
observado ou
relatado
pelos pais.
F
oram identicados
34 estudos com
tais características
e os
estudos eram pr
edominantemente longitudinais, com
as escalas sendo
aplicadas imediatamente após o
recebimento do implante ou até três anos
depois.
Dois
estudos
ensinaram
habilidades
denominadas
auditivas
e
de
produção
de
fala
e
avaliaram
o
desempenho,
demonstrando,
assim,
o
efeito
do ensino sistemático sobre essas habilidades.
Os
resultados
desta
revisão
de
literatura
sugerem
crescimento
constante
na
quantidade
de
pesquisas sobre
linguagem
com
implantados,
diversidade de áreas de conhecimento
gerando dados sobre o
tema, e foco
na
percepção
e
na
produção
de
fala.
Esse quadr
o
demonstra o
quanto estão
consolidados
os
efeitos
do
implante
coclear
no
que
concerne
aos
ganhos
em
relação
à
percepção
e
produção
da
fala
de
surdos,
a
partir
do
uso
de
estimulação elétrica do nervo auditivo.
A
escassez
de
estudos
sobre
aprendizagem,
porém,
justica
nosso
interesse
na
investigação
dos
efeitos
de
algumas
condições
e
procedimentos
com
potencial
para
favorecer
a
compreensão
auditiva
e
a
produção
de
fala
inteligível.
Mais
especicamente,
temos
investigado:
a
compreensão
da
fala,
a
par
tir
dos
estímulos
produzidos
pela
estimulação
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
238
elétrica;
e a
produção
da fala
inteligível,
isto é,
com
correspondência com
aquela
apresentada pela
comunidade
verbal
a que
o
implantado
pertence.
Empregando
o
arcabouço
conceitual
da
análise
do
compor
tamento
e
o
método
experimental
para
avaliar
os
efeitos
de
atividades
sistemáticas
de
ensino,
os estudos
têm
contribuído com
os meios
conceituais
e empíricos
para analisar
os detalhes do
processo
que leva
à aquisição deste
importante
repertório linguístico e social.
N
o
contexto
desses
estudos,
a
linguagem
é
concebida
como
comportamento
verbal
sujeito
às
propriedades
que
denem
qualquer
comportamento
operante,
que
modica
o
ambiente
e
é
modicado
por
suas
consequências
(Skinner
,
1957).
A
diferença
crucial
entre
o
comportamento
não
verbal
e
o
comportamento
verbal
é
que
as
ações
não
verbais
imprimem
uma
modicação
direta
sobre
o
ambiente
físico
enquanto
o
comportamento
verbal
modica
o
ambiente
social,
isto
é,
as
consequências
obtidas pela emissão do compor
tamento verbal (do falante) dependem do
comportamento
de
outra
pessoa
(o
ouvinte).
Os
efeitos
do
compor
tamento
verbal
independem
da
forma:
pode
ser
a
fala
(por
isso,
falante),
mas
também pode ser
um gesto, como na
linguagem de sinais. D
e acordo
com
Skinner (1957),
tomando
como
referência
o
falante, o
efeito
principal
da
resposta muscular
complexa do comportamento v
ocal é produzir
uma fala
audível
(ou
um
gesto
visível)
e
essa
fala
ou
gesto
afeta
o
comportamento
de
outra
pessoa.
Se
o
ouvinte
for
tomado
como
referência,
os
estímulos
acústicos
evocam
respondentes
(autonômicos,
muscular
es,
emocionais)
e
também
se
conguram
como
um
ambiente
relevante
para
muitos
dos
comportamentos
complexos
emitidos.
N
esse
caso,
o
compor
tamento
de
um
homem
como
ouvinte
não
é
distinto,
na
forma,
de
outros
tipos
de
comportamento que
apresenta; a
diferença
reside
no controle
de estímulos
desse
compor
tamento
.
Segundo
Skinner
, para
reagir
à
fala
do outr
o
e
atuar
como
mediador
das
consequências
para
seu
comportamento,
um
ouvinte
é
especialmente
“
treinado
”
pela
mesma
comunidade
verbal
do
falante.
Isto
signica
que
as
relações
entre
os
estímulos
discriminativos
providos
pelo falante e o comportamento do ouvinte são
aprendidas sob as mesmas
contingências que modelam o comportamento do falante.
Como
um
compor
tamento
operante,
o
compor
tamento
verbal
está
sujeito
às
mesmas
leis
que
regulam
os
operantes
de
modo
geral:
ele
é
C
S
:
B
C
E
E
239
afetado
por
suas
consequências,
de
acordo
com
parâmetros
de
reforçamento
(contingência,
imediaticidade ou
atraso,
intermitência); pode
ser
evocado
por
estímulos
discriminativos,
isto
é,
a
relação
antecedente-resposta
é
selecionada
pelas
consequências
das
respostas;
pode
sofrer
diferenciação
em
muitas
de
suas
propriedades
topográcas
(forma,
força,
duração)
e
dinâmicas
(velocidade,
sequenciação),
como
r
esultado
da
seleção
por
consequências;
pode
aumentar
ou
diminuir
de
frequência
(Oliveira,
2005).
A
concepção
de
linguagem
como
comportamento
verbal,
adotada
neste
trabalho,
permite
analisar
,
descrever
e
promo
ver
ampla
gama
de
habilidades
discriminativas
envolvidas
na
complexa
rede
de
relações
comportamentais
que
caracterizam
o
ouvir
e
o
falar
e
que
precisam
ser
aprendidas
por
um
indivíduo
com
surdez
pré-lingual
que
passa
a
utilizar
o
implante
coclear
.
É
importante
distinguir
,
por
exemplo,
entre
a
discriminação
auditiva
(entre
presença
e
ausência
de
som,
entre
um
som
e
outro),
o
reconhecimento
do
som
(sua
relação
com
algum
aspecto
do
ambiente),
a
compreensão
auditiva
(qual
o
signicado
de
um
estímulo
sonoro)
e
a
memória
auditiva
(ser
capaz
de
se
compor
tar
em
relação
a
um
som
que
ocorreu
em
algum
momento
no
passado,
mas
que
não
se
encontra
presente no
momento
em
que o
comportamento
é
apresentado,
por
exemplo,
atender
a
uma
instrução
verbal
apresentada
horas
antes)
(Almeida-V
erdu, 2002; Erber
, 1982).
P
esquisas
que
investigam
os
efeitos
do
implante
coclear
em
decientes
auditivos
têm
demonstrado
os
benefícios
do
implante
na
aquisição
rápida
dessas
diferentes
habilidades
discriminativas
no
decorrer
do
primeiro
ano
de
uso
(Bevilacqua,
1998;
Mor
et
et
al.,
2007),
que
continuam
a
se
aprimorar
ao
longo
dos
anos,
embora,
em
geral,
permaneçam
aquém
das
habilidades
de
indivíduos
com
desenvolvimento
típico sem perda auditiva (Boons et al., 2012).
N
o
que
concerne
à
produção
da
fala,
os
resultados
dos
estudos
mostram
que
os
desempenhos
não
acompanham
o
mesmo
ritmo
de
aprendizagem
obser
vado
nas
discriminações
(repertório
receptivo).
P
or
esta razão,
desenvolver uma
fala inteligível é uma
meta importante para os
programas
de
(re)habilitação
auditiva,
mas
o
alcance
desta
meta
depende
de
investigações
básicas
e
translacionais
sobre
os
processos
de
aprendizagem
que envolvem o ouvir e o falar com corr
espondência com o que é ouvido.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
240
Como
mencionado
antes,
nossas
pesquisas
têm
focalizado
a
questão
do
signicado
da
estimulação
auditiva
para
indivíduos
com
implante
(estímulos
auditivos
podem
ser
compreendidos?
adquirem
função
simbólica
ou
de
signicado?)
e,
também,
o
desenvolvimento
da
fala. A seção seguinte relata resumidamente um conjunto desses estudos.
I
NV
ESTIGAÇÃO
E
ESTABELECIMENTO
DE
FUNÇÕES
SIMBÓLICAS
COM
ESTIMULAÇÃO
ELÉTRICA
P
ara
o
estudo
da
compreensão
auditiva
em
implantados,
uma
das
possibilidades
é
o
uso
do
paradigma
das
relações
de
equivalência
de
estímulos
(Sidman,
1971,
1994;
Sidman
& T
ailby
,
1982),
tomado
como
modelo
de
signicado
(cf.
de
Rose,
1993),
e
que
fornece
um
critério
operacional
para
distinguir
entre
relações
simbólicas
e
não
simbólicas.
De
acor
do
com
esse
paradigma,
relações
entre
estímulos
equivalentes
apresentam
as
propriedades
de
r
eexividade,
simetria
e
transitividade,
signicando
o
seguinte:
qualquer
que
seja
a
relação
entre
os
estímulos,
(a)
ela
é
a
mesma
de
um
estímulo
com
ele
mesmo;
(b)
a
relação
de
um
estímulo
A
com
um
estímulo
B
é
simétrica,
isto
é,
se
A
está
relacionado
ao B, B
está relacionado a
A; (c) a r
elação entre dois estímulos é
transitiva,
se ambos estiverem simultaneamente relacionados a um terceiro estímulo.
P
ara
vericar
se
relações
entre
estímulos
são
verdadeiramente
simbólicas,
é
empregado
um
delineamento
metodológico,
que
consiste
em
ensinar
algumas
relações
entre
estímulos
e,
em
seguida,
conduzir
testes
que
avaliam
(ou
permitem
inferir)
se
as
relações
aprendidas
envolvem
as
propriedades
de
equivalência.
P
or
exemplo:
pode-se
ensinar
a
relação
entre
um
evento
A
e
um
evento B
e
a
relação
entre um
evento
B
e
um
C;
aprendidas estas
relações,
pode-se
avaliar
se
elas
são
simétricas
(o
indivíduo
relaciona
B
a
A?
relaciona
C
a
B?)
e
transitivas
(o
indivíduo
relaciona
A
a
C?
Note
que
a
relação
entre
A
e
C
não
foi
ensinada,
ou
seja,
para
relacioná-los,
o
indivíduo teria que apresentar transitividade,
mediada pelas relações entre
A e B e entre B e C, sendo B o elemento em comum ou nódulo).
M
uitas são
as possibilidades
de
combinações
entre
as
relações
que
são
ensinadas
e
as
que
são
avaliadas
para
vericar
a
equivalência
entre
os
estímulos,
mas
o
impor
tante
é
assegurar
que
as
relações
reser
vadas
para
teste
C
S
:
B
C
E
E
241
não
tenham
sido
ensinadas
diretamente.
U
m
aspecto
muito
impor
tante
das
relações
de
equivalência
é
que
elas
permitem
a
geração
de
relações
novas:
no ex
emplo anterior
, as r
elações BA, CB
e AC
seriam relações
emergentes,
no sentido de que derivaram da aprendizagem das r
elações AB e AC.
N
o
estudo
original
de
Sidman
(1971),
um
adolescente
com
severo
décit
intelectual
havia
aprendido
a
relacionar
guras
e
seus
nomes
falados.
Se
denominarmos
como
Conjunto
A
o
que
inclui
as
palavras
faladas
e
como
Conjunto
B
o
que
inclui
as
guras,
diríamos
que
o
adolescente
apresentava
em
seu
comportamento
as
relações
AB
(cada
estímulo
do conjunto
A relacionado
a uma
gura
do conjunto
B). Foram
então
ensinadas,
pelo
procedimento
de
emparelhamento
com
o
modelo,
discriminações
condicionais
entre
as
mesmas
palavras
faladas
(Conjunto
A)
e
as
correspondentes
palavras
impressas,
pertencentes
ao
Conjunto
C
(relações A
C). Sidman avaliou, então,
o que o
indivíduo faria em testes
de
discriminações
condicionais
BC
(guras-palavras
impressas)
e
CB
(palavras
impressas-guras),
que
não
foram
ensinadas.
Os
resultados
nos
testes
foram
positivos,
permitindo a
inferência
de que
as r
elações
aprendidas (AB
e
AC)
tinham
as propriedades
de equivalência:
as guras
e
palavras impressas (B
e
C)
só
puderam
ser
relacionadas
a
par
tir
de
sua
relação
(aprendida) com
as
palavras
faladas.
Sidman
& T
ailby
(1982)
propuseram
que
relações
de
equivalência
entre
estímulos
são
relações
simbólicas
ou
de
signicado,
isto
é,
estímulos relacionados
por equivalência
podem, sob
certas circunstâncias,
substituir
uns aos
outros.
N
o
estudo de
1971, cada
palavra falada
e a
gura
e
a
palavra impr
essa corr
espondentes passaram
a
fazer
parte
de
uma
mesma
classe (o
adolescente formou
20 dessas
classes). A
palavra falada
e
a palavra
escrita
foram
arbitrariamente
relacionadas
com
a
gura
e
passaram
a
ser
símbolo da gura ou do objeto representado por ela.
Os
estudos
resumidos
a
seguir
empregaram
o
modelo
da
equivalência
de
estímulos
para
avaliar
se
estímulos
elétricos
adquir
em
função
simbólica
para
indivíduos
com
deciência
auditiva,
usuários
de
implante
coclear
.
Em
outras
palavras,
os
estudos
procuraram
avaliar
se
estímulos
sonoros
poderiam
ser
relacionados,
por
equivalência,
a
outros
aspectos
do
ambiente.
A
sequência
de
estudos
pode
ser
acompanhada
pelos
diagramas da F
igura 1.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
242
[a] da Silva et. al., (2006)
[c] Nascimento (2007)
[d] Almeida-Ver
du, de
Souza, Bevilacqua e
Souza (2009)
[e] Golfeto (2010)
[b] Almeida-Ver
du,
Huziwara et. al. (2008)
(II)
F
igura
1
–
Delineamentos
experimentais
dos
estudos
em
controle
de
estímulos
e
reabilitação pelo
implante coclear
.
N
os
diagramas
[a],
[b], [c]
e
[d], quadrados
com fundo
branco r
epresentam estímulos
visuais e com fundo
preto repr
esentam
estímulos
auditivos.
As
elipses
representam
respostas
de
vocalização.
As
setas
contínuas
representam
relações
ensinadas
e
as
setas
intermitentes
indicam
relações
testadas.
N
o
painel
[e],
à
direita,
as
células
sombreadas
representam
relações
ensinadas e as células brancas na diagonal representam r
elações testadas.
5
5
I
ma
ge
ns
o
btid
as
do
si
te
ht
tp
:/
/w
ww
.ine
s.g
o
v
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8/
18
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06
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TM
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24
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20
08;
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im
ag
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ra
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im
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ra
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vi
me
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ro
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ci
al
de
/f
/
(far
ole
te)
e a
im
ag
em
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a
ilu
st
ra
o
m
o
vi
me
nt
o
oro
fa
ci
al
d
e /
ch
/
(c
hi
có
ri
a)
. A
s
im
ag
en
s
apr
es
en
ta
das
du
ra
nt
e
o
en
sin
o
mo
st
rav
am
os
mo
vim
ent
os
oro
fac
ia
is
da
pa
lavr
a
int
ei
ra
(el
efa
nt
e,
far
ole
te
e
chi
córi
a,
re
spe
ct
iv
amen
te)
.
C
S
:
B
C
E
E
243
O
primeiro
estudo
vericou
se
o
paradigma
de
equivalência
poderia
ser
estendido
para
a
investigação
de
funções
simbólicas,
em
pessoas
com
implante
coclear
,
durante
as
rotinas
de
follow-up
após
a
cirurgia
de
implante
(da
Silva
et
al.,
2006).
Os
autores
investigaram
a
aquisição
de
discriminações
condicionais
e
vericaram
se
os
participantes
formariam
classes
de
equivalência
com
estímulos
auditivos
e
visuais.
P
ar
ticiparam
do
estudo
duas
crianças
com
surdez
pré-lingual
e
dois
adolescentes
com
surdez
pós-lingual.
N
a
primeira
fase
do
experimento,
era
importante
avaliar
se
os
participantes
aprendiam
discriminações
condicionais
e
se
formavam
classes.
P
ara
isso,
foram
empregados
apenas
estímulos
visuais,
para isolar
possíveis diculdades com
a estimulação auditiva.
Empregando
o
procedimento
de
escolha
de
acordo
com
o
modelo
(
matching-to-
sample
),
foram
ensinadas
discriminações
condicionais
entre
letras
gregas
(divididas em três conjuntos, A, B e C): AB e A
C. Em seguida, foi testada
a
formação
de
classes
de
equivalência
por
meio
das
relações
BC
e
CB
(P
ainel [a], F
igura 1).
T
odos os participantes
adquiriram as discriminações
condicionais diretamente
ensinadas e demonstraram a
formação de classes
com estímulos
visuais, mostrando que
podiam r
esponder simbolicamente.
A
segunda
fase
do
estudo
introduziu
estímulos
auditivos:
um
software
instalado
em
um
computador
conectado
ao
processador
de
fala
dos
participantes
gerava
estímulos
elétricos
que
podiam
ser
enviados
a
três
eletrodos,
localizados
em
diferentes
regiões
da
cóclea
(basal,
medial
e
apical).
A
estimulação
elétrica
de
cada
um
desses
eletrodos
era,
então,
o
estímulo
modelo
que
condicionava
a
escolha
de
um
dos
estímulos
visuais
do
Conjunto
C,
utilizado
na
fase
anterior
(relações
EC,
sendo
E
o conjunto
de estímulos
elétricos). Duas
perguntas eram
importantes: (1)
os
par
ticipantes
aprenderiam
as
relações
auditivo-visuais?(2)
se
ocorresse
aprendizagem,
os
estímulos
elétricos
(auditivos)
passariam
a
fazer
parte
das
classes
previamente
formadas,
isto
é,
poderiam
exercer
controle
condicional
para
a
seleção
de
estímulos
dos
Conjuntos
A
e
B,
com
os
quais
não
foram
diretamente
relacionados?
P
ara
avaliar
as
perguntas,
foi
ensinada a linha
de base EC e
avaliada a expansão de
classes por meio dos
testes
EA
e
EB.
Os
dois
adolescentes
com
surdez
pós-lingual
aprenderam
as
discriminações
condicionais
diretamente
ensinadas,
mas
apenas
um
deles
expandiu
as
classes,
que
passaram
a
ter
quatro
estímulos:
A
1
B
1
C
1
E
1
,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
244
A
2
B
2
C
2
E
2
,
A
3
B
3
C
3
E
3
.
As duas
crianças com
surdez pr
é-lingual,
porém,
não
aprenderam
discriminações
condicionais
entre
os
modelos
auditivos
e
os
estímulos
de
comparação
visuais,
embora
tenham
evidenciado
a
detecção
dos
estímulos elétricos.
Os
dados obtidos
com os
adolescentes
pós-linguais
mostraram
a
possibilidade
de
formação
de
classes
de
equivalência
auditivo-
visuais
com
decientes
auditivos
implantados.
Os
resultados
com
as
crianças
sugeriam
que
o
desempenho
podia
estar
relacionado
ao
tipo
de
estímulo auditivo empregado
. Mais especicamente, as crianças poderiam
ter
encontrado
diculdade
em
discriminar
entre
estímulos
puramente
elétricos,
que
diferiam
apenas
quanto
à
frequência,
uma
vez
que
a
intensidade dos estímulos
elétricos na cóclea
era a mesma. D
iscriminações
são
mais
fáceis
quando
os
estímulos
a
serem
discriminados
diferem
em
muitas
dimensões
(Keller
&
Schoenfeld,
1950;
Catania,
1999).
P
oderia
ter
sido
mais
fácil
discriminar
entre
palavras
faladas,
por
exemplo,
uma
vez
que
a
fala
humana
se
caracteriza
por
sons
de
diferentes
frequências,
intensidades,
extensões
(entre
outros).
Apesar
da
diculdade
inicial,
o
estudo
apontou
para
a
impor
tância
de
se
considerar
o
repertório
de
entrada
de
implantados
(o
período
pré-
ou
pós-lingual
dene,
de
modo
global,
experiências
muitos
diferentes
com
estímulos
sonoros)
e
permitiu
denir
que
crianças
surdas
pré-linguais
implantadas
poderiam
constituir
uma amostra valiosa para
o estudo das origens da apr
endizagem relacional
envolvendo
estímulos
auditivos.
A
r
eduzida
experiência
auditiva,
mas
sem
prejuízos
cognitivos
grav
es,
restaurada
pela
tecnologia
biomédica
que
restaura
a
função
auditiva,
possibilita
o
estudo
sobre
como
estímulos
sonoros adquirem funções
simbólicas
(ou se
tornam símbolos
para outros
eventos
ambientais.
Estudos
com essa
população poderiam
contribuir para
esclarecer
importantes
aspectos
relativos
às origens
da função
simbólica, de
modo geral.
A
partir
dos
resultados
e
discussões
ocasionados
pelo
estudo
de
da
Silva
et al.
(2006), foi conduzido
um no
vo
conjunto
de experimentos
com
crianças
implantadas,
pré-
e
pós-linguais
(Almeida-V
erdu
et
al.,
2008b).
P
ara
investigar
se
a mudança
na
natureza
do
estímulo
auditivo
contribuiria
para
a
formação de
classes de
equivalência
auditivo-visuais,
o
Experimento
I
realizou
uma
replicação
sistemática
do
delineamento
da
primeira
fase
do
estudo
de
da
Silva
et
al.
(2006).
O
procedimento
incluía
as
seguintes
C
S
:
B
C
E
E
245
diferenças
em
relação
ao
estudo
original:
os
estímulos
do
Conjunto
A
eram
sonoros
(três
pseudopalavras
faladas),
em
vez
de
visuais;
os
Conjuntos
B
e
C
tinham
estímulos
visuais
(três
guras
abstratas
coloridas
em
cada
conjunto).
Além
disso,
nas
fases
de
ensino
e
de
teste
foram
introduzidos
nov
os
procedimentos,
em
relação
aos
empregados
no
estudo
prévio:
foi
realizado um
pré-treino
para ensinar a tar
efa de selecionar um
estímulo de
comparação na presença de um modelo sonoro, um pr
é-teste das relações,
modelagem
de
controle
de
estímulos
durante
o
ensino
das
relações
condicionais auditivo-visuais (AB e AC) e teste de nomeação de estímulos
visuais
(BD
e
CD).
O
delineamento
geral
é
ilustrado
no
diagrama
da
esquerda,
do
P
ainel
[b]
da
F
igura
1.
O
procedimento
de
modelagem
de
controle
de
estímulos
nas
fases
de
ensino
das
relações
condicionais
auditivo-
visuais
envolveu
o
uso
de
estímulos
modelo,
compostos
por
uma
gura
e
um
som;
a
gura
era
igual
ao
estímulo
comparação
correspondente
à
palavra
falada,
signicando
que
o
par
ticipante
podia
começar
respondendo
sob
controle
da
identidade
entre
as
duas
guras.
U
ma
tentativa
era
iniciada
com
três
estímulos
visuais
de
comparação
e
um
estímulo
visual
como
modelo:
uma
palavra
falada
era
então
sobreposta
ao
estímulo
modelo
visual.
A
sequência
de
tentativas
iniciava-se
com
um
matching
de
identidade
e,
ao
longo
de
passos
sucessivos
de
fading
out
do
componente
visual
do
modelo,
transformava-se
gradativamente
em
uma
tentativa
puramente
auditivo-visual.
P
articiparam
deste
primeiro
experimento
quatro
crianças
com
surdez
pós-lingual.
T
odos
os
participantes
aprenderam
as
relações
auditivo-visuais
entre
as
palavras
faladas
e
as
guras
do
Conjunto
B
(relações
AB)
e
entre
as
mesmas
palavras
e
as
guras
do
Conjunto
C
(relações
AC).
T
odos
eles
também
formaram
classes
de
equivalência,
como
documentado pela
emergência
das relações
BC e
CB. Nos testes
de
nomeação
(BD
e
CD,
sendo
D
a
vocalização
dos
par
ticipantes)
todos
os
participantes nomearam
corretamente
os estímulos
dos
conjuntos
B
e
C, o
que signica que
emitiam a mesma v
ocalização para ambos, conrmando,
assim, que incluíam os
dois estímulos visuais em
uma mesma classe com a
palavra
a
qual os
dois
foram
relacionados na
fase
de
ensino.
Contudo,
as
palavras
faladas
pelos
par
ticipantes
não
tinham
correspondência
ponto
a
ponto com
a palavra
ditada. Esse
experimento documentou a
formação de
classes
de
equivalência
auditivo-visuais
em
participantes
com
surdez
pós-
lingual.
Além
disso,
os
resultados
ser
viram
para
validar
o
procedimento
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
246
com
estímulos
usualmente
utilizados
em
investigações
anteriores
sobre
equivalência de
estímulos (de R
ose, de
Souza, &
Hanna, 1996; S
idman &
T
ailby
, 1982).
Com
a
evidência
de
que
o
procedimento
e
o
delineamento
adotados
no
Experimento
1
foram
ecientes
para
demonstrar
formação
de
classes
de
equivalência
auditivo-visuais
com
crianças
implantadas
pós-
linguais,
o
Experimento
2
teve
por
objetivo
vericar
se
os
resultados
seriam
replicados
com
crianças
com
surdez
pré-lingual
usuárias
de
implante
coclear
.
Os
três
participantes
aprenderam
as
relações
diretamente
ensinadas
e formaram classes
de equivalência com estímulos auditivos e
visuais. N
os
testes
de
nomeação,
dois
participantes
emitiram
a
mesma
vocalização
(pseudopalavras)
na
presença
dos
estímulos
B
e
C
(evidência
adicional
de
formação
de
classes),
mas
apenas
um
com
correspondência
ponto
a
ponto,
mostrando
diculdade
na
fala
(o
que
pode
ser
apenas
falta
de
diferenciação
da r
esposta ou
uma diculdade em
discriminar claramente o
som
a
ser
reproduzido).
P
ara
um
participante,
foram
necessárias
algumas
modicações
no
conjunto
de
palavras
faladas
para
se
obterem
resultados
positivos nos testes BC e CB. A primeira modicação
consistiu na adoção
de
palavras
trissílabas,
isto
é,
de
maior
extensão,
oferecendo
mais
elementos
para a discriminação auditiva.
P
ara
facilitar
a
aquisição,
a
segunda
modicação
consistiu
em
substituir
as
guras
do
Conjunto
B,
de
guras
abstratas
para
guras
com
signicado,
que
o
participante
relacionava
à
palavra
falada
(como
no
estudo
de
Sidman,
1971)
e
substituir
as
pseudopalavras
do
Conjunto
A
pelas
palavras
correspondentes
às
guras
do
Conjunto
B
(leão,
bola,
carro).
N
esse
caso,
os
testes
BC
e
CB
mostraram
que
a
participante
estendeu
a
função
exercida
por
esse
conjunto
de
estímulos
para
os
conjuntos
de
estímulos
não
representacionais
do
Conjunto
C
6
,
porém
o
desempenho
em
nomeação
permaneceu
baixo.
P
or
exemplo:
embora
selecionasse
a
gura
do
leão
e
a
gura
abstrata
correspondente,
quando
a
palavra
leão
era ditada como modelo, e selecionasse uma dessas guras quando a outra
era
modelo,
a
participante
não
conseguia
dizer
leão,
diante
de
qualquer
uma
das
duas
guras.
O
uso
de
modelagem
de
controle
de
estímulos
parece
ter
favorecido
a
aprendizagem
de
relações
condicionais
auditivo-
6
P
ara maior detalhamento sobre de diferentes aspectos metodológicos, consultar Almeida-V
erdu et al. (2008).
C
S
:
B
C
E
E
247
visuais
e
a
formação
de
classes
envolvendo
estímulos
auditivos
e
visuais
com
crianças
implantadas
pré-linguais,
o
que
não
havia
ocorrido
no
estudo
de
da
Silva
et
al.
(2006),
que
empregou
o
procedimento
blocado
ou
de
discriminação
condicional
simples
(G
row
,
Carr
,
Kodak,
J
ostad,
&
Kisamore,
2011).
Outra
possível
razão
para
a
diferença
de
desempenho
demonstrada
por
crianças
pré-linguais
poderia
estar
no
uso
de
palavras
faladas
como
estímulos
modelo,
ao
invés
de
estimulação
auditiva
elétrica
gerada por computador
.
T
endo demonstrado a aprendizagem de discriminações auditivo-
visuais
com
implantados
pré-linguais,
estabelecemos
os
requisitos
para
explorar
melhor
as
habilidades
auditivas
dessa
população.
O
interesse
no
Experimento 3 foi vericar se crianças com surdez pr
é-lingual mostrariam
o
responder
por
exclusão.
No
contexto
do
pareamento
com
o
modelo,
o
responder
por
exclusão
ocorre
espontaneamente
quando
uma
tentativa
inclui:
(a)
um
estímulo
de
comparação
experimentalmente
indenido
(i.e.,
não
denido,
pelas
contingências
programadas,
em
relação
a
qualquer
estímulo modelo);
(b) um estímulo
de comparação previamente denido:
(c)
um
estímulo
modelo
indenido
(i.e.,
em
relação
a
qualquer
estímulo
comparação).
P
ortanto,
o
Experimento
3
avaliou
a
generalidade
do
procedimento
de
exclusão, concebido
a
par
tir
do
responder por
exclusão,
como
uma
alternativa
para
a
aprendizagem
sem
erro
(Dixon,
1977),
para
ensinar
discriminações
auditivo-visuais
a
crianças
implantadas
pré-
linguais.
O
procedimento
empregou
o
emparelhamento
com
o
modelo
entre
palavras
faladas
e
guras.
Como
no
Experimento
2,
A
era
um
conjunto
de
palavras
faladas,
B
era
um
conjunto
de
guras
com
signicado
e
C era
um
conjunto
de guras
abstratas.
Inicialmente, o
participante
era
exposto a um
bloco curto
(oito tentativas) em que
o modelo era
sempr
e o
mesmo
(a palavra
ditada A1),
assim
como os
estímulos
de comparação
(B1
e
B2).
Era
apresentado
feedback
de
acer
to
para
a
seleção
de
B1,
mas
não
de
B2.
No
bloco
seguinte,
o
modelo
mudava
para
A2,
mas
os
estímulos
de
comparação
continuavam
sendo
B1
e
B2;
neste
caso,
selecionar
A2
(e
não
A1)
produzia
feedback
de
acer
to
.
O
participante
podia
selecionar
B2
imediatamente,
tanto
se
a
relação A2B2
tivesse
sido
estabelecida
antes
do
experimento
como
se
ele
excluísse
o
comparação
B1.
N
o
terceiro
bloco,
as
relações
A1B1
e
A2B2
eram
misturadas,
enquanto
o
terceiro
estímulo
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
248
de
comparação
(B3)
passava
a
ser
apresentado
simultaneamente
com
B1
e
B2.
Em
seguida,
a
relação
A3B3
era
ensinada
da
mesma
maneira,
pela
exclusão
de
B1
ou
B2,
e
as
três
relações
passavam
a
ser
misturadas.
O
mesmo
procedimento
foi
empregado
para
ensinar
as
relações
AC.
É
importante
notar
que
essas
relações
eram
inteiramente
arbitrárias,
no
sentido de que
envolviam formas
abstratas (os estímulos
C), sem qualquer
história
pré-experimental.
A
aprendizagem
sem
erro
das
relações
A2C2
e
A3C3
só
poderia
ocorrer
se
a
criança
excluísse
o
estímulo
de
comparação
previamente denido (pelas contingências) na primeira tentativa do bloco
em
que
o
estímulo
modelo
mudava
(de
A1
para
A2
ou
de
A2
para
A3).
Quando a
criança aprendia
as três relações
A
C,
elas eram
misturadas com
as
relações
AB
em
um
mesmo
bloco
de
tentativas;
depois
de
alcançado
o
critério
de
aprendizagem,
as
respostas
passavam
a
ser
reforçadas
em
esquema intermitente
(RR2), em
preparação
para os
testes de
formação de
classes
(BC
e
CB)
e
de
nomeação dos
estímulos
B
e
C.
As
três
crianças
com
surdez pré-lingual
que
participaram
deste
experimento
mostraram pronta
aprendizagem
por ex
clusão e
imediata formação
de
classes
de
equivalência.
N
os
testes
de
nomeação,
um
par
ticipante
apresentou
100%
de
acertos,
mas
os
outros
dois
obtiveram
escores
baixos
e
intermediários,
replicando
os resultados dos experimentos prévios.
N
o
conjunto,
os
resultados
desses
estudos
mostraram
que
a
formação de classes possibilitava o ouvir com
compr
eensão, isto é, os sons
adquiriram signicado
. P
orém, pr
oduzir fala sob
controle desses estímulos
(nomear as guras
ou o operante
de tato) é outro repertório,
e os estudos
evidenciaram
que
seu
desenvolvimento
requer
outras
condições,
além
daquelas envolvidas nos procedimentos utilizados.
O
aprimoramento
dos
procedimentos,
graças
aos
quais
foi
possível
ensinar
discriminações
condicionais
envolvendo
palavras
faladas
como
modelo
auditivo,
sugeriu
a
possibilidade
de
se
reavaliar
o
ensino
de discriminações condicionais auditivo-visuais com estímulos puramente
elétricos.
O
Experimento
4
investigou
se
o
fato
de
levar
cuidadosamente
a
criança
a
atentar
para
o
estímulo
auditivo
(por
estimulação
elétrica
na
cóclea)
resultaria
em
aprendizagem
relacional
e
simbólica.
O
arranjo
experimental
seguiu
o
mesmo
delineamento
relatado
por
da
Silva
et
al.(2006), isto é, primeiramente ensinou relações
puramente visuais (AB e
C
S
:
B
C
E
E
249
AC)
e v
ericou
a
formação
de classes,
para então
ensinar r
elações auditivo-
visuais
(EC
–
E
designa
o
conjunto
de
estímulos
elétricos
na
cóclea)
e
vericar a
expansão de classes
(EA e
EB). No entanto, o
procedimento de
ensino
começou
com
um
modelo
composto
(som
e
gura)
e
prosseguiu
com
o
fading
out
do
componente
visual
do
modelo, promovendo
assim
a
transferência
de
controle
da
dimensão
visual
(identidade
entre
modelo
e
comparação)
para a
dimensão
puramente
auditiva
do modelo,
ao
longo
do
ensino
das r
elações
condicionais
auditivo-visuais (EC).
A
partir
desta
linha
de
base,
foi
avaliada
a
emergência
de
novas
relações
também
auditivo-
visuais
(EA
e
EB),
como
mostra
o
diagrama
à
direita,
no
P
ainel
[b]
da
F
igura
1.
As
seis
crianças
que
participaram
deste
estudo,
com
surdez
pré-lingual
e
usuárias
de
implante,
aprenderam
as
discriminações
condicionais
com
estímulos
visuais
e
formaram
as
classes
visuais,
algumas
com
emergência
imediata
e
outras
com
emergência
atrasada.
N
o
ensino
de
discriminações
condicionais
auditivo-visuais
com
estímulos
puramente
elétricos
na
função
de
estímulos
auditivos
(uma
vez
que,
ao
estimularem
o
ner
vo
auditivo,
produzem sensação
auditiva),
o
procedimento de
modelagem
de
controle
de
estímulos
promov
eu
a
aprendizagem
(embora
com
certo
número
de
erros),
e
cinco
dos
seis
participantes
expandiram
as
classes,
relacionando
imediatamente
os
estímulos
visuais
dos
conjuntos
A
e
B
aos
respectivos
estímulos
elétricos
apresentados na
cóclea.
Comparados
os
resultados
dos
experimentos
que
usaram
palavras
como
estímulos
sonoros,
a
aquisição
das
discriminações
neste
Experimento
4
(Almeida-V
erdu
et
al.,
2008b)
foi
mais
demorada
e
mais
difícil.
P
or
outro
lado,
em
relação
ao
estudo
de
da
Silva
et
al.
(2006),
foi
possível
mostrar
que,
uma
vez
obtida
a
aprendizagem
de
discriminações
auditivo-visuais
(não
alcançada
no
estudo
anterior),
por
meio
da
modelagem
de
controle
de
estímulos,
se
formam
as
classes
de
equivalência,
envolvendo
estímulos
puramente
elétricos
e
estímulos visuais.
Essa conclusão
converge com
a encontrada na
análise de
resultados
negativos
de formação
de classes
por indivíduos com
autismo: a
diculdade
parece
residir
não
na
formação
de
classes,
mas
na
aprendizagem
de
discriminações
auditivo-visuais.
Superada
essa
barreira,
as
classes
se
formam (Gomes,
V
arella, & de Souza, 2010).
Com
base
nos
sólidos
resultados
do
estabelecimento
de
função
simbólica
para
estímulos elétricos
(auditivos)
em
crianças
implantadas
pré-
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
250
linguais,
novas
investigações
foram
e
estão
sendo
conduzidas,
voltadas
para
o
ensino
e
a
avaliação
de
habilidades
auditivas,
principalmente
percepção
e
produção
de
fala,
a
par
tir
da
estimulação
elétrica.
Esse
programa
de
pesquisas busca gerar conhecimento sobre: as condições em que estímulos
recebidos
pelo
implante
coclear
adquirem
função
simbólica;
e
variáveis
e
procedimentos
que
favorecem
a
produção
de
fala
inteligível,
especialmente
a
nomeação
de
estímulos
ou
eventos
(ou
tato),
que
deve
ocorrer
sob
controle
de
tais
eventos,
mas
cuja
topograa
deve
car
sob
controle
de
palavras
faladas,
conforme
as
relações
convencionadas
pela
comunidade
verbal.
O
programa
de
pesquisas
também
busca
o
desenvolvimento
de
tecnologias
de
ensino para
a (re)
habilitação de
audição (via
implante
coclear) e
da fala
com crianças com surdez pré-lingual.
U
ma
destas
investigações,
realizada
por
Gaia
(2005),
teve
como
objetivo
descrever
o
desenvolvimento
do
compor
tamento
verbal
de
crianças
implantadas,
ao
longo
de
18
meses.
F
oram
realizadas
três
avaliações
sucessivas, iniciadas
pouco tempo após
a ativação
do dispositivo
eletrônico
e
conduzidas
com
um
inter
valo
de,
aproximadamente,
cinco
meses
entre
uma
avaliação
e
outra.
Em
cada
avaliação
foram
medidos:
o
reconhecimento
de
palavras
-
estabelecimento
de
relações
condicionais
auditivo-visuais
com
palavras
convencionais;
o
comportamento
ecoico;
e
a
nomeação
de
guras.
Os
participantes
apresentaram
progressos
ao
longo das avaliações, ocorrendo melhoras
progressivas no r
econhecimento
de
palavras,
o
que
indica
discriminação
de
palavras
e
estabelecimento
de
relações
entre
palavras
faladas
e
guras
correspondentes.
Entretanto,
nos
repertórios
expressivos
como
o
comportamento
ecoico
e
a
nomeação
de
guras,
os
progressos
foram
poucos
(esse
dado
sobre
nomeação
também
foi
encontrado nos estudos de Almeida-V
erdu et al., 2008b).
Há
várias
evidências
empíricas
na
literatura
sobre
a
independência
funcional
entre
operantes
verbais,
dentre
eles
o
ouvir
e
o
falar
(Cuvo
&
Riva,
1980;
Eikeseth
&
Nesset,
2003;
Guess,
1969;
Mcmorro
w
,
F
oxx,
F
aw
,
&
Bittle,
1987).
Essa
literatura
tem
demonstrado
que
o
ensino
do
ouvir
não
é
condição
suciente
para
a
aprendizagem
do
falar
,
mas
que
tanto
o
ouvir
quanto
o
falar
são
aprendidos
após
condições
de
ensino
particulares.
Considerando
as
expectativas
de
que
após
o
implante
a
pessoa
não
apenas
aprenda
a
ouvir
,
mas
que
também
aprenda
a
falar
de
C
S
:
B
C
E
E
251
modo
a ser
compreendida por
quem
a ouve,
ca
clara a
necessidade
de se
continuar
investigando
a
aquisição
dos
compor
tamentos
relacionados
ao
ouvir
e
as
condições
que
podem
favorecer
a
aprendizagem
das
respostas
verbais
envolvidas
na
nomeação
de
eventos,
com
correspondência
ponto
a
ponto
com
os
modelos
apropriados,
de
acordo
com
as
convenções
da
comunidade verbal.
Com
o
propósito
de
desenvolver
novas
tecnologias
de
avaliação
e
ensino de
desempenhos auditivos
e verbais
para
pessoas com
deciência
auditiva
que
receberam
implante
coclear
,
N
ascimento
(2007)
desenvolveu,
aplicou
e
avaliou
um
programa de
ensino
de
reconhecimento
auditivo
de
palavras
e
sentenças
para
a
reabilitação
auditiva
de
usuários
de
implante
coclear
(P
ainel
[c],
Figura
1).
Cinco
crianças
com
surdez
pré-lingual,
usuárias de
implante coclear
, realizaram
a tar
efa de
selecionar um estímulo
de
comparação
visual
(palavra
ou
sentença
escrita)
diante
do
modelo
auditivo
ditado
(palavra
ou
sentença
ditada).
O
procedimento
de
ensino
tinha
15 blocos
com 18
tentativas
cada;
cada bloco
expunha
o participante
ao
ensino
de
um
conjunto
de
tr
ês
palavras/sentenças
nov
as
em
uma
linha
de
base
que
acumulava
sentenças
anteriores;
o
critério
de
passagem
de
um
ensino
para
outro
era
três
acertos
consecutivos,
nas
três
últimas
apresentações
de cada
palavra ou
sentença no
va. O
s estímulos,
familiares
e
não
familiares
totalizavam 45
palavras
e
45
sentenças.
O
reconhecimento
auditivo
de
palavras
e
sentenças
em
situação
de
silêncio
e
ruído
foi
avaliado
antes
e
após
o
programa
de
ensino.
Na
situação
de
silêncio,
quatro
dos
cinco
par
ticipantes
apresentaram
um
aumento
nos
índices
de
reconhecimento
de palavras
e
de
sentenças.
Em
situação de
ruído, os
cinco
participantes tiveram melhoras em
ambos os índices. O bom
desempenho
em reconhecimento de palavras
e de sentenças na situação de ruído indica
que, para essa população, as habilidades auditivas podem ser ampliadas.
Alguns
estudos
sugerem
que
o
ensino
de
compreensão
de
palavras
facilita a
produção da
fala, enquanto outr
os sugerem
que a produção
pode
preceder
a
compreensão
(P
etursdottir
&
Carr
,
2011);
portanto,
ainda
é
preciso
investigar
as
relações
entre
esses
repertórios
e
suas
variáveis
de
controle.
Outros
estudos
demonstram
que
o
ensino
do
repertório
verbal
ecoico
pode
ser
um
procedimento
de
ensino
efetivo
de
repertórios
de
linguagem,
sobretudo
de
nomeação,
em
pessoas
com
desenvolvimento
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
252
típico
e
com
diferentes
níveis
de
desempenho
cognitivo
(Eikeseth
&
Nesset,
2003;
M
cMorr
ow
et
al.,
1987).
P
or
exemplo,
a
ecolalia
de
duas
jovens
com
décit
intelectual
severo
foi
colocada
sob
controle
de
um
estímulo
visual
por
um procedimento
que combinava uma
pista v
erbal (“
espere
”), seguida
por
uma
pista
para
nomear
uma
fotograa,
aproveitando
a
resposta
ecolálica.
Ambas
as
jovens
passaram
a
usar
funcionalmente
o
repertório
vocal
na
nomeação (McM
orrow et al., 1987). Eikeseth e
N
esset (2003)
mostraram
melhora
na
ar
ticulação
de
crianças
com
desordens
fonológicas:
quando
estas
realizavam
imitação
vocal
(ecoico),
transferiam
essa
aprendizagem
para
outras
classes
verbais,
como
nomeação
de
objetos
(tato)
e
conversação.
Considerando
esses
estudos
e
a
diculdade
de
usuários
de
implante coclear em emitir repertório vocal com correspondência ponto a
ponto, com
palavras que apr
enderam a
ouvir em ensino
de discriminações
auditivo-visuais,
realizamos
um
estudo
com
o
objetivo
de
vericar
se
o
ensino
de
comportamento
ecoico
combinado
com
o
ensino
de
relações
condicionais favor
eceria a
emergência da
nomeação, com
correspondência
ponto a
ponto (Almeida-V
erdu,
de S
ouza, B
evilacqua &S
ouza, 2009). E
m
uma
primeira
condição,
a
emissão
de
compor
tamento
ecoico
(repetição
de palavras)
era requerida
durante o
ensino das r
elações condicionais
entre
palavra falada e gura. Em uma segunda condição, a repetição de palavras
era
solicitada
antes
do
ensino
das
relações
entre
palavra
falada
e
gura.
Como
ilustrado
na
F
igura
1
(P
ainel
[d]),
foram
ensinadas
relações
entre
palavra
falada
(convencional)
e
a
gura
correspondente
(AB).
Em
um
segundo
momento, as
mesmas palavras faladas
eram relacionadas
a guras abstratas
(AC).
O
teste
de
formação
de
classes
avaliava
se
a
criança
relacionava
as
guras
convencionais
com
as
abstratas
e
vice-versa
(BC
e
CB).
T
estes
de
nomeação
foram r
ealizados antes
e
depois do
procedimento
de
ensino para
vericar se os participantes nomeavam as
guras convencionais e abstratas
com
o
mesmo
nome
e
mostravam
maior
correspondência
ponto
a
ponto
que
nos
estudos
anteriores.
Os
resultados
foram
positivos
para
as
duas
questões: os
participantes
apr
enderam
a relação entre uma
mesma palavra
ditada
para
duas
guras
distintas,
formaram
classes
de
equivalência
entre
esses estímulos e tiveram mais
acertos em nomeação nos pós-testes do que
nos
pré-testes.
A
sequência
em
que
as
condições
de
ensino
e
teste
foram
conduzidas permitiu
vericar que
o repertório
de nomear
foi estabelecido
C
S
:
B
C
E
E
253
somente
após
um
ensino
sistemático
e
programado
da
imitação
vocal
ou
comportamento ecoico. Esse
resultado ca ainda mais
fortalecido quando
se
considera
que,
no
estudo
anterior
(Almeida-V
erdu
et
al.,
2008b),
os
participantes
não demonstraram
desempenhos
em nomeação
compatíveis
com
seus
pares
ouvintes.
Naquele
estudo,
o
desempenho
de
vocalizar
foi
apenas avaliado
(e não
diretamente ensinado)
para vericar se emergia
por
derivação do ensino de discriminações auditivo-visuais.
Com
a
nalidade
de
ampliar
o
vocabulário
de
crianças
implantadas
com sur
dez pré-lingual,
Golfeto (2010) r
ealizou três estudos.
N
o primeiro
estudo
foram
ensinadas
discriminações
condicionais
entre
palavras
faladas
e
guras
(ensino
das
relações
condicionais
AB)
e
entre
palavras
faladas
e
palavras
impressas
(ensino
das
relações
condicionais
AC),
como
representado
na
F
igura
1(P
ainel
[e],
à
esquerda).
Duas
adolescentes
com
longo
período
de
privação
sensorial
e
implante
tardio
aprenderam
vários
conjuntos
de
relações
auditivo-visuais
e
formaram
classes
de
estímulos
equivalentes,
progredindo
da
aprendizagem
de
palavras
convencionais
até
a
de
relações
entre
pseudopalavras
e
guras
abstratas.
O
Estudo
2
investigou
os
efeitos
do
ensino
de
um
“
currículo
”
de
discriminações
condicionais
entre
palavras
ditadas
e
guras
e
entre
palavras
ditadas
e
impressas,
sobre
a
emergência
de
leitura de
palavras e
nomeação
de guras,
em crianças
em fase
de alfabetização. F
oram
empregados vários conjuntos
de
estímulos,
cada
um
com
três
elementos;
sondas
de
comportamento
ecoico
e de
nomeação e
testes de
formação de
classes foram
realizados após
o
ensino
de
cada
conjunto.
U
m
delineamento
de
linha
de
base
múltipla
entre
os conjuntos
avaliou os efeitos
do procedimento de
ensino com cada
participante
individualmente,
ao
nal
de
cada
passo
de
ensino.
P
ara
isso,
testes
de
nomeação
das
palavras
(ou
letras)
e
de
guras
foram
realizados
antes
e depois
do ensino
de
cada passo
. P
ortanto,
o
procedimento ensinav
a
respostas
de
seleção,
sob
controle
condicional
de
estímulos
auditivos,
mas
o
foco
da
avaliação
era
a
emergência
de
repertórios
derivados
do
que
foi
ensinado:
a
formação de
classes
de
equivalência
e
a
nomeação
das
guras
e
das
palavras
impressas.
Cinco
dos
sete
par
ticipantes
aprenderam
as
relações
condicionais
e
mostraram
emergência
de
novas
relações
(formação
de
classes)
em
tarefas
de
seleção;
porém,
na
produção
de
fala
(comportamento
ecoico
e
nomeação
de
guras
e
de
palavras
impressas),
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
254
os
escores
foram
mais
baixos.
Apesar
disso,
quatro
dos
sete
participantes
nomearam
corretamente
as
guras
e
os
estímulos
impressos
em
pelo
menos
metade
das
oportunidades.
Nas
ocasiões
em
que
as
vocalizações
foram
consideradas
incorretas,
encontraram-se
dois
tipos
de
erros:
vocalizações
que não
faziam corr
espondência ponto
a ponto
com a palavra
considerada
correta;
ou
vocalizações
sob
controle
semântico,
como:
nomear
FIVEL
A
como
CINT
O
ou
como
MULET
A,
nomear
NA
VIO
como
BAR
CO,
nomear BIGODE como BARBA.
N
o
Estudo
3
foi
ampliado
o
tamanho
da
unidade
que
os
participantes
deveriam
discriminar
e
verbalizar:
foram
ensinadas
discriminações
condicionais
entre
sentenças
ditadas
e
cenas
apresentadas
por
meio de
videoteipe. As
sentenças apr
esentavam
sujeito,
verbo
e
objeto.
O
ensino
das
diferentes
sentenças
envolveu
combinações
entre
elementos
com sobreposição (por
exemplo, Beto está descascando
o limão; Beto está
ralando
o
limão;
J
uca
está
descascando
o
limão),
buscando
favorecer
a
generalização
recombinativa
(Goldstein,
1983;
Muller
,
Olmi,
& S
aunders,
2000; Sucho
wierska, 2006).
O diagrama
do procedimento
é mostrado na
F
igura
1
(P
ainel
[e],
à
direita).
Os
participantes
aprenderam
as
relações
condicionais,
demonstraram
generalização
recombinativa
e
produziram
fala compreensível na emissão de sentenças.
De
maneira
geral,
os
resultados
indicaram
o
potencial
dos
participantes
para
a
aprendizagem
envolvendo
estímulos
auditivos
complexos
e
extensos
e
a
ecácia
dos
procedimentos
de
ensino
para
a
(re)habilitação
de
usuários
de
implante.
A
persistência
da
defasagem
na
produção
de
fala
em
relação
à
compreensão
sugere
questões
impor
tantes
sobre a ontogenia dos repertórios de ouvinte e de falante (S
kinner
, 1957).
Os
resultados
obtidos
nos
estudos
sobre
formação
de
classes
de
equivalência
envolvendo
indivíduos
decientes
auditivos
(adolescentes
e
crianças)
pós
e
pré-linguais
com
implante
coclear
mostram
que
a
estimulação
elétrica direta
ou convertida a partir do
sinal sonoro
pode compartilhar de
relações
simbólicas,
e
que
a
nomeação
pode
ocorrer
quando
o
ensino
de
ecoico precede a aprendizagem de r
elações auditivo-visuais ou quando são
estabelecidas relações entre a palavra falada e a palavra impr
essa.
C
S
:
B
C
E
E
255
N
o
que
concerne
à
estimulação
elétrica
para
gerar
percepção
auditiva,
um
aspecto
que
pode
comprometer
a
aquisição
de
função
simbólica
é
a
qualidade
da
programação
do
implante,
a
qual
depende
de
procedimentos
ecientes
para
a
obtenção
de
medidas
de
limiar
e
conforto elétrico (mapeamento de
eletrodos). Como somente o indivíduo
implantado tem
acesso à estimulação
elétrica, a programação
do implante
coclear
é
altamente
dependente
da
experiência
auditiva
e
de
habilidades
orais
pré-implante.
P
or
isso,
implantados
acometidos
pela
surdez
pré-
lingual e
com pouca experiência
auditiva antes
da implantação podem
ter
diculdade
em
fornecer
informações
sobre
a
sensação
auditiva
produzida
pela
estimulação
elétrica,
inviabilizando
a
conabilidade
de
medidas
obtidas a
partir de
relato
oral
em testes
clínicos (Clark
et al.,
1997). Como
alternativa,
usam-se r
espostas siológicas
a estímulos
elétricos para
estimar
limiares
e
valores
mínimos
e
máximos
de
corrente
elétrica,
uma
vez
que
tais
respostas
independem
das
habilidades
dos
implantados
em
relatar
as
sensações
auditivas
produzidas
pela
estimulação
elétrica.
Essas
respostas
podem
ser
eliciadas
no
tronco
cerebral
auditivo
(e.
g.,
ai-van
et
al.,
2007)
e
no
ner
vo
auditivo
(e.g.,
Brotos,
Dijk,
&
Killian,
2006)
e
permitem
estimar
o
limiar
e
máximo
conforto
auditivo.
Outra
resposta
possível
de
ser eliciada
é o reexo estapediano (uma
contração do músculo
estapédio,
por ocasião de ruído intenso) produzido no ouvido médio, que possibilita
somente
estimativas
de
máximo
conforto
(Caner
,
Olgun,
Gultekin,
&
Balaban,
2007).
Contudo,
uma
diculdade
com
essas
respostas
é
a
ausência
de
comprov
ação
inquestionável
de
correspondência
com
a
sensação
auditiva
produzida
pelo
estimulo
elétrico,
o
que
deixa
dúvidas
e
torna
difícil
a
tomada
de
decisão
nos
procedimentos
de
programação
e
ajuste do implante.
T
endo
em
vista
essas
diculdades,
nosso
grupo
investiu
esforços
para
o
desenvolvimento
de
um
procedimento
operante
para
medir
o
limiar
ao estímulo
elétrico na
cóclea (da
S
ilva, de
Souza, Bevilacqua, Kimura,
&
Lopes,
2011a;
da
Silva,
de
Souza,
Bevilacqua,
&
Lopes.,
2011b).
F
oram
empregados
procedimentos
de
contr
ole
de
estímulos
para
desenvolver
relações
funcionais
entre
a
presença
do
estímulo
elétrico
e
produção
de
respostas
motoras
(não
orais).
O
uso
de
consequência
reforçadora
para
respostas na presença do estímulo, combinado
com a extinção da resposta
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
256
na
ausência
do
estímulo,
permitia
estabelecer
e
manter
a
discriminação
auditiva.
O
procedimento
incluía
uma
fase
para
estabelecer
as
relações
funcionais
entre
resposta
e
estimulação
elétrica
e
outra
para
avaliar
o
limiar
auditivo
.
Ambas
as
fases
foram
concebidas
com
base
em
estudos
que
obtiveram
medidas
de
limiar
absoluto
via
procedimentos
operantes.
Entre
esses
estudos,
alguns
envolveram
infra-humanos
(e.g.,
Blough,
1958;
Clevenrger
&
Restrepo,
2006;
Gerken
&
Sandlin,
1977;
Langemann,
Gauger
,
&
Klump,
1997;
Pngst
&
M
orris,
1993)
e
crianças
pequenas
com
limitada
capacidade
de
compreender instrução
e
emitir
resposta
oral
(F
ulton
&
Spradlin,
1971;
Moor
e,
Wilson,
&
ompson,
1977;
Primus
&
ompson,
1985;
Sinnott,
Pisoni,
&
Aslin,
1983).
N
esses
estudos
foram utilizados procedimentos de discriminação
simples, em sua maioria
do
tipo
go/no
,
para
ensinar
que
a
emissão
de
uma
resposta
motora
(i.e.,
pressão
a
uma
alavanca,
movimento
de
cabeça,
apertar
um
botão,
entre
outras)
era
seguida
de
uma
consequência
programada
somente
diante
da
presença
de
um
estímulo
antecedente
(visual
ou
auditivo).
Em
seguida,
mantendo
essa
contingência,
alguma
dimensão
do
estímulo
era
variada,
produzindo
alterações
entre
presença
e
ausência
da
resposta,
que
serviam
como
indicativos
de
limiar
.
Geralmente,
essas
variações
no
estímulo
seguem
o
método
psicofísico
da
escada
(da
Silva
&
Ribeiro,
2006;
Gescheider
,
1997;
Levitt,
1968, 1971).
Neste
método
são
feitas
variações
ascendentes
e
descendentes
(ou
vice-versa)
em
alguma
dimensão
do
estímulo,
e
a
alteração
de
uma
sequência
para
outra
ocorre
em
função
da
mudança
da
resposta
(reversão), de
positiva
para
negativa
(ou
vice-versa), na
mesma
sequência.
As
variações
na dimensão
do estímulo
podem ser
feitas em
unidades iguais
ou
diferentes
e
são
exigidas
de
seis
a
oito
reversões
na
resposta
para
se
calcular
um
valor
de
limiar
absoluto
(e.g.,
Békésy
,
1947;
Blough,
1958;
Buss,
Hall,
Gr
ose,
&
Dev
,
2000;
Gray
&Rubel,
1984).
A
partir
dos
dados
desses
estudos
prévios,
a
avaliação
operante
de
limiar
auditivo,
nos
estudos de da Silva et al. (2011a, 2011b), empregou um procedimento de
discriminação
simples
tipo
go/no
go,
mantido
em
ambas
as
fases
(ensino
e
teste),
utilizando
uma
adaptação
do
método
psicofísico
da
escada
para
variar
a
intensidade
de
corrente
elétrica
do
estímulo
na
F
ase
de
T
esteOs
estudos
de
da
Silva
et
al.
(2011a,
2011b)
avaliaram
diversos
parâmetros,
como:
quantidade
de
tentativas
para
ensinar
as
discriminações
de
linha
de
base;
o
uso
ou
não
de
pré-treino
para
ensinar
a
tarefa;
o
ensino
das
C
S
:
B
C
E
E
257
discriminações começando
pela estimulação ambiente
(com o processador
de
fala
ligado)
e
só
depois
introduzindo
a
estimulação
diretamente
na
cóclea,
versus
iniciar
por
esta
última
modalidade;
a
unidade
de
mudança
na
intensidade
do
estímulo
na
fase
de
medida
do
limiar;
a
quantidade
de
eletrodos
para
os
quais
se
mediu
o
limiar
.
Os
procedimentos
eram
conduzidos
por
meio
de
microcomputador
(o
que
torna
possível
sua
padronização),
e
a
consequência
para
respostas
corretas
era
o
acesso,
por
um
curto período de tempo, a
um desenho animado. D
e modo geral, quando
aplicado
com
usuários
de
implante
coclear
,
o
procedimento
operante
possibilitou
a
tomada
de
medidas
de
limiar
auditivo
via
procedimento
operante
com
crianças
implantadas
pré-linguais,
em
uma
faixa
etária
de
quatro
a
seis
anos.
Replicando
os
resultados
de
outros
estudos,
vericou-
se
que
os
valores
de
limiar
variam
entre
par
ticipantes
(embora
dentro
de
uma
faixa
de
intensidade
com
limites
bem
denidos)
e,
em
um
mesmo
participante,
variam
de
um
eletrodo
para
outro.
Essas
diferenças
inter
e
intraindividuais mostram
o quanto
é importante dispor
de procedimentos
práticos,
exequíveis
e
conáveis
para
avaliar
o
limiar
,
na
prática
cotidiana
de programação do implante coclear
.
Recentemente,
a
cirurgia
de
implante
coclear
tem
sido
realizada
em
crianças
surdas
com
menos
de
12
meses
de
idade,
tendo
em
vista
a
possibilidade
de
ganhos
consistentes
em
habilidades
relacionadas
à
aquisição
e
percepção
da
fala,
em
comparação
a
indivíduos
implantados
mais
velhos
(Anderson
et
al.,
2004;
Boons
et
al.,
2012;
Edward,
F
rost,
&
Witham,
2006;
V
alencia
et
al.,
2008).
Com
isso,
há
necessidade
de
técnicas
para
pr
ogramação
do
implante,
que
possibilitem
alcançar
medidas
precisas
em
menor
tempo
possível,
com
essa
população
sem
habilidades
orais,
que
apresenta
nível
reduzido
de
desenvolvimento
geral.
F
uturos
estudos
devem
considerar
procedimentos
para
crianças
cada
vez
menores,
que
requeiram
uma
resposta
motora
bem
evidente
(p.
ex.
tocar
um
interruptor),
que
produzam,
como
consequência,
o
acionamento
de
um
brinquedo
colocado
fora
de
seu
alcance,
para
a
medida
de
limiar
.
P
rocedimentos
semelhantes
estão
de
acordo
com
a
literatura
operante,
que
indica,
para
investigação
envolvendo
aprendizagem
discriminativa
com
crianças
pequenas,
a necessidade
do uso
de r
espostas
motoras
simples,
como
aper
tar
ou
tocar
botões
com
as
mãos,
movimentar
a
cabeça
ou
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
258
pernas.
Além
disso,
reforçador
es
devem
conter
elementos
auditivos
e
visuais
adequados
aos
interesses
lúdicos
de
crianças
(e.g.
desenho
animado,
sons
agradáveis, mo
vimento de brinquedos) e as sessões
precisam ser r
eduzidas,
considerando que
crianças
pequenas perdem, facilmente,
o interesse
pelas
tarefas
experimentais
(e.g.,
Darcheville,
Rivièri,
&
W
earden,
1993;
Gil,
Oliveira, Sousa, &
F
aleiros,
2006; Kraebel,
F
able,
&
Gerhar
disten,
2004;
Kraebel
&
Gerhardisten,
2006;
Oliveira
&
Gil,
2008;
O
lsho,
1982;
Simmons & Lipsitt, 1960; S
innott & Aslin, 1985).
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
O
relato
dos
estudos
na
seção
anterior
mostrou
que
duas
linhas
diferentes
de
pesquisa
vêm
se
desenvolvendo
na
interface
entre
a
Análise
do
Comportamento
e
a
Audiologia:
(1)
o
investimento
no
desenvolvimento
de
técnicas que
auxiliem
na avaliação
operante de
crianças
sem
r
epertório
verbal
desenvolvido durante
os
procedimentos
de
regulagem
do
implante
coclear;
(2)
a
identicação
de
condições
sob
as
quais
crianças
aprendem
relações
verbais,
a
par
tir
de
tarefas
de
seleção
sob
controle
de
estímulos
auditivos,
e
derivam
relações
emergentes,
com
implicações
tanto
para
a
ampliação
da
base
empírica
para
o
paradigma
de
equivalência
como
modelo
do
funcionamento
simbólico
como
para
o
desenvolvimento
de
tecnologias
de
ensino,
aplicáveis
à
(re)habilitação
auditiva
da
população
estudada.
Considerando
os
avanços
recentes
nessas
pesquisas,
algumas
questões
são
debatidas
na
área.
Dados
clínicos
e
experimentais
têm
revelado
sistematicamente
uma
discrepância entr
e a
aquisição de
repertórios
verbais
receptivos, nas
tarefas
de
seleção,
e expressivos,
nas
tarefas de
vocalização.
O
atraso
maior
na
aquisição
de
fala
ocasiona
perguntas
em
duas
esferas:
uma
relacionada
a
variáveis
do
organismo
e
das
contingências
para
a
aprendizagem
de
emissão
vocal
sob
controle
da
fala
humana;
e
outra
sobre
as
relações
entre
esses
dois
repertórios,
especialmente
a
questão
da
independência
versus
interdependência
funcional
(G
reer
&
Ross,
2008;
Skinner
, 1957).
Estudos
recentes
vêm
buscando
identicar
sob
quais
condições
as
relações
de
controle
estabelecidas
entre
palavras
ditadas,
guras
e
C
S
:
B
C
E
E
259
palavras impressas
se transfer
em para a
vocalização ou, em
outras palavras,
quando
a
classe
de
estímulos
equivalentes
passa
a
funcionar
como
discriminativa
para
operantes
verbais
como
o
compor
tamento
ecoico,
o
tato
e
o
compor
tamento
textual,
também
tratados
como
imitação
vocal,
nomeação de
estímulos e leitura
(Anastácio-P
essan, 2011; Catunda,
2010;
Golfeto,
2010;
T
erra, 2011).
U
m r
esultado
bastante r
egular é
que, quando
o
implantado
é
um
leitor
competente,
inicialmente,
a
palavra
impressa
exerce
controle
mais
preciso
sobre
sua
vocalização
do
que
a
gura;
contudo,
após o for
talecimento das classes de
equivalência, o controle exercido pela
palavra
impressa
se
estende
para
a
gura,
tornando
a
vocalização
mais
inteligível
em
tarefas
de
nomeação.
P
ara
esses
indivíduos,
o
uso
de
estímulo
composto
por
palavra
impressa
e
palavra
falada
pode
ser
uma
importante
estratégia para pr
omov
er o comportamento ecoico
e o tato,
mas isto ainda
precisa ser vericado empiricamente.
N
o
que
diz
respeito
aos
procedimentos
de
regulagem
do
implante,
são
discutidas
formas
de
se
realizarem
interfaces
entre
os
procedimentos
operantes
para
crianças
que
não
desenvolveram
repertório
verbal
e
a
programação
do
aparelho
para
regulagem
dos
eletrodos
do
implante
coclear
.
Ess
as pr
opos
tas
im
põe
m d
esa
os
para
a c
ont
inuid
ade d
os
est
udo
s.
P
or um
la
do, es
tá
bem
est
abe
lec
ido qu
e a e
sti
mul
ação
aud
iti
va
por
mei
o do
imp
lant
e coc
lea
r pod
e
a
dqu
iri
r
s
ign
ic
ado e, po
rta
nto
, que
a apr
endi
zage
m
env
olv
end
o ess
e tipo
de est
im
ula
ção
est
á suj
eit
a aos
m
esm
os pr
inc
ípi
os que
re
gem a
apr
end
iza
gem
disc
ri
min
ati
va
e
r
ela
cio
nal em
g
era
l; por
ou
tr
o lado,
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da
pre
ci
sa
ser
esc
lar
ecid
a
a
aqu
isi
ção
de
fal
a
fun
ci
ona
l,
nas
dif
eren
tes
mod
alid
ade
s
d
e
o
per
antes
ver
bai
s.
Essa
s
são
qu
es
tõe
s
r
elev
ante
s
p
ara
a
com
pre
ens
ão
do
dese
nvol
vi
men
to
do
com
port
am
ent
o
ver
bal
em
ger
al,
e
não
ape
nas
de
impl
ant
ados.
Em
virtu
de
das
pecu
li
ari
dad
es
de
re
pertó
rio
re
sul
tan
te
da
co
nd
içã
o
aud
iti
va,
a
po
pul
açã
o
que
apr
esen
ta
atra
so
de
ling
uag
em,
mas
sem
pr
eju
ízos
sev
eros
par
a
a
cog
niçã
o,
pode
ser
espe
cialm
ente
imp
orta
nte
par
a
esc
lar
ece
r
p
ro
ces
sos
e
o pape
l
d
e
v
ar
iáv
eis rel
ev
ant
es
po
uco
aces
sív
eis à
inv
esti
ga
ção
qu
ando
as c
ria
nça
s são
muit
o jo
ven
s.
N
a
continuidade
das
investigações,
considera-se
essencial:
selecionar
par
ticipantes
com
a
mínima
experiência
auditiva
(tão
logo
o
implante
seja
ativado
e
esteja
funcionando
regularmente,
de
acordo
com
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
260
critérios
médicos);
investigar
a
aprendizagem
relacional
e
o
desenvolvimento
da
fala
como
função
de
variáveis,
como
o
tempo
de
privação
sensorial
antes
do implante
coclear; e
investigar
, ainda,
a qualidade
do
input
recebido e a
interação entre essas e outras variáv
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C
ontr
ole
de
e
Stímulo
S
,
m
apeament
o
S
imbóliCo
e
merGente
e
a
quiSição
de
v
oCabulário
Aline R
oberta A. Costa
Camila Domeniconi
Deisy das G
r
aças de Souza
C
otidianamente
nos
deparamos
com
situações
nas
quais
nos
são
apresentadas
palavras
novas,
como
nomes
de
pessoas,
de
ruas
ou
animais,
modismos
e
regionalismos
que
não
conhecíamos.
Em
muitas
destas
situações
desfr
utamos
do
privilégio
de
sermos
falantes
da
língua
para
decifrarmos
e
utilizarmos
aqueles
nomes
desconhecidos
para
coisas
ou
situações
da
vida
diária.
Algumas
vezes
precisamos
de
mais
de
uma
exposição
à
palavra no
va
para
que
quemos
seguros
da
adequada
utilização
do
vocábulo
.
P
ara
sabermos,
por
exemplo,
se
“
uma
festa
paia
”
(modismo
recente
entre
adolescentes)
é
uma
festa
agitada,
tumultuada,
chata
ou
alegre,
sem
fazer
uso
da
metalinguagem,
muito
provavelmente
teremos
que
ser expostos
à palavra
“
paia
” apresentada
em outras formações
frasais e/ou
na presença de dicas contextuais.
Adultos
falantes
da
língua
precisam
de
dicas,
da
metalinguagem
e
até
mesmo
de
várias
experiências
com
uma
nova
palavra,
até
relacioná-la
corretamente
com
seu
referente.
