Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0039/2022
Processo Nº 23038.001838/2022-11
FELIPE PINTO SIMÃO
Pré-Vestibulares Populares em
Universidades Públicas no
Estado de São Paulo
contexto histórico e atuação
PRÉ-VESTIBULARES POPULARES EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
FELIPE PINTO SIMÃO
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PRÉ-VESTIBULARES POPULARES EM UNIVERSIDADES
PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO:
CONTEXTO HISTÓRICO E ATUAÇÃO
FELIPE PINTO SIMÃO
FELIPE PINTO SIMÃO
PRÉ-VESTIBULARES POPULARES EM UNIVERSIDADES
PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO:
CONTEXTO HISTÓRICO E ATUAÇÃO
Marília/Ocina Universitária
São Paulo/Cultura Acadêmica
2024
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS – FFC
UNESP - campus de Marília
Diretora: Dra. Claudia Regina Mosca Giroto
Vice-Diretora: Dra. Ana Claudia Vieira Cardoso
Conselho Editorial
Mariângela Spotti Lopes Fujita (Presidente)
Célia Maria Giacheti
Cláudia Regina Mosca Giroto
Edvaldo Soares
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Marcelo Fernandes de Oliveira
Marcos Antonio Alves
Neusa Maria Dal Ri
Renato Geraldi (Assessor Técnico)
Rosane Michelli de Castro
Conselho do Programa de Pós-Graduação em Educação -
UNESP/Marília
Henrique Tahan Novaes
Aila Narene Dahwache Criado Rocha
Alonso Bezerra de Carvalho
Ana Clara Bortoleto Nery
Claudia da Mota Daros Parente
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto
Daniela Nogueira de Moraes Garcia
Pedro Angelo Pagni
Auxílio Nº 0039/2022, Processo Nº 23038.001838/2022-11, Programa PROEX/CAPES
Parecerista: Silvana Fernandes Lopes (Unesp/São José do Rio Preto)
Capa: Imagem gratuita Pixabay
Ficha catalográca
___________________________________________________________________________________
Simão, Felipe Pinto.
S588p Pré-vestibulares populares em universidades públicas no estado de São Paulo: contexto
histórico e atuação / Felipe Pinto Simão. – Marília : Ocina Universitária ; São Paulo :
Cultura Acadêmica, 2024.
151 p. : il.
CAPES
Inclui bibliograa
ISBN 978-65-5954-537-7 (Impresso)
ISBN 978-65-5954-538-4 (Digital)
DOI: https://doi.org/10.36311/2024.978-65-5954-538-4
1. Inclusão em educação. 2. Universidades e faculdades. 3. Educação. 4. Políticas públicas.
I. Título.
CDD 378.105
___________________________________________________________________________________
Catalogação: André Sávio Craveiro Bueno – CRB 8/8211
Copyright © 2024, Faculdade de Filosoa e Ciências
Editora aliada:
Cultura Acadêmica é selo editorial da Editora UNESP
Ocina Universitária é selo editorial da UNESP - Campus de Marília
Dedico este trabalho a todos os professores e
alunos de pré-vestibulares populares que lutam
pelo direito de acesso ao Ensino Superior.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAAPB - Associação Atlética Acadêmica Pereira Barreto
BDTD - Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
CAFB - Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica CAOC - Centro Acadêmico
Oswaldo Cruz
CAPE - Centro de Apoio Popular Estudantil
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAUM
- Cursinho Alternativo da UNESP de Marília
CAVC - Centro Acadêmico Visconde de Cairu CEBA - Centro de Estudos
Brasil-África
CIUNI - Cursinho Institucional UNIFESP Diadema CODAE - Coordenação de
Atividades de Extensão CONJUVE - Conselho Nacional da Juventude
CPFDRP - Cursinho Popular da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto CPP -
Cursinho Popular de Pirassununga
CPPU - Cursinho Popular Pimentas UNIFESP
CRUB - Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras CUCA - Curso
Unicado do Campus de Araraquara
DACA - Diretório Acadêmico Prof. Carlos Aldrovandi DCE - Diretório Central
dos Estudantes
EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
EJA – Educação de Jovens e Adultos
ELL - Escola de Engenharia de Lorena EMP – Escola Municipal Prossionalizante
EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental
EMEFEI – Escola Municipal de Ensino Fundamental e Infantil
ENCEJA - Exame Nacional para Certicação de Competências de Jovens e
Adultos ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio
EPUFABC – Escola Preparatória da UFABC
FAAC - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação FADAP – Faculdade de
Direito da Alta Paulista
FCA UNESP - Faculdade de Ciências Agronômicas FCA UNICAMP- Faculdade
de Ciências Aplicadas FCAT - Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas
FCAV - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária
FCFRP - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto FCT - Faculdade
de Ciências e Tecnologia
FEA - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade FEB - Faculdade
de Engenharia de Bauru
FEG - Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá FEIS - Faculdade de Engenharia
de Ilha solteira
FEUSP – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo FFLCH -
Faculdade de Filosoa, Letras e Ciências Humanas FMRP - Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto
FMZ - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
FORPROEX - Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de
Educação Superior Brasileiras
FUNAP - Fundação Nacional de Amparo ao Preso FUNCAMP - Fundação de
Desenvolvimento da UNICAMP IA – Instituto de Artes
IAG - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas IBGE –
Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística
IBILCE - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas IDEB - Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica IFES – Instituições Federais de Ensino
Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira IP
– Instituto de Psicologia
IQ - Instituto de Química
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MACVEST - Marie Curie
Vestibulares
MEC – Ministério da Educação MINC – Ministério da Cultura
MSU – Movimento dos Sem Universidade ONG - Organização não
Governamental
PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PNE – Plano
Nacional de Educação
PPIs – Pretos, Pardos e Indígenas
PPVUSP - Programa Preparatório para o Vestibular da USP PRCEU - Pró-reitoria
de Cultura e Extensão Universitária
PROCEC - Pró-reitoria de Extensão e Cultura PROEC - Pró-Reitoria de Extensão
e Cultura PROEX – Pró-reitoria de Extensão Universitária
PROEXT - Programa de Fomento à Extensão Universitária PROUNI – Programa
Universidade para Todos
RENEX – Rede Nacional de Extensão
SESP - Secretaria Estadual de Segurança Pública SESU - Secretaria de Ensino
Superior
SEU - Serviço de Extensão Universitária
SINTUFRJ – Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ SRVEBP
- Sistema de Reserva de Vagas para Educação Básica Pública SIS - Síntese de
Indicadores Sociais
SISU - Sistema de Seleção Unicada
STU – Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP UFABC – Universidade
Federal do ABC
UFSCar – Universidade Federal de São Carlos
UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNICAMP –
Universidade de Campinas
UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo USP – Universidade de São Paulo
Sumário
Apresentação............................................................................................11
Capítulo 1 - Pré-Vestibulares Populares no Estado de São Paulo:Produção
Acadêmica................................................................................................21
Capítulo 2 - Extensão Universitária no Brasil...........................................39
Capítulo 3 - Pré-Vestibulares Populares em Universidades Públicas no
Estado de São Paulo.................................................................................53
Capítulo 4 - Análise dos Pré-Vestibulares Populares em Universidades
Públicas no Estado de São Paulo.............................................................115
Considerações Finais...............................................................................129
Referências.............................................................................................133
11
APRESENTAÇÃO
Este livro - resultado de uma pesquisa de mestrado - foi motivado pelo
envolvimento e participação do pesquisador com três diferentes pré-vestibu-
lares populares da UNESP: um enquanto aluno na cidade de Botucatu (São
Paulo), e os outros dois, como professor voluntário nas cidades de Assis (São
Paulo) e em Botucatu, sendo que nessa última atuei durante todo o período
do mestrado (2018-2020). A ideia de utilizar os pré-vestibulares populares
como tema principal de pesquisa se deu justamente por conta dessas duas
experiências distintas, de aluno e professor, que me proporcionaram impor-
tantes momentos de reexão sobre a importância que projetos como esse têm
para pessoas socioeconomicamente desfavorecidas, que almejam o Ensino
Superior mas não possuem condições nanceiras para arcar com os altos cus-
tos de um pré-vestibular particular.
Assim, tendo delimitado o tema norteador da pesquisa, iniciei o levan-
tamento bibliográco e encontrei na literatura uma escassez de informações
sobre esses cursinhos no estado de São Paulo, fato que motivou a existência
desta pesquisa, que busca responder à um problema central: qual o atual ce-
nário dos pré-vestibulares populares que desenvolvem atividades em parcerias
com as Universidades públicas no estado de São Paulo?
Buscando responder a tal questionamento, apresento a seguir o re-
sultado de uma pesquisa de natureza bibliográca e documental que teve
como objeto de estudo pré-vestibulares populares que desenvolvem ativida-
des em parcerias com Universidades públicas no estado de São Paulo. Essas
informações também possibilitaram reetir sobre qual o caráter social das
Universidades analisadas a partir de uma vertente que busca a inserção de
uma população que historicamente foi marginalizada desses espaços.
Vale destacar que a demanda para ingressar em um curso preparatório
pré-vestibular e, consequentemente, ingressar no Ensino Superior é reexo de
12
um cenário que se intensicou após a expansão da Educação Básica no país,
a partir da década de 1950. Como resultado, assistimos a uma ampliação de
vagas principalmente no Ensino Superior privado e a uma sosticação dos
mecanismos de controle de acesso ao Ensino Superior público (CASTRO,
2011). Essa demanda aumentou, também, a relação candidato-vaga nos ves-
tibulares das instituições públicas, resultando num expressivo contingente de
jovens egressos do Ensino Médio – principalmente público – que não tinha
sucesso em ingressar no Ensino Superior assim que concluíam sua formação
básica, tendo, portanto, que recorrer aos cursinhos pré- vestibulares popula-
res para se preparar novamente para o (s) vestibular (es).
Este cenário fortaleceu o desenvolvimento de várias iniciativas so-
ciais pela defesa do ensino público e inclusão no Ensino Superior, como o
Movimento dos Sem Universidade (MSU), os cursinhos pré-vestibulares
populares, as propostas de alteração do sistema de ingresso, entre outras
(MOEHLECKE e CATANI, 2006).
Conforme produção acadêmica sobre o tema, os cursinhos pré-vesti-
bulares populares são iniciativas sem ns lucrativos, que contam com a par-
ticipação de instituições religiosas, associações comunitárias, Universidades,
estudantes egressos desses mesmos cursos, professores, entre outros atores
sociais (ZAGO, 2009). A proposta comum a todos os cursinhos populares
é a democratização do acesso ao Ensino Superior para uma população que
historicamente sofreu um processo de exclusão deste espaço, principalmente
a população negra, pessoas de baixa renda e egressos de escolas públicas.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNAD Contínua), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geograa
e Estatística (IBGE), entre 2016 e 2017, a taxa de frequência escolar líquida
ao Ensino Superior era 23,2% para pessoas de 18 a 24 anos. Desses, a porcen-
tagem de pessoas de cor branca foi de 32,9%, enquanto que as de pessoas de
cor preta ou parda foi de 16,7%, ou seja, metade da taxa para pessoas de cor
branca. Vale ressaltar que elevar as taxas de matrícula é um dos objetivos do
Plano Nacional de Educação (PNE - 2014-2024) - especicamente a Meta
12- que traz em seu texto:
Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cin-
quenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da
13
população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a quali-
dade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das
novas matrículas, no segmento público (BRASIL, 2014, p.41).
Observa-se que para as pessoas de cor branca, essa meta já foi alcan-
çada, porém, para as de cor preta ou parda, há uma grande necessidade de
políticas de incentivo ao Ensino Superior. Para tanto, o PNE aponta uma
série de estratégias para aumentar as taxas de matrícula no Ensino Superior,
das quais, destacamos: a ampliação de vagas em Universidades públicas
(Estratégia 12.2); ampliação das políticas de inclusão e de assistência estu-
dantil (Estratégia 12.5); ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento
ao Estudante do Ensino Superior (FIES), e do Programa Universidade para
Todos (PROUNI), os benefícios destinados à concessão de nanciamento
(Estratégia 12.20); e ampliar a participação proporcional de grupos histori-
camente desfavorecidos na educação superior, inclusive mediante a adoção
de políticas armativas, especialmente na forma da Lei nº 12.711, de 29 de
agosto de 2012, e Decreto nº 7.824/2012 (Plano Nacional de Educação,
2014, p.41, grifo nosso).
A reserva de cotas em Instituições de Ensino Superior (IES) federais
(Lei nº 12.711) tem sido fundamental para diversicar o perl de aluno nas
Universidades públicas do país, visto que em 2012 o número de matrículas
de alunos PPI (pretos, pardos e indígenas) em Universidades públicas au-
mentou vertiginosamente. De acordo com os dados da Sinopse Estatística
da Educação Superior, disponibilizada pelo INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2012, haviam 328.975
alunos PPI matriculados em instituições de Ensino Superior públicas, destes,
82.052 eram pretos, 242.797 pardos e 4.126 indígenas; já em seu último es-
tudo (2018), o número total de matrículas passou para 855.810 matrículas,
das quais 195.875 são de alunos pretos, 644.485 pardos e 15.450 indígenas,
o que representou um aumento de aproximadamente 160%. É notável que
tais políticas têm alcançando um impacto positivo, mas há ainda um longo
caminho a ser percorrido para que a meta do PNE seja alcançada, e mais do
que isso, para que se possa atingir uma sociedade onde todos – independen-
temente da cor, raça e classe social – tenham acesso à uma educação pública
e de qualidade (INEP, 2018).
14
Nesse contexto, de luta por inclusão, diversos cursinhos pré-vestibula-
res alternativos e populares têm trabalhado para que pessoas historicamente
desfavorecidas tenham a oportunidade de ingressar em uma Universidade –
principalmente pública. O papel social desempenhado por tais cursinhos está
intimamente ligado à questão das cotas em IES, visto que o público alvo destes
cursinhos é, em sua maioria, jovens que estudam ou estudaram integralmente
em escolas da rede pública, e que podem utilizar do sistema de cotas e o SISU
(Sistema de Seleção Unicada) para ingressarem no Ensino Superior. De acor-
do com o CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude), jovem é o sujeito
com idade compreendida entre os 15 e 29 anos, ainda que a noção de juven-
tude não seja estabelecida meramente com o recorte etário, uma vez que tam-
bém devem ser admitidas condições sócio-histórica-culturais como formadoras
de uma juventude diversa (BRASIL, 2012). Enquanto categoria sociológica, a
juventude pode ser caracterizada por um grupo de indivíduos que comparti-
lha experiências de uma mesma geração em um momento especíco da vida
(MANNHEIM, 1968). Já para Weller (2010), essa categoria sociológica tam-
bém pode ser comparada à outra categoria de análise, a situação de classe:
A situação de classe e a situação geracional tem em comum a limitação
desses indivíduos a um determinado campo de ação e de acontecimentos
possíveis, produzindo uma forma especíca de viver e de pensar, uma for-
ma especíca de intervir no processo histórico (WELLER, 2020, p.211).
No caso dos cursos pré-vestibulares populares, a situação de classe dos
jovens é fortemente marcada e percebida por meio dos próprios processos
seletivos, que utilizam critérios como baixa renda per capita para formar seu
grupo de alunos. Tal critério merece destaque, principalmente quando anali-
samos o número de jovens de baixa renda que têm acesso ao Ensino Superior.
De acordo com os dados apresentados pela pesquisa “Síntese de Indicadores
Sociais” (SIS), em 2019, apenas 7,4% dos jovens (entre 18 e 24 anos) com
os menores rendimentos da população estavam cursando o Ensino Superior,
contra 63,2% dos jovens desse grupo de idade com os maiores rendimentos,
ou seja, um percentual 8,5 vezes menor (IBGE, 2019).
O impacto desses números também pode ser notado nas aspirações
dos jovens que frequentam os cursinhos populares, uma vez que almejam
15
no Ensino Superior prossões que lhes permitiriam uma ascensão social e
econômica (NASCIMENTO, 2009). Dessa forma, os pré-vestibulares popu-
lares permitem que grupos de jovens que compartilham as mesmas experiên-
cias, realidades e aspirações, tenham a oportunidade de ingressar no Ensino
Superior, atenuando, em partes, essa desigualdade social.
No estado de São Paulo, os cursinhos populares tiveram sua gênese
na década de 1950. O primeiro cursinho desse tipo surgiu por iniciativa de
alunos da Faculdade Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), e tive-
ram sua grande expansão nos anos de 1990. A principal razão apontada por
Salles (2002) é a de que nesse mesmo período a educação aparece como um
dos principais instrumentos para impulsionar o desenvolvimento econômi-
co-social no Brasil e nos países subdesenvolvidos em geral, de maneira que se
reduzissem as desigualdades e superassem as condições de pobreza extrema
presentes na sociedade.
Todavia, nesse mesmo período o acesso ao Ensino Superior pertencia ma-
joritariamente às classes mais elevadas que detinham melhores condições eco-
nômicas para arcar com os custos de pré-vestibulares privados. Para Whitaker
(2010), é nesse contexto sociológico, marcado por um sistema de estraticação
por classes sociais que os cursinhos populares devem ser situados:
Durante mais de meio século, os cursinhos caríssimos, com seus professores
carismáticos, garantiam a trajetória das elites na direção dos cursos e pro-
ssões de status elevado. Mas ao nal do século XX, em meio ao alvoroço
democratizante provocado pelos movimentos sociais, pela criação de ações
armativas e pela luta contra a exclusão e o racismo, surgiram os primeiros
cursinhos populares, criados pelo idealismo das ONGs e/ ou pela chegada
dos partidos de esquerda ao poder (WHITAKER, 2010, p. 293-294)
A partir da década de 1990, quando passaram a ser frequentemente
instituídos no âmbito da Universidade pública, os cursinhos surgem como
oposição às lógicas de exclusão, elitização e mercantilização da educação, não
estando preocupados somente com a simples reprodução dos conteúdos exi-
gidos pelos vestibulares, mas sim com a formação crítica-social de seus alunos.
Assim, desde os anos 2000 observa-se uma mudança nas ações destes
pré-vestibulares, que passaram a contribuir diretamente e efetivamente para
16
a organização de frentes e debates que objetivam a democratização dos usos
da cidade e fortalecem a participação social em diferentes campos de ação,
inclusive no aparelho de Estado (CASTRO, 2011). Para Santos (2006), o
grande desao dos cursinhos pré-vestibulares populares é assegurar o direito
constitucional à escolaridade básica de qualidade à medida que precisam,
também, garantir condições efetivas de acesso, permanência e produtividade
acadêmica a seus alunos, futuros graduandos.