É
intrigante,
por
tanto,
a
aquisição
de
palavras
novas
quando
uma
criança
está
aprendendo
a
reconhecer
e
pronunciar
os
primeiros
vocábulos.
A
literatura
relata
que,
aproximadamente,
depois
dos
12
meses
de
vida,
as
crianças
aprendem,
em
média,
9
palavras
novas
por
dia,
atingindo
14.000
palavras
em
seus
vocabulários
de
compreensão
quando
se
aproximam
da
idade
de
6
anos
(Bloom, 1978; Car
ey
, 1978, 1982).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
270
Estudiosos
de
diferentes
áreas
e
abordagens
teóricas
têm
estudado
a
aquisição
de
fala
e,
especicamente,
a
aquisição
de
vocabulário
que
ocorre
durante
os
primeiros
anos
de
vida.
Entre
os
muitos
aspectos
analisados,
um
tem
sido
alvo
de
intensa
investigação:
o
responder
por
exclusão
.
P
ara
estudar
essa
maneira
de
responder
,
a
Análise
do
Comportamento
e
a
P
sicolinguística
têm
empregado
um
procedimento
que
simula
a
situação
natural,
que
consiste
em
introduzir
,
entre
palavras
conhecidas,
palavras
criadas
pelo
examinador
(sem
o
referente
convencionalmente
denido,
como P
AFE, XEDE
e ZIGO) ou termos correntes do vocabulário, porém
pouco
conhecidos
1
pelas
crianças
(por
exemplo,
cromo,
petiz
ou
hidróxido).
A
obser
vação
sistemática
do
responder
de
crianças,
em
tentativas
de
discriminação
condicional
que
empregam
palavras
“
novas
”
na
função
de
estímulo
modelo,
junto
a
uma
matriz
de
escolhas,
que
inclui
estímulos
denidos e
um estímulo
novo (comumente objetos
ou
guras), revelaram
um
padrão
bastante
consistente:
as
crianças
escolhem
sistematicamente
o
objeto
ou
a
gura
nov
a
quando
o
modelo
é
um
nome
também
novo,
apesar
das
outras
possibilidades
de
escolha.
Esse
desempenho
foi
denominado
“
mapeamento
rápido
”,
por
psicolinguistas,
e
“
responder
por
exclusão
”
ou
mapeamento simbólico emergente, por analistas do comportamento (e.g.,
Wilkinson, D
ube, &McI
lvane, 1998).
Os
estudos
realizados
no
âmbito
das
duas
abordagens
têm
interpretações
diferentes
sobre
esse
mesmo
padrão
de
resposta
e,
embora
elas
tenham
caminhado
paralelamente
por
mais
de
30
anos,
as
contribuições
de
ambas
são
relevantes
e
complementares.
A
convergência
da
trajetória
das
duas
abordagens
na
investigação
da
aquisição
de
palavras
novas
tem
sido
objeto
de discussão
(
Wilkinson
&
McIlvane,
1997;
Wilkinson
et al.,1998)
e)
e
será
retomada
brevemente
com
o
objetivo
de
contextualizar
alguns
desenvolvimentos recentes.
O
objetivo
do
presente
capítulo
é
retomar
alguns
dos
impor
tantes
estudos
sobre
o
responder
por
exclusão,
procurando
destacar
as
contribuições
de
cada
um
deles
para
o
entendimento
que
temos
sobre
esse
padrão
de
responder
.
Nesse
contexto,
apresentaremos
também
algumas
contribuições
1
Para
conveniência
de
expressão,
palavras
e
referentes
ainda
não
relacionados
na
história
pré-experimental
de
participantes
de
pesquisa
serão
tratados
como
estímulos
novos.
T
ecnicamente,
estímulos
que
fazem
parte
de
relações
já
estabelecidas
são
denominados
estímulos
denidos
e
os
demais,
estímulos
indenidos
(e.g.,
Wilkinson & M
cIlvane, 1997).
C
S
:
B
C
E
E
271
dos
estudos
realizados
pelo
Núcleo
de
Estudos
sobre
Comportamento,
Cognição
e
Ensino
(ECCE),
procurando
discutir
os
avanços
obtidos
por
esse
grupo
na
compreensão
do
processo
de
escolha
imediata
de
um
estímulo
nov
o
diante
de
um
nome
novo
.
U
ma
das
importantes
vertentes
do
trabalho
do
ECCE,
que
será
explorada
brevemente,
é
o
emprego
de
tentativas
de
exclusão como um
componente de procedimentos
para o ensino
ecaz de
relações
condicionais sem
erros
ou
com
muito
poucos
erros.
N
a seção
nal
do
capítulo, apresentaremos perguntas
atuais
de pesquisa
e
sugestões para
nov
as investigações.
E
STUDOS
PIONEIROS
SOBR
E
O
RESPONDER
POR
EX
CLUSÃO
O
primeiro
estudo
que
utilizou
tentativas
com
palavras
sem
sentido
em
investigações
sobre
a
aprendizagem
de
relações
entre
novas
palavras
faladas
e
novas
guras
ou
objetos
foi
publicado
em
1974
(Vincent-S
mith,
D.
Bricker
,
&
Bricker).
Esse
estudo,
com
crianças
entre
20
e
31
meses
de
idade,
foi
realizado
em
duas
etapas.
Na
primeira
etapa,
as crianças
eram apresentadas a
dois objetos
desconhecidos e,
em seguida,
o
experimentador
dizia
uma
palavra
nov
a
e
as
crianças
eram
instruídas
a
escolher
um
dos
objetos.
F
oram
necessárias
ao
menos
cinco
sessões
até
que as crianças r
elacionassem corretamente uma
palavra nov
a a um objeto
desconhecido.
A
segunda
etapa
apresentou
um
procedimento
similar
ao
primeiro,
exceto
pelo
fato
de
que
um
dos
dois
objetos
mostrados
era
familiar
para
a criança,
ou seja,
ela já
havia
aprendido
um nome
para
aquele objeto
.
Os resultados indicaram que a segunda etapa foi muito mais fácil e rápida
do
que
a
primeira
no
estabelecimento
de
relações
palavra-objeto
corretas.
Com
base
nesses
resultados,
os
autores
sugeriram
que
o
emprego
de
pelo
menos
um
estímulo
familiar
seria
um
facilitador
para
aprendizagem
de
nov
as relações simbólicas.
Em 1977, Louis
D
ixon incorporou a recomendação de Vincent-
S
mith
et
al.
(1974):
o
emprego
de
um
estímulo
familiar
em
uma
tarefa
de
emparelhamento
de
acordo
com
o
modelo
(
matching-to-sample
),
para
ensinar
discriminações
condicionais
auditivo-visuais
a
oito
adultos
com
deciência
intelectual. Cada
tentativa de
matching
apresentav
a
duas letras
gregas impressas, como estímulos de comparação, e uma palavra ditada (o
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
272
nome
de
uma
letra),
como
estímulo
modelo.
A
tarefa
do
par
ticipante
era
escolher uma das duas letras impressas
condicionalmente à palavra ditada.
N
a fase inicial
de ensino,
uma mesma
palavra era
ditada a
cada tentativa
e,
portanto,
uma
mesma
letra
era
apresentada
como
estímulo
correto;
duas
outras
letras se
alternavam
aleatoriamente na
função
de
escolha incorreta.
Em
um
dos conjuntos
de
estímulos,
por
exemplo,
o
nome
ditado
era P
I e
a
letra grega pi
(π) era a escolha corr
eta; as letras incorretas
eram ipsilon (
),
em
algumas
tentativas,
e
teta
(
),
em
outras.
Depois
que
os
par
ticipantes
selecionavam
sistematicamente a
letra π
(pi)
nas
tentativas
de ensino,
eram
introduzidas
tentativas
de
sonda
para
vericar
o
que
o
participante
faria
quando
a
palavra
ditada
fosse
o
nome
de
outra
letra
que
não
π
(pi).
As
tentativas
de
sonda
eram
idênticas
às
de
ensino,
isto
é,
apresentavam
π
(pi)
e
uma
outra
letra
impressa
na
matriz
de
estímulos
de
escolha,
mas
em cada uma delas a
palavra ditada era no
va (ÍPSIL
ON ou
TET
A).
T
odos
os
participantes
selecionaram
a
letra
ipsilon
ou
a
letra
teta
(e
não
pi),
nas
tentativas
de
sonda
com
cada
uma
das
duas
palavras
ditadas,
e
continuaram
selecionando a letra pi quando esta era a palavra ditada.
N
este
estudo
de
D
ixon,
a
descober
ta
mais
importante
foi
o
controle
diferencial imediato
pelo
novo
nome
de
letra
falado.
P
ara explicar
esse
desempenho,
a
pesquisadora
supôs
que
os
participantes
tivessem
aprendido
uma
relação
especíca
entre
a
letra
(ex.:
π)
e
o
nome
ditado
durante
a
fase
de
ensino
(ex.
PI).
Quando
as
sondas
foram
introduzidas,
eles
teriam
discriminado
as
palavras
faladas
(IPSILON,
TET
A)
como
diferentes da
palavra
falada na
fase
anterior (PI)
e, então,
teriam
rejeitado
ou
excluído a
letra
π
quando
o
nome
ditado
diferia
do
nome
relacionado
àquela
letra.
Dixon
(1977)
denominou
esse
desempenho
de
exclusão.
U
m
terceiro
tipo
de
teste
realizado
pela
pesquisadora
fortaleceu
ainda
mais
a
hipótese
apresentada
por
ela
para
a
interpretação
dos
resultados
observados nos testes de exclusão
. Em tentativas nomeadas como testes de
discriminação,
foram
empregadas
como
estímulos
de
comparação
apenas
as duas
letras no
vas (ÍPSILON
e
TET
A), e os
modelos alternav
am entre
as
duas
palavras
faladas
correspondentes.
Sem
o
apoio
da
relação
previamente
ensinada
(PI
-
π),
o
responder
inicial
dos
participantes
mostrou
bastante
variabilidade,
e
a
estabilidade
no
responder
ocorreu
apenas
após
várias
sessões de apresentação de tentativas desse tipo
.
C
S
:
B
C
E
E
273
U
m
ano
depois
da
publicação
do
estudo
de
Dixon,
as
psicolinguistas
Carey
e
Bartlett
(1978)
realizaram
um
estudo
com
19
crianças
de
jardim
da
infância,
com
idade
média
de
3
anos
e
6
meses,
com
o
objetivo
de
obser
var
e
descrever
a
aprendizagem
de
uma
relação
nome-objeto com palavra nov
a. As pesquisadoras estavam inter
essadas em
investigar detalhadamente a
ocorrência do
fast mapping
e
prepararam uma
diversidade
de
tarefas
e
procedimentos
de av
aliação
da aquisição
da
palavra
“
cromo
”, correspondente
à cor oliv
a, intr
oduzida em
um contexto casual
e
incidental.
U
m
estudo
piloto
foi
conduzido
com
a
introdução
da
palavra
nov
a,
CR
OMO,
para
a
cor
verde
oliva.
Duas
bandejas,
uma
vermelha
e
uma
verde
oliva,
eram
apresentadas
às
crianças,
pela
primeira
vez,
com
a
instrução:
“
traga-me
a
bandeja
cromo, não
a
vermelha
”. T
odas
as
crianças
selecionaram
o
item
indenido,
ou
seja,
a
bandeja
da
cor
verde
oliva.
O
aspecto
interessante
deste
estudo
é
a
introdução
do
contraste
entre
a
cor
conhecida
e
a
desconhecida
para
favorecer
o
desempenho
das
crianças.
Além
disso,
o nome
indenido era
relacionado a
uma
propriedade especíca
da
bandeja
(um
adjetivo)
e
não
ao
objeto
em
si.
Algumas
crianças
aprenderam
a
r
elação
entre o
nome e
a cor
,
isto é,
foram
capazes de
dizer que
a cor
da
bandeja era
CROMO.
Entretanto, as
pesquisadoras observaram que,
dada
a
maneira
pela
qual
a
instrução
foi
apresentada,
não
se
poderia
garantir
que
a
criança
sequer
tivesse
escutado
a
palavra
cromo.
A
escolha
poderia
ter
ocorrido
simplesmente
pelo
contraste
“
não
a
vermelha
”.
Além
disso,
os
participantes
deste estudo
piloto
tinham
tido
experiência anterior
com
a
aquisição
de nomes
para
cores.
Era preciso
vericar
a
replicabilidade do
dado com crianças sem experiência com a tarefa.
Os
dados
obtidos
com
esse
estudo
piloto
levaram
à
condução
de
diferentes
tipos
de
avaliações,
que
foram
organizadas
com
o
propósito
de
se
obterem
dados
completos
sobre
a
aquisição
da
palavra
nova.
As
19
crianças
participantes
do
gr
upo
experimental
foram
organizadas
aos
pares,
de
acordo
com
diferentes
repertórios
prévios
de
nomeação
de
cores: os
“bons nomeadores
”, crianças
que nomearam
nov
e itens
ou mais;
e
os
“
nomeadores
pobres
”,
que
nomearam
quatro
itens
ou
menos.
Este
arranjo
de participantes
permitiu
testar
a hipótese
de
que as
crianças
com
o
repertório
verbal
mais
complexo
aprenderiam
uma
palavra
nova
com
maior
facilidade.
Durante
a
linha
de
base,
foram
utilizadas
tarefas
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
274
compreensão
e
de
produção
para
avaliar
o
repertório
prévio
das
crianças,
sobre
nomeação
de
cores.
N
as
tarefas
de
produção,
eram
mostrados
11
pedaços
de
papéis
coloridos
e
a
criança
era
instruída
a
nomear
cada
cor
.
N
as
tarefas
de
compreensão,
os
mesmos
11
papéis
eram
apresentados
em
conjuntos
de
cinco
ou
seis
itens
e
a
criança
era
instruída
a
mostrar
qual
era
o
verde,
o v
ermelho,
e
assim
por diante
(
matching
auditiv
o-visual).
As tar
efas
de
produção
eram
repetidas
antes
e
depois
do
ensino,
incluindo
uma
vez
a nomeação
da cor
oliva (alvo
do procedimento).
U
ma
tarefa importante,
inserida
na
linha
de
base
para
vericar
se
a
criança
discriminava
bem
as
cores, inclusive a cor foco do estudo (oliva), consistia no emparelhamento
de
cores
iguais
(
matching
de
identidade):
o
par
ticipante
colocava
pedaços
de tas coloridas dentro das caixas que tivessem a mesma cor
.
Durante
a
tarefa
de
compreensão
da
palavra
cromo,
o
experimentador
dispunha
nove
itens
coloridos
sobre
a
mesa
e
instruía
a
criança
a
apontar
três,
em
or
dem
(por
exemplo,
amarelo,
azul
e
cromo).
Se
a
criança
apontasse
qualquer
cor
para
a
palavra
cromo,
que
não
a
correspondente
à
cor
oliva,
o
experimentador
apontav
a
para
a
cor
escolhida
pela
criança
e
a
nomeava
corretamente.
P
or
exemplo,
se
a
criança
selecionasse
ver
de
(no
lugar
de oliva),
o
experimentador
apontava
para
o
verde
e
dizia:
“V
erde
”.
A
palavra
cromo
foi
apresentada
em
uma
única
tentativa.
Como
última
tarefa,
os
pesquisadores
apresentaram
um
conjunto
de
palavras
(nomes
de
cores,
adjetivos
não
relacionados
com
cores
e
palavras
sem
sentido)
e
perguntavam
se
aquele
item
era
uma
cor
ou
não
(por
exemplo,
“
frio
”
ou
“
tear
val
”).
N
essa
tarefa,
a
palavra
cromo
também
era
apresentada
em
uma
única
tentativ
a.
P
ortanto,
a
palavra
nov
a
foi
apresentada
três
vezes
ao
longo
de
todo
o
procedimento.
Com
esse
conjunto
de
tarefas
e
comparando
o
desempenho
de
participantes
com
diferentes
repertórios
de
nomeação
de
cores,
o
estudo
forneceu
uma
medida
ampla
sobre
o fenômeno
de
fast
mapping
e
sobre
o
contexto
para
sua
ocorrência.
Os
dados
das
crianças
participantes
também
foram
analisados
em
comparação
a
um
grupo
controle
(20
crianças)
durante
o
procedimento
e
10
semanas
após
o
encerramento
da
pesquisa
(mais
duas
exposições à
palavra nova). N
as
tarefas de compreensão, quando
a palavra
cromo
era
ditada,
47%
das
crianças
do
gr
upo
experimental
escolheram
o
item
cor
oliva
ao
nal
do
experimento;
a
porcentagem
aumentou
para
C
S
:
B
C
E
E
275
63%,
10 semanas
depois. O
número
de crianças
do
grupo contr
ole
que
fe
z
essa mesma escolha foi de
35%; a diferença
entre o desempenho
do grupo
experimental
e
do
controle
foi
signicativa
apenas
na
segunda
avaliação,
tanto
na
tarefa
de
reconhecimento
quanto
na
de
nomeação.
As
pesquisadoras
concluíram que
as diferenças
entre os grupos, considerando
o conjunto
de
tarefas realizado e os dois momentos de avaliação, mostraram que ocorreu
alguma apr
endizagem lexical
para metade das
crianças, mesmo
com pouca
experiência
com
a
palavra
nov
a.
Os
dados
obtidos
de
z
semanas
depois
indicaram
que,
quando
ocorreu,
a
aprendizagem
foi
duradoura
e
as
duas
exposições
adicionais
à
palavra
ditada
podem
ter
sido
impor
tantes
para
a
ocorrência
da
aprendizagem.
Na
comparação
entre
crianças com
diferentes
repertórios
verbais,
das
oito
crianças
que
demonstraram
compr
eensão
da
palavra
cromo,
apenas
quatro
haviam
sido
classicadas
como
boas
nomeadoras,
indicando
que
o
repertório
prévio
não
fez
diferença
na
aquisição da
palavra
no
va. Em
conclusão, o
fato
de que
quase metade
das
crianças
não
aprendeu
a
relação
entre
a
cor
e
a
palavra
nova
pode
indicar
que o
tipo de tarefa
pode limitar as
possibilidades de crianças
de três anos
demonstrarem
fast
mapping
,
mas,
ainda
sob
certas
condições
dentre
as
programadas no estudo, foram encontrados indícios de aprendizagem.
Os
estudos
de
Dixon
(1977)
e
Carey
e
Bartlett
(1978)
apresentaram
um resultado comum, ou
seja, os par
ticipantes escolheram o
objeto nov
o
quando
um
nome
nov
o
era
ditado
em
situações
experimentais,
nas
quais
dois
objetos estav
am
presentes:
um previamente
conhecido (já
relacionado
a
um
nome)
e
um
objeto
novo
.
Em
termos
de
procedimento,
também
se
obser
vam
similaridades:
em
ambos
os
estudos
as
tarefas
envolveram
discriminações
condicionais
e
os
estímulos
condicionais
eram
auditivos
(nomes
das letras
gregas, no
estudo
de
D
ixon,
e nomes
das
cores, no
caso
de
Carey
e
Bartlett),
enquanto
os
estímulos
de
comparação
eram
visuais
(as
letras
gregas
ou
as
bandejas
e
tas
coloridas).
Apesar
das
similaridades
em termos
de tarefa e de
resultados, o comportamento
observado recebeu
nomes
diferentes:
exclusão
,
na
análise
do
compor
tamento,
e
mapeamento
r
ápido,
na psicolinguística.
N
a
análise
do
comportamento,
o
interesse
pelo
responder
por
exclusão
manteve-se
na
década
de
1980
com
um
vigoroso
investimento
na
investigação
do
processo
propriamente
dito,
no
renamento
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
276
procedimentos
e
mesmo
na
utilização
do
responder
por
exclusão
como
procedimento
de
ensino
(
J.
C.
de
Rose,
de
Souza,
Rossito,
&
de
Rose,
1989; M. H. Dix
on, Dixon, & S
pradlin, 1983; McI
lvane, Bass, O’ B
rian,
Gero
vac,
&
Stoddar
d,
1984;
McIlv
ane
et
al.
1987;
McI
lvane,
M
unson,
&
Stoddar
d,
1988;
M
cIlvane
&
S
toddard,
1981,
1985;
M
cIlvane,
Withstandley
,
&
S
toddard,
1984;
S
tromer
,
1986,
1989;
S
tromer
&
Osborne, 1982; Sidman, Kir
k, & W
illson-M
orris, 1985).
Investimento
equivalente
foi
realizado
por
psicolinguistas
em
estudos
que,
além
de
conrmarem
o
padrão
de
responder
por
exclusão,
propuseram
diferentes
hipóteses
para
a
sua
ocorrência
(Carey
,
1982;
Clark,
1983,
1987;
Crais,
1987;
Dollagham,
1985,
1987;
Hutchinson,
1986;
Macnamara,
1982;
Markman,
1987,
1989;
Markman
&
Hutchinson,
1984;
Markman
&
W
achtel, 1988;
M
erriman
&
Bowman,
1989; N
elson,
1988; Rice, 1989).
Com
os
resultados
de
novos
experimentos,
foram
discutidas
pelas difer
entes correntes
outras explicações
para a
escolha imediata
de
um
objeto
ou
gura
nova
diante
de
um
nome
também
novo
.
Dixon
et
al.
(1983)
propuseram
que
a
relação
entre
nome
novo
e
objeto
novo
podia
ser
estabelecida
pela
novidade
presente
em
ambos,
e
não
pela
rejeição
do
estímulo
conhecido
(interpretação
de
Dixon,
em
1977).
P
or
tanto,
independentemente
de
quais
fossem
os
outros
objetos
presentes,
o
que
determinaria
a
escolha
seria
a
propriedade
comum,
isto
é,
a
“
novidade
”
compartilhada
por
ambos,
o
“
nome”
(ou
palavra
falada)
e
o
objeto.
Esta
concepção,
que
foi
denominada
“
novidade
S+”,
expressa
controle
relacional
entre
o
estímulo
modelo
(a
palavra
falada)
e
o
estímulo
de
comparação
indenido ou nov
o (gura ou objeto).
N
esse
período,
outras
interpretações
para
o
comportamento
observado
por
Carey
e
Bartlet,
em
1978,
foram
discutidas
também
por
dois
autores
da
psicolinguística.
U
m
deles,
Clark
(1983,
1987),
apresentou
a
teoria
do
contraste,
segundo
a
qual
“...
qualquer
diferença
na
forma
signica
que
existe uma
diferença no
signicado
” (Clark,
1987, p
. 330).
M
arkman
(1987),
por
sua
vez,
propôs
um
princípio
denominado
“
exclusividade
mútua
”,
segundo
o
qual
as
crianças,
principalmente
durante
a
fase
de
aquisição
intensa
de
vocabulário
novo,
tendem
a
assumir
que
um
objeto
pode
ter
apenas
um
nome.
Assim,
a
criança
esperaria
que,
por
exemplo,
um
C
S
:
B
C
E
E
277
objeto
chamado
R
OSA
não
poderia
ser
chamado
MARGARIDA
(o
que
é correto),
mas R
OSA também
não
poderia ser
chamada de
FLOR (nesse
caso, incorr
etamente). De
acordo com
esse princípio,
a criança
poderia ter
diculdade com sinônimos, homônimos e inclusão em categorias verbais.
A
teoria
do
contraste
e
o
princípio
da
exclusividade
mútua,
apesar
de
oriundos
de
uma
tradição
teórica
diferente
daquela
de
Dixon
(1977),
expressam
o
mesmo
teor apr
esentado
anteriormente na
denição
inicial
de
exclusão
proposta
por
ela,
ou
seja,
o
comportamento
obser
vado
durante
a
escolha
de
um
estímulo
indenido
seria
produto
da
rejeição
dos
outros
itens;
portanto,
o
que
controla
a
escolha
do
estímulo
indenido
diante
de
um
nome
indenido
é
a
relação
entre
o
estímulo
apresentado
como
modelo e os estímulos de comparação familiares, denidos.
P
or
outro
lado,
a
concepção
de
Dixon
et
al
.
(1983)
sobre
os
processos que baseiam a escolha do novo (N
ovidade S+) só encontrou um
paralelo
na
literatura
da
psicolinguística,
em
1992,
quando
Golinko,
Hirsh-P
asek,
Bailey e
W
enger
(1992)
propuseram um
princípio
chamado
“
nome
novo,
categoria
sem
nome
(N3C)”.
Este
era
um,
entre
um
conjunto
de
princípios
que,
segundo
os
autores,
representam
uma
solução
para
o
problema
proposto
por
Quine
(1960),
sobre
como
uma criança
pode
saber
que a palavra se refere a um objeto, evento ou gura como um todo e não
a
aspectos
ou
características
particulares.
Segundo
os
autores,
a
criança
opera com
um conjunto
de tendências,
limites ou
princípios que
guiam e
limitam
as
hipóteses
do
que
deve
ser
considerado,
quando
ela
ouve
uma
nov
a palavra (Golinko, M
ervis & Hirsh-P
asek, 1994; Markman, 1989).
A
pes
ar
de
vár
io
s
pri
ncí
pios
norte
ado
res
da
aqu
isi
ção
de
vo
ca
bul
ári
o
já
ter
em
sido
p
ro
pos
tos
ante
ri
orm
ent
e
po
r
pesq
uis
ador
es
d
a
áre
a
(e
.g.
,
Cla
rk, 1983
;
M
arkm
an
,
19
87)
,
Gol
in
ko
et al. (199
2) fora
m
os
prime
iros
a
p
ro
ve
r
u
ma
abor
dag
em
sist
emát
ica
.
E
les
pro
pu
ser
am
um
m
odelo
de
des
envo
lv
ime
nto
de
ling
uag
em
de
aco
rdo
com
seis
pri
ncí
pi
os
norte
ado
res
da
apr
end
izag
em
de
re
laç
ões
ent
re
pala
vras
fala
das
e
obj
eto
s,
gur
as
ou
ev
ent
os:
re
fer
ênci
a,
exte
nsi
vid
ade,
âmbi
to
do
obj
eto,
âmb
ito
da
cat
ego
ria,
nom
e
no
vo-
cat
eg
ori
a
sem
nome
(N3C)
,
e
con
ve
nci
onali
dade
.
O
prin
cíp
io
do
nome
no
vo
-ca
teg
oria
se
m
nom
e
(N3
C)
tem
o
mes
mo
teor
da
exp
lic
açã
o
da
no
vida
de
S+
prop
osta
por
Dix
on
et
al.,
(198
3):
dian
te
de
um
a
pala
vra
no
va,
a
cr
ian
ça
proc
ura
por
um o
bje
to
nov
o (G
olink
o e
t a
l.,
1992
).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
278
Apesar
de
ser
relativ
amente
fácil
diferenciar
conceitualmente
o
responder
por
ex
clusão
(ou
exclusividade
mútua)
do
responder
por
relação
direta
entre
estímulos
novos
ou
não
denidos
(ou
nome
novo
–
categoria
sem
nome-N3C),
muitos
autores
notaram
a
diculdade
em
distingui-los
empiricamente.
Visando
investigar
qual
é
a
rota
de
controle
sobre
o comportamento da
criança quando ela
escolhe o
estímulo no
vo na
presença
de um
nome também
nov
o, isto
é, para
compreender
se
a escolha
é
feita
por
rejeição
dos
estímulos
denidos
(como
proposto
inicialmente
no
conceito
de
responder
por
exclusão
ou
exclusividade
mútua)
ou
por
seleção
do
estímulo
nov
o
(de
acordo
com
o
princípio
de
N
ovidade
S+
ou
no
N3C), Wilkinson
e McIlvane desenvolveram, em
1997,
o
“
procedimento
do comparação vazio
”.
T
rata-se
de
uma
variante
do
procedimento
de
emparelhamento
com
o modelo,
que
inclui, entr
e
os estímulos
de
comparação,
um estímulo
vazio
como
uma
alternativa
de
resposta;
o
“
vazio
”
pode
ser
um
quadrado
preto
do
mesmo
tamanho
das
guras
disponíveis
para
escolha,
como
mostra
a
F
igura
1.
N
o
procedimento
original,
os
participantes
aprenderam
uma
tarefa
de
emparelhamento
com
o
modelo
auditivo-visual,
com
três
estímulos
de
comparação, isto
é, a
cada modelo
ditado, a
tarefa consistia
em escolher
uma de tr
ês guras. Depois
que o participante apr
endeu a selecionar entr
e
os
estímulos
de
comparação
(guras),
o
estímulo
denominado
“
vazio
”
ou
“
máscara
”
foi
introduzido,
superposto
a
um
deles,
como
se
o
cobrisse
ou
escondesse.
Isto
foi
feito
por
meio
de
uma
modelagem
de
estímulos:
nas
tentativas
iniciais um
pequeno quadrado
preto
cobria apenas
parte de
uma
gura;
ao
longo
de
várias tentativas
sucessivas,
passava
a cobrir
áreas
cada
vez
maiores
de
um
dos
estímulos
visuais,
até
que
ele
fosse
inteiramente
coberto
pelo
quadrado
preto.
A
seleção
da
máscara
era
a
escolha
correta
(com
consequências
diferenciais)
sempre
que
nenhuma
das
outras
duas
guras
correspondesse
ao
modelo
ditado.
Desse
modo, o
procedimento padrão
de
emparelhamento
com
o
modelo
foi
transformado
em
uma
tarefa
do
tipo
“Sim
”–“Não
”. A
máscara era
superposta ao
comparação positivo (correto)
em
metade
das
tentativas
e
a
um
dos
comparações
negativos
(incorreto)
nas
demais
tentativas.
Se
o
modelo
correspondesse
a
uma
das
guras,
o
participante
podia
selecionar
a
gura
(análogo
a
indicar
“
sim,
essa
gura
corresponde
ao
modelo
”).
N
o
entanto,
sem
uma
gura
correspondente
C
S
:
B
C
E
E
279
disponível
para
escolha,
o
par
ticipante
podia
indicar
isso
selecionando
a
máscara
(análogo
a
indicar
“Não,
nenhuma
gura
corresponde
ao
modelo
”). Os par
ticipantes apr
enderam a responder à máscara.
P
ara
veri
car
o
r
esp
ond
er
por
e
x
clu
são
, a
p
art
ir
da
linh
a
de
bas
e
de
dis
crim
ina
çõe
s aud
it
ivo
-vis
uai
s,
for
am co
ndu
zida
s s
ond
as
de
ex
clus
ão
. U
ma
das
son
das
apr
ese
ntav
a
um
mode
lo
nov
o
(pal
avr
a
não
rel
ac
ion
ada
a
uma
gu
ra
na
his
tó
ria
pré
via
dos
part
ici
pan
tes)
,
doi
s
est
ímu
los
de
comp
ara
ção
pr
evia
men
te
de
nid
os
e
a
másc
ara
.
A
sele
ção
da
más
cara
pel
o
parti
cip
ant
e
ser
ia
uma
dem
ons
traçã
o
ine
quí
voca
do
“
re
spo
nder
não
”
aos
est
ímu
lo
s
de
com
para
ção
de
ni
dos
-
como
o
test
e
suger
ido
por
Di
xo
n
(197
7)
e
por
M
ar
kma
n
(19
89)
.
Out
ro
tip
o
de
son
da
apr
esen
tava
um
estí
mulo
model
o
no
vo,
um
estí
mul
o
de
compa
raçã
o
no
vo
,
um
de
ni
do
e
a
másc
ar
a.
A
sel
eçã
o
de
um
estí
mul
o
não
deni
do,
pel
o
parti
cipan
te,
ind
ica
ria
u
ma
re
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ão
dir
eta
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re
os
es
tím
ulo
s
não
de
nid
os,
da
ma
nei
ra
sug
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da
por
Di
xo
n
et
al
.
(1983
)
e
por
Goli
nko
et
al.
(199
2).
N
o
prim
eiro
tipo
de
tent
ati
va
,
tod
as
as
cri
anças
esc
olhe
ram
a
más
cara,
ist
o
é,
re
spond
eram
“
não
”
aos
estí
mul
os
de
nid
os,
na pr
ese
nça
de
um
estí
mul
o
mod
elo
nã
o den
ido
.
N
o
o
utr
o
tes
te, todas
as
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ança
s
tam
bém
demo
nstra
ram
a
re
la
ção
dir
et
a
ent
re
o
estí
mul
o
model
o
e
o
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ímul
o
de
comp
ara
ção
não
de
nido,
isto
é,
re
sp
ond
era
m
“
sim
”
ao
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ímu
lo
não
de
nid
o,
na pr
ese
nça
de
um e
stím
ulo
mo
delo
não d
eni
do
.
A
partir
desses
resultados,
os
autores
sugeriram
outra
interpretação
para
o
responder
por
exclusão:
a
de
que
o
comportamento
pode
ocorrer
sob
controle das
duas rotas
ou de
duas classes
de estímulos.
A primeira
seria a
classe constituída por
palavras e guras ou
objetos conhecidos (denidos),
enquanto
a
segunda
seria
constituída
por
estímulos
novos
(indenidos
ou
desconhecidos).
Desse
modo,
a
escolha
de
um
estímulo
visual
novo,
quando
um
nome
novo
é
ditado
pela
primeira
vez,
poderia
demonstrar
tanto
o
controle
por
rejeição
(de
todos
os
estímulos
que
não
fazem
par
te
da mesma classe da palavra
falada, ou seja, todos os
estímulos conhecidos)
como
por
seleção
(o
responder
é
controlado
pela
característica
comum
que
o
estímulo
visual
e
o
auditivo
par
tilham
por
serem
novos
ou
por
pertencerem
à
mesma
classe
de
estímulos).
Segundo
os
autores,
os
dados
experimentais
sugerem
que
as
duas
topograas
de
controle
de
estímulos
não
são excludentes;
pelo contrário, podem se
desenvolver simultaneamente e,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
280
de
maneira
complementar
,
responder
pela
regularidade
desse
padrão
de
comportamento (McI
lvane, W
ilkinson, & de Souza, 2000).
I
NV
EST
IGA
ÇÕES
SOBR
E
O
R
ESP
OND
ER
POR
EX
CL
USÃ
O
DE
SEN
V
OLV
IDAS
PELO
EC
CE
Est
udos
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pelo
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têm
in
ve
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ga
do
o
pa
drã
o
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pond
er
por
exc
lusão
,
abor
dand
o
tant
o
asp
ec
tos
bás
ico
s
do
pro
ce
sso
env
olvi
do
na
esc
olh
a
emer
gente
de
um
ob
jet
o
no
vo
dia
nt
e
de
uma
pist
a
tam
bém
no
va
(inc
lus
iv
e
não
ve
rba
l)
quant
o
exp
lor
and
o
o
res
pon
de
r
por
ex
clus
ão
como
um
pr
oce
dim
ento
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ino
par
a
a
ráp
ida
aqui
siçã
o
de
re
laçõ
es
cond
ici
onai
s.
V
ariaç
ões
fora
m
inv
esti
gad
as
re
fer
ente
s à
s:
popu
laç
ões
est
udad
as,
en
vo
lv
en
do
des
de
org
anism
os
não
hum
ano
s,
com
o
abe
lhas,
cãe
s
e
mac
aco
s,
até
dif
er
ente
s
popu
laç
ões
hum
anas
,
como
beb
ês,
cr
ian
ças
peq
uena
s,
ind
iví
duo
s
com
des
env
olvi
men
to
ve
rba
l
limi
tado
e
univ
ersi
tár
ios
;
mod
alid
ade
s
d
e
e
stí
mul
os
ut
ili
za
das
,
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va
s
ou
visu
ais
,
nos
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pos
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pr
oce
dime
nto
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pa
ra es
tab
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r a lin
ha de
base
(dis
cri
minaç
ões
sim
ples
ou
con
dic
io
nai
s);
cond
ições
de
te
ste
com
estí
mul
os
no
vo
s,
que
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m ou n
ão in
cl
uir
dic
as se
mânti
cas co
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ada
s co
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mul
os
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s,
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o.
Alg
uns
des
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dos
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2004
;
Cost
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R
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2010
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Cost
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Il
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2001
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Il
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00;
Wil
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son
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cIlv
ane,
1997
) ser
ão de
scr
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e,
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ão
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pro
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dim
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var
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ess
e
ness
a
áre
a.
Con
tudo
não
esg
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lv
ime
nto
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cen
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20
mes
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fas
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publ
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ção
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a &
G
il,
20
09;
G
il
& G
arc
ia,
2
009
; O
liv
ei
ra,
20
07).
Costa
et
al.
(2001)
replicaram
os
procedimentos
utilizados
por
Wilkinson
e
M
cIlvane
(1997).
P
articiparam
do
estudo
52
crianças
brasileiras
entre
três
e
13
anos,
tendo
por
língua
nativa
o
P
ortuguês
do
Brasil.
Os
resultados
replicaram
o
estudo
anterior
quanto
ao
padrão
de
selecionar
sistematicamente
o
estímulo novo,
diante
de um
nome
também
novo, ao
mesmo
tempo
que
a
seleção
do
novo
não
ocorria
quando
o
modelo
era
denido.
Esse
é
um
importante
tipo
de
controle
experimental
para
isolar
o responder
por exclusão do
responder sob
mero controle
da novidade de
um
estímulo
de
comparação.
Sobr
e
as
rotas
de
controle
de
estímulos,
os
C
S
:
B
C
E
E
281
dados
experimentais
obtidos
com
o
procedimento
da
máscara,
tanto
no
estudo de
Wilkinson e
M
cIlvane (1997)
quanto no de Costa
et al. (2001),
evidenciaram
a
existência
de
pelo
menos
duas
topograas
de
controle
de
estímulos (Carrigan
&
Sidman, 1992;
D
ube
& McI
lvane, 1996;
J
ohnson
&
Sidman,
1993;
Serna,
Wilkinson
&
McIlvane,
1998):
uma
topograa
por seleção (T
ipo S+ ou Nome no
vo - Categoria
sem nome/N3C) e outra
por
rejeição
(
T
ipo
S-
ou
Exclusividade
Mútua),
que
levam
ao
mesmo
resultado
comportamental.
P
or
tanto,
a
convergência
das
duas
rotas
de
controle
para
um
mesmo
padrão
comportamental
explicaria
a
robustez
deste padrão de responder
.
Outra
hipótese
explicativa
para
o
fato
de
que
praticamente
todos
os
participantes
de
pesquisa
respondem
para
o
estímulo
novo
quando
um nome
novo é
ditado
foi
proposta por
McIlv
ane
et
al. (2000).
Os
autores
apontam
que
o
comportamento
observado
pode
decorrer
das
histórias
comportamentais
construídas
durante
o
ensino
da
linha
de
base
que
antecede
os
testes,
uma
vez
que,
geralmente,
cada
estímulo
modelo
é
relacionado
apenas
a
um
estímulo
de
comparação.
Os
autores
perguntaram
o
que
ocorreria
nos
testes
se
durante
o
ensino
da
linha
de
base
cada
estímulo
de
comparação
fosse
relacionado
a
mais
de
um
estímulo
modelo.
Após
o
estabelecimento
de
uma
de
linha
de
base
inicial
em
que
aprenderam
a
relacionar
apenas
um
nome
a
cada
referente,
os
quatro
participantes do
estudo responderam ao
estímulo novo quando um nome
nov
o
era
ditado
como
estímulo
modelo.
P
orém,
após
um
treino
de
linha
de
base
no
qual
dois
estímulos
modelo
eram
relacionados
a
um
mesmo
estímulo
de
comparação
na
linha
de
base,
duas
das
crianças
deixaram
de
responder
para
o
estímulo
de
comparação
novo
no
teste.
Ao
retornar
à
linha
de
base
de
relações
um
para
um,
o
responder
por
exclusão
ocorreu
nov
amente, para ambos os participantes.
Esses resultados, porém, não foram replicados por Costa (2004),
que
investigou
a
ocorrência
do
responder
por
exclusão
após
o
ensino
de
uma linha de
base, que envolvia tanto relações entre muitos nomes
e uma
gura
como
entre
um
nome
e
uma
gura.
N
esse
estudo,
foram
empregadas
oito
pseudopalavras
e
quatro
guras
não
representacionais
de
qualquer
nome
em
P
or
tuguês.
No
ensino
da
linha
de
base,
as
palavras
FA
TICA,
XEDE e P
AFE eram relacionadas a uma gura indenida (I1); as
palavras
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
282
XIPITE,
ZUQUE
e
LORÉ
eram
relacionadas
a
outra
gura
indenida
(I2);
uma
terceira
palavra,
MOP
ADI,
era
relacionada
à
gura
indenida
I3
e
a
palavra
BEGOZI
era
relacionada
à
gura
indenida
I4.
Desse
modo,
duas das
quatro guras
foram pareadas
a três
palavras difer
entes, enquanto
duas outras
foram par
eadas a
apenas uma
palavra. O estudo
foi conduzido
com
dez
crianças
com
desenvolvimento
típico
e
idades
entre
quatro
e
cinco
anos
e
com
cinco
adultos
que
apresentavam
deciência
intelectual.
N
as
sondas
de
exclusão,
todos
os
participantes
responderam
ao
estímulo
indenido
quando
um
nome
novo era
ditado,
mesmo
tendo
aprendido
a
relacionar muitos modelos (palavras ditadas) a uma mesma gura.
U
ma
hipótese
levantada
por
Costa
(2004),
apoiada
por
alguns
estudos
empíricos
na
literatura
da
psicolinguística
(Goodman,
M
cDonough, &
Bro
wn, 1998; Hall &
G
raham, 1999;
T
aylor & Gelman,
1988, 1989; W
axman &
M
arkow
,
1998), foi a
de que,
além da tendência
para
atribuir
nomes
novos
(indenidos)
a
objetos
ou
eventos
também
nov
os, a
aprendizagem de
vocabulário por crianças
é bastante inuenciada
pelas características
constantes,
presentes no
discurso oral
da comunidade
verbal,
que
se
repetem
diferencialmente
na
presença
dos
diferentes
tipos
de
classes
lexicais
(verbo,
adjetivo,
substantivo,
etc.)
ao
longo
da
história
de
aquisição
de
vocabulário.
De
acordo
com
essa
perspectiva,
uma
situação
como
aquela
descrita
anteriormente
como
favorável
à
observação
do
responder
por
exclusão
poderia
ser
inuenciada
por
“
pistas
”,
caso
estas
estejam
presentes
no
contexto
em
que
a
palavra
nova
é
falada
2
.
A
autora
sugeriu
que,
além
de
pertencerem
às
duas
classes
de
estímulos
denidas
pela história experimental do participante de pesquisa (classe de estímulos
familiares
e
classe
de
estímulos
novos),
os
estímulos
também
poderiam
pertencer
a
outra(s)
classe(s)
denida
por
outras
propriedades.
Isto
signica
que, sob
cer
tas
circunstâncias, difer
entes classes compartilham
pelo menos
parte de
seus
componentes
com outras
classes (isto
é,
não
são
mutuamente
exclusivas);
nesse
caso, haveria
fusão de
classes,
e
um elemento
pertencente
a mais
de uma classe
só poderia ser
claramente incluído em
uma ou
outra
das classes, separadamente, sob controle contextual (Sidman, 1994; Bush,
Sidman &
T
. de Rose, 1989). Assim,
as palavras faladas
(familiares ou não
familiares) poderiam ser agrupadas em vários tipos de
classes, algumas das
2
Segundo Catania (1999, p. 394), contexto é denido como “
as características constantes de uma situação
”.
C
S
:
B
C
E
E
283
quais denidas pela relação que mantêm com refer
entes no mundo, como
sugere
a
classicação
gramatical
das
palavras
em
substantivos,
adjetivos,
verbos,
etc.
No
caso
do
responder
por
exclusão,
a
partir
de
uma
linha
de
base
auditivo-visual
em
que
os
estímulos
modelo
são
nomes
falados,
talvez
os
resultados
divergissem
do
padrão
se
as
sondas
incluíssem,
além
de nomes no
vos, outras palavras no
vas pertencentes a outras classes, como
verbos, adjetivos,
advérbios.
N
esse
caso,
os
estímulos per
tenceriam a
uma
das
classes
denidas
em
relação
à
situação
experimental
(nomes
novos)
e,
simultaneamente,
a
uma
das
classes
denidas
pelo
tipo
de
referente:
nomes
novos
de
“
coisas”
(objetos,
eventos,
relações)
versus
nomes
novos
de
ações
(objetos ou organismos em movimento).
P
ara
investigar
o
responder
por
exclusão
em
situações
em
que
os
estímulos
podem
per
tencer
a
mais
de
uma
classe,
Costa
et
al.
(2010)
empregaram
pseudopalavras
similares
a
nomes
e
a
verbos
no
gerúndio
em
sondas
de
exclusão
conduzidas
sobre
uma
linha
de
base
de
relações
condicionais que
simulam
relações nome-objeto. N
a linha
de
base, as
três
palavras
faladas
e
as
guras
correspondentes
eram
CASA,
CACHORR
O
e
ÁR
V
ORE.
Nas
sondas
de
exclusão,
intercaladas
com
tentativas
de
linha
de
base,
ora
era
ditada
uma
pseudopalavra
do
tipo
nome
(“
L
ORÉ
”
ou
“
ZUQUE
”),
ora
uma
palavra
indicando
ação
em
andamento
(“
MOP
ADIANDO
”
ou
“
XIPIT
ANDO
”).
Os
seis
participantes
do
estudo
selecionaram
o
estímulo
novo
nas
tentativas
com
nomes;
contudo,
cinco
dos seis
responderam preponderantemente
na máscara
nas tentativas
com
verbos.
Em
uma
condição
controle,
as
palavras
faladas
como
modelos
eram v
erbos (gerúndio)
e os
estímulos de
comparação eram
clipes
de ações
conhecidas.
N
as
sondas
de
exclusão,
se
a
pseudopalavra
tivesse
a
forma
verbal,
a
escolha
incidia
sobre
o
vídeo
de
ação
indenida;
mas
se
tivesse
a
forma
de
substantivo,
os
participantes
frequentemente
escolhiam
a
máscara.
Os
resultados
sugeriram
que
o controle
pela
novidade
(relação
do
tipo
S+)
e
o
controle
por
exclusão
(relação
do
T
ipo
S-)
podem
competir
com
o
controle
por
alguma
outra
dimensão
do
referente:
a
discrepância
entre
as
classes
de
modelos
e
comparações
interfere
com
o
responder
por
exclusão e fortalece a noção de que a formação de uma classe de estímulos
envolvendo
simultaneamente
modelo
e
comparações
é
condição
necessária
para a exclusão
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
284
Costa
e
de
Souza
(2008)
conduziram
outro
estudo
com
o
objetivo
de
investigar
a
possível
inter
fer
ência
de
“
pistas”
contextuais
na
aquisição
de
relações
condicionais
entre
palavras
faladas
e
guras.
Esse
estudo
foi
realizado
com
16
crianças
com
desenvolvimento
típico
e
16
crianças
ou
adolescentes
que
apresentavam
atraso
na
aquisição
de
vocabulário,
em
situação
experimental.
Depois
de
estabelecida
uma
linha
de base
de
matching
auditivo-visual entr
e três
palavras faladas e tr
ês guras
(CACHORR
O,
BOL
A
e
BICICLET
A),
foi
testada
a
possível
inter
ferência
de
três
pistas
contextuais
inseridas
uma
a
uma
na
tarefa
de
matching
.
Em
um primeiro
estudo, foram conduzidos
três
blocos de
sondas: no
primeiro
foram
introduzidas
pistas
contextuais
para
grau
(terminação
de
diminutivo
ao
nal
de
palavras
desconhecidas
–
por
exemplo:
MOP
ADINHO);
no
segundo, foram intr
oduzidas pistas contextuais
para plural (terminação de
número
ao
nal
de
palavras
desconhecidas
–
por
exemplo:
MOP
ADES);
e
no
terceiro,
foram
introduzidas
pistas
para
verbo
de
ação
(terminação
de
ger
úndio
ao
nal
de
palavras
desconhecidas
–
por
exemplo:
MOP
ADIANDO).
A
matriz
de
escolhas
incluía
uma
máscara
(quadrado
preto)
e
outros
dois
estímulos
combinados
entre
gura
nova
com
pista,
gura
nov
a
sem
pista,
gura
familiar
com pista,
gura
familiar
sem
pista.
O
Estudo
2
foi
semelhante
ao
anterior
,
porém,
antes
de
cada
bloco
de
testes,
foi
conduzido
um
bloco
de
tentativas
de
treino
contendo
a
pista
a
ser
testada
em
seguida,
acrescida
aos
estímulos
conhecidos.
Obser
varam
que
o padrão
do responder
tipicamente por
exclusão
foi alterado nas
tentativas
de sonda com a pista lexical e que o procedimento que incluía o tr
eino do
responder para
as pistas na linha de
base produziu um
padrão de respostas
mais
homogêneo
entre
os
participantes
do
que
o
procedimento
em
que
as
classes
de
palavras
eram
mescladas,
pela
primeira
vez,
nos
testes.
Esses
resultados
reforçaram
as
discussões
apresentadas
ao
nal
do
estudo
anterior
de que o controle pela no
vidade compete com o controle pelo refer
ente.
P
aralelamente
a
essa
discussão,
os
resultados
positivos
em
testes
de
exclusão, obtidos
por
participantes
com
diferentes graus
de
deciência
intelectual
(McI
lvane
et
al.,
1988;
McIlvane
&
Stoddard
1981;
Stromer
,
1986,
1989), e
os r
esultados
de Kaminski,
Call e
F
ischer
,
(2004)
em sonda
de exclusão com um cão da raça
bor
dercollie,
questionavam a suposição de
que
o
responder
por
exclusão
pudesse
depender
de
um
repertório
verbal
C
S
:
B
C
E
E
285
bem desenvolvido
. U
m teste crítico seria
avaliar a ocorr
ência do
responder
por
exclusão a
par
tir
de
uma
linha
de
base
de
relações puramente
visuais.
Esse
foi
o
objetivo
do
estudo
conduzido
por
Oshiro,
de
Souza
e
Costa
(2006).
F
oram
conduzidos
dois
experimentos
que
diferiram
apenas
quanto
ao
arranjo para
o
estabelecimento
da
linha
de
base:
“
muitos-para-
um
”
e
“
um-para-muitos
”
(Saunders
&
Gr
een,
1999).
Esses
tipos
de
relações
simulam
relações
de
sinonímia
(quando
palavras
diferentes
são
relacionadas
a
um
mesmo
referente)
e
homonímia
(uma
mesma
palavra
relacionada
a
diferentes
referentes).
P
articiparam do estudo
quatro crianças entr
e quatro
e
cinco
anos,
com
desenv
olvimento
típico.
O
pr
ocedimento
utilizado
nos
dois
experimentos
foi
o
mesmo
tipicamente
empregado
em
estudos
anteriores:
após
o
estabelecimento
da
linha
de
base
de
discriminações
condicionais
visuais-visuais
um
para
um,
nos
dois
experimentos
foram
conduzidas
sondas de
exclusão
(apresentação de
modelo
visual indenido
e
um
estímulo
de
comparação
denido,
um
indenido
e
a
máscara)
e
de
controle de
novidade
(a matriz
de
escolhas
era a
mesma
de
uma
sonda de
exclusão,
mas
o
modelo
era
um
estímulo
de
linha
de
base).
Depois
disso,
nov
as
relações
foram
ensinadas,
com
diferentes
modelos
relacionados
a
um
mesmo
estímulo
de
comparação
no
Estudo
1
e
um
mesmo
modelo
relacionado
a
diferentes
comparações
no
Estudo
2.
Os
resultados
nas
sondas
de
exclusão
foram
positivos,
isto
é,
os
par
ticipantes
escolheram
majoritariamente
o
comparação
novo
sob
controle
do
modelo
novo,
mas
não
escolheram
o
estímulo
nov
o
se
o
modelo
era
um
estímulo
de
linha
de
base.
Além
disso,
todos
os
participantes
formaram
classes
entre
os
estímulos
de
linha
de
base
e
mantiveram
o
responder
por
exclusão
nas
sondas
conduzidas
após
a
formação
de
classes.
Esse
estudo
permitiu
a
conclusão
de
que
o
responder
por
exclusão
independe
da
modalidade
auditiva;
esse
dado,
combinado
com
a
demonstração
do
responder
por
exclusão
em
não
humanos,
permite
considerá-lo
como
um
processo
comportamental básico.
Além
dos
processos
básicos
envolvidos
no
responder
por
exclusão,
alguns
estudos
do
grupo
ECCE
investigaram
também
o
potencial
educacional
do
procedimento
para
o
ensino
de
relações
simbólicas
entre
palavras ditadas,
guras e
palavras impr
essas (de R
ose et al.,1989;
de R
ose,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
286
de S
ouza, & Hanna,
1996; M
elchiori, de Souza,
& de R
ose, 1992, 2000).
Esses
procedimentos
foram
concebidos
com
base
em
evidências
de
que
é
bastante
comum
obser
var-se
a
seleção
condicional
de
estímulos
indenidos
diante
de
nomes
novos
já
na
primeira
apresentação
do
par
nome-gura,
quando
os
estímulos
são
adequadamente
arranjados
(Costa,
2004;
Costa
et
al.,
2001;
McIlvane
&
Stoddar
d,
1981;
Wilkinson
&
McI
vane,
1997).
Os
procedimentos
foram
bem
sucedidos
não
apenas
no
ensino
das
discriminações
condicionais
por
exclusão,
mas
também
engendraram
a
formação
de
classes
entre
os
estímulos
e
favoreceram
a
emergência
da
nomeação
dos
estímulos
e
do
comportamento
textual,
no
caso
das
palavras
impressas.
Contudo,
esses
estudos
empregaram
um
critério
bastante
rigoroso
de
aprendizagem,
medida
pelos
desempenhos
emergentes;
enquanto
não
ocorresse
a formação
de
classes e
o comportamento
textual,
a linha
de base
de discriminações condicionais
continuava sendo retr
einada e seguida
por
nov
os
testes.
P
or
tanto
os
resultados
podem
ter
dependido
não
apenas
do
responder
inicial por
exclusão,
mas
das
tentativas
sucessivas
de “
ensino por
exclusão
”.
Esta
constatação
sugeriu
a
importância
de
se
distinguir
entre
responder por
exclusão e aprender
por exclusão, o
que tem
norteado
uma
linha recente de no
vas pesquisas do ECCE.
N
o
estudo
de
Costa
et
al.
(2001),
apesar
da
acurácia
do
responder
dos
participantes
em
selecionar
o
objeto
novo
quando
um
nome
novo
era
apresentado
pela
primeira
vez,
testes
adicionais
foram
realizados
para
vericar
se
os
participantes
haviam
realmente aprendido
a
relação
entre o
nome
e
o
objeto.
Os
chamados
testes
de
aprendizagem
eram
conduzidos
com
diferentes
arranjos
entre
os
estímulos
empregados
na
linha
de
base
e
nas
sondas
de
exclusão,
como
os
mostrados
na
F
igura
3
e
descritos
mais
detalhadamente
na
próxima
seção.
Os
resultados
desses
testes
não
foram
conclusivos
quanto
à
ocorrência
de
aprendizagem,
uma
vez
que
apresentaram
bastante
variabilidade
entre
sujeitos
nos
diferentes
testes
e
sugeriram
a
necessidade
de
se
esclarecer
melhor
a
relação
entre
responder
por
exclusão
e
aprender
por ex
clusão:
o
responder
por ex
clusão é
imediato,
mas
a apr
endizagem das
relações
condicionais entr
e o
modelo e
o estímulo
de
comparação
denido
como correto
pode
requerer repetidas
exposições
a
tentativas de
exclusão
(Carr
, 2003;
de
Rose
et al.,
1989,
1996; F
errari,
de
Rose, & M
cIlvane, 1993, 2008; W
ilkinson & G
reen, 1998).
C
S
:
B
C
E
E
287
Dando
continuidade
às
investigações
sobre
o
efeito
de
variáveis
que
poderiam
favorecer
a
obtenção,
pelos
participantes, de
resultados
mais
consistentes
de
aprendizagem
da
relação
entre
nomes
e
objetos
após
uma
única
tentativa
de
exclusão,
Domeniconi,
Costa,
de
Souza
e
de
Rose
(2007)
consideraram a
funcionalidade dos estímulos
inseridos na linha de
base de
discriminação condicional como uma variável potencialmente importante
e
adaptaram o
procedimento, tradicionalmente
realizado no
computador
,
para
uma
situação
de
brincadeira.
P
ar
ticiparam
desse
estudo
seis
crianças
com idades entr
e dois e tr
ês anos, com desenv
olvimento típico.
A situação
experimental
visava
adaptar
os
procedimentos
de
discriminação
condicional
para
uma
brincadeira,
na
qual
os
par
ticipantes
eram
instruídos
a
pegar
brinquedos
dispostos
no
chão (o
nome
de brinquedo
falado
era o
estímulo
modelo
e
os
brinquedos
espalhados
eram
os
estímulos
de
comparação)
e
jogá-los
em
uma
grande
caixa.
Entre
os
brinquedos
disponíveis,
havia
os
familiares
(BONECA,
CAMINHÃO,
PEIXE)
e
alguns
criados
com
sucata
pelas
experimentadoras,
a
m
de
simular
os
estímulos
indenidos.
Alguns brinquedos
eram colocados
dentro de
caixas pequenas,
simulando
a
situação
da
máscara
(estímulo
“
sobreposto
”
por
um
quadrado
preto
no
computador).
Em
cada
tentativa
estavam
disponíveis
quatro
ou
cinco
itens.
Durante
o
estabelecimento
da
linha
de
base,
a
criança
aprendia
a
pegar
os
brinquedos
familiares,
toda
vez
que
a
experimentadora
falava
o
nome
de
um
deles.
Essas
tentativas
tinham
o
objetivo
de
vericar
o
responder
condicional e sob controle da instr
ução da experimentadora.
T
al
como no
procedimento
computadorizado,
as
sondas
de
exclusão
eram
inseridas
entre
as
tentativas
de
linha
de
base.
Nessas
tentativas,
quando
o
experimentar
dizia
uma
palavra
nova,
o
responder
por
exclusão
seria
indicado
pela
escolha de
um brinquedo para
o qual
a criança ainda
não tinha
um nome
– o
estímulo indenido (CAPIR
U, JA
TIR,
ou FULIT
O).
Depois de cada
tentativa
de
exclusão,
realizavam-se,
ainda
inseridas
entre
tentativas
de
linha
de
base,
tentativas
de
sondas
de
aprendizagem.
A
primeira
ocorria
após
a
seleção
de
CAPIR
U (uma
única tentativa)
e consistia
na r
eapresentação
do
objeto
anteriormente
relacionado
a
CAPIR
U,
uma
máscara
e
outros
dois
objetos
familiares.
Era
ditado
um
nome
completamente
novo,
DARGA
(Sonda T
ipo
1,
de
acordo
com
a
nomenclatura
da
F
igura
3).
Seleções
da
máscara
indicariam
a
aprendizagem
da
relação
entre
CAPIR
U
e
o
objeto
presente
na
tentativa
de
exclusão
(se
o
objeto
tivesse
sido
relacionado
a
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
288
CAPIR
U,
não
seria
relacionado
a
DAR
GA);
seleção
do
objeto
indenido
indicaria
controle
pela
novidade
deste
estímulo:
embora ele
tivesse
sido,
na
tentativa
anterior
,
apresentado
em
uma
sonda
de
exclusão,
o
par
ticipante
não teria
aprendido a
relação
entre a
palavra CAPIR
U e
aquele objeto
. N
o
segundo
teste
de
aprendizagem
(
T
ipo
2),
após
a
seleção
do
objeto
novo
condicionalmente à apresentação do modelo auditivo JA
TIR (tentativa de
exclusão), o objeto
era reapresentado junto a outro
totalmente novo, uma
máscara e um objeto denido
. O modelo auditivo era a
palavra indenida
SEVINA.
A
seleção
do
objeto
completamente
novo
(ou
a
rejeição
do
objeto
anteriormente
selecionado
após
a
palavra
“JA
TIR”)
indicaria
aprendizagem
dessa
relação.
A
última
sessão
repetia
o
modelo
indenido
“FULIT
O”
nas
duas
tentativas
de
teste,
de
exclusão
e
de
aprendizagem,
sendo
que
na
de
aprendizagem
estavam
dispostos
apenas
a
máscara,
um
objeto
totalmente
novo
e
objetos
familiares
(Sonda
T
ipo
3).
Escolhas
indicativas
de
aprendizagem
envolveriam
a
rejeição
do
objeto
totalmente
nov
o
e
dos
familiares
e
a
seleção
da
máscara,
uma
vez
que
“FULIT
O”
já
havia
sido r
elacionado
a um
objeto
que não
estava
presente
nesta
tentativa.
Os
resultados
desse
estudo
r
eplicaram
o
padrão
encontrado
nos
procedimentos
aplicados
pelo
computador
,
ou
seja,
todas
as
crianças
responderam
por ex
clusão, mas
somente uma mostrou
aprendizagem após
uma
única tentativ
a.
Os
autores
discutiram que
a situação
de
manipulação
e
brincadeira
com
os
objetos pode
não
ter
sido
suciente
para
estabelecer
aprendizagem
consistente
da
relação
nome-objeto
após
uma
única
tentativa de
exclusão
.
Eles propuseram investigar
os efeitos da
quantidade
de
tentativas
de
exclusão
necessárias
para
promover
a
aprendizagem
das
relações
condicionais,
uma
vez
que
uma
só
tentativa
não
foi
suciente,
pelo menos para a faixa etária dos participantes deste estudo.
Sondas de
aprendizagem por
exclusão: tipos
de
procedimentos e
medidas
T
endo em vista o impor
tante papel das sondas de aprendizagem,
as
F
iguras
1
a
5
resumem
os
diferentes procedimentos
empregados,
tanto
para
estabelecer
a
linha
de
base
sobre
a
qual
serão
conduzidas
as
sondas
de
exclusão
como
as
próprias
sondas
de
exclusão
e
os
diferentes
tipos
de
tentativas
para
medida
de
aprendizagem.
As
guras
também
ilustram
como os tipos de respostas a cada tipo de sonda podem ser interpretados.
C
S
:
B
C
E
E
289
A
F
igura
1
apresenta,
na
primeira
linha,
um
exemplo
de
uma
tentativa
de
linha
de
base
convencional,
com
relações
palavra-
gura
de
nidas
na
história
prévia
dos
participantes.
As
duas
linhas
seguintes
ilustram
o
uso
da
máscara
substituindo
ora
o
S+,
ora
o
S-
(
Wilkinson
&
M
cIlvane, 1997).
F
igura
1
-
Exemplo
de
tentativas
de
linha
de
base
auditivo-visuais
(palavra-
guras).
Os balões
representam
os modelos
auditivos
e
as
guras
representam as alternativ
a de escolha. A seta indica a resposta correta.
1. Linha de base convencional.
2.
Linha
de
base
com
máscara
(adaptada
de
Wilkinson
&McIlvane,
1997)
que
cobre
o
S+
em
metade
das
tentativas
(selecionar
a
máscara
é
a
resposta
correta)
e
um
dos
S-
na
outra
metade
(selecionar o S+ é a resposta correta).
Mod
elo(aud
itivo)
ESTÍM
ULOS
Com
paração
1
Com
paração
2
Com
paração
3
A.Te
ntativas
deLinh
adeba
se(CAC
HORRO
,BOLA
,CARR
O)
B.
T
entativ
asdelin
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r
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“Bola”
“Carro”
“Cachorro
o
”
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
290
N
a
F
igura
2
são
ilustradas
uma
tentativa
de
exclusão,
uma
tentativa
de
controle
pela
no
vidade
e
uma
tentativa
de
controle
pelo
modelo.
As
duas
tentativas
de
controle
são
impor
tantes
para
eliminar
outras
possibilidades
de
interpretação
para
a
seleção
da
gura
nova
na
tentativa
de
exclusão
.
Se
apenas
tentativas
de
exclusão
forem
apresentadas,
o
indivíduo
poderá
aprender
a
selecionar
sempre
a
gura
nova
da
matriz
quando uma palavra nov
a é ditada, independente da relação entr
e elas; ou
ele
pode
responder
sem
atentar
para
a
palavra
ditada
(o
que
transforma
a
tarefa
em
discriminação
simples
e,
portanto,
não
ensina
discriminações
condicionais).
P
or
esta
razão,
um
controle
importante
é
manter
entre
as
alternativas de escolha
a mesma gura
indenida apresentada na
tentativa
de
exclusão,
mas ditar
uma
palavra
denida.
A
escolha
da
gura indenida
indicaria
controle
pela
novidade
da
gura
e
não
pela
relação
entre
a
palavra
ditada
e
a
gura;
por
outro
lado,
a
seleção
da
gura
denida
correspondente
à
palavra
ditada
conrma
o
responder
sob
controle
da
relação
palavra-
gura,
mostrando
estabilidade
da
linha
de
base
e
permitindo
descar
tar
a
possibilidade
de
controle
por
novidade
na
sonda
de
exclusão
.
Igualmente
importante
é
ditar
uma
palavra
nova,
mas
dispor
,
como
alternativa
de
escolha,
apenas
guras
denidas
e
a
máscara.
A
escolha
(correta)
da
máscara
indica
atenção
ao
modelo
e
conrma
o
responder
por
exclusão
das
guras
denidas;
adicionalmente,
conrma
que
a
máscara
pode
ser
adequada como uma alternativa de escolha.
C
S
:
B
C
E
E
291
F
igura
2.
T
entativas
de
sonda
de
exclusão
e
de
controle
de
novidade.
A
seta
indica
responder
condizente com
os
controles:
por
exclusão,
e não
por
novidade,
e sob
controle
do modelo,
com rejeição
dos
estímulos
denidos.
As guras indenidas fazem parte do arquivo de D
ube e Hiris (1997).
A. T
entativa
de
sonda
de exclusão:
o
modelo
e um
dos
estímulos
de
comparação são
indenidos,
isto é o participante ainda não aprendeu esta relação nome-gura .
B. T
entativa
de controle
de
novidade para
o
estímulo
apresentado na
sonda
de
exclusão: a
mesma
gura
indenida
é
apresentada
entre
os
estímulos
de
comparação,
mas
o
modelo
é
uma
palavra
denida, que corresponde a um dos estímulos de comparação denidos.
C.
T
entativa
de
controle
pelo
modelo
indenido,
com
resposta
na
máscara:
responder
à
máscara
índica responder sob controle do modelo
e rearma o conrma o controle das relações de
linha de
base e o responder por rejeição dos estímulos denidos.
A.
TENT
A
TIV
A
DE EXCLUSÃO
“Xipite”
B.
TENT
A
TIV
A
DE CONTROLE DE NOVIDADE
“Carro
“Xede
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
292
A
vericação
da
aprendizagem
de
relações
pode
ser
feita
por
meio de tarefas de seleção (F
iguras 3 e 4) ou
pela nomeação dos estímulos
selecionados
nas tar
efas
de ex
clusão
(Figura
5).
As tar
efas
de seleção
variam
quanto
aos
tipos
de
arranjos,
denidos
por
congurações
particulares
quanto
aos
estímulos
modelo
indenidos
empregados
(o
mesmo
das
tentativas
de
exclusão
ou
uma
nov
a
gura)
e
às
guras
disponíveis
para
escolha.
Os
arranjos
apresentados
na
Figura
3
têm
sido
empregados
em
diferentes
estudos
(por
exemplo,
Costa
et
al.,
2001;
Domeniconi
et
al.,
2007;
Wilkinson
&
M
cIlvane,
1997).
A
Figura
4
ilustra
as
chamadas
tentativas
de discriminação
(Dixon,
1977; de
Rose
et
al.,
1989, 1996),
nas
quais o estímulo
modelo é um
dos estímulos indenidos
apresentados em
tentativas de ex
clusão, e a matriz de
comparações apresenta dois estímulos
indenidos (um como S+ e outro como S-) e a máscara. N
esse arranjo, na
ausência
de
estímulos
denidos,
a
base
para
responder
por
exclusão
não
está
presente
e
a
escolha
do
S+
indica
aprendizagem,
enquanto
a
escolha
do
S-
ou
da
máscara
indica
que
a
relação
que
está
sendo
testada
não
foi
aprendida.
C
S
:
B
C
E
E
293
TENT
A
TIV
AS DE APRENDIZAGEM
F
igu
ra
3.
Ex
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plo
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po
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H
ir
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(1
99
7).
T
ENTATIVAS
T
IPO
1
(modelo inde
nido diferente do apresentado na tentativa de exclusão – mesmo comparação
inde
nido)
O modelo é inde
nido, mas não foi previamente emparelhado ao estímulo “
novo
” apre-
sentado entre os comparações; este foi emparelhado a uma outra palavra na(s) sonda(s) de
exclusão; responder à máscara indica apr
endizagem XIPITE-inde
nido; responder à
gura
“
xipite” indica controle por no
vidade.
T
ENTATIVAS
T
IPO
2
(um modelo inde
nido diferente e dois comparações inde
nidos: o mesmo da tentativa de
exclusão e um inde
nido diferente)
N
ão
selecionar
a
gura
inde
nida
emparelhada
com
a
palavra
inde
nida
na(s)
tentativa(s)
de
exclusão
sugere
aprendizagem
da
relação.
Selecionar
a
gura
inde
nida
apresentada
pela
pri-
meira
vez,
pode
sugerir
aprendizagem
da
relação
prévia,
que
nesta
tentativa
seria
a
base
para
uma
no
va
escolha por
exclusão (
Wilkinson &
G
reeen, 1998).
Contudo,
a
escolha da
máscara
poderia
indicar
que
o
sujeito
“sabe
”
que
a
palavra
nova
não
corresponde
à
gura
inde
nida
apresentada
anteriormente,
mas
não
sabe
se
ela
corresponde
à
gura
inde
nida
apresentada
pela primeira vez nesta tentativa.
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294
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igura 3 - Continuação.
T
ENTATIVAS
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3
(mesmo modelo inde
nido apresentado na tentativa de exclusão –comparação inde
nido
diferente daquele)
O modelo é o mesmo apresentado na(s) tentativa(s) de ex
clusão, mas a
gura inde
nida
correspondente não se encontra disponível para escolha; a matriz de comparações apresenta
outro estímulo inde
nido (não emparelhado a qualquer palavra), um de
nido e a máscara.
N
este caso, a máscara “
cobre” o S+ e sua escolha indica apr
endizagem da relação entre a pala-
vra XIPITE e a mesma
gura da sonda de exclusão (V
er Figura 2).
T
ENTATIVAS
T
IPO
4
(o mesmo modelo da tentativa de exclusão, o mesmo comparação inde
nido e um estimulo
inde
nido diferente – não relacionado a qualquer palavra)
A
resposta
indicativa de
aprendizagem é
escolher o
mesmo estimulo
selecionado
na tentativ
a
de
exclusão
. Selecionar
o inde
nido diferente pode
ser interpretado
como controle pela
novidade.
Seleção da máscara também indica falta de aprendizagem da r
elação palavra XIPITE-
gura.
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E
295
F
igura
4.
A
valiação
de
aprendizagem
após
responder
por
exclusão:
T
entativas
de
discriminação.
As
relações
entre
palavras
e
guras
empregadas
nas
sondas
de
exclusão
são
testadas
sem
o
apoio
de
estimulos
de
nidos:
a
matriz
de
comparações
apresentada
lado
a
lado
dois
dos
estímulos
inde
nidos
e
a
máscara.
Selecionar
a
mesma
gura
diante
da
palavra
correspondente
apresentada
na
tentativa
de
exclusão
indica
aprendizagem;
selecionar
o
outro
estímulo inde
nido
ou
a
máscara,
indica
falta de
aprendizagem.
As
guras inde
nidas fazem parte do arquivo de Dube & H
iris (1997).
U
m
exame
mais
detalhado
dos
arranjos
da
F
igura
3
permite
identi
car
a
lógica
do
planejamento
experimental.
N
o
estudo
de
Costa
et
al.
(2001),
por
exemplo,
um
tipo
de
sonda
apresentava
um
estímulo
nov
o
como
modelo,
mas
a
matriz
de
escolhas
apresentava
o
estímulo
inde
nido
introduzido
na
sonda
precedente,
um
estímulo
de
nido
e
a
máscara (S
onda
T
ipo 1). N
este caso,
se a
relação
palavra-
gura
tivesse sido
aprendida
na
sonda
de
exclusão
precedente,
o
sujeito
deveria
ignorar
o
estímulo
inde
nido
recente
e
selecionar
a
máscara.
A
seleção
do
mesmo
F
i
g
u
r
a
4
.
A
v
a
l
i
a
ç
ã
o
d
e
a
p
r
e
n
d
i
z
a
g
e
m
a
p
ó
s
r
e
s
p
o
n
d
e
r
p
o
r
e
x
c
l
u
s
ã
o
:
T
e
n
t
a
t
i
v
a
s
d
e
“Sevina”
“Xipite”
“Capiru”
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
296
estímulo da sonda anterior na presença de um modelo auditiv
o nov
o seria
evidência
de
não
aprendizagem
da
relação
naquela
tentativa
de
exclusão.
Outro
tipo
de
sonda
apresenta,
como
modelo,
um
nome
novo
diferente
do
modelo
da
sonda
de
exclusão
.
Os
comparações
são
a
máscara,
o
estímulo
indenido
presente
na
tentativa
de
exclusão
e
um
indenido
novo
.
A
escolha
condizente com
aprendizagem seria
a seleção
do indenido
nov
o, uma
vez
que
o
modelo
também
é
nov
o;
se
a
relação
não
tivesse
sido
aprendida,
a
probabilidade
de
escolher
um
ou
outro
dos
estímulos
indenidos
deveria
ser
a
mesma.
N
a
sonda
T
ipo
3,
o
mesmo
modelo
indenido
da
sonda
de
exclusão é
reapr
esentado,
mas
a gura
correspondente
não se
encontra
disponível
na
matriz
de
escolhas;
antes,
apresenta
um
outr
o
estímulo
indenido,
um
denido
e
a
máscara.
A
escolha
da
máscara
e
a
rejeição
do
estímulo
denido
de
linha
de
base
e
do
outro
estímulo
novo
seriam
indícios
de
aprendizagem.
Responder
a este
último estímulo
indicaria falta
de
aprendizagem,
uma
vez
que
o
par
ticipante
estaria
relacionando
o
mesmo
nome,
previamente
relacionado
a
outra
gura,
à
gura
nova.
U
m
quarto
tipo
de
sonda
de
aprendizagem
consiste
em
apresentar
o
mesmo
modelo
da
tentativa
de
exclusão,
o
mesmo
comparação
indenido
e
um
estímulo
nov
o
diferente,
não
relacionado
a
qualquer
palavra.
A
resposta
indicativa
de
aprendizagem
é
escolher
o
mesmo
estímulo
selecionado
na
tentativa
de
exclusão
.
Selecionar
o
indenido
diferente
pode
ser
interpretado
como
controle
pela
novidade. Seleção
da
máscara
também
indica
falta
de
aprendizagem da relação palavra XIP
ITE-gura.
Outra maneira de inv
estigar a aprendizagem
é vericar se, diante
de
uma
gura
selecionada
em
sonda
de
exclusão,
a
criança
pode
dizer
o
nome
da
gura
(isto
é,
repetir
o
mesmo
nome
que
foi
ditado
como
modelo),
como
ilustra
a
F
igura
5.
Os
poucos
dados
disponíveis
sobre
este
tipo
de
sonda
indicam
que,
embora
uma
criança
geralmente
diga
um
nome,
sua
fala
na
maioria
das
vezes
não
corresponde
ou
corresponde
apenas
parcialmente
à
palavra-modelo.
Contudo,
falta
uma
exploração
sistemática
para
determinar
em
que
medida
a
nomeação
depende
de
variáveis,
como
o
nível
de
desenvolvimento
da
criança,
seu
repertório
de
entrada,
os tipos
de
estímulos
que deve
nomear
,
a
quantidade
de exposição
a tentativas de exclusão, a estabilidade da linha de base, entr
e outras.
C
S
:
B
C
E
E
297
F
igura
5
A
valiação
de
aprendizagem
após
tentativa(s)
de
excusão:
nomeação
das
guras
(isto
é,
dizer
a
palavra
correspondente).
As
guras
inde
nidas
fazem parte do arquivo de D
ube & Hiris (1997).
Os
dados
gerados
com
os
diferentes
tipos
de
sondas
de
aprendizagem
têm
sugerido
que,
pelo
menos
com
crianças
na
faixa
dos
2
aos
13
anos,
uma
única
tentativa
de
exclusão
não
é
su
ciente
para
a
aprendizagem
da
relação
palavra-
gura,
quando
se
toma
os
resultados
de
todas
as
sondas
em
conjunto.
Contudo,
sugerimos
cautela
na
interpretação
dos
resultados,
dada
a
grande
variabilidade
obser
vada
em
diferentes
estudos:
enquanto algumas crianças
mostram aprendizagem
nos diferentes tipos de
sondas,
outras apresentam
desempenho
compatível
com apr
endizagem
em
algumas sondas
e não
em outras, e
o padrão
de responder não
se distribui
uniformemente
nos
diferentes
tipos
de
sondas,
como
mostra
a
T
abela
1.
Esta
tabela apresenta a
distribuição de participantes
segundo suas respostas
aos
tipos de tentativas
de sonda de aprendizagem em
três estudos que relatam
esse
tipo
de
resultados.
P
odemos
veri
car
um
responder
uniformemente
mais
elevado
na
Sonda T
ipo
2,
em
comparação
com
os
outros
dois
tipos
de
sondas;
sua
con
guração
pode
permitir
o
responder
por
exclusão
pela
rejeição
de um
estímulo
que
também
era
inde
nido,
mas
que
pode
ter
se
1
“Qualéonome?”
“Qualéonome?”
“Qualéonome?”
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
298
tornado
denido
(isto
é,
a
relação
palavra
gura
foi
aprendida)
na
tentativa
de
exclusão.
Este
é
o
tipo
de
tentativa
sugerido
por
Wilkinson
e
Gr
een
(1998)
como
uma
alternativa
para
o
ensino
sucessivo
de
novas
relações
palavra-gura.
A
sonda
T
ipo 3
sugere
que menos
par
ticipantes
apresentam
aprendizagem.
Dada
a
sua conguração,
o
participante
pode
ter
aprendido
alguma
coisa sobr
e a
relação
palavra-gura,
mas a
relação
ainda
era
instável
(Wilkinson
&
G
reen,
1998):
o
nome
novo
ditado
pode
não
ter
sido
sucientemente
discriminado
como
diferente
do
anterior
,
ou
a
resposta
ca
sob controle apenas da gura
e não da palavra. A sonda T
ipo 1,
por outro
lado, tem gerado
resultados mais
variáveis: de
22, 9%, no estudo de
Costa
et al.
(2001),
a
67%, no
estudo de
Domeniconi et
al. (2007),
e é
preciso
investigar
melhor
possíveis
fontes
para
as
diferenças
entre
os
estudos,
por
exemplo,
a
idade
dos
participantes.
De
certo
modo,
as
sondas
Tipo
1
e
T
ipo
3
criam
ambiguidade ao
colocar
uma
palavra
nova
e
a
gura
anteriormente
excluída
(T
ipo
1)
ou
uma
gura
nova,
com
a
mesma
palavra
ditada
na
exclusão (T
ipo 3). A sonda
T
ipo 4 não foi avaliada na
amostra de estudos
apresentados
na
T
abela
1,
mas
também
requer
investigação
sistemática
sobre seu valor como medida
de aprendizagem. De modo geral,
a questão
da
avaliação
da
aprendizagem
após
exclusão
precisa
ser
aprimorada
para
que
possamos
entender
porque,
para um
mesmo participante,
alguns tipos
de sondas indicam, aprendizagem e outros não
.
T
abela
1.
P
orcentagem
de
P
articipantes
que
R
esponderam
de
Acordo
com
a
Pr
evisão
de
Aprendizagem,
nos
Diferentes
T
ipos
de
Sondas,
após
T
entativas de Ex
clusão.
Estudos
Sondas de Apr
endizagem
T
ipo 1
(%)
T
ipo 2
(%)
T
ipo 3
(%)
Wilkinson & M
cIlvane(1997)
50
87,5
25
Domeniconi et al. (2007)
67
66,7
33
Costa et al. (2010)
22,9
57
22,9
Ribeiro (2013)
28
75
36
C
S
:
B
C
E
E
299
R
ESPONDER
POR
EX
CLUSÃO
E
PROCEDIMENTO
DE
EX
CLUSÃO
:
A
INCORPORAÇÃO
DAS
CARACTERÍSTICAS
DE
UM
PROCESSO
BÁSICO
DE
APRENDIZAGEM
A
UM
PROCEDIMENTO
DE
ENSINO
EFICAZ
M
esmo
an
tes
de
e
stu
dos
sist
emá
tico
s
s
obr
e
a
quan
tid
ade
de
exp
osiç
ão
nec
es
sár
ia
pa
ra
a
apr
endi
zag
em
po
r
exc
lusã
o,
o
grup
o
do
ECC
E
pr
odu
ziu
uma
séri
e
de
est
udo
s
emp
re
gando
o
proc
edi
ment
o
de
ex
clu
são
(ap
res
ent
ar
um
est
ímu
lo
in
de
nido
en
tr
e
estí
mu
los
ex
per
iment
alme
nte
de
nido
s)
com
o
uma
estr
at
égi
a
para
ens
ina
r
disc
rimin
açõe
s
cond
ici
ona
is
ent
re
pala
vra
s
fala
das
e
pal
avr
as
imp
res
sas
e
aval
iar
a
aqu
isi
ção
de
leit
ura
(de
Ros
e
et
al.,
198
9,
199
6;
M
elch
ior
i
et
al.,
1992,
2000
).
Ess
e
conj
unt
o
de
e
stu
dos
fo
i
ori
en
tad
o
pe
lo
pa
rad
igma
de
equ
ival
ênc
ia
de
es
tím
ulos
(S
idma
n, 197
1, 1994
; Sid
man &
T
ailb
y
, 198
2) e pre
tendi
a
av
alia
r se no
va
s
re
laçõ
es
ent
re
estí
mul
os
e
a
nome
açã
o
dos
estím
ulos
pod
eriam
emer
gir
como
com
porta
men
to
s
no
vo
s,
não
dir
eta
mente
ensi
nad
os,
a
parti
r
do
ens
ino
da
lin
ha
de
bas
e
entr
e
pala
vras
fal
ada
s
e
gu
ras
e
entr
e
as
mesm
as
pal
avr
as
fal
adas
e a
s p
ala
vr
as i
mpr
ess
as
cor
resp
onden
tes.
N
ess
e ca
so, o
r
esp
onder
por
ex
clus
ão
não
era
o
obj
eto
de
inv
esti
gaç
ão:
ant
es,
o
proc
edi
ment
o
de
ex
clu
são
foi
empr
egad
o
para
pr
omo
ver
apre
ndiza
gem
sem
err
o
das
dis
cri
minaç
ões
con
dici
ona
is
a
parti
r
das
quai
s
se
pre
tendi
a
av
alia
r
a
eme
rgê
nc
ia
de
rep
ertór
ios
no
vos
(de
Sou
za
&
de
Ro
se,
2006
;
de
Sou
za,
d
e
R
ose
&
Dom
eni
coni
,
200
9;
de
Sou
za,
d
e R
ose,
F
ale
iros
et
al.
, 2
009
).
O
gr
upo
desenvolveu
o
programa
de
ensino
denominado
Apr
endendo
a
ler
e
a
escrever
em
pequenos
passos
,
que
tem
como
objetivo
ensinar
leitura
a
aprendiz
es
iniciantes
ou
que apresentam
diculdades
em
aprender
a
ler
com
outros
métodos.
O
programa
é
organizado
em
uma
série
de passos,
para
ensinar um
conjunto
relativamente
grande de
palavras
(o
suciente
para
gerar
leitura
generalizada).
P
ara
minimizar
a
ocorrência
de
erros,
o
programa
utiliza,
entre
outros
recursos,
o
procedimento
de
exclusão,
apresentando
os
estímulos
de
comparação
conhecidos
juntamente
com um
estímulo no
vo. Q
uando um
estímulo modelo
indenido (palavra
ditada)
é
apresentado
em
uma
tentativa
com
palavras
impressas
como
comparação,
os
participantes,
por
exclusão
dos
estímulos
conhecidos,
selecionam
o
estímulo
de
comparação
correto
(no
caso,
o
desconhecido),
sem treino pr
évio. O número
mínimo de tentativas de
exclusão com cada
par
de
estímulos
foi
denido
como
quatro,
com
base
na
noção
de
que
a
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
300
aprendizagem
requereria
pelo
menos
alguns
pareamentos
entre
cada
palavra
ditada nova e a
palavra impressa correspondente. Se ocorressem
erros nas
tentativas
de
exclusão,
o
bloco
de
tentativas
seria
repetido,
até
que
fosse
alcançado
o
critério
de
100%
de
acertos.
Isto
raramente
foi
necessário,
o
que
tem
conrmado,
com
centenas
de
participantes,
a
ocorrência
do
responder
por
exclusão,
mesmo
quando
os
estímulos
são
complexos,
como
palavras
ditadas
e
palavras
impressas.
Sondas
periódicas
(a
cada
duas
ou
mais sessões)
avaliavam
a
emergência
de compor
tamentos
no
vos,
ou
seja,
as
relações
entre
palavras
impressas
e
guras
e
o
comportamento
textual:
dizer
em
voz
alta,
com
correspondência
ponto
a
ponto,
os
sons
correspondentes
aos elementos
grácos
das palavras
impressas
(cf.
Skinner
,
1957).
O
critério para
avançar para
novos passos
no programa
era 100%
de
acurácia
no
comportamento
textual
das
palavras
ensinadas.
Quando
a
porcentagem
era
menor
que
100%,
voltava-se
ao
ensino
das
discriminações
condicionais,
e os
dados têm
mostrado que
muitas crianças
só aprenderam
sucientemente
as
relações
depois
de
várias
repetições
dos
blocos
de
exclusão
(e.g.,
de
Rose
et
al.,
1996,
p.
460,
F
igura
1)
e,
portanto,
depois
de
8,
12
ou
mais
tentativas
de
exclusão.
Em
resumo,
o
procedimento
de
exclusão
promov
e
o
responder
acurado,
mas
a
aprendizagem
das
relações
entre os estímulos requer a exposição r
epetida ao procedimento.
A
eciência
do
responder
por
exclusão
como
procedimento
de
ensino
foi
investigada
empiricamente,
por
comparação
ao
procedimento
de
ensino
de
discriminações
condicionais
por
ensaio
e
erro
(Ferrari
et
al.,
1993,
2008).
N
o
primeiro
estudo,
conduzido
com
sete
crianças
que
apresentavam
problemas
de
aprendizagem
escolar
,
F
errari
et
al.
(1993)
avaliaram a
efetividade do
ensino por
exclusão e
do ensino
por seleção
no
estabelecimento
de
relações
condicionais
auditivo-visuais.
Cada
criança
foi
exposta a condições de
ensino por exclusão e por seleção, alternadamente,
duas
vezes
cada
uma.
F
oram
utilizados
estímulos
abstratos:
formas
e
pseudopalavras
ditadas.
T
odas
as
crianças
responderam
corretamente
em
todas
as
tentativas
de
exclusão,
enquanto
no
procedimento
por
seleção
ocorreram
muitos
erros,
indicando
que
o
procedimento
de
exclusão
foi
signicativamente
mais
efetivo.
Além
disso,
as
crianças
apresentaram
respostas
de
nomeação
dos
estímulos
visuais
e
responderam
com
maior
precisão
nos
testes
de
vericação
do
estabelecimento
de
discriminações
C
S
:
B
C
E
E
301
condicionais
após
o
ensino
por
exclusão
.
N
o
segundo
estudo,
par
ticiparam
duas
adolescentes
com
deciência
intelectual.
Embora
os
índices
de
acertos
nas
sondas
de
aprendizagem
tenham
sido
mais
baixos
e
variáveis
do
que
os
obtidos
por
crianças
com
desenvolvimento
típico,
eles
foram
substancialmente
maiores
do
que
o
esperado
pelo
acaso
e
indicaram
ligeira
superioridade
do
procedimento
de
exclusão,
em
comparação
com
o
procedimento
por
seleção.
Embora
ainda
requeiram
replicação
e
novas
explorações
paramétricas,
os
resultados
dos
diferentes
estudos
sugerem
que
o
procedimento
de
exclusão,
que
usa
um
estímulo
denido
como
dica
ou
prompt
para
ensinar
uma
relação
entre
um
modelo
indenido
e
um
estímulo
de
comparação
também
indenido,
além
de
ensinar
as
relações
sem
erro,
tem
um
enorme
potencial
para
favorecer
a
ocorrência
de
repertórios
emergentes,
derivados
da
aprendizagem
de
discriminações
condicionais
(F
errari
et
al.,
2008).
Esses
dois
estudos
apontaram
que,
além
da
quantidade
de
exposições
a
tentativas
de
exclusão
para
aprender
uma
r
elação
entre
estímulos,
outra
variável
potencialmente
relevante
é
o
número
de
relações
ensinadas
simultaneamente.
Enquanto
crianças
com
desenvolvimento
típico
têm
mostrado
aprendizagem
de
três
a
quatro
relações
ensinadas
concorrentemente
(e.g.,
de
Rose
et
al.,
1989,
1996;
de
Souza,
de
Rose,
F
aleiros
et
al.,
2009),
os
par
ticipantes
com
deciência
intelectual,
no
estudo
de
Ferrari
et
al.
(2008),
podem
ter
apresentado escores de
aprendizagem mais
baixos devido
àquele
fator
. No
estudo
de
Melchiori
et
al.
(2000),
com
a
mesma
população,
foi
preciso
ensinar
uma
relação
por
vez,
e
quando
isto
foi
feito,
os
resultados
nais
dos
participantes
com
décit
intelectual
foram
tão
acurados
quanto
os
de
outras
populações.
Esses
resultados
conrmaram
os
de
Wilkinson
e
G
reen (1998),
que investigaram o
efeito de
se ensinar
muitas relações por
vez
(procedimento
convencional
de
exclusão
com
ensino
simultâneo
de
relações),
versus
ensinar
uma
relação
por
vez,
em
um
procedimento
de
exclusão modicado, denominado condição
de exposição sucessiva. Neste
procedimento, uma
primeira r
elação palavra no
va-gura nov
a era
denida
em
tentativas
de
exclusão
na
primeira
sessão;
em
seguida,
a
nova
relação
era empregada como base para
a exclusão para uma segunda relação nova.
De
modo geral,
a
aprendizagem
de
relações novas foi
maior
para
o
grupo
na condição de exposição sucessiva.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
302
I
MPLICAÇÕES
FUTURAS
Os
estudos
realizados
pelo
ECCE
têm
contribuído
com
o
estudo
do
r
esponder
e
da
aprendizagem
por
ex
clusão,
conrmando
e
estendendo
os
resultados
de
estudos
realizados
por
outros
grupos
de
pesquisa.
O
responder
por
exclusão
ocorreu
na
grande
maioria
dos
arranjos
experimentais
empregados,
mostrando-se
um
processo
comportamental
básico
e
robusto,
sob
adequados
arranjos
experimentais.
O
responder
por
exclusão
parece independer
da
modalidade
de
estímulos
utilizada,
do
arranjo
de
tentativas
de
linha
de
base
e
de
características
especícas
dos
participantes,
sempre
que
o procedimento
usa um
estímulo denido
como
dica
ou
prompt
para
ensinar
uma
relação
entre
um
modelo
indenido
e
um
estímulo
de
comparação
também
indenido,
isto
é,
para
ensinar
relações
arbitrárias
novas.
Os
dados
evidenciam
a
importância
de
se
compreender
esse
padrão
de
responder
,
que
pode
ser
uma
das
bases
da
aquisição
de
vocabulário
.
Identicar
e descr
ever
as variáv
eis
que
afetam
o
responder
por
exclusão
pode
fundamentar
cienticamente
a
proposição
de
procedimentos
de
ensino
de
relações
condicionais
simbólicas,
baseados
em
exclusão,
e
r
epresentar
uma
relevante
contribuição
cientíca
e
social
visando
o
ensino
ecaz
e
econômico
de
compor
tamentos
simbólicos
extremamente
importantes,
como: a
linguagem,
a leitura,
a
matemática, categorias,
uma
segunda língua, conceitos dos mais simples (ex.: cor
, forma, tamanho) aos
mais complexos, sintaxe, entr
e outros.
A
aquisição
e
compreensão
de
relações
do
tipo
substantivo
e
verbo,
por
exemplo,
não
são
apresentadas
prontamente
por
pessoas
que
apresentam
atraso
no
desenvolvimento
e,
portanto,
o
delineamento
de
procedimentos de remediação de linguagem que utilizam o procedimento
de
ex
clusão
poderá
trazer
ganhos,
tanto
para
a
intervenção
sobre
a
linguagem quanto para uma melhor compreensão
das variáveis envolvidas
na função simbólica.
Apesar
das
diversas
vertentes
de
investigação
sobre
o
responder
por
exclusão,
lacunas
ainda
precisam
ser
esclarecidas
empiricamente,
dentre
as
quais:
estabelecer
os
limites
do
responder
por
exclusão
e
as
condições necessárias
e sucientes
para a
sua ocorrência; as
condições que
desfavorecem
o
responder
por
exclusão
e/ou
a
aprendizagem;
a
estabilidade
de
relações
novas
aprendidas
por
exclusão
e
seu
papel
em
procedimentos
C
S
:
B
C
E
E
303
de
ensino,
especialmente
com
par
ticipantes
com
limitado
repertório
verbal.
T
ratamento
mais
sistemático
precisa
ser
dado
aos
diferentes
tipos
de
sondas
de
aprendizagem,
para
v
ericar
sua
validade
como
medida
de
aprendizagem,
o
que
requer
tanto
a
condução
de
novos
estudos
para
ampliar
os
dados
disponíveis
para
análise
quanto
um
levantamento
e
reanálise
dos dados
já
registrados
na literatura.
A
relação
entre
a
ocorrência
do
responder
por
exclusão
e
a
formação
ou
não
de
classes
simbólicas
também
é
um
desao, considerando
o ensino
de populações
pouco
verbais
ou mesmo não humanas.
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309
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uCional
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ostalli
Deisy das G
r
aças de Souza
C
ontrolar
o
compor
tamento
de
indivíduos
por
meio
de
instruções
é
a
mais
ampla
função
da
linguagem
(Catania,
1999).
Somos
capazes
de
nos
comportar
de
forma
adequada
em
situações
pelas
quais
nunca
passamos,
realizamos
ações
que
terão
consequências
apenas
em
longo
prazo
e
podemos
tirar
prov
eito
de
conhecimentos
produzidos
por
nossos
antepassados, porque
nosso comportamento
se modica
em
função
de
certas
descrições
verbais
de
contingências,
chamadas
de
instruções
(Skinner
, 1969, 1984).
U
m
dos
grandes
desaos
no
estudo
do
controle
instrucional
tem
sido
compreender
os
processos
envolvidos
na
apr
endizagem
e
na
manutenção do compor
tamento instruído. Ao longo das
últimas décadas,
muitas
pesquisas
empíricas
têm
sido
conduzidas
com
o
objetivo
de
elucidar
os
efeitos,
tanto
de
variáveis
de
contexto,
quanto
de
consequências
programadas
para
a
manutenção
ou
não
do
seguimento
de
instr
uções
ou
regras.
A
compreensão
das
instruções
pelo
ouvinte,
no
entanto,
tem
sido
muito
pouco
explorada,
razão
pela
qual
são
relativamente
menos
conhecidas
as
variáveis
envolvidas
no
controle
exercido
pelos
elementos
constituintes
das
instr
uções
sobre
o
desempenho
de
quem
as
segue.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
310
P
esquisas
recentes
têm
sido
direcionadas
pela
noção
de
que
a
formação
de classes de equiv
alência pode ser um pr
ocesso subjacente à compreensão
de
palavras
e,
por
extensão,
à
compreensão
de
instr
uções.
Contudo,
por
ser uma questão ainda recente, sua investigação requer o desenvolvimento
de
soluções
metodológicas
para
identicar
e
testar
as
variáveis
relevantes
para
a
aprendizagem
do
signicado
de
palavras
e,
de
forma
mais
ampla,
de
enunciados
e
instruções.
Outra
questão
relevante
é
a
que
diz
respeito
à
relação
entre
compreender
e
seguir
uma
instr
ução:
compreender
nem
sempre
signica
que
a
instr
ução
será
seguida,
ao
passo
que,
sob
certas
circunstâncias,
mesmo
sem
ser
compreendida,
uma
instr
ução
pode
ocasionar
cer
tos
compor
tamentos
(tentativas
de
seguimento).
Em
ambos
os
casos, o comportamento
nal resulta de uma interação entre antecedentes
(as instruções) e as consequências do comportamento.
O pr
esente capítulo
tem por
objetivo
apresentar e
discutir alguns
estudos
em
que
investigamos
o
papel
da
formação
de
nov
as
classes
no
seguimento
de
instr
uções
compostas
por
estímulos
incluídos
nas
classes.
Conduzidos
com
crianças
pré-escolares
capazes
de
seguir
instr
uções
simples,
esses
estudos
tiveram
por
objetivo
investigar
se
as
crianças:
(a)
aprenderiam
discriminações
condicionais
entre
as
palavras
empregadas
em
instr
uções
e
outros
estímulos
(pseudopalavras,
guras
–
denidas
ou
indenidas
–,
lmes
de
ações
e
objetos);
(b)
formariam
classes
de
equivalência
entre
os
estímulos
a
partir
das
discriminações
condicionais
aprendidas;
(c)
passariam
a
seguir
instr
uções
a
partir
de
estímulos
“instrucionais
”
novos,
relacionados
por
equivalência
à
classe
de
estímulos
com
controle
instr
ucional
prévio
(palavras ditadas).
A
NÁLISE
COMPORTAMENTAL
DO
SEGUIMENTO
DE
INSTRUÇÕES
O
estudo
sobre
controle
instrucional
é
um
dos
muitos
aspectos
de
um
tema
mais
geral
-
o
compor
tamento
verbal
-
denido
por
Skinner
(1957)
como
um
compor
tamento
operante
que
é
“
reforçado
pela
mediação
de
outra
pessoa
”
(p.
16),
um
ouvinte,
que
“
deve
responder
de
uma
forma
previamente
condicionada,
precisamente
com
o
m
de
reforçar
o
comportamento
do
falante
”
(p.
268).
A
análise
do
comportamento
verbal,
como
a
de
qualquer
outro
operante,
é
feita
com
base
na
tríplice
C
S
:
B
C
E
E
31
1
contingência
(antecedentes,
r
espostas
e
consequências);
por
tanto,
uma
mesma
palavra
falada
ou
escrita
pode
estar
envolvida
em
diferentes
relações
de
contingência,
congurando
diferentes
operantes
verbais,
ainda
que
a
resposta verbal tenha a mesma topograa (de R
ose, 1994).
N
a
den
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(195
7)
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J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
312
A.
Situação antecedente
S
D
Classe de respostas
(R
D
)
Consequências
Instrução
Seguir a instrução
a) Reforçadores sociais
e/ou
b) Consequência natural d
o
comportamento
B.
Situação antecedente
S
D
Classe de respostas
(R
D
)
Consequências
Classe de estímulos equivalentes:
Instrução e eventos ambientais
(“referentes” da instrução)
Seguir a instrução
a) Reforçadores sociais
e/ou
b) Consequência natural d
o
comportamento
F
igura
1.
Diagramas
representativos
do
comportamento
instruído.
A.
Instrução
como
estímulo
discriminativo
em
uma
contingência
de
três
termos.
B.
Instrução
como
membro
de
uma
classe
de
estímulos
discriminativos na contingência de três termos.
S
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(1
96
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)
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P
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vantagens, o
controle
por
instruções é
uma
prática
social
amplamente empregada em diferentes culturas, constituindo componente
substancial
em
práticas
educativ
as
(par
entais
e/ou
acadêmicas),
o
que
resulta
no
estabelecimento
e
na
manutenção
de
práticas
e
de
condutas
importantes para
a sobr
evivência da
cultura (Andery
, M
icheletto, &
Sério,
2005).
Em
função
disso,
seu
estudo
em
ambientes
naturais
e
em
ambientes
C
S
:
B
C
E
E
313
controlados
pode
trazer
contribuições
signicativas
para
a
compreensão
e
o aprimoramento de tais práticas.
P
ESQUISA
EMPÍRICA
SOBRE
CONTROLE
INSTRUCIONAL
De
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nto
in
stru
cio
nal
apr
esen
tar
am
as
re
spo
stas
de
esq
uiv
a
re
queri
das
pel
o
pro
ced
ime
nto,
apen
as
met
ade
dos
que
for
am
dir
eta
mente
exp
os
tos
às
co
nti
ngênc
ias
de
fu
ga
e
esq
uiv
a
apre
sent
ou
o
mes
mo
de
sem
penho
.
Ana
lisa
ndo
os
res
ult
ados
,
por
ém,
os
auto
re
s
enfa
tiz
aram
as
dife
re
nças
e
sem
elha
nça
s en
tr
e os d
ese
mpe
nhos d
e hum
ano
s e i
nfra-
huma
nos
nes
se tip
o
de
expe
rim
ent
o,
sem
uma
aná
lis
e
mai
s
amp
la
sobr
e
o
pos
síve
l
pap
el
das
ins
truçõ
es
no
es
tab
eleci
mento
do
des
emp
enho
dos
part
ic
ipa
nte
s.
Outros
tipos
de
trabalhos
foram
impor
tantes
para
o
desenvolvimento
de
estudos
sobre
controle
instr
ucional,
ainda
que
não
se
r
eferissem
diretamente a
ele. Uma extensa
produção de
pesquisas sobre
o
desempenho
humano
sob
diferentes
esquemas
de
reforço,
mostrou
resultados
variáveis:
enquanto
alguns
conseguiam
reproduzir
,
com
crianças
pequenas,
desempenhos
muito
similares
aos
de
animais
não
humanos
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
314
(e.g.,
Bentall,
Lowe,
&
Beatsy
,
1985;
Lowe,
Beatsy
,
&
Bentall,
1983;
W
eisberg
&
F
ink,
1966),
outros
documentavam
diferenças
marcantes
no
desempenho de
humanos adultos
(e.g., Lo
we,
Harzem,
& B
agshaw
,
1978;
W
einer
,
1964,
1969,
1970a,
1970b). T
ais
diferenças
eram
atribuídas,
em
geral,
à
inuência
de
fatores
não
controlados
nos
experimentos,
como
a
história
prévia
dos participantes
(que era
inacessível
aos experimentadores)
ou
ao
poderoso
controle
discriminativo
exercido
pelo
compor
tamento
verbal sobre os
desempenhos estudados.
N
o
entanto, podemos
considerar
que,
mesmo
com
essa
produção
de
dados
e
discussões
em
estudos
que
empregavam
instruções,
até
meados
da
década
de
1970,
os
avanços
conceituais
ou
empíricos
sobre
controle
instrucional
foram
discretos
(Hayes et al., 1989).
A
partir
do
nal
da
década
de
1970,
surgiu
um
interesse
crescente
no
comportamento verbal
em geral
e, também,
no estudo
sobre o
controle
instrucional.
De
modo
geral,
o
foco
nas
investigações
experimentais
voltou-se
para a
compreensão
do
tipo
de controle
exercido
pelas instruções
e
para
o
estudo
das
variáveis
responsáv
eis
pela
manutenção
ou
pelo
abandono
do
seguimento
de
instr
uções
(Albuquerque,
Matos,
de
Souza,
&
P
aracampo,
2003;
Albuquerque,
Reis,
&
P
aracampo,
2006;
Baron,
&
Galizio,
1983;
Catania,
Matthews,
&
Shimo,
1982,
1990;
Catania,
Shimo, & Matthews,
1989; Chase,
& Danforth,
1991; DeG
randpre, &
Buskist, 1991;
D
ixon &
Hayes, 1998; Galizio,
1979; Hayes, Brownstein,
Zettle,
Rosenfarb
& K
orn, 1986;
Jo
yce
&
Chase,
1990; LeF
rançois, Chase
& J
oy
ce, 1988; Lowe, 1979; P
aracampo, &
Albuquerque, 2004; Shimo,
Catania, & Matthews, 1981;
T
orgr
ud, & H
olborn, 1990).
N
a
análise
conceitual
da
função
exercida
pelas
instruções
sobre
o
desempenho,
a
hipótese
discriminativa,
defendida
por
autores
como
Skinner
(1969)
e
Cer
utti
(1989),
passou
a
ser
questionada
por
outros
pesquisadores,
como B
lakely e Schlinger
(1987) e
Schlinger (1990,
1993).
Estes
últimos
defendiam
que
instruções
seriam
mais
apr
opriadamente
descritas
como
estímulos
que
alteram
a
função
de
outros
estímulos
que,
por
sua
vez,
exercem
controle
direto
sobre
o
compor
tamento
.
U
ma
posição
mais
coerente
com
as
possibilidades
de
multideterminação
do
comportamento
defende
que
as
instruções
podem
exercer
múltiplas
funções
-
discriminativa,
alteradora
de
função
ou
estabelecedora,
a
depender
das
contingências
em
C
S
:
B
C
E
E
315
vigor
,
das
quais
as
instr
uções
fazem
parte (Albuquer
que,
2001, 2005).
Esse
ainda é um tema a ser explorado mais detidamente na área.
1.
Schmidt (2004)
FORMAÇÃO DE CLASSES CONTROLE INSTRUCIONAL
Objetos Verbos
Sentenças
_________________________________
_______________________________
_____
2.
Postalli et al. (2013); Postalli (2007)
Sentenças (Verbos ou Verbos + Objetos)
FORMAÇÃO DE CLASSES CONTROLE INSTRUCIONAL
3. Um operante instruído:
a instrução como membro de uma cla
sse de estímulos
equivalentes
A
B
C
D
E
X
-A
- B
- C
X
A
B
C
A
B
C
X
F
igura
2.
Diagramas representativ
os das
fases de
ensino e
testes nos estudos
que
investigaram
relações entr
e formação de
classes e
controle instrucional (A
daptada
de de
Souza, P
ostalli, &
Schmidt, 2013,
com permissão
do European J
ournal of
Behavior
Analysis).
Linhas
cheias
indicam
relações
ensinadas;
linhas
tracejadas
indicam
relações
avaliadas.
Retângulos
indicam
estímulos,
círculos
indicam
respostas e
triângulo indica classe
de estímulos. Letras maiúsculas r
epresentam os
conjuntos
de
estímulos
empregados
nos
diferentes
procedimentos,
com
exceção
de
X, que
representa
a classe
de
respostas
instruída.
O
número
1
indica os
estudos
realizados
por
Schmidt
(2004),
que
empregou
verbos
e
objetos.
O
número
2
indica
os
estudos
de
P
ostalli,
que
empregaram
como
estímulos
verbos
(2003,
2004),
pseudoverbos
e
pseudofrases
(2007).
O
número
3
apresenta
a
relação
triângulo (ABC) - Classe de respostas X,
que representa o operante
instruído sob
controle da classe como um todo, o principal resultado desses estudos.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
316
Do
mesmo
modo,
o
que
se
considerou
como
uma
possível
insensibilidade
do
compor
tamento
instr
uído
a
mudanças
nas
contingências,
em
uma
fase
inicial
de
investigação
(M
atthews,
Shimo,
Catania,
&
Sagvolden,
1977;
Shimo
et
al.,
1981),
mostrou-se,
com
a
ampliação
na
base
empírica,
como
uma
faixa
ao
longo
de
um
contínuo
de
graus
de
resistência
à
mudança
(N
evin,
1974),
como
função
de
um
amplo
conjunto
de variáveis.
Ao
estudar
a
manutenção ou
não
do seguimento
de
instr
uções,
as
pesquisas
tendiam
a
enfatizar
dois
aspectos:
a
história
dos
par
ticipantes
e
o
papel
das
consequências
programadas
para
o
compor
tamento
instruído
(Matos,
2001).
De
modo
geral,
esses
estudos
tinham
como
participantes
preferenciais
adultos,
em
sua
maioria
estudantes
universitários.
Os
participantes
eram
expostos
a
arranjos
experimentais
nos
quais
deveriam
desempenhar
tarefas
simples,
como pr
essionar chav
es,
botões
ou alav
ancas,
ou arranjar estímulos em sequência, e tais r
espostas eram consequenciadas
de
acordo
com
esquemas
de
reforçamento
diversos.
O
ensino
dessas
tarefas,
em
geral,
era
instruído
e
a
maior
parte
dos
estudos
buscava
estudar
os
efeitos
das
instruções,
correspondentes
ou
não
às
contingências
de
reforçamento
em vigor
, sobre
o desempenho dos participantes, especialmente
quando as
contingências
eram
manipuladas
e
se
modicavam
sem
que
as
instruções
fossem
alteradas
ou
vice-versa
.
As
manipulações
criavam
histórias
experimentais de correspondência ou
não entre instruções e contingências
de
r
eforçamento,
permitindo
vericar
os
efeitos
dessas
histórias
sobre
um
desempenho
posterior
.
N
esses
casos,
era
estudada
a
sensibilidade
do
desempenho
às
mudanças
das
contingências
(e.g.,
Albuquerque,
Matos,
de
Souza,
&
P
aracampo,
2004;
Shimo
et
al.,
1981;
Shimo,
Matthews,
&
Catania,1986).
Em
um
dos
primeiros
estudos
nessa
linha
de
investigação
(Shimo
et
al.,1981),
estudantes
universitários
par
ticipavam
de
um
experimento no qual pressões a uma chave de telégrafo produziam pontos
(trocáveis
por
dinheiro)
sob
esquemas
de
inter
valo
randômico
e
de
razão
randômica (contingências que
favor
ecem
diferentes padrões de responder
,
respectivamente,
em taxas
baixas e
em
taxas altas).
O r
esponder
diferencial
foi
estabelecido
por
modelagem
com
alguns
estudantes
e
por
instr
uções
escritas
com
outros
par
ticipantes.
Depois
de
estabelecida
a
linha
de
base,
as
contingências
para
responder
em
taxa
baixa
foram
suspensas,
de
modo
C
S
:
B
C
E
E
317
que
os estudantes
não ganhariam
pontos adicionais
quando o
esquema em
vigor
era
de
intervalo
randômico,
mas
poderiam
produzir
mais
pontos
caso
o esquema fosse o de
razão randômica. De modo geral, obser
vou-se que o
responder em taxa
baixa estabelecido por modelagem
mudava, ajustando-
se
às
contingências
em
vigor
,
mas
o
responder
instruído
continuava
inalterado, a despeito do contato com as nov
as contingências.
Os
desempenhos
que
não
se
ajustavam
às
mudanças
nas
contingências
em
vigor
podiam
ter
como
consequência:
uma
redução
na
taxa
de
reforçamento
(e.g.,
Shimo
et
al.,
1981);
a
perda
de
reforçadores
(e.g.,
Galizio,
1979);
ou
a
produção
de
consequências
aversivas
(e.g.,
P
aracampo, Albuquerque, F
arias, Carvalló, & Pinto, 2007).
Os
dados
produzidos
por
esses
trabalhos
apontam
para
as
seguintes
conclusões
gerais
a
respeito
das
variáveis
responsáveis
pela
manutenção
ou
não
do
seguimento
de
instr
uções
(Albuquerque
&
P
aracampo,
2010;
P
aracampo & Albuquerque, 2005):
1.
A
correspondência
entre
as
instruções
e
as
demais
contingências
em
vigor
é
um
fator
preponderante
na
manutenção
do
comportamento
instruído.
N
o
entanto,
o
desempenho
instr
uído
pode não
se
modicar
,
apesar
das
mudanças
nas
consequências
ou
nos
requisitos
para
a
resposta
ser
reforçada,
caso
o
compor
tamento
não
entre
em
contato
com
a
discrepância
entre
a
instr
ução
e
os
demais
componentes
da
contingência.
2.
U
ma
história
prévia
de
correspondência
entre
seguimento
de
instr
uções
e
demais
componentes
das
contingências
pode
exercer
uma
for
te
inuência no desempenho
subsequente dos indivíduos,
ainda que esse
desempenho ocorra
em uma circunstância de
discrepância instruções/
consequências.
Quanto
mais
longa
for
esta
história,
maior
é
a
sua
inuência.
3.
O
compor
tamento
instr
uído
também
tende
a
ser
mantido
quando,
em
uma
situação
de
discrepância
com
as
demais
contingências
em
vigor
,
simplesmente
deixar
de
ser
reforçado
(extinção)
ou
passar
a
produzir
menor
fr
equência
de
reforçadores.
N
o
entanto,
o
comportamento
instruído
tende
a
ser
abandonado
quando
tem
como
consequência
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
318
a
perda
de
reforçadores
ou
a
produção
de
consequências
aversivas
(punição).
4.
M
esmo
quando
o
seguimento
produz
reforçamento,
a
densidade
relativa
de
reforço
para
o
seguimento
em
relação
a
outros
comportamentos
alternativos
pode
determinar
se
o
seguimento
será
ou
não
mantido
(N
e
wman, Bungton, & H
emmes, 1995).
5.
Instruções
formuladas
pelo
próprio
indivíduo
a
partir
da
experiência
com
as
contingências
(modeladas)
tendem
a
manter
o
seguimento,
mais do que instruções apresentadas por um falante.
A
COMPREENSÃO
DO
ENUNCIADO
DE
UMA
INSTRUÇÃO
As
pesquisas
descritas
no
tópico
anterior
buscavam
identicar
e
descrever
as
condições
sob
as
quais
os
indivíduos
se
engajam
ou
não
em
comportamentos
descritos
por
instruções
e
têm
sido
conduzidas
majoritariamente com universitários, portanto, indivíduos cujo repertório
de
seguir
instruções
se
encontra
bem
estabelecido
por
uma
longa
história
pré-experimental
(ver
,
também,
a
importante
contribuição
de
estudos
conduzidos
com
crianças,
com
os
mesmos
objetivos,
como:
P
aracampo,
de
Souza,
Matos,
&
Albuquerque,
2001;
P
aracampo
et
al.,
2007;
Prado,
2009;
S
antos,
P
aracampo,
&
Albuquerque,
2004;
V
eiga,
Schmidt,
&
Biscouto, 2012).
N
o
entanto,
para
que
seja
seguida,
uma
instr
ução
precisa
ser
compreendida.
Esta
questão
envolve
não
apenas
o
controle
instrucional,
mas
o
compor
tamento
verbal
de
forma
mais
ampla:
qual
é
o
processo
pelo
qual
palavras
exercem
controle
sobre
o
compor
tamento
(verbal
ou
não) dos
indivíduos? Quando
uma pessoa,
diante de
uma série de
objetos
(livros, computador
, mesa, caneta) pega um livro diante da instrução “P
or
favor
,
pegue
o
livro
de
capa
verde
”,
de
que
forma
as
diferentes
palavras
que compõem a
instrução exercem controle sobre suas ações (pegar
, e não
empurrar
ou
afastar)
e
dirigem
o
seu
compor
tamento
para
um
estímulo
especíco
(um
livro
em
particular
e
não
qualquer
livro,
nem
a
caneta
ou
o
computador)?
Dito
de
forma
mais
geral:
como
as
palavras
de
uma
instrução
são
compreendidas
(adquirem
signicado)?
Esta
é
uma
questão
C
S
:
B
C
E
E
319
central
envolvida
na
análise
do
comportamento
de
seguir
instruções.
Outra
questão é
como, uma
vez “
compreendida
”, uma instrução passa
(ou não)
a
exercer contr
ole sobre o comportamento do ouvinte.
De
acordo
com
alguns
autores
(de
Rose,
1993;
Sidman,
1971,
1994),
a
compreensão
e
o
uso
da
linguagem
(assim
como
outros
fenômenos
humanos
complexos,
como
o
pensar),
estão
estreitamente
relacionados
com a capacidade de agr
upar estímulos (palavras, objetos, eventos ou suas
propriedades)
em
classes,
o
que
resultaria
na
formação
de
conceitos
e
em
comportamento simbólico.
O
estudo
do
processo
de
formação
de
classes
de
equivalência
de
estímulos tem se
mostrado viável para o
estudo de fenômenos
simbólicos,
como
a
linguagem
(de
Rose,
1993;
Sidman,
1994;
Wilkinson
&
M
cIlvane,
1997),
incluindo o
estudo
da compr
eensão
de palavras
(faladas
ou escritas)
ou
de
gestos
e,
consequentemente,
de
seu
signicado. As
palavras
-
como
eventos
socialmente
inventados
e
arbitrariamente
relacionados
a
aspectos
do
mundo
-
podem
fazer
parte
de
classes
de
estímulos
equiv
alentes,
juntamente
com
seus
diferentes
referentes
no
mundo
(objetos,
eventos,
relações
entre
objetos
ou
eventos,
propriedades
de
objetos,
ações,
quantidades).
Desse
modo,
se
um
evento
exerce
função
discriminativa
sobre um comportamento, uma palavra relacionada a ele por equivalência
poderia adquirir
a mesma função,
sem aprendizagem discriminativa
direta
anterior
.
Essa
suposição
abre
caminho
para
o
estudo
de
importantes
questões
relacionadas
à
emissão
e
à
compreensão
do
comportamento
verbal (de Rose, 1993).
Estudos
sobre
formação
de
classes
têm
empregado
uma
preparação
experimental
padrão
que
consiste
em
estabelecer
discriminações
condicionais
entre
conjuntos
de
estímulos
(fase
de
estabelecimento
de
linha
de
base)
1
e
vericar
se,
a
partir
das
relações
diretamente
ensinadas,
emergem
outras
relações
entre
os
mesmos
estímulos,
não
diretamente
ensinadas,
mas
derivadas
por
reexividade,
simetria
e
transitividade
(de
Rose,
1993;
Sidman,
1994;
Sidman
&
T
ailby
,
1982).
A
linha
de
base
pode
envolver
discriminações
entre
estímulos
percebidos
em
uma
mesma
modalidade
1
A
linha
de
base
também
pode
ser
estabelecida
por
discriminações
simples
relacionadas,
mas
foge
ao
escopo
deste
texto
detalhar os
procedimentos,
descritos
na literatura
de contr
ole de
estímulos (S
idman,
1994;
V
aughan,
1988, entre outros)
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
320
sensorial
ou
em
diferentes
modalidades.
P
ara
controlar
a
história
pré-
experimental
dos
participantes,
os
estudos
simulam
experimentalmente
a
aquisição
de
comportamento
simbólico
empregando
estímulos
abstratos
(que
se
supõem
despro
vidos
de
signicado).
Esses
estudos
têm
permitido
a
repetida
conrmação
dos
resultados
básicos
sobre
a
formação
de
classes
e sua progressiv
a extensão a problemas mais complexos (Sidman, 1994).
Em
estudos
envolvendo
discriminações
auditivo-visuais,
os
estímulos
auditivos
empregados
são,
em
geral,
palavras
sem
sentido
relacionadas
a
guras
(formas
indenidas
ou
desenhos),
simulando
relações
como
as
que
caracterizam
a
nomeação
de objetos
ou
eventos
(substantivos)
e
envolvidas
no
tato
(Skinner
,
1957).
A
compreensão
de
linguagem,
no
entanto,
envolve
muitos
outros
tipos
de
relações
entre
classes
de
palavras
e
seus
referentes:
além
de
nomes
(substantivos),
as
palavras
também
podem
se
referir
a
estados
e
ações
(verbos),
a
qualicadores
(adjetivos),
a
dimensões
temporais
ou
espaciais
dos
eventos,
a
comparações
entre
objetos
ou
eventos.
P
or
essa
razão,
a
base
empírica
sobre
a
formação
de
classes
pode
ser
substancialmente
ampliada
se
as
r
elações
condicionais
forem
estendidas
para
a
simulação
de
relações
com
outras
classes
de
palavras
e,
principalmente, para sentenças completas.
E
XTENSÃO
DO
PARADIGMA
DE
EQUIVALÊNCIA
A
SENTENÇAS
E
INSTRUÇÕES
Esta
seção
relata
uma
série
de
estudos
que
buscaram
construir
a
base
empírica
para
estender
o
paradigma
de
equivalência
à
compreensão
dos
processos
envolvidos
na
determinação
do
comportamento
instr
uído
(P
ostalli,
2003,
2007;
P
ostalli,
Nakachima,
Schmidt,
&
de
Souza,
2013;
Schmidt, 2004; Schmidt, de Souza, & M
atos, 2002).
1.
A
MPLIAÇÃO
DE
CLASSES
ENV
OLV
ENDO
AÇÕES
OU
OBJETOS
E
SEUS
RESPECTIV
OS
NOMES
,
PELA
INCLUSÃO
DE
FIGURAS
ABSTRATAS
NAS
CLASSES
O
primeiro
estudo
que
investigou
a
aquisição
de
palavras
relacionadas
a
ações
via
formação
de
classes
de
estímulos
equivalentes
foi
desenvolvido
em
um
contexto
de
pesquisa
que
visava
investigar
a
compreensão
e
o
seguimento
de
instruções
(Schmidt,
2004;
Schmidt
et
C
S
:
B
C
E
E
321
al.,
2002). A
questão
principal do
estudo
era
se, como
no
caso de
nomes,
o
paradigma
de
equivalência
poderia
elucidar
a
aprendizagem
de
relações
entre
verbos
e
as
ações
correspondentes
(por
convenção
da
comunidade
verbal)
e
se,
uma
vez
aprendidas,
estas
relações
entre
estímulos
(a
palavra
e
a
ação)
poderiam,
como
uma
classe,
par
ticipar
de
diferentes
relações
de
controle
sobre
o
compor
tamento
de
falante
(por
exemplo,
na
nomeação
ou no
tato de
uma ação) ou
de ouvinte
(por ex
emplo, na
execução
de uma
ação verbal ou não verbal sob controle da palavra falada que a designa).
A
investigação
da
formação
de
classes
de
equivalência
entre
verbos
e
seus
referentes
e
entre
substantivos
e
seus
referentes
começou
pelo estabelecimento
de uma linha
de base de
discriminações condicionais
ensinadas pelo
procedimento de emparelhamento com
o modelo,
em que
cada
modelo
era
uma
palavra
ditada
–
nomes
de
objetos
ou
nomes
de
ações
que
supostamente
faziam
parte
do
repertório
da
criança
–
e
os
estímulos
de
comparação
eram
guras
convencionais
e
guras
abstratas.
De
acordo
com
convenções
dessa
área,
os
estímulos
eram
organizados
em
conjuntos
e as relações entr
e conjuntos foram indicadas por um par de letras em que
a
primeira
se
refere
ao
conjunto
dos
estímulos
modelo
e
a
segunda,
ao
conjunto de
estímulos de comparação
. N
o ensino de
relações condicionais
nome-objeto,
substantivos
ditados
eram
os
estímulos
do
Conjunto
A,
fotos
dos
objetos
compunham
o
Conjunto
B,
e
as
guras
abstratas
per
tenciam
ao
Conjunto
C;
as
relações
ensinadas
foram,
portanto,
AB
e
AC.
No ensino
de
relações
condicionais
palavra-ação,
os
estímulos
do
Conjunto
D
eram
verbos
ditados,
os
do
Conjunto
E
eram
fotos
de
um
adulto
realizando
os
gestos,
e
os
do
Conjunto
F
eram
guras
abstratas;
as
relações
ensinadas
foram
DE
e
DF
.
Os
substantivos
empregados
eram
bola
,
carro
e
telefone
e
os
verbos
eram
aponte
,
empurr
e
e
pegue
. N
o
procedimento de emparelhamento com
o
modelo,
eram
inicialmente ensinadas,
com o
auxílio de
um
computador
,
as
discriminações
condicionais
entre
substantivos
ditados
e
guras
correspondentes
(AB)
e
entre
os
mesmos
substantivos
e
guras
abstratas
(AC);
em
seguida,
era
testada
a
formação
de
classes
(relações
BC
e
CB).
Após
esse
teste
de
formação
de
classes,
eram
ensinadas
as
discriminações
condicionais
DE
e
DF
,
entre
verbos
ditados
e
guras
representativas
do
gesto e entre os mesmos verbos e guras abstratas, respectivamente.
T
estes
de
equivalência
EF
e
FE
vericavam
a
formação
de
classes.
N
esse
estudo,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
322
a
primeira
pergunta
era
se as
crianças
formariam
classes
e
se
os
resultados
seriam
equivalentes
para
nomes
e
verbos.
A
segunda
pergunta
era
se
a
formação
de
classes
sustentaria
o
seguimento
das
guras
abstratas
(que
teriam
sido
relacionadas
por
equivalência
às
fotos
de
gestos)
como
se
elas
fossem
estímulos
instrucionais
novos
(isto
é,
se
as
guras
abstratas
teriam
adquirido
os
“
signicados
”
das
palavras
a
elas
relacionadas, e
se
poderiam
ocasionar
os
compor
tamentos
de
executar
as
ações
sobre
os
objetos).
F
oram
realizados
dois
experimentos.
Do
primeiro,
participaram
oito
crianças
entre
três
e
quatro
anos.
Inicialmente,
os
participantes
realizaram
um
pré-teste
de
controle
instr
ucional
que
avaliava
o
efeito
de
diferentes
tipos
de
instr
uções:
instruções
simples,
compostas
por
um
verbo
e
por
um
objeto,
apresentadas
oralmente;
instruções
mistas,
compostas
por
uma
gura
e
uma
palavra
ditada – uma para
o verbo e outra para o
objeto; e instruções
“
pictóricas
”,
compostas por duas
guras – uma
para o v
erbo e outra
para o objeto
. Esse
teste
era
conduzido
com
objetos
tridimensionais.
T
odos
os
participantes
seguiram
a
maioria
das
instruções
orais,
mas
não
seguiram
corretamente
os componentes
pictóricos das
instruções mistas
e “
pictóricas
”. Depois
do
pré-teste, foram estabelecidas, por tar
efas apresentadas em computador
, as
linhas
de
base
(AB
e
AC
e
DE
e
DF)
e
conduzidos
os
testes
de
formação
de
classes
descritos.
Os
resultados
estão
resumidos
na T
abela
1.
T
odos
os
participantes
aprenderam
as
discriminações
condicionais.
Quatro
dos
oito
participantes
apresentaram
formação
de
classes
de
equivalência
que
incluíam
os
objetos
(cada
classe
envolvendo
um
nome,
uma
foto
e
uma
gura
abstrata)
e
as
ações
(cada
classe
envolvendo
um
verbo,
uma
foto
e
uma
gura
abstrata).
Os
oito
participantes
foram
expostos
novamente ao
teste
de
controle
instr
ucional
com objetos
tridimensionais
(pós-teste)
e todos
os
participantes
seguiram
as
instr
uções
orais,
mas,
diante
de instruções
mistas
e
“
pictóricas
”,
apenas
uma criança,
dentre as
que
haviam
formado classes,
seguiu
corretamente
todas
as
instr
uções
apresentadas;
seis
par
ticipantes
selecionaram
corretamente
os
objetos
indicados
nas
instruções,
mas
não
desempenharam acuradamente as ações indicadas; e uma participante não
executou as ações, nem selecionou os objetos.
C
S
:
B
C
E
E
323
T
ab
ela
1-
Re
sum
o
dos
res
ulta
dos
dos
est
udo
s
sobr
e
re
laç
õe
s
entr
e
equi
va
lên
cia
e
seg
ui
men
to
de
inst
ruç
ões
:
N
úmer
o
de
part
ici
pan
tes,
faix
a
etá
ria
e
por
cent
ag
em
de
suc
es
so
na
aqu
isiçã
o
de
dis
crimi
naçõ
es
con
dic
iona
is
(LB
),
na
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açã
o
de
cla
sse
s
(EQ
)
e
no
segu
ime
nto
d
e
inst
ruçõe
s
orai
s
e
pict
óri
cas
(P
ublic
ada
em
de
de S
ouza
et
al
., 2
013
; r
eimp
res
sa
com
auto
riza
ção
).
Estudos
Participantes
(N)
Idade
(anos)
Taxa de sucesso N (%)
LB
EQ
Instruções orais
(sentença)
Instruções pictóricas
(sentença)
Verbo
objeto
verbo
Objeto
Schmidt (2004)
–
Exp. 2
4
3 a 4
4 (100)
4 (100)
4 (100)
4 (100)
2 (50)
2 (50)
1 (25)
Postalli (2003)
15
3 a 4
15 (100)
15 (100)
15 (100)
-
3 (20)
a
-
8 (53,3)
b
Postalli (2007)
–
Estudo 1
4
4 a 5
4 (100)
4 (100)
3 (75)
-
3 (75)
-
Postalli (2007)
–
Estudo 2
6
5 a 6
6 (100)
6 (100)
4 (66,7)
4 (66,7)
4 (66,7)
4 (66,7)
a
Participantes que apresentaram
100% de respostas consistentes diante das
três figuras testadas.
b
Participantes que apresentaram
100% de respostas consistentes diante de uma fig
ura (três crianças) ou de duas figuras (c
inco crianças).
Em
um
segu
ndo
exper
imen
to,
empr
egou-
se,
em
lug
ar
das
foto
s
(Co
njun
to
B),
lm
es
de
uma
pess
oa
ex
ecuta
ndo
as
ações
cor
resp
onden
tes
aos
ver
bos
dita
dos
.
P
arti
ci
par
am
quatr
o
crian
ças,
com
i
dade
s
entr
e
trê
s
e
qua
tr
o
ano
s.
N
o
p
ré-
tes
te
de
cont
ro
le
inst
ruci
onal,
to
das
a
s
cr
ianç
as
seg
uira
m
a
ma
ior
ia
das inst
ruçõ
es
orai
s,
mas
não
as
in
str
uçõ
es “
pict
óri
cas
”.
T
odas
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ram c
las
ses
de equ
ival
ên
cia
(ta
nto BC
/CB q
uan
to E
F/FE)
e no
pós
-tes
te
segui
ram
as
inst
ruç
ões
orai
s,
mas
apen
as
duas
segu
iram
corr
eta
e
com
plet
ame
nte
tod
as
as
inst
ruç
ões
“
pic
tóric
as
”.
U
ma
part
icipa
nte
sele
cio
nou
cor
ret
ame
nte
os obje
tos
, mas não
ex
ecut
ou as açõe
s,
e um part
ici
pan
te
nã
o
ex
ecut
ou
as
açõe
s
e
nem
sel
ecion
ou
os
obje
to
s
indi
cados
pela
s
ins
tru
çõe
s
“
pic
tóri
cas
”.
P
orta
nto
o
fato
de
os
par
tic
ipa
ntes
form
ar
em
clas
ses
pode
ser
tom
ado
com
o
evi
dên
cia
de
qu
e
apr
ende
ram
a
rel
aci
ona
r
as
pa
lav
ra
s
às
gu
ra
s
abs
trat
as,
e esta
s aos
obje
tos ou às
açõe
s,
cuja
rel
açã
o
c
om as
pala
vra
s
e
sta
va
pr
esen
te
no
re
pert
ório
dos
parti
cip
an
tes
.
Cont
udo,
a
clas
se
nem
semp
re
ex
erce
u
cont
role
ins
truci
ona
l,
o
que
suge
re
inde
pen
dênc
ia
fun
cio
nal
entr
e
os memb
ro
s
da
cla
sse
(cada
cl
ass
e
co
ns
tit
uíd
a
por uma
pa
lavr
a
fa
lad
a, uma
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ra
corr
espo
nde
nte
e
uma
gura
abst
rat
a)
no
que
conc
ern
e
à
rel
açã
o
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
324
con
trol
e estí
mul
o
ins
truci
ona
l
ver
sus
co
mp
orta
me
nto
de
se
guir
a inst
rução
,
uma
vez
que
as
palav
ras
con
tr
ola
va
m
o
segui
ment
o
de
inst
ruç
ões
,
mas
as
gu
ras
abs
tra
tas n
em s
emp
re
ex
er
cer
am
este
tipo
de
co
ntro
le.
Alguns
autores
argumentam
que
pode
haver
algumas
diferenças
na
aprendizagem
de
verbos
e
substantivos.
Segundo
Gentner
(1978),
os
substantivos
são
mais
concretos
em
conteúdo
que
os
verbos,
enquanto
os
signicados
dos
verbos
dependem
mais
de
concepções
abstratas.
N
o
entanto,
não
basta
analisar
as
classes
de
forma
isolada
da
função
.
Estudos
têm
evidenciado
que,
diferentemente
de
comunidades
ocidentais
onde
os
nomes
são
aprendidos
primeiro
(Bornstein
et
al.,
2004;
T
ardif
,
Shatz,
&
Naigles,
1997),
em
comunidades
chinesas
e
coreanas
os
verbos
são
aprendidos primeiro
(T
onietto,
V
illavicencio,
Siqueira, P
arente,
&
S
perb,
2008).
Essas
ocorrências
estão
prov
avelmente
relacionadas
às
práticas
maternas
da
linguagem
(
T
ardif
,
1996).
P
or
isso
é
importante
estender
as
descobertas sobr
e
equivalência
de
estímulos
para
outras classes
de palavras,
para frases e, até mesmo, parágrafos (Schmidt, 2004).
U
m
estudo
que
mostrou
diferenças
na
aprendizagem
de
verbos
e
substantivos,
focalizando
diretamente
a
função
de
controle
instrucional
(sem
empregar
o
paradigma
de
equivalência),
foi
realizado
por
Striefel
e
W
etherby
(1973).
N
esse
estudo,
um
garoto
com
deciência
mental
foi
ensinado
a
seguir
instr
uções
por
reforço
diferencial,
isto
é,
quando
uma
instrução
era
apresentada
e
o
compor
tamento
emitido
correspondia
à
instr
ução,
o
comportamento
era
reforçado;
mas
se
o
participante
não
respondesse
ou se
zesse outra
coisa, o
reforço era
omitido e
o participante
recebia
ajuda
em
graus
variados, até
apresentar
uma
resposta
que
pudesse
ser
reforçada.
Quando
a
aquisição
do
seguimento
de
instruções
foi
analisada
segundo
os
componentes das
instr
uções,
vericou-se
que
a
maior
ocorrência
de
erros
incidia
nas
ações,
mais
do
que
nos
objetos
aos
quais
deveriam
ser
direcionadas,
ou
seja,
o
par
ticipante
fazia
alguma
ação
em
relação
ao
objeto
mencionado
na
instrução,
mas
a
ação
realizada
não
estava
sob
controle
da
instr
ução
.
P
ortanto,
os
resultados
do
estudo
de
Schmidt
e
colaboradores
(Schmidt,
2004;
Schmidt
et
al.,
2002),
que
ensinaram
o
“
signicado
”
das
palavras
antes
de
empregá-las
em
instr
uções,
replicaram
os resultados de S
triefel e W
etherby (1973). Essa diferença nos resultados
em
função
dos
tipos
ou
categorias
de
eventos
e
palavras
(objetos
versus
ações
C
S
:
B
C
E
E
325
e
nomes
versus
verbos) sugeriu
a
necessidade de
um
estudo sistemático
da
aquisição
de r
elações de
equivalência
para verbos
apenas, para
uma melhor
compreensão das condições sob as quais essa aquisição ocorre.
2.
A
MPLIAÇÃO
DE
CLASSES
ENV
OLV
ENDO
AÇÕES
E
SEUS
RESPECTIV
OS
NOMES
,
PELA
INCLUSÃO
DE
FIGURAS
ABSTRATAS
NAS
CLASSES
Estudos
sobre
este
tópico
(P
ostalli,
2003;
P
ostalli
et
al.,
2013)
demonstraram
que
crianças
com
idades
entre
três
e
quatro
anos
aprenderam
discriminações
condicionais
e
formaram
classes
de
equivalência
quando
um
dos elementos
de cada
classe era
um verbo
intransitivo e
os outr
os dois
membros
eram
um
lme
em
videoteipe
das
ações
correspondentes
e
uma
gura
abstrata.
Os
verbos
empregados
eram
bater
palmas
,
piscar
e
acenar
.
Diante
de cada
tipo de
estímulo da
classe (palavra
ditada, lme
mostrando
uma
ação
executada
por
uma
pessoa
e
gura
abstrata),
os
participantes
seguiram
as
instruções
orais
(palavras
ditadas)
e
reproduziram
ações
lmadas
(imitação),
tanto
no
pré-
quanto
no
pós-teste;
mas,
diante
das
guras abstratas,
o “
seguimento
” apresentou
variabilidade, mesmo
no pós-
teste:
três
das
15
crianças
apresentaram
100%
de
respostas
consistentes
diante
das
três
guras;
5
crianças
apresentaram
100%
de
respostas
consistentes
diante
de
2
guras;
3
crianças
apresentaram
100%
de
respostas
consistentes
diante de
uma das
guras
e
parcialmente nas
2
demais
guras;
uma apresentou
desempenho consistente
diante
de uma
gura e
apenas
3
crianças
apresentaram
desempenho
incipiente.
Os
resultados
permitiram
especular
que
parte
da
variabilidade
poderia
estar
relacionada
à
história
pré-experimental dos
par
ticipantes, uma
vez
que
as
crianças
poderiam
ter
diferentes graus de familiaridade com os verbos empr
egados.
F
ORMAÇÃO
DE
CLASSES
:
PSEUDOPALAVRAS
E
PSEUDOFRASES
Os
dois
estudos
prévios
investigaram
a
expansão
de
classes,
a
partir
de
relações
envolvendo
palavras
que
faziam
parte
do
repertório
inicial das crianças; o principal dado
de interesse era se
o estímulo nov
o (a
gura
abstrata)
incluído
na
classe
passaria
a
exercer
controle
instr
ucional
(função
exercida
anteriormente
pelas
palavras,
como
indicado
nos
pré-
testes).
Apenas
algumas
crianças
apresentaram
seguimento
de
instrução
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
326
pela
gura.
Esse
dado
permite
dizer
que
o
processo
pode
ocorrer
,
mas
a
variabilidade
entre
os
participantes
e
a
ausência
do
controle
instr
ucional
para
a
maioria
mostraram
a
importância
de
se
investigar
melhor
as
condições necessárias para o controle da referida v
ariabilidade.
U
m
primeiro
passo,
em
consonância
com
estudos
da
área
(e.g.,
Sidman
&
T
ailby
,
1982),
foi
r
ealizar
um
novo
estudo
com
estímulos
auditivos
desprovidos
de
signicado
e
vericar
se
eles
adquiririam
controle
instr
ucional
quando
inseridos
em
classes
de
equivalência
com
outros
estímulos
também
não
familiares,
como
ações
não
convencionais
apresentadas em
lmes e
guras abstratas
(P
ostalli,
2007). Cada
conjunto
de
estímulos
(pseudopalavras,
ações
ou
guras)
era
composto
por
três
elementos
e
as
tarefas
de
ensino
eram
controladas
por
computador
.