Além de se constituírem como um importante movimento de enfren-
tamento às desigualdades sociais no acesso ao Ensino Superior por possibili-
tarem a milhares de alunos egressos da rede pública de ensino e em menores
condições socioeconômicas a oportunidade de ingressarem nas mais diversas
Universidades do país, os cursinhos também possibilitam uma melhor for-
mação pedagógica aos seus docentes. Para Moraes (2006), os cursinhos são
espaços que permitem a exploração em espaços, funções e responsabilidades
que as instituições regulares de ensino, geralmente, não permitem:
Os professores deliberam sobre os rumos pedagógicos e organizacionais,
assumem responsabilidades no âmbito de coordenação - fazendo parte
do grupo coordenador ou como coordenadores de suas áreas de atuação -
compartilham com seus pares seus anseios e propõem soluções, havendo
negociações de processos, conteúdos e dinâmicas. [...] Constitui espaços
que proporcionam aos professores a expressão de suas compreensões sobre
o ensino e matéria que lecionam, a reexão sobre tais compreensões, res-
signicação do ensino e redenição de estratégias de ensino e de repertó-
rio representacional para ensinar (MORAES, 2006, p.164-165)
Zago (2009), ao discutir o fato dos cursinhos serem coordenados e te-
rem suas aulas ministradas por diferentes atores sociais, que não raro também
pertencem à centros acadêmicos e/ou à movimentos sociais, aponta para a
existência de discussões acerca da Universidade pública que também permite
aos alunos o contato com uma visão crítica do ambiente universitário.
Atualmente, os cursinhos populares são encontrados em todos os esta-
dos do país, sendo oferecidos por diferentes instituições. Dentre essas, há as
prefeituras municipais, Universidades públicas e particulares, Organizações
não Governamentais (ONGs), diretórios acadêmicos das Universidades, as-
sociações de bairros, sindicatos e igrejas (WHITAKER et al., 2008).
17
Em relação ao estado de São Paulo, as três Universidades estaduais
(UNESP, UNICAMP e USP) contam com cursinhos em suas unidades, sen-
do que somente a UNESP possui 31 núcleos e oferece mais de 5200 vagas.
Além dessas instituições, há também três Universidades federais: UNIFESP,
UFSCar e UFABC. A UNIFESP conta com 05 núcleos de pré-vestibular po-
pular, ao passo que a UFSCar possui 04. A UFABC, por sua vez, conta com
um grande programa denominado “Escola Preparatória”, presente em todos
os campi. Assim como um cursinho pré-vestibular, a “Escola Preparatória
busca promover o acesso das comunidades populares da região do ABC ao
Ensino Superior de qualidade, oferecendo um cursinho gratuito preparatório
para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), utilizado na seleção de
alunos para a UFABC.
Durante o delineamento desta pesquisa o pesquisador notou que, em-
bora existam inúmeras unidades de pré-vestibulares ligadas às instituições
públicas, há uma carência de informações a respeito dos mesmos. Embora
esse modelo de pré-vestibular tenha se consolidado ao longo dos anos, com
cada vez mais vagas ofertadas e mais alunos ingressando em Universidades,
há no momento grande diculdade de encontrar dados ociais que permitam
identicar o funcionamento dos mesmos ao longo dos últimos anos. Apesar
de Nascimento (2013), Camargo (2009) e Oliveira (2013) terem contribuí-
do com estudos sobre a temática dos cursinhos populares no estado de São
Paulo, suas pesquisas foram voltadas para um estudo sobre determinado cur-
sinho ou até mesmo sobre uma Universidade em especíco. Diante disto,
qual seria o atual cenário dos pré-vestibulares populares que desenvolvem ati-
vidades em parcerias com as Universidades públicas no estado de São Paulo?
Para responder a tal questionamento, busquei identicar as ativi-
dades realizadas pelos cursinhos pré-vestibulares populares presentes em
Universidades públicas no estado de São Paulo. Os cursinhos foram ana-
lisados com o intuito de vericar quais recursos, parcerias público-privado
e objetivos político-pedagógicos norteiam suas atividades, o que nos deu o
alicerce necessário para responder ao questionamento principal.
Com uma pesquisa de natureza bibliográca e documental, investiga-
mos o funcionamento e as atividades desenvolvidas pelos cursinhos pré-vesti-
bulares populares no estado de São Paulo, ligados às Universidades públicas,
18
buscando informações referentes ao número de vagas disponibilizadas, ao
número de professores (discentes) e docentes participantes, ao número de
bolsas de estudos e o número de egressos aprovados nos vestibulares das
Universidades públicas e particulares, além de identicar as parcerias realiza-
das entre os cursinhos e diferentes entidades públicas e/ou privadas.
No “Capítulo 1”, apresentamos um levantamento sobre teses e disser-
tações que versam sobre cursinhos pré-vestibulares populares no estado de
São Paulo. Optamos por fundamentar o capítulo com uma pesquisa do tipo
estado da arte”, uma vez que essa oferece o subsídio necessário para com-
preender possíveis pontos de convergência e divergência, lacunas, generaliza-
ções e perspectivas para futuras pesquisas (FREITAS, 2013).
As buscas ocorreram por meio de palavras-chaves em bancos de dados
eletrônicos que possuem teses e dissertações. Ao todo, foram selecionados e
analisados 29 trabalhos, sendo 26 dissertações e 03 teses. Para melhor com-
preensão do material, as teses e dissertações foram agrupadas em três (03)
grandes eixos temáticos, denidos a partir das tendências de temas abordados
dentro das pesquisas: 1) cursinhos populares e os movimentos sociais; 2) prá-
ticas pedagógicas e formação de professores; e 3) trajetória e identidade dos
alunos de cursinhos populares.
No capítulo 2, são apresentadas as principais Leis e os Decretos que pos-
sibilitaram o desenvolvimento da extensão universitária tal como a conhece-
mos hoje. A construção do capítulo está fundamentada em um levantamento
bibliográco que teve como foco documentos normativo-legais que possibili-
taram o surgimento e o desenvolvimento das políticas de extensão universitá-
ria. O objetivo é, também, compreender qual o caráter social da Universidade
a partir de uma vertente que busca a socialização do conhecimento. Para
tanto, as análises partem do referencial teórico de Paulo Freire, em sua obra
“Comunicação ou Extensão?” (2015), assim como em Boaventura de Sousa
Santos, com sua obra “A Universidade do século XXI” (2011).
No capítulo 3, há uma breve contextualização das Universidades pú-
blicas no estado de São Paulo, bem como os resultados do levantamento
que possibilitaram identicar os cursinhos pré-vestibulares populares que de-
senvolvem atividades nas respectivas Universidades. Para tanto, o capítulo
fundamenta-se em uma pesquisa bibliográca e de análise documental. A
19
coleta de dados foi realizada através do contato via e-mail com os cursinhos
presentes em Universidades públicas no estado de São Paulo, bem como às
pró-reitorias de extensão universitária que mantém um vínculo institucional
com estes. O levantamento e análise de editais de seleção para alunos cursis-
tas, assim como demais informações públicas divulgadas em páginas ociais
dos cursinhos (blog, Facebook, websites, entre outros) também possibilita-
ram ao pesquisador atingir os objetivos desta pesquisa.
No capítulo 4, apresento uma análise dos 64 pré-vestibulares popu-
lares identicados durante o levantamento. As discussões baseiam-se nos
principais dados numéricos apresentados no capítulo anterior e permitem
compreender aproximações e distinções entre os cursinhos das Universidades
federais e estaduais, além de lançar luz à suas contribuições e limitações.
Posto isto, espero que a pesquisa contribua cienticamente com este
movimento dos pré-vestibulares populares, sobretudo em relação ao papel
social das Universidades por meio de suas associações com estes no estado de
São Paulo.
20
21
CAPÍTULO 1
PRÉVESTIBULARES POPULARES NO
ESTADO DE SÃO PAULO:PRODUÇÃO
ACADÊMICA
Para este capítulo, apresento uma análise de teses e dissertações que
versam sobre experiências desenvolvidas por cursinhos pré-vestibulares po-
pulares no estado de São Paulo. Para tanto, realizei uma pesquisa do tipo
“Estado da Arte”, uma vez que essa oferece o subsídio necessário para com-
preender possíveis pontos de convergência e divergência, lacunas, generaliza-
ções e perspectivas para futuras pesquisas (FREITAS, 2013). Como recorte,
foram selecionadas teses e dissertações que possuíam como objeto de estudo
cursinhos pré-vestibulares populares que realizam (ou realizavam) atividades
no estado de São Paulo. Considerando que o público- alvo destes são alunos
ou ex-alunos da rede pública de ensino, o recorte foi denido com intuito
de possibilitar uma melhor análise sobre o contexto político-social que esses
cursinhos vêm compartilhando.
As buscas ocorreram em bancos de dados eletrônicos que possuem teses
e dissertações. Entre os disponíveis, optamos por utilizar a Biblioteca Digital
Brasileira de(BDTD), e as bibliotecas virtuais das Universidades públicas
no estado de São Paulo (USP, UNESP, UNICAMP, UFSCar, UNIFESP e
UFABC). Para selecionar o material, foram denidas as seguintes palavras-
-chave: “cursinho”; “cursinho pré-vestibular”; “curso pré-vestibular”; “cursinho
popular”; “cursinho comunitário” e “cursinho alternativo
A coleta do material deste levantamento ocorreu em dois momentos:
março de 2018, e março de 2019. No período analisado, foram selecionados
um total de 29 trabalhos, sendo 26 dissertações e 3 teses. Vale destacar que
22
utilizando apenas a BDTD como acervo de busca, a pesquisa retornou um
total de 41 produções no país. Nota-se, portanto, que o estado de São Paulo
concentra a maior parte das produções acadêmicas sobre o tema. Segundo
Almeida (2016) e Castro (2005), além de São Paulo, Rio de Janeiro tam-
bém aparece como um dos estados que mais produziu material de pesquisa
acadêmica sobre cursinhos populares. Para esses autores, as produções são
decorrências desses dois estados possuírem, também, o maior número de cur-
sos pré-vestibulares populares, sobretudo os cursos agremiados
1
na forma de
núcleos ou redes de cursinhos (ALMEIDA, 2016, p. 35).
A seleção do corpus da pesquisa ocorreu a partir das leituras do título,
resumo e palavras-chave. Posteriormente, os trabalhos foram lidos na íntegra
e as análises proporcionaram a organização das teses e dissertações em três (3)
grandes eixos temáticos, denidos a partir das tendências de temas abordados
dentro das pesquisas: 1) cursinhos populares e os movimentos sociais; 2) prá-
ticas pedagógicas e formação de professores; e 3) trajetória e identidade dos
alunos de cursinhos populares.
A construção do primeiro eixo “cursinhos populares e os movimentos
sociais” foi guiada por teses e dissertações que apresentam discussões que
possibilitam a compreensão e categorização dos cursinhos populares enquan-
to um movimento mais amplo, tendo em comum pautas que lutam pelo
acesso ao Ensino Superior de qualidade para todos, o que inclui políticas de
cotas, isenção de taxas de vestibular por critérios socioeconômicos e/ou para
alunos da rede pública, etc. Compõem esse eixo a tese de Castro (2011) e as
dissertações de Bacchetto (2003), Castro (2005), Camargo (2009), Oliveira
(2013) e Custódio (2014).
O segundo eixo “práticas pedagógicas e formação de professores” inclui
teses e dissertações que apresentam atividades desenvolvidas em cursinhos
populares, em especial as que contribuem com a formação política de alunos
e professores, característica fundamental dessas iniciativas. Além disso, o eixo
também abarca produções que evidenciam como tais práticas possibilitam
uma melhor formação inicial de professores. Compõem o eixo temático a
1
Unidades de atuação dos cursinhos, visto que algumas iniciativas possuem
desdobramentos” que que resultam em mais de uma unidade na mesma cidade ou fora
dela. Podem ser identicados ocialmente com um único nome (formando redes ou
polos), ou com nomes distintos (formando núcleos).
23
tese de Batalha (2018) e as dissertações de Santos (2002), Ruedas (2005),
Moraes (2006), Mendes (2006), Vitorino (2009), Modro (2009), Piunti
(2009), Borges (2011), Nascimento (2013), Carvalho (2014), Tangerino
(2018) e Casaut (2019).
Já o terceiro e último eixo, “trajetória e identidade dos alunos de cur-
sinhos populares”, é composto por teses e dissertações que, além de analisa-
rem a origem econômica e social desses alunos, abordam questões relativas as
suas trajetórias enquanto universitários. Compõem o eixo as teses de Bonaldi
(2015) e Tarábola (2015), e as dissertações de Bonm (2003), Santos (2006),
Valeriano (2006), Saotti (2008), Nascimento (2009), Souza (2009), Corrêa
(2011) e Siqueira (2012).
Classicação da produção acadêmica sobre os pré-vestibulares
Populares, Alternativos e/ou Comunitários em eixos temáticos
A sistematização da produção apontou para um acúmulo de estudos
em nível de mestrado (89%), além da tendência das pesquisas se voltarem
para análises e discussões que versam sobre a identidade e a trajetória dos
alunos que compõem os cursinhos populares, fato que resultou na origem do
maior eixo temático deste capítulo.
Em síntese, a produção acadêmica também permite caracterizar os
pré-vestibulares populares como importantes articuladores e mediadores de
ações que repercutem em diferentes campos, tais como: políticas públicas;
extensão universitária; ações armativas; permanência estudantil; lutas an-
ti-racistas; movimentos sociais; práticas de ensino; formação de professores;
sociologia; psicologia, linguística; etc. Importante ressaltar que apesar de te-
rem sua gênese há mais de 60 anos, os cursinhos populares ainda constituem
uma inesgotável fonte de estudo, à medida que vêm se desenvolvendo em
sintonia com as demandas sociais, o que possibilita novos olhares sobre suas
ações políticas.
Cursinhos populares e os movimentos sociais
No estado de São Paulo, Bacchetto (2003) foi o precursor dos estu-
dos sobre cursinhos pré-vestibulares alternativos. Em sua dissertação, o autor
24
pesquisou os cursinhos alternativos no município de São Paulo entre 1991 e
2000, entendendo estes enquanto movimentos sociais que lutam pela igual-
dade e democratização do acesso ao Ensino Superior. Entre as contribuições
desse movimento, o autor destaca “a luta pela isenção da taxa de inscrição, a
reserva de vagas para alunos da rede pública, ações armativas para garantir o
acesso da população negra, a gratuidade do ENEM e o ingresso como alunos
especiais nas públicas” (BACCHETTO, 2003, p.116).
Castro (2005), por sua vez, apresenta em sua pesquisa de mestrado a
análise de cursinhos alternativos e populares enquanto movimentos territo-
riais que lutam pelo acesso ao Ensino Superior quando “operam interesses
das classes populares, disputam espaços nos lugares de decisão e contribuem
para que a agenda da democratização do acesso ao ensino público gratuito
seja uma luta de toda a sociedade” (CASTRO, 2005, p. 99).
Outras importantes contribuições do autor para a temática foram
apresentadas em sua tese de doutorado, realizada pela UNICAMP em 2011.
Nessa nova pesquisa, novos entendimentos sobre os cursinhos populares e al-
ternativos são apresentados a partir de diferentes práxis relatadas. Entretanto,
para este momento, destacamos a seguinte análise:
O movimento de cursinhos alternativos e populares é um movimento
socioespacial urbano e popular porque procura também realizar uma de-
manda das classes populares por acesso ao conhecimento e tem no espa-
ço urbano seu lugar privilegiado de ação e de luta para tornar o espaço
da Universidade um lugar mais plural e democrático, ou seja, tem como
pauta questões estritamente urbanas, como: educação, Universidade e de-
mocracia (CASTRO, 2011, p.191).
Camargo (2009), em sua dissertação, corrobora com o conceito de
Castro (2005) ao entender os cursinhos populares como um movimento ter-
ritorial. Utilizando-se como referencial empírico da pesquisa o programa de
cursinhos pré-vestibulares da UNESP, a autora aponta para uma tendência
desses cursinhos virem a se tornar uma política social de ação armativa, em
âmbito nacional. Para Camargo (2009), isso seria possível mediante diretrizes
vindas da união, ou por ações isoladas, de cursinhos que poderiam atingir
todo o país (CAMARGO, 2009, p.92).
25
Oliveira (2013), utilizando como referencial a redemocratização do país,
utiliza uma abordagem que discute cidadania e sociedade civil organizada para
caracterizar os cursinhos populares como um “novo movimento social”:
Os cursinhos populares constituem, a nosso ver, movimentos que se vin-
culam a um amplo repertório de ações anti-capitalistas e contestatórias
ao modelo neoliberal, difusamente referidos como “novos movimentos
sociais”. Constituem processos de reação às práticas educacionais neoli-
berais de mercantilização do ensino e manutenção da desigualdade no
acesso, inclusive, aos direitos constitucionais. Embora heterogêneos e di-
fusos, tais movimentos vêm se rmando como referências de lutas seto-
riais (OLIVEIRA, 2013, p.85).
Baseando seus estudos de análise de discurso - particularmente na ca-
tegoria do interdiscurso - Custódio (2014) caracterizou, em sua dissertação,
por meio de experiências realizadas em cursinhos populares, o processo de
emergência do discurso dos Sem Universidade no Brasil (MSU). Apesar de
não ser um movimento com atuação restrita aos cursinhos populares, o MSU
– surgido no contexto político nacional no ano de 2001 - trouxe para o ce-
nário da luta a democratização do acesso à Universidade pública (CASTRO,
2005). Por exemplo, no ano de 2002, o MSU conseguiu apoio do poder
municipal de São Paulo para os projetos de cursinhos populares, localizados
nas periferias da cidade. Segundo o autor, o movimento também teve um
importante papel na criação de um sistema público de bolsas de estudos, o
que depois se chamaria PROUNI.
Práticas pedagógicas e formação de professores
Buscando compreender como ocorre a orientação prossional em cur-
sos pré- vestibulares, Santos (2002) analisa quais são as práticas desenvolvi-
das e, em que medida há correspondência entre elas e os modelos teóricos.
Para alcançar seus objetivos, o autor colheu de depoimentos de prossionais
da área da psicologia que atuavam em cursinhos particulares (comerciais) e
populares – especicamente, o EDUCAFRO. Dentre os aspectos históricos
analisados, pode-se perceber a orientação prossional como uma prática ain-
da não institucional nos cursinhos, pois os serviços de orientação ainda se
26
encontram em processo de criação e inclusão. Segundo o autor, tal fato pode
ser entendido pela criação de novas unidades e instituições que ampliam cada
vez mais esse “modelo escola”. Santos (2002) também discute que essa am-
pliação pode ser representada, principalmente, pelos cursinhos populares que
ganham espaço e oferecem uma ação em resposta a exclusão de uma parte da
sociedade dos espaços universitários.
Ruedas (2005), em seu estudo de caso sobre o Cursinho Popular de
Jandira (SP), apresenta em sua dissertação análises que permitem identicar
de forma mais clara o perl de um cursinho popular. Nesse sentido, com base
nas ações de pesquisa levadas a cabo, a autora destaca: a inserção de alunos
e professores numa gestão cooperativa e representativa; um currículo e aulas
diferenciadas e voltadas para o enriquecimento cultural e social; ações volta-
das para a comunidade e atividades extraclasse com intuito de promover a
cultura e o lazer.
A autora revela, também, que um cursinho popular é capaz de levar o jo-
vem a constituir uma identidade marcada pela autoestima, com ampliação de suas
referências para a ação, seja por meio da conquista de uma vaga na Universidade,
ou por investimento em outros projetos de vida (RUEDAS, 2005, p. 214).