As
pseudopalavras
na
forma
de
verbos
no
innitivo
eram
mupar
,
voquer
e
zabir
e
as
ações
eram
gestos
estereotipados
(videoteipes),
para
os
quais
não
se
esperavam
nomeações
consistentes
na
comunidade
verbal
dos
participantes. As
quatro
crianças com
idades entre
4 e 5
anos participantes
do
estudo
aprenderam
as
discriminações
condicionais
e
formaram
classes
de
equivalência,
relacionando,
sem
ensino
direto,
as
palavras,
as
guras
indenidas
e
as
ações.
F
oram
conduzidos
testes
de
seguimento
de
instruções
antes
da
fase
de
ensino
(pré-teste),
depois
do
ensino
das
discriminações
condicionais
(teste
intermediário)
e
depois
da
formação
de
classes
de
estímulos
equivalentes
(pós-teste).
Os
resultados
do
teste
intermediário
mostraram
que
o
ensino
das
discriminações
condicionais
favor
eceu
o
seguimento
das
instruções
orais
(pseudopalavras),
mas
não
foi
suciente
para o seguimento
das “instruções
” pictóricas. I
sto é, cada
palavra (
mupar
,
voquer
e
zabir
)
passou
a
exercer
controle
discriminativo
preciso
para
a
execução,
pela
criança, da
ação que
havia sido
relacionada
à mesma
palavra
durante
a tarefa
de
emparelhamento com
o
modelo. P
orém,
quando uma
das
guras
era
apresentada,
as
crianças
não
emitiram
respostas
de
execução.
A
observação
do
desempenho
dos
par
ticipantes
nessas
tentativas
mostrou
que
elas
tendiam
a
dizer
“
não
sei”
(balançando
a
cabeça),
apontavam
a
gura
na
tela
do
computador
ou
permaneciam
inativas.
Após
a
formação
de
classes,
no
entanto,
ocorreu
transferência
precisa
de
controle
instrucional
também
para
as
guras
abstratas.
Esses
resultados
sugeriram
que,
sob
condições
apropriadas,
as
classes
de
equivalência,
quando
formadas,
C
S
:
B
C
E
E
327
sustentam
o
seguimento
sistemático
de
instruções
orais,
assim
como
das
guras
que “
representam
” as
palavras,
e
podem ser
uma
rota
possível para
a origem da compreensão e do seguimento de instruções.
Encontradas
as
condições
que
permitiram
levar
à
formação
de
classes e
ao controle instrucional,
seria possível vericar se
essas condições
eliminariam
as
diferenças
encontradas
para verbos
e
objetos
no
estudo
de
Schmidt
(2004).
O
estudo
com
pseudoverbos
foi
então
replicado
com
pseudofrases
(verbo
e
objeto),
com
crianças
ligeiramente
mais
velhas
que
as
do
estudo
anterior
(5
e
6
anos);
os
verbos
eram
pseudopalavras,
as
ações
eram
não
convencionais
(sem
nome
em
português)
e
os
objetos,
construídos
de
sucata,
também
tinham
pouca
probabilidade
de
serem
nomeados
com
palavras
da
língua
(P
ostalli,
2007).
Diferentemente
do
estudo
de
Schmidt,
o
estímulo
ditado
era
a
frase
inteira
(e
não
somente
o verbo
ou o
objeto); cada
videoteipe apresentava uma
pessoa executando
uma ação com um dos objetos; e as guras eram estímulos compostos por
dois
elementos, um
representando a
ação
e
outro representando o
objeto.
F
oram
ensinadas
as relações
AB
e AC,
enquanto a
formação
de classes
foi
avaliada
para
as
relações
BC
e
CB.
Os
resultados
dos
seis
participantes
replicaram os
do estudo
anterior (ver T
abela
1),
mostrando aprendizagem
das
discriminações
condicionais
e
formação
de
classes
de
equivalência
entre
pseudofrases
ditadas, lmes
em
videoteipe
e guras
abstratas.
Quatro
dos seis
participantes mostraram
também seguimento
das instruções
orais
e
apresentaram
esse
mesmo
compor
tamento
quando
o
antecedente
era
a
gura abstrata composta, equivalente à frase
ditada. P
ortanto,
na ausência
de
uma
história
prévia
com
os
estímulos,
não
ocorreram
diferenças
entre
verbos
e
nomes
de
objetos,
nem
na
aquisição
das
discriminações
condicionais, nem nos testes de controle instrucional.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
O
obje
tiv
o
ger
al
des
te
cap
ítu
lo
foi
apr
ese
nta
r
pesq
uisa
s
rea
liz
ada
s
com
cria
nça
s
pr
é-
esc
ola
res que
bu
sca
ram
rel
aci
onar con
tr
ole
po
r inst
ruçõ
es
e
equi
va
lên
ci
a
de
est
ímu
los.
De
mod
o
gera
l,
os
res
ult
ad
os
dos
est
udo
s
mos
trar
am
que
a fo
rmaçã
o de
c
lass
es
pode
p
erm
itir
q
ue
pala
vra
s e
sent
enç
as
ori
gina
lme
nte
“
des
con
hec
idas
”
adqui
ram
sign
icad
o,
o
que
fav
ore
ce
que
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
328
ela
s
func
ionem
co
mo
ins
truç
ão;
most
rar
am
tam
bém
que
gu
ras
abs
tr
ata
s
inc
luíd
as nas
clas
ses
pod
em ex
erc
er efe
itos si
mil
ar
es aos das
ins
tru
çõe
s ora
is
no
con
trol
e
do
comp
ort
ame
nt
o
.
P
or
ém,
a
aq
uis
içã
o
do
sig
ni
ca
do
nem
sem
pre
é
suc
ien
te.
Em
ou
tras
pa
lavra
s,
sob
as
cond
içõe
s
dos
estu
dos
aqu
i
apr
ese
nta
dos
,
sem
o
sign
ica
do,
as
cr
ian
ça
s
não
pode
riam
seg
ui
r
as
in
str
uçõ
es
e,
par
a
est
a n
alid
ade
,
a fo
rmaçã
o d
e
cla
sses
de
equi
va
lên
cia
se
ria
o
re
quis
ito
fun
dame
nta
l;
no
enta
nto
,
uma
vez
ad
qui
rid
o
o
sign
ica
do,
o
seg
uimen
to
de
ins
tru
çõe
s
depe
ndia
de
sua
s
var
iáv
eis
de
con
tr
ole
(S
kinn
er
,
195
7)
e,
pos
sive
lm
ent
e,
de v
ari
ávei
s d
e co
nte
xto
(S
pini
llo
& Ca
rrah
er
,
198
9).
Além
de
questões
gerais
sobre
o
controle
por
instruções
que
ainda
demandam
investimento
em
pesquisa
-
como
o
tipo
de
função
exercida
pelos
estímulos
instr
ucionais
no
controle
do
compor
tamento
governado
por
regras
ou
o
papel
das
consequências
programadas
na
manutenção
ou
não desse
compor
tamento
- o
estudo da apr
endizagem da compr
eensão de
instruções
pelo
ouvinte
é
um
tema
de
grande
interesse
e
requer
signicativos
esforços
em
sua
investigação.
Os
estudos
resumidos
neste
texto
representam
uma
abordagem
ao
estudo
do
signicado
de
instruções,
que
pode
e
deve
ser
ampliada
e
renada
em
termos
metodológicos
e
conceituais.
A
investigação
das
origens
do
controle
instrucional
com
crianças
pequenas
pode
contribuir
para
a
elucidação
dos
processos
que
sustentam
essa
importante
classe
de
comportamentos.
Descrever
esses
processos
e
ter
controle
de
variáveis
relevantes
para o seu
desenvolvimento têm
implicações importantes
para a
promoção
do desenvolvimento
infantil, especialmente
do comportamento
verbal, e na prevenção de deciências (H
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em P
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do
seguimento
de
instr
uções:
o
papel
da
formação de
classes de
equivalência
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Programa
de P
ós-
G
raduação
em
Educação
Especial,
U
niversidade
Federal
de
São
Carlos,
São
Carlos, SP
, Brasil.
P
ostalli,
L.
M.
M.,
Nakachima,
R.,
Schmidt,
A.,
&
de
Souza,
D.
G.
(2013)
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Controle
instrucional
e
classes
de estímulos
equivalentes
que
incluem
verbos
e ações.
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rítica
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, 136-150.
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a regr
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descritivas sobre o
comportamento escolar de crianças
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ós-
G
raduação
em
T
eoria
e
P
esquisa
do
Comportamento,
U
niversidade
F
ederal
do P
ará, Belém, Brasil.
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São
P
aulo,
São
P
aulo,
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C
S
:
B
C
E
E
333
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comparison
analysis
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children.
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sycholog
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,
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335
r
eper
tório
S
r
udiment
areS
de
l
eitura
via
e
quiv
alênCia
de
e
Stímulo
S
e
r
eCombin
ação
de
u
nid
adeS
v
erbaiS
m
ínimaS
1 2
Maria A
melia Matos
Alessandr
a Lopes A
vanzi
William J. McI
lvane
R
elatamos
um
estudo
com
16
crianças
brasileiras
de
baixo
status
socioeconômico,
que
procurou
estabelecer
um
repertório
de
relações
envolvendo
palavras
ditadas,
palavras
impressas
e
as
guras
correspondentes.
As
crianças
foram
ensinadas
a:
(1)
na
presença
de
palavras
ditadas,
selecionar
as
guras
correspondentes;
(2)
na
presença
de
sílabas,
apresentadas
tanto
no
formato
visual
quanto
no
auditivo,
selecionar
palavras
que contivessem a sílaba
correspondente na posição inicial
ou nal; (3) na
presença de
palavras ditadas como
modelo, construir as palavras
impressas
correspondentes
por
meio
do
arranjo
de
seus
componentes
silábicos;
(4)
na
presença
de
palavras
impressas
como
modelo,
construir
palavras
impressas
idênticas
por
meio do
arranjo
de
suas
sílabas constituintes.
Após
o ensino
dos dois
primeiros tipos de
tarefas, as crianças
foram submetidas
1
N
ota dos
orga
niza
dor
es: Este
liv
ro
nã
o
pode
ria
deixa
r
de
in
clui
r
um
tr
abal
ho
de Maria
Ameli
a
Ma
tos,
que
foi
uma das
mais imp
ortan
tes int
egra
ntes
do ECCE até
seu falec
imen
to, em 200
5. P
or este
motiv
o, incl
uímo
s neste
vol
ume
uma
trad
ução
de
u
m
de
seus
t
raba
lhos
m
ais
relev
ant
es
para
o
pr
ograma
de
p
esqu
isa
do E
CCE.
O
traba
lho
foi
public
ado
em
e
A
nal
ysis
of
V
erbal
B
ehav
ior
(2006,
vo
lume
2
2,
pági
nas
3-19)
e
teve
su
a t
rad
ução
e
publica
ção
nest
e
vol
ume
autori
zada
p
ela
Associ
atio
n
for
Behav
ior
Analys
is
Inter
nati
onal
®
(pub
lish
er),
d
eten
tora
d
o c
opyr
ight
.
2
T
radução da Dra. Mariélle D
iniz Cortez, Departamento de Psicologia/UFSCar
, São Carlos, SP
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
336
a
testes
das
relações
potencialmente
emergentes
envolvendo
palavras
impressas
e
guras:
quase
todas
apresentaram
relações
consistentes
com
a
equivalência
de
estímulos;
apresentaram
também
desempenhos
emergentes
de
nomeação
–
não
apenas
com
as
palavras
ensinadas,
mas
também
com
palavras
novas
que
eram
recombinações
das
sílabas
que
compunham
as
palavras
ensinadas.
O
presente
trabalho
foi
inspirado
no
paradigma
de
equivalência
de
estímulos,
proposto
por
Sidman,
e
na
análise
funcional das
relações
verbais,
de
Skinner
,
particularmente
quando
aplicada
aos
conceitos
de
unidades
compor
tamentais
mínimas
e
criatividade
(i.e.,
exibilidade
comportamental) nas unidades de análise aplicadas às relações verbais.
P
alavras-chav
e:
leitura
rudimentar
,
equivalência
de
estímulos,
unidades
verbais mínimas, recombinação de unidades
C
S
:
B
C
E
E
337
m
aria
a
melia
m
a
t
o
S
:
uma
lembrança
e
uma
homen
aGem
3
William McI
lvane
N
o dia 17 de maio de 2005, nossa área sofreu
a perda pr
ematura
e
inestimável
da
Dra.
M
aria
Amelia
Matos,
que
inuenciou
diversas
gerações
de
analistas
do
compor
tamento,
no
Brasil
e
em
outros
países.
S
ua
perda
foi
ainda
mais
devastadora por
ter
vindo
logo
após
uma
longa,
brava e, aparentemente, vitoriosa
batalha contra
um câncer em
metástase.
Como sugere
o artigo
que acompanha
este texto
(
Repertórios rudimentares
de
leitura
via
equivalência
de
estímulos
e
recombinação
de
unidades
verbais
3
Reconheço e agradeço
a ajuda
de Gerson T
omanari
na obtenção de
informações para
este texto, e
de Julio de
Rose pelos comentários a uma versão preliminar
.
Esta
colaboração
contou
com
o
nanciamento
do
projeto
interinstitucional
“Relações
emergentes
entre
estímulos:
pesquisa
básica
e
aplicações
ao
ensino
de
leitura,
escrita
e
matamática
”
(Pronex
2/MCT/CNPq
No
.
663098/ 1997-1). William
J. McIlvane recebeu nanciamento do
N
ational Institute
of Child Health and
Human D
evelopment (HD25995 e HD04147).
Agradecemos a
Deisy de Souza e
J
úlio
de Rose, que leram
uma primeira versão
deste manuscrito e
forneceram
comentários
úteis.
Em
especial,
agradecemos
à
Dra.
de
Souza
por
ter
sugerido
o
uso
da
logomarca
do
McD
onald’
s
para discutir o problema da classicação apropriada de estímulos verbais e não verbais (ver nota de r
odapé 2)
O
software
utilizado
neste
experimento
foi
uma
versão
modicada
do
programa
EQUIV
,
submetido
por
Pimentel
(1996)
como
requisito
parcial
para
obtenção
do
título
de
mestre
na
Universidade
Mackenzie,
São
P
aulo.
Endereço
para
correspondência:
Alessandra
Lopes
A
vanzi,
Rua
Saquarembó,
53,
Jd.
Paulistano,
CEP
01443-
040, São P
aulo, Brasil; ou para
William J. McIlvane,
UMMS Shriver Center
, 200,
T
rapelo Rd., W
altham, MA
02452; e-mail: william.mcilvane@umassmed.edu
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
338
mínimas
),
a
Dra.
Matos
continuou
sua
atividade
prossional
exemplar
mesmo
durante
a
batalha
contra
o
câncer
e
o
breve
período
de
remissão
que o seguiu. Ela foi uma inspiração para muitos de seus colegas, alunos e
amigos ao redor do mundo
.
A
D
ra.
M
atos
nasceu
em
Birigui,
uma
cidade
do
estado
de
São
P
aulo,
no
dia
14
de
abril
de
1939,
e
deixou
sua
cidade
natal,
em
dezembro
de
1957,
para
iniciar
o
curso
de
licenciatura
em
P
sicologia,
na
U
niversidade
de
São
P
aulo.
Em
1961,
conheceu
o
Dr
.
Fr
ed
Keller
,
que
conseguiu
uma
licença
da
Columbia
para
atuar
como
professor
visitante
na USP
. Com esse poderoso estímulo, ela
resolv
eu iniciar a pós-graduação
na
Columbia,
matriculando-se
no
P
rograma
de
Análise
Experimental
do
Comportamento/P
sicologia
Experimental,
onde
se
graduou
em
1969.
N
a
Columbia,
a
Dra.
Matos
teve
o
privilégio
de
trabalhar
não
apenas
com
o
Dr
.
Keller
,
mas
também
com
o
Dr
.
William
“Nat
”
Schoenfeld
–
orientação
que
foi
fonte
de
grande
orgulho
pessoal
e
inspiração
durante
toda
sua
vida.
A
inuência
destes
ilustres
professores
era
óbvia
em
sua
atuação
prossional
subsequente,
em
que
demonstrou
dedicação
singular
à
qualidade
de
pensamento,
ao
rigor
metodológico
e
à
aplicação
contínua
dos
princípios
de pesquisa
a
problemas
na
ár
ea
de
educação
.
Só recentemente
muitos
cientistas
na
área
de
saúde
e
educação
vieram
a
compreender
e
expressar
apreço
pelos
esforços
de pesquisa
translacional, em
que inter
esses
cientícos
da
pesquisa
básica
e
da
pesquisa
aplicada
são
integrados
em
uma
mesma
carreira.
É
notável
que
a
Dra.
Matos
tenha
seguido
esse
caminho
ao
longo
de
uma
carreira
de
mais
de
cinco
décadas,
continuando,
por
exemplo,
a
tradição
da
instrução
programada
baseada
nos
princípios
de
aprendizagem, inspirada em Keller e S
kinner
.
Assim
que
terminou a
pós-graduação
na
Columbia,
a D
ra.
Matos
retornou à USP e iniciou uma renomada carr
eira no ensino e na pesquisa.
Rapidamente,
ganhou
a
reputação
de
ser
uma
professora
muito
exigente,
mas
também
muito
generosa.
Ela
dedicou
um
tempo
extraordinário
ao
planejamento
cuidadoso
das
aulas
e
ao
arranjo
de
contingências
apropriadas
para
promover
o
progresso
e
a
excelência
de
seus
alunos.
Com
relação
à
formação
na
pós-graduação,
a
Dra.
Matos
super
visionou
mais
de
60 disser
tações de
mestrado
e
teses
de
doutorado, e
par
te de
seus
C
S
:
B
C
E
E
339
alunos
são,
atualmente,
reconhecidos
líderes
na
análise
experimental
do
comportamento, no Brasil.
Seu
objetivo
como
professora
era
óbvio:
assegurar
que
os
benefícios
de
sua
formação
e
experiência
pudessem
ser
efetiva
e
completamente
transferidos
para
as
próximas
gerações.
Dra.
Matos
cou
conhecida,
em
especial,
por
sempre
fomentar
o
pensamento
crítico.
Como
uma
proponente
da
instrução
programada,
ela
era
comprometida
com
a
ideia
de
que
todo
estudante
bem
motivado
tem
a
capacidade
de
aprender
e
de
pensar
criticamente
se
seus
professores
estiver
em
similarmente
motivados
a ensinar efetivamente, como ela, clara e obviamente, estava.
A
Dra.
Matos
foi
absolutamente
fundamental
no
desenvolvimento
do
programa
de
pós-graduação
da
USP
e
também
em
colocá-lo
em
lugar
de
destaque,
tanto
nacional
como
internacionalmente.
Com
outros
colegas
da
USP
que
compartilhavam
suas
ideias,
ela
desenvolveu
e
manteve
o
programa
de
pós-graduação
em
Psicologia
Experimental
e
manteve,
também,
um
dos
primeiros
laboratórios
no
Brasil
a
conduzir
pesquisas
em
análise
experimental
do
comportamento.
Entre
suas
muitas
contribuições,
encontram-se
os
trabalhos
inuentes
nas
áreas
de
controle
aversivo,
processos
de
controle
de
estímulos,
comportamento
verbal
e
comportamento
governado
por
regras.
Mais
recentemente,
como
ilustra
o
ar
tigo
que
este
texto
acompanha,
ela
desenvolveu
um
programa
de
pesquisa de longo alcance, que tinha por objetivo buscar métodos efetivos
e
cienticamente
embasados
para
ensinar
habilidades
de
leitura
para
crianças
economicamente
desfavorecidas
que
não
dispunham
de
outros
meios para adquiri-las.
De
forma
mais
geral,
a
Dra.
Matos
estava
entre
os
pioneiros
da
psicologia
cientíca
no
Brasil.
Sua
inuência
na
formação
de
cursos
de
psicologia
em
todo
o
país
é
substancial
atualmente
e,
provav
elmente,
continuará
a
ser
pelos
próximos
anos.
Enquanto
ainda
estudante,
ela
foi
uma
voz articuladora no que dizia respeito à manutenção da alta qualidade dos
programas e dos
padrões prossionais, em consonância
com sua
mentora,
Dra.
Carolina
Bori.
Essas
excepcionais
acadêmicas
mantiveram
uma
estreita
amizade
prossional
que
sustentou
a
ambas,
principalmente
durante
os
últimos anos
de suas
carreiras. P
or
exemplo, elas pareciam se
deleitar com
a
presença
uma
da
outra
durante
o
recente
congresso
internacional
da
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
340
Association
for
Behavior
A
nalysis
,
realizado
em
Campinas, na
qual
pareceu
a
todos
que
a
Dra.
Matos
havia
recuperado
a
saúde,
que
infelizmente,
logo em
seguida, foi
per
dida. P
ode
não ser
mera coincidência
que a saúde
da Dra.
Matos tenha piorado
logo
após o
inesperado falecimento
da Dra.
Bori, que ocorreu pouco tempo depois do congresso
.
O
trabalho
da
Dra.
Matos
como
uma
líder
nacional
foi
tão
ex
emplar
quanto
impor
tante
para
o
desenvolvimento
da
ciência
comportamental,
no
Brasil.
Ela
era
atuante
nas
sociedades
cientícas,
sobretudo
na
Sociedade
Brasileira
de
P
sicologia
(SBP),
e
foi
fundamental
na
transformação
da
SBP
,
de
uma
sociedade
cientíca
regional
para
uma
sociedade
nacional,
deixando
para
sempre
seu
legado
nesta
importante
e
proeminente
sociedade
cientíca.
A
Dra.
Matos
distinguiu-se
também
como
editora
e
revisora de
várias
publicações
acadêmicas,
estendendo sua
orientação para muitos colegas e alunos, dentro e fora do Brasil.
A
perda
de
Dra.
Matos
deixa
um
vazio
incalculável
na
análise
do
comportamento, no
Brasil.
Assim como
outros líderes
bem sucedidos,
ela
deixou
um
legado
de
dedicados
e
bem
preparados
estudantes
para
preenchê-lo
.
Entretanto,
ninguém
poderá
preencher
o
vazio
emocional
deixado
naqueles
que
tiveram
o
prazer
de
conhecer
sua
personalidade,
que
devem
tanto
a
ela,
e
que
sofreram
profundamente
com
sua
perda
prematura.
Obrigado por tudo, Maria Amélia.
***
N
o
livro Comportamento V
erbal
(1957), Skinner articulou uma
nov
a
taxonomia
das
relações
verbais
que
redeniu
muitas
das
relações
relevantes
entre
ambiente
e
compor
tamento
em
termos
de
suas
relações
funcionais
de
controle
por
eventos
antecedentes
e
consequentes.
Com
o
objetivo
de av
ançar
na
compreensão
cientíca básica
das
relações v
erbais,
a
taxonomia de S
kinner apresentou-se como uma
alternativa complementar
às
análises
estruturais
enfatizadas
nas
abordagens
de
processamento
da
informação.
A
pesar
de
a
análise
de
Skinner
ser
,
primordialmente,
de
C
S
:
B
C
E
E
341
natureza
conceitual,
sua
ênfase
funcional
levou-a,
naturalmente,
ao
desenvolvimento
e
à
análise
de
tecnologias
pedagógicas
para
estabelecer
relações
verbais.
A
aplicação
da
análise
funcional
parece
par
ticularmente
útil
para
aprendizes
que
não
adquirem
as
relações
verbais
por
meio
das
experiências
educacionais
que
são
sucientes
para
outros
aprendizes
(S
undberg & P
artington, 1998).
N
osso
interesse tem sido denir e ensinar o
conjunto de relações
funcionais
que
compõem
um
repertório
de
leitura
efetivo.
O
fracasso
de
técnicas
tradicionais
de
ensino
de
leitura
é
um
problema
global,
principalmente
em
países
em
desenvolvimento
que,
comparativamente,
podem
investir
menos
recursos
na
formação
de
professores.
Acreditamos
que
uma tecnologia
de ensino
bem denida,
inspirada
na análise
funcional
do
comportamento
verbal
proposta
por
Skinner
,
e
a
aplicação
de
outros
avanços
mais
recentes
na
ciência
da
análise
do
comportamento
têm
potencial
para
apresentar
uma
grande
contribuição
na
resolução
deste
problema.
M
uitas
das
relações
funcionais
articuladas
pela
análise
do
comportamento
verbal
proposta
por
Skinner
são
aquelas
diretamente
envolvidas
nas
tarefas
que
constituem
os
maiores
desaos
no
ensino
de
leitura.
O
comportamento
textual,
por
exemplo,
é
demonstrado
pela
habilidade
em
discriminar
e
produzir
(isto
é,
nomear)
palavras
impressas
que o
aprendiz não
conhecia antes,
incluindo palavras
que se
assemelham
apenas
estruturalmente
às
denidas
por
uma
dada
comunidade
verbal
como
tendo
signicado.
P
or
exemplo,
leitores
uentes
não
têm
diculdade
em
nomear
as
chamadas
palavras
sem
sentido/pseudopalavras
(por
exemplo,
CUG, ZID,
VEK), que têm
sido usadas
em pesquisas
sobre apr
endizagens
verbais
(e.g.,
P
ostman,
1975)
e,
mais
recentemente,
em
pesquisas
de
orientação
analítico-comportamental
sobre
apr
endizagem
relacional (e.g.,
M
cIlvane et al., 1987).
U
ma
contrapar
tida
no
domínio
auditivo
é
o
comportamento
ecóico,
em
que
o
aprendiz
reproduz,
tipicamente
de
forma
vocal,
o
comportamento
de
um
modelo
.
Assim
como no
comportamento
textual,
o
ecóico
não
necessariamente
reete um
signicado
estabelecido
denido
por
uma
comunidade
v
erbal
(por
ex
emplo,
o
indivíduo
pode
r
epetir
vocalmente
as
palavras
sem
sentido
exemplicadas
anteriormente).
A
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
342
habilidade
de
apresentar
comportamentos
textuais
e
ecóicos
puros
é
essencial
para
a
leitura
uente.
Ao
descrever
essas
relações
funcionais,
Skinner
antecipou
o
inter
esse
atual
na
chamada
consciência
fonológica
(isto
é,
compor
tamentos
que
indicam
certas
relações
estabelecidas
entre
unidades
textuais
e
os
sons
da
fala
correspondentes),
que
tem
recentemente
assumido
uma
impor
tância
central
na
análise
de
repertórios
de
leitura
uente (T
orgensen, Morgan, & Davis, 1992).
Ou
tra
impo
rtan
te co
ntr
ibu
ição
da a
nális
e ski
nne
ria
na da
s r
elaçõ
es
ve
rba
is
foi
o
re
conhe
cime
nto
de
que
as
unid
ade
s
de
aná
lise
nas
re
laç
ões
ve
rba
is
não
sã
o
xa
s;
as
unid
ade
s
de
an
áli
se
pode
m
ser
aume
nta
das
ou
dim
inuí
das
,
depe
nden
do
da
nat
urez
a
do
com
port
ament
o
a
ser
ana
lisa
do
.
Em
esp
ec
ial
,
sua
noç
ão
de
“
uni
dad
es
mín
ima
s
”
tem
se
mos
tra
do
dir
etam
ent
e
re
leva
nt
e
par
a
aná
lise
comp
orta
me
nta
l
de
rep
ertó
ri
os
de
leit
ura
rud
ime
nta
res
(
J
.
C.
de
Ros
e,
de
So
uza
,
Ro
ssi
to,
&
de
Ro
se,
19
92
;
J.
C.
de
R
ose
,
de
Sou
za,
& Hann
a,
199
6)
e é
apl
icáv
el
tam
bém a
aná
lis
es
co
gni
tiva
s dos rep
ertó
rios
de
lei
tur
a
(B
lac
hma
n,
19
97)
.
P
ara
ilu
str
ar
ess
a
abor
dage
m,
pe
squ
isa
s
sob
re
a
cha
mad
a
gene
ral
iz
açã
o
rec
omb
in
ati
va
têm
mos
tra
do
que
o
ensi
no
do
com
por
tam
ent
o
apr
opria
do
pa
ra
as
expr
essõ
es
CH
AP
ÉU
AZ
UL
e
CAD
EIRA
VERM
EL
HA,
por
ex
empl
o,
pod
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com
qu
e
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pren
diz
seja
cap
az
de
se
com
po
rtar
apr
opr
iad
amen
te
co
m
rel
ação
aos
par
es
CHA
PÉ
U
VER
MELH
O
e
CADE
IRA
AZUL
,
sem
ensi
no
dire
to
(Go
lds
tei
n,
1993
).
De
sta
for
ma,
as
uni
dad
es
são
re
combi
nadas
em
no
vas
e
ap
ro
pri
adas
mane
ira
s.
Ess
a
abo
r
dag
em
de
re
combi
naçã
o
de
unid
ad
es
mín
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s
pod
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tamb
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ser
est
endi
da a
pal
avr
as i
ndi
vidua
is. P
esq
uisa
s tê
m mo
str
ado
, por e
xe
mplo,
qu
e
no
ensi
no
dir
eto,
que
est
abele
ce
nome
açõ
es
or
ais
apro
pr
iad
as
de
pala
vra
s
com
post
as de
un
idad
es sepa
ráv
eis da língu
a
port
ug
ues
a, alta
ment
e
fo
nétic
a
(po
r
ex
emp
lo
,
BOLA,
LO
CA),
a
apr
end
iz
age
m
pode
ser
acom
pan
had
a
de
nom
eaçõ
es
eme
rge
ntes
das
rec
omb
in
açõ
es
das
unid
ade
s
con
sti
tui
ntes
(po
r
ex
empl
o,
L
OLA,
CABO
)
(de
Ros
e
et
al
.,
1992,
1996
;
Ma
tos,
Hü
bner
,
Ser
ra,
B
asa
gli
a, &
A
van
zi,
20
02).
P
or
si
só,
os
comportamentos
textual
e
ecóico
não
constituem
toda a
gama de
relações
funcionais que compõem
um repertório
funcional
de
leitura.
O
aprendiz
também
deve
adquirir
uma
variedade
de
outras
relações
funcionais que
têm
sido,
tradicionalmente, incluídas
sob a
rubrica
do “
signicado
”. Entre as
mais importantes
destas relações funcionais está
C
S
:
B
C
E
E
343
o
tato.
N
a
presença
de
uma
gura
de
um
animal
de
quatro
patas,
com
bigode,
orelhas
pontiagudas,
olhos
felinos
e
assim
por
diante,
emitir
a
palavra
falada
“
gato
”
poderia
funcionar
para
tatear
(isto
é,
nomear)
a
gura.
Similarmente,
na
presença
da
palavra
impressa
GA
TO,
emitir
a
palavra
falada
“
gato
”
poderia
funcionar
também da
mesma
maneira
que um
tato,
por meio
da equivalência de
estímulos, mas esta
poderia ser
também uma
resposta
textual,
ou
seja,
apenas
uma
nomeação
fonética
de
um
aprendiz
com
um
repertório
textual
adequado
4
.
T
estes
adicionais
são
necessários
para determinar se “
gato
” poderia funcionar ou não como um tato.
E
vidências
para
apoiar
uma
inferência
da
capacidade
funcional
de
um
tato
verdadeiro
poderiam
ser
obtidas
usando
o
paradigma
de
equivalência
de
estímulos,
de
Sidman
(1971).
A
par
tir
do
paradigma
de
emparelhamento
com
o
modelo
(
matching-to-sample)
,
um
aprendiz
poderia
ser
ensinado
a
selecionar
uma
gura
de
um
gato
(estímulo
de
comparação)
na
presença
da
palavra
ditada
“
gato
”
(estímulo
modelo).
O
aprendiz
pode
ser
ensinado,
ainda,
a
selecionar
,
como
estímulo
de
comparação,
a
palavra
impressa
GA
TO
na
presença
da
mesma
palavra
ditada.
Se
o
ensino
for
realizado
de
maneira
cuidadosa,
possivelmente
poderemos
observar
desempenhos
emergentes
de
emparelhamento
com
o
modelo
–
emparelhamento bidirecional da gura com a palavra impr
essa sem treino
adicional.
Além
disso,
também
será
possível
obser
var
,
adicionalmente,
algo
que
o
aprendiz
nunca
havia
feito
anteriormente:
espontaneamente
dizer
“
gato
”
quando
se
deparar
com
a
palavra
impressa
GA
T
O.
Neste
caso,
uma
inferência
razoável
é
a
de
que
o
aprendiz
pode
ser
capaz
de
tatear
a
palavra
impressa
de
uma
forma
que
é
convencionalmente
reforçada
pela
comunidade verbal de falantes da língua portuguesa
5
.
4
Em linguagem
técnica, naturalmente, um
tato é
denido como
uma resposta
verbal a um
estímulo não
verbal
e a
palavra impressa
GA
T
O pode par
ecer
, obviamente, de
natureza verbal. P
orém tal
status
deve ser
reconhecido
como uma inferência – sua validade depende criticamente da topograa de controle de estímulos
(M
cIlvane &
Dube, 2003).
P
ara ilustrar esta questão r
elevante, considere
o
status
da
logomarca familiar
do M
cDonald’
s. P
ara
um
adulto, os
famosos
arcos dourados
representam a
letra maiúscula
M,
que é
classicada
como um
estímulo
verbal.
No
entanto,
qual
seria
o
status
do
M
para
uma
criança
que
ainda
não
aprendeu
a
reconhecer
letras?
P
ara
a criança,
a
logomarca do
McDonald
’
s
é,
sem
dúvida, um
estímulo
de
natureza não
verbal
assim como
o
sanduíche que
ela (a logomarca)
prev
ê. Respostas verbais
à logomarca, que
podem ser classicadas
como tatos,
podem ocorrer via equivalência de estímulos e transformação de funções relacionadas.
5
NT
:
Os
autores
referem-se
a
falantes
da
língua
inglesa.
A
palavra
gato
corresponde
à
palavra
cat
no
texto
original.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
344
Em
pesquisas
aplicadas
recentes
e
em
andamento,
um
gr
upo
de
analistas
do
compor
tamento,
no
Brasil,
tem
buscado
desenvolver
um
conjunto
de
métodos
conáveis
para
ensinar
leitura
rudimentar
para
as
muitas
crianças
de
famílias
com
baixo
status
socioeconômico
que
apresentaram
ou
que
se
encontram
em
risco
substancial
de
fracasso
escolar
(e.g.,
de
Rose
et
al.,
1992,
de
R
ose,
et
al.,1996;
Matos
&
H
übner-D’Oliveira,
1992).
O
trabalho
tem
sido
inspirado
em
parte
pela
análise
do
comportamento
verbal,
de
Skinner
(sobretudo
o
conceito
de
unidades
mínimas),
e
em
parte
pela
análise
de
relações
de
equivalência,
de
S
idman.
U
m
objetivo primordial deste
programa de
pesquisa
tem sido
desenvolver um conjunto de
métodos que contemple
procedimentos para
estabelecer
toda
a
gama
de
relações
funcionais
que
constituem
as
bases
para
um
repertório
funcional
de
leitura.
O
presente
estudo
exemplica
esse
esforço
e
relata
um
método
que
tem
se
mostrado
efetivo
no
ensino
de
leitura
rudimentar
para
crianças
pré-escolares.
T
al
método
evoluiu
ao
longo de vários anos
de pesquisas que foram,
progr
essivamente, renando
as
técnicas
(e.g.,
Matos
&
H
übner
D’Oliveira,
1992;
Matos,
Hübner
,
&
P
eres,
1997;
Matos,
P
eres,
Hübner
,
&
Malheiros,
1999;
Matos
et
al.,
2002O
procedimento
aqui
relatado
representa
uma
implementação
mais
abrangente
das
contingências
para
instanciar
cer
to
número
de
relações
funcionais denidas no
Comportamento
V
erbal
, dentro do contexto de um
programa efetivo para ensinar leitura rudimentar
.
M
ÉTODO
P
ARTICIPANTES
P
articiparam
16
crianças
com
idades
entre
5
anos
e
6
meses
e
6
anos
e
2
meses
no
início
do
estudo,
com
as
seguintes
características:
todas
vieram
de
famílias
com
baixo
status
socioeconômico;
seus
pais
eram
trabalhadores
domésticos
ou
trabalhadores
não
qualicados
(e.g.,
domésticas,
trabalhadores
braçais,
etc);
nenhum
pai
havia
concluído
o
ensino
fundamental;
todas
as
crianças
frequentavam
uma
pré-escola
pública, em São P
aulo, que não ensinava habilidades de alfabetização.
C
S
:
B
C
E
E
345
L
OCAL
E
MATERIAIS
Os
par
ticipantes
realizavam
sessões
individuais,
de
25-30
minutos,
que
eram
conduzidas,
em
geral,
duas
vezes
por
semana.
As
crianças
sentavam-se
em
frente
a
uma
mesa
com
um
computador
P
entium,
com
um
monitor
com
tela
sensível
ao
toque,
que
apresentava
todos
os
estímulos
e
registrava os
dados.
As
operações experimentais
eram
controladas por
um
software
desenvolvido
para
esse
tipo
de
pesquisas
(ver
Agradecimentos).
Em
uma
mesa
próxima
eram
distribuídos
os
reforçador
es,
como
brinquedos
e
itens
comestíveis.
O
experimentador
sentava-se
atrás
do
participante
durante as sessões.
Estímulos
discriminativos.
A
T
abela
1
apresenta
os
20
conjuntos
de
estímulos
utilizados
no
estudo.
Os
estímulos
eram
de
cinco
tipos:
(1)
cores
apresentadas
na
tela
do
computador
,
(2)
palavras
ditadas
pelo
experimentador
, (3)
guras apresentadas
na tela,
(4) sílabas
impressas e
(5)
palavras
impressas.
Os dois
últimos
tipos
de
estímulos
eram
apresentados
em
dois
formatos:
na
tela
do
computador
e
em
blocos
de
madeira.
Cada
uma
das
palavras
era
composta
por
duas
sílabas
do
tipo
consoante-vogal
(primeira
sílaba
acentuada)
e
tinha
signicado
em
P
ortuguês.
As
palavras
do
conjunto
C
e
C’
tinham
a
vogal
O
pronunciada
como
um
O
fechado
(como em
bolo
),
os conjuntos C’
’ e C’
’
’ tinham palavras
com o
O fechado
e outras palavras com o O aberto (como em
cola
)
6
.
T
odos
os
estímulos
visuais
apresentados
na
tela
do
computador
eram retângulos
de 5.0 x
6.0 cm
(“janelas
”)
apresentados sobre um fundo
preto
.
As
tentativas
de
emparelhamento
com
o
modelo
apr
esentavam
cinco
janelas.
U
ma
janela
era
centralizada
na
parte
inferior
da
tela
e
utilizada para
a apresentação
do modelo
. Centralizadas
acima desta janela,
eram
apresentadas
outras
quatro
janelas,
dispostas
em
um
arranjo
2
x
2,
usadas para
a apresentação
dos estímulos
de comparação
. Em
tentativas de
nomeação, uma única janela era apresentada na parte inferior da tela.
6
NT
:
N
o
texto original foi utilizada a palavra slope para exemplicar o O fechado e
ball para exemplicar o O
aberto.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
346
T
abela 1 - Conjuntos de estímulos usados durante o estudo.
N
ome do
conjunto
Elementos
Meio de apr
esentação
Cores – P
A
Cores: amarelo, azul, ver
de, vermelho
T
ela do computador
Cores – PB
P
alavras ditadas correspondentes às Cores – P
A
V
oz do experimentador
F
iguras – PC
F
iguras (coloridas): trem, avião, caracol
T
ela do computador
A
P
alavras ditadas: boca, cabo, bolo, lobo
V
oz do experimentador
B
Desenhos de linhas correspondentes ao Conjunto A
T
ela do computador
C
P
alavras impressas correspondentes ao Conjunto A
T
ela do computador
A
’
P
alavras ditadas: lolo, bobo, loca, calo
V
oz do experimentador
B’
Desenhos de linhas correspondentes ao Conjunto A
’
T
ela do computador
C’
P
alavras impressas correspondentes ao Conjunto A
’
T
ela do computador
A
’
’
P
alavras ditadas: bola, bala, coca, caco
V
oz do experimentador
B’
’
Desenhos de linhas correspondentes ao Conjunto A
’’
T
ela do computador
C’
’
P
alavras impressas correspondentes ao Conjunto A
’
’
T
ela do computador
C’
’’
P
alavras
impressas:
coco,
cola,
lola,
loba,
loco,
boba,
colo, cala
T
ela do computador
S1
Sílabas impressas: BO, LO, CA
T
ela do computador
S2
Sílabas impressas: BA, LA, CO
T
ela do computador
S3
Sílabas impressas: BO, LO, CA, MA,
T
A
Blocos de madeira
S4
Sílabas impressas: BO, BA, LO, LA, CA, CO, MA,
T
A
Blocos de madeira
AN C
P
alavras impressas correspondentes ao Conjunto A
Blocos de madeira
AN C’
P
alavras impressas correspondentes ao Conjunto A
’
Blocos de madeira
AN C’
’
P
alavras impressas correspondentes ao Conjunto A
’
’
B
locos de madeira
U
ma
cor
,
quando
apresentada
como
estímulo,
preenchia
toda
a
janela.
As
guras
eram multicoloridas
e as
palavras, impr
essas
em
preto em
letras
maiúsculas
(fonte Arial;
tamanho
36).
Ambos
os
tipos de
estímulos
eram apresentados sobre fundos amar
elos.
Os
blocos
de
madeira
que
apresentavam
sílabas
mediam
3.0
x
1.5
x
1.0
cm;
os
que
apresentavam
palavras
completas
mediam
5.5
x
1.5
x 1.0
cm. Os
blocos de
madeira com
as sílabas poderiam
ser apresentados
sozinhos
ou
com
duas
peças
juntas
para
formar
uma
palavra
de
duas
sílabas.
As
consequências
reforçadoras
eram
uma
br
eve
frase
musical
produzida
pelo
computador
,
elogios
verbais
do
experimentador
e
uma
cha
entregue
manualmente.
As
chas
podiam
ser
trocadas
ao
nal
das
sessões
por
itens
selecionados
entre
uma
variedade
de
itens
comestíveis
e
C
S
:
B
C
E
E
347
pequenos
brinquedos;
tais
itens
tinham
diferentes
“
preços
”
e
eram
trocados
a cada três semanas, para manter sua ecácia como refor
çadores.
Durante
o
treino,
cada
r
esposta
correta
era
seguida
por
consequências
reforçadoras;
respostas
incorretas
eram
seguidas
por
um
intervalo
entre
tentativas
de
0,5
s.
Durante
este
inter
valo,
a
tela
do
computador cava escura.
N
enhum estímulo era apr
esentado na tela até o
início
da
pró
xima
tentativa.
Durante
os
testes,
nenhum
tipo de
tentativa
era
seguido
por
consequências
reforçadoras.
Era
dito
às
crianças
que
suas
escolhas
estavam
sendo
registradas
e
que
o
número
de
chas
correspondentes
ao
número
de
escolhas
corretas
lhes
seria
dado
no
nal
da
sessão.
As
crianças
também
eram
informadas
que
reforçador
es
extras
estariam
disponíveis,
caso
prestassem
atenção
e
tivessem
um
bom
desempenho.
Estes
últimos
procedimentos foram incorporados para garantir a motivação das crianças
durante as sessões de teste.
S
EQUÊNCIA
E
CARACTERÍSTICAS
DOS
PROCEDIMENTOS
DE
ENSINO
E
DE
TESTE
Inicialmente,
as
crianças
foram
familiarizadas
com
o
sistema
de
reforçamento
por
chas.
Em
seguida,
todos
os
estímulos
que
eram
desenhos
ou
formados por
letras
impressas
(i.e.,
aqueles dos
conjuntos
B,
C,
B’,
C’,
B’
’
e
C’
’)
eram
apresentados,
individualmente,
em
uma
ordem
não
sistemática, e
os
par
ticipantes
eram
instruídos a
nomear cada
um
deles
oralmente.
Cada
estímulo
era
apresentado
em
três
tentativas
durante
o
pré-
teste
de nomeação.
Quando eram
apresentadas guras,
poder-se-ia
inferir
que
as
respostas
de
nomeação
eram
tatos,
ou
seja,
respostas
que
haviam
sido
previamente estabelecidas e
reforçadas pela comunidade
verbal da criança;
como
tal,
todas
as
respostas
corretas
eram
seguidas
por
consequências
reforçadoras.
Quando
os
estímulos
eram
formados
por
letras
impressas,
uma
resposta
textual
era
o
mínimo
requerido,
mas
resultados
positivos
nos
testes
não
eram
esperados
pelas
crianças,
que
apresentavam
pouca
ou
nenhuma
experiência
em
leitura.
Além
disso,
a
criança
era
incluída
no
estudo
apenas
se
falhasse
em
nomear
corretamente
qualquer
palavra
impressa;
neste
caso,
nenhuma
consequência
reforçadora
seguia
a
tentativa.
Os
pr
é-testes
e
o
tr
eino
preliminar
subsequente
(descrito
a
seguir)
foram
necessários
para
vericar
os
desempenhos
que
eram
pré-
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
348
requisitos
para
os
treinos e
testes
subsequentes.
P
or
exemplo,
a
lógica
dos
procedimentos
a
serem
implementados
requeria
que
a
criança
desse
um
nome
familiar
e
culturalmente
apropriado
para
cada
desenho
(i.e.,
tatear
as
guras);
se
ela
não
soubesse
o
nome
ou
se
não
reconhecesse
a
gura
em
sua
primeira
apresentação,
o
experimentador
dizia
o
nome
correto
e
contava uma
breve
estória para colocar
o nome da gura
em um contexto
.
N
as tentativas subsequentes,
as estórias eram
omitidas e todas
as tentativas
eram
seguidas
apenas
por
consequências
diferenciais.
P
ara
cada
criança
que
requeria
instr
ução
na
tarefa
de
nomeação
das
guras,
outro
bloco
de
tentativas
compostas pelos
conjuntos B,
B’ e
B’
’
era apr
esentado e
repetido
até que ela respondesse a todas as tentativas sem err
o.
T
reinos
adicionais
foram
conduzidos
para
estabelecer
a
linha
de
base
de
matching-to-sample
7
simultâneo,
que
seria
necessária
para
implementar
o
procedimento
experimental.
P
rimeiramente,
foi
estabelecido
o
matching-to-sample
de
identidade
na
tela
do
computador
(P
ré-treino A). Estímulos modelo e de comparação eram quatr
o cores (ver
T
abela 1, Cor
es-P
A), apresentadas
duas vezes
cada, dentro de
um bloco
de
oito
tentativas.
Estes estímulos
eram apr
esentados
na
parte inferior
da tela,
e
as
crianças
precisavam
tocar
no
modelo
antes
de
selecionar
o
estímulo
de
comparação
apresentado
anteriormente.
N
esta
parte
do
pré-treino,
o
número
de
estímulos
de
comparação,
inicialmente,
era
um
(o
estímulo
idêntico
ao
modelo);
todas
as
escolhas
dos
estímulos
de
comparação
idênticos
ao
modelo
nesta
e
nas
tentativas
subsequentes
do
pré-treino
eram
seguidas
por
consequências
reforçadoras.
Quando
a
criança
fazia
oito
escolhas
corretas
no
formato
de
um
único
de
estímulo
comparação,
o próximo bloco
de
matching
de
identidade apresentava dois estímulos
de
comparação
(um
idêntico ao
modelo
e
outro
difer
ente);
neste
e
em todos
os
demais
procedimentos
de
matching-to-sample
subsequentes,
a
posição
dos
estímulos
de
comparação
corretos
e
incorretos
variava
de
forma
não
sistemática ao longo
das tentativas. Q
uando o critério de
100% de acertos
era atingido,
o número
de comparações era
aumentado, primeiro
para tr
ês
e depois para quatro
.
7
NT
:
Optou-se
por
não
traduzir
a
expressão
matching-to-sample
para
o
por
tuguês
a
par
tir
da
seção
de
procedimentos, dado
que
a literatura
nacional
da área
adota tanto
a
forma traduzida
(emparelhamento
com o
modelo) como a não traduzida.
C
S
:
B
C
E
E
349
N
a
fas
e
segu
inte
(P
ré
-tr
eino
B),
foi
esta
bele
cid
o
o
mat
chi
ng
-to
-
sam
ple
arb
itr
ário
.
Os
est
ímu
los
de
comp
araçã
o
era
m
as
mes
mas
qua
tr
o
cor
es
usad
as
nas
tent
ativ
as
de
matc
hin
g
de
ide
ntida
de
dur
an
te
o
P
ré-
tr
ei
no
A
e
os
mod
elo
s
era
m
os
nom
es
corr
espo
nde
ntes
de
tais
cor
es,
dita
dos
pelo
exp
erim
ent
ado
r
(Co
re
s-P
B,
T
abe
la
1)
.
O
cri
tér
io
par
a
avan
çar
para
a
pró
xim
a
fas
e
era
de 100%
de
ac
uráci
a
em um bloc
o
de oit
o tent
ati
va
s,
em
qu
e cada
um
dos
qua
tro
estí
mul
os
era
apr
esen
tado
duas
vez
es.
N
enh
um
estí
mu
lo
mod
elo
vis
ual
era
apr
ese
nta
do na
s te
nta
tiv
as d
e
m
atch
ing
ar
bitrá
rio
.
N
a
última
fase
(Pr
é-treino
C),
guras
(um
avião,
um
trem e
um
caracol,
Figuras-PC,
T
abela
1)
eram
apresentadas
às
crianças,
três
vezes
cada,
e
elas
eram
instruídas
a
indicar
onde
as
guras
“
começavam
”
(i.e.,
apontando para a porção frontal dos itens da gura) e onde “
terminavam
”
(i.e.,
apontando
para
sua
porção
nal).
Se
a
criança
não
emitisse
uma
resposta
correta
imediatamente,
era
contada
uma
breve
estória
sobre
a
gura
e
suas
funções
e,
então,
a
tarefa
era
reapresentada.
Esse
P
ré-treino
foi
necessário
para
preparar
as
crianças
para
responderem
ao
início
e
ao
m de
uma palavra, uma
vez que, em
geral, elas não
entendiam as r
elações
entre
“
esquerda
” vs.
“
direita
”, que
seriam relevantes
no treino
subsequente.
A
T
abela
2
sumariza
os
procedimentos
experimentais
subsequentes.
N
o
total,
foram
17
fases,
algumas
das
quais
replicando
os
procedimentos das fases
iniciais com
difer
entes conjuntos
de estímulos. A
descrição a seguir resumirá os detalhes e a lógica das várias fases.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
350
T
abela
2
-
Sequência
das
fases
experimentais,
incluindo
pré-testes
e
pré-
treinos.
F
ase
T
arefas
P
ré-teste
T
esta
nomeação oral, Conjuntos
C, C’
e C’
’;
Ensina nomeação oral,
Conjun-
tos B, B’ e B’
’
P
ré-T
reino A
Ensina
matching-to-sample
de identidade com o Conjunto Cores – P
A
P
ré-T
reino B
Ensina
matching-to-sample
arbitrário, Conjunto Cor
es –
PA
e Conjunto Cores
PB
P
ré-T
reino C
Ensina o uso correto de “início
” e “m
” com o Conjunto Figuras PC
I
Ensina
características
do
matching
–
palavras
impressas do
Conjunto
S1
(po-
sição inicial)
II
Ensina
características
do
matching
–
palavras
impressas do
Conjunto
S1
(po-
sição nal)
III
Ensina
matching
arbitrário - Conjunto B com Conjunto A
IV
T
esta/ensina
matching
de
identidade
com resposta
construída
-
Conjunto S3
com Conjunto AN C
V
T
esta/ensina
matching
arbitrário com resposta construída - Conjunto S3 com
Conjunto A
VI
T
esta
matching
arbitrário –
Conjunto B com
Conjunto C e
Conjunto C
com
Conjunto B
VII
Ensina
matching
arbitrário – Conjunto B’ com Conjunto A
’
VIII
T
esta
matching
arbitrário –
Conjunto
B’
com Conjunto
C’
e
Conjunto C’
com
Conjunto B’
IX
T
esta/ensina
matching
de
identidade
com resposta
construída
-
Conjunto S3
com Conjunto AN C’
X
T
esta/ensina
matching
arbitrário com resposta construída - Conjunto S3 com
Conjunto A
’
XI
Ensina
características
do
matching
–
palavras
impressas do
Conjunto
S2
(po-
sição inicial)
XII
Ensina
características
do
matching
–
palavras
impressas do
Conjunto
S2
(po-
sição nal)
XIII
Ensina
matching
arbitrário - Conjunto B’
’ com Conjunto A
’
’
XIV
T
esta
matching
arbitrário
–
Conjunto
B’
’
com
Conjunto
C’’
e
Conjunto
C’
’
com Conjunto B’
’
XV
T
esta/ensina
matching
de
identidade
com resposta
construída
-
Conjunto S4
com Conjunto AN C’
’
XVI
T
esta/ensina
matching
arbitrário com resposta construída - Conjunto S4 com
Conjunto A
’
’
XVII
T
esta nomeação oral – Conjuntos C, C’, C’
’ e C’
’’
C
S
:
B
C
E
E
351
Ensino
das
características
do
matching
(topograa
de
sílabas).
As
F
ases
I
e
II
(usando
o
conjunto
1
[BO,
LO,
CA])
e
as
F
ases
XI
e
XII
(usando
o
conjunto
2
[BA,
LA,
CO])
foram
conduzidas
para
estabelecer
discriminação
entre
os
elementos
dos
estímulos
(sílabas)
que
seriam,
posteriormente,
combinados
para
formar
palavras
impressas.
Em
cada
tentativa
dessas
fases,
o
estímulo
modelo
era
uma
dessas
sílabas
(blocos
de
madeira).
O
experimentador
ditava
a
sílaba
oralmente,
requeria
que
a
criança
a
repetisse
(vericando,
adicionalmente,
a
capacidade
de
resposta
ecóica)
e
que,
em
seguida,
tocasse
em
um
dos
quatro
estímulos
de
comparação.
Estes
consistiam
em
quatro
palavras
impressas
(usadas
apenas
para
ns
de
treino
e
não
apresentadas
na
T
abela
1);
o
estímulo
correto continha
a mesma
sílaba que
o modelo.
Como mostra
a
T
abela 2,
nas
F
ases
I
e
XI,
a
sílaba
a
ser
emparelhada
era
apresentada
no
início
da
palavra;
nas
F
ases
II
e
XII,
a
sílaba
a
ser
emparelhada
era
apresentada
no
nal
do
estímulo
de
comparação
correto
.
P
or
conveniência
na
descrição,
utilizaremos
os
termos
“
posição
de
treino
”
para
descrever
a
posição
que
era o foco do treino (i.e., início ou
nal da palavra) e “
outra posição
” para
descrever aquela que não era o foco em uma dada tentativ
a.
P
ara
minimizar
os
erros,
as
diferenças
entre
o
modelo
e
os
estímulos
de
comparação
incorretos
eram
inicialmente
grandes
e
as
diferenças
foram
sendo
reduzidas
sistematicamente,
ao
longo
de
vários
passos.
N
o
primeiro
passo
de
cada
fase,
nenhum
dos
estímulos
de
comparação
incorretos
continha
as
mesmas
consoantes
que
o
modelo;
as
vogais em
comum eram sempre
alocadas em
outras posições.
A F
ase 1 será
utilizada
para
exemplicar
a
sucessão
de
tentativas
deste
e
de
todos
os
passos
subsequentes
(e.g.,
modelo:
BO,
comparação
correto:
BOCA;
comparações
incorretos:
LAMA, CERA, FIG
O
).
No
P
asso 2,
um comparação
incorreto
compartilhava
uma
consoante
da
posição
de
treino
(e.g.,
modelo:
BO;
comparação
correto:
BODE;
comparações
incorretos:
B
A
TE,
MESA,
T
A
TU).
N
o
P
asso
3,
um
comparação
incorreto
compartilhava
uma
vogal
na
posição
de
treino
e
uma
consoante
em
outra
posição
(e.g.,
modelo:
BO;
comparação
correto:
BOT
O; comparações
incorretos:
C
O
LA,
T
A
B
A,
NA
VE).
N
o
P
asso
4,
o
modelo
e
um
estímulo
de
comparação
incorreto
compartilhavam
uma
combinação
consoante-vogal,
este
último
na
outra
posição
(e.g.,
modelo:
BO;
comparação
corr
eto:
BO
TE;
comparações
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
352
incorretos:
CA
B
O,
PER
U,
MOL
A).
N
o
P
asso
5,
um
dos
comparações
incorretos
apresentava
reversão
das
sílabas
do
estímulo
de
comparação
correto
e
os outros
apresentavam
sobreposições
menos completas
das
letras
(e.g.,
modelo:
BO;
comparação
correto:
BORA;
comparações
incorretos:
RABO,
COP
A, BEL
A). As palavras
selecionadas para
esse treino e para
os
subsequentes eram
de uso
comum, e é
pro
vável que elas
fossem familiares
às crianças anteriormente ao treino
.
Durante
os
P
assos
1, 4
e
5,
o
treino
com
cada
sílaba
(ver
T
abela
1)
foi realizado, inicialmente, em um bloco separado
de seis tentativas; todas
as
três
sílabas
eram,
então,
combinadas
em
um
quarto
bloco
de
treino
de
12
tentativas.
Durante
o
treino
dos
P
assos
2
e
3,
todas
as
três
sílabas
eram
apresentadas
apenas
em um
bloco combinado
de seis
tentativas, uma
vez que
estudos
pilotos demonstraram
que o
treino com
blocos separados
de
seis
tentativas
não
era
necessário
neste
ponto
do
procedimento
(i.e.,
nenhum
err
o
ocorria).
O
critério
para
avanço
para
cada
bloco
era
o
desempenho
sem
erros.
Se
um
ou
mais
erros
ocorressem
dentro
de
um
mesmo bloco,
este
era repetido. Durante o
quarto
bloco dos
P
assos
1, 4
e
5, os
participantes
tinham de
apresentar 100% de
respostas corretas antes
de seguir em frente. Caso contrário, o bloco era repetido
.
Matching-to-sample
arbitrário
auditivo-visual
(Conjuntos
B
par
a
Conjuntos
A).
N
as
F
ases
III,
VII
e
XIII,
as
crianças
aprenderam
a
emparelhar
guras
apresentadas
pelo
computador
com
palavras
ditadas
pelo
experimentador
.
N
o
início de
cada
tentativa,
o
experimentador
ditava
o nome
do modelo
e
instruía a
criança a
repetir o
nome antes
de escolher
um
dos
quatro
estímulos
de
comparação
apresentados.
Esse
aprendizado
auditivo-visual propiciou
os pré-r
equisitos comportamentais para os
testes
subsequentes
de
equivalência
de
estímulos,
que
seriam
usados
para
vericar
a compreensão dos estímulos textuais.
Matching-to-sample
de
identidade
com
resposta
constr
uída
(CRMTS-ID): P
alavr
as no
bloco de madeira como estímulos
modelo e sílabas
no bloco
de madeir
a como
estímulos de comparação
.
Durante as F
ases
IV
,
IX
e
XV
,
as
crianças
aprenderam
a
combinar/recombinar as
sílabas
que
eram
idênticas
ao
estímulo
modelo
de
duas
sílabas
(análogo
ao
procedimento
de
“
anagramas
”
de
Mackay
,
1985).
T
anto
o
estímulo
modelo
como
os
estímulos
de
comparação
eram
apresentados
em
blocos
de
madeira
nos
C
S
:
B
C
E
E
353
quais
as
letras
eram
gravadas.
A
partir
deste
arranjo
de
estímulos
de
comparação,
a
criança
era
requisitada
a
escolher
,
em
sucessão
e
em
uma
ordem da esquer
da para a direita, as duas sílabas que compunham
o bloco
do
estímulo
modelo.
T
rês
tentativas
com
cada
estímulo
modelo
eram
apresentadas
em
cada
bloco
de
tentativas
com
resposta
constr
uída.
Os
estímulos
modelo nestas
fases foram
selecionados por
conterem
as mesmas
sílabas
que
as
palavras dos
conjuntos que
seriam usados
subsequentemente
durante
o ensino
de leitura
com
compreensão
(conjuntos de
estímulos
AN
C,
AN C’
e AN
C’
’,
T
abela 2).
O objetivo
de usar
estes estímulos
era
isolar
os
componentes
silábicos
de
tal
forma
que
sua
seleção
seria
análoga
ao
comportamento textual de cópia.
As
tentativas
eram
iniciadas
quando
o
experimentador
apresentava
o
estímulo
modelo
(bloco
de
madeira)
contendo
a
palavra
e
pedia
para
a
criança
nomeá-la.
Se
esta
não
desse
o
nome
correto,
o
experimentador
ditava
a
palavra
para
que
a
criança
a
repetisse.
Em
seguida,
os
estímulos
de comparação com
as sílabas em
blocos de madeira eram
apresentados. A
partir
deste
arranjo, a
criança dev
eria
selecionar as
sílabas que
compunham
o
modelo;
os
estímulos
de
comparação
eram
sempre
os
do
conjunto
que
era o foco no tr
eino (ver
T
abelas 1 e 2). Antes de selecionar cada
bloco de
madeira com as
sílabas, a criança
deveria nomeá-las (i.e.,
dizer “BO”
antes
de
selecionar
o
bloco
de
madeira
com
a
sílaba
BO);
caso
não
nomeasse
o
bloco
antes
de
selecioná-lo,
um
feedback
instr
ucional
corretivo
era
apresentado
.
A
criança
era
requerida
também
a
selecionar
os
blocos
com
as
sílabas
na
mesma
ordem
em
que
apareciam
no
estímulo
modelo:
da
esquerda
para a
direita. P
or
m,
quando a
palavra era
construída, a
criança
deveria nomeá-la uma vez mais.
Se
o
repertório
de
leitura
apropriado
emergisse
como
produto
do
treino
realizado,
talvez
a
criança
fosse
capaz
de
atingir
o
desempenho
acima
descrito
sem
treino
(i.e.,
a
primeira
tentativa
pode
ser
vista
como
um
teste
da
habilidade-alvo).
Se
a
criança
não
apresentasse
emparelhamento
com
o modelo
acurado de
forma
independente, dicas
verbais ou
de
outro
tipo
eram
fornecidas
de
forma
a
ocasionar
o
compor
tamento
correto,
e
a
tentativa
era
registrada
como
“
erro
”.
As
dicas
eram
eliminadas
gradualmente
ao
longo
das
tentativas,
começando
com
o
último
passo
na
sequência
de
construção (análogo ao procedimento de encadeamento reverso).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
354
Durante
as
três
fases
de
CRMTS-ID,
o
número
de
estímulos
disponíveis
no
conjunto
de
escolhas
era
maior
que
o
número
de
sílabas
requeridas,
uma
vez
que
(a)
havia
oportunidades
para
construir
os
estímulos
de
comparação
em
que
a
primeira
e
a
última
sílaba
eram
idênticas,
e.g.,
BOBO
(ver
T
abelas
1
e
2),
e
(b)
havia
outras
sílabas,
que
não
eram apropriadas
para
construir
a
palavra
apresentada como
modelo.
À medida
que o treino
progr
edia,
a linha
de base da
criança expandia.
N
a
F
ase
IX,
por
exemplo,
as
tentativas
eram
apresentadas
não
somente
com
a
introdução
de
novos
estímulos
(conjunto
AN
C’),
mas
também
com
aqueles
cujo
critério
já
havia
sido
atingido
(conjunto
AN
C);
de
forma
similar
,
a
F
ase
XV
incluía
tanto
os
novos
estímulos
do
conjunto
AN
C’
’
quanto os velhos, do conjunto AN C’.
O
treino
de
linha
de
base
de
matching-to-sample
com
resposta
construída
proporcionou
o
desenvolvimento
de
pré-requisitos
comportamentais
essenciais
para
as
fases
subsequentes
(V
,
X
e
XVI),
nas
quais
as
sílabas
eram
combinadas
para
“
escrever
”
palavras
que
correspondiam
às
palavras
ditadas
(ver
Dube,
McD
onald,
M
cIlvane,
&
Macaky
,
1991,
para
discussão
detalhada
do
desenvolvimento
deste
procedimento
e
de
seus
benefícios
potenciais
para
o
estabelecimento
de
leitura com
compreensão).
Além disso,
a criança
era instruída
a produzir
o
nome de
cada modelo
antes de escolher
o estímulo de comparação
correto
–
um
passo
potencialmente
favorável
para
a
aprendizagem
da
relação
palavra impressa e sua contrapartida auditiva.
Matching-to-sample
arbitr
ário
com
resposta
constr
uída:
palavr
as
ditadas
como
modelo
e
sílabas
no
bloco
de
madeira
como
estímulos
de
compar
ação
(CRMTS-ARB).
Durante
as
F
ases
V
,
X
e
XVI,
a
criança
era
solicitada
a
construir
palavras
impressas
(i.e.,
selecionar
os
blocos
de
madeira
apropriados)
que
correspondiam
ao
modelo
ditado
pelo
experimentador
.
Os
procedimentos
eram
similares
àqueles
descritos
anteriormente
na
fase
CRMTS-ID,
com
a
exceção
de
que
o
estímulo
modelo
era
ditado,
em
vez
de
ser
visualmente
apresentado.
A
criança
era
instruída
a
repetir
a
palavra
ditada
antes
de
construir
o
estímulo
de
comparação.
Assim
como
aconteceu
em
outras
fases
já
descritas,
a
primeira
tentativa
de
cada
par
,
palavra
ditada-palavra
construída,
constituía
uma
oportunidade
para
testar
se
o
treino
realizado
previamente
favoreceu
a
aprendizagem
das
relações
C
S
:
B
C
E
E
355
críticas entre
estes dois
tipos de
estímulos.
S
e
a criança
não fosse
capaz de
construir
o
estímulo
de
comparação
correspondente
ao
estímulo
modelo,
eram fornecidas dicas
para a constr
ução da sequência
corr
eta, assim
como
descrito anteriormente.
T
este
de
relações
de
equivalência
emergentes.
O
objetivo
das
F
ases
VI,
VIII e
XIV foi
testar
a emergência
da leitura
com compreensão –
relações
entre
guras
como
modelo
e
palavras
impressas
como
comparações
(BC)
e
vice-versa
(CB).
Os
procedimentos
eram
uma
replicação
sistemática
do
estudo
relatado por
Sidman
(1971). T
odos
os
desempenhos
durante
essas
fases
foram
testadas
no
formato
padrão
de
matching-to-sample
,
em
que
as
crianças
apenas
tocavam
o estímulo
de comparação
em cada
tentativa (i.e.,
não respondiam via resposta construída).
Antes
da
F
ase
VI,
a
criança
havia
passado
tanto
pelo
treino
de
matching
de
identidade
com
resposta
construída
quanto
pelo
treino
de
matching
arbitrário
com
resposta
constr
uída.
Era
logicamente
possível,
portanto, que
as crianças
aprendessem a
relacionar
diretamente
as palavras
impressas
às
palavras
ditadas
correspondentes
(facilitando,
portanto,
a
emergência
do
desempenho
AC)
e
também
a
relacionar
as
palavras
impressas
com
as
guras,
a
partir
da
equivalência
de
estímulos.
Em
contraste,
os
testes
conduzidos
nas
F
ases
VIII
e
XIV
ocorreram
antes,
e
não
depois
do
matching
com
resposta
constr
uída.
Dessa
forma,
o
emparelhamento
acurado
entre
palavra
impressa-gura
poderia
ocorrer
apenas
se
a
criança
fosse
capaz
de
ler
com
compreensão
via
recombinação
das
sílabas
que
haviam sido apresentadas em diferentes or
dens durante os treinos iniciais.
Os
testes
de
equivalência
BC
e
CB
foram
incluídos
junto
a
tentativas
de
linha
de
base
que
avaliavam,
diretamente,
os
desempenhos
AB
e
AC,
que eram pr
é-requisitos para
as relações
de equivalência
emergentes; assim
como
na tarefa
prévia de
matching
auditivo-visual,
a criança
era
solicitada
a
repetir
o
modelo
ditado
antes
de
escolher
o
estímulo
de
comparação.
Os
testes
eram
conduzidos
em
blocos
de
20
tentativas
(12
tentativas
de
relações
BC
ou
CB
e
quatro
tentativas
de
cada
relação
AB
e
AC,
com
as
tentativas apr
esentadas em uma
ordem não
sistemática) apresentados
duas
vezes.
T
odas as
tentativas
eram conduzidas
sem
consequências difer
enciais;
se consistentes ou inconsistentes com as relações de equivalência denidas
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
356
pelo
experimentador
, cada
escolha durante
essa fase
era seguida
apenas por
um intervalo entre tentativas e pela apresentação da tentativa seguinte.
Ressaltamos
que
a
relação
AC
no
formato
padrão
era
necessariamente
o
produto
do
treino
prévio
r
ealizado
no
formato
de
resposta
constr
uída
(CRMTS).
O
formato
padrão
das
tentativas
AC
nunca
havia
constituído
o
foco
do
treino
explícito
de
discriminação
e
nenhuma
consequência
difer
encial
era
apresentada
durante
os
testes.
Resultados
positivos
nos
testes
da
relação
AC
poderiam
proporcionar
conrmações
adicionais
de
que
essas
relações
tenham
sido
aprendidas
durante
o
treino
prévio direto de desempenhos r
elacionados (i.e., CRMTS).
Apenas na
F
ase
VI, qualquer
desempenho
nos
testes
BC ou
CB,
que
não
atingissem
o
critério
de
pelo
menos
95%,
resultava
em
um
retorno
às
tarefas
de
CRMTS
antes
de
as
relações
BC
e
CB
serem
retestadas.
Os
resultados
serão
apresentados
somente
para
o
primeiro
teste
das
relações
BC e CB.
T
este
de
nomeação
or
al
de
palavras
impressas.
Estes
testes
foram
conduzidos
com
os
conjuntos
C,
C’,
C’
’
e
C’
’
’
(sendo
testada,
com
o
último
destes,
a
nomeação
das
recombinações
de
unidades
que
nunca
foram
apresentadas
em
tentativas
de
MTS,
constituindo,
por
tanto,
testes
“
puros
”
de
responder
textual).
Apesar
de
os
desempenhos
prévios
terem
enfatizado
a
escolha
de
estímulos
na
presença
de
palavras
ditadas
e
de
guras,
também
era
possível
que
a
nomeação
oral
de
palavras
impressas
emergisse
como
uma
resposta
aos
próprios
estímulos
textuais
e/ou
como
consequência
da
formação
de
classes
de
equivalência.
Cada
uma
das
20
palavras
era
apresentada
sucessivamente
na
tela
do
computador
e
a
criança era instruída
a nomeá-las. As palavras dos conjuntos C
e C’ foram
apresentadas apenas uma vez cada e as dos conjuntos C’
’ e C’
’
’, duas e três
vezes cada, respectiv
amente.
R
ESULTADOS
E
DISCUSSÃO
Os
pré-testes
e
o
treino
preliminar
foram
completados
em
uma
única
sessão,
e
as
crianças,
de
forma
geral,
cometeram
poucos
erros
durante os
procedimentos
de pré-tr
eino. Os
dados apresentados na
coluna
mais
à
esquerda
da
T
abela
3
mostram
que,
em
média,
elas
completaram
C
S
:
B
C
E
E
357
os
passos
desta
fase
em
77
tentativas
(resultados
dos
Pr
é-treinos
A,
B
e
C
somados).
Os
dados
de
uma
criança
(P16)
não
serão
apresentados
para
esta
e
para
as
tarefas
subsequentes,
uma
vez
que
P16
apresentou
muitos
comportamentos
“
extra
tarefa
”
durante
as
sessões
(e.g.,
abandonar
o
local
de
pesquisa,
tentar
iniciar
,
repetidamente,
conversas
irrelevantes
com
o
experimentador
,
etc.),
o
que
sugere
condições
motivacionais
inadequadas
e/ou
adaptação
pré-experimental
insuciente
ao
ambiente
experimental.
P
ara todas
as demais
crianças, o
padrão de
alta acurácia
durante o
pré-teste
e
o
pré-treino
demonstrou
que
os
participantes
tinham
os
pré-requisitos
comportamentais necessários para prosseguir para as fases experimentais.
T
abela 3
- R
esultados das
fases de
treino
em
relação
ao
número
mínimo
de
tentativas necessárias para atingir o critério a.
T
opograa de sílaba
CRMTS-
IDA
V
MTS-
ARB
CR-
MTS
ARB
F
ase
PtA
P
tB
P
tC
I
II
XI
XII
IV
IX
XV
III
VII
XII
V
Mínimo
T
e
n
t
a
t
i
-
vas
44
12
15
102
102
102
102
12
24
24
12
P
art. No
.
P8
52
12
15
124
116
102
104
12
24
24
16
16
16
12
P9
52
12
15
156
128
122
110
24
24
24
16
16
16
12
P10
56
12
15
114
144
112
132
24
24
24
16
16
16
12
P11
44
24
15
124
124
112
124
12
24
24
16
16
16
12
P12
44
12
15
128
128
126
140
60
24
24
32
16
16
24
P13
44
12
15
144
104
126
104
24
24
24
16
16
16
12
P14
44
12
15
114
104
102
104
12
24
24
16
16
16
12
P15
44
12
15
106
104
110
122
36
24
24
32
16
16
24
P17
44
12
15
104
114
104
102
24
24
24
16
16
16
12
P18
44
12
15
108
102
104
114
12
24
24
16
16
16
12
P19
52
12
15
124
112
102
126
24
24
24
16
16
16
12
P20
44
24
15
106
118
110
110
24
24
24
16
16
16
12
P21
44
12
15
118
108
104
122
12
24
24
16
16
16
12
P22
44
36
15
116
132
102
102
12
24
24
16
16
16
12
P23
44
12
15
200
132
102
116
12
24
24
16
16
16
12
Média
46
15
15
126
118
109
116
22
24
24
18
16
16
14
a
Os dados de P16 foram excluídos da análise (ver texto).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
358
Car
acterísticas
do
matching-to-sample
(topograa
de
sílabas).
As
F
ases
I
e
II
(usando
o
conjunto
1
[BO,
LO
CA])
e
as
F
ases
XI
e
XII
(usando
o
conjunto
2
[BA,
LA,
CO])
foram
conduzidas
para
estabelecer
a
discriminação
dos
elementos
dos
estímulos
(sílabas)
que
seriam
posteriormente
combinados
para
formar
palavras
impressas.
P
ara
cada
fase,
o
número
mínimo
de
tentativas
programadas
foi
de
102.
A
T
abela
3
mostra
que
houve
diferenças
entre
o
número
de
tentativas
de
treino
requeridas
para
atingir
o
critério
nas
posições
iniciais
(i.e.,
I
e
XI)
vs
.
nas
posições nais (II e XII; comparar a quinta e a sétima colunas com a sexta
e
a
oitava
colunas).
T
ais
diferenças
foram pequenas
e, em
geral, o
treino
foi
efetivo,
sem
gerar
a
ocorrência
de
muitos
erros.
O
tempo
de
treino
para
cada
uma
das
fases
variou,
aproximadamente,
entre
25-90
minutos
(F
ase
I),
25-60
minutos
(F
ase
II),
25-60
minutos
(F
ase
XI)
e
12-60
minutos (F
ase
XII).
O
tempo
de treino
para
o
conjunto
total das
tarefas
com
topograa
de
sílabas
variou
entre100-263
minutos
(média
=
150
minutos)
entre
os
participantes.
Mathing-to-sample arbitr
ário auditivo-visual (A
VMTS-ARB,
F
ases
III,
VII,
XIII).
N
estas
fases,
as
crianças
foram
ensinadas
a
emparelhar
palavras
ditadas
às
guras
correspondentes
(que
seriam
usadas
nos
testes
subsequentes
de
leitura
com
compreensão).
O
tr
eino
progr
ediu
rapidamente
e
apenas
duas
crianças
necessitaram
de
mais
que
o
número
mínimo
de
tentativas
programadas
(16).
N
as
F
ases
III
e
VII,
a
média
de
tempo
do
treino
variou
entre
8-30
minutos.
P
ara
a
F
ase
XIII,
o
tempo
variou entre 8-13 minutos.
Mathing-to-sample
de
identidade
com
resposta
construída
(CRMTS-
ID,
F
ases
IV
,
IX,
XV):
Estímulos
modelo
e
de
comparação
em
blocos
de
madeira. A
T
abela 3
mostra que
apenas 7
crianças atingiram,
inicialmente,
os
escores
perfeitos
(i.e.,
o
mínimo
de
12
tentativas)
durante
a
primeira
fase
de
CRMTS-ID
(F
ase
IV).
Além
disso,
observamos
que
o
treino
prévio
com topograa
de sílaba não
foi suciente
por si
só para estabelecer
emparelhamento
recombinativ
o
por
identidade.
U
m
treino
adicional
foi
necessário.
A
maioria
das
crianças
necessitou
de
apenas
um
bloco
adicional
de
12
tentativas
para atingir
o
critério,
mas
algumas
necessitaram
de
mais
tentativas
(ver
T
abela
3).
U
ma
vez
inicialmente
estabelecido,
a
transferência
substancial
do
treino
CRMTS-ID
foi
evidente.
N
enhuma
C
S
:
B
C
E
E
359
criança
necessitou
de
mais
que
o
número
mínimo
de
tentativas
(24)
para
atingir
o
critério
nas
F
ases
IX
e
XV
.
De
forma
não
surpreendente,
dado
os
escores
de
acertos,
o
tempo
de
treino
durante
essas
fases
foi
mínimo
(variou entre 8-30 minutos na F
ase IV
; 8-15 minutos nas F
ases IX e XV
).
Mathing-to-sample
arbitr
ário
com
resposta
construída
(CRMTS-
ARB,
F
ases
V
,
X,
XVI):
Estímulos
modelo
ditados
e
estímulos
de
comparação
em
blocos
de
madeira. T
odas
as
crianças
atingiram
o
critério
muito
rapidamente.
Apenas
duas
necessitaram
de
mais
que
o
número
mínimo
de
tentativas
(12)
na
F
ase
V
(ver T
abela
3),
e
nenhuma
nas
duas
fases
subsequentes
(dado
não
apresentado).
Claramente,
houve
uma
transferência
substancial
do
treino
das
fases
precedentes.
Além
disso,
o
fato
de
as
crianças
terem
se
desempenhado
perfeitamente
nas
F
ases
X
e
XIV
evidencia
que
tais desempenhos
foram adquiridos
via a
recombinação
espontânea
das
unidades
mínimas,
estabelecida
no
treino
prévio
de
discriminação.
T
este
das
relações
emergentes
de
equivalência
(leitur
a
com
compreensão,
F
ases VI, VIII e
XIV).
Os
t
estes
das
relações
BC
e
CB
constituíram
o
teste
das
r
elações
emergentes
de
leitura
com
compreensão
.
T
ambém
foram
testadas
as
relações
AC
que
(a)
poderiam
emergir
como
um
produto
do
treino
prévio
de
CRMTS
e
(b)
eram,
logicamente,
pré-requisitos
para
a
emergência
das
relações
BC
e
CB.
Os
dados
das
24
tentativas
do
teste
inicial estão apresentados na
T
abela 4.
De
forma
geral,
os
resultados
dos
testes
BC
e
CB
foram
consistentes
com
a
formação
de
classes
de
equivalência
e,
apesar
de
conduzidos
sem
reforçamento
diferencial,
a
grande
maioria
dos
escores
das
crianças
excedeu
90% de
consistência com tais
relações. Escores
baixos foram
raros
e podemos
dizer que
apenas um dos
45 escores apro
ximou-se do chamado
“
nível
do
acaso
”
(tipicamente
denido
por
escores
entre
15%-35%
em
uma
tarefa com quatro comparações). Os desempenhos foram comparáveis aos
das
tentativas
AC,
proporcionando
evidência
da
transferência
substancial
do
treino
prévio,
incluindo
a
generalização
recombinativa
das
unidades
mínimas estabelecidas via treino direto
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
360
T
abela
4
-
Resultados
dos
testes
(%
consistente
com
a
equivalência
de
estímulos)
para
as
relações
de
emparelhamento
com
o
modelo
potencialmente
emergentes.
N/R
=
dado
não
registrado
devido
a
problemas
técnicos com o aparato.
F
ase VI
F
ase VIII
F
ase XIV
P
ar
t. N
o.
BC/CB
AC
BC/CB
AC
BC/CB
AC
P8
75
100
88
100
100
100
P9
100
98
100
98
100
98
P10
100
100
88
98
88
88
P11
75
75
94
98
94
75
P12
56
73
63
96
94
67
P13
100
98
100
100
100
100
P14
100
100
100
85
100
98
P15
94
92
100
98
100
99
P17
100
98
100
100
100
98
P18
100
93
100
98
94
98
P19
100
91
100
100
100
83
P20
100
100
100
100
100
100
P21
88
100
94
100
100
100
P22
75
97
100
97
87
97
P23
94
97
N/R
100
87
83
A
transferência
dos
desempenhos,
geralmente
precisos,
pelas
crianças,
foi
especialmente
impressionante,
considerando
que
os
desempenhos
testados
nas
F
ases
VIII
e
XIV
foram
necessariamente
resultantes
(a)
da
recombinação
espontânea
das
unidades
mínimas
e
(b)
do repertório de tato das
crianças que foi vericado (e experimentalmente
denido)
pelas
contingências
do
treino
.
Certamente,
alcançar
esse
nível
de
transferência
é
um
passo
crítico
no
desenvolvimento
de
um
r
epertório
competente de leitura generalizada, mesmo em um nível rudimentar
.
N
ão
obstante
os
altos
níveis
de
desempenho
em
geral,
obser
vamos
algumas
características
curiosas
para
cer
tos
aspectos
dos
resultados.
N
otamos
poucas
instâncias
na
T
abela
4,
em
que
a
acurácia
nas
tentativas
BC/CB
não
foi
acompanhada
por
uma
acurácia
comparável
nas
tentativas
AC
e
vice-versa
.
Apesar
dessas
disparidades,
em
geral,
não
terem
sido
grandes,
elas
representam
um
desao
para
uma
análise
baseada
simplesmente
em
C
S
:
B
C
E
E
361
relações
de equivalência
de
estímulos.
Se
todos
os estímulos
de
uma
dada
classe
eram
equivalentes,
por
que
tais
disparidades?
Até
o
momento,
poucas
foram
as
tentativas
para
entender
essas
pequenas,
mas
intrigantes,
diculdades.
U
ma
exceção
pode
ser
encontrada
na
teoria
da
coerência
de
topograa
de
controle
de
estímulos
(
T
CTCE)
8
(M
cIlvane,
Serna,
Dube,
& Str
omer 2000; McIlv
ane & Dube, 2003). A análise da T
CTCE explica
tais resultados
em termos da
competição, ao
longo das
tentativas, de mais
de
uma
relação
de
equivalência;
aquelas
relações
que
não
estão
de
acordo
com
as
denidas
como
relevantes
pelo
professor/experimentador
são
contabilizadas
como
“
erros
”,
reduzindo,
desta
forma,
a
pontuação
geral.
A
análise
da
TCT
CE
foi
desenvolvida,
em
parte,
para
ajudar
a
entender
a
“
emergência
gradual”
das
relações
de
equivalência,
que,
em
alguns
casos,
é
obser
vada
nos
estudos
de
equivalência;
ao
longo
das
tentativas,
o
desempenho
melhora, mesmo
quando os
testes
são r
ealizados
em extinção
.
P
arece
possível
que
alguns
de
nossos
resultados
possam
estar
relacionados ao
fenômeno
da
emergência
gradual.
N
otamos,
na T
abela
4,
que os
escores em
A
C
foram maiores na
F
ase VIII
do que
nas outras
duas
fases
de
teste (VI
e
XIV
).
T
alvez
os
escores
mais elev
ados
sejam
resultantes,
ao
menos
em
par
te,
das repetidas
exposições
às
sílabas
(i.e.,
aquelas da
F
ase
VI,
mas
apresentadas
em
diferentes
combinações).
De
acordo
com
a
análise
da T
CTCE,
tais
exposições poderiam
reduzir
a
competição
entre
relações
de
controle
de
estímulos
que
competem
entre
si
(Dube
&
M
cIlvane,
1996).
Embora
a
análise
da
TCT
CE
tenha
algum
suporte
empírico
nos
estudos
de
aprendizagem
de
discriminação
simples
(e.g.,
McIlv
ane
et
al.,
2002),
ela ainda
tem de
ser
explicitamente avaliada no
contexto
de experimentos
em
equivalência
de
estímulos.
Desta
forma,
não
podemos,
atualmente,
explicar
com
qualquer
certeza
as
diferenças
nos
níveis
de
acurácia
das
relações BC/CB e A
C.
Dois
problemas
menores
foram
notados
durante
os
procedimentos.
Em
primeiro
lugar
,
o teste
foi,
aparentemente,
insuciente
para
preparar
as
crianças
para uma
acurácia
completa
na r
ecombinação
das
unidades
silábicas.
Houv
e
certas
discrepâncias
menores
na
pronúncia
de
certas
unidades
silábicas
(e.g.,
um
“O”
aber
to
como
em
COCA
vs
.
um
“O”
fechado).
No
início
do
treino,
as
crianças
aprenderam
pronúncias
com
o
8
NT
: T
raduzido do original em inglês
Stimulus control topogr
aphy coherence theory
(SCTCT)
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
362
último.
Se
tivéssemos
antecipado
os
testes
de
equivalência
de
estímulos
e
de
recombinação com
a tarefa
de CRMTS
(como na
F
ase VI),
seria provável
que
tais
problemas
fossem
evitados.
Em
segundo
lugar
,
e
de
certa
forma
mais
preocupante, o
outro
problema
foi a
tendência
de
algumas
crianças
de
produzir
em
uma
sílaba depois
da
outra com
uma pequena
pausa
entre
elas
(ver
F
ase
IV).
Quando
faziam
a
pausa,
elas
nem
sempre
detectavam
que as
duas sílabas
combinadas formavam
uma palavra
(e.g., BO
. . .
LO).
Se
repetissem
as
sílabas
um
pouco
mais
rápido,
seja
espontaneamente
ou
após
uma
dica
breve
do
experimentador
,
elas
rapidamente
detectavam
a
relação de interesse – um resultado que é
completamente consistente com
pesquisas prévias na área de “
ensino preciso
”
9
(Lindsley
, 1992).
N
omeação
or
al
de
palavr
as
impressas.
A
T
abela
5
mostra
os
resultados
destes
testes
(F
ase
XVII),
que
foram conduzidos
depois
de
todos
os
outros
procedimentos.
Quatro
descobertas parecem
ser
particularmente
dignas de nota.
T
abela
5
-
Resultados
dos
testes
(%
consistente
com
as
relações
de
equivalência
especicadas
pelo
experimentador)
para
desempenhos
de
nomeação potencialmente emergentes.
P
ar
t. N
o.
Conjunto C
(N=4)
Conjunto C’
(N=4)
Conjunto C’
’
(N=8)
Conjunto C’
’’
(N=24)
P8
100
100
100
100
P9
100
100
100
100
P10
100
100
100
88
P11
100
100
100
96
P12
100
100
100
44
P13
100
100
100
100
P14
100
100
100
100
P15
100
100
100
100
P17
100
100
100
88
P18
100
100
100
100
P19
100
100
100
88
P20
100
100
100
83
P21
100
100
100
88
P22
100
100
100
100
P23
75
50
75
63
9
T
raduzido do original
“
precision teaching”.
C
S
:
B
C
E
E
363
1.
T
odas
as
crianças,
exceto
uma,
apresentaram
alta
acurácia
na
nomeação
dos
estímulos
dos
conjuntos
C,
C’
e
C’
’.
Este
resultado
é
consistente
com
muitos
dados
relatados
na
literatura
de
equivalência
desde
seu
princípio (e.g., Sidman, 1971).
2.
Em
contraste
marcante,
uma
criança
apresentou
escores
bastante
baixos
nos testes de
nomeação, apesar dos escores consistentemente
altos nos
testes
de
equivalência
de
estímulos
e
de
recombinação
das
unidades
silábicas.
T
ais
resultados
ocorrem
com
cer
ta
frequência
na
literatura
de
equivalência,
levando
à
armação
de
que
a
nomeação
coincidente
não
é
nem
necessária
e
nem
suciente
para
produzir
comportamento
emergente
e
vice-versa
(Sidman,
Wilson-Morris,
&
Kirk,
1986).
N
os
termos
do
Comportamento
V
erbal,
os
repertórios
de
falante
e
ouvinte
de um indivíduo podem ser independentes um do outro (Lee, 1981).
3.
Os
dados
de
nomeação
dos
estímulos
do
conjunto
C’
’
’
mostraram
maior
variabilidade
interparticipantes
do
que
os
dos
outros
conjuntos.
Em
geral,
a
nomeação
das
recombinações
das
sílabas
foi
acurada,
sugerindo
o
desenvolvimento
de
um
repertório
textual
ver
dadeiro
e,
talvez,
o
início da
consciência fonológica.
Como a T
abela
5 mostra,
nem todas
as crianças apresentaram
comportamento textual acurado. P
elo menos
para
algumas,
outros
aspectos
de
nosso
procedimento
podem
ser
importantes
para
permitir
que
elas
apresentem
recombinação
silábica
acurada.
4.
Alguns
dos
comportamentos
das
crianças
sugeriram
que
a
escolha
de
alguns
de
nossos
estímulos
pode
não
ter
sido
sucientemente
examinada
antes
de
nosso
trabalho
experimental.
P
or
exemplo,
a
combinação
CALA
(a
única
palavra
que
não
era
um
substantivo
e
sim
um
verbo)
tendeu
a
ocasionar
erros.
Diversas
crianças
responderam
àquela
palavra
dizendo
“Carla
”,
que
era
o
nome
de
outra
criança
da
classe
(entre
parênteses,
uma
demonstração da
TCT
CE
como concorr
ência).
Outra
combinação
foi
LOLA,
que
é
um
nome
feminino
de
origem
espanhola:
percebemos que
a
maioria das
crianças
não era
familiarizada
com esse
nome.
Essas
obser
vações
sugerem
que
a
coerência
com
experiências
extra-experimentais
pode
ser
uma
variável
importante
para
produzir
comportamento
emergente
que
seja
consistente
com
os
objetivos
do
professor/experimentador
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
364
Resumo
dos
r
esultados.
Apesar
dos
poucos
problemas,
parece
que
os
procedimentos
aqui
relatados
são
efetivos
em
estabelecer
equivalência
de
estímulos,
recombinação
de
unidades
silábicas
e
repertórios
rudimentares
de
leitura
em
crianças
que
não
haviam
sido
expostas
previamente
ao
ensino
de
leitura.
T
ais
resultados
foram
obtidos
com
todas
as
crianças
dentro
de
um
período
de
tempo
relativamente
curto.
O
procedimento
completo
precisou
de
uma
média
de
apenas
11
sessões
(variação
entre
9
e
14),
conduzidas
de
4
a
7
horas.
Esses
procedimentos
parecem
constituir
uma
melhora
substancial
daqueles
relatados
em
nossos
ar
tigos
anteriores
(Matos
et al., 1999; 2002) (ver abaixo).
D
ISCUSSÃO
GERAL
Implícito
no
delineamento
da
nossa
proposta
aqui
relatada
encontrava-se o
pressuposto
de
que repertórios
rudimentares
funcionais e
gerativos de leitura
poderiam ser encorajados
pelo estabelecimento de
três
tipos
de
relações
verbais:
tatos,
ecóicos
e
respostas
textuais.
Os
pré-requisitos
comportamentais
críticos
para
estabelecer
essas
relações
foram
fornecidos
não
apenas
pelos
pr
ocedimentos
de
matching-to-sample,
como
aqueles
usados
por Sidman (1971),
mas
também por
meio
do
matching-to-sample
com
resposta
construída
(CRMTS),
uma
variação
do
MTS
inicialmente
relatado
por
Mackay
e
Sidman
(1984)
e
com
recursos
suplementares
de
procedimento
que
foram adicionados
para encorajar
o responder
verbal. A
seguir
, resumir
emos os
pré-requisitos
comportamentais críticos
em relação
às categorias taxonômicas articuladas por Skinner (1957).
1.
Quando
as
crianças
falavam
nomes
culturalmente
apropriados
na
presença
de
guras,
a
função
de
tato
era
uma
inferência
razoável.
Quando
o
treino
estabelecia
as
bases
para
as
relações
de
equivalência
envolvendo
tais
guras
e
as
palavras
impressas,
era
razoável
inferir
também
que
as
crianças
se
tornavam
capazes
de
tatear
estas
últimas
–
não apenas apresentando respostas textuais aos estímulos impr
essos.
2.
As
respostas
ecóicas
foram
essenciais
para
vericar
que
cada
criança
poderia
(a)
discriminar
palavras
ditadas
de
outras
que
foram
apresentadas
e (b) r
eproduzir oralmente
tais palavras, comportamento pr
é-requisito
para
o tato
oral acurado,
tanto
de guras
quanto
de palavras
impressas.
C
S
:
B
C
E
E
365
Entretanto,
a
partir
dos
resultados
do
presente
estudo,
não
ca
claro
se
o
repertório
ecóico
teve
outra importância
funcional. H
orne e
Lowe
(1996)
têm
argumentado,
por
exemplo,
que
a
equivalência
de
estímulos
emergente
reete
a
chamada
“
fusão
compor
tamental
”
dos
repertórios
de
falante
e
ouvinte.
Se
tal
fusão
é
de
fato
desenvolvida
da
maneira
como
eles
especicam,
os
procedimentos
aqui
relatados
claramente
a
encorajam.
P
or
exemplo,
ecóicos
foram
explicitamente
requeridos
na
presença
de
estímulos
que
seriam
relacionados
às
palavras
ditadas,
ou
seja, repetir
o
modelo antes
de
escolher
o
estímulo de
comparação
nas
tentativas
de
matching-to-sample
.
Experimentações
subsequentes
serão necessárias
para
determinar se
o estabelecimento
de
ecóicos fora
do
contexto
das
relações
de
matching-to-sample
produzirão
efeitos
similares
em encorajar
o desenvolvimento
de repertórios funcionais
de
leitura.
Até
então,
as
pesquisas
têm
sido
limitadas
(e.g.,
Matos
et
al.,
2002),
mas
os
dados
até
agora
coletados
sugerem
que
o
“
pacote
”
de
procedimentos
relatados
no
presente
estudo
–
e
não
o
treino
isolado
de
vários
operantes verbais
– fornece
o
treino
crítico para
a emergência
dedigna de
leitura recombinativa gerativa
em uma
alta proporção de
crianças.
3.
As
respostas
textuais
foram,
prov
avelmente,
essenciais
para
a
generalização
recombinativa
envolvendo
as unidades
silábicas
mínimas
que
formavam
as
palavras
impressas
utilizadas
no
estudo.
Relacionando
nosso
trabalho
a
análises
cognitivas
da
habilidade
de
leitura,
a
consciência
fonológica
claramente
envolve
unidades
fonológicas
e
textuais de uma maneira consistente com a
análise de Skinner (1957).
P
or
exemplo,
a
criança
que
aprende
a
selecionar
e
a
produzir
a
sílaba
falada
“bo
”
na
presença
da
sílaba
impressa
BO
o
faz
na
ausência
de
qualquer
relação
de
tato
denida
pela
comunidade
verbal
(i.e.,
“bo
”
não tem signicado independente em P
or
tuguês).
U
ma questão para estudos
futuros é se
respostas textuais
reetem
relações
de
equivalência
envolvendo
sílabas
faladas
e
impressas.
U
ma
relação
desta natur
eza é consistente
com a
lógica do
paradigma da
equivalência de
estímulos
e
da
generalização
recombinativa,
que
tem
sido
demonstrada
em
estudos
analítico-comportamentais
de
pr
ocedimentos
para
ensinar
leitura r
udimentar para
pessoas com
limitações
no desenvolvimento (e.g.,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
366
Saunders, O’D
onnell V
aidya, & W
illiams, 2003). É consistente, também,
com
a
recente
análise
teórica de
Sidman
(2000)
sobre
as
relações entre
os
vários elementos das contingências de
reforçamento
. Análises relacionadas
que têm focado principalmente em
relações entr
e estímulos ordinais (e.g.,
Mackay
,
Kotlarchyk,
&
S
tromer
,
1997;
Holcomb,
Stromer
,
&
Mackay
,
1997)
também podem
ser r
elevantes
para a
análise
do
responder textual
na
recombinação silábica, que pode resultar em leitura gerativ
a.
Análises
do
comportamento
verbal
na
equivalência
de
estímulos.
A
análise
das
relações
de
equivalência
emergentes
dentro
de
um
quadro
de
relações
verbais,
como
denido
por
Skinner
(1957),
pode
ajudar
a
responder
a uma
questão identicada há
muitos anos por
McIlvane,
Dube, Kledaras,
Iennaco
e
Stoddar
d
(1989).
Estes
autores
notaram
que
a
equivalência
de
estímulos
era
então
(e
continua
a
ser)
promovida
como
a
contrapar
tida
analítico-comportamental
do
“
signicado
”
como
denido
pelos
leigos
e
pela
psicolinguística.
N
o
entanto,
a
maioria
dos
experimentos
de
equivalência
parecia, notavelmente,
desprovida
de
“
signicado
”,
tal
como
convencionalmente denido em outros ramos da ciência comportamental
(e.g.,
psicolinguística).
P
ara
ns
de
controle
experimental,
trabalhos
típicos
de
laboratório
deniram
potenciais
relações
de
equivalência
entre
conjuntos
de
estímulos
arbitrários
inerentemente
sem
signicado
(e.g.,
formas
não
representacionais,
sílabas
sem
sentido,
etc.).
Resultados
positivos
são
obser
vados
quando
os
participantes
apresentam
relações
de
equivalência
entre
esses
estímulos
de
uma
maneira
consistente
com
as
contingências
arranjadas
pelo
experimentador
.
A
questão
identicada
por
M
cIlvane
e colegas
pode
ser
colocada da
seguinte
maneira:
E
mbora os
membros
de
uma
dada
classe
de
equivalência
possam
ter
o
mesmo
signicado,
o
que é que eles signicam?
Eles concluíram que o
“
signicado
” demonstrado
empiricamente
em
preparações
experimentais
típicas
era
apenas
uma
conrmação das
relações de contingências
– os
determinantes contextuais
do
reforçamento.
Como
tal,
sua
análise
era
consistente
com
a
visão
comum
entre
analistas
do
comportamento
de
que
o
compor
tamento
verbal
não
é
diferente, em essência,
de outras formas
do comportamento,
embora seja,
aparentemente, mais complexo e gerativ
o.
Vistas
sob uma
perspectiva de comportamento
verbal,
as r
elações
de
equivalência
nos
estudos
típicos
de
laboratório
parecem
análogas
aos
C
S
:
B
C
E
E
367
comportamentos estabelecidos no pr
esente estudo – comportamentos que
permitiram
o
responder
textual
e
a
recombinação
de
sílabas. I
sto
é,
quando
a
criança
é
ensinada
que
a
sílaba
impressa
BO
é
relacionada
com
a
sílaba
ditada
“bo
”,
o
“
signicado
”
é
apenas
uma
relação
denida
pelo
procedimento
–
um
tato
experimentalmente
denido.
Ou
seja,
a
nomeação
oral
de
BO
como
“bo
”
é
estabelecida
e
reforçada
inicialmente
dentro
do
contexto
do
experimento.
Essa
relação
pode
ser
útil
não
apenas
dentro
dos
limites
do
estudo
(i.e.,
permitindo
o
responder
recombinativo
potencialmente
reforçáv
el),
mas
também
posteriormente,
quando
aqueles
tatos
denidos
experimentalmente
fornecem
os
pré-requisitos
compor
tamentais
para
o
responder textual subsequente em outros contextos.
Como
implicação,
as
relações
compor
tamentais
envolvidas
na
análise
cognitiva dos
processos
recombinativos envolvidos
nos
repertórios
de
leitura
podem
submeter-se
a
uma
análise
em
termos
de
relações
verbais
de
equivalência.
P
or
exemplo,
a
recombinação
espontânea
de
unidades
mínimas
envolvendo
diferentes
consoantes
iniciais
e
trios
formados
por
vogal-consoante-vogal
idênticos
(e.g.,
rimas
como
B-OLA,
C-OLA,
M-OLA,
S-OLA,
etc.)
10
podem
envolver
o
mesmo
processo
comportamental
ou
processos
comportamentais
semelhantes
àqueles
envolvidos
na
recombinação
silábica
(ver
a
discussão
de
autoclíticos,
de
Skinner
,
1957,
p.
336,
e
seu
Capítulo
11,
“No
vas
combinações
de
respostas
fragmentárias
”
11
).
Análises
dos
componentes
das
relações
de
compor
tamento
verbal
no
ensino de
leitura
r
udimentar
.
Embora nosso
estudo tenha
sido inspirado na
análise
das
relações
verbais,
de
Skinner
,
e
no
paradigma
da
equivalência
de
estímulos,
de
Sidman,
nosso
interesse
principal
tem
sido
denir
um
conjunto
efetivo
de
contingências
para
estabelecer
repertórios
rudimentares
de leitura.
A população
de
interesse principal tem
sido o
grande gr
upo de
crianças
com
baixo
status
socio
econômico
que
estão
em
risco
de
fracasso
escolar
em
função
das
limitadas
oportunidades
educacionais.
Desta
forma, não zemos esforço para
controlar todas as variáveis que poderiam
estar
envolvidas
em
uma
análise
mais
abrangente
dos
pré-r
equisitos
comportamentais
da
leitura
rudimentar
.
Reconhecido
isto,
o
programa
10
No texto original foram utilizados ex
emplos de rimas com a língua inglesa: B-A
T
, C-A
T
, H-A
T
, M-A
T
, etc.
11
O título original em inglês do capítulo 11 é “
New combinations of fr
agmentar
y r
esponses
”.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
368
mais
amplo
que
precedeu
o
presente
estudo
explorou
uma
série
de
variações
que
apresentavam
vários
componentes
do
programa
em
diferentes
arranjos.
N
o
estudo
de
Matos
et
al.
(2002),
por
exemplo,
o
pacote
de
treino,
que
apresentava
os
componentes
de
uma
maneira
diferente,
um
pouco
mais
isolados,
levou,
para
uma
grande
maioria
de
participantes,
a
relações
de
matching-to-sample
emergentes,
mas
não
a
desempenhos
recombinativos
espontâneos com nov
as palavras, como neste estudo.
U
ma
vez
que
denimos
um
conjunto
bastante
efetivo
de
contingências
de
treino,
um
próximo
passo
lógico
seria
uma
análise
mais
abrangente
dos
componentes
das
contingências
para
determinar
os
aspectos verdadeiramente essenciais e os passos (se houv
er) que podem ser
simplicados
ou mesmo
omitidos.
Em virtude
do
fato
de
as
contingências
aqui
relatadas
evoluírem
ao
longo de
vários
estudos
prévios,
é
possível
fazer
comparações
informais
entre
eles
para
desenvolver
hipóteses
que
possam
ser
testadas
em
estudos
subsequentes
formais
de
comparação.
Existem
também
aspectos
do
procedimento
que
exigem
uma
análise
mais
profunda.
P
or
exemplo,
nós
exigimos,
tipicamente,
que
as
crianças
atingissem
um
critério
de
acurácia
bastante
alto
(geralmente
100%)
antes
de
avançar
de
uma fase para outra. S
erá que a aplicação de um critério um
pouco menos
rigoroso
permitiria
avançar
ainda
mais
rápido
no
programa
ou
será
que
isso poderia prejudicar sua ecácia?
Outra
consideração
refere-se
aos
procedimentos,
ou
seja,
se
eles
poderiam
ser
totalmente
automatizados.
N
o
presente
caso,
os
procedimentos
foram
semi-automatizados,
envolvendo
um
professor
em
alguns
aspectos
(e.g.,
durante o
pré-treino,
na apresentação
dos blocos
de madeira,
etc.). À
primeira
vista,
parece
ser
preferível
disponibilizar
um
programa
totalmente
implementado
e/ou
manejado
pelo
computador
.
Ao
fazer
isto,
seria
possível
proporcionar
as
bases
para
um
ensino
individualizado
efetivo.
P
orém,
dada
a
idade
das
crianças
envolvidas,
parece
prov
ável
que
cer
to
grau
de
apoio
motivacional
social
seria
importante,
mesmo
em procedimentos
altamente
automatizados. Além
disso, a
realidade prática
das salas
de aula
típicas dita
que
a
maioria
ou
todas
as
instr
uções
devem
ser
fornecidas
em
situações
de
grupo,
frequentemente
envolvendo
assistentes
e/ou
pais
voluntários.
Esperamos
que
nosso
trabalho
auxilie
os
educadores
na
concepção
de
procedimentos
analítico-comportamentais
aplicados,
nos
quais
o
ensino
C
S
:
B
C
E
E
369
possa
ser
oferecido de
maneira
a
maximizar
tanto
a
implementação
ecaz
dos recursos quanto o progr
esso dos alunos.
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our
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sycholog
y
, 84
, 364–370.
372
373
u
ma
r
eviSão
d
a
C
ontribuição
b
raSileira
no
d
eSenv
ol
viment
o
de
p
roCediment
o
S
de
e
nSino
p
ara
a
l
eitura
r
eCombin
a
tiv
a
Maria Martha Costa H
übner
Ariene Coelho Souza
Silvia R
egina de Souza
O
presente
capítulo
tem
como
objetivo
descrever
a
história
de
pesquisas
comportamentais
brasileiras
sobre
o
ensino
da
leitura,
recuperando
detalhes
de
procedimentos
que
foram
determinantes
no
desenvolvimento
de
novos
procedimentos
de
ensino
para
a
aquisição
da
leitura
recombinativa.
P
esquisas
de
quatro
laboratórios,
do
Brasil,
serão
aqui
descritas:
Laboratório
de
Estudos
do
Compor
tamento
H
umano,
da
U
niversidade F
ederal de
São
Carlos; Laboratório
de Estudos
de Operantes
V
erbais,
da
Univ
ersidade
de
São
P
aulo;
Laboratório
de
Apr
endizagem
H
umana,
da
Univ
ersidade
de
Brasília;
e
Laboratório
de
Análise
do
Comportamento da U
niversidade Estadual de Londrina.
C
ONCEITOS
E
P
ESQUISAS
P
IONEIRAS
SOBRE
L
EITURA
EM
A
NÁLISE
DO
C
OMPORTAMENTO
N
o
âmbito
da
Análise
do
Comportamento,
ler
é
um
operante
complexo
que
envolve
controles
múltiplos.
Segundo
Skinner
(1957),
ler
envolve
um
operante
verbal
sob
controle
de
estímulos
textuais.
A
relação
de
controle
exercida
pelo
texto
(estímulos
textuais)
sobre
as
r
espostas
verbais
ponto
a
ponto
produzidas
por
ele
é
chamada
comportamento
textual.
N
o
entanto,
é
possível
emitir
precisamente
a
sequência
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
374
respostas
verbais
correspondentes
a
um
texto
sem
compreendê-lo.
Assim,
comportamento textual é uma condição necessária, embora não suciente
para a compreensão (de R
ose, 2005).
Skinner
(1957)
empregou
o
termo
leitura
para
referir-se
à
leitura
com
compreensão,
que
requer
que
o
leitor
reaja
como
ouvinte
ao
seu
próprio
comportamento
textual.
P
ara
compreender
como
estímulos
textuais
adquirem
controle
sobre
o
comportamento
verbal
e
como
é
produzida a
leitura com compr
eensão, é necessário
entender as r
elações de
controle
de
estímulos,
ou
seja,
determinar
que
aspectos
ou
componentes
dos
estímulos exercem
controle
sobre
o responder
,
tanto
o
verbal
quanto
o não verbal (de Rose, 2005).
O
estabelecimento
do
controle
de
estímulos
ocorre
por
meio
de
uma
história
de
reforço
diferencial.
Assim,
na
presença
de
determinados
estímulos,
respostas ou
classes
de
respostas serão
seguidas
de
reforço, e
na
ausência
destes
estímulos
ou
na
presença
de
outros,
as
mesmas
respostas
não
serão
reforçadas.
O
controle
de
estímulos
assim
estabelecido
é
denominado
discriminação
.
N
o
processo
de
discriminação
simples,
a
unidade
de
análise
é
a
contingência de
três
termos ou
tríplice contingência,
em que
uma r
esposta
(R), emitida
sob condições
especícas, tem
a sua
probabilidade
de emissão
aumentada
em
razão
de
uma
consequência
reforçadora
produzida
(Sr),
que
retroage também sob
a condição
antecedente (Sd).
Ao retroagir
, confere
à
condição
antecedente
um
status
discriminativo
(Sd
–
R
–
Sr). O
processo
de
discriminação
simples
envolve
a
discriminação
de
estímulos
seletores
de
respostas
especícas
relacionadas
com
a
produção
das
consequências
reforçadoras na história de contingências.
N
o
entanto,
a
emissão
de
compor
tamentos
complexos
como
a
leitura
requer
muito
mais
do
que
a
emissão
de
respostas
especícas.
A
emissão
de
operantes
complexos
implica,
também,
a
dependência
de
outros
estímulos
que
forneçam
“
contextos
”
para
eles
exercer
em
função
discriminativa
(Catania,
1999).
Esses
estímulos
são
chamados
condicionais
(Sc) e
o
processo de
aquisição desse
controle é
chamado de
discriminação
condicional.
O
estímulo
condicional
especica
a
contingência
de
três
termos
em
vigor
,
caracterizando
assim
o
que
alguns
autores
descrevem
C
S
:
B
C
E
E
375
como uma
“
contingência de
quatro termos
” (S
idman, 1986;
1994; Abr
eu-
Rodrigues & Ribeiro, 2005).
Em
1965,
Cumming
e
Berryman
demonstraram
experimentalmente
o
processo
de
discriminação
condicional
com
pombos,
por
meio
de
um
arranjo
experimental
chamado
escolha
de
acordo
com
o
modelo
(
matching-to-sample
ou
MTS).
N
o
MTS,
o
sujeito
é
confrontado
com
um
estímulo
modelo
e
dois
ou
mais
estímulos
de
comparação.
O
treino
é
realizado
com,
no
mínimo,
quatro
estímulos
(A1,
B1,
A2,
B2).
Diante
do
estímulo
modelo
A1,
selecionar
B1
será
seguido
de
reforço
e
selecionar
B2
não
será
seguido
de
reforço
.
N
o
caso
do
estímulo
modelo
A2,
selecionar B2
e não B1
será seguido de r
eforço.
Respostas aos estímulos
de
comparação
são
reforçadas
ou
não
de
acordo
com
arranjos
predeterminados
pelo
experimentador
.
Esse
procedimento
passou
a
ser
amplamente
adotado
para produzir
o desempenho
denominado
discriminação condicional
em
condições controladas (Sidman, 1994).
O
início
dos
estudos
em
discriminação
condicional
destacou
a
independência de
relações formais
entre estímulos
e respostas
no controle
do
compor
tamento,
enfatizando
a
possibilidade
de
relações
arbitrárias,
portanto, simbólicas (H
übner
, 2006).
Em
1971,
Sidman
investigou
a
aquisição
da
leitura
com
compreensão
utilizando
o
procedimento
de
escolha
de
acordo
com
o
modelo
(MTS)
.
O
objetivo
inicial
dessa
investigação
era
demonstrar
se
a
relação
condicional
auditivo–visual
era
um
pré-requisito
para
a
leitura
com
compreensão
.
Nesse
estudo,
o
ponto
de
partida
do
autor
era
a
investigação
da
necessidade
de
um
componente
auditivo
para
a
aquisição
de
tal
habilidade.
S
ua
hipótese
decorreu,
além
de
outras
variáveis,
de
observações
empíricas
sobre
o
desenvolvimento
da
linguagem
nas
crianças,
que
geralmente
entendiam
palavras
que
ouviam
antes
de
aprenderem
a
ler
e
que
nomeavam
objetos
e
guras
antes
de
nomearem
os
respectivos
correspondentes impressos, isto é, antes do comportamento textual.
O autor deniu
leitura como um tipo
especíco de relação entre
estímulo
e
resposta
e
a
subdividiu
em
categorias,
a
saber:
a)
leitura
oral,
similar
à
nomeação
de
objetos
e
compatível
com
a
denição
skinneriana
de
comportamento
textual;
b)
leitura
com
compreensão,
que
pode
ser
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
376
demonstrada
pela
precisão
do
sujeito
em
relacionar
palavras
impressas
a
guras
e pode
envolver
ou
não
a leitura
oral;
c)
leitura
receptiva
-
auditiva,
que
difere
da
nomeação
oral,
porque
a
palavra
é
dita
para
o
sujeito
e
não
pelo sujeito e pode envolver ou não a compr
eensão.
O
par
ticipante
do
estudo
de
Sidman
(1971)
era
um
jovem
de
17
anos,
com
microcefalia,
que
era
capaz
de
relacionar
condicionalmente
o
nome
das
guras
ditadas
com
as
guras
correspondentes,
bem
como,
diante
de
uma
gura,
dizer
o
seu
nome.
Sidman
(1971),
usando
o
procedimento
de
escolha
de
acor
do
com
o
modelo,
lhe
ensinou,
por
meio
de
reforço
diferencial,
a
emparelhar
20
palavras
ditadas
às
palavras
impressas
correspondentes,
testando,
em
seguida,
se
houve
a
emergência
da
relação entre
a
palavra
impressa e
a
gura.
Como
resultado, ele
obteve
a
emergência
pelo
sujeito
das
relações
entre
gura
e
palavra
impressa,
entre
palavra
impressa
e
gura
e
entre
palavra
impressa
e
nomeação.
A
conclusão do
autor foi
que o ensino
da relação entre palavras
ditadas pelo
experimentador
e
palavras
impressas
foi
suciente
para
a
emergência
de
leitura com compreensão e leitura oral.
Ao longo da década de 1970, S
idman e colaboradores r
ealizaram
replicações
sistemáticas
desse
experimento
(S
idman
&
Cresson,
1973;
Sidman,
Cresson,
&
Wilson-M
orris,
1974),
que
acrescentaram
controles
experimentais e
produziram renamentos
teóricos a
respeito
do tema.
U
m
dos
renamentos
relevantes
é
a
reformulação
do
tipo
de
relação
que
está
envolvida
na
leitura,
agora
denida
como
uma
relação
especíca
entre
estímulos.
O
procedimento
básico
de
MTS
continuou
a
ser
utilizado
em
vários
outros
estudos
que
se
seguiram,
ainda
com
objetivos
de
investigar
experimentalmente
as
relações
envolvidas
no
“ler”
e,
mais
especicamente,
de
vericar
as
possibilidades
de
emergência
de
novas
relações
a
par
tir
das
que foram diretamente ensinadas (H
übner-D’Oliveira, 1990).
Em
198
2,
S
idm
an
e T
ail
by
re
al
iza
ram
uma
rev
isã
o
dos
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os
até
ent
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um
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das
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MTS
.
Se
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aqu
is
içã
o
de
dis
cri
minaç
ões
con
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ou,
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es
est
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os,
des
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es.
De
acor
do
com
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T
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,
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ões
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gen
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o
C
S
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B
C
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E
377
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ica
s
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e,
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tria
e
tra
nsit
ivi
dad
e.
A
r
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xiv
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A1,
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B1”
;
e
“
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A1,
esc
olh
er
C1”.
Se
o
ind
iv
ídu
o,
“
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B1,
esc
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r C1” sem
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étr
ica
s
e
tran
sit
ivas
.
N
esse
ar
tigo,
Sidman
e
T
ailby
(1982)
lançam
publicamente
a
proposta
do
modelo
de
equivalência
e
é
cunhada
a
expressão
“
relações
de
equivalência
”,
que
passa
a
caracterizar
as
relações
condicionais
ensinadas
como
aquelas
que apresentam
as
propriedades de
reexividade,
simetria
e
transitividade
(atestadas
pela
emergência
das
respectivas relações
descritas
no
parágrafo
anterior).
N
o
que
diz
r
espeito
ao
ensino
de
r
epertórios
complexos
como
a
leitura
e
a
escrita,
esse
modelo
mostra-se
econômico
(de
Rose,de
Souza,
&
Hanna,
1996)
e
pesquisas
têm
sido
conduzidas
nessa
direção
(
J.
C.
de
Rose,
de
Souza,
Rossito,
&
de
Rose,
1989;
H
übner-
D’Oliveira, 1990, entr
e outros).
Apesar
de
as
pesquisas
nessa
área
apontarem
a
efetividade
do
modelo
de
equivalência
de
estímulos,
no
ensino
de
leitura
e
escrita,
uma
pessoa
pode
aprender
a
ler
e
escrever
as
palavras
inteiras
(e.g.,
LA
T
A
e
BOCA)
e
não
ser
capaz
de
ler
e
escrever
as
palavras
formadas
pela
recombinação das sílabas das palavras já aprendidas, por exemplo, BOLA,
1
Notação
de relações
condicionais, na
qual a
primeira
letra sempre
se refere ao
estímulo
modelo e
a
segunda,
ao estímulo de comparação.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
378
T
ALA,
CABO
e
BOT
A
(Souza
&
H
übner
,
2010).
Essa
diculdade
pode
ser
contornada
pelo
aprendizado
de
leitura
e
escrita
a
par
tir
de
processos
de
combinação, fragmentação
e r
ecombinação de
unidades menor
es do
que a
palavra,
o
que
demonstra
não
ser
necessário
o
ensino de
todas
as
palavras
do nosso vocabulário (Matos, H
übner
, Serra, Basaglia, & A
vanzi, 2002).
Est
udos
ins
pirad
os
no
trab
alh
o
de
Si
dma
n (
1971
),
sob
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da
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09)
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a
ou
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S
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ou
síl
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o. A escol
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e ser fe
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de
tal
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mo estí
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seq
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ia
corr
eta.
Esse
proc
edi
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o
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con
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un
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ou
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que
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m
a
pala
vra
(S
tr
ome
r
, M
ack
ay
, &
S
todda
rd,
19
92).
Segundo
Skinner
(1957),
a
par
tir
do
reforço
de
unidades
mais
amplas
(e.g.,
palavras),
é
possível
que
o
controle
do
comportamento
textual
e,
posteriormente,
da
leitura
com
compreensão
seja
transferido
gradualmente
para
as
unidades
menores
que
a
compõem
(e.g.,
sílabas
e
letras).
Se
isso
acontecer
,
o
sujeito
será
capaz
de
ler
novas
palavras
compostas
a
partir
de
recombinações
das
palavras
inicialmente
aprendidas.
Assim,
podemos
dizer
que
ele
adquiriu
um
repertório
de
leitura
generalizada
ou
que
a
leitura
está
sob
controle
das
unidades
mínimas.
O
processo
de
transferência
do
controle
de
estímulos
das
unidades
maiores
de
uma
palavra para as unidades menor
es que a compõem é denominado
controle
por
unidades
mínimas
ou
menores
do
que
a
palavra.
O
repertório
que
é
desenvolvido
como
produto
desse
processo
é
denominado
leitura
recombinativa ou generalizada.
2
Em
es
tu
do
s
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11
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Con
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os
et
al.,
2002;
Ser
ejo,
Han
na,
de
S
ouz
a &
de
Ro
se,
200
7;
S
ouz
a,
2009,
So
uza
,
& H
übne
r
, 2
010).
E
NSINO
DE
L
EITURA
R
ECOMBINATIV
A
:
UMA
HISTÓRIA
DE
PESQUISAS
Em
1989,
J.
C.
de
Rose
et
al.
realizaram
no
Brasil
a
primeira
pesquisa
baseada nos
estudos
com MTS
e nas
pesquisas
de Sidman
e seus
colaboradores
(Sidman,
1971;
Sidman
&
Cresson,
1973;
Sidman,
Cresson,
&
Wilson-M
orris,
1974).
Essa
pesquisa
tinha
por
objetivo
vericar
a
ecácia
do
procedimento
de
exclusão
no
ensino
de
leitura
generalizada
para crianças com
diculdades de alfabetização,
de uma escola
da periferia
de
uma
cidade
de
São
P
aulo.
Nesse
estudo,
os
autores
constataram
a
necessidade
de
estabelecer
um
repertório
de
leitura
mais
amplo
do
que
aquele
produzido
pelos
procedimentos dos
estudos anterior
es,
nos quais
os
sujeitos
apr
endiam
apenas um
grupo
especíco
de palavras
(por exemplo,
Sidman,
1971).
Ou
seja,
os
sujeitos
deveriam
ser
capazes
de
ler
outras
palavras
(palavras
novas)
que
não
foram
diretamente
ensinadas
(
J.
C.
de
Rose
et
al
.
,
1989).
P
ara
isso,
após
as
crianças
terem
sido
ensinadas
a
ler
,
via
classes
de
equivalência,
um
determinado
gr
upo
de
palavras,
fez-se
necessário
que
o
controle
fosse
transferido
para
as
unidades
menores
que
compunham essas palavras.
O
procedimento
empregado
por
J.
C.
de
Rose
et
al.
(1989),
para
vericar
a ecácia
do
procedimento
de
exclusão
no ensino
de
leitura
generalizada,
consistia
no
ensino
das
relações
entre
palavra
falada
pelo
experimentador
e
palavra
impressa
(relação
AC)
e
testes
para
vericar
a
emergência
das
relações
entre
guras
e
palavras
(relações
BC
e
CB).
O
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
380
ensino
das
relações
condicionais
era
feito
usando-se
o
procedimento
de
exclusão,
no
qual
dois
estímulos
de
comparação
são
simultaneamente
apresentados
como
consequência
de
uma
resposta
de
obser
vação
a
um
estímulo
modelo
desconhecido
pelo
participante.
U
m
dos
estímulos
de
comparação
é
conhecido
pelo participante,
já
relacionado
a
outro
estímulo
modelo,
e o
emparelhamento
correto dos
estímulos
desconhecidos é
feito
por meio da
exclusão
do estímulo conhecido
.
O
procedimento
foi
realizado
em
sete
fases,
que
incluíam
a
constr
ução
da
linha
de
base,
ensino
das
palavras
de
treino
nos
passos
de
exclusão,
passos
de
equivalência
para
vericar
se
essas
palavras
eram
lidas com
compreensão e sondas
de leitura
pré e pós-testes.
N
o
meio e
no
nal
do
programa,
eram
conduzidos
testes
de
generalização
para
vericar
se
os
par
ticipantes
eram
capazes
de
ler
novas
palavras
não
incluídas
no
treino
e
formadas
pela
recombinação
das
sílabas
contidas
nas
palavras
já
ensinadas.
Estas eram
denominadas
palavras
de
generalização
.
D
urante
as
tentativas
de exclusão
era
também
apresentada uma
tarefa
de
composição
de
palavras (cópia)
a
partir de
sílabas
mó
veis, que
poderiam
ser montadas
pelas
crianças quando
solicitadas pelo
experimentador (J. C.
de R
ose
et al.,
1989).
Os
desempenhos
ensinados
no
estudo
eram
a
seleção
de
palavras
impressas,
como
estímulos
de
comparação,
condicionalmente
a
palavras
ditadas
como
estímulos
modelo
e
a
composição
de
palavras
impressas
(cópia) a partir de letras separadas.
Os
resultados
obtidos
indicaram
que
todos
os
participantes
aprenderam
as
relações
ensinadas,
ocorrendo
a
emergência
de
comportamento
textual.
Além
disso,
aqueles
par
ticipantes
que
completaram
o
programa
também
passaram
a
ler
palavras
que
não
eram
exibidas
no
treino,
mas
eram
formadas
pela
recombinação
das
unidades
menor
es
daquelas palavras, ou seja, mostraram-se capazes de leitura generalizada.
De
acordo
com
os
autores,
os
resultados
apoiam
a
suposição
de
Skinner
(1957),
segundo
a
qual
o
controle
por
unidades
mínimas
pode
se
desenvolver
a
partir
do
controle
por
unidades
maiores.
N
o
entanto,
as
variáveis
envolvidas
não
caram
claras.
A
leitura
generalizada
emergiu
de
“
modo
abrupto
”,
o
que
sugere
que
houve
uma
“
mudança
na
unidade
funcional
do comportamento
textual: este
era inicialmente
controlado por
palavras
inteiras
e,
posteriormente,
o
controle
passou
a
ser
exercido
por
C
S
:
B
C
E
E
381
unidades
menores
”
(
J.
C.
de
Rose
et
al.,
1989,
p.
342).
A
regularidade
fonética
das
palavras
utilizadas,
que
eram
compostas
de
sílabas
simples
e
admitiam
relativamente
pouca
variação
na
pronúncia,
é
considerada
pelos
autores como
uma
variável relevante e
possivelmente
facilitadora
da
aquisição
da
leitura
generalizada.
Além
disso,
o
fracionamento
em
sílabas
das palavras pode ter fav
orecido a discriminação
das unidades sonoras que
as
compõem, habilidade
que parece
ser um
pré-requisito para
a
leitura (
J.
C. de Rose et al., 1989).
Simultaneamente ao
estudo desenvolvido por
de J. C. de R
ose et
al.
(1989), Hübner-D’O
liveira
(1990) pesquisou
o
controle por
unidades
mínimas
no
aprendizado
de
leitura
via
classes
de
equivalência
em
pré-
escolares. O objetivo do estudo
era vericar a possibilidade de
obter
, além
da
emergência
de
relações
equivalentes
e
da
nomeação
oral,
a
emergência
do
comportamento
textual
sob
controle
de
unidades
mínimas.
Os
participantes eram crianças de 3 a 5 anos não alfabetizadas.
P
ara
estudar
como
o
controle por
unidades
mínimas
poderia
ser
estabelecido a partir do contr
ole instalado por
unidades maiores (palavra),
H
übner-D’
Oliveira
(1990)
empregou
situações
diferentes
dos
estudos
realizados
até
então
para
testar
a
emergência
do
controle
por
unidades
maiores.
N
o
estudo de
J. C. de
Rose et
al
.
(1989),
por exemplo, a
leitura
oral estava sempre pr
esente nos pré-testes, treinos e testes de generalização
(sondas
de
leitura).
A
questão
a
ser
investigada
no
estudo
de
Hübner-
D´Oliveira
(1990)
era
se
a
aquisição
do
controle
por
unidades
mínimas
ocorreria
caso
esse
operante
(leitura
oral)
estivesse
ausente
nos
treinos
e
testes. Se isso ocorresse, seria possível supor que algumas características da
língua
por
tuguesa
seriam
sucientes
para
que
pareamentos
auditivos-visuais
(AB e
AC) e
pareamentos estritamente
visuais (BC
e CB)
possibilitassem a
aquisição do controle por unidades menores.
A
língua
portuguesa,
com
poucas
exceções,
tem
características
estruturais
e
fonéticas
mais
próximas
do
que
as
outras
línguas.
Assim,
“
a
maior parte das
sílabas escritas (ou letras) em
português é estímulo estável
para
o
comportamento
textual”,
apesar
de
não
o
ser
para
o
signicado.
Diante
disso,
“
atentar
para
sílabas
e
letras
é
condição
necessária
para
adquirir
uma
ampliação
do
repertório
textual
das
palavras
em
português,
embora
não
suciente
para
compreendê-las.
P
ara
tal,
é
necessário
parear
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
382
estas
palavras
aos
seus
referentes
especícos
”
(Matos
&
H
übner-D’Oliveira,
1989, citados por H
übner-D’Oliveira, 1990, p. 56).
Com
base
nessas
características
da
língua
portuguesa,
a
autora
escolheu,
para
exercer
a
função
de
estímulos
experimentais,
conjuntos
de
palavras
cujos
elementos
poderiam
ser
recombinados
para
a
formação
de
outras
palavras.
Inicialmente,
a
compreensão
do
conjunto
original
de
palavras
seria
obtida
mediante
classes
de
equivalência.
P
osteriormente,
seriam
testados
os
novos
conjuntos
de
palavras,
produzidos
pelas
recombinações
de
par
tes
componentes
do
conjunto
original,
possibilitando
a identicação das unidades menores de controle.
Os estímulos originais eram as palavras BOL
A, BOCA e BO
T
A,
compostos
pelo
conjunto
dos
estímulos
auditivos
A
(palavras
oralmente
ditas
aos
par
ticipantes)
e
pelos
conjuntos
dos
estímulos
visuais
B
e
C
(guras
e
palavras
impressas
correspondentes
às
palavras
do
conjunto
A,
respectivamente).
O
conjunto
dos
estímulos
derivados
eram
as
palavras
BALA,
CABO
e
LA
T
A,
representados
pelas
mesmas
letras
(indicando
as
mesmas modalidades
dos estímulos)
com a
notação “linha
”,
o que
indica a
derivação
das
palavras
originais
(A
’,
B’
e C’).
Assim, o
conjunto de
palavras
derivadas seria testado por meio dos pareamentos B’C’ e C’B’.
Segundo
Hübner-D’O
liveira
(1990),
essas
relações
só
poderiam
emergir
se
alguma
relação
A
’C’
estivesse
presente
e
fosse
um
operante
discriminativo
sob
controle
de
unidades
menores.
Essa
relação
poderia
corresponder
ao
comportamento
textual
encoberto
relativo
às
nov
as
palavras.
A
hipótese
era
que
o
fato
de
os
participantes
não
alfabetizados,
que
apresentaram
a
nomeação
oral
das
guras
(isto
é,
os
pré-requisitos
AB
e A
’B’),
apr
enderem a
leitura
receptiva –
auditiva
(r
elação
AC), e,
por
meio dos
testes de equivalência, demonstrarem tanto
as relações BC e
CB
quanto
as
relações
B’C’
e C’B;
isso permitiria
inferir
que
uma transfer
ência
do
controle
de
equivalência
das
relações
ABC
para
as
relações
A
’B’C’
haveria acontecido
.
N
o entanto, como os
treinos e
testes teriam sido
realizados sem a
leitura
oral
das
palavras
e
a
emergência
das
novas
palavras
seria
vericada
a
par
tir
de
pareamentos
puramente
visuais
(B’C’
e
C’B’),
investigou-se
ainda
se,
ao
nal
dos
treinos
e
testes,
a
leitura
oral
emergiria.
P
ara
isso,
C
S
:
B
C
E
E
383
foi
acrescentado
um
teste
de
leitura
oral,
o
que
completou
o
objetivo
da
pesquisa
e,
consequentemente,
possibilitou
avaliar
o
controle
por
unidades
mínimas (H
übner-D’Oliveira, 1990).
F
oram
realizados
dois
estudos, sendo
o
segundo
subdividido
em
duas
etapas
(2a
e
2b).
As
fases
do
procedimento,
de
maneira
geral,
eram
divididas
em
pré-treinos,
pré-testes,
treinos
e
testes.
O
primeiro
estudo
teve
como
participantes
quatro
crianças
não
alfabetizadas,
que
frequentavam
a
pré-escola,
com
idade
entre
4
anos
e
5
anos
e
11
meses.
Fichas
eram
liberadas
após
cada
resposta
correta
e,
ao
nal
da
sessão,
poderiam
ser
trocadas
por
balas.
Elogios
também
se
seguiam
às
respostas
corretas.
Os
estímulos
empregados
no
pré-treino
(F
ase
I)
eram
as cor
es ver
de, amar
elo
e
vermelho
. O pré-treino foi dividido em quatro passos, em razão do
fading
in
dos
estímulos
de
comparação,
visando-se
à
modelagem
do
responder
de
acordo
com
o
modelo.
Nesse
procedimento,
o
número
de
estímulos
de
comparação
era
aumentado
gradualmente
e,
consequentemente,
era
também
aumentado
o
grau
de
diculdade
da
tarefa.
T
erminado
o
pré-
treino,
seguia-se um teste
de reexividade (F
ase II). Esta
fase era composta
de
dois
passos,
cada
um
com
24
tentativas,
nas
quais
eram
testados
os
emparelhamentos
entre
estímulos
topogracamente
idênticos.
As
tentativas
eram
randomizadas
e
nenhuma
resposta
correta
era
seguida
de
reforço
.
Sempre ao nal
de uma
fase de
teste,
era reapresentado o
terceir
o
passo
da
F
ase
I,
sendo
100%
das
respostas
reforçadas,
com
o
objetivo
de
compensar
o
não
reforço
das
fases
de
testes.
Essas
tentativas
intercaladas
eram chamadas de
T
entativas F
áceis.
Er
am
r
eal
iza
das,
ent
ão,
as
fas
es
de
tr
eino
no
intu
ito
de
ensi
nar
a
hab
ilid
ade
de
sel
eci
onar
os
est
ímu
lo
s
grá
co
s
esp
eci
cad
os
pelo
mode
lo
ora
l do
exp
erim
ent
ado
r
. O
s
de
sem
pen
hos
nessa
s f
ase
s
in
dic
ari
am t
anto
uma
“
comp
ree
nsã
o
aud
itiv
a
”
quan
to
uma
“lei
tur
a
au
dit
iv
o-r
ecep
tivo
”
(Si
dm
an,
197
1).
A
prim
eir
a
del
as
era
o
tr
ein
o
de
emp
ar
elh
amen
to
int
erm
odal
arb
it
rár
io
AB
(F
as
e
III)
,
com
posta
de
24
ten
tat
ivas
,
ran
dom
iz
ada
s,
8
tenta
tiva
s
com
cad
a pala
vra
. O cr
it
éri
o de
apr
endiz
agem
era d
e 90%
de
ace
rto n
o tot
al das
ten
tati
va
s,
usa
ndo
-s
e
o
pro
cedim
ento
de
re
duç
ão
gra
dua
l
do
ref
orço
,
com
ape
nas 90% das re
spo
st
as ref
orça
das
.
Em
se
gui
da, era intr
oduz
ida
a
fa
se de
tr
eino
,
na
qua
l
hav
ia
o
emp
ar
el
ham
ent
o
int
erm
odal
arbit
rário
A
C
(F
ase
IV).
P
ara
a rea
liz
açã
o
dess
e
tr
eino
,
foi
n
ece
ssá
rio
um
pr
oce
dimen
to
de
fadin
g
in
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
384
de cinc
o
pas
sos
.
Cad
a
pa
sso era
c
omp
ost
o
por
24 tent
ativ
as rand
omiza
das
e o crit
éri
o de apr
endi
zag
em era tam
bém
de 90%
de ace
rto
e
m cada
blo
co
.
O pr
oce
dimen
to de ex
clus
ão fo
i uti
li
zad
o par
a
d
imi
nui
r a
p
ro
bab
ili
dade
de
err
os.
Além
dist
o,
o
númer
o
de
re
spost
as
re
for
çada
s
era
re
duz
ido
em
10
%
em
cad
a
pa
sso
. Assi
m,
no
pri
mei
ro pass
o des
sa fas
e,
80
%
da
s res
post
as cor
re
tas
era
m
re
for
çada
s
e
no
ulti
mo,
apen
as
40%.
U
m
tr
ein
o
mis
to
das
rel
açõ
es
ens
inad
as nas
fas
es ante
rio
res (A
B e AC
) era en
tão
apr
esen
tado
(F
ase
V
)
. O
obj
etiv
o e
ra
fo
rtal
ecer
as
di
scr
imi
naçõe
s con
dicio
nais
ap
re
ndi
das a
té
en
tão
e
pr
epar
ar
os
parti
cip
ant
es pa
ra a
fa
se
de te
stes
.
Seguia-se
então
a
fase
de
teste
de
simetria
e
transitividade
(F
ase
VI),
na
qual
o
objetivo
era
vericar
a
emergência
das
relações
BC
e
CB
a
partir
das
relações
aprendidas.
P
or
se
tratar
de
um
teste,
nenhuma
resposta
correta
era
reforçada.
Estabeleceu-se que
um err
o
nas tentativ
as
de
interesse
determinaria
a
reapresentação
de
todo
o
teste.
Após
os
testes eram
conduzidas as tentativas fáceis.
Se
as
relações
de
equivalência
testadas
anteriormente
fossem
obtidas,
as
novas
formas
verbais
seriam
então
testadas,
com
o
objetivo
de
vericar sob contr
ole de que
aspectos do estímulo haviam
emergido (se da
palavra
inteira
ou
parte
dela).
Então,
era
realizado
um
teste
de
simetria
e
transitividade
entre
nov
os
desenhos
e
palavras
impressas.
Nenhuma
resposta
correta
era
reforçada
e
após
esses
testes
eram
conduzidas
novamente
as
tentativas fáceis.
Os
resultados
do
primeiro
experimento
de
Hübner-D´O
liveira
(1990)
replicaram
os
dados
de
Sidman
(1971),
no
que
diz
respeito
à
aquisição
das
relações
de
equivalência
do
conjunto
de
palavras
originais
por
todos
os sujeitos
do estudo
. N
o entanto,
de
maneira geral,
os r
esultados de
transferência
para
as
novas
formas
verbais
apresentaram
variações
intra
e
inter-sujeitos,
de
teste para
teste, e
indicaram
uma
aquisição
apenas
parcial
do
controle
pelas
unidades
mínimas.
A
análise
das
matrizes
de
respostas
na
F
igura
1
demonstra
os
dados
obtidos,
apresentando
a
distribuição
de
respostas
entre
estímulos
de
comparação
para
cada
estímulo
modelo.
O
“
controle
perfeito
”
é
indicado
quando
há
escores
1.00
na
diagonal,
“
revelando que todas
as vezes que
se apr
esentou um determinado
estímulo
modelo, a
escolha foi corr
eta. Qualquer pr
eferência por
um dado
estímulo
é
indicada
por
um
escore
P
maior
que
0,33”
(H
übner-D’Oliveira,
1990,
C
S
:
B
C
E
E
385
p.
115).
Os
nomes
dos
sujeitos
são
representados
por
números,
os
quais
indicam a idade em anos e meses, respectivamente.
T
entativas C’B’ Sujeito 4:1
T
entativas B’C’ Sujeito 4:1
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
.80
0
.20
CB
.0
.75
.25
L
T
.50
.25
.25
P
.43
.33
.23
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
.50
0
.50
CB
.17
.83
.50
L
T
0
0
1.00
P
.22
.28
.50
Sujeito 4:3
Sujeito 4:3
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
1.00
0.
0
CB
0
1.00
0
L
T
0
.25
.75
P
.33
.42
.25
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
.60
.20
.20
CB
.25
.25
.50
L
T
.25
.50
.25
P
.37
.32
.32
Sujeito 5:2
Sujeito 5:2
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
1.00
0
0
CB
0
1.00
0
L
T
.25
.50
.25
P
.42
.50
.08
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
0
0
1.00
CB
.17
.83
.0
L
T
0
.50
.50
P
.06
.44
.50
Sujeito 5:1
1
Sujeito 5:1
1
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
1.00
0
0
CB
.25
.50
.50
L
T
0
.50
.25
P
.42
.33
.25
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
1.00
0
0
CB
0
1.00
0
L
T
0
0
1.00
P
.33
.33
.33
F
igura 1. M
atriz de
Respostas
durante a
F
ase
VII –
T
este de
N
ovas F
ormas
V
erbais
(N=12).