Moraes (2006), em sua pesquisa de mestrado que trata da investigação
do processo de aprendizagem da docência pelos professores de um cursinho
pré-vestibular popular da UFSCar, objetivou identicar as concepções dos
participantes sobre eventos de sala de aula e práticas pedagógicas, além das
mudanças que efetuaram a partir dessa análise. Segundo a autora, os profes-
sores do cursinho envolvem-se em espaços que extrapolam o âmbito da sala
de aula, pois além de lidarem com os meandros que envolvem o início da
experiência docente e o ato de ensinar, precisam, também, participar ativa-
mente da gestão e organização que caracterizam o projeto.
Além disso, Moraes (2006) destaca outros elementos que contribuem
para o repensar da prática docente e sua consequente ressignicação: os si-
mulados; a experiência como monitor anterior à de professor, a relação pro-
fessor/monitor, a relação professor/professor especialista; as reuniões peda-
gógicas, dentre outros. Importante destacar que os professores ressaltaram as
aprendizagens advindas das reuniões pedagógicas, e da experiência docente
no cursinho, como as mais relevantes para eles.
27
Mendes (2006), realizando um estudo de caso sobre o Cursinho
Popular Chico Mendes/Rede Emancipa na Grande São Paulo, evidencia em
sua dissertação algumas divergências sobre a prática docente dentre os pro-
fessores do cursinho. Segundo o autor, muitos dos professores de cursinhos
populares encaram sua atuação não como um trabalho voluntário, mas sim
enquanto uma militância coletiva para transformar determinada realidade.
Se esta é a visão de alguns professores, ou pelo conjunto de pessoas que cons-
troem o projeto de um cursinho popular, a implicação é de o projeto ser
compatível com a lógica segregadora da Universidade, ou se serve para ques-
tioná-la (MENDES, 2006, p.47).
Partindo da Sociologia da Educação, Vitorino (2009) investiga em sua
dissertação a proposta antirracista do cursinho para negros e alunos socioe-
conomicamente desfavorecidos da ONG FONTE (Araraquara/SP) - Frente
Organizada para a Temática Étnico-Racial. Para tanto, observa a dialética entre
racismo e antirracismo no Brasil, além de investigar as noções sobre o negro e
cultura negra por parte da equipe de professores e coordenadores do cursinho.
Tendo recebido verba pelo programa “Diversidade na Universidade”,
executado pelo Ministério da Educação (MEC), o cursinho relata ter desen-
volvido com seus professores um intenso processo de formação em relação à
temática étnico-racial e a diversidade. Como resultado, o autor observou ati-
vidades político-pedagógicas no combate ao racismo, e a valorização da cul-
tura negra não se limitou à sala de aula. Nesse sentido, arma que a educação
antirracista desenvolvida pelo cursinho possibilita compreender as formas de
luta dos grupos marginalizados contra a exclusão no sistema educacional.
Modro (2009) apresenta em sua dissertação uma análise dos meca-
nismos apropriados por alunos de um cursinho pré-vestibular popular da
UFSCar (São Carlos/SP), como forma de acesso à “cultura letrada de pres-
tígio”. O tema abordado pelo pesquisador permite-nos avaliar e (re)pensar
questões referentes ao exame do vestibular, principalmente por questionar
práticas e protocolos utilizados enquanto correção de redações e provas dis-
sertativas, que originam novos ltros de seleção por parte daqueles que não
dominam a “cultura de prestígio”.
Partindo do pressuposto de que nos cursinhos pré-vestibulares popula-
res são desencadeados diversos processos educativos, Piunti (2009) apresenta
28
em sua dissertação quais as aprendizagens envolvidas no “Cursinho Prodam
(São Carlos/SP). Como resultado, a autora observou que as aprendizagens no
contexto do cursinho ultrapassam o esperado para os vestibulares:
O que percebemos é que tem muita coisa acontecendo num espaço inter-
geracional, que reúne jovens e adultos, compreende um multiculturalis-
mo, a baixa renda é uma constante e as expectativas de mudança de vida
são muito altas. E não era objetivo do cursinho fazer as pessoas “sonha-
rem”, ser uma “terapia” para elas. Percebemos, que ao serem instrumenta-
lizadas (tem a ver com socialização secundária) estas pessoas transformam
a própria vida e dão a ela novos sentidos (tem a ver com humanização)
(PIUNTI, 2009, p. 104).
Borges (2011) apresenta em sua dissertação uma análise do conhe-
cimento prévio sobre matemática (em especíco expressões que envolvem
letras e números) explicitadas por jovens e adultos de cursinho popular de
Ribeirão Preto (SP). Entendendo esse espaço de ensino como “não formal”,
a autora constata que a possibilidade de discussão com o grupo, bem como
uma mediação dialógica (comum em discursos de cursinhos populares), pos-
sibilita aos estudantes uma (re)organização de conceitos “equivocados”, ou
não tão bem “adquiridos” durante a passagem pela escola formal.
Nascimento (2013), ao analisar os cursinhos pré-vestibulares presentes
em diversos campus UNESP, observa a participação discente como um cam-
po de estágio para adquirir experiência, além de possibilitar o ingresso destes
no mercado de trabalho. Contudo, alguns dos projetos pesquisados têm a vi-
são de um campo que serviria para os discentes atuarem politicamente, pen-
sando na transformação social com base nas teorias freireanas ou marxistas.
Carvalho (2014), por sua vez, apresenta uma crítica ao modelo de ensino-
aprendizagem do cursinho popular da UNESP de Franca. Segundo o autor,
durante o “Fórum dos Cursinhos Populares da região de Ribeirão Preto”, em
2010, os professores mostraram não se preocupar apenas com o conteúdo e
aprovações em vestibular. Entretanto, conversas realizadas com alunos e ex-
-alunos para ns da pesquisa comprovaram o oposto: no que tange à compa-
ração com o modelo pedagógico libertário, faltam propostas de atuação que
contrariem a lógica diagnosticada, tal como a união entre trabalho produtivo
e o processo de ensino-aprendizagem (CARVALHO, 2014, p.112).
29
Em sua dissertação, Tangerino (2018) oferece a problematização po-
lítico-pedagógica da experiência docente no cursinho popular “Florestan
Fernandes” (São Paulo – SP). Tendo como foco principal o ensino de Filosoa,
a autora discute a importância de posicionar o aluno como interlocutor vá-
lido no protagonismo do debate losóco, e que mais do que pensar nas
aprovações dos vestibulares, os cursinhos populares vêm atuando no resgate
do compromisso político por parte dos professores, e com outras expressões
subjetivas do direito à educação (TANGERINO, 2018).
Batalha (2018), que defendeu sua tese no Programa de Pós-Graduação
em Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Londrina, teve como
objeto de estudo alunos de um cursinho popular de Itu – SP. Apoiando-se
em uma investigação descritivo-analítica qualitativa de natureza etnográca,
a autora buscou compreender, a partir de animações produzidas pelos alunos
do cursinho, as estruturas pilares dos processos interacionais escolares. Em
termos gerais, surgiram proposições e referências de alguns dos problemas-
chave dos processos de ensino-aprendizagem, e encaminhamentos pedagógi-
cos mais otimizados.
Casaut (2019), apresenta em sua dissertação de mestrado uma análise
sobre os cursinhos populares da UNESP a m de identicar aproximações e
distanciamentos entre suas atividades, público-alvo, infraestrutura, etc. Para
o autor, os cursinhos da UNESP adotam diversas ações que possibilitam o de-
senvolvimento crítico de seus alunos, como palestras e oferecimento de mini-
cursos informativos, eventos que abordam temas sociais e políticos etc. Além
disso, as práticas analisadas buscam uma preparação mais adequada para os
vestibulares aos alunos mais socioeconomicamente desfavorecidos e egressos
da rede pública de ensino por meio da apropriação de práticas utilizadas
historicamente pelas elites no locus denominado cursinhos pré-vestibulares.
Trajetória e identidade de alunos de cursinhos populares
Bonm (2003) analisa em sua dissertação a visão de um grupo de
ex-alunos, alunos e colaboradores sobre o impacto do “Centro de Apoio
Popular Estudantil” (CAPE), um curso pré-vestibular de Ribeirão Preto (SP).
Durante as entrevistas semiestruturadas, a autora questionou os alunos so-
bre o que representava o cursinho para a família desses, e uma das respostas
30
mais frequentes era que essas, por serem oriundas de camadas mais pobres da
sociedade, não compreendiam o que signicava o acesso ao Ensino Superior,
mas que apoiavam a iniciativa por compartilharem os sonhos dos lhos. Já para
os alunos que conseguiram ingressar, restava apenas o incentivo para que seus
irmãos zessem o mesmo, o que, segundo Bonm (2003), indica que o CAPE
representava a chance de mudança na trajetória de algumas famílias. Apenas
um dos entrevistados citou o fato de que para sua família, o fato de ingressar
no cursinho signicava a possibilidade de, por meio da educação, ter acesso a
uma situação econômica um pouco mais tranquila (BONFIM, 2003, p. 117)
Santos (2006), visando a oferecer elementos que contribuíssem para
uma melhor compreensão da inclusão de ex-alunos de um cursinho pré-ves-
tibular popular do Instituto de Psicologia da USP, examinou a continuidade
destes enquanto universitários entre os anos de 2004 e 2005. Além disso, o
estudo também se propôs a compreender o papel desses cursinhos no proces-
so de formação da identidade prossional:
Existem indícios sucientes para armar que o cursinho pré-vestibular
pode se tornar um espaço transicional de desenvolvimento, permitindo
que o indivíduo se aproprie de atribuições transitórias como espaço de
experimentação e ao mesmo tempo internalize o sentimento de pertença
a um grupo, condições fundamentais para o desenvolvimento do projeto
de vida (SANTOS, 2006, p.84).
Também no ano de 2006, Valeriano apresentou em sua dissertação
análises das motivações e aspirações de alunos pertencentes aos cursos de
pré-vestibular da ONG EDUCAFRO. Fundamentando suas discussões nos
mecanismos de inclusão e exclusão da população negra e economicamente
desfavorecida no Ensino Superior, a autora apresenta a ONG por uma pers-
pectiva de educação cidadã, que privilegia a conscientização da população
negra sobre os problemas a que está sujeita na sociedade brasileira, principal-
mente tendo em vista o racismo estrutural.
Além da revisão bibliográca, Valeriano (2006) optou por uma abor-
dagem qualitativa, utilizando como instrumento entrevistas e questionário –
esse, voltado apenas aos alunos do núcleo da ONG em São João Clímaco (São
Paulo). Ao todo, responderam ao questionário 45 alunos. Para a entrevista,
31
a autora contou com a participação de 6 professores e 11 coordenadores, sen-
do entre os entrevistados está o Frei David, fundador da ONG. A pesquisa
constatou que os alunos do pré-vestibular buscam na ONG uma alternativa
que possibilite o ingresso no Ensino Superior, e consequentemente, melhores
condições de ingressarem no mercado de trabalho. Entretanto, apesar de com-
preender a importância do Ensino Superior como um processo de mudança
social, a autora pontua que também é necessário entendermos que o diploma
universitário não é condição suciente para a eliminação da desigualdade racial
e social, sobretudo da população negra. Em vista disso, defende um modelo de
Universidade que seja adequado à realidade do aluno brasileiro.
Saotti (2008), partindo de relatos de alunos no plantão psicológi-
co, discute em sua dissertação as crises e transformações psicossociais por
que passaram estudantes de um cursinho popular de São Paulo. Partindo do
próprio material institucional de divulgação, que dizia promover a inclusão
social e promover o acesso à cultura, à informação e à cidadania, o autor apre-
senta a questão que norteou toda a pesquisa: qual é, de fato, a contribuição
de um cursinho popular a alunos de baixa renda?
Para o autor, ao selecionarem os alunos por critérios socioeconômicos
(incluso o fato do ensino básico público), os cursinhos populares constroem
um grupo com tantas características em comum, que criam condições que fa-
cilitam a aproximação das pessoas e o desenvolvimento de um sentimento de
grupo, essencial para os depoentes da pesquisa. Nesse sentido, o autor revela:
A possibilidade de apropriação do conhecimento e da reexão enquanto
elementos presentes num espaço de pertencimento, tal como vivenciada
pelos alunos entrevistados, permitiu o desenvolvimento da aprendizagem
a partir de uma esfera de compreensão do conteúdo em que ocorreu a tes-
situra de relações entre este processo e a experiência pessoal (SAFFIOTTI,
2008, p.171).
Nascimento (2009), em sua dissertação, apresenta os motivos que le-
vam jovens de camadas populares a aspirarem pela educação superior. Diante
dos resultados, conclui que a aspiração desses jovens estudantes dos cursinhos
pré-vestibulares populares e alternativos sinaliza o exercício de uma prossão
que lhes permita uma ascensão econômica e social. Em outras palavras, elas
32
evidenciam uma demanda desses jovens em se diferenciarem de seus pares,
num movimento de contraposição ao controle social exercido pelas institui-
ções sociais. Importante destacar, também, que para os alunos entrevistados,
o fato de ter aulas dentro de uma Universidade pública contribui no sentido
de tornar mais concreta a sua aspiração à educação superior.
No mesmo ano, Souza (2009) tem como centro de interesse em sua
dissertação os cursinhos pré-vestibulares populares que se multiplicaram no
Brasil a partir dos anos 1990. A proposta se sustenta na indagação sobre a
atual situação social dos indivíduos que passaram por estes cursinhos, ultra-
passaram as barreiras do vestibular, vivenciaram os cursos de graduação e
estão, hoje, atuando como prossionais diplomados.
O estudo permitiu apreender a maneira como os destinos sociais são
fabricados e de que forma as histórias (familiares, escolares, residenciais) de
cada indivíduo revela o campo de possibilidades escolares e sociais. Tal qual
discutiu Saotti (2008), o sentimento de pertencimento também é abor-
dado pela autora, mas em um sentido oposto. Para Souza (2009), os jovens
egressos de cursinho pré-vestibular popular enfrentam um sentimento de não
pertencimento em relação à Universidade pública, que pode ser traduzido
pelo modo como sentem as disparidades sociais com as quais são confronta-
dos no meio universitário.
Corrêa (2011) teve como objetivo analisar as trajetórias de ex-alunos
do curso pré- vestibular popular Herbert de Souza (Campinas-SP), que in-
gressaram em Universidades. Por meio de entrevistas, observou que o ingres-
so desses sujeitos nas Universidades não põe m a lutas e conitos. Entre
os problemas mais enfrentados pelos alunos, a autora destaca as condições
socioeconômicas desfavoráveis e as práticas pedagógicas dos professores em
relação aos colegas de classes sociais mais abastadas.
Siqueira (2012) apresenta em sua pesquisa de mestrado uma análise de
processos que possibilitam o acesso ao Ensino Superior para alunos do ensino
público. Para tanto, utiliza como objeto de estudo um cursinho pré-vestibular
popular”. Aplicando conceitos teóricos de Pierre Bourdieu, a autora discute
mecanismos que podem ocasionar a classicação/reclassicação social. Além
disso, suas leituras sobre Bernard Lahire permitiram identicar a inuência
familiar na formação dos jovens, apresentando importantes contribuições
33
para entender as reais inuências que levaram os jovens ao “sucesso escolar”.
Bonaldi (2015), por meio de uma inserção etnográca, realizou em sua
tese o acompanhamento longitudinal das trajetórias de jovens que passam por
um cursinho popular, com o intuito de delinear e de compreender os me-
canismos e os processos responsáveis pela produção de chances desiguais de
acesso às Instituições de Ensino Superior mais prestigiadas do estado de São
Paulo. Suas análises tornaram possível observar que a passagem pelo cursinho
contribuiu para orientar esses jovens em uma direção na qual potencialidades,
inscritas nesses jovens por suas experiências pregressas, poderão ser plenamente
acionadas e efetivadas. Além disso, o autor também destaca a dimensão políti-
ca do cursinho, evidenciando que diferentes dinâmicas interacionais, reetidas
não somente nas diferentes trajetórias de ingresso no Ensino Superior, como
também na eventual reprodução, por parte de alguns estudantes, das visões
de mundo e das disposições políticas projetadas pelos professores do cursinho,
garantem a contínua reprodução da iniciativa (BOLNALDI, 2015).
Tarábola (2015), em sua tese de doutorado, teve por objetivo reetir
sobre o processo de constituição de nove jovens estudantes ingressantes em
diferentes cursos da Universidade de São Paulo em 2014, egressos de escolas
públicas e participantes do cursinho ofertado pelo Programa Preparatório
para o Vestibular da USP (PPVUSP) em 2013. Segundo o autor, a questão
da origem social dos alunos pesquisados foi caracterizada pela tensão entre
hierarquia e igualdade, pelo jogo entre verticalidade e horizontalidade. Nesse
sentido, esses estudantes pareciam estar mais próximos à aspiração de trata-
mento igualitário e de armação de sua autonomia do que dispostos a man-
terem um contexto marcado por uma desigualdade supostamente natural e
situações de dependência.
Cursinhos populares, comunitários ou alternativos?
Um ponto que merece atenção na análise das teses e dissertações é a im-
precisão dos termos utilizados para denominar os cursinhos pré-vestibulares
populares”, “comunitários” e “alternativos”. A ambiguidade gerada por essas
variações - que, em alguns casos, aparecem como sinônimos – pode resultar
na perda de identidade e história que deram origem a tais ações, principal-
mente quando nos referimos aos “cursinhos populares”.
34
Em visto disso, recorri à análise de produções que versam sobre uma
denição conceitual desses termos para melhor compreender a atuação de
cada um dos cursinhos pré-vestibulares. Em relação aos cursinhos “alterna-
tivos”, as análises de Bacchetto (2003) permitem denir estes como sendo
voltados para uma camada mais pobre da população, e, exatamente por esse
motivo, oferecem um curso preparatório de baixo custo - quando compara-
dos à cursinhos pré-vestibulares comerciais. Além disso, apesar dos profes-
sores e coordenadores desses cursinhos serem voluntários, há aqueles que,
também, podem receber uma remuneração ou até mesmo, possuir vínculo
empregatício (o que não ocorre em cursinhos populares). E, por m, há uma
preocupação com a formação político-social dos alunos, o que decorreria me-
diante um currículo diferenciado:
Vários cursinhos adotaram disciplinas que abordam conteúdos inexistentes
nos vestibulares [...]. Essas disciplinas têm por objetivo a conscientização
dos estudantes, podendo ser sobre questões presentes na sociedade, sobre
os direitos humanos, sobre sua condição de vida e os fatores que a determi-
nam; mas também trazem elementos para a ampliação do horizonte cultural
do aluno, como a apresentação de lmes, idas ao teatro; ou mesmo procu-
ram desenvolver no aluno sua autonomia e meios para que possa participar
mais ativamente da sociedade (BACCHETTO, 2003, p. 148).
Castro (2011) também apresenta uma importante denição sobre os
cursinhos alternativos em sua tese de doutorado:
Consideramos cursinhos alternativos experiências de cursinhos que se
realizam no interior das Universidades e são oriundas da prática do movi-
mento estudantil. Muitas dessas experiências têm se transformado em po-
líticas de extensão universitária. Outro exemplo de cursinhos alternativos
são as políticas públicas de governos municipais e estaduais que organi-
zam cursinhos preparatórios para a população de baixa renda (CASTRO,
2011, p. 156).