Os
estímulos
modelo
(SM)
e
os
de
escolha
(SE)
estão
indicados
na
forma
abreviada:
BALA
(BAL),
CABO
(BC),
e
LA
T
A
(L
T
).
(extraída de H
übner - D’Oliveira, 1990, p. 115).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
386
P
ara
estes
resultados,
H
übner-D’Oliveira
(1990)
levantou
como
hipótese
que
a
ausência
de
um
treino
explícito
de
nomeação
dos
novos
desenhos poderia ter
impedido a formação de
um vocabulário exato e por
isso
teria
ocasionado
falhas
nos
desempenhos
em
B’C’.
Assim,
como
a
leitura
das
no
vas
palavras (A
’C’,
sob controle
discriminativo
das
unidades
menores), requisito
para
a
transfer
ência
das
relações ABC
para
as
r
elações
A
’B’C’,
também
foi
medida
pelo
emparelhamento
B’C’,
os
resultados
talvez
estivessem sinalizando
que, se a
transferência não
ocorreu completamente,
uma
possível
nomeação
incorreta
de
B’
poderia
estar
interferindo,
e
não
propriamente
a
ausência de
controle
pelas unidades
menores.
Questionou-
se
também
se
a
ausência
de
um
teste
de
reexividade
com
os
novos
desenhos
e
palavras
teria
sido
uma
variável
importante
na
aquisição
incompleta
do
controle pelas unidades mínimas.
Em
relação
à
nomeação
oral,
todas
as
respostas
dos
sujeitos
às
palavras impressas indicaram controle por algumas unidades menor
es. N
o
que
diz
respeito
à
formação
de
equivalência
(ABC),
a
nomeação
oral
não
se
mostrou
necessária para
os
desempenhos.
Em
relação
ao
controle pelas
unidades mínimas, o papel da nomeação oral não foi esclarecido, uma vez
que não se obteve controle completo pelas unidades menor
es.
O
segundo
estudo,
dividido
em
duas
etapas,
foi
conduzido
com
outras
três
crianças
(duas
delas
par
ticiparam
do
Estudo
1),
com
o
objetivo
principal
de
elucidar
as
dúvidas
suscitadas
no
primeiro
estudo.
F
oram
incluídas
modicações
e
novos
controles
experimentais,
tendo-
se
como
objetiv
o
último
uma
melhora
nos
desempenhos
nas
relações
B’C’
e
C’B’(
T
abela
1).
F
oi
introduzido
um
teste
de
nomeação
oral
das
palavras impressas
antes do pr
é-treino
. O objetiv
o era vericar
a existência
desse
repertório
textual;
caso
ele
fosse
exibido
por
alguma
criança,
esta
seria
excluída
do
estudo.
F
oram
apresentados
também
os
desenhos
de
B
e
B’ cuja
nomeação
correta era
reforçada. O
refoorço das
respostas
a essas
tentativas
justicou-se
pela
necessidade
de
estabelecer
uma
nomeação
correta,
principalmente das
guras
relacionadas
à
B’,
de
maneira
que
esta
variável
inter
ferisse
positivamente
na
emergência
dos
emparelhamentos
B’C’
e C’B’.
U
m
teste de
reexividade
para as
palavras
derivadas
(C’C’) e
seus
respectiv
os
desenhos
(B’B’)
também foi
acrescentado. O
objetivo
era
fortalecer as relações pré-requisitos para B’C’e C’B’. D
essa forma, excluía-
C
S
:
B
C
E
E
387
se a ausência de r
eexividade dessas relações como uma das
determinantes
da transferência incompleta da equivalência ABC para A
’B’C’.
O
número de
tentativas
da
fase
de
pré-tr
eino
foi
aumentado
em
razão
do grande
número de
erros dos
sujeitos nas
fases
iniciais do
primeiro
estudo. Aumentou-se também o
número de
tentativas dos
testes BC,
CB,
B’C’
e
C’B’,
devido
“
às
observações
da
literatura
de
que
os
desempenhos
podem
surgir
com
os
próprios
testes
e
quanto
mais
tentativas
maior
a
probabilidade
de
emergência
”
(H
übner-D’Oliveira,
1990,
p.
142).
O
critério
de
aprendizagem
foi
alterado
para
100%
de
respostas
corretas,
pois,
no estudo
anterior
, o
critério
permitia
pelos
menos tr
ês
erros
e corria-
se o risco de que todos os erros ocorressem num mesmo tipo de tentativ
a.
T
abela 1
- Controles
Experimentais A
crescentados ao
Estudo 2
de H
übner
- D’Oliveira, 1990.
Controles Experimentais Adicionados
Localização
das
Fases
no
Deli-
neamento do P
rimeiro Estudo
T
este
de
Nomeação
das
P
alavras
Impressas
e
dos
Desenhos
(B e B’)
Antes do P
ré-treino
T
este
de
Reexividade
para
as
palavras
derivadas
e
seus
res-
pectivos desenhos (B’B’, C’C’)
Dois
passos
acrescentados
ao teste
de Reexividade
P
ré-teste BC e CB
Antes
do treino
das
relações con-
dicionais AB e AC
Aumento do número de tentativ
as do Pr
é-treino
Pré-treino
Aumento do
número
de
tentativas
dos
testes
BC,
CB,
B’C’
e C’B’
Respectivos
T
estes
de
Equivalên-
cia
Critério de Apr
endizagem de 100%
Em todas as fases de treino
Retirada
do
Procedimento
de
Redução
Gradual
de
Refor-
çamento
T
odos
os treinos passaram
a ter
100% das
respostas corretas
reforçadas.
Em todas as fases em que era em-
pregado.
Exclusão do ter
ceiro passo (que misturava as tentativas BC e
CB) dos
T
estes de Simetria e
T
ransitividade
T
este de S
imetria e
T
ransitividade
Exclusão
do terceiro
passo (que
misturava as
tentativas B’C’e
C’B’) nos
T
estes das N
ovas formas v
erbais
T
estes das No
vas F
ormas V
erbais
Os
resultados
da
primeira
etapa
do
segundo
estudo
não
conrmaram
a sugestão
de uma
possível
transferência
para as
novas
formas
verbais. A
pesar de os participantes ter
em desempenho melhor nas
relações
BC
e
CB,
esse
desempenho
não
foi
transferido
para
as
relações
B’C’
e
C’B’. A análise
da matriz de
resposta dos
par
ticipantes demonstra
que não
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
388
houve
melhora
sistemática
para
nenhum
dos
dois
par
ticipantes
nos
dois
tipos de
teste. Os
dados levam
a concluir que
os participantes não
estavam
sob
contr
ole
das
unidades
menor
es
e
que
as
relações
de
equivalência
estabelecidas
não
garantiam
o
pareamento
do
tipo
BC
e
CB
diante
de
palavras
compostas
pela
recombinação
das
sílabas
das
palavras
ensinadas
(H
übner-D’Oliveira, 1990).
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
0.33
0.50
0.17
CB
0.33
0.33
0.33
L
T
0.33
0.33
0.33
P
0.33
0.39
0.28
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
0.33
0.17
0.50
CB
1.00
0
0
L
T
0.17
0.50
0.33
P
0.50
0.22
0.28
Sujeito 5:4
Sujeito 5:4
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
0.17
0.83
0
CB
0
1.00
0
L
T
0.33
0.67
0
P
0.17
0.83
0
SM/
SE
BAL
CB
L
T
BAL
0.33
0.17
0.50
CB
1.00
0
0
L
T
0.17
0.50
0.33
P
0.50
0.22
0.28
F
igura
2. Matriz de
Respostas durante a
F
ase
IX – T
este de
N
ovas F
ormas
V
erbais
(N=6).
Os
estímulos
modelo
(SM)
e
os
de
escolha
(SE)
estão
indicados
na
forma
abreviada:
BALA
(BAL),
CABO
(BC),
e
LA
T
A
(L
T
).
(extraída de H
übner - D’Oliveira, 1990, p. 182).
A autora destacou, como
variáv
eis relevantes para o desempenho
dos
participantes,
a
exposição
aos
treinos,
ou
seja,
o
aumento do
repertório
de
leitura
por
meio
de
mais
treinos
AC
com
outras
palavras
e
um
maior
número
de
unidades
mínimas
conhecidas
e
recombinadas
em
diferentes
posições.
T
ais
variáveis
talvez
pudessem
ser
críticas
para
a
produção
de
um
melhor
desempenho
na
leitura
das
palavras
recombinadas.
Devido
ao
pequeno
número
de
sílabas
treinado
nos
dois
estudos,
foi
realizada
a
segunda etapa desse estudo.
C
S
:
B
C
E
E
389
Essa
nova
etapa
do
segundo
estudo
de
Hübner-D’O
liveira
(1990)
foi
r
ealizada
com
dois
sujeitos que
participaram
da
etapa
anterior
.
A
situação
experimental,
o
material
e
o
procedimento
foram
semelhantes
ao
empregado
na
Etapa
1,
porém
o
número
de
palavras
ensinadas
foi
aumentado
de
três
para
seis,
com
o
consequente
aumento
de
unidades
mínimas
conhecidas
mediante
treino
A
’C’.
Em
seguida,
foi
aplicado
um
teste
com
palavras
compostas
por
recombinações
das
unidades
mínimas
das
seis
palavras
ensinadas.
N
essa
parte
do
estudo,
os
conjuntos
de
palavras
ensinadas
eram: BOCA,
BOLA,
BO
T
A
(conjunto ABC);
BALA,
CABO,
LA
T
A
(conjunto
A
’B’C’);
e
as
palavras
testadas
eram:
COL
A,
LOBO
e
T
OCO
(
conjunto
A
’
’
B’
’
C’
’).
S
upunha-se
que
a exposição
a
uma
maior
quantidade de tentativ
as de tr
eino AC (leitura
receptiva-
auditiva) poderia
ser
suciente
para
que
os
sujeitos
cassem
sob
controle
completo
das
unidades
mínimas
da
palavra.
Então,
foi
introduzido
um
treino
A
’C’,
após
os
testes
das
novas
formas
verbais,
e
um
novo
teste,
chamado
de
N
ovíssimas
F
ormas V
erbais, com as palavras do conjunto A
’
’ B’
’ C’
’.
Os
resultados demonstraram
uma
aquisição
perfeita
do
controle
pelas
unidades
mínimas
para
um
dos
par
ticipantes
(Sujeito
4:11)
nos
testes
das
novíssimas
formas
verbais.
N
o
entanto,
o
outro
participante
apresentou
nov
amente um controle parcial, como pode ser obser
vado na F
igura 3, na
análise da matriz de respostas.
SM/SE
COLA
LOBO
T
OCO
COLA
0.20
0.60
0.20
LOBO
0.40
0.40
0.20
TOCO
0.40
0
0.60
P
0.33
0.33
0.33
SM/SE
COLA
LOBO
TOCO
COLA
0
0
1.00
LOBO
0.80
0
0.20
TOCO
0.20
0.60
0
P
0.33
0.20
0.40
F
igura
3.
Matriz
de
Respostas
do
sujeito
5:4
durante
a
F
ase
XV
–
T
este
das
N
ovíssimas
F
ormas
V
erbais
(N=5)
(extraída
de
H
übner
-
D’Oliveira,
1990, p. 208).
Diante
desses
resultados,
o estudo
de H
übner-D’Oliveira
(1990),
de
maneira
geral,
demonstrou,
a
par
tir
das
análises
dos
testes
de
novas
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
390
formas
verbais,
ser
“
possível
estabelecer
o
controle
por
unidades
verbais
menores
que a
palavra
durante o
aprendizado
da leitura,
via
paradigma de
equivalência
proposto
por
Sidman
e T
ailby
(1982)”
(Hübner-D’O
liveira,
1990,
p.
222).
No
entanto,
tal
controle
mostrou-se
mais
completo
quando
foi
aumentado
de
três
para seis
o
número
de
classes
equivalentes.
O
fator
de
repetição
de
treino
de
equiv
alência
pode
ter
sido
r
esponsável
pela
transferência
das
relações,
além
do
aumento
do
repertório
textual
dos
sujeitos.
Segundo
H
übner-D’Oliveira
e
Matos
(1993),
o
controle
discriminativo
pelas
unidades mínimas
na
aquisição
da
leitura
apresenta-se
mais eciente
quando o
repertório de
palavras é aumentado
. Além disso,
é
necessário
não
só
que
as
sílabas
ocupem
posições
sistematicamente
variadas
nas
palavras,
mas
também
que
seja
realizada
uma
recombinação
de
letras
para acelerar a aquisição do “
controle per
feito
”.
Diante
disso,
Matos
et
al.
(1997)
consideraram
como
uma
questão
central,
para
o ensino
da leitura
generalizada, o
esclarecimento
dos
procedimentos
que
explicam
a
discriminação
das
unidades
e
a
conceituação
do
seu
mecanismo
recombinativ
o.
Os
estudos
realizados
previamente
(H
übner
&
Matos,
1994;
Matos
&
H
übner
,
1992)
demonstraram
que
o
desenvolvimento
de
classes de
equivalência
não
é
suciente
para permitir
o
controle
por
unidades menor
es
do
que
a palavra.
Assim
sendo,
Matos
et al
.
(1997)
investigaram
os efeitos
de
procedimentos
especiais (nomeação
oral,
cópia
ou
CRMTS),
combinados
ao
modelo
original
dos
estudos,
sobre
o
desempenho em leitura.
Inicialmente,
todos
os
sujeitos
foram
pré-testados
quanto
ao
conhecimento
das
palavras
a
serem
utilizadas
nos
testes.
As
palavras
empregadas
eram:
BOLO,
LOBO,
BOCA
e
CABO
(conjuntos
A
e
C)
e
BOBO,
LOL
O,
CALO
e
LOCA
(conjuntos
A
’e
C’).
As
fases
do
procedimento padrão estão resumidas na
T
abela 2.
C
S
:
B
C
E
E
391
T
abela
2
-
F
ases
do
Pr
ocedimento
P
adrão
dos
Estudos
de
Matos
et
al.
(1997).
F
ases do Procedimento P
adrão (Matos et al., 1997)
F
ase I: Nomeação O
ral
P
ré-T
este de Nomeação das P
alavras Impressas C e C’
T
este/
T
reino dos Desenhos B e B’
F
ase II: Pr
é-T
reino:
Matching
de I
dentidade e Simbólico
Cor – Cor
Som – Cor
F
ase III:
T
reino das Relações P
ré-R
equisitos:
Matching
Simbólico
a) AB c) AB e AC
b) AC d) AB e AC sem r
eforço
F
ase IV:
T
este Combinado de Equivalência
BC em linha de base cheia
CB em linha de base cheia
F
ase
V:
T
reino da N
ova Relação P
ré – Requisito (
Matching
S
imbólico)
a) A
’B’ (para garantir a nomeação correta dos nov
os desenhos)
F
ase VI:
T
este das N
ovas F
ormas V
erbais (Leitura Generalizada)
B’C’ em linha de base cheia
C’B’em linha de base cheia
Em
alguns
momentos
desse
procedimento
padrão,
procedimentos
especiais
(PE’
s)
em
oralização
(nomeação
oral),
constr
ução
de
palavras
(cópia
ou
CRMTS)
e
uma
combinação
de
ambos
em
situação
sequencial
ou
simultânea foram
realizados.
Especicamente, eles
foram
introduzidos
em
três
situações,
a
saber:
a)
após
a
emergência
das
relações
BC
e
CB;
b)
durante
o
próprio
treino das
relações
pré-requisitos AB
e
AC;
c)
antes
do
treino
das relações
pré-r
equisitos AB
e AC.
Os r
esultados analisados
foram
os desempenhos
dos participantes nos
testes de
novas
formas v
erbais (B’C’
e C’B’) ou teste de leitura generalizada recombinativa.
As
condições
introduzidas
após
a
emergência
das
relações
BC/CB
(Situação
a),
suas
descrições
e
seus
respectivos
resultados
estão
sumarizados
na
T
abela 3.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
392
T
abela
3
-
Resumo
das
Condições
Introduzidas
após
a
Emergência
das
Relações BC/CB.
Condições Introduzidas após a Emergência das R
elações BC/CB
PE’
s
Descrição do P
rocedimento
Resultados
PE1.
Oralização Fluente
Diante
de
um
estímulo
do
Conjunto
C,
o nome
era
oralmente dito
pelo
ex-
perimentador
e
o
participante
deveria
ecoá-lo.
Dois participantes
passaram por
testes
e
apresentaram
resultados
próximos ao nível do acaso
PE2.
Cópia
Mesmo
procedimento
anterior
com
a
diferença
de
que
o
par
ticipante,
sem
vocalizar
,
deveria
constr
uir
a
palavra
apresentada
com
dominós
contendo
sílabas impressas.
Os
dois
participantes
que
ze-
ram
o
teste
apresentaram
re-
sultados
próximos
ao
nív
el
do
acaso
S
1
/ PE2 PE1
Oralização
Fluente
após Cópia
Combinação
sequencial
dos
procedi-
mentos anteriores, já que isoladamente
não foram ecazes.
Dois participantes
passaram por
testes
e
não
mostraram
resulta-
dos
cumulativos
e
seus
desem-
penhos
não
foram
diferentes
daqueles da condição anterior
S/ PE1 PE2
Cópia
após
Oraliza-
ção Fluente
Combinação inversa a anterior
U
m
participante
passou
pelo
teste
e
não
exibiu
resultados
di-
ferentes
daqueles
da
condição
anterior
PE3.
Oralização
Fluente Com Cópia
Os
procedimentos
foram
apresentados
simultaneamente
(ao
invés
de
isolada-
mente ou sequencialmente)
Dois
participantes
foram
sub-
metidos
a
essa
condição
e
mos-
traram resultados
bem acima do
nível do acaso
PE4.
Oralização
Es-
candida
Diante
do
estímulo
do
conjunto
C,
o
experimentador dizia
o nome
oralmen-
te,
o
participante
ecoava,
posterior-
mente era r
eapresentada a
mesma pala-
vra impressa
com espaçamento entre
as
duas
sílabas,
o
experimentador
repetia
o
nome
com
escansão
silábica
e
o
par-
ticipante ecoava o modelo escandido.
T
rês
par
ticipantes
passaram
por
testes
e
apresentaram
bons
re-
sultados,
apesar
de
bastante
va-
riáveis.
Dois
participantes
apre-
sentaram
desempenhos
acima
do nível do acaso.
S/ PE4 PE3
Oralização
Fluente
com Cópia após
Oralização
Escan-
dida
J
á
que os
resultados variaram,
o proce-
dimento anterior
foi submetido
com o
PE3, que obteve melhor r
esultado.
Dois participantes
passaram por
testes
e
apresentaram
conside-
rável
melhora
no
desempenho
nal
com
redução
da
variabi-
lidade.
Ou
seja,
a
oralização
escandida
atuou
positivamente
sobre
a
oralização
uente
com
cópia.
1 A Letra S indica que os procedimentos foram sequenciados.
C
S
:
B
C
E
E
393
Os
resultados
obtidos
indicaram
que
a
escansão
silábica
após
o
procedimento
de
oralização
uente
(PE1)
se
mostrou
ecaz.
Matos
et
al.
(1997) investigaram,
então, o que
aconteceria se o tr
eino em oralização
de
palavras
de
forma
silabicada,
ou
oralização
escandida,
fosse
introduzido
durante
o
treino
das
relações
pré-requisitos
AB
e
AC,
já
que
a
concomitância
na aquisição
das habilidades
de oralizar e
copiar pareciam ser
impor
tantes.
A
T
abela
4
sumariza
a
descrição
dos
procedimentos
e
seus
respectivos
resultados.
T
abela
4
-
Condições
Introduzidas
durante
o
Ensino
das
Relações
P
ré-
Requisitos.
Condições Introduzidas D
urante o
T
reino das Relações Pr
é-requisitos AB/AC
PE’
s
Descrição do P
rocedimento
Resultados
PE5
Oralização Fluente
Diante
de
um
estímulo
do
Con-
junto
C,
o
nome
era
oralmente
dito
pelo
experimentador
e
o
par-
ticipante
deveria
ecoá-lo
antes
de
efetuar
a
escolha.
Na
prática
o
participante
deveria
emitir
duas
respostas, oralização
e
escolha qua-
se
simultaneamente
à
medida que
o
treino avançava
Seis participantes foram testados e
obtiveram
bons
resultados,
porém
variáveis
(quatro deles
acima do
ní-
vel do acaso).
S/ PE4 PE5
Oralização
Escandi-
da
treinada
depois
da
emergência das relações
BC/CB
com
treino
an-
terior
em
Oralização
Fluente em AB/A
C
Após treinados em P
E5, e testados
na
fase
VI
(teste
das
novas
formas
verbais),
os
participantes
eram
no-
vamente treinados em
PE4 e nova-
mente testados.
Dois
par
ticipantes
foram
testados
e
não
apresentaram
mudanças
em
relação
aos
desempenhos
anterio-
res.
S/ PE5 PE3
Oralização
Fluente
após
Cópia treinada
de-
pois
da
emergência
BC/
CB com treino anterior
em
Oralização
Fluente
durante AB/AC
Após
treinados
em
PE5
e
testados
na
fase
VI
(teste
das
novas
formas
verbais),
os
participantes
eram
treinados
em
PE3
e
testados
nova-
mente.
Os
dois
par
ticipantes
testados
de-
monstraram
considerável
melhora
em
r
elação
aos
desempenhos
an-
teriores.
Os
resultados
obtidos
nesse
estudo
conrmaram
os
dados
anteriores,
que
indicam
que
os
efeitos
do
treino
antecipado
de
oralização
uente podem
ser
melhorados com
o treino
de oralização
uente e
cópia.
P
ara
avaliar
se
os
resultados
de
PE5
(oralização
uente)
eram
devidos
ao
momento
da
inserção
da
oralização
no
treino
ou
à
simultaneidade
desse
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
394
operante
com
o
de
escolha
(
Matching
),
o
PE5
foi
introduzido
antes
do
treino
das
relações pré-requisitos
AB/AC, ou
seja,
sua
inserção
foi antecipada.
A
T
abela 5 esquematiza o procedimento e seus resultados.
T
abela 5 - Condições Introduzidas antes do
T
reino AB/AC
Condições Introduzidas Antes do
T
reino das Relações P
ré-requisitos AB/AC
PE’
s
Descrição do P
rocedimento
Resultados
PE6
U
so
do
procedimento
PE3
(oralização
uente
com
cópia),
com
a
única
diferença
do
momento
da
sua
inserção
na
sequência
de fases do procedimento padrão.
Quatro
participantes
foram
testados e
ob-
tiveram
resultados
variáveis,
apenas
dois
tiveram desempenhos ao nível do acaso
.
Os
resultados
obtidos
com
essa
mudança
levaram
as
autoras
a
concluírem
que
as
aquisições
de
habilidades
de
oralizar
(uente
ou
de
forma
escandida)
ou
copiar
a
partir
de
sílabas
apresentadas
como
estímulo
de
comparação,
isoladas
ou
sequenciadas,
não
tiveram
efeitos
sobre
a
emergência
da
leitura
recombinativa.
Do
ponto
de
vista
prático,
as
implicações
parecem
apontar
para
o
fato
de
que
“
práticas
educacionais
de
ver-ouvir-repertir
ou v
er-ouvir-copiar
não
seriam
as mais
indicadas para
gerar leitura recombinativa generalizada
” (Matos et al.,
1997, p. 61).
O
treino
combinado
de
oralização
uente
e
cópia,
no
entanto,
demonstrou-se
ecaz. Assim,
“
a rede
de relações condicionais
que denem
a
leitura,
deve
ser
ampliada
”
com
o
treino
simultâneo
dessas
habilidades
adicionais.
O
momento
da
inserção
desse
treino
também
pareceu
importante.
O
efeito
foi
melhor
produzido
depois
da
emergência
das
relações BC/CB.
Matos
et
al.
(2002)
replicaram
os
estudos
de
Matos
et
al
.
(1997)
e
investigaram sistematicamente o
papel dos procedimentos
especiais (PE’
s)
na
emergência
da
leitura
recombinativa.
F
oram
realizados
oito
estudos
com 66
crianças de
idade entre 3
anos e
5 anos
e 11
meses, sem
treino de
leitura,
e que
não
estavam sendo
submetidas, no
momento
da
pesquisa, a
qualquer
processo
de
alfabetização.
O
material
utilizado
para
a
coleta
de
dados
foi
um
computador
com
tela
sensível
ao
toque
equipado
com
um
programa
especialmente
desenvolvido
para
esses
estudos.
Esse
programa
apresentava
no monitor
de vídeo
as
congurações de
estímulo r
elativas
aos
procedimentos
de discriminações
condicionais,
registrava as
respostas
dos
C
S
:
B
C
E
E
395
participantes (tocar na tela) e,
quando corretas,
tocava tr
ês notas musicais.
Além disso, sinalizava o nal de cada fase tocando uma pequena música.
O
procedimento geral
e os
estímulos
utilizados eram
os
mesmos
descritos
anteriormente
em
Matos
et
al.
(1997),
i.e.,
cor
es,
desenhos
e
palavras
escritas
(v
er
T
abela
1).
No
entanto,
eram
apresentados
em
retângulos
de
5x6
cm
(janelas),
dispostos
na
tela
do
computador
em
um
fundo preto
. O estímulo modelo era
apresentado em uma janela, na parte
inferior
central
da
tela,
e
os
estímulos
de
comparação
eram
apresentados
em
quatro
janelas,
nas
partes
superior
e
média
da
tela,
duas
a
duas.
Os
estímulos
orais
eram
ditos
pelo
experimentador
.
Além
das
notas
musicais
apresentadas
pelo
computador
,
as
respostas
corretas
eram
reforçadas
por
elogios
e
chas
que,
ao
nal
da
sessão,
eram
trocadas
por
brinquedos
ou
guloseimas.
O
Estudo I
constou
apenas
da aplicação
do
procedimento geral.
Os
demais
estudos
investigaram
o
efeito
de
procedimentos
especícos
na
emergência
da
leitura
recombinativa.
Os
Estudos
II
e
III
investigaram
os
efeitos
da
oralização
uente
e
escandida,
respectivamente,
após
a
equivalência.
Os
Estudos
IV
e
V
investigaram
o
mesmo
procedimento
(oralização
uente
e
escandida,
respectivamente)
durante
a
aquisição
das
relações
pré-requisitos.
Os
Estudos
VI,
VII
e
VIII
investigaram
o
efeito
do
procedimento
de
construção
da
palavra
pela
criança
sem
oralização,
com
oralização
uente
e
com
oralização
escandida,
r
espectivamente,
após
os
testes
das
relações
de
equivalência.
Os
resultados
indicaram
que
todos
os
procedimentos
foram
ecazes
para
gerar
leitura
com
compreensão,
porém
variaram quanto
à ecácia
no que
diz respeito
à aquisição
da leitura
recombinativa.
Den
tre
o
c
onju
nto
de
re
sult
ado
do
s
oit
o
es
tudo
s,
o
pro
ced
ime
nto
de
or
ali
zaçã
o
uen
te,
du
rant
e
a
aq
uis
ição
de
pré
-req
uisi
tos
AB
e
AC,
e,
pri
nci
pal
ment
e,
o
pro
ced
ime
nto
d
e
c
ons
tru
ção
da
p
ala
vra
p
ela
c
ria
nça
com
o
ral
iza
ção
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sca
ndi
da
de
mon
str
aram
s
er
o
s
ma
is
e
caze
s
pa
ra
g
erar
lei
tur
a
re
com
bina
tiva
ne
ssa
si
tua
ção.
As
au
tor
as,
n
o
e
ntan
to,
rel
ata
m
que
o
g
rau
de
va
riab
ili
dad
e
n
os
de
semp
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os
ai
nda
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ran
de,
o
qu
e
ind
ica
q
ue
“
o
c
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role
e
xper
ime
ntal
s
obre
a
s
var
iáve
is
res
pon
sáve
is
pe
la
abs
tra
ção
da
sí
lab
a
c
omo
u
nida
de
fu
nci
onal
da
l
eitu
ra
ai
nda
é
fr
aco
”
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
396
(Mat
os
et
a
l.,
pp.
3
01).
É
i
mpo
rta
nte
re
ssa
ltar
q
ue,
e
m
todo
s
os
es
tudo
s
con
duz
ido
s, o
s e
stí
mulo
s e
nvol
via
m pa
lav
ras
int
eir
as,
dis
síl
abas
.
H
übner et al. (2009) empregaram
o mesmo programa
Equivium
[desenvolvido
por
Pimentel,
P
iccolo
e
H
übner
(2009)]
empregado
no
estudo
de
Matos
et
al.
(2002),
bem
como
o
mesmo
procedimento
padrão.
No
entanto,
o
número
de
palavras
ensinadas
aumentou
de
8
para
12,
e
a
variável
manipulada
pelos
autores
foi
o
efeito
da
“
solicitação
de
compor
tamento
textual” nos treinos com tentativas A
C na leitura generalizada. O objetivo
dos
autores
era
promover
maior
integração
entre
os
repertórios
de
leitura
expressivos
e
receptivos
a
m
de
facilitar
o
controle
pelas
unidades
menores
e
a
leitura
recombinativa.
P
articiparam
desse
estudo
oito
crianças,
sendo
quatro
encaminhadas
para
o
grupo
experimental
e
quatro
para
o
grupo
controle.
O programa de
ensino e
teste informatizado
Equivium constav
a
de
27
fases
experimentais
divididas
em
5
tipos
básicos
–
Pré-teste,
Pr
é-
treino,
T
reinos,
T
estes
e
P
ós-testes.
Nesse
estudo,
quatro
palavras
foram
ensinadas
(Conjunto
ABC:
BOCA,
CABO,
LOBO,
BOLO),
oito
foram
ensinadas
e
testadas
(Conjunto
A
’B’C’:
BOL
A,
BAL
A,
CACO,
COCA;
e
Conjunto
A
’
’B’
’C’
’:
BOBO,
LOCO,
LOLO,
CALO)
e
quatro
apenas
testadas (Conjunto A
’
’
’B’
’
’C’
’
’: LAL
A, COCO, LOCA, BABO).
Os
resu
ltad
os
ind
ica
ram
que,
de
pois
de
apr
ende
rem
tr
ês
conj
unt
os
for
mado
s po
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o pal
avr
as com
post
as p
ela
s síla
bas do
prime
iro c
on
jun
to
re
comb
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das
,
os
pa
rti
cip
ant
es
apr
esen
taram
aquis
ição
de
le
itu
ra
com
com
pre
ens
ão
de
pala
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e
síl
ab
as,
rec
omb
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lei
tura
re
com
bi
nat
iv
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pr
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%
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o.
N
o
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e
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s
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man
teve
,
ape
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os
dado
s
de
todo
s
ele
s
conv
ergi
re
m
par
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um
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nte
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Os
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ulta
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dos
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tamb
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grupo
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B
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E
E
397
pr
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síla
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B
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a
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e
eci
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nos
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dos
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erio
re
s,
Ma
tos
et
al
.
(200
6),
tamb
ém
uti
liz
an
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e
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síla
bas
como
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sil
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cas.
O
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cr
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a
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4)
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fas
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o p
roce
dim
ento
de f
ase
s a
nteri
ore
s c
om
outr
os
estí
mul
os.
As
fases
eram
divididas
entre
tentativas
de
Pr
é-T
estes,
P
ré-T
reinos,
T
reinos
com
tarefa
de
construção
de
resposta
e
T
estes.
P
rimeiramente
foi
feito
um
Pr
é-T
este
com
as
guras
e
palavras
do
primeiro,
segundo
e
terceiro conjuntos (B, B’,
B’
’
e C, C’
e C’
’, respectivamente). Em seguida,
eram
realizados
três
tipos
de
P
ré-T
reino,
a
saber:
a)
P
ré-T
reino
de
MTS
de
identidade
com
cores
e
fading
dos
estímulos
de
comparação
(quatro
no
total);
b)
P
ré-T
reino
de
MTS
arbitrário,
no
qual
a
criança
tinha
de
relacionar
a
cor
como
estímulo
de
comparação
com
o
nome
oralmente
apresentado pela experimentadora, como
estímulo modelo; c) Pré-T
reino,
no
qual
eram
mostradas
às
crianças
guras
de
um
avião,
um
trem
e
um
caracol,
e
elas
eram
instruídas
a
apontar
onde
a
gura
começava
e
onde
terminava.
Esse
último
Pr
é-T
reino
era
necessário
para
ensinar
à
criança
a
direção
do
começo
e
do
nal
da
palavra,
da esquer
da
para
a
direita
(direção
do olhar na leitura em língua portuguesa).
S
egu
iam
-se
ent
ão
duas
fas
es
de
tr
ein
o
da
topo
gra
a
silá
bica
nas
quai
s
os es
tím
ul
os mod
el
o eram
síl
aba
s
(a
pr
esen
tad
as em
bloco
s
de
mad
eir
a) e
os
est
ímul
os
de
com
paraç
ão
era
m
qu
atr
o
pala
vras
diss
ílab
as
(u
tiliz
adas
apen
as
nes
sa fase)
.
O est
ímu
lo de com
paraç
ão posit
ivo con
tin
ha as
m
esm
as síl
abas
apr
ese
nta
das
como
estí
mul
o
mod
elo
na
posi
ção
inic
ial
ou
nal
da
pa
lav
ra,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
398
a depen
der da
fa
se.
P
ara mini
miz
ar
os
er
ro
s
ne
ssas fase
s,
as
di
fer
ença
s entr
e
o estí
mu
lo de com
par
açã
o
co
rr
eto
e os
e
stí
mul
os
d
e comp
ara
ção inco
rr
etos
era
m
ini
cia
lm
ent
e
bem
ace
nt
uad
as
e
gra
dua
lme
nte
re
duz
ida
s
ao
lon
go
de
cin
co
pass
os.
P
ost
er
ior
men
te
era
fei
to
o
tre
ino
aud
iti
vo
visu
al,
no
qual
as
cri
ança
s
apr
endi
am
a r
elac
ion
ar a
s g
ura
s co
mo e
stí
mulo
s
de
comp
ara
ção
às
pal
avra
s f
ala
das c
omo
mod
elo
(re
laçõe
s AB
, A
’B’
,
A
’
’B’
’).
Após
esse
treino,
Matos
et
al.
(2006)
introduziram
dois
outros
treinos
nos
quais
era
solicitada
à
criança
a
tarefa
de
construir
a
palavra
(CRMTS).
P
rimeiramente,
eram
realizados
os
treinos
de
CRMTS
de
identidade, nos quais
as crianças eram
solicitadas a escolher as
duas sílabas
que
constituíam
o
estímulo modelo
. O
s
estímulos utilizados
como modelo
eram
os
mesmos
que
seriam
utilizados
ao
longo
do
procedimento.
As
tentativas
começavam
com
o
experimentador
dispondo
o
estímulo
modelo
com
os
blocos de
madeira
e
solicitando
à
criança que
o
nomeasse.
Caso
a
criança
não soubesse,
o experimentador
ditava
o
nome
do
estímulo
e pedia
que
ela
repetisse.
Depois
a
criança
era
solicitada
a
escolher
as
sílabas
e,
antes
de fazer cada escolha, dizer o nome da sílaba que seria
selecionada. Caso a
criança não soubesse, o experimentador dizia
o nome da sílaba e solicitav
a
que
a
criança
repetisse.
Quando
a
palavra
estava
construída,
a
criança
era
então
solicitada
novamente
a
nomeá-la.
Após esse
treino,
era
introduzido
o
CRMTS
arbitrário,
nos
quais
as
palavras
ditadas
pela
experimentadora
eram modelo e
os blocos com
as sílabas eram
os estímulos de comparação
.
Os
procedimentos
utilizados
eram
os
mesmos
do
treino
de
CRMTS
de
identidade.
N
os treinos,
respostas
corretas
eram seguidas
de consequências
reforçadoras
apresentadas
pelo
computador
,
elogios
da
experimentadora
e
da
entrega
de
uma
cha
que
poderia
ser
trocada,
ao
m
da
sessão,
por
brinquedos.
Respostas
incorretas
eram
seguidas
de
cinco
segundos
de
intervalo entre tentativas (IET).
P
or
m,
eram
realizados
os
testes
das
relações
emergentes
(ou
testes
de
equivalência
BC/CB.
B’C’/C’B’
e
B’
’C’
’/C’
’B’
’),
nos
quais
era
avaliada a
leitura com compr
eensão dos tr
ês conjuntos de
palavras e
T
estes
de
N
omeação
Oral,
conduzidos
com
os
conjuntos
C,
C’,
C’
’
e
C’
’
’.
Esse
último
conjunto
(quar
to
conjunto)
foi
testado
com
o
objetivo
de
avaliar
a
leitura
de
palavras
recombinadas
que
nunca
apareceram
nas
tentativas
de
empar
elhamento
(MT
S),
constituindo
assim
num
“
teste
puro
de
C
S
:
B
C
E
E
399
comportamento
textual”
(Matos
et. al.,
2006,
p.
12).
N
os
testes, nenhuma
consequência
reforçadora
era
apresentada
após
as
respostas
corretas,
e
era
dito
à
criança que,
após
o
término
da tar
efa, as
chas
seriam
dadas
todas
de
uma
vez
(procedimento
de
one-shot
)
e,
caso
acertasse
todas
as
tentativas,
ela ganharia um presente especial.
P
ara
o
presente
capítulo,
interessam
os
resultados
dos
testes
de
relações
emergentes
e
as
primeiras
tentativas
do
treino
de
CRMTS
de
identidade.
Segundo
Matos
et
al
.
(2006),
como
na
tarefa
de
CRMTS
de
identidade, as
crianças eram solicitadas
a falar
os nomes
das palavras como
modelo
e
das
sílabas
como
comparação;
caso
acertassem
desde
a
primeira
tentativa
do
tr
eino,
caria
evidente
que
o compor
tamento
teria
emergido
como
produto
do
treino
anterior
de
ensino
da
topograa
silábica.
Sendo
assim,
a
primeira
tentativa
do
treino
de
CRMTS
de
identidade
era
considerada
um
teste
da
aquisição
do
controle
pelas
unidades
silábicas,
treinado na fase anterior de ensino da topograa silábica.
Os resultados das primeiras tentativ
as dos treinos de CRMT
S de
identidade
demonstraram
que
sete
crianças
de
um
total
de
16
conseguiram
escores
inicialmente
per
feitos.
Os
autores
avaliaram
esse
resultado
como
negativo,
visto
que
a
maioria
das
crianças
não
apresentou
resultado
semelhante.
Segundo
eles,
o
treino
de
topograa
silábica,
realizado
anteriormente,
não
foi
suciente
para
o
estabelecimento
do
CRMT
S
de
identidade
recombinativ
o.
P
odem-se
levantar
algumas
hipóteses
a
respeito
desses
resultados
e
questionar
o
valor
negativo
desses
dados.
O
planejamento do tr
eino de topograa silábica em
cinco passos apr
esentava
inicialmente difer
enças claras entr
e os
estímulos de comparação
incorretos
e
o
correto
.
Gradualmente,
os
estímulos
de
comparação
foram se
tornando
mais
parecidos,
e
mais
de
um
estímulo
de
comparação
poderia
conter
tanto sílaba quanto as
letras do estímulo modelo, porém o correto deveria
ser
aquele
que
continha,
dependendo
da
fase,
a
sílaba
na
posição
inicial
ou
nal.
A
tarefa
pode
ter-se
tornado
confusa
porque,
nos
passos
nais,
apresentava vários estímulos com a mesma sílaba do estímulo
modelo, e o
isolamento da
posição, como
condição para a
escolha do
estímulo corr
eto,
pode não ter acontecido.
T
alvez a quantidade de
tentativas não tenha sido
sucientemente
grande
para
produzir
a
abstração
da
unidade
silábica.
De
qualquer
forma,
sete
participantes
conseguiram
acer
tar
as
primeiras
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
400
tentativas
do
CRMTS
de
identidade;
então,
para
esses
par
ticipantes,
o
treino silábico teve um efeito facilitador que não pode ser ignorado
.
Em
relação
aos
testes
de
equivalência,
os
r
esultados
de
BC/
CB
foram
consistentes
com
a
formação
de
classes:
a
maioria
das
crianças
alcançou
mais
de
90%
de
acer
tos
nesses
testes.
O
desempenho
dos
par
ticipantes
em
B’C’/C’B’
e
B’
’C’
’/C’
’B’
’
(testes
de
leitura
com
compreensão
das
palavras
recombinadas)
também
foi
alto,
descrito
pelos
autores como produto de recombinação das
unidades mínimas (Matos et.
al.,
2006).
A
conclusão
geral
foi
que
os
pré-requisitos
compor
tamentais
críticos
para
o
estabelecimento
dessas
relações
foram
fornecidos
não
apenas
pelas
relações
ensinadas
via
MTS,
mas
também
via
CRMTS
e
características
suplementares
do
pr
ocedimento
que
foram
adicionadas,
como o ensino
da topograa silábica
e o tr
eino da leitura da esquer
da para
direita, por ex
emplo.
Ser
ejo
et
al.
(2007)
também
acrescentaram
ao
treino
com
palavras
dissílabas
um
treino
silábico,
para
favorecer
a
ocorrência
do
controle
por
unidades
mínimas.
Um
dos
objetivos
do
estudo
desses
autores
era
avaliar
o
efeito
de
um
treino
composto
por
palavras
e
sílabas
(componentes
das
palavras)
no
desenvolvimento
da
leitura
recombinativa.
Outro
objetivo
foi
avaliar
o
efeito
da
quantidade
de
palavras
ensinadas
na
leitura
recombinativa
e
investigar
se
a
história
de
aprendizagem
com
o
procedimento
de
ensino
de
discriminações
simples
e condicionais
teria efeito
sobre
as
novas
aquisições
que
requeriam
habilidades
semelhantes.
P
ar
ticiparam
nove
crianças
pré-
escolares,
com
idade
entre
5
e
7
anos.
Seis
delas
foram
expostas
a
duas
fases
de
ensino
e
teste
de
relações
AC,
AB
e
CD
(gr
upo
experimental)
e
três expostas
apenas aos testes (grupo controle).
Os dados foram
coletados
pelo
computador
através
do
programa
MTS(
Match
to
sample
program,
v
.11.6.7,
desenvolvido
por
William
Dube
e
E
ric
Hiris,
do
Shriver Center
for
Mental
Retar
dation,
1996)
.
As
respostas
orais
eram
registradas
por
um
gravador e anotadas em protocolo de registro
. Os estímulos experimentais
empregados
foram
palavras
apresentadas
oralmente
(conjunto
A),
guras
(conjunto B) e palavras impressas (conjunto C).
O
procedimento
aplicado
por
Serejo
et
al.
(2007)
constava
de
duas
fases
experimentais,
cada
uma
delas
com
diferentes
conjuntos
de
estímulos. Em uma das
fases do estudo, eram utilizadas
sílabas simples do
C
S
:
B
C
E
E
401
tipo
consoante-vogal
(CV
)
e
palavras
dissílabas
com
a
mesma
estrutura
(CV
CV).
Em
outra
fase,
as
palavras
eram
dissílabas
e
com
a
letra
R
entre
as
sílabas
(CVR
CV
,
por
exemplo,
POR
T
A).
Dessa
forma,
em
uma
das
fases
experimentais,
treinavam-se
adicionalmente
as
relações
entre
as
sílabas
ditadas
e
impressas,
sendo
a
ordem
de
exposição
dos
participantes
a
essas
fases
com
treino
adicional
controlada,
ou
seja,
três
crianças
receberam
treino adicional na F
ase 1 (Grupo 2) e as outras tr
ês, na F
ase 2 (G
rupo 1).
Os
três
participantes
do
grupo
controle
realizaram
apenas
os
pré-testes,
o
treino
AB/BD
e
o
pós-teste.
Em
cada
fase
eram
realizados
seis
ciclos
3
que
alternavam
treino
e
testes
de
relações
condicionais
e
de
nomeação
de
palavras.
Em
cada
ciclo,
quatro
relações
AB
e
duas
relações
AC
eram
ensinadas.
Duas
das
relações
do
treino
AB
eram
diferentes
a
cada
ciclo,
mas
as
palavras eram
formadas pelas
mesmas sílabas
e os
estímulos modelo
auditivos
eram
compartilhados
nos
treinos
das
duas
relações
AC
de
um
mesmo
ciclo.
As
outras
duas
relações
AB
eram
as
mesmas
em
todos
os
ciclos
e
eram
relações
pré-requisitos
para
as
palavras
de
generalização.
Os
modelos
auditivos
eram
formados
pela
recombinação
das
letras
das
palavras
de
treino
em
pelo
menos
uma
das
sílabas.
Após
os
treinos
em
cada ciclo, eram r
ealizados três
testes –
T
este BC/CB,
T
estes de N
omeação
de
palavras
de
recombinação e T
este
AC
(relações
entre palavras
ditadas
e
impressas de recombinação).
Os
r
esultados
dos
testes indicaram
que,
de
maneira geral,
todos
os
par
ticipantes
apresentaram
aquisição
rápida
de
palavras
de
treino
com
compreensão
e
algum
grau
de
leitura
recombinativa.
A
quantidade
de
treino
necessária
para
atingir
o
critério
de
aprendizagem
na
F
ase
2
foi
inferior
à
da
F
ase
1
para
quase
todas
as
crianças,
e
esse
resultado
demonstrou
que
“
a
história
de
aprendizagem
com
um
procedimento
semelhante pode se
transferir para outras situações de
ensino e inuenciar
a
velocidade
de
aquisição
”
(Serejo
et.
al.,
2007,
p.
207).
Os
pré
e
pós-
testes
de
nomeação
indicaram
que
os
acertos
variaram
inversamente
em
relação
à
extensão
dos
estímulos.
Dessa
forma,
os
acertos
foram
maiores
para
as
letras
do
que
para
as
sílabas
e,
por
m,
maiores
para
as
sílabas
do
3
Serejo et
al. (2007)
denominam “ciclo
”
as
repetições sistemáticas do
procedimento, começando
com
treinos
e
terminando
com
testes
com
um
grupo
especíco
de
estímulos.
N
o
estudo
descrito,
cada
ciclo
consistia
na
repetição
dos
procedimentos
de
treino
e
teste
a
cada
duas
palavras
ensinadas.
F
oram
ensinadas,
portanto,
12
palavras, já que 6 ciclos foram realizados.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
402
que
para
as
palavras.
Quando
comparados
os
escores
nais
de
nomeação
de
sílabas
e
de
palavras
de
treino
nas
duas
fases,
os
autores
observaram
que
esses foram
maiores
nas fases
em
que
os par
ticipantes foram
expostos
ao
treino
de
sílabas
do
que
quando
foram
expostos
apenas
ao
treino
de
palavras.
Além
disto,
os
par
ticipantes
demonstraram
recombinação
mais
vezes
na
fase
em
que
foi
realizado
o
treino
adicional
com
sílabas.
Assim,
segundo
os
autores,
o
treino
combinado
de
palavras
e
sílabas
se
mostrou
ecaz
tanto
para
facilitar
a
aquisição
de
relações
com
palavras
ensinadas
como
para
o
desenvolvimento
de
leitura
recombinativa
(Serejo
et
al.,
2007).
Concluindo,
os
dados
indicaram
que
além
do
treino
de
sílabas,
a
quantidade
de
palavras
ensinadas
e
a
história
de
aprendizagem
com
o
procedimento inuenciam na emergência da leitura recombinativ
a.
Constata-se
que todos
os estudos
relatados empregaram
palavras
como
ponto
de
partida
para
o
ensino
da
leitura.
U
m
dos
principais
argumentos
para
o
uso
da
palavra
é
o
de
que
em
geral,
para
as
crianças,
os
aspectos
semânticos
são
mais
salientes
que
os
aspectos
fonológicos.
Isso
signica
que
“
os
sons
componentes
das
palavras
são
aspectos
dos
estímulos
vocais que
[inicialmente] não
controlam
o r
esponder
da
criança
”
(de
Rose,
2005,
p.
37).
P
ara
que
os
aspectos
fonológicos
dos
estímulos
vocais
exerçam
controle
sobre
o r
esponder
,
produzindo
uma
aprendizagem
discriminativa,
é
necessário
que a
criança
seja exposta
a
várias palavras,
que
envolvam variações
em
dimensões desse
estímulo
como
aspectos espaciais
e disposição
relativa das
sílabas. Assim,
essa exposição
repetida e
variada a
diversas
palavras
durante
os
treinos
e
testes,
chamada
de
treino
de
múltiplos
exemplar
es (de Souza et al.,
2009; H
übner et
al., 2009), produz abstração
das
unidades
menores
(sílabas
ou
letras)
à
medida
que
a
experiência
da
criança
com
essas
unidades
maiores
se
amplia.
N
o
entanto,
esses
treinos
em
geral
são longos
e,
frequentemente, produzem compor
tamentos de
fuga
e
esquiva das
crianças, além de queda
no desempenho (Hanna,
Benvennuti,
& M
elo, 2010).
A
maioria
dos
estudos
utiliza
procedimentos
adicionais
que
promo
vem
a
partição
das
palavras
em
sílabas,
como
o
uso
do
procedimento
de
CRMTS
ou
a
adição
de
um
treino
silábico
ao
treino
com
palavras
inteiras (por ex
emplo Matos et
al., 1997, 2002,
2006; Serejo
et al., 2007).
Esses
estudos
demonstraram
que
o
uso
desses
procedimentos
favoreceu
C
S
:
B
C
E
E
403
o
controle
pelas
unidades
menores
e
a
leitura
recombinativa.
P
or
tanto,
caberia
perguntar
se
o
ensino
direto
da
unidade
silábica
favoreceria
um
estabelecimento
efetivo
do
controle
por
essas
unidades,
aumentando
a
precisão da leitura.
Segundo
de
Rose,
(2005),
o
ensino
direto
de
unidades
menores
(sílabas)
é
acompanhado
de
alguns
problemas
pelo
fato
de
essas
unidades
não
terem
signicado
explícito para
a criança.
Sendo
assim,
a possibilidade
de
emparelhar
as
palavras
com
guras
já
conhecidas
e
o
fato
de
a
criança
já
conhecer
o som
da
palavra
antes
de sua
forma
escrita
fazem com
que
o
treino
de
palavras
inteiras
seja
mais
facilmente
conduzido
que
o
ensino
de
sílabas,
visto
não
terem
sentido.
U
ma
outra
razão
é
que
grande
parte
dos
estudos
é,
geralmente,
conduzido
com
crianças
que
apresentam
história
de
fracasso
escolar
e
comumente
o
treino
silábico
é
utilizado
nas
instituições
de
ensino brasileiras.
Assim,
o
treino de
palavras
inteiras
com
signicados
pode
ser
um
fator
motivacional
para
as
crianças
desses
estudos
em particular (
J. C. de Rose et al., 1989).
Souza (2009), avaliando esses argumentos, investigou se o treino
direto
com
as
unidades
silábicas
promoveria
uma
maior
velocidade
na
aquisição
da
leitura
de
palavras
novas
em
pré-escolar
es,
em
relação
aos
estudos
realizados
com
palavra
inteiras
e
procedimentos
de
exposição
a
múltiplos
exemplares.
A
autora
testou
apenas
um
conjunto
de
palavras
nov
as
dissílabas,
formadas
pela
combinação
das
unidades
ensinadas.
Quanto
ao
argumento
de
que
a
unidade
silábica
prescindiria
de
sentido,
anulando
a
possibilidade
de
treino
de
signicado,
foram
utilizadas
palavras
monossilábicas
(sílabas
com
sentido),
contornando
esse
aspecto
do
treino
.
O
procedimento
consistia
de
12
fases
subdivididas
em
P
ré-
testes,
Pr
é-treinos,
T
reinos,
T
estes,
CRMTS
e
P
ós-T
estes.
P
articiparam
quatro
crianças
de
3
a
5
anos
de
idade.
F
oram
feitos
dois
experimentos
e
em
cada
um
deles
dois
conjuntos
de
estímulos
foram
utilizados.
O
primeiro conjunto
de
estímulos
(ABC) ensinado
e
testado
era de
palavras
monossilábicas apr
esentadas oralmente
(conjunto A), guras
(conjunto B)
e
palavras
impressas
(conjunto
C).
O
segundo
conjunto,
apenas
testado,
era composto
por palavras dissílabas
formadas a par
tir da combinação
das
unidades
do
primeiro
conjunto
e
apresentadas
nas
mesmas
modalidades
auditivas e visuais (A
’B’C’).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
404
Os
P
ré-T
estes
avaliavam
se
as
relações
a
serem
ensinadas
faziam
parte
do
repertório
das
crianças.
N
o
Pré-T
reino,
elas
eram
familiarizadas
com
a
situação
experimental
e
os
estímulos
utilizados
eram
cores.
Nas
fases
de
treino,
os
estímulos
eram
as
palavras
monossilábicas
ensinadas
através do emparelhamento entre os estímulos modelo orais, apresentados
pelo
computador
,
e
os
estímulos
de
comparação,
que
no
treino
AB
eram
guras
e
no
treino
AC
eram
palavras
impressas.
Seguia-se
então
a
fase
de
teste
da
formação
das
classes
de
equivalência
entre
esses
estímulos.
Em
seguida,
era
realizada
a
fase
de
CRMTS,
na
qual
a
criança
deveria
construir
a
palavra
monossilábica
exposta
como
estímulo
modelo
a
partir
de
blocos
que
continham
as
letras
componentes
das
palavras
e
eram
dispostos na tela do computador
. Após essa
fase, seguia-se um no
vo treino
de
emparelhamento entre
as novas
palavras dissílabas
(segundo
conjunto)
oralmente
apresentadas pelo
computador
e
novas guras
correspondentes
a
essas
palavras
(T
reino
A
’
B’).
P
or
m,
eram
realizados
os
testes
nais
que
avaliavam
o
controle
pelas
unidades
menores
na
leitura
das
novas
palavras. O
primeiro teste
realizado foi
o de
leitura com
compreensão das
nov
as palavras,
no qual
as no
vas guras
eram apresentadas
como estímulos
modelo
e as
novas palavras
como
estímulos de
comparação
(T
este
B’C’) e
vice-versa
(
T
este
C’B’).
Após
esse
teste,
o
procedimento
de
CRMTS
era
reapresentado,
agora
com
as
palavras
dissílabas
como
estímulos
modelo
e
as
sílabas
componentes
dessas
palavras
como
estímulos
de
comparação.
N
os
procedimentos
de
CRMTS,
realizados
depois
dos
testes
de
leitura
com compr
eensão (tanto
das palavras de
treino
monossilábicas quanto
das
palavras
nov
as
dissílabas),
as
crianças
eram
solicitadas
a
oralizar
tanto
a
palavra
exposta
como
estímulo
modelo
quanto
as
letras/sílabas
dispostas
nos blocos
à medida que
eram escolhidas e
depois de constr
uída a palavra
inteira.
O
segundo
teste
era
o
de
nomeação
oral
de
todos
os
estímulos
utilizados
no
procedimento,
quer
fossem
guras
(conjuntos
B,
B’),
quer
fossem palavras (conjuntos C – monossilábicas e C’ – dissílabas).
Durante
cada
tentativa
de
treino,
as
respostas
corretas
eram
seguidas
do
som
de
aplausos
apresentado
pelo
computador
,
um
elogio
da
experimentadora
e
uma
cha.
Respostas
incorretas
não
tinham
consequências
programadas.
As
chas eram
trocadas
ao
nal da
sessão por
itens expostos na sala, próximos à criança.
C
S
:
B
C
E
E
405
Do
primeiro
experimento
participaram
quatro
crianças
(P2,
P4,
P5
e
P6)
e
os
estímulos
experimentais
de
treino
eram
as
palavras
monossilábicas NO,
PE, P
A, L
U
4
(primeir
o conjunto
ABC). Os
estímulos
de
testes
eram
as
palavras
dissílabas,
formadas
a
partir
da
combinação
das
unidades
das
palavras
do
primeiro
conjunto
–
P
ANO,
LUP
A,
P
AP
A
e
LUL
U
(segundo
conjunto
A
’B’C’).
Os
resultados
desse
primeiro
experimento
indicaram
que
nenhuma
das
crianças
exibiu
a
leitura
das
nov
as
palavras, apesar
de
todas elas
terem alcançado
100%
de
acertos nos
testes
de
equivalência
das
palavras
monossilábicas
e
duas
delas
(P5
e
P6)
terem apresentado, além disto, a nomeação oral das novas palavras na fase
de P
ós-T
este.
Souza
(2009)
identicou
algumas
variáveis
que
podem
ter
interferido
na
emergência
do
repertório
de
leitura
das
novas
palavras.
Segundo
a autora,
o desequilíbrio da
incidência das
sílabas e
letras entre
as
palavras
dos
conjuntos de
treino
e
teste
permitiu aos
participantes alcançar
altos
índices
de
acer
tos
durante
o
treino
AC,
sem
que
cassem
sob
controle
de
todos
os
aspectos
dos
estímulos
(consoante
e
vogal).
Com
isso,
o
controle
de
estímulos
estabelecido
no
treino
não foi
eciente
para pr
oduzir
um
responder
controlado
pelas
unidades
posteriormente
combinadas
nos
testes de leitura das nov
as palavras dissílabas.
Outra
variável
avaliada
pela
autora
(com
a
valiosa
contribuição
do
professor
J
oão
J
uliani,
então
membro
da
banca
examinadora
da
dissertação
de
mestrado
da
autora,
apr
esentada
junto
ao
P
rograma
de
P
sicologia
Experimental,
sob
a
orientação
da
primeira
autora
do
presente
capítulo)
foi
a
instabilidade
entre
fonemas
e
grafemas
ensinados
e
testados
nesse
primeiro experimento.
As unidades
grafêmicas
NO e
P
A
foram ensinadas
com
um
fonema
diferente
do
que
foi
testado,
por
exemplo,
na
palavra
P
ANO,
no
segundo
conjunto.
Isso
pode
ter
tornado
o
treino
inecaz
para
produzir
a
emergência
da
leitura
das
novas
palavras
e
a
nomeação
oral
para
todos
os
participantes,
porque as
unidades
grafêmicas
NO
e
P
A
apresentaram,
cada
uma,
duas
unidades
fonêmicas:
“NÓ”
no
primeiro
conjunto
e
“NÔ”
no
segundo
conjunto;
e
“P
Á”
no
primeiro
conjunto
e
“P
AN”
no
segundo
conjunto.
Devido
a
esses
resultados,
o
experimento
foi
4
As palavras NÓ, PÉ e P
Á foram apresentadas sem os seus respectivos acentos – licença ortográca, devido ao
repertório acadêmico dos participantes, que eram pré-escolares.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
406
replicado
com
estímulos mais
regulares
(Experimento
2). P
ar
ticiparam
três
das
quatro
crianças
expostas
ao
Experimento
1
(P2,
P5
e
P6).
A
semelhança
grafêmica
e
fonêmica
das
unidades
mínimas
entre
os
conjuntos
treinados
e
testados
foi
controlada.
Além
disso,
a
incidência
das
sílabas
e
letras
em
ambos os conjuntos
foi balanceada, de maneira que
o número de vezes de
apresentação
de
cada
sílaba
e
letra
era
exatamente
o
mesmo
(três
e
seis
vezes,
respectivamente).
O
primeiro
conjunto
de
palavras
ensinado
e
testado
(primeiro
conjunto
ABC)
foi
composto
pelas
sílabas
BA,
BO,
L
A,
LO.
Estas
sílabas
ganharam
sentido
(tornando-se
palavras
monossilábicas)
a
par
tir
da
atribuição
de
apelidos
a
guras
de
crianças,
cujas
fotos
compuseram
o
conjunto B
5
. O
segundo conjunto
de palavras dissílabas
(formadas a
partir
da
combinação
das palavras
do primeir
o
conjunto) foi
apenas testado
e era
formado
pelas palavras
e
guras correspondentes:
BABO, BOBA,
LALO,
LOLA (segundo conjunto A
’ B’ C’).
Os
resultados
do
Experimento
2
demonstraram
que
as
manipulações experimentais
realizadas foram
ecazes para
produzir leitura
das
novas
palavras
em
dois
dos
participantes
desse
estudo
(P5
e
P6).
Assim,
o
equilíbrio
na
incidência
das
sílabas
e
letras
entre
as
palavras
de
treino
e
as de teste
demonstrou ser uma variável importante para
um desempenho
preciso
sob
controle
dessas
unidades
durante
os
testes.
Além
disso,
a
regularidade
fonética
das
unidades
ensinadas
e
testadas
suprimiu
o
problema
do
primeiro
experimento, no
qual
a
mesma
unidade
grafêmica
apresentava
dois
fonemas
diferentes.
Assim,
a
forma
como
foram
compostas
as
palavras
nesse
experimento
possibilitou
aos
participantes,
durante
o
treino
AC,
atingir
altos
índices
de
acer
tos
somente
se
eles
cassem
sob
controle
de
todos
os
aspectos
dos
estímulos
(consoante
e
vogal).
Segundo
Souza
(2009),
a
análise
dos
erros
nesse
segundo
experimento
indicou
também
um
controle
renado em
relação
ao
Experimento
1,
pois
ocorreram
erros
frequentes de
inversão
6
, que denotav
am controle
pelas unidades, apesar
da
direção invertida da leitura.
Souza (2009) concluiu que o
treino direto das unidades silábicas
por
meio
de
palavras
monossilábicas
favoreceu
a
aquisição
do
controle
5
As imagens estavam disponíveis para serem baixadas em
sites
de busca.
6
Exmeplo:
Diante
da
gura
BABO
(modelo) a
criança
escolhe a
palavra
BOBA .
Ou
diante da
palavra impressa
LALO
no
teste
de
nomeação
oral,
a
criança
diz
LOLA.T
al
tipo
de
erro
foi
também
observado
em
estudos
pioneiros da área (H
übner-D’Oliveira, 1990).
C
S
:
B
C
E
E
407
pelas unidades mínimas, gerando emergência
da leitura das no
vas palavras
no primeiro
conjunto de
teste no
Experimento 2. No entanto, esse
treino
direto
das unidades
foi ecaz
sob
algumas
condições, como
o equilíbrio
da
incidência
de
sílabas
e letras
entre
palavras
de
treino
e
teste
e
a
regularidade
grafêmica
e
fonêmica
entre
as
unidades
ensinadas
e
testadas.
Como
apenas
dois
participantes
exibiram
leitura
das
novas
palavras,
a
autora
ressaltou
a
necessidade
de
maiores
evidências
experimentais.
Além
disto,
como
os
par
ticipantes
do
Experimento
2
foram
os
mesmos
expostos
aos
Experimento
1,
pode-se
levantar
a
hipótese
de
que
a
exposição
prévia
ao
procedimento
pode
ter
interferido
no
desempenho,
já
que
os
resultados
positivos
apareceram
apenas
no
segundo
experimento
(H
übner
et
al.,
2009; Ser
ejo et al., 2007).
O
estudo
de
Souza
(2009)
apresenta
um
aspecto
importante
em
relação
ao
desempenho
emergente
gerado,
qual
seja,
a
composição
das
palavras novas dissílabas
lidas
pelos participantes
é
diferente da
forma
como
as palavras
de
testes
são
compostas nos
estudos
que
utilizam
palavras
inteiras
como
estímulos
de
treino.
As
palavras
novas
dissílabas
apresentadas
nos
testes
de
Souza
(2009)
eram
formadas
pela
combinação
das
unidades
que
foram
diretamente
ensinadas
(palavras
monossilábicas).
Esse
procedimento
difere
da
maioria
dos
estudos
que
utiliza
palavras
inteiras,
porque
o
desempenho
emergente
nesses
estudos
é
produto
da
recombinação
dos elementos das unidades textuais ensinadas (palavras inteiras).
Hanna
et
al
.
(2010)
propõem
a
utilização
dos
termos
“leitura
combinatória
e
leitura
recombinativa
”
para
se
referirem
a
esses
diferentes
desempenhos
emergentes.
Segundo
esses
autores,
a
leitura
combinatória
é o responder
emergente sob controle de palavras
compostas por unidades
textuais
ensinadas,
e
a
leitura
recombinativa
é
o
responder
emergente
sob
controle
de
palavras
compostas
por
elementos
recombinados
de
unidades
textuais ensinadas.
Segundo esses
autores, é
importante vericar
se
os
processos
envolvidos
em
ambos
os
desempenhos
são
exatamente
os
mesmos.
Isso
porque
a
emergência
imediata
da
leitura
combinatória
fortaleceria
a
interpretação
de
abstrações
ou controle
discriminativo,
como
produzido
pelo
treino
de
múltiplos
exemplares,
e
claricaria
o
processo
envolvido
no desempenho
recombinativo,
fundamental para
a
uência
em
leitura.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
408
O
ENSINO
DE
LEITURA
RECOMBINATIV
A
POR
MEIO
DE
JOGOS
Como
relatamos,
muitas
têm
sido
as
investigações
interessadas
nas
variáveis
que
podem
gerar
leitura
recombinativa.
De
maneira
geral,
os
estudos
nessa
área
são
desenvolvidos
empregando-se
programas
computadorizados
(Gomes,
2007;
Matos
et
al.,
2002)
ou,
ainda,
cartões
com palavras, letras e sílabas impressas (de Rose et al., 1989). Em vista do
caráter
motivacional
dos
jogos
e
sua
popularidade
com
as
crianças,
bem
como
o
fato
de
que
as
relações
envolvidas
em
leitura
e
escrita
podem
ser
ensinadas por meio
deles (de R
ose, 2005), estudos que
investigam o efeito
do
uso
de jogos
sobre
o ensino
de
leitura
e
escrita r
ecombinativa mostram-
se necessários.
Inter
essadas
nessa
questão,
Souza
e
H
übner
(2010)
realizaram
um
trabalho
cujo
objetivo foi
investigar
se
o
uso
de um
jogo
de
tabuleiro
que
ensina
as
relações
entre
palavra
impressa/conjunto
de
sílabas,
palavra
impressa/gura,
gura/conjunto
de
sílabas,
palavra
impressa/escrita
manuscrita, palavra
falada/gura e palavra
impressa/palavra falada produz
a
leitura
e
escrita
das
palavras
ensinadas
e
de
novas
palavras
formadas
a
partir
da
r
ecombinação
das
sílabas
dessas
palavras.
P
ar
ticiparam
no
ve
crianças
da
educação
infantil,
divididas
em
três
grupos,
com
três
crianças
cada.
As crianças
tinham idade
entre
5
e
6 anos
e
frequentavam
uma escola
da
rede
municipal
da
periferia
da
cidade
de
Londrina.
A
inter
venção
foi
realizada
em
momentos
diferentes,
seguindo
cada
grupo
de
crianças,
um
delineamento
de
linha
de
base
múltipla
entre
grupos.
O
trabalho
foi
realizado
em
cinco
etapas
(Pr
é-T
este,
Intervenção/J
ogo,
P
ós-T
este,
P
ós-
T
este F
inal e
Follo
w-up
).
N
o
P
ré-T
este,
testaram-se
as
relações
entre
palavra
impressa
e
palavra
falada
pela
criança
(leitura
oral
ou
compor
tamento
textual),
palavra
falada e conjunto de sílabas (CRMTS), palavra falada e escrita manuscrita
(ditado)
e
entre gura
e
palavra
impressa
(leitura
com
compreensão).
Em
seguida,
realizaram-se
15
sessões
de
inter
venção/jogo
que
consistiram
em
sessões
com
o
jogo
de
tabuleiro
–
A
braKedabr
a:
construindo
palavras,
desenvolvido por Souza (2007).
O
tabuleiro
é
composto
por
46
casas
e
possibilita
que
sejam
trabalhadas
as
r
elações
entr
e:
palavra
impressa/construção
de
palavras,
C
S
:
B
C
E
E
409
palavra
impressa/gura,
gura/constr
ução
de
palavras,
palavra
impressa/
escrita
manuscrita,
palavra
falada/gura,
palavra
impressa/palavra
falada
e
palavra
impressa/soletração
oral.
Além
dessas
relações,
o
pesquisador
tem
a
possibilidade
de
trabalhar
as
relações
entre
gura/palavra
falada,
entre
sílaba impressa/sílaba
falada, e entre
palavra falada pelo
pesquisador/
palavra impressa.
Em
vista
da
idade
das
crianças,
algumas
regras
do
jogo
foram
alteradas.
Na
casa
das
bruxas
que
não
sabem
soletrar
e
escrever
,
casas
nas
quais
as
crianças
deveriam
soletrar
ou
escrever
as
palavras
apresentadas
pela experimentadora,
elas eram auxiliadas
uma vez
pela experimentadora
e
depois
deveriam
realizar
a
atividade
especíca
sozinhas.
Cabe
lembrar
que
muitas
crianças
não
conheciam
as
letras
do
alfabeto
ou
não
tinham
coordenação motora necessária para a escrita das palavras.
Após
as
sessões
de
pré-teste,
as crianças
de um
dos grupos
(G
rupo
1)
foram
retiradas
da
sala
de
aula
e
levadas
para
outra
sala
para
apresentação
do
tabuleiro
e
explicação
das
regras
do
jogo.
Em
seguida,
foram
convidadas
a
jogar
.
Durante
o
jogo,
cada
criança
recebia
uma
palavra,
sendo
três
palavras
ao
todo
por
sessão
de
jogo.
Na
sequência,
uma
das
crianças
deveria
lançar
o
dado
e
mover
o
peão
de
acordo
com
o
número
apresentado
no
dado.
Quando
o
peão
caía
na
casa
com
as
famílias
silábicas,
elas
eram
instruídas
a
ler
todas
as
sílabas
que
compõem
aquela
família
e
a
escolher
uma
delas.
A
pesquisadora lia
as sílabas
e pedia
que
a
criança
repetisse
cada
uma
e
dissesse
palavras
que
iniciavam
com
aquela
sílaba,
por
exemplo,
“
BA
de
....
.
”
se
a
criança
não
conseguisse
falar
,
a
pesquisadora
completava
“
BA
de
B
ALA,
de
B
ANANA
”.
Após
isso,
a
pesquisadora
perguntava
“
V
ocê
precisa
de
alguma
destas
sílabas?
”
A ajuda
era
dada pela
pesquisadora
caso a
criança
não
conseguisse
identicar
a
sílaba.
N
esses
casos,
a
pesquisadora
pedia
para
a
criança
colocar
a
palavra
próxima
à
casa
da
família
silábica
e
olhar
melhor
cada uma
das sílabas.
Apenas
nos casos
em que
ela não
conseguia r
ealizar a
tarefa, a pesquisadora dizia: “
V
ocê não acha que precisa desta?
”.
Caso o
peão caísse em
outra casa, a
criança era instr
uída a seguir
as
instruções
daquela
casa.
A
pesquisadora
auxiliava
a
criança,
caso
ela
apresentasse
diculdade na
compreensão
da
tarefa
que
precisav
a
executar
.
De
acordo
com
as
regras,
o
jogo
terminava
quando
uma
das
crianças
compusesse a sua palavra emparelhando-a com a gura correspondente.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
410
N
a
sessão
seguinte,
as
mesmas palavras
usadas
na
sessão anterior
eram
usadas
novamente.
Contudo,
cada
criança
recebia
uma
palavra
diferente,
que
lhe
permitia
brincar
,
pelo
menos
uma
vez,
com
as
palavras
de cada bloco (tr
ês palavras), bem como
ver outra criança brincando
com
a
palavra com
a qual
já
havia brincado,
aumentando
o contato
da criança
com aquela palavra.
N
o início
da
segunda
e
terceira sessão
com
cada
bloco de
palavras
era
feito um
ditado
(T
este
de
averiguação de
escrita
manuscrita
–
T
AEM
)
com
as
palavras
usadas
no
jogo
da
sessão
anterior
(palavras
de
treino).
O
ditado avaliava se,
após brincar
com as palavras
daquele bloco,
as crianças
seriam
capazes
de
escrevê-las.
Em
seguida,
eram
realizadas
as
sessões
de
P
ós-T
este, que eram semelhantes em estr
utura à sessão de pré-teste.
Caso
não
se
obser
vassem
mudanças
na
escrita
manuscrita
das
crianças,
no
P
ós-T
este,
o
mesmo
bloco
de
palavras
era
novamente
usado
para
brincar
por
mais
duas
sessões.
Em
cada
uma
das
sessões
antes
do
início
do
jogo,
as
palavras
eram
apresentadas
às
crianças,
que
deveriam
ler
e
copiá-las em
papel
fornecido
pela
pesquisadora
e,
se
necessário, com
ajuda
da
mesma.
P
osteriormente,
as
palavras
eram
retiradas
e
as
crianças
deveriam
escrevê-las
sem
a
presença
da
palavra
impressa
como
modelo.
F
inalmente, as palavras eram no
vamente apresentadas
às crianças para ns
de
comparação
com
a
palavra
que
escreveram
e,
caso
necessário,
seriam
feitas
as
devidas
correções.
Após
esse
procedimento,
as
crianças
jogavam
com
o
tabuleiro,
repetindo-se
o
procedimento
anteriormente
descrito.
Após
duas
sessões
com
esse
procedimento
adicional,
realizava-se
um
ditado
com as palavras de treino do bloco que estava sendo trabalhado
.
F
inalmente,
eram
realizadas
as
sessões
de
P
ós-T
este
Final
e
Follo
w-
up
.
O
P
ós-T
este
nal
e
a
sessão
de
F
ollow-up
eram
semelhantes
em
estr
utura
às
sessões
de
P
ós-T
este.
Contudo,
nessas
sessões,
pedia-se
às
crianças
que,
com
as
sílabas
colocadas
sobre
a
mesa,
construíssem
também
as
palavras
de generalização
. Apenas
as crianças dos
Grupos
1 e
2 realizaram,
após um
período
de
aproximadamente
30
dias,
a
sessão
de
Follo
w-up.
A
T
abela
6
apresenta um resumo de todas as etapas do estudo
.
C
S
:
B
C
E
E
41
1
T
abela 6 - Resumo das E
tapas do Estudo.
Sequência
P
assos do Estudo
1
P
ré-T
este
a) Leitura oral das palavras de treino e generalização.
b) Construção das palavras de treino e generalização.
c) Ditado das palavras de treino e generalização
.
d) Emparelhamento gura-palavra impressa
e) PPVT
2
T
reino
com tabuleiro
das palavras do
Bloco 1,
com teste
de av
eriguação de
escrita
manuscrita das palavras do Bloco 1 (T
AEM). Relações trabalhadas:
P
alavra impressa e construção de palavras.
P
alavra impressa e gura.
F
igura e construção de palavras.
P
alavra impressa e escrita manuscrita.
P
alavra falada e gura.
P
alavra impressa e palavra falada pela criança.
P
alavra impressa e soletração oral.
F
igura e palavra falada pela criança.
Sílaba impressa e sílaba falada pela criança.
P
alavra falada pelo pesquisador e palavra impressa.
3
P
ós-teste (com todos os participantes).
a) Leitura oral das palavras de treino e generalização.
b) Construção de palavras das palavras de treino.
c) Ditado das palavras de treino e generalização
.
d) Emparelhamento gura-palavra impressa (palavras de tr
eino).
4
P
rocedimento adicional –
palavras do Bloco 1
com ditado das
palavras de treino
do Bloco 1 no início da sessão seguinte..
5
T
reino
com tabuleiro
das palavras do
Bloco 2,
com teste
de av
eriguação de
escrita
manuscrita das palavras do Bloco 2 (T
AEM). Relações trabalhadas:
P
alavra impressa e construção de palavras.
P
alavra impressa e gura.
F
igura e construção de palavras.
P
alavra impressa e escrita manuscrita.
P
alavra falada e gura.
P
alavra impressa e palavra falada pela criança.
P
alavra impressa e soletração oral.
F
igura e palavra falada pela criança.
Sílaba impressa e sílaba falada pela criança.
j) P
alavra falada pelo pesquisador e palavra impressa.
6
P
ós-teste (com todos os participantes).
Leitura oral das palavras de treino e generalização.
b) Construção de palavras das palavras de treino.
c) Ditado das palavras de treino e generalização
.
d) Emparelhamento gura-palavra impressa (palavras de tr
eino).
7
P
rocedimento adicional – palavras
do Bloco 2, com
ditado das palavras de tr
eino
do Bloco 2 no início da sessão seguinte.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
412
8
T
reino
com tabuleiro
das palavras do
Bloco 3,
com teste
de av
eriguação de
escrita
manuscrita das palavras do Bloco 3 (T
AEM). Relações trabalhadas:
P
alavra impressa e construção de palavras.
P
alavra impressa e gura.
F
igura e construção de palavras.
P
alavra impressa e escrita manuscrita.
P
alavra falada e gura.
P
alavra impressa e palavra falada pela criança.
P
alavra impressa e soletração oral.
F
igura e palavra falada pela criança.
Sílaba impressa e sílaba falada pela criança.
P
alavra falada pelo pesquisador e palavra impressa.
9
P
ós-teste (com todos os participantes).
Leitura oral das palavras de treino e generalização.
b) Construção de palavras das palavras de treino.
c) Ditado das palavras de treino e generalização
.
d) Emparelhamento gura-palavra impressa (palavras de tr
eino).
10
P
rocedimento adicional –
palavras do Bloco 3
com ditado das
palavras de treino
do Bloco 3 no início da sessão seguinte.
11
P
ós-teste nal
a) Leitura oral das palavras de treino e generalização.
b) Construção de palavras das palavras de treino e generalização.
c) Ditado das palavras de treino e generalização
.
d) Emparelhamento gura-palavra impressa (palavras de tr
eino).
e) PPVT
12
F
ollow-up
Os
resultados
do P
ré-T
este mostraram
que nenhuma
das crianças
escreveu,
leu
ou
constr
uiu,
a
par
tir
do
conjunto
de
sílabas
apresentadas
como
estímulos
de
comparação,
as
palavras
apresentadas
e,
com
exceção
das
crianças
do
Grupo
1
7
,
nenhuma
outra
emparelhou
corretamente
a
gura
com
a
palavra
impressa.
Ao
todo
foram
realizadas
15
sessões
com
cada
grupo
de
crianças.
A
análise
dos
dados
considerou
o
desempenho
das crianças nos testes de averiguação de
escrita manuscrita (T
AEMs), nas
sessões
de
pré
e
pós-teste
para
as
relações
entre
palavra
falada
e
escrita
manuscrita
(ditado),
palavra
falada
e
construção
de
palavras
(CRMTS),
emparelhamento
entre
gura
e
palavra
impressa
(leitura
com
compreensão)
e palavra impressa e palavra falada (leitura oral).
Após
início
da
Intervenção/Jogo,
obser
vou-se
um
aumento
no
número
de
palavras
corretamente
lidas,
e,
no
P
ós-T
este
nal,
cinco
das
7
Devido a
uma falha
do
procedimento,
para
o
Grupo
1,
a
avaliação dessa
relação foi
realizada após
as tr
ês
sessões
com o Bloco 1 de palavras.
C
S
:
B
C
E
E
413
nov
e
crianças
foram
capazes
de
ler
todas
as
palavras
ensinadas.
V
ericou-
se, ainda, que
o aumento no
número de palavras
corretamente lidas
estava
relacionado
com
o
início
da
inter
venção/jogo
para
todos
os
gr
upos.
Na
sessão
de
F
ollow-up
constatou-se
que,
embora
o
número
de
palavras
de
treino
corretamente
lidas
tenha
diminuído
para
alguns
participantes,
todos
leram algumas palavras.
Quanto às palavras
de generalização, nenhuma
das crianças fez
a
leitura corretamente. De
modo geral, quando
as palavras
de generalização
eram
apresentadas,
elas
falavam o
nome da
palavra
de tr
eino
que
começava
com
a
mesma
sílaba
(ex.,
BOLA
para
BOCA,
MURO
para
MULA,
GALO
para
GA
TO
etc.).
Esses
r
esultados
sugerem
que
o
procedimento
não
parece ter
sido
efetivo
para
colocar a
criança
sob
controle
da palavra,
mas
sim
de
parte
dela
(i.e.,
sílabas
iniciais
ou
vogais
que
compõem
a
palavra).
T
al
desempenho
pode
indicar
,
por
outro
lado,
o
início
do
controle
pelas
unidades
menores
do
que
a
palavra.
Constatou-se,
também,
que
houve
um
aumento
no
número
de
sílabas
corretamente
selecionadas
e,
em
algumas
sessões,
algumas crianças
compuseram
corretamente as
palavras
ensinadas
(relação
entre
palavra
falada
e
conjunto
de
sílabas).
Quanto
às
palavras
de generalização, obser
vou-se também um aumento no número de sílabas
corretamente
selecionadas
em
relação
ao
Pr
é-T
este.
Contudo,
é
importante
ressaltar
que
o
número
de
sílabas
corretamente
selecionadas
foi
pequeno
para todas, apesar do aumento observado.
T
ambém
houve
um
aumento
no
número
de
emparelhamentos
corretos
entre
a
palavra
impressa
e
a
gura
correspondente
para
todas
as
crianças,
sendo
que
sete
das
nove
crianças
foram
capazes
de
emparelhar
corretamente
todas
as
guras
das
palavras
de
treino
com
as
palavras
impressas
correspondentes
no
P
ós-T
este
Final.
O
mesmo
teste
não
foi
conduzido
com
as
palavras
de
generalização,
pois
algumas
palavras
não
apresentavam a gura corr
espondente (e.g., CADA).
F
inalmente,
quanto
à
escrita
manuscrita,
os
resultados
nos
T
AEMs
mostraram que,
após
brincarem com
as
palavras, apenas
algumas
crianças
foram
capazes
de
escrever
corretamente
algumas sílabas
(cinco das
nov
e
crianças). Esses dados
sugerem que
jogar com
as palavras
parece não
garantir
a
escrita
manuscrita
correta
das
mesmas.
É
importante
ressaltar
que
a
maneira
como
o
jogo
foi
organizado
não
contribui
para
o
desenvolvimento
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
414
dessa
relação,
uma
vez
que
são
poucas
as
casas
que
trabalham
a
relação
entre
palavra
impressa
e
escrita
manuscrita.
Os
resultados
após
a
realização
do
procedimento adicional de ensino sugerem, ainda, que o procedimento se
mostrou
efetivo
para
aumentar
o
número
de
sílabas
corretamente escritas
pelas
crianças.
A
situação
de
cópia
com
e
sem
a
presença
do
modelo
foi
seguida
pela
sessão
com
o
jogo
de
tabuleiro,
o
que
pode
ter
contribuído
para que as crianças atentassem mais para
aspectos das palavras e com isso
obtivessem um melhor desempenho
no ditado. Quanto às novas palavras,
verica-se
que
nenhuma
criança
as
escreveu
corretamente.
Contudo,
observou-se
que,
em
algumas
sessões
de
ditado
do
P
ós-T
este
e
P
ós-T
este
F
inal, algumas escreveram várias sílabas das no
vas palavras corretamente.
Ess
es
r
esu
lta
dos
s
uge
re
m
a
po
ssi
bi
lid
ade
do
us
o
de
jo
gos
pa
ra
o
ens
ino
de
re
laçõ
es
env
olvi
das
em
leitu
ra
e
esc
rit
a.
Em
bor
a
os
re
sul
tad
os
nos
test
es
de
lei
tura
e
escr
it
a
das
pala
vras
de
gen
er
ali
zaç
ão
não
tenh
am
most
rado
muda
nça
s
exp
res
siv
as,
é
im
port
ante
dest
aca
r
qu
e
cad
a
cr
ian
ça
brin
cou
com
uma
mesma
pal
avra
por
no
máxi
mo
duas
vez
es
e
que
cada
sess
ão
de
In
terv
enção
/J
ogo
tev
e
dur
açã
o
apr
ox
ima
da
de
30
minu
to
s.
Ou
sej
a,
os
res
ul
tad
os
re
lat
ados
for
am o
bti
do
s c
om p
ouc
as
hora
s
de
trei
no.
E
stu
do
s a
nteri
ores
mos
tra
m qu
e
a
maio
r
expo
siç
ão
à
co
ndi
ção
de
tr
eina
me
nto
é
uma
var
iáv
el
a
ser
con
si
der
ada
qua
ndo
se
trat
a
da
emer
gênci
a
de
leit
ura
re
combi
nati
va
(H
übne
r-D
’Ol
iv
eir
a
&
Ma
tos
,
199
3).
Cons
ide
rand
o-s
e
a
pouc
a
exp
osi
ção
das
cria
nça
s
às
pal
av
ras
ens
inad
as
e
as
pouc
as
hor
as
de
ensin
o/jog
o,
os
res
ult
ado
s
obt
ido
s
na
pesq
uisa
de
So
uza
e
H
übn
er
(201
0)
most
ram-s
e
inte
re
ssant
es.
Além
dis
so,
dev
e-se
re
ssal
tar
,
aind
a,
o
car
áter
moti
vaci
on
al
dos
jogo
s.
Dur
ant
e
todo
o
est
udo
não
houv
e
de
sis
tên
cia
por
parte
das
cri
anç
as
ou
rec
us
a
em
part
ici
par
das
ses
sões
.
N
a
ve
r
dad
e,
obs
erva
çõe
s i
nfo
rma
is
das
aut
ora
s m
ost
ra
ram
que
tod
as
ela
s
que
ria
m
e
pedi
am
par
a
part
ici
par
das
ses
sões,
e
alg
uma
s
dis
ser
am
ter
“
ado
rado
”
o j
ogo
.
Apesar
de
as
pesquisas
na
área
de
equivalência
de
estímulo
apontarem
a
efetividade
deste
modelo
para
o
ensino
de
leitura
e
escrita,
um
leitor
eciente
deve
ler
as
palavras
que
lhe
foram
ensinadas
e
também
novas
palavras
formadas
pela
recombinação
das
sílabas
ou
letras
das
palavras
já
aprendidas.
O
conjunto
de
resultados
dos
estudos
descritos
demonstra
o
esforço
dos
pesquisadores
da
área
para
elaborar
um
procedimento
que
favoreça
a
abstração
da
sílaba
e
da
letra
como
unidade
funcional da
leitura,
C
S
:
B
C
E
E
415
produzindo
o
controle por
estas
unidades
(menores
do
que
a
palavra)
e
o
desempenho em leitura r
ecombinativa (tanto com compr
eensão, quanto à
leitura
oral/compor
tamento
textual),
fundamental
para
o
desenvolvimento
do repertório de leitura uente.
Apesar
da
importância
dos
processos
de
combinação,
fragmentação
e
recombinação
de
unidades
menores
do
que
a
palavra,
além
dos
vários
estudos
conduzidos
com
vistas
a
investigar
este
tema,
os
dados
das
pesquisas
realizadas
até
o
momento
sugerem
a
complexidade
dessa
tarefa.
Muitos
estudos
indicam
a
aquisição
parcial
do
controle
pelas
unidades
mínimas,
mostrando
a
necessidade
de
mais
investigações
para avaliar
as v
ariáveis
que
contribuem
para
o
desenvolvimento
de
leitura
recombinativa.
Dentre
essas
variáveis, citam-se:
1.
O
papel
da
oralização
uente,
escandida
e
do
procedimento
de
CRMTS.
Algumas pesquisas
(Matos
et
al.,
1997,
2002)
indicam
que
a
oralização
uente
durante
a
aquisição
das
relações
pr
é-
requisitos
AB
(palavra
falada
e
gura)
e
AC
(palavra
falada
e
palavra impressa) e,
principalmente, o procedimento
de CRMTS
silábico
com
oralização
escandida
demonstraram
ser
os
mais
ecazes para gerar leitura recombinativa.
2.
O
número
de
conjunto
de
palavras
ensinadas
e
a
forma
como
as
palavras
são
recombinadas
ao
longo
do
procedimento
(recombinação
sistemática
de
letras
e
sílabas).
Segundo
Hübner-
D´Oliveira
(1990)
e
Gomes
(2007),
o
aumento
do
número
de
palavras ensinadas (relação entre palavra falada e palavra
impressa
-
AC)
e
um
maior
número
de
unidades
mínimas
conhecidas
e
recombinadas em
diferentes posições
podem produzir um
melhor
desempenho
na
leitura
das
palavras
recombinadas.
O
u
seja,
é
necessário
que
as
sílabas
ocupem
posições
sistematicamente
variadas
nas
palavras
e
que
seja
realizada
uma
recombinação
de
letras para acelerar a aquisição do “
controle perfeito
”.
3.
Os
efeitos
do
treino
silábico
sobre
o
desenvolvimento
de
leitura
recombinativa.
Os
resultados
de
algumas
pesquisas
(Serejo
et
al.
2007;
Souza,
2009;
Souza
&
Hübner
,
2010)
sugerem
que
o
treino
das
sílabas
que
compõem
as
palavras
de
ensino
inuencia
na
emergência
de
leitura
recombinativa.
Contudo,
os
resultados
do
estudo
de
Souza
(2009)
mostram
que
o
treino
direto
das
sílabas é mais
ecaz quando há
equilíbrio da incidência de
sílabas
e letras
entre palavras
de tr
eino e
teste e a
regularidade grafêmica
e
fonêmica entre as unidades ensinadas e testadas.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
416
4.
Mais
recentemente,
os
pesquisador
es
têm
envidado
esforços
no
desenvolvimento
de
novas
tecnologias
que
possam
ser
empregadas
para
o
ensino,
como
os
jogos
(Souza,
2007;
Souza
&
Hübner
,
2010).
Como
exposto
anteriormente,
para
que
os
aspectos
fonológicos dos
estímulos
vocais
exer
çam
controle sobre
o
responder
,
produzindo
uma
aprendizagem
discriminativa,
é
necessária
a
exposição
repetida
e
variada
de
diversas
palavras
durante
os
treinos
e
testes
(de
Souza
et
al.,
2009;
H
übner
et
al.,
2009).
Contudo,
a
realização
de
sessões
de
treino
longas
e
repetitivas
podem
produzir
fuga
e
esquiva
das
crianças
e
queda
no
desempenho
(Hanna
et
al.,
2010),
e
o
uso
de
jogos
para
a
realização dos treinos mostra-se interessante devido ao seu
caráter
motivacional.
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
Segundo
os
dados
de
Matos
et
al.
(2002),
a
fragmentação
de
palavras
em unidades
menores
e sua
recombinação
em
novas
palavras
pode
gerar
leitura
recombinativa.
Esse
aspecto
é
muito
impor
tante
porque
sugere
que
não
é
necessário
o
ensino
de
todas
as
palavras
do
nosso
vocabulário,
pois
novas
palavras
podem
ser
compostas
por
meio
da
recombinação
de
unidades
menores da
palavra
como as
sílabas,
por
exemplo (generalização
recombinativa). I
sso implica economia e eciência no ensino de leitura.
Os
trabalhos
relatados
neste
capítulo
investigam
procedimentos
que
visam
identicar
as
variáveis
que
geram
leitura
recombinativa,
e
os
resultados
obtidos
apontam
direções
importantes
nesse
sentido,
demonstrando
a
importância
da
ampliação
de
um
repertório
de
palavras
com
recombinação
sistemática
de
suas
letras
e
sílabas
e
a
combinação
da
oralização e cópia escandida das palavras ensinadas. Além de investigações
acerca
das variáveis
que
geram leitura
recombinativa, é
impor
tante que
se
investiguem, ainda,
novas tecnologias
para o
ensino
dos
comportamentos
de
ler
e
escrever
.
O
trabalho
de
Souza
e
Hübner
(2010)
é
apresentado
como uma alternativa.
A
alta
taxa
de
evasão
e
reprov
ação
escolar
e
o
grande
número
de
crianças
encaminhadas
pelas
escolas
com
queixa
de
diculdades
escolares
sugerem
procedimentos
que
contribuam
não
apenas
para
o
desenvolvimento
da
leitura
e
escrita,
mas
também
para
tornar
a
situação
de
C
S
:
B
C
E
E
417
ensino/aprendizagem
mais
prazerosa
para
a
criança,
isto
é,
mais
reforçadora.
De acordo com
H
übner
(2005), as
contingências presentes
na escola
vêm
pro
vocando
o
afastamento
dos
alunos,
pois
a
escola
usa
mais
de
punição
que
de reforço
positivo
.
Castigos,
retiradas de
privilégio,
humilhações
são
constantes
no
ambiente
escolar
e
acabam
por
afastar
o
aluno
do
processo
de
aprender
.
O
jogo
pode
ser
uma
boa
alternativa
de
solução
dessa
problemática,
uma
vez
que
pode
criar
situações
para
diversão,
ao
mesmo
tempo
que
pode
ensinar
habilidades
necessárias
para
o
bom
desempenho
no contexto
acadêmico, ou
seja, para
levar
a criança
a aprender
brincando.
R
EFER
ÊNCIAS
Abreu-R
odrigues,
J.,
&
Ribeiro,
M.
R.
(2005).
Análise
do
comportamento:
P
esquisa, teoria e aplicação
. P
orto Alegre: ArtMed.
Catania,
A.
C.
(1999).
Aprendizagem:
comportamento,
linguagem
e
cognição
(4a
ed.). P
or
to Alegre: ArtM
ed.
Cumming,
W
. W
., & Berryman, R. (1965).
e complex discriminated
operant:
S
tudies
of
matching to
sample and
related
problems.
In
D. I.
Mostofski
(Ed.),
S
timulus
gener
alization
(pp
.
284-329).
Stanfor
d,
CA:
S
tanford
U
niversity
P
ress.
de
Rose,
J.
C.
(2005).
Análise
compor
tamental
da
leitura
e
da
escrita.
Revista
Br
asileira de A
nálise do Comportamento
,
1,
29-50.
de
Rose,
J.
C.,
de
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Ef
eit
os
de
um
jog
o
de
tab
ule
ir
o
ed
uca
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o
na
aqu
isicã
o d
e l
eitur
a e
es
crita
.
A
cta
Co
mpo
rtam
ent
alia,
18
, 2
15-24
2.
S
trom
er
, R.
, M
ack
ay
, H.
A., &
, S
todd
ar
d, L.
T
. (199
2).
Cla
ssr
oom ap
pli
cat
ion
s of
sti
mul
us eq
uiv
alenc
e tec
hno
log
y
.
J
ourn
al
of
Be
hav
ior
al E
duc
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on
,
2
,
2
25-
256
.
421
p
roCeS
So
S
r
eCombina
tiv
o
S
:
a
lGumaS
v
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C
rítiCaS
p
ara
o
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ol
viment
o
de
l
eitura
Deisy das G
r
aças de Souza
Elenice S. H
anna
Alessandr
a Rocha de A
lbuquerque
Maria Martha Costa H
übner
A
PR
ESENTAÇÃO
U
ma
das
principais
fontes
de
diculdade
na
aprendizagem
de
leitura
1
e
escrita reside na
natureza simbólica
desses comportamentos
e na
complexidade
da
rede
de
relações
compor
tamentais
que
deve
ser
estabelecida
para
que
um
indivíduo
se
torne
um
leitor
competente.
O
caráter
simbólico
do
comportamento
decorre
da
arbitrariedade
das
relações
que
devem
ser
aprendidas
entre
palavras
faladas
e
objetos,
eventos
ou
propriedades
do
mundo físico e
social, e entre palavras faladas
e a representação escrita ou
impressa dos sons
(incluindo os grafemas,
como as menores unidades
que
representam os sons).
P
rocessos
comportamentais
distintos
estão
presentes
nas
etapas
de
aquisição
de
leitura,
como:
discriminações
simples
e
diferenciação
de
respostas
vocais
envolvidas
na
leitura
oral;
discriminações
condicionais,
1
No
início
do
novo
milênio,
mais
de
40%
das
crianças
brasileiras
matriculadas
na
primeira
série
do
Ensino
Fundamental
não
atingiram
o
critério
mínimo
de
competência
em
leitura
(Instituto
Nacional
de
Estudos
e
P
esquisas
Educacionais
[INEP]
2006). N
os
Estados U
nidos,
um em
cada
seis
alunos
de
séries
iniciais
apresentava
diculdade em leitura (M
ueller
, Olmi & Saunders, 2000).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
422
presentes
na aquisição
de
relações
arbitrárias
entre palavras,
sons
e
guras
(ou
outros
referentes);
e
a
formação
de
classes
de
estímulos
(Sidman
&
T
ailby
, 1982).
Além
de
ler
com
compreensão,
o
estágio
de
leitura
almejado
pela
escola
é
aquele
em
que
o
aluno
se
torna
capaz
de
ler
e
compreender
qualquer
palavra
da
língua,
e não
apenas
o
que
foi
diretamente
ensinado,
a partir
da combinação
e r
ecombinação
do r
eduzido conjunto
de símbolos
do alfabeto.
Estudos
brasileiros
têm
contribuído
substancialmente
para
a
demonstração
experimental
e
a
descrição
dos
processos
de
aquisição
de
leitura,
a
partir
(1)
da
formação
de
classes
de
equivalência
entre
os
tipos
de
estímulos
relevantes
nesta
tarefa
e
(2)
do
desenvolvimento
de
controle
por unidades
textuais mínimas,
que constitui
a base
da leitura
de palavras
nov
as
(e.g.,
J.
C.
de
Rose,
de
Souza,
Rossito,
&
de
Rose,
1989,
1992;
J.
C.
de
Rose,
de
Souza
&
Hanna,
1996;
de
Souza,
J.
C.
de
Rose,
F
aleiros
et
al.,
2009;
Hanna, de
Souza,
J.
C. de
Rose
&
F
onseca,
2004;
Hanna
et
al.,
2011;
Hanna,
Karino,
Araújo &
de
Souza,
2010;
H
übner-D’Oliveira
&
Matos,
1993;
H
übner
,
Gomes
&
M
cIlvane,
2009;
Matos,
A
vanzi
&
M
cIlvane,
2006;
Matos,
H
übner
&
P
eres,
1999;
Matos,
H
übner
,
P
eres
&
Malheiros,
1997;
Matos,
H
übner
,
Serra,
Basaglia
&
A
vanzi,
2002;
M
edeiros,
F
ernandes,
Simone
&
Pimentel,
2004;
Medeiros
&
Silva,
2002).
Ao
apresentar
as bases
conceituais para
a análise
compor
tamental
da
leitura
e escrita
(
J.
C. de
Rose,
2005)
quanto aos
seus
dois
componentes
principais
(a
decodicação
e
a
compreensão)
e
analisar
processos
recombinativos
que
se
encontram
na
origem
de
repertórios
generalizados
(responder
a
estímulos
novos),
este
capítulo
resume
os
resultados
de
um
conjunto
de
investigações
que
vêm
procurando
avançar
a
compreensão
dos
processos básicos
de aquisição de
leitura e de desenvolvimento
de controle
por unidades mínimas
2
.
Além
disso,
uma
das
diculdades
na
investigação
de
processos
de
aquisição
de
leitura
é
a
interação
potencial
entre
efeitos
das
variáveis
2
Skinner
(1957)
sugeriu
que,
quando
uma
relação
estímulo-resposta
é
estabelecida,
não
apenas
o
estímulo
como um
todo passa a
controlar a r
esposta, mas
também partes do
mesmo.
Esse controle
por partes menores
do
estímulo é denominado
controle por
unidades mínimas e,
no caso da
leitura, podem ser ilustradas por
palavras,
quando frases são ensinadas, ou letras, quando palavras são ensinadas.
C
S
:
B
C
E
E
423
experimentais e de
variáveis
da história pr
é-experimental dos participantes
com
os
estímulos
e
com
as
tarefas,
incluindo
os
efeitos
de
escolarização.
P
ara
tratar desse
tema, a
seção nal
descreve resumidamente os
resultados
de
um
programa
de
pesquisas
que
procurou
um
controle
apropriado
da
história prévia
dos aprendizes com
os
estímulos, por
meio do
emprego de
um pseudoalfabeto que caracteriza um minissistema linguístico.
L
EITURA
E
ESCRITA
COMO
REDE
DE
OPERANTES
DISCRIMINADOS
:
DECODIFICAÇÃO
E
COMPREENSÃO
Leitura
é
uma
habilidade
complexa
que
envolve
diferentes
componentes.
A literatura
cientíca faz
distinção
entre dois
componentes
fundamentais
na
leitura:
decodicação
e
compreensão
(A
dams,
1994;
Braibant,
1997;
McG
uinness,
2004;
S
now
,
Grin
&
Burns,
2005).
A
análise
do
comportamento
oferece
contribuições
signicativas
para
a
compreensão do
que
é
frequentemente
referido como
decodicação
(e.g.,
Skinner
,
1957;
Staats,
1968).
A
leitura
com
compreensão
é
entendida
como
dependente
de muitas
variáveis,
entre as
quais
variáveis
contextuais
e relações de equivalência entre o texto e referentes no ambiente [Sidman,
(1971, 1994);
ver de
Souza,
J. C.
de R
ose, F
aleiros et al.
(2009), para
uma
revisão].
O
comportamento
textual
é
denido
como
respostas
verbais
sob
controle
preciso,
ponto
a
ponto,
do
texto
(Skinner
,
1957).
O
texto
geralmente
é
visual
(mas
poderia
ser
tátil,
como
em
Braille)
e
a
maioria
das pessoas
responde ao texto
vocalmente (mas
r
esponder com
sinais para
cada uma
das letras
que compõem a
palavra também
atende à denição
de
comportamento
textual).
O
aspecto central
do
comportamento
textual
é
a
relação
discriminativa
entre
o texto
e a
resposta
verbal,
a corr
espondência
ponto a ponto denida por Skinner
.
T
oda
dis
cri
min
ação
dep
end
e
de
uma
his
tór
ia
de
apr
end
iza
gem.
Qu
and
o
o
ope
ran
te
te
xtu
al
(disc
rimin
ado)
é
est
abe
leci
do,
a
re
spost
a
vo
cal
cor
res
pon
den
te pod
e ser
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cada
est
ímu
lo tex
tual,
e se o
est
ímu
lo
mud
a,
a
re
spost
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amb
ém
muda
, d
e
mod
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espo
sta
s
verb
ais
ap
ro
pri
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s
sej
am
em
iti
das
p
ara
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fer
ente
s
pal
avr
as
(ou
outr
as
unid
ades
text
ua
is)
im
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as.
A
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T
O
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tr
ola
a
resp
osta
oral
corr
espo
nde
nt
e,
que
é
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
424
dif
ere
nte
daqu
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s
con
tr
ola
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por
GAL
O,
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T
A,
GUT
O,
RA
T
O,
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T
O,
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apr
endi
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esp
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“
gat
o
”
pa
ra
a
palav
ra
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res
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GA
T
O,
mas
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ém
para
as
pala
vras
GAL
O
ou
GUT
O,
sua
res
posta
(in
disc
rim
ina
da)
não
pod
e
ser
con
sid
er
ada
co
rr
eta
.
Ad
ams
(199
4)
ar
mou
que
:
“
se
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so
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olv
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no
re
con
hecim
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s
ind
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não
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man
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pri
ada,
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s
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(p
.3).
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der
dis
crimi
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o
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uer out
ro ope
ran
te,
con
sequ
ênc
ias
gen
era
lizad
as
são
tam
bém
fun
dam
ent
ais
na
aqu
isi
çã
o
e
na
man
uten
ção
do
comp
ortam
ent
o t
extu
al.
O segundo
componente fundamental
da leitura é
a compr
eensão
do
que
é
lido.
Um
leitor
uente
em
P
or
tuguês
pode
facilmente
produzir
o
comportamento
textual
apropriado
a
uma
palavra
como
GUF
A,
por
exemplo,
uma
vez
que
as
correspondências
entre
as
letras
e
os
fonemas
(relações
arbitrárias)
se
encontram
bem
estabelecidas
em
seu
repertório.
Ao
encontrar
a
palavra
pela
primeira
vez,
o
leitor
pode
facilmente
emitir
a
resposta
correta
(isto
é,
o
comportamento
textual);
no
entanto,
esse
responder
não
pode ser
tratado
como leitura
se o
indivíduo não
entender
o
que a palavra signica (é uma pseudopalavra, inventada
para este exemplo
particular).
O
problema
reside
em
sua
pobre
compreensão
auditiva
:
ele
também
não compreenderia
a palavra
se
ela fosse
falada
por outra
pessoa.
P
ara
ler
,
uma
pessoa
deve
dizer
as
palavras
ou
sentenças
correspondentes
ao
texto
e
compreendê-las,
isto
é,
uma
mesma
pessoa
deve
desempenhar
as
funções de
falante e
de
ouvinte de
si
mesmo (cf. Skinner
,
1957). Desse
modo,
a
resposta
do
falante
,
enquanto
relacionada
ao
estímulo
impresso
(isto
é,
comportamento
textual),
é
um
componente-chave
na
leitura,
como
identicado
pelas
evidências
empíricas.
Ao
mesmo
tempo,
a
relação
entre
a
resposta
textual e
a função
do
falante
como
ouvinte
de si
mesmo também
é
componente-chave na compreensão de leitura (G
reer & Ross, 2008).
Essa
noção é
compatível
com
a de
que
a
leitur
a
com
compr
eensão
(ou
compreensão
de
leitur
a
)
pode
emergir
de
uma
rede
de
relações
entre
estímulos
e
entre
estímulos
e
respostas,
na
qual
o
texto
é
apenas
um
dos
estímulos
componentes
(embora
seja
um
componente
fundamental),
C
S
:
B
C
E
E
425
que
se
constrói
com
base
nos
repertórios
estabelecidos
ao
longo
do
desenvolvimento
de
linguagem,
incluindo
as
habilidades
de
falante
e
de
ouvinte
(
J.
C.
de
Rose,
2005;
de
Souza,
J.
C.
de
Rose
&
Domeniconi,
2009a;
de
Souza,
J. C.
de
Rose,
F
aleiros
et
al.,
2009b;
Greer
&
Ross,
2008;
Sidman, 1971,
1994;
Skinner
,
1957).
P
or
meio
de
processos
cumulativos
de
aprendizagem,
os
estímulos
discriminativos
que
compõem
diferentes
relações
verbais,
suas
respostas
e
consequências
(Sidman,
1994)
passam
a
formar
classes
de
relações
de
estímulos
equivalentes
e
o
leitor
funciona
como
ouvinte
de
si
mesmo,
quando
sua
fala
ca
sob
controle
não
apenas
do texto, mas de toda a classe da qual ele faz parte.
Embora
os
diferentes
tipos
de
operantes
discriminados
envolvidos
na
rede
de relações
comportamentais que
caracterizam a
leitura possam
ser
adquiridos
independentemente
uns
dos
outros
(G
reer
&
Ross,
2008;
Lee
&
P
egler
,
1982;
Skinner
,
l957)
3
,
as
relações
de
controle
geralmente
podem
ser
gradualmente expandidas
por
meio de
outros processos
de aprendizagem.
P
or
exemplo,
a
mesma
resposta
de
falar
que
compõe
o
comportamento
textual pode faz
er parte de
um
comportamento ecóico
4
. N
o entanto, “
nem o
comportamento textual
nem o
ecóico, isolados ou
em operação conjunta,
denem
a
totalidade
de
relações
verbais
que
compõem
um
repertório
de
leitura
funcional”
(de
Souza,
de
Rose,
F
aleiros
et
al.,
2009,
p.
22).
A
relação
funcional
de
tato
5
(e
o
comportamento
do
ouvinte
a
tatos)
é
igualmente
relevante
para
a
compreensão
de
leitura,
como
acabamos
de
comentar
,
mas
também
não
é
o
único
elemento
denidor
do
repertório
de
leitura.
As
interações
entre
diferentes
relações
verbais
envolvidas
no
repertório
de
leitura
vêm
sendo
esclarecidas
pela
pesquisa
sobre
equivalência
de
estímulos
(Sidman,
1971,
1994;
Sidman
&
T
ailby
1982)
ou,
de
modo
mais
geral,
pela
pesquisa
sobre
o
responder
relacional
derivado
(e.g.,
D.
Barnes-H
olmes,
Barnes-H
olmes
&
Cullinan,
2000;
Hayes,
1994;
Hayes,
D. Barnes-H
olmes & Roche, 2001).
3
V
er
, também,
outras concepções que, embora
com outra terminologia,
apontam para os
mesmos fenômenos
e processos (e.g., Adams, 1994; Gibson & Levin, 1975; M
cGuiness, 2004).
4
O
comportamento
ecóico
foi
denido
por
Skinner
(1957)
como
uma
resposta
vocal
com
correspondência
ponto a
ponto com o
estímulo auditivo antecedente. O
desenvolvimento desse operante
por meio de
imitação
e reforço generalizado é a base para o desenvolvimento inicial da fala.
5
Relações
de
tato
são
operantes
verbais
em
que
respostas
discriminadas
ocorrem
sob
controle
de
eventos
antecedentes não verbais ou de propriedades desses eventos (Skinner
, 1957).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
426
Essa
rede
de
operantes
discriminados
(e.g.,
comportamento
ecóico,
tato,
compor
tamento
textual,
ditado,
transcrição
ou
cópia)
envolve
relações
arbitrárias
entre
estímulos,
que
caracterizam
o
comportamento
simbólico
(Bates,
1979;
Sidman,
1994).
P
arte
dessas
relações
pode
emergir
sem
ensino
direto,
a
par
tir
do
emparelhamento
com
o
modelo
entre
palavras
ditadas,
formas
impressas
e
outros
eventos
(Mackay
,
1985;
Mackay
&
Sidman,
1984;
Sidman,
1971,
1994;
Stromer
&
Mackay
,
1992;
S
tromer
,
Mackay
&
Stoddar
d,
1992).
P
or
exemplo,
depois
de
aprender
a
emparelhar guras
a seus nomes
ditados e a
emparelhar palavras
impressas
às mesmas palavras
ditadas, crianças têm demonstrado,
sem ensino dir
eto,
comportamento
textual
sob
controle
das
palavras
impressas
e,
também,
um
tipo
de
compreensão
de
leitur
a
visual,
quando
fazem
emparelhamento
bidirecional
entre
guras
e
palavras
impressas
(e.g.,
J.
C.
de
Rose
et
al.,
1989, J. C. de Rose et al., 1996; H
übner et al., 2009; Matos et al., 1997,
1999, 2002, 2006; Sidman, 1971; Sidman & C
resson, 1973). As mesmas
crianças
foram
incidentalmente
obser
vadas
dizendo
algumas
palavras
nov
as
-
o
que
não
zeram
em
avaliações
de
seu
repertório
de
entrada,
na
presença
de
guras
e
de
palavras
impressas
que
elas
só
viram
e
selecionaram
nas
tarefas
de
emparelhamento
com
o
modelo.
Esses
desempenhos,
que
resultaram
do
ensino
de
algumas
poucas
relações,
poderiam
ser
interpretados
como
tatos
(de
guras)
e
como
comportamento
textual
(sob
controle
das
palavras
impr
essas),
de
acordo
com
o
que
foi
convencionalmente
reforçado
no
contexto
experimental,
de
modo
similar
às
práticas
de
sua
comunidade
verbal.
P
ortanto,
uma
importante
característica
da
abordagem
da
equivalência
de
estímulos
ao
ensino
é
que,
por
meio
dela,
podem
ser
simultaneamente estabelecidos e fortalecidos os
dois componentes críticos
da
leitura:
o
comportamento
textual
e
a
compreensão
de
leitura.
Além
disso,
o
ensino
de
um
conjunto
de
relações
condicionais
entre
estímulos
resulta
na
emergência
de
outros
comportamentos
(os
operantes
discriminados
sob
controle
especíco
de
cada
estímulo
da
classe)
que
são
estabelecidos
por
derivação, sem a necessidade de ensino direto
.
Dependendo
das
contingências
de
ensino
planejadas,
as
diferentes
relações
podem
compartilhar
estímulos
que
se
tornam
relacionados
(arbitrariamente)
pelas
contingências
e
passam
gradualmente
a
formar
uma rede de relações interligadas. Essa concepção ampla sobre leitura tem
C
S
:
B
C
E
E
427
auxiliado
na
pesquisa
sobre
os
processos
básicos
de
aprendizagem
desse
repertório
(e.g.,
J.
C.
de
Rose
et
al.,
1989,
1996;
Hanna
et
al.,
2011;
Matos
et
al.,
2006;
Sidman,
1971); no
desenvolvimento
de
procedimentos
de
avaliação
das
habilidades
envolvidas
na
rede,
que
permitem
identicar
competências
e
diculdades
de
estudantes
individuais
com
nalidades
diagnósticas
(e.g.,
de
Souza,
J.
C.
de
Rose
&
Hanna,
1996;
F
onseca,
1997);
no
desenvolvimento
e
avaliação
de
procedimentos
ecazes
de
ensino
(de
Souza
&
J.
C.
de
Rose,
2006;
Matos
et
al.,
2006;
Reis,
de
Souza
&
J.
C.
de
Rose,
2009);
e
no
planejamento
de
contingências
instrucionais
de
um
currículo para
ensinar
a
alunos
principiantes,
com ou
sem
história
de
fracasso
escolar
,
um
repertório
básico
de
leitura
com
compreensão
(
J.
C.
de
Rose et
al.,
1989,
1996;
de
Souza &
J.
C.
de
Rose, 2006;
de
Souza,
J.
C.
de Rose, Hanna,
Calcagno
& Galvão,
2004; Melchiori, de
Souza &
J.
C. de Rose, 2000).
C
OMPORTAMENTO
TEXTUAL
EMERGENTE
:
RECOMBINAÇÃO
DE
UNIDADES
MÍNIMAS
SOM
-
TEXTO
O
desenvolvimento
de
um
repertório
de
leitura
prociente
requer
o
comportamento
textual generalizado,
isto
é, a
habilidade
de
decodicar
palavras
não
aprendidas
diretamente.
P
alavras
são
estímulos
compostos,
que env
olvem uma
sequência de elementos
- sons
ou fonemas nas
palavras
faladas e
letras ou grafemas
(uma ou
mais letras que
repr
esentam um som)
nas
palavras
impressas.
O
compor
tamento
textual
generalizado
depende
do
desenvolvimento
de
controle
pelos
elementos
dos
estímulos
impressos
e
pelos
sons
correspondentes,
obedecida
a
correspondência
ponto
a
ponto,
que
implica
também
a
habilidade
de
conectar
ou
ligar
os
sons
em
sequências
par
ticulares
(Adams,
1994;
M
cGuiness,
2004)
e,
no
caso
da
língua portuguesa, em fazê-lo da esquerda para a dir
eita
.
Os
sistemas
alfabéticos
de
escrita
contribuem
substancialmente
para
resolver
esse
problema;
na
maioria
das
línguas
modernas,
os
textos
são alfabéticos
(Adams, 1994;
Daniels &
B
right,
1996; Robinson, 1995),
com
uma
quantidade
limitada
de
unidades
grácas
e
com
razoável
regularidade.
T
ais
unidades,
letras
ou
combinações
de
letras
(grafemas),
que
correspondem
a
sons
elementares
da
fala
(os
fonemas),
podem
ser
usadas
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
428
para
escrever/ler
qualquer
palavra
da
língua.
U
m
alfabeto
não
representa
as
palavras,
mas
seus
sons
constituintes,
os
fonemas.
P
or
esta
razão,
não
há necessidade
de
ensinar um
indivíduo, explicitamente,
a
ler cada
uma e
todas
as
palavras
da
língua:
o
leitor
pode
soletrar
as
palavras,
produzindo
os
sons corr
espondentes às
unidades
impressas
e “ligá-las
” entr
e
si, gerando
a
palavra
falada
6
.
A
recombinação
de
unidades
elementares
possibilita
o
reconhecimento
de
todas as
palavras
da língua
e, também,
de no
vas
formas
ainda
não
incorporadas
na
língua,
como
neologismos
e
pseudopalavras.
Assim,
um
leitor
pode
apresentar
comportamento
textual
apropriado
a
palavras
nov
as,
mesmo
quando
encontra
essas
palavras
pela
primeira
vez
(de Souza et al., 2009a; G
reer & Ross, 2008; S
kinner
, 1957).
A
aquisição
de
comportamento
textual
prociente
em
sistemas
de
escrita
alfabéticos
envolve,
portanto,
o
estabelecimento
de
controle
de
estímulos
pela
relação
entre
unidades
textuais
e
as
correspondentes
unidades
sonoras
e
a
recombinação
dessas
unidades.
De
acordo
com
Robinson
(1995),
a história
da escrita
documenta a
importância
do
desenvolvimento
de
relações
som-símbolo
como
base
para
o
uso
ilimitado
de
palavras
e
os
meios para imediatamente soletrar tais palavras.
Seria
possível,
portanto,
ensinar
principiantes
a
lerem
essas
pequenas
unidades
e,
supostamente,
isto
os
habilitaria
a
ler
todas
as
palavras
da
língua.
No
entanto,
essa
opção
apresenta
pelo
menos
duas
sérias
diculdades: a primeira é que as
corr
espondências entre letras e sons estão
longe
de
ser
completamente
regulares
(mesmo
em
línguas
consideradas
mais
transparentes,
como
o
P
or
tuguês
e
o
Espanhol),
e
aspectos
críticos
da
fala,
como
entonação
e
prosódia,
não
são
facilmente
representáv
eis
na
escrita;
a
segunda
é
que
crianças
com
diculdade
na
aprendizagem
de
leitura
geralmente
tendem
a
responder
a
palavras
como
um
todo
e
não
discriminam
os sons
que as
compõem (F
.
C. Capo
villa
& Capo
villa, 2002;
J. C. de Rose, 2005; de S
ouza et al., 2009a, 2009b).
Expandir
o
comportamento
textual
para
além
de
um
conjunto
limitado
de
palavras,
sem
ensino
direto,
requer
a
discriminação
e
a
abstr
ação
6
Estamos
deixando
de
considerar
,
nesta
análise,
uma
série
de
outros
sinais
impressos
e
outras
convenções,
como
o
espaço que
separa
palavras
impressas,
que também
controlam
as
respostas vocais,
com
o
propósito de
focalizar os
processos mais básicos;
mas é pr
eciso ter
em conta que
outros componentes do
texto, como os
sinais
de
pontuação e
dicas
semânticas
e sintáticas,
são
essenciais
para a
compreensão
auditiva, uma
vez
que
ajudam
a reproduzir
, pelo menos em par
te, alguns aspectos da dinâmica da fala espontânea (de Souza et al., 2009a).
C
S
:
B
C
E
E
429
de
unidades
som-texto
(em
termos
técnicos,
correspondência
fonêmica
com
letras impressas) e
sua
recombinação
em novas e
maiores unidades
7
. Como
Skinner (1957)
reconheceu, a unidade
de análise em r
elações verbais pode
ser
ampliada ou
reduzida, dependendo
da
natureza do
comportamento,
e
essa
noção se
aplica à
extensão
de
abstrações de
unidades sonoras
e
textuais
envolvidas
no
compor
tamento
textual
(palavras
em
sentenças,
sílabas
em
palavras, o início e a terminação de sílabas e palavras, etc.).
A
habilidade
de
discriminar
e
abstrair
unidades
sonoras
em
sentenças,
palavras
e
sílabas
corresponde
ao
conceito
de
consciência
fonológica
ou, mais
precisamente, de
consciência fonêmica,
descrita como
a habilidade
de
reconhecer
os
sons
que
constituem
as
palavras
como
unidades
que
se
repetem
(Bradley
&
Br
yant,
1983;
Burgess
&
Lonigan,
1998;
A.
G.
S.
Capovilla
&
Capovilla,
1997, 2000;
Car
valho,
2009;
Cunningham,
1990;
Goswani
& B
r
yant, 1990;
Liberman, Shankw
eiler
, F
isher &
Car
ter
, 1974;
Lundberg,
1998;
Lundberg,
F
rost,
&
P
etersen,
1988;
Mueller
,
Olmi
&
Saunders,
2000).
A
pesquisa
sobre
aquisição
de
leitura
tem
demonstrado
que
a
consciência
fonológica
e,
especialmente,
a
consciência
fonêmica
são
processos
subjacentes
a
repertórios
de
leitura
bem
desenvolvidos:
os
alunos
que
não
reconhecem
unidades
sonoras
apresentam diculdade
em
aprender a
relacionar
unidades
sonoras
e textuais
(Adams,
1994;
A.
G. S.
Capovilla
&
Capovilla,
1998;
F
.
C.
Capovilla
&
Capovilla,
2002;
Snow
et
al.,
2005)
e
inter
venções
para
desenvolver
discriminação
fonológica
resultam
em
progressos
na
aquisição
de
leitura
(Bernardino,
F
reitas,
de
Souza,
Maranhe,
&
Bandini,
2006; A.
G. S.
Capovilla
& Capo
villa, 1998,
2000).
Além
do
reconhecimento
do
estímulo
textual,
a
recombinaç
ão
silábica
e
fonêmica
exíveis
também
são
fundamentais
para
enfrentar
a
decodicação de palavras (e.g., M
ueller et al., 2000; Saunders, O’D
onnel,
V
aidya, & Williams, 2003).
S
kin
ner
(1
957
)
suge
riu
q
ue,
à m
edi
da q
ue
os
alun
os a
dqui
re
m
um
vo
cab
ulár
io
ma
is
a
mpl
o
de
leit
ura
de
pa
lavra
s,
o
con
tr
ole
de
es
tí
mul
os
po
r
7
Os
termos
combinação
e
recombinação
são
geralmente
tomados
como
sinônimos
na
análise
de
repertórios
novos
derivados
de
relações
previamente
aprendidas,
mas
podem
resultar
de
processos
diferentes.
O
termo
recombinação
deveria
ser
reservado
para
designar
ocorrências
em
que
unidades
elementares
foram
aprendidas
e
abstraídas
no
contexto
de
estímulos
compostos
e
passam
a
exercer
controle
sobre
o
comportamento
no
contexto de
outros estímulos
compostos que
incluem a(s)
unidade(s) abstraída(s)
(Hanna et
al., 2010;
P
ostalli
& de
Souza, 2009).
A combinação,
por sua
vez, implica
em justaposição
de unidades
de repertório
adquiridas
independentemente.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
430
uni
dade
s tex
tua
is meno
res
do que
a pala
vra pod
e se des
env
olve
r
. S
ua noç
ão
de “
un
ida
des
mín
ima
s
”, que no con
tex
to
da
lei
tur
a
in
clu
i
un
ida
des sono
ras
fon
êmic
as
e
siláb
icas
e
seus
cor
re
spond
ente
s
impr
esso
s,
tem
se
mos
tr
ado
dir
eta
men
te
rel
ev
ant
e
para
a
anál
ise
comp
ortam
ent
al
de
re
per
tór
ios
rud
ime
nta
res
de
le
itura
(
J.
C.
de
Ro
se,
2
005
; S
aun
der
s e
t al
.,
200
3).
E
vidências
empíricas
do
desenvolvimento
de
controle
por
unidades
textuais
mínimas
foram
encontradas
em
uma
investigação
conduzida
por
J.
C.
de
Rose
et
al.
(1996),
que
vericaram
o
controle
por
unidades
menores
a
par
tir
do
ensino
de
palavras
inteiras.
T
arefas
de
emparelhamento
com
o
modelo
foram
distribuídas
em
uma
série
de
unidades
de
ensino;
cada
unidade
ensinava
relações
para
um
conjunto
de
três
palavras;
para
cada
palavra
eram
empregados
três
estímulos:
a
palavra
falada,
a
palavra
impressa
e
a
gura
relacionada
a
palavras.
O
aluno
aprendia
a
selecionar
cada
uma
das
três
guras
e
cada
uma
das
três
palavras
condicionalmente
a
cada
palavra
ditada.
P
eriodicamente,
ao
longo
do
procedimento,
eram
conduzidos
testes
de
leitura
para
avaliar
comportamentos
emergentes
(comportamento
textual
e
relações
de
equivalência
entre
palavras
impressas,
palavras faladas e guras). Nos testes, os conjuntos de estímulos incluíam
palavras
selecionadas
para
as
tarefas
de
ensino
e,
também,
palavras
novas,
formadas
pela
recombinação
de
elementos
das
palavras
ensinadas.
P
or
exemplo,
depois
de
aprender
a
selecionar
as
palavras
impressas
P
A
TO,
MALA
e T
A
TU,
sob
o
controle
das
palavras
ditadas
(comportamento
de
ouvinte),
a
maioria dos
alunos
se
mostrou
capaz
de dizer
aquelas
palavras
quando
as
correspondentes
palavras impr
essas
eram
apresentadas sozinhas,
uma
por
vez
(comportamento
textual
de
falante);
alguns
alunos
também
apresentaram
comportamento
textual
emergente
apropriado
a
palavras,
como LA
T
A, MAP
A, MA
T
O, que não haviam sido ensinadas.
Cinco
de
sete
participantes
chegaram
ao
nal
do
programa
de
ensino
apresentando
respostas
sob
o
controle
de
unidades
textuais
recombinadas
para
mais
de
40
palavras
novas,
conrmando
empiricamente
as
predições
de
Skinner
(1957).
No
entanto,
o
estágio
do
programa
em
que
os
alunos
começaram
a
mostrar
essas
respostas
textuais
emergentes
(ou
leitura
recombinativa)
variou
entre
os
diferentes
alunos.
T
ambém
variou
o número de palavras
no
vas que cada aluno
foi capaz de ler
em dois testes
extensivos
conduzidos
no
meio
e
no
nal
do
programa.
N
o
teste
nal,
C
S
:
B
C
E
E
431
a
mediana
de
leitura
recombinativa
foi
de
40%
e
os
escores
individuais
variaram de 20,0 a 86,7%.
Outros
estudos
encontraram
resultados
similares
com
diferentes
populações:
alunos com
história
de
fracasso
escolar
(Medeir
os
et
al.,
2004;
M
elchiori
et
al.,
2000),
crianças
com
deciência
intelectual
(Melchiori
et
al.),
pré-escolares
(Melchiori
et
al.)
e
adultos
sem
décit
intelectual
(M
elchiori
et
al.)
mostraram
melhoras
substanciais
no
responder
textual
emergente diante
de recombinações
de unidades impr
essas nas
palavras ou
nas
sílabas,
depois
de
terem
aprendido
essas
relações
em
outras
palavras
inteiras.
Esses
estudos mostraram,
uniformemente, grande
regularidade
na
emergência de
comportamento
textual de
palavras empregadas nas
tarefas
de
seleção para
o estabelecimento
de
relações
condicionais entr
e estímulos.
P
or
tanto,
o comportamento
textual não
foi
ensinado
diretamente:
ocorreu
como
desempenho
emergente
ou
derivado.
Entretanto,
os
mesmos
estudos
registraram
diferenças
individuais
marcantes
(ou
grande
variabilidade)
na
emergência de
comportamento
textual de
palavras novas (recombinadas a
partir
das
palavras
de
ensino)
e
a
necessidade
de
que
um
repertório
mínimo
de
leitura
fosse
adquirido
antes
que
o
controle
pelas
unidades
mínimas
emergisse
(além
do
emprego
de
procedimentos
que
maximizassem
a
independência funcional de cada unidade).
Em
resumo,
o
ensino
empregando
palavras
inteiras
apresenta
a
vantagem
de
gerar
leitura
com
compreensão,
mas
não
assegura
(embora
possa
favorecer)
o
desenvolvimento
sistemático
de
controle
de
estímulos
por
unidades
textuais
mínimas.
T
al
controle
é
necessário
para
a emergência
do
comportamento
textual
a
novos
estímulos
recombinados
que
caracteriza
um
repertório
de
leitura
competente.
Iniciar
o
ensino
com
palavras
inteiras
poderia
ser
útil
para
estabelecer
um
vocabulário
preliminar
de
compreensão
de
leitura,
que
constituiria
“
a
base
para
ensinar
correspondências
entre
os
componentes
dos
sons
e
os
componentes
[impressos]
de
palavras
que
já
tenham signicado
para o
aluno
” (Sidman,
1994, pp
.78-79), mas
deixa ao
acaso
o
reconhecimento
dessas
correspondências pelo
aprendiz.
Seguindo
a
sugestão
de
Sidman,
os
experimentos
conduzidos
por
de
Souza,
et
al.
(2009b)
demonstraram
que
o
grau
de
leitura
recombinativa
aumentou
muito
em
uma
nova
versão
do
programa
de
ensino
[adaptado
de
J.
C.
de
Rose
et
al.
(1996),
para
aplicação
computadorizada]
em
que,
além
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
432
aprenderem
a
selecionar
palavras
impressas
inteiras,
os
alunos
também
aprenderam
a
selecionar
as
sílabas
impressas
(componentes
das
mesmas
palavras ensinadas),
condicionalmente às
sílabas ditadas.
Em cada “lição
”,
depois
que
o
aluno
demonstrav
a
comportamento
textual
preciso
para
as
três
palavras
impressas
empr
egadas
nas
tarefas
de
emparelhamento
com
o
modelo,
era
aplicado
um
bloco
adicional
de
tentativas
em
que
os
alunos
aprendiam
a
emparelhar
sílabas
impressas
a
sílabas
ditadas.
Os
12
alunos
que
participaram
da
pesquisa
mostraram
leitura
recombinativa,
e
os
escores
individuais
no
teste
conduzido
ao
nal
do
programa
foram
signicativamente maiores do que os encontrados no estudo original de J.
C.
de
Rose
et
al.
(1996):
a
mediana
de
comportamento
textual
generalizado
aumentou
de
40%
para 80%
e nenhum
aluno deix
ou
de
ler
palavras
nov
as
(variação individual: 36 a 100%).
Matos
et
al.
(2002)
e
Hübner
et
al.
(2009)
também
demonstraram
a
emergência
do
controle
por
unidades
mínimas
em
pré-
escolares
submetidos
a
tarefas
de
seleção
de
palavras
impressas
diante
da
apresentação
de
palavras
ditadas.
Essa
demonstração
se
deu
após
o
emprego de um pr
ocedimento em que as unidades textuais mínimas eram
destacadas
por meio
de oralização
escandida
de
cada sílaba
e da
construção
da
palavra
pelo
aprendiz.
O
procedimento
de
constr
ução
da
palavra
por
anagramas
se
dava
logo
após
a
oralização
(pelo
próprio
aprendiz)
da
palavra
apresentada
(ora
pelo
computador
ora
pelo
experimentador)
e
era
feita
pela
seleção
de
cada
sílaba
da
palavra
apresentada,
na
ordem
especicada
como
correta.
As
sílabas
eram
apresentadas ora
em
tijolinhos
de
madeira,
ora
em
pequenos
retângulos
na
tela
do
computador
(para
detalhes
adicionais
do
procedimento,
ver
Capítulo
12).
Esse
procedimento
gerou
escores
próximos de
100% de acertos nas sondas
de controle
por unidades
mínimas
em
tarefas
de
seleção
de
palavra
impressa
sob
o
controle
de
guras
e vice-versa,
para todos os
pré-escolar
es participantes dos
estudos, mas isto
só
ocorreu
após
o
aprendizado
de
12
palavras
dissílabas
(como
BOCA,
CABO, BOLO, L
OBO, BOBO, LOLO, CAL
O, BAL
A, BOLA, COCA,
CACO,
LOCA
-
esta
última
se
congurando
como
uma
licença
ortográca
especial
para
a
pesquisa).
Com
um
número
menor
de
palavras,
o
mesmo
procedimento
melhorava
os
desempenhos
no
controle
pelas
unidades
mínimas, mas os acertos não ultrapassavam a casa dos 60%.
C
S
:
B
C
E
E
433
Recombinações
de
unidades
comportamentais
previamente
estabelecidas
estão
na
origem
de
muitos
tipos
de
compor
tamento
novo
(Bandini
&
J.
C.
de
Rose,
2008;
Skinner
,
1957).
O
termo
generalização
recombinativ
a
8
tem
sido
empregado
para
descrever
nov
as
combinações
de
unidades
linguísticas
previamente
aprendidas
(Goldstein,
1983a,
1993;
W
etherby
&
Striefel,
1978):
elementos
de
estímulos
que
compõem
outras
combinações
aprendidas
são
recombinados de
nov
as
maneiras
e
os
elementos
singulares
continuam
a
exercer
controle
preciso
e
apropriado
sobre
os
componentes
correspondentes
das
respostas.
P
rocessos
de
recombinação
têm
sido
demonstrados
em
estudos
que
investigaram
a
aquisição
de
repertórios,
como:
o
uso
do
mor
fema
plural
(Guess,
Sailor
,
Rutherford,
& Baer
, 1968); a construção de sentenças
envolvendo agente-
ação
e
agente-ação-objeto
(G
oldstein,
1983b);
a
aquisição
de
r
elações
sintáticas
(Goldstein,
Angelo,
&
Mousetis,
1987);
o
compor
tamento
de
seguir
instruções (Striefel, W
etherby
,
& Karlan,
1976);
tatear guras
com
pseudopalavras compostas
de duas sequências
de tr
ês letras,
a primeira sob
controle da
cor e a
segunda sob
controle da
forma da
gura (Esper
, 1925),
entre outros.
N
a apr
endizagem de
leitura,
o
desenvolvimento
de
um
repertório
recombinativo
depende
do
controle
discriminativo
por
elementos
textuais,
isto
é,
o
controle
das
respostas
por
elementos
grácos
menores
do
que
a
unidade
linguística
com
signicado
(palavra).
N
o
que
concerne
ao
comportamento textual,
os estudos
sobre
aquisição de
leitura com falantes
do
P
ortuguês
têm
avaliado
centenas
de
exemplares
de
estímulos
textuais
recombinados
sobre
o
compor
tamento
textual
emergente;
os
componentes
de
palavras
ensinadas
são
recombinados
em
novas
palavras
apresentadas
em testes (incluindo
pseudopalavas), que os alunos
não hesitam em ler
na
primeira vez que se deparam com elas.
Considerando
que
a
habilidade
de
recombinar
unidades
intrassilábicas
é
crítica
para
aprender
a
ler
palavras
novas
em
Inglês,
Mueller
et
al.
(2000)
investigaram
se
pré-escolares
aprenderiam
a
ler
palavras
e
se
demonstrariam
responder
recombinativo
depois
que
aprendessem
a
8
O
uso do termo
gener
alização
é
controv
ertido
quando se trata
do
controle discriminativo
por elementos
(Alessi,
1987),
tanto
no
comportamento
verbal
quanto
no
não
verbal,
uma
vez
que
não
se
trata
de
controle
por
similaridade
física;
por
esta
razão
parece
preferível
falar
em
leitura
recombinativa
e
comportamento
textual
emergente.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
434
selecionar
(emparelhamento
auditivo-visual)
conjuntos
de
palavras
que
compartilhavam
letras
sobrepostas.
Empregando
palavras
monossilábicas
como
estímulos,
as
unidades
intrassilábicas
eram
as
letras
iniciais
(
onsets
)
e
as
rimas
(a
vogal
e
as
consoantes
subsequentes
em
uma
sílaba).
P
or
exemplo, as crianças aprenderam a selecionar as palavras
SA
T
,
SOP
, MA
T
,
MUG
(nas
quais
as
letras
s
e
m
eram
as
iniciais
e
at
,
op
e
ug
eram
as
rimas)
condicionalmente
a
palavras
ditadas
como
estímulos
modelo
.
Então, as palavras
MOP e SUG
eram incluídas
em testes que
avaliavam o
comportamento
textual
,
a
compreensão
auditiva
(relacionar
cada
nov
a
palavra
ditada
à
palavra
impressa
correspondente)
e
a
leitur
a
com
compreensão
(relacionar
cada
palavra
impressa
nova
à
gura
correspondente).
MOP
e
SUG
eram
palavras
novas,
mas
suas
letras
iniciais
(
m
e
s
),
assim
como
as
rimas
(
op
e
ug
),
haviam
sido
sistematicamente
ensinadas
nas
palavras
de
treino
.
As
três
crianças
expostas
à
fase
de
ensino
obtiveram
escores
perfeitos em todas as tar
efas, ao passo que duas crianças
controle, expostas
somente
aos testes,
obtiveram escor
es muito
baixos.
A
mesma estratégia
de
ensino
(envolvendo
palavras
com
sobreposição
de
unidades)
foi
bastante
efetiva
com
duas
mulheres
adultas
que
apresentavam
diagnóstico
de décit
intelectual (Saunders et al., 2003).
Os
estudos
relatados
nessa
seção
empregaram
duas
estratégias
diferentes
para
estabelecer
controle
por
unidades
menores
que
os
estímulos
de
interesse.
A
primeira
é
exemplicada
em
três
estudos
(de
Souza
et
al.,
2009b;
H
übner
et
al.,
2009;
M
atos
et
al.,
2002),
que
ensinaram
diretamente o controle pelas sílabas que seriam recombinadas em palavras
nov
as
e
mediram
o
comportamento
textual
(e
leitura
com
compreensão)
para
palavras
novas
que
continham
aquelas
mesmas
sílabas
apresentadas
em
posições
diferentes
e
em
combinações
com
sílabas
diferentes
daquelas
envolvidas nas palavras ensinadas. A segunda estratégia foi empregada por
M
ueller
et
al.
(2000), que
ensinaram
palavras
inteiras,
monossilábicas, mas
asseguraram
o
ensino
de
todas
as
unidades,
ao
fazer
com
que
elas
estivessem
presentes
e
se
repetissem
em difer
entes palavras
ensinadas
(sobreposição
de
estímulos).
Esses
estudos
tiveram
o
mérito
de
gerar
evidências
empíricas
sobre
o
efetivo
desenvolvimento
de
controle
por
unidades
mínimas
a
partir
do
ensino
de
palavras
inteiras,
que
conrmaram
a
proposição
de
Skinner
C
S
:
B
C
E
E
435
(1957)
sobre
o
efeito
seletivo
de
contingências
aplicadas
a
unidades
mais
amplas,
operando
também
sobre
unidades de
controle menor
es.
Contudo,
a preocupação central desses estudos e de
outros relacionados (e.g., M
atos
et al., 2006)
era abor
dar a aquisição
de repertórios rudimentares
de leitura
e
outras
relações
estabelecidas
convencionalmente
pela
comunidade
verbal,
o
que
dá
aos
estudos
validade
externa,
mas,
ao
mesmo
tempo,
tira
deles
o
caráter
estrito
de
pesquisa
básica
(Hanna
et
al.,
2011).
O
uso
de
palavras
da
língua
acarreta
pelo
menos
dois
tipos
de
problema
para
a
pesquisa
básica:
(1)
os
estímulos
disponíveis
são
limitados
(podem
não
ter
todas
as
características
requeridas
pelo
procedimento
e
podem
incluir
outras
características
complicadoras
do
ponto
de
vista
do
controle
experimental);
(2)
os
participantes
podem
ter
diferentes
histórias
pré-
experimentais
com
tais
estímulos,
uma
fonte
potencial
de
variabilidade
nos
dados
de
diferentes
par
ticipantes.