Já em sua dissertação, o autor esclarece que os cursinhos populares
tiveram sua gênese a partir dos cursinhos pré-vestibulares alternativos, o que
se deu a partir de quatro momentos distintos, a saber:
35
O primeiro momento agrega os Cursinhos do Grêmio da Faculdade
Politécnica da USP e do Centro Acadêmico Armando Sales de Oliveira, o
CAASO, na USP de São Carlos, surgidos na década de 1950. [...] O segun-
do momento [...] foi o período de vinte e um anos de ditadura militar no
Brasil (1964-85). [...]. A contribuição da Teologia da Libertação (chamada
ala esquerda” da Igreja Católica) foi de vital importância na composição
da identidade dos Cursinhos Populares, os quais são pautados na prática
da solidariedade e da organização social. [...] Já o terceiro momento de for-
mação dos Cursinhos Populares está expresso no período que vai do nal
dos anos de 1980 até os dias de hoje. [...] o período também se caracterizou
pela disseminação das práticas do que se convencionou chamar “novíssimos
movimentos sociais” e das experiências de Cursinhos Pré-Vestibulares nas
Universidades públicas, originados das iniciativas de estudantes e de suas
representações; Por m, o quarto momento é o encontro (do ponto de vista
da assimilação das experiências) dos três momentos anteriores e, ao mesmo
tempo, um retorno à prática e ao método da educação popular no Brasil.
É a partir desse encontro que podemos falar em Cursinhos Populares até
porque, anteriormente, eles estavam localizados majoritariamente no inte-
rior dos campi universitários ou em administrações municipais de caráter
progressista (CASTRO, 2005, p.14-15, grifo nosso).
Ainda que Castro (2005) tenha estipulado quatro períodos para expli-
car a origem dos cursinhos populares, não há na literatura um consenso sobre
qual foi a primeira experiência realizada. Para Bacchetto (2003), o primeiro
cursinho popular teria surgido na Bahia, com a Cooperativa Educacional
Steve Biko, em 1992. Entretanto, o estudo de Corrêa (2011) sobre os cursi-
nhos populares do Rio de Janeiro aponta que houve experiências anteriores
a essa, tal como o Centro de Estudos Brasil-África (CEBA), na cidade de
São Gonçalo (RJ), que em 1976 deu origem ao primeiro pré-vestibular vol-
tado para jovens negros; e o da “Universidade para Trabalhadores” (da atual
SINTUFRJ) desenvolvido em 1986.
Todavia, nota-se que tendo como referencial o histórico de formação e
ação dos mais diferentes cursinhos alternativos, Castro (2005) passa a concei-
tuar os cursinhos populares de acordo com o local de atuação, agentes sociais
organizadores e público-alvo, que deveria “ser os economicamente excluídos,
os quais majoritariamente ocupam os bancos das escolas públicas de ensino
fundamental e médio” (CASTRO, 2005, p.22).
36
Segundo aponta Castro, (2005, 2011) os cursinhos populares diferem-se
dos alternativos por uma questão espacial. Enquanto que os populares passa-
ram a atuar nas periferias das cidades a partir da década de 1980, os alternativos
mantiveram-se ou no interior dos campus universitários, ou em localizações
que já limitavam a participação de uma parcela mais pobre da sociedade.
Apesar de aparentar ser uma questão estritamente geográca, as con-
sequências são diversas. Por exemplo, ao saírem do meio universitário, os
cursinhos populares passaram a não depender de políticas de extensão das
Universidades para seu funcionamento, o que representa, também, uma
maior autonomia. Além disso, esse distanciamento possibilitou o atendimen-
to a uma população que se encontra marginalizada da sociedade. Por sua
vez, os alternativos estariam limitados a política sociais e educacionais que
possibilitam sua existência, tais como os programas de extensão universitária
ou parcerias com governos municipais e estaduais.
Para Mendes (2011), as distinções ultrapassam questões geográcas, e
tangenciam motivos ideológicos, pedagógicos, econômicos e sociais:
Alguns se intitulam como “cursinhos alternativos”, frisando a distinção
com os cursinhos convencionais. Esta distinção pode dar-se tanto no as-
pecto econômico (mensalidades reduzidas ou ausentes), quanto no aspec-
to ético- político (valores de cooperação ao invés de competição, relação
professor aluno horizontal, disciplinas que busquem debates políticos,
dentre outras). A denominação “cursinho comunitário”, que tem força
especialmente na região metropolitana do Rio de Janeiro, tem vínculo
com o movimento das comunidades urbanas ou favelas, orientadas pela
identidade com o movimento comunitário. O termo “cursinho popular”,
por sua vez, é utilizado seja para frisar o espaço em que se desenvolvem
estas experiências (a periferia urbana como espaço popular), seja por uma
identidade de classe (um cursinho organizado pelas e/ou para as classes
populares) ou por identicar- se com os princípios pedagógicos da edu-
cação popular.
O termo “cursinho popular”, por sua vez, é utilizado seja para frisar o
espaço em que se desenvolvem estas experiências (a periferia urbana como
espaço popular), seja por uma identidade de classe (um cursinho orga-
nizado pelas e/ou para as classes populares) ou por identicar-se com os
princípios pedagógicos da educação popular (MENDES, 2011, p. 43-44).
37
Para esta pesquisa, deno como “cursinho popular” todas as experiên-
cias de cursos pré-vestibulares que desenvolvem atividades em parceria com as
Universidades públicas do estado de São Paulo, voltadas a (ex) alunos da rede
pública de ensino e que objetivam democratizar o acesso ao Ensino Superior
por meio de aulas gratuitas. Contudo, saliento que existem diferenças quanto
a suas atuações políticas, pedagógicas, sociais e espaciais, que permitiriam
uma outra denominação para essas experiências. Mas, por uma delimitação
de estudo, não serão objeto de análise e, por isso, serão todas denominadas
de “populares”.
38
39
CAPÍTULO 2
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO BRASIL
O termo “Extensão” aparece na legislação educacional pela primeira
vez em 1931, no Estatuto das Universidades Brasileiras (SOUSA, 2010), e no
Decreto nº. 19.851/31, no qual se lê que “a extensão universitária será efeti-
vada por meio de cursos e conferências de caráter educacional ou utilitário
(BRASIL, 1931). Nota-se que, inicialmente, não havia o envolvimento dire-
to com a sociedade, cando a extensão limitada apenas à divulgação de pes-
quisas direcionadas para uma população mais instruída (GADOTTI, 2017).
Apenas no início da década de 1960, com o fortalecimento do movi-
mento estudantil durante o golpe militar, é que a extensão passa a ser discu-
tida com a intenção de conscientizar as classes populares sobre seus direitos
(GADOTI, 2017). Entretanto, como pontua Sousa (2010), a extensão con-
solida-se entre as décadas de 1960 e 1970 – ápice do regime militar - como
uma política assistencialista, sendo utilizada pelo Estado como “instrumento
ideológico de grande potencial”, o que lhe conferiu um caráter salvacionista
e integracionista.
Em decorrência disso, surgem, na década de 1970, as primeiras expe-
riências de políticas de extensão para as Universidades brasileiras. Um dos
principais acontecimentos que fomentou as discussões sobre as políticas ex-
tensionistas ocorreu em 1966, com a fundação do “Conselho de Reitores das
Universidades Brasileiras” (CRUB). Trata-se de uma entidade que, além de
promover o intercâmbio e a cooperação entre as Universidades brasileiras,
também foi responsável por nanciar importantes relatórios com o objetivo
de avaliar as atividades de extensão no país, como por exemplo, o trabalho
de Maria Molina de Garcia em 1968 - um dos documentos mais completos
sobre o tema à época (SOUSA, 2010).
40
A Reforma Universitária de 1968 (Lei nº 5.540/68) também foi fun-
damental para o estabelecimento das políticas de extensão, principalmente
por ser a primeira lei a raticar a presença da extensão nas Universidades,
entendendo que essas e as demais instituições de Ensino Superior “estende-
rão à comunidade, sob forma de cursos e serviços especiais, as atividades de
ensino e os resultados da pesquisa que lhe são inerentes” (BRASIL, 1968).
Entretanto, tais mudanças não foram sentidas na prática:
Mesmo com a promulgação da Lei 5.540, que veio regulamentar as propostas
da Reforma Universitária, não se percebem mudanças nessa prática. A obriga-
toriedade da Extensão, que a Lei de 1968 armou, na verdade não trouxe ne-
nhum acréscimo ou grandes alterações sobre as atividades que já aconteciam.
O que ocorreu foi que a atividade extensionista já existente passou a assumir
uma face sistemática a partir do advento desta Lei (SOUSA, 2010, p. 96).
De todo modo, com a lei em vigor, a extensão passou a ser objeto
de estudos e debates ao longo da década de 1970, que, em suma, levanta-
vam questões de caráter conceitual e referentes à instrumentalização dessas
práticas (LEONIDIO, 2017). Dentre esses, destaca-se o seminário realizado
em Fortaleza (CE) no ano de 1972, que resultou na denição das Diretrizes
da Extensão Universitária. Nesse seminário, foi estabelecido que a exten-
são, aliada ao ensino e pesquisa, constituiria o tripé sobre o qual se rma a
Universidade (NOGUEIRA, 2003).
É nesse contexto que o Ministério da Educação e Cultura (MEC), e
o então Ministério do Interior, criam a Comissão Mista CRUTAC/MEC
- Campus Avançado/MINTER, responsável por atuar no fortalecimento e
institucionalização da extensão universitária. Uma das principais propos-
tas dessa comissão ocorreu em 1974, quando foi criada a “Coordenação de
Atividades de Extensão” – CODAE, responsável pela elaboração do “Plano
de Trabalho da Extensão Universitária”, instituído no mesmo ano de funda-
ção da Coordenação (FORPROEX, 2012).
Pautando-se na Lei nº. 5.540/68, o Plano Nacional de Trabalho deniu
e estabeleceu limites mais claros em relação à extensão, entendendo-a como:
[...] a forma através da qual a instituição de Ensino Superior estende sua
área de atendimento as organizações, outras instituições e populações de
41
um modo geral, delas recebendo um inuxo no sentido de retroalimen-
tação dos demais componentes, ou seja, o ensino e a pesquisa (BRASIL.
MEC/DAU, 1975 apud GURGEL, 1986, p. 139).
Com a formulação do documento, as instituições de educação superior
passaram a ter uma orientação que legitimava as práticas de extensão, o que
possibilitou uma base que deu início à estruturação de mecanismos coorde-
nadores de extensão, tais como as Pró-reitorias, Decanatos, Coordenações ou
Departamentos, que foram estimulados fortemente pela CODAE (ROCHA,
1995). Além disso, a formulação ampliou o rol de atividades de extensão à
comunidade, o que se deu por meio de oferecimento de cursos, serviços,
difusão cultural, comunicação de resultados de pesquisas e projetos de ação
comunitária (GADOTI, 2017).
Para Sousa (2010), o MEC pretendia, com esse Plano, resgatar a sua
função de formulador de política educacional para o Ensino Superior, uma
vez que sob o comando do governo militar, a extensão era direcionada pelo
ideal de segurança e desenvolvimento nacional, desvinculada do planejamen-
to dos departamentos e das unidades acadêmicas.
Com a extinção da CODAE, em 1979, as Universidades perdem seu
interlocutor para assuntos de extensão no âmbito do MEC até 1993, quando
é instituído o “Programa de Fomento à Extensão Universitária” (PROEXTE).
Nesse ínterim, é formado o “Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras” (FORPROEX
2
), criado em 1987, tendo
como fundamento conceitos, princípios e diretrizes presentes nas discussões
sobre extensão, que vinham ocorrendo em diversas regiões do país. Em seu
primeiro encontro, um novo conceito de extensão foi acordado:
A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e cientíco que
articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação
transformadora entre Universidade e Sociedade. A Extensão é uma via de
mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que en-
contrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da praxis de um co-
nhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes
trarão um aprendizado que, submetido à reexão teórica, será acrescido
2
Atualmente “Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação
Superior Brasileiras”.
42
àquele conhecimento. Esse uxo, que estabelece a troca de saberes siste-
matizados, acadêmico e popular, terá como consequências a produção do
conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional,
a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da
comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora des-
te processo dialético de teoria/ prática, a Extensão é um trabalho interdisci-
plinar que favorece a visão integrada do social (FORPROEX, 1987, p.11).
Dessa vez, sob a inuência das ideias de Paulo Freire (2015), a extensão
passa a ser denida nesse momento como ação institucional voltada para o
atendimento das organizações e populações, quando são valorizados os sabe-
res acadêmicos e populares. Nessa perspectiva, as camadas populares ocupam
papel central no desenvolvimento da ação extensionista, deixando de ser o
objeto para se tornarem o sujeito da ação, o que representa um marco em
relação ao entendimento de extensão universitária construída na década an-
terior (NOGUEIRA, 2005).
Rearmando a importância da ação extensionista explicitada pelo
FORPROEX, a Constituição de 1988 apresenta, em seu artigo 207, que “as
Universidades gozam de autonomia didático-cientíca, administrativa e de
gestão nanceira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabili-
dade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). A Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, também indica que, dentre
as nalidades do Ensino Superior, está a de “promover a extensão, aberta à
participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios re-
sultantes da criação cultural e da pesquisa cientíca e tecnológica geradas na
instituição (BRASIL, 1996).
Com o avanço da institucionalização da extensão universitária, novos
progressos foram estabelecidos pelo MEC em parceria com o Fórum, des-
tacando-se, para esse momento, a criação do PROEXTE. Formulado pela
Comissão de Extensão, e aprovado em plenária durante o VII Encontro do
Fórum, o Programa foi instituído em 1993 com o propósito de nanciar ações
de extensão universitária, além de orientar como estas seriam desenvolvidas. O
Programa também era responsável por conduzir questões sobre metodologias
necessárias para a implementação de atividades extensionistas, bem como deli-
mitar novas diretrizes e objetivos para a extensão universitária no país.
43
Entretanto, após uma série de reivindicações por parte do FORPROEX
junto ao MEC, para que este mantivesse o PROEXTE, o Programa foi in-
terrompido em 1996. Em resposta, o Fórum inicia a construção do primeiro
“Plano Nacional de Extensão”, aprovado em 1998 (NOGUEIRA, 2003). Tal
como o PROEXTE, o plano foi estruturado pelo FORPROEX em parceria
com a Secretaria de Ensino Superior (SESU) do MEC, e objetivou:
1. a possibilidade de dar unidade nacional aos programas temáticos que
já se desenvolveram em diferentes Universidades brasileiras;
2. a garantia de recursos nanceiros destinados à execução de Políticas
Públicas correlatas(...);
3. o reconhecimento, pelo Poder Público, de que a Extensão Universitária
não se coloca apenas como uma atividade acadêmica, mas como uma
concepção de Universidade Cidadã5;
4. a viabilidade de interferir na solução dos grandes problemas sociais
existentes no País (FORPROEX, 2001, p. 8).
Desde então, o Plano passou a induzir a consolidação da extensão nas
Universidades em torno de uma política nacionalmente construída. Para
tanto, à exemplo do PROEXTE, o Plano também passou a orientar que
as atividades de extensão fossem institucionalizadas nas Universidades e no
MEC, e que o seu nanciamento fosse de responsabilidade governamental
(NOGUEIRA, 2003), assegurado pelo artigo 213 da Constituição Federal,
que estabelece que “as atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fo-
mento à inovação realizadas por Universidades e/ou por instituições de edu-
cação prossional e tecnológica poderão receber apoio nanceiro do Poder
Público” (BRASIL, 1988).
Avançando nessa direção, o Plano Nacional de Educação (PNE 2001-
2010), aprovado em 2001, instituiu em sua meta 23 que “no mínimo, 10% do
total de créditos exigidos para a graduação no Ensino Superior no País será re-
servado para a atuação dos estudantes em ações extensionistas” (BRASIL, 2001).
Em resposta à ampliação de novos projetos e programas de extensão – resultado
da medida instituída pelo PNE, o FORPROEX implementa, em 2001, um sis-
tema de dados e informações com o intuito de manter o cadastro atualizado das
instituições integrantes, e divulgar as experiências de extensão desenvolvidas nas
Universidades públicas: a RENEX (Rede Nacional de Extensão).
44
Tendo em vista a necessidade de possuir uma maior visibilidade por parte
da sociedade e do Governo, são criados e difundidos o Sistema de Dados e
Informação e a Rede Nacional de Extensão (RENEX), seguindo a tipologia
das ações extensionistas (em áreas temáticas), proposta no Plano Nacional
de Extensão Universitária a m de classicar e sistematizar dados favorecen-
do, assim, estudos e relatórios sobre a prática de extensão. Vale lembrar que
estas ações já eram cogitadas desde o VI FORPROEX, realizado em Santa
Maria/RS, em 1992 (SANTOS JÚNIOR, 2013, p. 95).
Desde sua implementação até os dias atuais, a Rede Nacional de
Extensão conta com um site que repassa notícias, íntegra de documentos, ca-
lendário de eventos, link com as pró- reitorias de extensão das Universidades
públicas brasileiras e com órgãos governamentais. Conforme acordo estabe-
lecido, o site é gerenciado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade
Federal de Minas Gerais (FORPROEX, 1999).
Em 2003, em um contexto marcado por mudanças políticas ocasiona-
das pela transição de governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio
Lula da Silva, a extensão universitária volta a ser discutida enquanto políti-
ca pública, passando, novamente, a contar com a possibilidade de captação
de recursos para seu desenvolvimento (RODRIGUES, 2014). Nesse senti-
do, é instituído, em 2003, o maior edital voltado à extensão universitária, o
“PROEXT” - Programa de Extensão Universitária”. Criado por meio de uma
parceria entre o MEC, o Ministério da Cultura (MINC) e o FORPROEX,
o Programa (tal qual o extinto PROEXTE) possuía como objetivo principal
destinar recursos aos projetos de extensão das instituições de Ensino Superior
(INCROCCI e ANDRADE, 2018).
De início, o nanciamento aos projetos não era realizado via edital,
mas sim por cadastro de projetos no Ministério da Educação (INCROCCI
e ANDRADE, 2018), sendo estes voltados exclusivamente às Universidades
federais. Apenas a partir de 2005 é que as demais Universidades públicas
também começaram a ter direito ao nanciamento, sendo que, em ambos
os casos, as Universidades deveriam apresentar propostas dentro das áreas ou
temas denidos pelo MEC.
Regulamentado somente em 2008 - por meio do Decreto nº.
6.495/2008 (BRASIL, 2008), o Programa apresentava como objetivos:
45
- centralizar e racionalizar as ações de apoio à extensão universitária desen-
volvidas no âmbito do Ministério da Educação;
- dotar as instituições públicas de Ensino Superior de melhores condições
de gestão das atividades acadêmicas de extensão, permitindo planejamen-
to de longo prazo;
- potencializar e ampliar os patamares de qualidade das ações de extensão,
projetando-as para a sociedade e contribuindo para o alcance da missão
das instituições públicas de Ensino Superior;
- fomentar programas e projetos de extensão que contribuam para o for-
talecimento de políticas públicas;
- estimular o desenvolvimento social e o espírito crítico dos estudantes,
bem como a atuação prossional pautada na cidadania e na função social
da educação superior;
- contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira por meio
do contato direto dos estudantes com realidades concretas e da troca de
saberes acadêmicos e populares;
- propiciar a democratização e difusão do conhecimento acadêmico; e VIII
- fomentar o estreitamento dos vínculos entre as instituições de Ensino
Superior e as comunidades populares do entorno (BRASIL, 2008).