Ressalte-se,
entretanto,
o
mérito
de
pesquisas
com pré-escolares,
que
contornam, em
par
te, o
problema
da
história
pré-experimental
(muito
pequena,
no
caso
dos
pré-escolares)
e
adicionam
o caráter
translacional
a
essas
pesquisas, tão
importante quando
se
considera os
graves
problemas
sociais advindos
do
fracasso
no
processo
de alfabetização, comentados no início deste capítulo.
U
M
SISTEMA
DE
LINGUAGEM
ARTIFICIAL
COMO
INSTR
UMENTO
DE
CONTROLE
EXPERIMENTAL
NA
PESQUISA
BÁSICA
SOBRE
LEITURA
R
ECOMBINATIVA
U
ma
história
prévia
e
diversicada
com
as
palavras
ensinadas
pode
ter
sido
uma
impor
tante
fonte
da v
ariabilidade
na
leitura
recombinativa
de
vários
estudos
que
empregaram
palavras
inteiras
(faladas
e
escritas)
como
unidades
de
ensino,
especialmente
naqueles
cujos
participantes
eram
alunos
com
longa
história
de
fracasso
escolar
(e.g.,
J.
C.
de
Rose
et
al.,
1996; de Souza et al., 2009b).
P
ara
lidar
com
efeitos
de
história
pré-experimental
na
condução
de
pesquisa
básica,
uma
alternativa
é
usar
estímulos
abstratos,
difíceis
de
serem
nomeados
ou
mesmo
descritos,
como
vem
sendo
feito
na
pesquisa
com
equivalência
de
estímulos
(S
idman
&
T
ailby
,
1982)
e
no
estudo
de
recombinação
de
unidades
(Goldstein,
1983a).
Outros
ramos
da
ciência
comportamental,
interessados
nas
mesmas
questões
de
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
436
controle
experimental
(e.g.,
a
psicolinguística),
têm
empregado
estímulos
abstratos
no
estudo
de
processos
de
aquisição
de
linguagem
(e.g.,
Gómez
&
Gerken,
2000).
U
ma
solução
de
longa
data
tem
sido
o
emprego
de
sistemas
linguísticos
em
miniatur
a
(Esper
,
1925,
1933;
Braine
et
al.,
1990;
MacWhinney
,
1983),
o
que
tem
se
mostrado
útil
no
controle
de
fatores
com potencial para afetar os resultados experimentais.
U
m
sistema
linguístico
em
miniatura
consiste
de
um
conjunto
de
estímulos
especialmente
criados
para
propósitos
de
pesquisa,
que
podem
variar
ao
longo
de
uma
ou
mais
dimensões
ou
podem
ser
formas
multidimensionais, sem
relação entre
si ou
com eventos
do mundo,
e um
conjunto
de
respostas
especícas,
requeridas
na
presença
dos
estímulos
(F
oss, 1968).
Sistemas
linguísticos
naturais
têm
diferentes
graus
de
correspondência
entre
estímulos
e
respostas.
Além
de
ser
um
importante
instrumento
de
pesquisa
para
o
estudo
de
aquisição
de
linguagem,
que
permite
controlar
a
história
com
os
estímulos
de
treino,
um
Sistema
Linguístico
em
Miniatura
(SLM)
permite,
ao
mesmo
tempo,
a
manipulação de
variáveis como
o grau
de correspondência
entre
diferentes
estímulos
e
respostas
e
o
número
de
elementos
e
regras
subjacentes
ao
sistema. Experimentos prévios têm
mostrado que sistemas linguísticos
em
miniatura
são
úteis
para
a
identicação
de
relações
funcionais
entre
variáveis
ambientais
e
aquisição
de
linguagem
(e.g.,
F
oss,
1968;
Goldstein,
1981,
1983a,
1983b;
Horo
witz
&
Jackson,
1959;
Kennedy
,
1972;
MacWhinney
,
1983;
Miller
& Ames,
1972; N
ation &
McLaughlin,
1986; N
egata, 1977;
W
etherby
, 1978; W
etherby & S
triefel, 1978).
Quando
um
SLM
inclui
símbolos
inventados
e
respostas
orais,
ele
pode
ser empregado
para
ensinar correspondências
entre sons
e
símbolos,
sem
a
interferência
de
variáveis
de
história
prévia
com
os
estímulos,
permitindo
o
desenvolvimento
de
pesquisa
básica
sobre
a
aquisição
de
leitura
e
sobre
processos
recombinativ
os,
r
esponsáveis
pela
origem
do
comportamento
textual
emergente.
U
m
SLM
vem
sendo
empregado
em
uma
série de
estudos
que
simulam
uma tarefa
de
apr
endizagem
de
leitura
em uma
nova
língua, destinados a r
eplicar estudos anterior
es e aprofundar
questões
parcialmente
respondidas
pelos
estudos que
empregaram
sistemas
linguísticos
naturais
(e.g.,
Albuquerque,
2001;
Albuquerque,
Hanna,
&
C
S
:
B
C
E
E
437
Ribeiro,
1998;
Hanna
et
al.,
2008,
2010,
2011;
Quinteiro,
2003).
Os
estudos realizados com participantes com diferentes histórias e repertórios
de
leitura
(crianças
alfabetizadas,
não
alfabetizadas
e
universitários)
ensinaram
correspondências
entre
pseudopalavras
ditadas,
guras
abstratas
e
pseudopalavras
impressas
e
avaliaram
os
repertórios
emergentes
analisados
por
Sidman
(1971):
leitura
oral
ou
compor
tamento
textual,
leitura
com
compreensão e leitura receptiv
o-auditiva
9
.
O
sistema
consistiu
de
um
conjunto
limitado
de
fonemas
e
símbolos
inventados
que
simulavam
letras,
cada
letra
correspondendo
a
um
(e
somente
um)
fonema,
ou
seja,
as
relações
som-letra
eram
unívocas
e
não
dependiam
de
letras
adjacentes.
Esse
pseudoalfabeto
permitiu
manipular
mais
livremente
a
estrutura
dos
estímulos
utilizados
(número
de
sílabas
e
letras,
forma
de
recombinar
as
sílabas
e
letras
para
formar
palavras,
tamanho
da
palavra,
etc.).
A
F
igura
1
mostra
um
exemplo
das
pseudopalavras
compostas
pelos
símbolos
grá
cos
do
pseudoalfabeto,
a
representação sonora dessa palavra e a
gura abstrata correspondente.
F
igura
1.
Exemplo
de
pseudopalavra
escrita
com
o
alfabeto
inventado,
representação
sonora
na
gra
a
da
língua
portuguesa
e
gura
abstrata
correspondente.
Em
um
dos
estudos
(Albuquerque
et
al.,
1998;
Rocha,
1996),
manipulou-se
a
forma
de
composição
das
pseudopalavras
ensinadas
e
investigou-se
o possív
el efeito
desta variável
no desenvolvimento
de leitura
recombinativa.
Seis
crianças
alfabetizadas
e
seis
não
alfabetizadas
aprenderam
a
emparelhar pseudopalavras
impressas
e
guras
a pseudopalavras
faladas;
posteriormente,
foram
expostas
a
testes
de
leitura
com
palavras
ensinadas
9
Sidman (1971)
de
niu leitura receptivo-auditiva como aquela
em que a
palavra escrita não é
dita pelo leitor
,
mas para
o leitor;
ou seja,
diante de
uma palavra
ditada, o
leitor é
capaz de
reconhecê-la ou
de selecioná-la,
entre
outras, em sua forma escrita.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
438
e
com
palavras
no
vas,
compostas
pelas
mesmas
unidades
-
sílabas
ou
letras
-
das
ensinadas.
T
odos
os
participantes
foram
submetidos
a
quatro
condições
experimentais
distintas,
com
a
ordem
contrabalanceada
entre
os
participantes.
Em
cada
condição,
ensinavam-se
as
relações
com
quatro
pseudopalavras,
de
modo
que,
ao
nal
do
procedimento,
16
palavras
haviam
sido
ensinadas.
Um
cuidado
especial
na
denição
das
palavras
e
das
regras
do SLM
foi tomado
para maximizar
o controle
experimental.
T
odas
as
palavras
do
estudo
eram
dissílabas
do
tipo
consoante-vogal-consoante-
vogal (CVCV), oxítonas
não acentuadas
10
. As
letras,
três consoantes e
três
vogais, formavam as
palavras, com correspondência unívoca
com fonemas
da
língua
portuguesa
(correspondentes
aos
grafemas
N,
B,
L,
E,
I,
O)
e
pronúncia aberta para todas as vogais
11
.
N
a
Condição
1,
as
quatro
palavras
ensinadas
iniciavam
com
a
mesma
sílaba
(BACO,
BALO,
BANE,
BAFI);
na
Condição
2,
eram
formadas
por
oito
sílabas
diferentes
(BENA,
NICO,
LOCE,
LEFI);
na
Condição
3,
terminavam
com
a
mesma
sílaba
(BEFO,
LIFO,
NAFO,
CEFO);
na
Condição
4,
quatr
o
sílabas
difer
entes
eram
recombinadas
duas a duas de modo a ocupar a primeira e segunda
posição em diferentes
palavras (NIBO, CANI, BOLE, LECA).
T
odas
as
crianças
aprenderam
as
relações
entre
palavra
falada
e
gura
(AB)
12
e
entre
palavra
falada
e
palavra
escrita
(AC),
bem
como
apresentaram
desempenho
emergente
de
leitura
oral
e
leitura
com
compreensão
de
pseudopalavras
ensinadas
(avaliado
a
par
tir
de
testes
de
relações
entre
palavras
impressas
e
guras
–
BC/CB).
A
aprendizagem
das
relações
pelas
crianças
alfabetizadas
e
pelas
não
alfabetizadas
foi
gradual
e
semelhante,
apesar
da
diferença
na
história
de
aprendizagem
simbólica.
Com
relação
à
leitura
de
novas
pseudopalavras,
todas
as
10
Esta
regra
do
SLM
se
diferencia
da
língua
portuguesa
na
qual
a
regra
geral
é
de
palavras
paroxítonas, com
regras especiais (geralmente de acentuação) para as proparoxítonas e o
xítonas.
11
Na língua portuguesa, diferente do SLM,
a forma de pronunciar as vogais varia de acordo com a
posição na
palavra, acentuação e sotaque regional.
12
O
delineamento
do
experimento
foi
baseado
no
paradigma
de
equivalência
(Sidman
& T
ailby
,
1982),
para
avaliar também a
compreensão de leitura.
As siglas
AB, AC, BC
e CB indicam
discriminações condicionais; a
primeira
letra em
cada par
indica
o
conjunto
de estímulos
modelo e
a
segunda
indica o
conjunto de
estímulos
de
comparação.
O
ensino
de
AB
e AC
indica
palavras
faladas
como modelos
e guras
(B)
ou
palavras
impressas
(C)
como
comparações.
BC
e
CB
são
empregados
em
testes
de
relações
não
diretamente
ensinadas
(emparelhamentos
guras – palavras e palavras-guras, respectivamente).
C
S
:
B
C
E
E
439
crianças apr
esentaram algum
desempenho de leitura
recombinativa (leram
nov
as
palavras
ou
parearam
novas
palavras
às
guras
correspondentes),
todavia
os
escores
de
acer
to,
em
geral,
foram
baixos
e
variáveis.
A
F
igura
2
apresenta
o
percentual
médio
de
acertos
em
leitura
oral
recombinativa
(leitura de pseudopalavras novas) para os par
ticipantes alfabetizados e não
alfabetizados
em
cada
condição
experimental
e
desvio
padrão.
Observa-
se
que
os
escores
dos
participantes,
alfabetizados
ou
não,
foram
baixos
(inferiores
a
35%),
mas
aumentaram
nas
duas
últimas
condições
(3
e
4)
comparativamente
às
duas
primeiras.
Os
escores
individuais
em
respostas
de
leitura
oral
variaram
de
0
a
80%,
enquanto
respostas
corretas de
seleção
variaram entre 0 e 90% (dados não mostrados na F
igura 2).
F
igura
2.
P
ercentual
médio
de
acertos
de
comportamento
textual
recombinativo em função das condições experimentais.
As barras verticais
representam
um
desvio
padrão
da
média.
Figura
adaptada
dos
resultados
de Albuquerque et al. (1998).
P
artindo
da
hipótese
de
que
os
baixos
escores
em
leitura
recombinativa
ocorreram
devido
ao
estabelecimento
de
controle
da
resposta
de
leitura
apenas
por
algumas
sílabas
ou
letras
das
palavras
ensinadas
(controle
restrito
ou
parcial),
Albuquerque
(2001),
em
um
segundo
estudo,
realizou
um
procedimento
que
poderia ampliar
o
controle
pelos
elementos
da
palavra.
A
autora
avaliou
o
efeito
do
grau
de
similaridade
ou
de
diferença
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
440
entre
palavras
usadas
como
estímulos
positivos
(S+)
e
negativos
(S-)
nas
tarefas
de
pareamento
ao
modelo.
T
ais
manipulações
foram
delineadas
a
partir de sugestões
pro
venientes de pesquisas
sobre superseletividade (e.g.,
Allen & Fuqua, 1985; B
irnie-Selwyn, & Guerin, 1997), que indicam que
o
controle
restrito
de
estímulos
tende
a
ser
reduzido
quando
discriminações
condicionais
são
estabelecidas
utilizando-se
estímulos
com
características
semelhantes entre si.
Doze
crianças
alfabetizadas
foram
expostas
a
uma
de
quatro
condições
experimentais,
que
diferiram
com
relação
ao
grau
de
similaridade
entre
as
pseudopalavras
corretas
e
incorretas
utilizadas
no
ensino
das
discriminações
condicionais
AC
(pareamento
entre
palavra
falada
e
palavra
escrita).
Em
três
diferentes
condições,
as
palavras
incorretas
de
comparação
apresentavam
uma,
duas
ou
três
letras
iguais
e
na
mesma
posição
que a
palavra corr
eta
apresentada como
comparação.
P
or
exemplo,
enquanto
na
condição
com
uma
letra
igual,
a
palavra correta
NIBO
seria
simultaneamente
apresentada
com
uma
dentre
as
seguintes
palavras:
NELE, LILE,
LEBE e
LELO, na
condição com três
letras iguais,
a palavra
BOLE
seria
apresentada
com
um
dos
seguintes
S-:
BOLI,
BONE,
BILE
e NOLE.
N
a
Condição
4,
os
estímulos
incorretos
também
apresentavam
dois
elementos
em
comum
e
na
mesma
posição
que
o
correto,
mas,
diferentemente
das
demais
condições
(nas
quais
estímulos
distintos
eram
utilizados
exclusivamente
como
corretos
ou
incorretos),
as
mesmas
pseudopalavras
eram
utilizadas
com
as
duas
funções
em
diferentes
tentativas.
O
uso
de
palavras
com
menor
similaridade
(com
apenas
uma
letra
em comum
–
denominada
diferença crítica)
favoreceu o
processo
de
aprendizagem
das
relações
durante
as
fases
de
ensino,
e
os
participantes
necessitaram
de
um
número
menor
de
tentativas
para
nalizar
a
fase
de
ensino,
apresentando
também
menor
número
de
erros.
Resultados
semelhantes
foram obtidos
por
Hanna et
al. (2010,
Exp. 1),
que também
investigaram
o
efeito
do
grau
de
similaridade
entre
as
palavras
utilizadas
no
treino
discriminativo,
desta
vez
com
estudantes
universitários.
N
este
experimento,
oito
universitários
foram
expostos
a
seis
ciclos
de
treinos
e
testes,
sendo
que
em
três
desses
ciclos
as
pseudopalavras
corretas
e
incorretas apresentavam apenas
uma letra
diferente (Condição
Difer
enças
C
S
:
B
C
E
E
441
Críticas) e,
nos
demais,
as palavras
usadas
apresentavam apenas
uma
letra
em
comum
(Condição
Diferenças
M
últiplas).
T
odos
os
par
ticipantes
foram
expostos
aos
treinos
com
diferenças
críticas
e
múltiplas,
todavia
metade
deles
iniciou
o
treino
com
as
palavras
com
diferenças
críticas
e
a
outra
metade,
com
as
palavras
com
diferenças
múltiplas.
O
número
de
erros e tentativas nos tr
einos da Condição Diferenças M
últiplas foi menor
que
na
Condição
Diferenças
Críticas,
replicando
resultados
anteriores
com
e
sem
o
SLM
(Albuquerque,
2001;
Allen
&
Fuqua,
1985;
Birnie-Selwyn
& Guerin, 1997).
N
o
entanto,
nos
dois
estudos
(Albuquerque,
2001;
Hanna
et
al.,
2010),
o
grau
de
similaridade
entre
os
estímulos
de
comparação
não
mostrou
efeitos
sistemáticos
sobre
a
leitura
recombinativa.
As
crianças
alfabetizadas
do
estudo
de
Albuquerque
apresentaram
escores
de
leitura
recombinativa
baixos e v
ariáveis nas
diferentes condições
(entre
0 e
12,5%
de
acertos
em
leitura
oral
e
16,7
e
50%
em
tentativas
de
pareamento
som-palavra). Metade dos universitários do estudo de Hanna et
al. obteve
escore máximo
em leitura oral nos últimos
ciclos e os demais,
escore nulo,
mas
esses
resultados
não
foram
relacionados
à
manipulação
da
similaridade
entre as palavras.
Os
baixos
escores
na
leitura
de
palavras
novas
apresentados
por
crianças
e
universitários
sugerem
que
eles
aprenderam
as
palavras
ensinadas
como unidades inteiras (S
idman, 1994; M
cGuiness, 2004) ou, então,
que
seus
desempenhos
estavam
sob
o
controle
apenas
de
algumas
partes
das
pseudopalavras
(controle restrito
de
estímulo),
o
que é
insuciente
para
a
leitura
de
palavras
com
recombinação
de
elementos
das
palavras ensinadas.
As
etapas
de
ensino
que
requeriam
discriminações
entre
palavras
que
só
eram
possíveis
se
o
par
ticipante
respondesse
aos
elementos
do
estímulo
composto
não
foram
sucientes
para
ampliar
o
controle
pelas
unidades
textuais.
Os
resultados
apresentados
pelas
crianças
dos
estudos
de
Albuquerque
et
al.
(1998)
e
Albuquerque
(2001)
replicaram
os
obtidos
com
sistemas
linguísticos
naturais
(e.g.,
J.
C.
de
Rose
et
al.,
1996;
Matos
et
al.,
1997,
1999, 2002,
2006) no
que diz
respeito
ao
desempenho na
fase
de
ensino
e
à
emergência
da
leitura
com
compreensão
e
de
compor
tamento
textual
das
pseudopalavras
ensinadas.
No
entanto,
diferente
dos
estudos
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
442
com
palavras
da
língua
portuguesa,
a
incidência
e
o
grau
de
leitura
de
palavras
novas foram
baixos
(inferiores a
20%)
no
estudo
com
SLM,
que
ensinou
relações com
seis
palavras
(Albuquerque,
2001),
e
no
estudo
que
ensinou
16
palavras
(Albuquerque
et
al.,
1998),
com
apenas
uma
criança
alfabetizada
e
uma
não
alfabetizada
apresentando
escore
de
leitura
oral
recombinativa
maior
que
60%
de
acertos
neste
último.
Esses
resultados
poderiam
ser
interpretados
como
indicadores
de
que
a
ausência
de
história
pré-experimental
com
os
estímulos
coloca
em
questão
o
efeito
dos
procedimentos
de
ensino
de
discriminações
condicionais
baseados
no
paradigma
de
equivalência
de
estímulos,
mas
consideramos
que
seria
necessário
calibrar
o
procedimento
para
possibilitar
conclusões
mais
seguras.
N
esses
estudos,
várias
crianças
mostravam
cansaço
durante
as
sessões
de
ensino
e
alguns
participantes
(sempre
voluntários)
desistiram
antes
de
terminar
a
coleta.
U
m
dos
aspectos
modicados
do
estudo
de
1998
para
o
de
2001
para
tentar
solucionar
esse
problema
foi
reduzir
o
número
de
relações/palavras
ensinadas
por
sessão:
de
quatro
para
três.
Como esta mudança não resolveu
o problema, decidimos que nos estudos
subsequentes
seriam
recrutados
estudantes
universitários.
Esta
decisão
foi
norteada
também
pelos
resultados
similares
dos
participantes alfabetizados
e não alfabetizados.
O
mesmo
SLM
usado
com
crianças
foi
empregado
com
alunos
de
graduação
(Hanna
et
al.,
2008,
2010,
2011),
com
o
acréscimo
da
consoante
F
e
da
vogal
A,
totalizando
quatro
sílabas
(NI,
BO,
F
A,
LE)
que
eram
usadas
na
composição
das
palavras.
N
esses
estudos,
ensinavam-
se
relações
entre
pseudopalavras
ditadas
e
guras
(relações
AB)
e
entre
as
mesmas
pseudopalavras
ditadas
e
escritas
com
o
pseudoalfabeto
(relações
AC).
Após
ensinar
duas
relações
de
cada
tipo
(i.e.,
com
duas
palavras),
avaliava-se
a
formação
de
classes
de
equivalência
compostas
por
esses
estímulos
e
a
leitura
recombinativa.
Os
treinos
e
testes
eram
repetidos
seis
vezes
em
ciclos
experimentais
que
ampliavam
o
número
de
relações
ensinadas e monitoravam o desenvolvimento de leitura r
ecombinativa.
N
o
Estudo
1,
de
Hanna
et
al.
(2011),
as
quatro
sílabas
foram
combinadas
duas
a
duas
para
formar
12
dissílabos
(e.g.,
NIBO,
FALE),
sendo que
cada sílaba era
apresentada
uma vez
em apenas uma
palavra dos
C
S
:
B
C
E
E
443
treinos
do
ciclo;
assim era
garantida e
controlada
a
frequência
de
exposição
às
sílabas
em
cada
ciclo.
Ao
longo
dos
ciclos,
todas
as
sílabas
variavam
de
posição
nas
palavras,
ocupando
tanto
a
primeira
quanto
a
segunda
posição (e.g.,
NIBO, BOF
A, F
ALE, LENI), garantindo
a experiência com
a
recombinação
de
elementos
das
palavras.
Os
estímulos
utilizados
nos
testes
eram
de
dois
tipos:
ou
(a)
mantinham
uma
das
sílabas
do
treino
e
recombinavam a
outra sílaba
(e.g.,
NIBE), ou
(b) recombinavam
as letras
das duas sílabas (e.g., LOFI).
N
a
fase
de
ensino,
a
tarefa
consistia
em
selecionar
um
de
três
estímulos
(gura
ou
palavra
escrita)
toda
vez
que
uma
palavra
ditada
era
apresentada
pelo
alto
falante
do
computador
.
Quando
as
alternativas
de
escolha
eram
palavras
escritas,
os
estímulos
incorretos
apresentavam
apenas uma letra igual e na
mesma posição do estímulo correto (e.g., para
o
S+
NIBO,
os
S-
poderiam
ser
NALE,
LIF
A,
FABE
e
LEFO).
Desta
forma,
garantíamos
que
a
escolha
baseada
em
apenas
uma
das
letras
não
fosse
consistentemente
refor
çada.
O
número
de
comparações
foi
progressiv
amente
aumentado
ao
longo
do
procedimento,
à
medida
que
os
acertos
ocorriam.
Erros produziam
a
repetição
da tentativa
e
o
retorno
a
etapas
com
menor
número
de
comparações.
Respostas
corretas
eram
elogiadas.
A
fase
de
ensino
era
nalizada
somente
quando
o
par
ticipante
nomeava
as
palavras
escritas
apresentadas
individualmente
nas
sondas
de
leitura.
Essa
forma de
ensinar
, com
um procedimento
com r
elativamente
poucas
tentativas,
promov
eu
a
aquisição
das
relações
AB
e
AC
com
pouco
ou
nenhum
erro,
a emergência
de comportamento
textual
das
pseudopalavras
empregadas
nas
discriminações
condicionais
e
a
formação
de
relações
de
equivalência
entre
as
pseudopalavras
ditadas,
impressas
e
guras
correspondentes.
A
leitura
recombinativa
se
desenvolveu
gradualmente,
à
medida que o número de palavras ensinadas aumentou de 2 para 12.
Os
resultados
deste
estudo
são
apresentados
na
primeira
coluna
da F
igura 3. O gráco do canto superior
esquerdo apr
esenta os escores de
comportamento
textual
em
testes
realizados
em
cada
ciclo
experimental
com
palavras
não
ensinadas
e
formadas
por
elementos
recombinados
dos
estímulos
empregados
na
fase
de
ensino.
A
porcentagem
de
acer
tos
nas
tarefas
de
leitura
receptiva
(Sidman,
1971)
e
na
seleção
de
palavras
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
444
impressas
diante
de
modelos
ditados
aumentou
com
o
aumento
do
número
de
palavras
ensinadas
(resultado
não
mostrado
na
gura);
além
disso,
os
escores
obser
vados
nesses
testes
foram
sempre
superiores
aos
de
comportamento
textual.
N
a
avaliação
com
tarefa
de
escolha,
ditar
uma
palavra junto à apresentação de um pequeno conjunto
de palavras escritas
fornece
dicas adicionais
que
aumentam
a possibilidade
de
acerto,
quando
o
controle
por
elementos
dos
estímulos
ainda
é
parcial
(de
Souza
et
al.,
1997), e produzem escor
es comparativamente superiores aos de av
aliações
em
que
apenas
uma
palavra
impressa
é
apresentada
e
o
participante
deve
emitir
o
comportamento
textual.
Esses
resultados
replicaram
os
obtidos
em
estudos
anteriores
com
crianças,
tanto
quando
se
utilizou
o
alfabeto
romano e palavras
da língua portuguesa (
J. C. de R
ose et al., 1996; Matos
et
al., 2002)
como
quando
se empr
egou
o
SLM (Albuquer
que
et
al., 1998;
Rocha, 1996).
Os
altos
v
alores
obtidos
para
o
desvio
padrão,
representados
pelas
barras
verticais
do
gráco,
descrevem
a
variabilidade
nos
escores
médios
para
20
par
ticipantes,
fato
comum
em
pesquisas
sobre
leitura
recombinativa.
A variabilidade
intersujeitos na leitura se
manteve no
T
este
F
inal do estudo, como mostra a distribuição de participantes por faixas
de
escores
de leitura
(gráco inferior
da coluna
1, F
igura 3). O
bservamos que
uma
pequena
parte
dos
par
ticipantes
obteve
escores iguais
ou
inferiores
a
15% de
acertos,
mas
a maioria
foi capaz
de ler
mais
de 75%
das palavras.
Os
escores
extremos
descrevem
os
dois
padrões
obser
vados,
sendo ex
ceções
os escores intermediários. Interessante notar que,
mesmo com o extensivo
treino
de
linguagem
e
leitura
dos
estudantes
universitários,
tendo
a
possibilidade
de
aprender
pela
identicação
da
correspondência
entre
o
nov
o
alfabeto
e
o
alfabeto
romano,
alguns
participantes
não
desenvolveram
leitura r
ecombinativa, mas
a maioria mostrou
curvas de aquisição
gradual.
Outro
resultado
interessante
foi
que
a
leitura
de
palavras
de
treino
e
de
palavras
com
elementos
recombinados
foi
bastante
semelhante
no
T
este
F
inal:
par
ticipantes
que
leram
palavras
de
treino
no
nal
do
estudo
também
apresentaram
leitura
recombinativ
a,
e
aqueles
que
não
apresentaram
recombinação
também
erraram
palavras
que
foram
capazes
de
ler
nos
treinos
(compare
as
curvas
de
distribuição de
frequência
do gráco
inferior
da
coluna
1,
Figura
2).
Com
o
número
maior
de
palavras
(12
de
treino
C
S
:
B
C
E
E
445
e
14
de
teste)
utilizadas
nesse
teste
e
a
grande
semelhança
entre
elas,
essa
avaliação
se
tornou
uma
medida
sensível
do
controle
do
compor
tamento
textual
pelos
elementos (sílabas
e
letras),
e
os participantes
que r
espondiam
ao
caráter
pictórico
das
palavras
obtiveram
escores
muito
baixos.
Grande
parte
dos
erros
apresentados
por
eles
consistia
na
utilização
incorreta
de
palavras
de treino,
que
partilhavam
elementos em
comum,
com
a
palavra
nov
a avaliada, o que permitia o controle parcial (de S
ouza et al., 1997).
F
igura
3.
P
orcentagem
de
acer
tos
dos
participantes
(média)
em
testes
de
comportamento
textual
em
função
da
quantidade
de
palavras
ensinadas
(painel
superior)
e
distribuição
de
frequência
de
participantes
em
cada
faixa
de
escore
obtido
no
T
este
F
inal
de
leitura
das
palavras
de
treino
(círculo
preto)
e
palavras
com
elementos
recombinados
(círculo
branco)
(painel
inferior)
de
cada
estudo.
Barras
verticais
representam
um
desvio
padrão
positivo da média.
F
igura adaptada dos resultados
de Hanna et
al. (2011).
Esses
resultados
são
evidências
robustas
de
que
o
repertório
recombinativo
de
leitura
se
desenvolveu
a
partir
do
ensino
de
relações
entre
palavras
ditadas
e
palavras
impressas
e
entre
as
mesmas
palavras
ditadas
e
guras
(T
reinos
AB
e
AC).
U
ma
pergunta
foi
feita
sobre
essas
evidências:
haveria
mudança
na
leitura
recombinativa
obser
vada,
caso
o
treino
com
guras (T
reino AB)
fosse omitido do delineamento?
Relações que incluem
a
gura
ou
outro
tipo
de
referente
são
importantes
para
a
compreensão
,
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
446
enquanto
a
recombinação
pode
depender
apenas
da
apr
endizagem
de
relações
som-texto
(T
reino
AC),
especialmente
do
controle
por
unidades
mínimas
(Skinner
,
1957).
P
or
outro
lado,
a
possibilidade
de
formação
de
classes
de
estímulos
equivalentes
pode
favorecer
a
aprendizagem
de
relações
som-texto, e
experiências
sucessivas
neste contexto
talvez aceler
em
o desenvolvimento por unidades menores do que a palavra.
Os
resultados
mostrados
nos
grácos
da
coluna
central
da
F
igura
3
foram
obtidos com
um
procedimento que
omitiu o
T
reino
AB,
utilizando-
se
as
mesmas
palavras
no
T
reino
AC
do
estudo
anterior
,
com
20
novos
estudantes universitários. N
os testes parciais que seguiram
o
T
reino AC
de
cada
ciclo
(gráco
superior),
ocorreu
também
aumento
na
porcentagem
de
acertos
em
função
do
número
de
palavras
ensinadas.
Os
escores
médios,
entretanto,
não
foram
tão
altos
quanto
aqueles
obser
vados
nos
resultados
com
os dois
treinos
(gráco
à
esquerda)
e
se tornaram
mais
estáveis a
par
tir
do
treino
de
oito
palavras.
N
o
entanto,
a
grande
variabilidade
individual
(altos
desvios
padrão)
obser
vada
e
a
distribuição
dos
escores
nos
testes
nais
(gráco
inferior)
sugerem
que
os
dois
procedimentos
produziram
efeitos
semelhantes
na
leitura
recombinativa.
O
ensino
das
relações
entre
pseudopalavras
ditadas
e
pseudopalavras
escritas
foi,
por
tanto,
suciente
para gerar leitura recombinativ
a para a maioria dos participantes. Ressalv
a
deve
ser feita
para a
utilização equivocada
do termo
leitura, pois
neste caso
seria
inadequado
falar
em
compreensão.
N
a
ausência
de
“
referentes
”
das
pseudopalavras,
o
operante
verbal
vocal
emitido
na
presença
de
estímulo
textual
deve
ser
denominado
comportamento
textual
recombinativo
e
não
leitur
a
(Skinner
, 1957).
As
evidências
sobre
o
efeito
do
número
de
palavras
ensinadas
relatadas
nesses
estudos,
e
que
replicam
outros
estudos
da
literatura
(e.g.,
Albuquerque
et
al.,
1998;
Matos
et
al.,
2002;
J.
C.
de
Rose
et
al.,
1996),
geraram
um
questionamento
adicional:
qual
dos
aspectos,
entre
os
presentes
nos
treinos,
forneceria
as
condições
necessárias
e
sucientes
para o
desenvolvimento da
leitura recombinativa? A
exposição
aos treinos
das
relações
com
as
12
palavras
ampliava
o
número
de
apresentações
das
mesmas unidades
textuais (letras
e sílabas)
e também,
ao mudar
a posição
das
sílabas
e
as
combinações
de
sílabas
nas
diferentes
palavras
de
treino,
fornecia
treinamento
de
recombinação.
P
ara
isolar
a
variável
‘
quantidade
C
S
:
B
C
E
E
447
de
treino
’
da
variável
‘
treino
de
recombinação
’
era
importante
vericar
se
o
aumento
da
quantidade de
treino
sempre
com as
mesmas
palavras
(que
continham
todas
as
sílabas)
seria
suciente
para
produzir
recombinação.
Os
resultados
mostrados
nos
grácos
da
terceira
coluna
da
Figura
3
são
derivados
dos
dados
de
14
universitários
participantes
dos
treinos
AB
e
AC
que
empregavam
apenas
duas
palavras
-
NIBO
e
F
ALE,
repetidas
nos
seis
ciclos.
P
ortanto,
a
quantidade
de
treino
foi
mantida,
mas
não
havia sobreposição
de estímulos,
isto
é, foi
remo
vido
o
treino explícito
de
recombinação
.
Interessante
notar
que
ocorreu
aumento
no
comportamento
textual
recombinativo
nos
primeiros
ciclos,
como
nos
outros
estudos.
N
o
entanto,
os
escores
de
leitura
recombinativa
permaneceram
baixos
(menores do que 40% de acertos)
até o último ciclo e, portanto, o
padrão
de
aquisição
foi
diferente
de
quando
os
participantes
receberam
treino
de
recombinação
.
Esses
resultados
podem
ainda
ter
sido
favorecidos
pela
utilização
de
duas
outras
palavras
que
eram
apresentadas
repetidamente
nos
treinos AB
(com
as
guras)
e
incluídas
em
todos
os
testes.
A
resposta
correta
na presença
destas
palavras
pode
ter
ocorrido
não
como
evidência
de r
ecombinação, mas devido
a características do pr
ocedimento, que
pode
ter
gerado
dicas
contextuais
que
favoreceram
as
respostas.
Ou
seja,
os
participantes
podem
ter
aprendido
a
falar
o
nome
das
palavras
que
eram
apresentadas
repetidamente,
prescindindo
da r
ecombinação.
Os
resultados
do
T
este
F
inal
(gráco
inferior)
são
consistentes
com
essa
interpretação:
os
escores
de
leitura
das
palavras
de
ensino
foram
de
100%
para
quase
todos
os
participantes,
mas
para
as
palavras
de
teste
foram
próximos
ou
iguais
a zer
o,
exceto
para 4
participantes. A
experiência
com recombinação
dos
elementos
textuais
durante
os
treinos
é,
portanto,
comprovadamente
importante para o desenvolvimento de repertório recombinativo
.
U
ma
vantagem
do
ensino
de
palavras
inteiras,
como
vem
sendo
feito
em
muitos
dos
estudos
orientados
pelo
paradigma
de
equivalência
estímulos
e
nos
estudos
descritos
anteriormente,
é
que
um
aprendiz
com
desenvolvimento
típico
já
adquiriu
a
linguagem
falada;
desse
modo,
ele
é
capaz
de
dizer
as
palavras
e
de
reagir
a
elas
como
ouvinte
(G
reer
&
Ross,
2008;
G
reer
&
Speckman,
2009;
Sidman,
1977,
1994;
Skinner
,
1957).
A
aprendizagem
do
comportamento
textual
se
benecia
desse
repertório
prévio: ao longo da aquisição,
à medida que vai se estabelecendo
a relação
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
448
entre
palavra
falada
e
palavra
impressa,
o
aluno
também
vai
se
tornando
capaz de
dizer a
palavra diante
da
palavra impressa. Nesse ponto,
mais do
que
uma
consequência
articial
apresentada
pelo
programa
de
ensino,
ouvir
a
palavra
que
ele
diz
diante
do
texto,
e
reconhecer
seu
signicado,
pode
funcionar
como
uma
poderosa
consequência
natural
do
comportamento
do leitor (Santos & J. C. de R
ose, 1999, 2000).
Apesar
da
vantagem
da
aprendizagem
de
unidades
textuais
com
signicado,
do
ponto
de
vista
funcional,
uma
língua
tem
milhares
de
palavras,
e
não
é
factível
e
nem
é
preciso
ensinar
uma
pessoa
a
ler
diretamente
todas
elas.
M
uitas
pessoas,
inclusive
crianças
em
fase
inicial
de
aquisição
de
leitura,
depois
de
aprenderem
a
ler
certa
quantidade
de
palavras, começam a
“
decodicar” palavras
novas
(comportamento textual
generalizado).
O
desenvolvimento
de
controle
elementar
do
comportamento
textual
é
fundamental
para
a
leitura
recombinativa.
Os
resultados
apresentados
até
este
ponto
mostram
que
o
ensino
de
palavras
inteiras
gera o
controle elementar
, como
sugerido por S
kinner (1957). Entr
etanto,
Sidman
(1994)
aponta
que
ensinar
palavras
inteiras
pode
deixar
ao
acaso
que
o
aprendiz
reconheça
as
correspondências
entre
elementos
sonoros
e
textuais.
Conrmando
esta
armação
de
Sidman,
estudos
anteriores
mostraram: (1) v
ariabilidade entre
os participantes quando palavras foram
ensinadas,
podendo
não
ocorrer
a
leitura
de
palavras
novas;
e
(2)
maior
eciência
do
ensino
de
letras
ou
sílabas
para
gerar
a
leitura
de
palavras
novas
do
que
do
ensino
de
palavras
(Bishop,
1964;
Jefr
ey
&
Samuels,
1967).
Mais
recentemente,
o
emprego
combinado
e
simultâneo
de
unidades
de
diferentes
extensões
tem
constituído
a
melhor
estratégia
para
o
ensino
de
leitura (Adams, 1994).
Estudos
com
crianças,
que
combinaram
o
ensino
de
palavras
e
sílabas
e
compararam
com
o
ensino
somente
de
palavras
(de
Souza
et
al.,
2009b; Serejo, Hanna,
de Souza, &
J. C.
de Rose, 2007),
mostraram que
esse
recurso
facilita
a
aprendizagem
de
leitura
de
palavras
novas
e
reduz
a
variabilidade
entre
par
ticipantes,
assim
como
encontrado
nos
estudos
de
Matos et al. (2002) e H
übner et al. (2009).
C
S
:
B
C
E
E
449
N
a
escola,
muitos
professores
combinam
o
ensino
de
palavras
e
do
nome
das
letras
e
exploram
as
sílabas
componentes
das
palavras,
mas
isto
tende
a
ser
feito
de
forma
assistemática.
Estudos
que
empregam
palavras
da
língua
por
tuguesa,
alfabeto
romano
e
recrutam
crianças
em
fase
de
alfabetização,
que
fr
equentam
a
escola,
sofrem
o
efeito
dessa
assistematicidade,
o
que
torna
difícil
fazer
armações
conclusivas
sobre
a
inuência
independente
das
condições
experimentais.
Considerando
as
vantagens
do
SLM
para
o
controle
da
experiência
prévia
com
o
alfabeto
romano
e
palavras
da
língua
portuguesa,
o
Experimento
2,
de
Hanna
et
al.
(2010),
explorou
a
inuência
da
extensão
dos
elementos
textuais
e
sonoros
diretamente
ensinados
na
emergência
de
leitura
recombinativa
de
pseudopalavras
em
universitários.
As
autoras
ensinaram
relações
som-
texto
com
letras
ou
sílabas antes
do
ensino de
relações
com pseudopalavras
inteiras.
P
ara
aferir
o
efeito
isolado
do
ensino
de
sílabas
ou
letras,
avaliou-se
o
comportamento
textual
diante
de
pseudopalavras
logo
após
a
aprendizagem
das
relações
elementares.
P
arte
das
pseudopalavras
(12)
era
composta
pelas
sílabas
ensinadas
e
outra
parte
(14)
era
composta
por
recombinações
intrassilábicas.
Em
seguida,
utilizou-se
o
delineamento
de
ciclos
experimentais,
como
descrito
anteriormente
(Hanna
et
al.,
2010,
2011):
em
cada
ciclo
ensinavam-se
duas
relações
do
tipo
AC
e
testava-se
o comportamento
textual generalizado. Ao nal do
estudo, a avaliação
do
comportamento
textual
diante
de
todas
as
palavras
era
realizada
no
vamente.
Os
resultados estão
sumarizados na F
igura 4, que
apresenta:
à esquer
da, os
acertos (média) na av
aliação da leitura
de pseudopalavras após
o ensino de
letras
e
após
o
adicional
ensino
de
palavras;
e
à
direita,
os
acertos
após
o
ensino de sílabas
e após o adicional
ensino de palavras.
As duas cur
vas em
cada
gráco mostram
os
r
esultados
com as
palavras
empregadas no
treino
(círculos
vazios)
e
palavras
com
recombinação
intrassilábica
(círculos
cheios).
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
450
F
igura
4.
Média
dos
acertos
em
avaliações
do
compor
tamento
textual
diante
de
palavras
de
treino
e
de
recombinação,
após
o
primeiro
treino
(com letras
ou
sílabas) e
após o
treino de
palavras.
Cada ponto
repr
esenta
a média
de quatro participantes.
F
igura adaptada dos
resultados
de Hanna
et al. (2010).
O domí
ni
o de rela
ções sil
ábica
s
a part
ir do tre
ino inic
ial perm
it
iu
o
co
ntr
ole
im
edi
ato
po
r
ess
as
u
nid
ade
s
comp
one
nte
s
das
pa
lav
ras
e
a
com
bina
ção
das
res
posta
s
sob
o
cont
role
das
comb
inaç
ões
das
síla
bas
(lei
tur
a
com
bina
tór
ia)
.
Os
parti
ci
pan
tes
que
ap
re
nde
ram
os
nom
es
das
let
ra
s
no
tr
eino
ini
cia
l
não
cons
eguir
am
ler
pal
avra
s
intei
ras,
ape
nas
sol
et
rar
am
os
ele
ment
os
grá
cos
,
mesm
o
send
o
un
iv
ers
it
ári
os
que
dom
ina
va
m
o
sist
em
a
alf
abét
ico
e
a
tar
efa
de
lei
tur
a
de
pal
avr
as.
O
cont
ro
le
pel
as
unida
des,
es
sen
ci
al
par
a
a
leit
ura
de
pal
av
ras
nov
as,
já
estav
a
pres
ente
,
mas
não
foi
suc
ien
te
par
a
ger
ar
a
le
itu
ra
das
p
alav
ras
.
E
ntre
tant
o,
o
s
part
ici
pant
es
d
os
do
is
gru
pos
mos
trara
m res
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dos
sem
el
han
tes
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con
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end
eu
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s,
nome
ou
as
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bas
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quem
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ende
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let
ras,
no
meou as
le
tras
na
seq
uên
cia. Es
ses
achad
os pode
m ser usa
do
s para
mos
trar
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impo
rtân
cia
de
uma
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lis
e
da
tar
efa
na
den
içã
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dos
pas
sos
de
ens
ino,
a
m de
max
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iza
r a
s p
os
sib
ili
dades
de t
ran
sfer
ênci
a d
o c
ont
ro
le
de
est
ímul
os
esta
bel
eci
dos
e
da
emis
são
d
e
top
ogra
as d
e
re
spost
a “
cor
re
tas
” ou
com
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ado
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natu
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s pr
ogr
amado
s
p
ara
no
va
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ões.
N
est
e cas
o, as
re
laçõ
es som
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ext
o apr
endi
das
com síl
ab
as gua
rda
m maio
r
se
melha
nça com
aqu
elas
r
equ
erida
s co
m p
ala
vras,
do
que
as
apr
endid
as c
om
let
ras.
C
S
:
B
C
E
E
451
Os
resultados
da
avaliação
após
o
ensino
das
relações
com
palavras
podem,
em
uma
análise
inicial,
surpreender
por
diferirem
dos
obtidos
no
primeiro
teste.
A
combinação
do
ensino
de
letras
e
palavras
gerou
escores
de
leitura
recombinativa
mais
altos
do
que
a
combinação
do
ensino de
sílabas
e
palavras.
U
ma
análise
mais
detalhada mostra
que
o
G
rupo Letras
leu
corretamente
todas as
palavras de
treino
e recombinação,
enquanto
o
Grupo
Sílabas
leu
todas
as
palavras
de
treino,
mas
dois
dos
quatro
participantes
apresentaram
vários
erros
na
leitura
de
palavras
de
recombinação
.
A
mudança
no
padrão
de
responder
do
Grupo
Letras
no
teste
depois
do
treino
de
apenas
12
palavras
ditadas
mostra
como
modelos
verbais
são
críticos
na
origem
da
fala,
seja
com
função
textual
ou
outra.
Essas
informações
originais
(possibilitadas
pelo
uso
do
SLM)
têm
implicações importantes para a
compreensão
do comportamento do leitor
como ouvinte
de si
mesmo e
do papel da
comunidade verbal
na origem de
repertório de falante/leitor
.
Os
resultados
do
Estudo
2,
de
Hanna
et
al.
(2010),
replicaram
estudos com crianças
(de Souza et al.,
2009b; H
übner
et al., 2009;
Matos
et
al.,
2002;
Serejo
et
al.,
2007)
ao
mostrar
o
desenvolvimento
mais
consistente de comportamento
textual generalizado quando são ensinadas
relações
com
palavras
e
unidades
menores
(sílabas
ou
letras).
Além
disso,
os
dados
permitiram
descrever
aspectos
do
processo
de
aprendizagem
de
leitura
relacionados
à
unidade
de
ensino
utilizada,
que
podem
ser
úteis
para
decisões
do
professor
na
programação
do
ensino.
Utilizar
somente
palavras
pode
aumentar
a
motivação para
a
tarefa
e
apro
veitar
repertórios
relacionais
já
desenvolvidos
no
vocabulário
e
domínio
da
linguagem
oral
da
criança,
mas,
em
contrapar
tida,
pode
retardar
o
desenvolvimento
de
leitura
de palavras
novas. O
ensino de
relações utilizando
letras
ou sílabas
acelera
o
processo
recombinativo,
como
mostrado
também
por
Barros
(2007)
e
Alves, Assis,
Kato,
&
Brino
(2011),
mas,
por outro
lado,
requer
o
ensino
de
r
egras
do
sistema
linguístico,
que
se
revelam
apenas
em
unidades
maiores
(palavras
ou
textos)
e
podem
afetar
a
motivação
para
a
tarefa.
Essa
dinâmica
do
compor
tamento
verbal,
que
combina
unidades
molares
(palavras
ou
gr
upo
de
palavras)
e
unidades
moleculares
(sílabas
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
452
ou grafemas/fonemas),
é essencial no
r
epertório
do leitor uente
(
J. C. de
Rose, 2005).
Alguns
procedimentos
que
incorporaram
os
renamentos
possibilitados
pelo
uso
do
SLM
com
estudantes
universitários
foram
utilizados
em
replicações
com
crianças
com
diculdade
de
aprendizagem
e
o
sistema
linguístico
natural
em
estudos
posteriores
(Mesquita,
2007;
Ser
ejo
et
al.,
2007),
e
os
resultados
originais
foram
replicados.
As
replicações
documentadas
com
frequência
na
literatura
recente
sobre
efeitos
de
quantidade
de
r
elações
ensinadas,
recombinação
sistemática
dos
elementos
dos
estímulos
de
treino,
ensino
combinado
de
unidades
de diferentes tamanhos,
entre outras variáveis, mostram
clara evolução do
conhecimento sobre o ensino de leitura
recombinativa. N
o entanto, essa é
uma
temática
de
pesquisa
que
ainda
requer
avanços
no
conhecimento
de
outros
determinantes
e
imediata
aplicação
em
contextos
escolares
(para
esforços nesse sentido, ver R
eis et al., 2009).
C
ONSIDERAÇÕES
FINAIS
A
descrição
detalhada
de
fenômenos
verbais
e
simbólicos
e
de
seus
determinantes
é
necessária
devido
à
impor
tância
desses
fenômenos
nas
interações
humanas
e
à
elevada
incidência
de
diculdades
de
aprendizagem,
como ocorre, por exemplo, no autismo e no fracasso escolar na população
infantil.
O
estudo
experimental
desses
fenômenos
é
fundamental
para
identicar
as
variáveis
críticas
das
quais
esses
processos
são
função.
N
o
entanto,
a
investigação
experimental
é
difícil,
pois,
ao
mesmo
tempo,
requer:
o
controle
da
história
individual
com
estímulos,
contingências
e
regras subjacentes ao
sistema linguístico; a construção de r
epertório verbal
experimental a partir de contingências complexas e nunca singulares.
Os
estudos
apresentados
nesse
capítulo
(assim
como
no
Capítulo
12
de
H
übner
,
Souza,
&
de
Souza)
exemplicam
esforços
de
investigação
que
permitiram
descrever
alguns
importantes
detalhes
do
processo
de
aprendizagem
de
comportamento
textual
e
de
leitura.
P
or
exemplo,
as
relações
arbitrárias
entre
estímulos
que
caracterizam
o
sistema
simbólico
(palavras
faladas,
escritas,
e
seus
referentes)
podem
C
S
:
B
C
E
E
453
ser
rapidamente
aprendidas,
com
diferentes
procedimentos
de
ensino,
e
especialmente
com
os
procedimentos
de
pareamento
ao
modelo,
que
foram
empregados
nestes
estudos.
Contudo,
embora
essa
aprendizagem
seja
crucial, o
conjunto
de
relações
diretamente
ensinadas
é
limitado;
apesar
de
essenciais,
essas
relações
são
apenas
o
material
básico
a
partir
do
qual
ocorre
a
geratividade
típica
dos
fenômenos
verbais
em
questão.
Enquanto
nessa
etapa
inicial ocorre
uma
aceleração na
aquisição, à
medida
que
mais e
mais
relações
são
diretamente
estabelecidas
(processo
de
lear
ning
set
;
Harlow
,
1949),
isto
pode
não
ser
suciente
quando
o
indivíduo
é
confrontado
com ambientes recombinados aos quais é preciso responder com precisão.
P
or
um
lado,
foi
possível
demonstrar
,
em
sucessivas
replicações
diretas
e
sistemáticas (Sidman, 1960),
que a
recombinação depende
da experiência
cumulativa de recombinações presentes no ambiente de
ensino; por outro
lado,
muitas
questões
ainda
necessitam
de
respostas,
como:
o
caráter
gerativo
de
fenômenos
verbais,
as
relacionadas
à
especicidade
desses
achados
e
sua
generalidade
para
outras
condições
que
não
meramente
aquelas
empregadas
para
garantir
o
necessário
controle
experimental.
O
comportamento
das
cur
vas
de
aquisição
de
repertório
de
combinação
e/
ou
recombinação
de
unidades
textuais
pode
variar
quando:
a
extensão
de
palavras ensinadas e de palavras novas é maior que quatro letras; o arranjo
de
estímulos
envolve
a
recombinação
explícita
de
unidades;
as
regras
de
correspondência
som-letra
não
são
unívocas;
ou
diferem
daquelas
da
língua materna do aprendiz.
Outro
aspecto
do
fenômeno
em
questão,
que
ainda
precisa
ser
melhor
explorado,
é
o
fato
de
que
a
história
de
recombinações
de
uma
unidade
textual
inserida
em
um
estímulo
mais
amplo,
além
de
gerar
recombinações no mesmo nível, também pode gerar r
ecombinações ainda
mais
elementares.
P
or
exemplo,
pode
não
ser
difícil
ler
CABO
e
LOBO,
depois
da
aprendizagem
de
leitura
de
BOCA
e
BOLO
–
trata-se
de
uma
mera
transposição
das
sílabas
abstraídas.
T
al
situação
diferencia-se
de
ler
FIGO,
depois
de
haver
aprendido
a
ler
BICO
e
FOGO:
nesse
caso,
o
I
teria
que
ser
abstraído
como
unidade
intrassilábica.
Essas
distinções
de
nível
nem
sempre
são
consideradas,
mas
é
importante
investigar
se
os
mesmos processos
ou se processos
diferentes
estão envolvidos
em um e
em
outro caso
.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
454
A
investigação
destas
e
de
outras
questões
é
necessária
para
que,
além
de
identicar
as
variáveis
necessárias
e
sucientes
para
o
desenvolvimento
de
repertório
que
combina
e
recombina
o
controle
por
elementos
ambientais,
possibilite
o
desenvolvimento
de
modelos
matemáticos
que
descrevam,
de
forma
econômica
e
elegante,
a
regularidade
que estamos encontrando com os desenvolvimentos metodológicos.
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robl
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de
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lei
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Efe
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p
o
SfáCio
J
úlio C. de Rose
P
ara
encerrar
esta
tentativa
de
sistematizar
algumas
décadas
de
trabalho do ECCE, agora transformado em Instituto N
acional de Ciência
e T
ecnologia
sobre
Comportamento,
Cognição
e
Ensino,
arrisco
algumas
linhas
com
especulações
sobre
o
presente
e
futuro
da
área
de
pesquisa
sobre
aprendizagem
relacional
e
comportamento
simbólico
e,
também,
sobre
o
presente e
futuro do
próprio INCT
-ECCE. O que
apresento aqui,
claro, é
uma
visão
pessoal,
talvez
não
muito
reetida
e
carecendo
de
documentação.
A
análise
do
comportamento,
como
disciplina
cientíca
que
tem
o
comportamento
como
objeto
de
estudo,
amparada
na
losoa
do
behaviorismo
radical
(cf.
Skinner
,
1974),
havia
perdido
prestígio
como
paradigma
cientíco
na
psicologia,
a
partir
da
chamada
revolução
cognitivista.
U
ma
das
razões
de
desprestígio
do
behaviorismo
foi
sua
suposta
incapacidade
de
lidar
com
o
compor
tamento
humano
complexo
e,
par
ticularmente,
a
linguagem
e
seu
caráter
gerativo,
que
possibilita
a
emergência
de
novos
comportamentos,
com
a
produção
e
compreensão
de
sentenças
nunca
antes
faladas
ou
ouvidas.
Essa
incapacidade
é
mais
“
suposta
”
do
que
real,
porque
a
abordagem
behaviorista
continha
propostas
bastante
promissoras
de
análise
do
compor
tamento
novo,
da
criatividade e, particularmente,
da geratividade do comportamento verbal
(ver
,
por
exemplo,
Bandini
&
de
Rose,
2006).
Então,
o
behaviorismo
foi
descartado
não
porque
suas
propostas
tenham
fracassado,
mas
porque
foram praticamente ignoradas.
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
464
A
proclamação
da
morte
do
behaviorismo
pela
revolução
cognitivista foi, contudo, bastante
prematura, e o behaviorismo encontra-
se
surpreendentemente
vigoroso
neste
início
do
século
XXI.
Até
mesmo
um
psicólogo
cognitivista
isento,
como
Henry
Roediger
,
admitiu
isso
(Roediger
,
2005).
Uma
das
razões
pelas
quais
o
behaviorismo
teima
em
permanecer
vivo
e
tem
adquirido
surpreendente
prestígio
é
a
realidade
de
uma
tecnologia
comportamental
efetiva.
O
próprio
Roediger
observa
que,
quando
há
necessidade
de
previsão
e
controle
do
compor
tamento,
é
o
behaviorismo
que
oferece
soluções.
I
sto
é
válido
particularmente
no
campo
do
autismo,
no
qual
a
abordagem
compor
tamental
é
vista
como
a
única
efetiva,
inclusive
pelos
“
consumidores
”,
isto
é,
os
pais
de
crianças
com
autismo,
que
cada
vez
mais
reivindicam
um
tratamento
comportamental
para
seus
lhos.
Esse
reconhecimento
da
ecácia
da
intervenção
compor
tamental
transformou
a
análise
do
compor
tamento
em
uma
prossão
independente,
nos
Estados
U
nidos
e
muitos
países
europeus.
A
pesquisa
sobre
aprendizagem
relacional
e
comportamento
simbólico
ainda
está
cercada
por
controvérsias
teóricas
acirradas,
e
o
paradigma
de
equivalência
de
estímulos
ou
modelos
alternativos,
como
a
T
eoria
das
Molduras
Relacionais
(Hayes,
Barnes-Holmes,
&
Roche,
2001;
ver
também
de
Rose
&
Rabelo,
2013),
ainda
não
convivem
em
total
harmonia
entre
si
ou
com
a
abordagem
skinneriana
do
compor
tamento
verbal.
Apesar
destas
disputas
teóricas,
a
equivalência
de estímulos
e outras
abordagens
relacionais,
como
a
TMR
e
a
teoria
da
nomeação
(Horne
&
Lowe,
1996),
têm
sido
incorporadas
com
relativa
facilidade
ao
instrumental
tecnológico
da
análise
do
comportamento,
possibilitando
ao
analista
do
comportamento
lidar
de
modo
mais
efetivo
com
a
aprendizagem
relacional
e
a
promoção
da
emergência
de
compor
tamentos
novos.
U
m
exemplo
interessante
é
o livr
o
recente
organizado por
Ruth
Anne
Rehfeldt
e
Y
vonne
Barnes-H
olmes,
Derived r
elational responding: Applications to learners with
autism
and
other
developmental
disabilities
(Rehfeldt
&
Barnes-H
olmes,
2009),
que
pr
opõe
um
currículo
para
indivíduos
com
transtornos
de
desenvolvimento,
começando
por
pré-requisitos
fundamentais,
como
a
identicação
de r
eforçadores
e o
treino dos
indivíduos para
permanecerem
sentados
e
atentarem
para
o
instrutor
,
avançando
a
partir
daí
até
o
C
S
:
B
C
E
E
465
desenvolvimento
da
linguagem,
aprendizagem
de
leitura
e
matemática,
e
chegando
ao
pensamento
complexo
envolvendo
raciocínio
analógico,
empatia e tomada de perspectiva.
P
arece
inevitável
que
uma
das
direções
mais
importantes
da
pesquisa futura seja a continuidade deste desenvolvimento tecnológico. O
ECCE tem sido
protagonista deste desenvolvimento e seu programa atual
compreende
áreas
signicativas
de
desenvolvimento
tecnológico.
Além
de
dar
continuidade
à
pesquisa
em
áreas
já
contempladas
neste
volume,
como o ensino
de leitura e escrita
e a reabilitação
de crianças submetidas
a
implante
coclear
,
o
ECCE
vem
investindo
em
novas
aplicações
tecnológicas,
como
o
ensino
de
matemática
e
o
desenvolvimento
de
baterias
de
testes
não
verbais
para
avaliação
de
comprometimentos
neurológicos
decorrentes
de
contaminação
por
agentes
neurotóxicos.
Estas
aplicações
tecnológicas
são fortemente apoiadas na pesquisa básica, inclusive
a que é desenvolvida
pelo
próprio
ECCE.
Como
ex
emplo,
os
métodos
desenvolvidos
para
investigação
de
comportamentos
pré-simbólicos
em
organismos
infra-
humanos
(ver
capítulo
4)
fundamentam
a
bateria
de
testes
não
verbais.
Os
métodos
utilizados
na
Escola
Experimental
de
P
rimatas
podem
ser
transferidos,
evidentemente
com
adaptações,
para
o
estabelecimento
de
relações
auditivo-visuais
em
crianças
com
implante
coclear
e
até
mesmo
para o ensino
de leitura e matemática.
I
sso não
quer dizer que os analistas
do
comportamento
acreditem
que
crianças
e
macacos
sejam
iguais.
Apenas,
a
promoção
da
aprendizagem
relacional
em
macacos
requer
uma
análise
muito acurada
dos comportamentos que
pretendemos ensinar
e das
etapas
deste
ensino,
e essa
estratégia de
análise pode
ser útil
para qualquer
ensino.
Apr
endizes
avançados
já
desenvolveram
também
um
repertório
que
lhes
permite
aprender
mesmo
quando
o
ensino
não
é
par
ticularmente
ecaz,
porém
muitos
não
têm
essa
capacidade
de
aprender
sozinhos
ou
com
ajuda
mínima
e
necessitam
de
maior
apoio.
O
conhecimento
necessário
para
isto
pode
vir
,
pelo
menos
em
parte,
de
estudos
com
infra-humanos,
que
requerem
uma
análise
muito
detalhada
do
compor
tamento
a
ser
aprendido
e dos processos envolvidos.
Isso
mostra,
também,
que
o
avanço
tecnológico,
como
o
desenvolvimento
de
programas
mais
ecazes
de
ensino,
se
apoia
no
progresso
da
pesquisa
básica.
Ao
mesmo
tempo,
a
relação
entre
a
pesquisa
básica
e
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
466
a
tecnologia não
é
linear
.
A
pesquisa básica
pode
gerar
tecnologia (muitas
vezes
passando
por
uma
etapa
intermediária
de
pesquisa
translacional),
mas
a tecnologia
também pode gerar
pesquisa básica. Esse
é um desao
para o
ECCE,
assim
como
para
o
campo
geral
de
pesquisa
sobre
relações
derivadas
e
comportamento
simbólico.
O
avanço
das
aplicações
tecnológicas
pode
e
deve
contribuir
para
reno
var
as
linhas
de
investigação
e
indicar
novos
problemas a serem inv
estigados e novos métodos de inv
estigação.
Creio
que
esta
investigação
deverá,
também,
ser
mais
multidisciplinar
,
o
que
apresenta
outro
desao
para
analistas
do
comportamento,
que
podem
sentir-se
mais
confor
táveis
isolando-se
de
outras
áreas
de
conhecimento
que
tendem,
muitas
vezes,
a
rejeitar
os
pressupostos
do
behaviorismo
e
da
análise
do
comportamento.
P
oderíamos
pensar
que
a
investigação
do
comportamento
simbólico
requer
a
colaboração
de
linguistas,
lósofos,
antropólogos,
neurocientistas
e,
inclusive,
psicólogos de outras abordagens.
Concepções mentalistas são, no entanto,
bastante
arraigadas
em
todas
essas
abordagens
e
áreas
de
conhecimento,
dicultando
o diálogo
com behavioristas.
N
a minha
trajetória de
pesquisa,
tive
muitas
oportunidades
de
interação
e
diálogo
com
pesquisadores
de
outras
áreas,
e
essa
experiência
me
proporcionou
uma
ideia
das
diculdades
que behavioristas e analistas do comportamento podem enfr
entar
. Em sua
valiosa r
eapreciação da obra
de Skinner
, Mar
c Richelle
observou a r
espeito
dos
discípulos
nor
te-americanos
de
Skinner
(obser
vação
que
talvez
não
seja tão
restrita geogracamente): “Entre outras
coisas, eles
se isolaram
do
resto
da psicologia
cientíca criando
seus próprios
periódicos e
sociedades,
fechando-se
ao
diálogo
com
outras
tendências
e
desenvolvendo
um
senso
de
ortodoxia,
que
nunca
se
provou
fr
utífero
no
progresso
de
uma
ciência
ou
disseminação de
uma teoria.
” (Richelle, 1993,
P
refácio, p.
x). Essa postura
pode
ser
tanto
causa
quanto
consequência
da
rejeição
que
pesquisadores
de
outras
áreas
e
abordagens
têm
por
behavioristas.
Em
minhas
várias
interações com
pesquisadores de outras
ár
eas, frequentemente fui
descrito
por eles como um behaviorista “
diferente dos outros
”. N
ão sei exatamente
quais
as
experiências
que
meus
interlocutores
podem
ter
tido
com
outros
behavioristas e
em que
me julgavam
diferente.
É possível
que muitos
deles
nunca
tenham
tido
nenhuma
interação
real
com
behavioristas
e
tenham
me
julgado
“
diferente
”
apenas
em
r
elação
ao
estereótipo
que
têm
de
C
S
:
B
C
E
E
467
behavioristas
ou analistas
do
comportamento. Em suma,
é
pro
vável que
a
interação
entre behavioristas
e
pesquisadores de
outras áreas
e
abordagens
seja
dicultada
por
uma
rejeição
recíproca,
que
deverá,
todavia,
ser
rompida
para evitar
o isolamento da
área, que não
é saudável.
Recentemente,
nosso
querido colega
Lincoln Gimenes obser
vou: “
A análise
do comportamento
tem
muito
a
contribuir
e
aprender
de
outras
áreas
do
conhecimento
ou
sistemas...
”, e contou um sonho:
O
meu
sonho
é
que
um
dia
todos
nós
possamos
colocar
nosso
conhecimento
interagindo
com
outras
áreas,
integrando
outros
sistemas
para
que
possamos
desenvolver
um
mundo
melhor
para
as
futuras
gerações.
Como
diria
aquele
personagem
de
lme
americano
que
vai a
uma festa
com
uma amiga,
onde
conhecem quase
ninguém.
Ele
pega duas taças
de bebida, entrega
uma à
amiga e diz
“let’
s mingle
”
(vamos nos
misturar). Se quisermos
obter sucesso no
futuro, é
isso que
temos que fazer
. P
or
tanto, let`s mingle! (Gimenes, 2012, p
. 82).
N
a
verdade,
o
ECCE
já
vem
dando
passos
para
romper
esse
isolamento.
Sua
transformação INCT
implicou em
ampliação de
quadros,
não
apenas
quantitativa
como
também
em
perl
disciplinar
.
A
composição
atual
inclui
cientistas
da
computação,
fonoaudiólogos,
neurocientistas,
psicólogos cognitivistas e especialistas em siologia dos sentidos.
Os
desaos
que
essa
convivência
traz
não
são
simples.
É
muito
mais
reforçador
para um
analista do
comportamento
conversar com quem
entende
o
jargão
da
área.
Se
há
uma
audiência
que
entende
e
aceita,
audiência
esta
que
tanto
no
Brasil
quanto
no
exterior
vem
se
ampliando
acentuadamente,
por
que
buscar
uma
audiência
menos
disposta
a
entender
e
muito
mais
disposta
a
criticar
ou
simplesmente
rejeitar?
A
resposta
está
nas
próprias
exigências
da
pesquisa
contemporânea.
É
um
desao
que
não
se
coloca apenas
para o ECCE,
mas para toda
a pesquisa sobr
e apr
endizagem
relacional
e
comportamento
simbólico
e,
provavelmente,
para
toda
a
pesquisa
em
análise
do
compor
tamento
.
Além
disso,
o
panorama
cientíco
mudou muito desde
a morte de Skinner
.
As críticas e comentários que
ele
fez
a outras
disciplinas
e a
outras
abor
dagens,
tão apropriados
à época
em
que
foram feitos,
nem
sempre se
aplicam
mais
no nosso
tempo,
porque o
conhecimento
avançou.
P
odemos
tomar
como
exemplo
a
neurociência,
que
avançou
muito
desde
a
época
de
Skinner
.
Como
obser
vou
o
próprio
J C. R; M S C. A. G
D G S
(O.)
468
Skinner
,
cabe
à
neurociência
o
preenchimento
das
“lacunas
”
entre
a
ação
estimuladora
do
ambiente
e
a
resposta
do
organismo
e
entre
a
consequência
da
resposta
e
mudança
resultante
sobre
o
comportamento.
Desde
que
Skinner
fe
z
esta
observação,
os
progressos
da
neurociência
foram
muito
signicativos,
e
hoje
já
se
sabe
muito
mais
sobre
o
que
acontece
entre
o
estímulo
e
a
resposta
e
entre
a
consequência
e
a
mudança
resultante
sobre
o
comportamento.
No
próprio
estudo
da
equivalência
de
estímulos,
já
foram
feitos
progressos
na
investigação
de
correlatos
cerebrais
(e.g.,
Haimson,
Wilkinson,
Rosenquist,
Ouimet,
&
M
cIlvane,
2009;
Schlund,
Cataldo,
& H
oehn-Saric,
2008). O próprio
INCT estabeleceu um laboratório para
investigação
eletrosiológica
de
correlatos
da
equivalência
de
estímulos,
que
está
em
seu
primeiro
ano
de
vida
e
dando
seus
primeiros
passos
(e.g.
Bortoloti, Pimentel, & de Rose, 2014).
P
ara
nalizar
,
acredito que
este
livro seja
uma
etapa
da trajetória
do
ECCE
que
continua,
esperamos,
com
mais
ênfase
no
progresso
tecnológico, integrado à pesquisa básica, retroagindo sobre ela e com uma
conguração de pesquisa cada vez mais aberta à multidisciplinaridade.
R
EFER
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T
eoria
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molduras
relacionais
e
possíveis
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DI – R
evista de Deciência I
ntelectual, 3,
10-15
.
Gimenes,
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Y
ork,
NY
:
Plenum.
C
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B
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. N
ew Y
ork, NY
: Alfred A. Knopf
.
470
471
S
OBR
E
O
LIVRO
F
ormato
16X23cm
T
ipologia
Adobe Garamond P
ro
P
apel
P
olén soft 85g/m2 (miolo)
Cartão Supr
emo 250g/m2 (capa)
Acabamento
Grampeado e colado
T
iragem
500
Catalogação
T
elma Jaqueline Dias S
ilveira
N
ormalização
S
onia F
austino do Nascimento
Capa
Edevaldo D. Santos
Diagramação
Edevaldo D. Santos
2014
Impressão e acabamento
Marília - SP