Observa-se que há uma preocupação para que as atividades nanciadas
pelo PROEXT permitam a interação da Universidade com a sociedade, visto
que esse contato pode contribuir para o desenvolvimento crítico dos estudan-
tes, e para a melhoria da qualidade da educação.
Em seu primeiro edital – divulgado em 2009 – foram 414 projetos sub-
metidos e aprovados em todo o território brasileiro, e seis anos depois, em
2015, se atingiu o ápice de 826 aprovações (INCROCCI; ANDRADE, 2018).
Segundo os autores, é possível observar que, entre 2003 e 2015, houve um
aumento signicativo de quase 19 vezes nos recursos disponibilizados pelo go-
verno federal para as práticas extensionistas. Entretanto, o investimento cai pela
metade entre 2015 e 2016, fato motivado pela crise política e econômica que
se instaurou no país. Como resultado, no ano de 2016 foram aprovados pelo
PROEXT apenas 328 projetos (INCROCCI e ANDRADE, 2018).
Outro ponto que merece destaque é que entre os anos de 2009 e
2010 ocorreram os XXVII e XXVIII Encontros Nacionais do Fórum de
Pró-Reitores, onde foi apresentado às Universidades públicas e à sociedade o
novo, e atual conceito de extensão universitária:
46
A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar, educativo,
cultural, cientíco e político que promove a interação transformadora entre
Universidade e outros setores da sociedade (FORPROEX, 2012, p.28).
Se comparada às concepções iniciais, percebe-se que a extensão univer-
sitária vem se (re)formulando com o propósito de acompanhar as transfor-
mações sociais, políticas e econômicas do meio em que a Universidade está
inserida. Tendo sido guiada por diferentes políticas públicas e governos, a ex-
tensão encontra-se, atualmente, pautada numa interação interdisciplinar que
favorece a troca de conhecimentos e saberes populares e cientícos, que mui-
to contribui para uma transformação social. Além disso, o fato de estar cons-
titucionalmente indissociável do ensino e da pesquisa, garante à extensão,
também, um caráter acadêmico que favorece a produção do conhecimento e
a formação de estudantes, professores e técnicos administrativos envoltos nas
ações extensionistas que promovem o desenvolvimento da sociedade em suas
dimensões humana, ética, econômica, cultural e social.
A Universidade no século XXI: extensão ou comunicação?
Ao expor em seu trabalho uma análise das crises que afetam a
Universidade pública no século XXI, Santos (2011) apresenta importantes
contribuições à temática da extensão universitária. Nesse sentido, argumenta
que o enfrentamento de tais crises deve ser pautado pela articulação entre
ensino, pesquisa, extensão e pelo papel social da Universidade.
Entre as crises apontadas pelo autor, nos deteremos à de legitimidade,
caracterizada por possuir dois principais motivos: o primeiro, se deve ao fato
de a Universidade hierarquizar saberes especializados por meio das restrições do
acesso e da credenciação das competências; e o segundo, é resultado de exigên-
cias sociais e políticas de democratização que visam à reivindicação da igual-
dade de oportunidades para os lhos das classes populares (SANTOS, 2011).
Segundo o autor, a luta pela legitimidade vai ser cada vez mais exigente,
e exatamente por esse motivo que a reforma da Universidade deve centrar-se
nela. Para tanto, apresenta cinco áreas de ação: acesso; extensão; pesquisa-
-ação; ecologia de saberes; Universidade e escola pública. Tendo em vista o
47
delineamento do capítulo deste trabalho, focalizamos, nesse momento, so-
mente a ação voltada à extensão.
Santos (2011) desenvolve a tese de que as atividades extensionistas de-
vem proporcionar uma participação ativa na construção da coesão social,
além de favorecer os princípios democráticos que fundamentam todo uma
gama de luta política e social. Para tanto, salienta que para que haja êxito, a
extensão exige cooperação intergovernamental entre, por exemplo, ministé-
rio da educação, cultura, ciência e tecnologia.
Outro ponto que merece destaque nas análises de Santos (2011) sobre
a Universidade do século XXI, refere-se às relações entre conhecimento e so-
ciedade, que vêm se alterando signicativamente a ponto de transformarem as
concepções que temos sobre ambos. Nesse sentido, apresenta que, durante o
século XX, o que prevaleceu foi um conhecimento universitário que impôs um
processo de produção relativamente descontextualizado das demandas sociais.
Entretanto, destaca-se que, ao longo da última década, houve altera-
ções que desestabilizaram esse modelo de conhecimento universitário, apon-
tando para a emergência de um outro modelo, denominado e caracterizado
por Santos (2011) como conhecimento pluriversitário:
[...] um conhecimento contextual na medida em que o princípio orga-
nizador da sua produção é a aplicação que lhe pode ser dada. Como essa
aplicação ocorre extra-muros, a iniciativa da formulação dos problemas
que se pretende resolver e a determinação dos critérios da relevância des-
tes é o resultado de uma partilha entre pesquisadores e utilizadores. É
um conhecimento transdisciplinar que, pela sua própria contextualização,
obriga a um diálogo ou confronto com outros tipos de conhecimento, o
que o torna internamente mais heterogéneo e mais adequado a ser produ-
zido em sistemas abertos menos perenes e de organização menos rígida e
hierárquica. Todas as distinções em que assenta o conhecimento universi-
tário são postas em causa pelo conhecimento pluriversitário e, no fundo, é
a própria relação entre ciência e sociedade que está em causa. A sociedade
deixa de ser um objecto das interpelações da ciência para ser ela própria
sujeita de interpelações à ciência (SANTOS, 2011, p 42).
Nota-se que o conhecimento pluriversitário mencionado por Santos
(2011), apresenta ideais que muito se aproximam da atual concepção de
48
extensão universitária brasileira, quando a execução dos conhecimentos trans-
disciplinares é voltada para a comunidade externa, o que origina uma troca de
saberes com a sociedade que deixa de ser objeto para se tornar sujeita das ações.
Buscando estabelecer uma relação entre o conhecimento pluriversitário
caracterizado por Santos (2011), e o papel social da extensão universitária
brasileira, recorremos à obra “Extensão ou Comunicação?” de Paulo Freire
(2015) para melhor compreendermos essa interação que questiona a hierar-
quia dos conhecimentos socialmente valorizados. Publicado originalmente
em 1988, o livro é resultado das análises de um processo de reforma agrária
observado por Freire no Chile, enquanto lá residia durante seu exílio político.
Suas reexões desenvolvem-se a partir do problema de comunicação entre os
técnicos agrônomos e os camponeses, os dois principais grupos envolvidos na
reforma. Tendo formação acadêmica, os agrônomos objetivavam modernizar
as técnicas de plantio e colheita dos camponeses, e, com isso, melhorar a pro-
dução. Todavia, durante esse processo, forçavam os camponeses – que tam-
bém detinham conhecimentos e técnicas de plantios, passados de forma oral
entre as gerações, a abandonarem seus conhecimentos e antigas superstições,
vistos pelos agrônomos como sem sentido diante da ciência.
Freire inicia suas análises do ponto de vista semântico da palavra “ex-
tensão”, indicando que o termo se refere à ação de “estender”, em sua regên-
cia sintática de “estender algo a” (FREIRE, 2015). Transpondo sua aplica-
bilidade para o domínio humano, o uso do termo remete à valorização de
conhecimentos e técnicas em prol do próprio desenvolvimento do homem e
do meio em que este está inserido.
Isto posto, o autor faz uma crítica ao uso da extensão universitária
quando esta é associada à uma invasão cultural, que parte do princípio de
uma hierarquização de saberes, onde o conteúdo - que reete a visão do mun-
do daqueles que o levam – pretende sobressair-se à daqueles que passivamen-
te recebem. Ou seja, quando associada às ações de “transmissão, entrega, doa-
ção, messianismo, mecanicismo, invasão cultural e manipulação”, a extensão
transforma o homem em objeto de tais ações, negando toda sua formação e a
constituição de conhecimentos autênticos (FREIRE, 2015, p.13).
Tal como é descrita pelo autor, a extensão apresenta-se como uma
ação anti-dialógica, caracterizada por este pela conquista, divisão do povo,
49
manipulação e a invasão cultural (FREIRE, 2011). A conquista, segundo o au-
tor, é impulsionada por uma elite opressora que, na busca por manter seu status
quo, transforma o conquistado em objeto, com o intuito de dicultar sua per-
cepção crítica da realidade. Já a manipulação é o instrumento de manutenção
da opressão que leva à massicação, impedindo as classes populares de pensa-
rem criticamente, pois ao pensarem, adquirem “consciência revolucionária ou
consciência de classe” (FREIRE, 2011, p. 146), que resulta na busca incessante
pela libertação. Por sua vez, a invasão cultural é resultado da atuação conjunta
das duas ações descritas: manipulação e conquista. Sendo que essa, também, é
uma forma alienante com propósitos claros de dominação cultural e econômi-
ca, que objetiva suscitar a inferioridade intrínseca nos invadidos.
De maneira oposta a essa concepção, Freire defende uma prática exten-
sionista educativa dialógica, pautada na prática da liberdade, quando há uma
troca de saberes entre educador e educando, que possibilita a compreensão
das diferentes formas do homem entender e relacionar-se com o mundo:
Daí que se torne indispensável à superação da compreensão ingênua do co-
nhecimento humano, na qual muitas vêzes nos conservamos. Ingenuidade
que se reete nas situações educativas em que o conhecimento do mundo é
tomado como algo que deve ser transferido e depositado nos educandos. Este
é um modo estático, verbalizado, de entender o conhecimento, que desconhe-
ce a confrontação com o mundo como a fonte verdadeira do conhecimento,
nas suas fases e nos seus níveis diferentes (FREIRE, 2015, p.16).
Nesse sentido, apresenta que durante o desenvolvimento dos seminá-
rios sobre a prática extensionista com os agrônomos, cou clara a diculdade
destes em compreender a base da teoria dialógica, que deveria fundamentar
suas práticas com os camponeses. A aplicabilidade de tal teoria, para a grande
maioria dos agrônomos, era inviável “na medida em que seus resultados são
lentos, duvidosos, demorados”. “Sua lentidão – dizem outros –, apesar dos
resultados que pudesse produzir, não se concilia com a premência do país no
que diz respeito ao estímulo à produtividade” (FREIRE, 2015, p. 29).
Apesar de reconhecer a importância de se enfatizar o aumento da pro-
dução, Freire (2015, p. 50) argumenta que uma prática não dialógica repre-
senta, do ponto de vista humano, “tempo perdido”:
50
que se usa em blá- blá-blá, ou em verbalismo, ou em palavreado, como
também é tempo perdido o tempo do puro ativismo, pois que ambos não
são tempos da verdadeira práxis. Não há que considerar perdido o tempo
do diálogo que, problematizando critica e, criticando, insere o homem em
sua realidade como verdadeiro sujeito de sua transformação. (FREIRE,
2015, p. 50)
Realizando um contraponto a essa extensão anti-dialógica, o autor
apresenta a comunicação guiada pela tríade pensamento-linguagem-contexto
ou realidade. Isto porque, ao contrário do valor semântico atribuído à exten-
são - o de estender um conhecimento até alguém - a comunicação permite
uma compreensão mútua entre educador e educando. Outro aspecto de igual
importância no campo da comunicação, refere-se à compreensão de termos
(signos) que devem possuir o mesmo signicado para os sujeitos que se co-
municam, caso contrário, esta se torna inviável.
Enquanto relação dialógica-comunicativa, a comunicação deve estar
fundamentada em um humanismo cientíco, que compreenda que as di-
culdades de comunicação não estão isentas dos condicionamentos sociocul-
turais, sendo, por este motivo, fundamental que a expressão verbal de um dos
sujeitos seja percebida dentro de um quadro signicativo comum ao outro
sujeito (FREIRE, 2015).
Em semelhança ao conhecimento pluriversitário discutido por Santos
(2011), as ideias explicitadas por Paulo Freire nessa obra apresentam a prá-
tica educativa-dialógica como base de um processo que questiona a hierar-
quização dos saberes, fundamental para que haja a real comunicação entre
Universidade e sociedade. Outro ponto que merece destaque é o entendi-
mento de ambos em relação ao papel do homem enquanto sujeito das ações
(universitárias/extensionistas), e não mais como um objeto que assume a po-
sição de receptáculo. Dessa forma, as aproximações entre os autores nos per-
mitem encontrar o subsídio necessário para compreendermos a importância
das ações de extensão universitária que dialoguem e construam saberes em
conjunto com a sociedade.
Assim, à medida que Santos (2011) estabelece um lugar de destaque
para a extensão na luta pela superação da crise de legitimidade vivenciada
pela Universidade, apresenta, também, importantes aspectos que limitam a
51
prática das ações extensionistas ao criar um questionamento fundamental:
de fato, ocorre uma comunicação entre Universidade e sociedade, ou apenas
uma extensão e hierarquização de conhecimentos? (FREIRE, 2015)
Quando do início da formulação da extensão universitária, é possível
armar que, de fato, as ações extensionistas não acompanhavam as demandas
da sociedade, tornando-se restritas a uma seleta classe que a utilizava apenas
como promotora de cursos e conferências de caráter educacional, tornando-se
um claro exemplo do que Freire (2015) apontava como ação anti-dialógica.
Entretanto, o atual conceito de extensão universitária já reconhece a impor-
tância da interação com a sociedade, sendo essa incentivada por um processo
interdisciplinar, educativo, cultural, cientíco e político (FORPROEX, 2012).
Destarte, à síntese dos questionamentos levantados, compreende-
mos que à luz da história, a extensão universitária vem se desenvolvendo
com o propósito de possibilitar à Universidade uma ruptura com práticas
anti-dialógicas, que apenas corroboram com a manutenção de estruturas
político-sociais.
Nesse sentido, os cursinhos pré-vestibulares populares, ligados aos pro-
jetos e programas de extensão universitária, vêm desempenhando ações que
possibilitam o desenvolvimento político-social das classes populares. Tendo
como um dos principais objetivos a inserção de alunos egressos da rede públi-
ca nas Universidades, os cursinhos desenvolvem ações que não se restringem
ao oferecimento dos estudos preparatórios, mas incluem, outrossim, propos-
tas em defesa de políticas públicas voltadas ao acesso e permanência desses
alunos no Ensino Superior, ou seja, políticas com e em prol da sociedade
(BACCHETTO, 2003). Diante do exposto, apresentaremos no capítulo se-
guinte o resultado do levantamento sobre os cursinhos pré-vestibulares po-
pulares presentes em Universidades públicas no estado de São Paulo, bem
como os principais dados numéricos que irão compor a análise sobre estes,
permitindo, em nosso ver, referenciar a extensão universitária enquanto ação
política e social das Universidades.
52
53
CAPÍTULO 3
PRÉVESTIBULARES POPULARES EM
UNIVERSIDADES PÚBLICAS NO ESTADO
DE SÃO PAULO
A análises deste capítulo fundamentam-se em uma pesquisa bibliográ-
ca e de análise documental. Embora muitas vezes essas pesquisas sejam tra-
tadas como sinônimas, Oliveira (2007) faz uma importante distinção entre
essas modalidades de pesquisa. Para a autora, a pesquisa bibliográca é uma
abordagem cientíca voltada à análise de documentos de domínio cientíco,
o que inclui livros, periódicos, ensaios críticos e artigos cientícos: “o mais
importante para quem faz opção pela pesquisa bibliográca é ter a certeza
de que as fontes a serem pesquisadas já são reconhecidamente do domínio
cientíco” (p. 69).
Posto isso, a coleta de dados objetivou reunir informações sobre: (1)
processo seletivo; (2) número de professores (discentes); (3) número de bol-
sistas; (4) número de egressos aprovados nos vestibulares de Universidades
públicas e particulares; e (5) identicar as parcerias realizadas entre os cursi-
nhos e diferentes entidades públicas e/ou privadas.
Em um primeiro momento, a coleta de dados foi realizada com um
pedido formal (via e-mail) aos cursinhos populares que desenvolvem ati-
vidades em Universidades públicas no estado de São Paulo para que esses
cedessem, de forma voluntária, as informações solicitadas. De forma geral,
os cursinhos responderam de forma positiva, cedendo além das informações
solicitadas, relatórios, artigos e planilhas que continham dados mais abran-
gentes. Posteriormente, o contato do pesquisador estendeu-se às pró-reito-
rias de extensão universitária que mantém um vínculo institucional com os
54
cursinhos pré-vestibulares, que também cederam relatórios de atividades e
planejamentos anuais.
O levantamento e análise de editais de seleção para alunos cursistas,
assim como demais informações públicas divulgadas em páginas ociais dos
cursinhos (blog, Facebook, websites, entre outros) também possibilitaram ao
pesquisador atingir os objetivos desta pesquisa. Importante ressaltar que esse
levantamento ocorreu em 2019, e por este motivo, algumas informações po-
dem não corresponder à realidade atual dos cursinhos, sobretudo, em relação
às vagas e processo seletivo.
Universidade Federal do ABC (UFABC)
A Universidade Federal do ABC (UFABC) – fundada em 2005 – pos-
sui 14.500 alunos matriculados entre cursos de graduação e pós-graduação,
sendo que deste total, 1969 ingressaram na graduação pelo SISU (UFABC,
2019). Durante o processo seletivo, os alunos optam entre o Bacharelado em
Ciências e Humanidades e o Bacharelado em Ciência e Tecnologia. O pri-
meiro possibilita a especialização em (I) Ciências Econômicas, (II) Filosoa,
(III) Planejamento Territorial, (IV) Políticas Públicas e (IV) Relações
Internacionais. Já o Bacharelado em Ciência e Tecnologia, possibilita a es-
pecialização em 18 cursos diferentes, divididos entre o bacharel (06), licen-
ciatura (04) e engenharia (08). Além da graduação, a Universidade oferece,
também, 26 cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado),
sendo: 23 mestrados acadêmicos, 03 mestrados prossionais e 13 doutora-
dos, totalizando 1.500 alunos matriculados (UFABC, 2020).
De acordo com o levantamento realizado pela Universidade em 2017
(UFABC, 2017), dos 1960 alunos que ingressaram na graduação naquele
ano, 1026 (52%) haviam frequentado algum tipo de cursinho pré-vestibular,
e dentre esses, 228 (22%) estudaram em cursinho gratuitos. Ainda sobre o
perl do ingressante, o mesmo levantamento apontou que 1048 alunos con-
cluíram o Ensino Médio na rede pública de ensino (53%) e 245 se autode-
clararam pretos ou pardos (12%). Localizada em uma região que conta com
mais de 2,6 milhões de pessoas, a UFABC oferece à comunidade projetos
de extensão e cultura de caráter educativo, social, desportivo, cultural, cien-
tíco ou tecnológico, que visam contribuir para a melhoria da qualidade de
55
vida da população e para o desenvolvimento acadêmico da UFABC. Dentre
esses projetos, destaco para essa pesquisa a “Escola Preparatória da UFABC”
(EPUFABC), o único com característica de um pré-vestibular.
“Escola Preparatória da UFABC (EPUFABC):
Tendo iniciado suas atividades em 2010, ainda como um projeto de
extensão idealizado por alunos de graduação da referida Universidade, a
EPUFABC objetiva contribuir – gratuitamente - com a formação dos alunos
do Ensino Médio da rede pública de ensino por meio de aulas de reforço,
acompanhamento pedagógico, orientação vocacional e preparação para o
ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
De acordo com o Prof. Dr. Leonardo José Steil, Pró-reitor de Extensão e
Cultura e Coordenador Geral da Escola Preparatória, a equipe da EPUFABC
contava com alunos de graduação e pós-graduação de todos os cursos da
UFABC. Em 2017, o projeto era constituído por cerca de 70 pessoas distri-
buídas nas funções de coordenadores (08), professores bolsistas (51) e profes-
sores e monitores voluntários (11).
Em seu processo seletivo de 2019, 633 vagas foram ofertadas exclusi-
vamente para alunos oriundos da rede pública de Ensino Médio, sendo essas
divididas entre: ampla concorrência (390); candidatos autodeclarados pretos,
pardos e indígenas (210); alunos surdos (15); transexuais ou travestis (06); re-
fugiados ou solicitantes de refúgio (06); e servidores terceirizados da UFABC
com vínculo vigente no ato da inscrição (06).
Com duração de aproximadamente 7 meses, o curso era desenvolvido
entre o mês de abril até uma semana anterior à aplicação da prova do ENEM
(que normalmente acontece em novembro). Até o ano de 2016, as aulas
eram ministradas nos campus de Santo André e Mauá, sendo que a partir de
2017 as aulas que ocorriam em Mauá foram transferidas para o campus de
São Bernardo do Campo. Em relação à carga horária, ocorrem de segunda
à sexta- feira, cando os sábados e domingos destinados apenas à eventuais
realizações de simulados para exames de vestibular.
Todo o conteúdo ministrado era de responsabilidade dos discentes da
UFABC (voluntários e bolsistas) que dividiam a carga horária entre aulas ex-
positivas e de resolução de exercícios. Além disso, também estavam previstas
56
no edital (EPUFABC, 2019) atividades complementares, que englobavam visitas
a museus e exposições, palestras de orientação vocacional e feira de prossões.
O processo seletivo era anual e ocorria entre os meses de janeiro e fe-
vereiro por meio de edital publicado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura
da UFABC, quando as vagas oferecidas eram preenchidas em uma única fase,
mas poderiam ser realizadas múltiplas chamadas. A seleção de alunos contava
com a inscrição (presencial e gratuita) e uma prova classicatória, sendo essa
composta por 50 questões de múltipla escolha que abordavam conteúdos
da matriz curricular do Ensino Médio. Importante destacar que, diferente-
mente de todos os processos seletivos analisados durante o desenvolvimento
desta pesquisa, a EPUFABC considerava o “Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica” do ano 2015 (IDEB 2015) como um bônus que poderia
ser somado na nota nal da prova classicatória.
Segundo o edital (EPUFABC, 2019), o bônus era denido por meio de
uma regressão linear que verica a relação entre as médias obtidas na prova
e os respectivos IDEBs. Ainda, o mesmo bônus também pode ser acrescido
aos candidatos que concluíram o Ensino Médio através da EJA (Educação
de Jovens e Adultos), supletivo ou por certicação através de realização do
ENEM ou do Encceja (Exame Nacional para Certicação de Competências
de Jovens e Adultos). Entretanto, o bônus não é válido aos candidatos inscri-
tos nas categorias de surdos; transexuais ou travestis; refugiados ou solicitan-
tes de refúgio; e servidores terceirizados da UFABC.
Os resultados numéricos obtidos ano após ano pela Pró-reitoria e en-
viados ao pesquisador demonstraram um crescimento linear em relação ao
número de vagas ofertadas, bem como o número de bolsistas que davam aula
na Escola. Entretanto, mesmo que o número de vagas tenha aumentado con-
sideravelmente nos últimos anos - com 50 vagas em seu primeiro ano até 633
em seu edital de 2019-, a relação de candidato/vaga continuava a ser um dos
maiores obstáculos para acesso à Escola. Isto porque, em 2019, a EPUFABC
registrou 2018 alunos inscritos que disputaram uma das 633 vagas, o equiva-
lente a uma vaga para cada três alunos.
Além da constante ampliação de vagas ofertadas aos alunos e ex-alu-
nos da rede pública de ensino, os dados deixam em evidência uma preo-
cupação por parte da Escola em incluir cada vez mais grupos socialmente
57
marginalizados, vide as cotas para surdos, transexuais e refugiados. Também
merece destaque os dados referentes à evasão e aprovação. Em relação à pri-
meira, o ano de 2016 foi marcado por uma evasão de 80%, sendo logo redu-
zida à pouco mais da metade em 2018, representando 42%. No mesmo pe-
ríodo (2016- 2018), houve uma aprovação de 60% (2016) e 39% em 2018,
o que equivale a um total de 413 alunos aprovados.
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fundada em 1968,
foi a primeira Instituição Federal de Ensino Superior instalada no interior
do estado de São Paulo. Sendo formada por quatro (04) campus (São Carlos,
Araras, Sorocaba e Lagoa do Sino) a Universidade oferece 64 cursos e um
total de 2.897 vagas na graduação presencial. No total, a Universidade regis-
tra 25.167 matrículas, sendo que 13.750 pertencem a cursos de graduação
presencial (UFSCar, 2019). A seguir, são apresentados os principais dados
encontrados sobre os 04 pré-vestibulares populares que desenvolviam ativi-
dades em cada um dos campus da Universidade.
Cursinho Pré-Vestibular UFSCar
Localizado no campus de São Carlos, é o cursinho mais antigo da
UFSCar, sendo fundado em 1998 pela administração central da Universidade
como parte de um programa de democratização de acesso à UFSCar. O
cursinho era oferecido pelo Núcleo UFSCar- Escola/ProEx, e funcionava
como um Projeto de Extensão, sem ns lucrativos, que era administrado
por estudantes de graduação e de pós-graduação e por uma professora desta
Universidade (CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR UFSCAR, 2019).
As inscrições ocorriam tanto por formulário on-line, quanto presen-
cialmente na sede do cursinho (dentro do campus). Em ambos os casos, os
candidatos eram obrigados a preencher um questionário socioeconômico –
utilizado durante o processo seletivo – e realizar o pagamento de uma taxa no
valor de R$35,00.
Com uma atuação diferente dos demais cursinhos analisados, este
cursinho da UFSCar apresentava duas modalidades de curso: uma que
58
equivale à um cursinho pré-vestibular, e outra chamada de “curso de atua-
lização do Ensino Médio”. Em ambos os casos, havia uma mensalidade no
valor de R$45,00. Entretanto, esse valor era exclusivo para os alunos apro-
vados nas primeiras chamadas, quando prevalecia a avaliação socioeconômi-
ca (CURSINHO PRÉ- VESTIBULAR UFSCAR, 2019). Assim, caso não
fossem preenchidas todas as vagas, ocorria uma nova chamada, e o valor da
mensalidade passava a ser de R$90,00. Entretanto, segundo constava no site
do cursinho, era possível pedir uma redução ou isenção desses valores. Na
primeira modalidade, eram oferecidas 250 vagas para um curso com duração
de um ano e possuía como público-alvo alunos que já concluíram ou estavam
no terceiro ano do Ensino Médio. Neste curso, todas as matérias eram volta-
das para a preparação dos principais exames de vestibular no país.
Já a segunda modalidade oferecia 60 vagas, sendo um curso com du-
ração mínima de um ano letivo (podendo ser prolongado por mais um) e
com emissão de certicado. Caso o aluno decidisse por iniciar o segundo ano
consecutivo do curso, este caria isento de participar novamente do processo
seletivo. As aulas eram noturnas, de segunda a sexta-feira, das 19h às 22h35
e também ocorriam dentro do campus. O curso era destinado às pessoas que
já concluíram o Ensino Médio há alguns anos e desejam voltar a estudar, ou
que trabalhavam e tinham pouco ou nenhum tempo para estudar em casa.
Nesse sentido, o edital utiliza como pré-requisito a idade mínima de 20 anos
(CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR UFSCAR, 2019).
Além disso, diferentemente do “módulo cursinho”, o curso de atualiza-
ção oferecia um número menor de disciplinas (duas por noite), o que permi-
tiria um maior tempo para realização de exercícios em aula, além das demais
atividades (como leitura, escrita, redação, desenvolvimento de argumentação,
etc.). Segundo constava em seu site, essas atividades possibilitavam a aprendi-
zagem dos conteúdos em sala de aula, sem a necessidade de estudo em casa.
O processo seletivo era o mesmo para ambas as modalidades de curso,
possuindo duas etapas: avaliação socioeconômica e prova de conhecimentos ge-
rais. Chama atenção, nesse processo de seleção, que ao contrário de muitos cur-
sinhos que utilizam (quando utilizam) a avaliação socioeconômica em segunda
etapa - apenas como critério classicatório -, o cursinho de São Carlos apresen-
tava o processo “inverso”: a análise socioeconômica era uma fase eliminatória,
59
e a de conhecimentos gerais, classicatória. Segundo o manual do candidato,
cada item do questionário socioeconômico possuía uma pontuação, e a partir
disso, é que eles selecionavam os candidatos que se enquadravam no perl do
cursinho (CURSINHO PRÉ- VESTIBULAR UFSCAR, 2019).
A prova de habilidades e conceitos básicos era composta por 35 ques-
tões de múltipla escolha, sendo que a nota desta era considerada apenas para
os candidatos aprovados na seleção socioeconômica. O critério de seleção
nal dependia do curso em que o candidato se inscreveu, sendo que para o
curso do módulo 1 (“cursinho”), depois de realizada a avaliação socioeconô-
mica, os aprovados eram classicados em ordem decrescente, de acordo com
nota da prova de habilidades e conceitos básicos. Já para o curso de atualiza-
ção do Ensino Médio (módulo 2), a nota da prova não interferia na seleção,
visto que a classicação nal era feita por critérios diferentes, como idade e
tempo de conclusão do Ensino Médio ou do Ensino Fundamental e trabalho.
Segundo esse critério, quanto maior a idade, maiores as chances de obtenção
de vaga no curso (CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR UFSCAR, 2019).
Curso Pré-Vestibular Educação e Cidadania (CEC)
Projeto de extensão organizado por alunos voluntários da UFSCar
Sorocaba, desenvolve atividades desde 2009. Seu processo seletivo também
era composto por duas fases: avaliação socioeconômica e entrevista com os
candidatos, não havendo, portanto, prova de conhecimentos gerais.
Em 2019, o cursinho oferecia 120 vagas, distribuídas em duas turmas:
uma que realizava aulas de segunda a sexta-feira (turma semanal) e a que
realizava aulas em período integral aos sábados (turma de sábado). Na turma
semanal, as aulas ocorriam na própria UFSCar, enquanto que a turma de sá-
bado realizava suas aulas na “E. E. Selma Maria Martins Cunha”. O processo
seletivo para ambas as turmas era o mesmo, e conta com a inscrição gratuita e
obrigatoriamente presencial. Além disso, havia uma reserva de vagas para pes-
soas negras, indígenas, com deciência, travestis e transexuais (CURSINHO
PRÉ-VESTIBULAR EDUCAÇÃO E CIDADANIA, 2019).
Participavam do programa 50 professores voluntários e mais 22 pro-
fessores bolsistas, sendo esses últimos pagos pela Pró-reitoria de Extensão
(PROEX) via edital de projeto social. Uma iniciativa do cursinho que merece
60
destaque era o processo de formação aos novos professores. Tratava-se de reu-
niões quinzenais – mediadas pelos próprios professores e um psicólogo - que
objetivavam discutir formas de colocar em prática uma educação crítico-
transformadora, principalmente porque seria a primeira vez que a maioria
dos professores estariam tendo um primeiro contato com uma sala de aula.
Sobre o fato de realizarem alguma parceria, a coordenação do cursinho
respondeu que mantinha um vínculo apenas com a Escola da Família na
prefeitura de Votorantim (SP), que disponibilizava uma sala de aula para as
turmas que ocorriam aos sábados. Entretanto, salientaram que esse tipo de
parceria nunca prevê deslocamento de recurso, ou material.
Curso pré-vestibular “UFSCURSO
No campus de Araras, o “UFSCURSO” que representava o curso pré-
-vestibular da Universidade. O curso oferecia, em 2019, 200 vagas, sendo
estas divididas em 3 turmas: duas no período matutino (60 vagas cada), de
segunda à sexta-feira; e outra vespertino (80 vagas), mas com aulas apenas aos
sábados, das 14h às 18h. As aulas eram voltadas para estudantes e concluintes
do 3º ano do Ensino Médio. Estudantes do 2º ano do EM também poderiam
se candidatar, desde que houvesse disponibilidade de vagas após classicação
nal dos demais alunos. As inscrições para o processo seletivo ocorriam pre-
sencialmente na “Casa da Cultura”, localizada no centro da cidade, mediante
uma taxa no valor de R$20,00 (vinte reais). Além disso, no ato da inscrição,
os alunos também deveriam preencher e entregar o formulário socioeconô-
mico, uma vez que cada item deste possuía um valor que resultava na chama-
da “pontuação social”.
Segundo constava no edital do processo seletivo (CURSO PRÉ-
VESTIBULAR UFSCURSO, 2019), haveria ainda uma “pontuação eco-
nômica”, relativa à renda per capita a partir da renda de todas as pessoas
que moram com o candidato (salvo algumas exceções). Ambas as pontuações
tinham caráter eliminatório, e por serem utilizadas para análise interna, não
eram divulgadas.
A última etapa do processo seletivo consistia na realização de uma re-
dação dissertativa-argumentativa, que poderia assumir caráter eliminatório
apenas para os candidatos que fugiam do tema proposto ou entregassem a
61
prova em branco. Já aos candidatos que seguiam as orientações, a redação
tinha caráter classicatório.
Importante destacar que o cursinho possuía um sistema de cotas (50%
do total), que destinava vagas à candidatos negros (29%); indígenas (7%);
com deciência, transtorno do espectro autista ou com altas habilidades (7%);
e transexuais, travestis ou transgênero (7%) (CURSO PRÉ-VESTIBULAR
UFSCURSO, 2019).
Cursinho popular “Carolina Maria de Jesus
Projeto desenvolvido e idealizado por alunos e servidores públicos da
UFSCar, campus Lagoa do Sino, desde 2016. O cursinho é resultado de um
Projeto mais amplo, que também está relacionado com a implantação do
campus, a saber: o desenvolvimento da região (nos níveis social, econômico
e cultural, por exemplo) em que a Universidade está situada (MOTA et al.,
2018). Importante destacar que cidades da região apresentavam, em 2019, os
menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado, num total
de 645 municípios. Entre essas cidades que estão no entorno do campus, des-
tacamos o IDH de Buri (636 º), Riversul (637 º), Guareí (612 º), Angatuba
(476°) e Ribeirão Branco (645 º, até então, o pior IDH do estado).
As aulas do cursinho aconteciam na cidade de Buri - próxima à cida-
de de Campina do Monte Alegre (SP), na Escola Estadual Renato Rocha
Miranda e funcionava de segunda à sexta- feira, durante o período das 19h
às 23h, com 5 aulas de 45 minutos cada e um intervalo de 15 minutos. O
conteúdo era todo voltado à preparação para o ENEM, mas às sextas-feiras
também eram promovidas atividades extracurriculares lúdicas, com intuito
de fomentar a formação crítica, o questionamento racional e a visão de mun-
do da sociedade:
Esse dia é a toda a comunidade, não se restringindo aos alunos inscritos no
cursinho. A ideia é envolver a comunidade no diálogo sobre as questões
sociais, históricas etc., levantadas no encontro. Soma-se às sextas-feiras, a
busca por um intenso diálogo com os (as) educandos(as), criando-se um
contexto de formação horizontal no qual todos ensinam e todos apren-
dem. (MOTA et al., 2018, p.90).
62
Em seu primeiro ano de fundação (2016), o cursinho atendia 80 alu-
nos separados em duas turmas, uma com 40 estudantes provenientes do mu-
nicípio de Buri (SP), e outra sala com 40 estudantes de Campina do Monte
Alegre (SP). Em 2019, esse número aumentou para 120, o que resultou na
abertura de mais uma sala de aula, desta vez, com 40 alunos do município
de Angatuba (SP). O processo seletivo se baseava numa avaliação socioeco-
nômica, onde pessoas com maior vulnerabilidade social tinham preferência.
Para o cursinho se manter sem a cobrança de mensalidades ou taxas de
matrícula, os organizadores realizavam diversas reuniões com as prefeituras
da região, a m de rmar parcerias. Tais parcerias resultaram em impressão
de material, transporte gratuito (para os alunos de Buri e, posteriormente, de
Angatuba) e a cessão de espaço, por Campina do Monte Alegre e a articula-
ção com órgãos, tais como o CRAS e as Secretarias da Educação. A partir de
2017, o cursinho também passou a oferecer alimentação gratuita aos alunos,
sendo essa fornecida pela Prefeitura de Campina do Monte Alegre (MOTA
et al., 2018).
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Fundada como Universidade em 1994, a UNIFESP possui 13.359
estudantes de graduação matriculados em um dos 51 cursos de graduação
presenciais, sendo esses ofertados em um dos seis (06) campus que compõem
a Universidade: Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, Osasco, São José dos
Campos e São Paulo (UNIFESP, 2019a). Além disso, a Universidade oferece
cursos de residência médica, pós-graduação e especialização.
Segundo resultados do estudo que analisou o perl dos alunos ingres-
santes na UNIFESP em 2016, 58,8% dos alunos eram de cor/raça/etnia
branca, enquanto que estudantes de cor/raça/etnia parda e preta represen-
tavam 25,8% e 7,6 % dos ingressantes, respectivamente. O estudo aponta,
também, que entre 2013 e 2016 ocorreu um aumento no ingresso de estu-
dantes vindos exclusivamente do ensino público, resultado da política nacio-
nal de reserva de vagas (UNIFESP, 2016).
Em relação à demanda por cursos pré-vestibulares, o mesmo estudo
aponta que entre os ingressantes de 2016, 52% cursaram algum cursinho du-
rante um ano; 17,9% cursaram por seis meses; 20,1% frequentaram por dois
63
anos e 9,1% por três anos ou mais (UNIFESP, 2016). Ou seja, 99,1% dos alu-
nos necessariamente estudaram em pré-vestibulares. Considerando que muitos
cursinhos comerciais cobram mensalidades que podem custar mais do que um
salário mínimo, a oportunidade de estudar a um preço acessível pode se tornar
um divisor de águas na vida de jovens socioeconomicamente desfavorecidos.
Nesta pesquisa, 04 núcleos de cursinhos pré-vestibulares foram identi-
cados na UNIFESP – cada um funcionando em um campus.
Cursinho Popular CARDUME
Na Baixada Santista, o núcleo da UNIFESP era denominado de
CARDUME, e deu início à sua primeira turma em 2014, oferecendo 60 vagas
para interessados em se prepararem para as provas do ENEM. Seu atendimento
era voltado aos jovens e adultos socioeconomicamente desfavorecidos da região,
estudantes ou egressos da rede pública de educação básica. Segundo consta em
relatórios fornecidos pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), o cur-
sinho buscava oferecer condições para uma ampla formação cultural e política,
tendo como inspiração a educação popular de Paulo Freire.
Alunos universitários, funcionários técnico-administrativos e docentes
eram responsáveis pelo projeto, que também contava com um grupo de estu-
dos que possuía como nalidade promover discussões que auxiliassem no deba-
te acerca da contradição entre preparar para uma avaliação e educar para cons-
cientizar politicamente. Pautando-se na problemática da educação bancária
de Paulo Freire, apresentado em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, o grupo
possibilitou a discussão sobre maneiras para incluir no cotidiano do cursinho
formas de educar mais horizontais e dialogadas que levem em consideração os
conhecimentos dos educandos, sem deixar de preparar para o ENEM.
Ainda, segundo constava no site do cursinho, é por causa dessa inspira-
ção da educação popular de Paulo Freire que o projeto pode ser denominado
de “popular”. Todavia, essa relação ignora toda a trajetória de luta que possi-
bilitou o surgimento desse movimento.
Em relação ao processo seletivo dos alunos, o CARDUME realizava
duas etapas: a primeira, ocorria no ato da inscrição (gratuita e presencial)
quando os alunos recebiam uma senha; conforme a senha, os alunos realiza-
vam a avaliação socioeconômica em dias pré- determinados (segunda etapa).
64
Segundo o relatório disponibilizado pela PROEC, o cursinho não levava em
consideração o mérito acadêmico, na medida em que este critério deixaria de
fora, provavelmente, aqueles com maiores diculdades e maior risco de con-
tinuarem excluídos; ou seja, deixaria de fora justamente os sujeitos a quem o
projeto se dirige.
Em 2017, ano em que o relatório foi disponibilizado, o processo sele-
tivo registrou 480 candidatos disputando 120 vagas. A grande maioria dos
candidatos pertencia às escolas estaduais da Baixada Santista (72%); 22%
de escolas técnicas públicas da região; 4% de escolas técnicas que possuem o
Ensino Médio integrado; 2% de Institutos Técnicos Federais e 2% oriundos
da EJA. Para 2019, o número de vagas ofertadas se manteve o mesmo (120),
entretanto, segundo um dos coordenadores, houve um menor número de
inscrições (392), sendo que deste total, apenas 290 zeram o processo seleti-
vo (de caráter socioeconômico).
As aulas eram ministradas no campus de Santos, durante o período no-
turno (das 19h às 22h40), de segunda à sexta-feira. Além deste período, eram
oferecidos “plantões de dúvidas” em outros horários, conforme a demanda.
Também, é importante destacar que tal como ocorria na Escola Preparatória
da UFABC, o Cardume iniciava suas aulas no começo do ano (fevereiro) e
terminava uma semana antes do ENEM.
Questionados sobre a existência de parcerias, um dos coordenadores
respondeu que embora tenham tentado realizar uma parceria com a prefei-
tura da cidade, a mesma não se efetivou. Segundo o mesmo coordenador, a
falta de parcerias diculta o trabalho do cursinho, principalmente quando se
trata da gratuidade (ou desconto de 50% do valor) da passagem em trans-
portes públicos, visto que os alunos que dependem desses para ir às aulas são
socioeconomicamente vulneráveis.
Sobre a existência de bolsas para os professores, a coordenação armou
que normalmente contam com, no máximo, 04 bolsas da Pró-reitoria de
extensão, que são pagas exclusivamente a alunos de graduação. Esses alunos
acumulavam a função de educadores e coordenadores de uma área do co-
nhecimento em seus núcleos. Uma ressalva é que o número de bolsas variava
bastante de um edital para o outro, mas devido à baixa quantidade, grande
parte dos professores mantinham um vínculo como voluntários.
65
Cursinho Pré-Vestibular Jeaninne Aboulaa (CUJA)
Desenvolvia atividades no campus de São Paulo desde 2002, e segundo
constava em seu site, o objetivo da organização era a preparação para os ves-
tibulares, a partir da revisão do conteúdo do Ensino Médio para pessoas que
estão no último ano ou já concluíram o mesmo, bem como aquelas que estão
cursando o EJA no momento da matrícula.
Segundo o manual do candidato disponibilizado na página do cursi-
nho, as inscrições eram realizadas preferencialmente via formulário on-line,
embora também pudessem ser feitas presencialmente na sede do cursinho.
No ato da inscrição, o aluno deveria fornecer dados referentes ao seu perl so-
cioeconômico, que posteriormente, eram utilizados como critério de seleção
e classicação. Além disso, era obrigatório o pagamento da taxa de inscrição,
por boleto bancário, no valor de R$ 20,00. As inscrições encerravam-se ao
atingirem o número de 1.600 pessoas (CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR
JEANINNE ABOULAFIA, 2019).
O processo seletivo contava com uma prova de conhecimentos gerais e a
avaliação socioeconômica, ambas com o mesmo peso. A prova de seleção possuía
90 questões de múltipla escolha e tinha duração de 5 horas. O conteúdo engloba-
va Matemática, Química, Física, Biologia, Geograa, História, Inglês, Português,
Filosoa e História da Arte, de acordo com o conteúdo programático do ensino.
Ao nal, eram convocados para a matrícula (1ª chamada) 168 candidatos. Todas
as informações sobre o perl socioeconômico dos alunos eram vericadas com os
devidos documentos probatórios no momento da matrícula.
Interessante salientar que, embora o cursinho desenvolvesse suas aulas
e demais atividades dentro do campus de São Paulo, a prova de seleção era
realizada no ETAPA, tradicional cursinho privado localizado na Ana Rosa
(Vila Mariana), na cidade de São Paulo. Segundo o diretor de comunica-
ção do cursinho, Victor Cardinali, a justicativa é que as dependências da
UNIFESP não suportavam a demanda, mas com a possibilidade da realiza-
ção da prova em outro local, era possível oferecer um maior número de vagas
durante a seleção. Além disso, o ETAPA também fornecia material didático
aos alunos e disponibilizava acesso a plataformas digitais de apoio, bem como
o acesso a palestras de capacitação e didática.
66
Outras parcerias também foram rmadas com o “Descomplica
3
”, com
o “Super Professor
4
” e com a “Associação Atlética Acadêmica Pereira Barreto
(AAAPB). Em relação ao primeiro, o “Descomplica” fornecia ao cursinho aces-
sos gratuitos para os alunos em plataformas de estudos. Já o “Super Professor
disponibilizava aos professores um banco de questões que facilitava na elabora-
ção de simulados e listas de exercícios. Por sua vez, a parceria com AAAPB era
pontual, uma vez que a Atlética cedia o uso da quadra e o uso de materiais em
situações especícas (eventos, recebimento das caixas com apostilas, etc).
Uma iniciativa do cursinho que merece destaque era o Programa
Adote um aluno”, que objetivava auxiliar – por meio de doações – os custos
de alunos que possuíam diculdades para pagar pelo seu transporte para as
aulas. Além disso, as doações poderiam ser utilizadas, também, para auxiliar
no pagamento da taxa de inscrição dos vestibulares.
Em 2019, o cursinho não recebia nenhuma bolsa por parte da Pró-
reitoria de Extensão e Cultura, portanto, todos aqueles que trabalhavam
como membro do cursinho eram voluntários.
Cursinho Popular Pimentas UNIFESP (CPPU)
Segundo consta em relatório fornecido pela PROEC, o cursinho foi
fundado em 2009 por discentes da mesma Universidade, e tem como obje-
tivo a formação crítica de alunos egressos da rede pública de ensino, promo-
vendo a inclusão social por meio do acesso ao conhecimento. As aulas acon-
teciam no campus de Guarulhos (SP), localizado no bairro de Pimentas, e
visavam oferecer atividades que ultrapassassem o conteúdo curricular exigido
pelos grandes vestibulares, o que incluía debates, exibição de lmes, grupos
de estudos e palestras sobre questões atuais da política e cultura em geral.
O público-alvo eram alunos que residiam na cidade de Guarulhos e
região, e que tivessem concluído ou cursando o Ensino Médio. Em seu pro-
cesso seletivo de 2019, foram disponibilizadas 320 vagas para as turmas do
extensivo (com início em março), distribuídas em 04 salas de 80 alunos, e
mais 80 vagas para a turma com início de maio (CURSINHO POPULAR
3
Empresa de educação on-line que fornece material de apoio para vestibulares, concursos
públicos, pós- graduação e reforço escolar. Acesso restrito a assinantes.
4
Banco de questões on-line com acesso restrito a assinantes
67
PIMENTAS UNIFESP, 2019). O cursinho tradicionalmente oferecia mais
160 vagas para seu segundo semestre, sendo essas novas vagas resultantes da
evasão por desistência ou ingresso em cursos superiores. Todavia, no período
em que o cursinho foi analisado, esse edital ainda não havia sido publicado.
Segundo um dos coordenadores do cursinho, a Pró-reitoria de Extensão
e Cultura da UNIFESP estava oferecendo bolsas aos professores (discentes)
dos cursinhos da Universidade. Os editais eram divulgados sempre no início
do segundo semestre, cando uma média de duas a três bolsas para o CPPU.
Questionado sobre a existência de parcerias, o coordenador respondeu que
naquele ano não havia, embora o cursinho tivesse iniciado uma negociação
junto ao gabinete de um vereador local para edição de material didático, mas
que não se concretizou.
O processo seletivo tinha início com uma pré-inscrição realizada via
formulário on-line, sendo que somente os alunos que realizavam essa etapa
estavam aptos à participarem da prova de seleção. Em 2019, a seleção ocorreu
em um sábado, no período da manhã, cando às 9h marcado para os alunos
preencherem uma cha e entregarem cópias de RG e comprovante de residên-
cia. Ainda, no ato da entrega da cha, os alunos deveriam realizar o pagamento
da taxa de seleção, no valor de R$10,00. Às 10h do mesmo dia, ocorria a prova
de seleção (conhecimentos gerais) com duração de 2 horas (CPPU, 2019).
As atividades pedagógicas incluíam 06 horas de atividades por nal de
semana, sendo 08 aulas de 50 minutos. Além das aulas, – que eram minis-
tradas aos sábados das 9h às 16h -, existiam plantões de dúvidas, palestras,
simulados, exposições, etc., que poderiam ocorrer aos domingos. Segundo
consta em relatório fornecido pela Pró-reitora, as atividades de formação so-
cial e intelectual incluíam palestras e seminários com temas atuais ou his-
tóricos, visando inserir o aluno como participante dos debates. Ambas as
atividades mencionadas eram ministradas por professores e alunos da própria
Universidade, mas representantes de outros cursinhos populares e organiza-
ções não governamentais também eram convidados para palestrar.
Cursinho Institucional UNIFESP Diadema (CIUNI)
Surgiu em 2015 por iniciativa de docentes, técnicos administrativos
e alunos de graduação e pós-graduação da UNIFESP, campus de Diadema
68
(SP). Segundo relatório fornecido pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura,
em seu projeto piloto (2015) foram disponibilizadas 40 vagas e apesar de
um curto período de divulgação, feito em apenas uma semana, o número de
inscritos foi de aproximadamente 100 candidatos.
Em seu processo seletivo de 2019 foram oferecidas 55 vagas, distribuí-
das de acordo com a seguinte proporção de cotas: 6 vagas (10%) destinadas
a ex-alunos do cursinho; 27 (50%) para autodeclarados pretos, pardos ou
indígenas e 22 para ampla concorrência (40%). O processo de seleção era
unicamente de caráter socioeconômico, mediante métodos de análise de ren-
da (CURSINHO INSTITUCIONAL UNIFESP DIADEMA, 2019).
As inscrições eram feitas exclusivamente pela internet, quando cada
candidato deveria preencher um formulário on-line. O processo seletivo era
composto por quatro etapas: declaração de situação socioeconômica do gru-
po familiar; pré-seleção; análise da renda familiar e apresentação de interesse.
Seu público-alvo eram pessoas que apresentavam renda per capita de até
um salário mínimo e meio e/ou famílias beneciadas por Programas de as-
sistência social do governo, bem como alunos que estavam cursando (ou já
cursaram) o Ensino Médio exclusivamente na rede pública. Além disso, eram
priorizados candidatos que residiam no município de Diadema e Grande ABC.
As aulas ocorriam de segunda a sexta-feira, no período noturno (18h
às 22h30), e aos sábados, das 10h às 16h, na Fundação Florestan Fernandes,
localizada no centro de Diadema. No segundo semestre, o cursinho tam-
bém realizava aulões abertos à comunidade aos sábados, com revisão para
o ENEM. Importante destacar que o cursinho conseguiu, em 2019, uma
parceria com a empresa de transporte da cidade, que disponibilizou passe
estudantil para os alunos do cursinho – reivindicação comum aos demais
cursinhos populares do estado.
Curso pré-universitário Helena Pignatari (CPU)
Fundado em 2019 por 05 discentes da Escola Paulista de Política,
Economia e Negócios da UNIFESP (EPPEN), o cursinho tem por objetivo
preparar alunos para os vestibulares, mas tendo como foco o ENEM. Suas
aulas aconteciam aos sábados no campus de Osasco (SP), em período integral
diurno, de abril a dezembro.
69
O processo seletivo de 2019 disponibilizou 160 vagas, ocorrendo em
duas fases: a primeira on-line, na qual apenas alunos de escola pública do
último ano do Ensino Médio, ou, com até dois anos formados, foram con-
vocados. A segunda fase foi presencial, com a realização de uma redação e
entrevista socioeconômica. Atualmente, o projeto conta com 28 voluntários:
20 atuando na função de professor, 05 na de monitor e 03 na coordenação.
Segundo um dos coordenadores do cursinho, o projeto não possuía
nenhum tipo de parceria, todavia, estavam à procura de alguma que pudesse
contribuir com o bom funcionamento do curso.
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Fundada em 1976, está presente em 24 cidades do estado de São Paulo e ofere-
ce cursos de graduação e pós-graduação em todas as áreas do conhecimento. Ao todo,
são 34 unidades universitárias, muitas delas fundadas antes da própria Universidade,
como por exemplo, a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araraquara, cria-
da em 1923 e incorporada ao patrimônio estadual em 1956. (UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, 2023).
De acordo com o anuário da Universidade, a mesma possui 53.589 alu-
nos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação (UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, 2023). Dos
ingressantes, 52% concluíram o Ensino Médio na rede pública de ensino.
Segundo o relatório da Universidade, esse perl é resultado do programa
Sistema de Reserva de Vagas para Educação Básica Pública (SRVEBP), em vi-
gência na UNESP desde 2014 (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, 2023).
Em relação às ações extensionistas, a Universidade desenvolveu 400
projetos nas regiões onde se localizam seus campus. Entre esses, destacamos
para esta pesquisa a existência de 31 núcleos de cursinhos pré-universitários.
Vale destacar que os cursinhos integram, desde 2016, o sub-programa
“Cursinhos pré- universitários da UNESP” do programa de extensão univer-
sitária “Divulgação, Orientação e Informação Prossional”, da Pró-Reitoria
de Extensão Universitária (PROEX). De acordo com a resolução que dispõe
sobre a criação, objetivos e diretrizes do subprograma (nº 14, de 02 de março
de 2016), os cursinhos têm como objetivo junto aos cursistas:
70
- Oferecer ensino em diferentes áreas do conhecimento, aprimorando a
formação básica proporcionada pelo Ensino Médio;
- Preparar o cursista para o acesso e permanência em outros níveis de en-
sino – técnico e universitário, qualicando-o para o mundo do trabalho;
- Preparar, em especial, o cursista para o ingresso na UNESP, por meio do
vestibular, ENEM e sistema de reserva de cotas;
- Contribuir para formar pessoas que atuem como agentes transforma-
dores de sua realidade material e histórica, sempre em defesa dos direi-
tos humanos na sociedade (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, 2016, p.1-2).
Observa-se que os cursinhos possuem como nalidade aprimorar a
formação básica a nível de Ensino Médio, possibilitando que o aluno tenha
condições de ter acesso não somente ao ensino universitário, mas também
a outros níveis de ensino. Há, também, uma menção ao sistema de reserva
de cotas e ENEM para o ingresso no Ensino Superior, ações que têm pos-
sibilitado uma mudança no perl dos alunos nas Universidades públicas do
país, vide dados já mencionados nesta pesquisa. Já em seu último objetivo o
documento apresenta a proposta de uma educação humanizadora, que ultra-
passa as ações mecanicistas presentes em muitos cursinhos pré-vestibulares
particulares, marcados somente pela repetição de exercícios e memorização
de conteúdos, sem uma análise crítica da sociedade.
O documento também apresenta os objetivos junto aos alunos da gra-
duação, envolvidas nas atividades dos cursinhos:
- Articular ensino, pesquisa e extensão universitária;
- Preparar e aprimorar para o mundo do trabalho os que ensinam nos
cursinhos;
- Contribuir para formação de prossionais que atuarão como agentes
transformadores de sua realidade material e histórica, sempre em defe-
sa dos direitos humanos na sociedade. (UNIVERSIDADE ESTADUAL
PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, 2016, p.4).
Embora os cursinhos fossem coordenados por docentes da mesma ins-
tituição, o que se observa na prática é que são os alunos da graduação que or-
ganizam e executam boa parte das tarefas, como: processo seletivo de alunos
e professores, calendário, simulados, infraestrutura, questões burocráticas e
71
didáticas, etc. Para tanto, os alunos acabam por desenvolver uma base teórica
e prática muito grande, o que contribui para melhorar suas formações acadê-
micas e prossionais.
A seguir, apresento as principais informações de cada um dos 31 cursi-
nhos encontrados durante o levantamento da pesquisa. Importante destacar
que este número diferencia-se do apresentado pela PROEX (27), uma vez
que analisamos os núcleos de cursinhos independentemente de estarem agru-
pados em um único projeto de extensão, como é o caso dos cursinhos de São
José do Rio Preto e São Paulo.
Muitos dados foram encontrados nos próprios editais de processo seletivo
de cursistas, outros foram conrmados e disponibilizados ao pesquisador pelos
próprios cursinhos, que cederam de forma voluntária as informações solicita-
das. O pesquisador teve, também, acesso aos relatórios de atividades (ano base
de 2017) e ao “Plano de Atividades Cursinhos Pré- Universitários de 2018”,
ambos disponibilizados pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UNESP
e disponíveis apenas para consulta no local, não havendo cópias digitais.
Cursinho Pré-vestibular “D.A.C.A”:
O termo DACA refere-se ao nome do Diretório Acadêmico das
Faculdades de Odontologia e de Medicina Veterinária da UNESP de Araçatuba,
o Diretório Acadêmico Prof. Carlos Aldrovandi (NASCIMENTO,2013).
Fundado em 2005, o cursinho tem por objetivo capacitar alunos egressos da
rede pública de ensino e com baixa renda a ingressar no Ensino Superior, e se-
gundo consta no relatório de atividades enviados à Pró-reitoria, isso deve ocor-
rer “por mérito”. No ano de 2017, segundo consta no relatório da PROEX,
a relação candidato-vaga ultrapassou 5 para 1, e o número de aprovados foi
superior a 100 alunos, destacando 3 aprovações em cursos de medicina em
instituição pública e o primeiro colocado em engenharia química da USP.
Para o ano de 2017, o processo seletivo disponibilizou 160 vagas, estan-
do 5 reservadas para alunos que possuem alguma deciência física. As inscri-
ções ocorreram de forma presencial no prédio da Faculdade de Odontologia,
sendo que no ato os candidatos tiveram que entregar os documentos compro-
batórios e um alimento não perecível ou um produto de higiene pessoal, em
prol às entidades carentes de Araçatuba e região. Após a inscrição, os candidatos
72
passaram por uma prova de conhecimentos gerais, estando aptos para ingressar
no cursinho aqueles que atingiram a maior pontuação na prova.
As aulas aconteciam de segunda a sexta-feira na própria Faculdade du-
rante o período noturno, e eram ministradas por alunos de graduação vo-
luntários e 09 bolsistas. Os sábados eram utilizados para aula de atualidades,
reforço e tutoria, sendo que esta última foi implantada no ano de 2019 com
objetivo de acompanhar de perto o rendimento dos alunos e suas dicul-
dades, de forma que isso também resulte em uma menor taxa de evasão,
problema comum a todos os cursinhos analisados nesta pesquisa. Tal prática
também se repete em praticamente todos os cursinhos da UNESP.
Curso Unicado do Campus de Araraquara – C.U.C.A
Desenvolvendo atividades desde 1993, o cursinho contava com a
participação de alunos de graduação de todas as unidades da UNESP de
Araraquara. Segundo o relatório de atividades da PROEX, em 2017, o cur-
sinho conseguiu aprovar 32% de seus alunos em Universidades públicas. De
acordo com Nascimento (2013), foi o primeiro cursinho da UNESP a esta-
belecer parcerias com prefeituras municipais, tendência que se manteve e ain-
da vem sendo seguida nas Universidades públicas. Em 2019, possuía parceria
com as prefeituras de Araraquara (SP) e Boa Esperança do Sul (SP).
O cursinho era composto, em 2019, por 04 polos
5
que integravam um
único núcleo: 01 noturno dentro do Instituto de Química; 01 noturno com
aulas nos fundos de uma igreja; 01 diurno no centro da cidade; e 01 na cida-
de de Boa Esperança do Sul. Este último, “CUCA BES”, foi criado em 2005
por meio de uma parceria entre a prefeitura desta cidade e o Instituto de
Química (IQ) da UNESP. O projeto oferecia, anualmente, 75 vagas, dividi-
das em três salas, sendo essas divididas em duas modalidades: CUCA Básico,
voltado para alunos do 2º ano do Ensino Médio, e CUCA Cursinho, volta-
do para alunos que cursavam ou já concluíram o 3º ano do Ensino Médio
(CURSINHO UNIFICADO DO CAMPUS DE ARARAQUARA, 2019c).
O público-alvo eram alunos que estudavam ou estudaram integralmente
5
Embora o cursinho utilize o termo “núcleos”, para ns desta pesquisa alteramos para
polos”, uma vez que compreendo que esse é o termo que melhor se adapta à projetos que
desenvolvem atividades em lugares diferentes utilizando o mesmo nome do projeto.
73
na rede pública de ensino, ou que possuíram bolsa em uma escola particular.
As aulas eram ministradas por alunos bolsistas (18) nanciados pela prefeitu-
ra, e ocorriam de segunda a sexta-feira, das 19h30 às 22h30, em uma escola
municipal na cidade de Boa Esperança do Sul.
No Instituto de Química, foram 110 vagas ofertadas no ano de 2019,
sendo que 09 destas (10%) pertenceram à candidatos que se autodeclararam
pretos, pardos e transgêneros (CURSINHO UNIFICADO DO CAMPUS
DE ARARAQUARA, 2019b). O processo seletivo era voltado unicamente
para alunos que concluíram ou que estavam no 3º ano do Ensino Médio em
escolas públicas. As inscrições ocorreram de forma presencial de segunda a
sexta-feira, das 19h às 22h, no Instituto de Química da Unesp. No ato da
inscrição, os alunos tiveram que entregar o formulário socioeconômico e a
documentação comprobatória.
A segunda etapa correspondeu à uma prova de conhecimentos gerais,
composta por 50 questões de múltipla escolha e uma redação. A nota nal dos
candidatos foi computada pela soma da avaliação socioeconômica (que corres-
pondeu a 60%, da nota nal) e a nota da prova de conhecimentos gerais (40%).
As aulas ocorriam no próprio IQ, de segunda a sexta-feira, das 18h50 às
22h50. O polo contava com 19 bolsistas, sendo 11 nanciados pela PROEX e
08 pela prefeitura de Araraquara. Por sua vez, o polo “CUCA manhã” nasceu
de uma parceria entre o IQ e a prefeitura de Araraquara. Neste polo, o cur-
sinho oferecia 90 vagas anualmente para alunos que estavam cursando ou já
concluíram o Ensino Médio na rede pública de ensino. As inscrições também
ocorreram de forma presencial, na sede do cursinho, e mediante entrega de
formulário socioeconômico e da documentação especíca e discriminada no
edital (CURSINHO UNIFICADO DO CAMPUS DE ARARAQUARA,
2019a). A segunda etapa do processo constava de uma prova de conheci-
mentos gerais com 50 questões e uma redação com tempo máximo de 04
horas. Os aprovados assistiam às aulas que ocorriam no centro da cidade,
de segunda a sexta-feira das 08h30 às 12h. Os professores eram discentes da
faculdade, bolsistas (18), nanciados pela prefeitura de Araraquara.
Tal como o “CUCA manhã”, o polo “CUCA Centro Noite” também
surgiu mediante parceria realizada entre o IQ e a prefeitura de Araraquara,
esta, responsável pelo pagamento de 16 bolsas distribuídas entre professores
74
(13), auxiliar administrativo (1) e coordenadores (2). As aulas eram realizadas
nos fundos de uma igreja presbiteriana independente, de segunda a sexta-fei-
ra no período noturno (das 19h às 22h30).
Neste polo, foram disponibilizadas 70 vagas em 2019. A seleção foi
feita por meio de uma análise socioeconômica (70% da nota nal) e uma
prova para avaliar o conhecimento já adquirido do candidato (30% da nota).
Havia uma bonicação da nota para os candidatos negros, mães solo e trans.
Juntos, os 04 polos ofertaram, em 2019, 345 vagas. Segundo a coorde-
nação do CUCA IQ, todos os polos eram coordenados administrativamente
pelo Instituto de Química, cando à cargo de docentes da Instituição a su-
pervisão de cada um destes polos. Além disso, o IQ também era responsável
por fornecer as condições materiais para o funcionamento cotidiano de todos.
Cursinho Pré-universitário Unesp/Assis
Fundado no ano de 1998, possuía, em 2019, 5 polos: Unesp, Clybas,
Florínea, Palmital e o polo Tarumã. O polo Clybas surgiu como resultado de
uma parceria com a “E.E Clybas Pinto Ferraz”, localizada no centro da cidade
de Assis (SP). Já os polos de Florínea, Palmital e Tarumã são fruto de uma
parceria com as prefeituras das respectivas cidades.
De acordo com a coordenadora de 2019, Isadora Santos, o cursinho con-
tava com 47 professores/discentes, sendo que destes, 11 eram bolsistas nancia-
dos pela PROEX e 30 nanciados pelas prefeituras dos municípios da região
(Florínea, Palmital e Tarumã). Os demais professores atuavam como voluntários.
O processo seletivo de 2019 disponibilizou 440 vagas, sendo 200 para
o Polo Unesp, e 60 para cada um dos demais polos. Para o segundo semestre,
foram disponibilizadas mais 170 vagas, sendo 50 vagas para o Polo Unesp e
30 vagas para outros polos. A seleção consistia em uma prova objetiva com 60
questões de múltipla escolha e um questionário socioeconômico.
Curso pré-vestibular Principia (Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação - FAAC)
Começou suas atividades em 2007 por iniciativa de estudantes da
FAAC de Bauru. Em seu processo seletivo de 2019, foram disponibilizadas
75
220 vagas, sendo 110 para o período noturno e 110 para vespertino. Puderam
se candidatar às vagas aqueles que estavam cursando o 3º ano do Ensino
Médio ou que já o concluíram. Do total de vagas, 90% foram destinadas a
candidatos que realizaram todo o Ensino Médio em escolas públicas, cando
os 10% para os candidatos que cursaram algum período do Ensino Médio
em escolas particulares ou SESI (CURSO PRÉ-VESTIBULAR GRATUITO
PRINCIPIA, 2019).
As inscrições foram realizadas presencialmente na secretaria do cursi-
nho, no campus da UNESP de Bauru. No ato da inscrição os alunos tiveram
que apresentar os documentos pessoais em acordo com o edital e realizar o
pagamento obrigatório de uma taxa de R$ 25,00. A seleção ocorreu em uma
única fase, representada por uma prova de conhecimentos gerais contendo 50
questões de múltipla escolha e com duração de 04 horas. Os candidatos fo-
ram aprovados de acordo com a pontuação na prova, e tiveram que realizar a
matrícula (sem taxa) no dia da aula inaugural (CURSO PRÉ-VESTIBULAR
GRATUITO PRINCIPIA, 2019).
As aulas aconteciam de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h, para as
turmas do período vespertino, e das 19h às 23h para as turmas do período
noturno, havendo plantões de dúvidas regulares durante a semana (18h às
19h) e eventuais aulas complementares e de atualidades aos sábados, às quais
a presença não era obrigatória.
Em 2019, o cursinho contava com 10 bolsistas PROEX e utilizava
apostilas próprias, feitas por professores da UNESP.
Cursinho Ferradura (Faculdade de Ciências)
Fundado em 2006 fora do campus e vinculado ao bairro Ferradura
Mirim, teve suas aulas transferidas para o campus da UNESP de Bauru em
2014. No processo seletivo de 2019, para turmas com início das aulas em
fevereiro, foram ofertadas 210 vagas, distribuídas em 03 turmas: 40 para o
período da manhã (aulas das 07h30 às12h50); 120 para o período noturno
(aulas das 19h às 23h) e 50 vagas também para o período noturno, mas na ci-
dade de Pederneiras (CURSINHO FERRADURA, 2019a). Havia, também,
um segundo processo seletivo para o semi-extensivo, com início das aulas em
maio e com duração de 07 meses. Neste processo, foram disponibilizadas
76
mais 90 vagas: 40 em Bauru e 50 em Agudos, ambas as turmas com aula no
período noturno (CURSINHO FERRADURA, 2019b).
Em ambos os editais a seleção era a mesma, sendo realizada em etapa
única caracterizada pela avaliação socioeconômica. Para tanto, os candidatos
tiveram que escanear (ou fotografar de forma legível) os documentos que
comprovassem a renda do candidato. Para aqueles que não tinham acesso
à internet, também foi disponibilizada a inscrição presencial: em Bauru,
na Faculdade de Ciências da UNESP; em Pederneiras, na E.M.E.F. Eliazar
Braga; e em Agudos, as inscrições puderam ser feitas na Câmara Municipal.
Curso Pré-Universitário Gratuito Primeiro de Maio
(Faculdade de Engenharia de Bauru - FEB)
Fundado no ano 2000 por iniciativa de estudantes do curso de Engenharia
do campus, ofertava, em 2019, 200 vagas: 100 no período vespertino, das 14h
às 18h, e 100 no período noturno, das 19h às 23h. Em seu processo seletivo ha-
via cotas raciais que asseguravam 25% das vagas para pretos. Além disso, 80%
das vagas era destinada para alunos provenientes do Ensino Médio regular em
escola pública, sendo 60 vagas para ampla concorrência e 20 para reserva de co-
tas. Alunos de escolas técnicas ou prossionalizantes tinham direito a 15% das
vagas, sendo 11 para ampla concorrência e 04 para reserva de cotas. Por m, os
últimos 5% das vagas pertenciam aos alunos que frequentaram escolas particu-
lares, mas que tenham tido ao menos bolsa parcial (50%), o que correspondia
a 03 vagas para ampla concorrência e 02 para reserva de cotas.
Para se inscrever, os alunos tiveram que realizar a inscrição presencial
na sede do cursinho (FEB) e pagar uma taxa obrigatória de R$ 20,00. A
seleção ocorreu em uma única fase: prova classicatória com 60 questões de
múltipla escolha e com duração de 04 horas. Participaram desse projeto uma
coordenadora geral e duas vice-coordenadoras (nanceira e pedagógica), duas
auxiliares pedagógicas e uma assessora de comunicação, além de 30 professo-
res. Destes professores, 10 recebiam bolsa paga pela PROEX e 01 pela FEB.
Segundo a assessora de comunicação, o cursinho realizava parceria com
o sistema Poliedro que doava o material didático para o ano inteiro, e há pou-
co tempo havia sido rmada uma parceria com o “Descomplica”, que doou
200 acessos gratuitos.
77
Embora não seja objeto de estudo desta pesquisa, vale destacar que o
cursinho Primeiro de Maio também oferecia um “Vestibulinho” preparatório
para os vestibulares de escolas públicas, sendo este destinado para alunos do
9º ano do Ensino Fundamental.
Cursinho da FCA (Faculdade de Ciências Agronômicas)
Fundado em 1996, o projeto era, em 2019, desenvolvido nas depen-
dências da “E.M.E.F. Angelino de Oliveira”, próxima ao campus da FCA –
UNESP Botucatu. Existe apoio institucional com a prefeitura da cidade para
a manutenção das instalações, limpeza e segurança.
Participavam do cursinho alunos do município de Botucatu, São
Manuel, Pardinho e outros distritos ao redor de Botucatu. A divulgação do
processo seletivo era realizada em diferentes meios, como internet, rádio FM
e AM do município e jornais impressos.
Para 2019, foram ofertadas 60 vagas para a turma do extensivo e 30
para o semi- extensivo. O processo seletivo era composto por duas fases: a
primeira era uma avaliação socioeconômica (classicatória e eliminatória), e a
segunda, um “teste de conhecimento”, contendo 40 questões de múltipla es-
colha e de caráter classicatório (CURSINHO DA FCA, 2019). Foram con-
vocados aqueles candidatos que atingiram a maior pontuação na entrevista
socioeconômica, de acordo com os critérios pré-estabelecidos pelo cursinho.
Segundo a coordenação do cursinho, existiam 08 bolsistas PROEX em 2019.
Cursinho Pré-universitário Atena (Instituto de Biociências de Botucatu)
Fundado na cidade de Botucatu em 2000, o cursinho tem atendido
cerca de 240 alunos, os quais eram selecionados unicamente pelo seu per-
l socioeconômico, mediante entrevista em que o candidato apresentava os
documentos comprobatórios. Segundo uma das coordenadoras, em 2019, o
cursinho contava com aproximadamente 90 alunos de graduação e pós-gra-
duação voluntários, além de 10 bolsistas pagos pela PROEX (R$ 400,00) e
outros 13 bolsistas mantidos pela Prefeitura Municipal de São Manuel (R$
700,00). De acordo com o relatório enviado à PROEX em 2018, os convê-
nios que foram rmados com a prefeitura dessas duas cidades resultaram em
78
nanciamento que possibilitou o deslocamento dos estudantes, bem como
um local para as aulas. Em Botucatu, as aulas ocorreram pela manhã (campus
de Rubião Júnior) e à noite (E.M.E.F. Raphael de Moura Campus); já na ci-
dade São Manuel, aconteciam somente no período noturno, na “E.M.E.F.E.I.
Prof. Walter Carrer”.
Cursinho pré-universitário DESAFIO (Faculdade de Medicina)
Fundado em 2000 por estudantes da XXXVI turma de medicina
do campus de Botucatu, o cursinho disponibilizou 120 vagas para o ano
de 2019. Segundo seu edital de processo seletivo (CURSINHO PRÉ-
UNIVERSITÁRIO DESAFIO, 2019), as inscrições ocorreram de forma on-
-line e puderam se inscrever alunos que estão no 3º ano do Ensino Médio ou
que já tenham concluído.
Das 120 vagas, 102 vagas (85% do total das vagas) foram reservadas
para: a) alunos que cursavam ou cursaram integralmente o Ensino Médio na
rede pública de ensino; b) alunos que cursavam ou cursaram integralmente
com 100% de bolsa o Ensino Médio na rede privada de ensino e; c) alunos
que cursavam ou cursaram o Ensino Médio parte na rede pública de ensino,
parte na rede privada de ensino com bolsa 100%. Os outros 15% do total de
vagas (18 vagas) foram destinadas para: a) alunos que, apesar de terem estu-
dado na rede privada de ensino, armaram não conseguir custear, atualmen-
te, um curso pré-vestibular e; b) alunos que cursaram Ensino Médio parte na
rede pública de ensino, parte na rede privada de ensino com bolsa parcial ou
sem bolsa (CURSINHO PRÉ-UNIVERSITÁRIO DESAFIO, 2019).
A seleção ocorreu em duas etapas. A primeira foi uma entrevista socioe-
conômica onde os candidatos entregaram os documentos que comprovaram
sua situação econômica, estando isentos aqueles que estudaram integralmen-
te em escola pública, integralmente em escolar particular com bolsa de 100%
e parcialmente em escola particular com bolsa de 100%. Já segunda etapa foi
obrigatória a todos, e consistiu em uma prova de conhecimentos gerais e uma
redação. As aulas ocorriam na E.M.E.F.E.I. Luiz Carlos Aranha Pacheco, de
segunda a sexta- feira no período noturno (das 19 às 22h20).
De acordo com o relatório da PROEX, o cursinho analisava a eva-
são dos alunos e suas causas, sendo essa fortemente marcada por questões
79
econômicas, principalmente por alunos que abandonam os estudos para tra-
balhar e auxiliar a renda familiar.
Cursinho da FMZV (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia)
Fundado em 2016 em parceria com a Diretoria de Ensino do Estado
de São Paulo, que juntos criaram o cursinho presencial noturno em Botucatu
para alunos regularmente matriculados em escolas públicas, nos dois últimos
anos do Ensino Médio.
Em seu processo seletivo de 2019 foram disponibilizadas 80 vagas para
os candidatos que atingiram as maiores notas, sendo essas uma média das eta-
pas. A primeira correspondeu a uma prova de conhecimentos gerais, com 40
questões de múltipla escolha e com duração de 03 horas. Os aprovados nessa
etapa participaram de um “aulão”, caracterizado por 03 semanas de aulas de
nivelamento para que os alunos tenham conhecimento base para prosseguir
com o curso. Somente os candidatos que mantiveram uma frequência mínima
de 70% durante essas semanas são aprovados e podem iniciar no cursinho.
As aulas aconteciam na central de aulas da FMZ, localizada no campus
de Rubião Júnior (Botucatu-SP). O número de alunos voluntários e bolsistas
que atuam no projeto não foi disponibilizado ao pesquisador.
Cursinho pré-vestibular Alvo
(Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas -FCAT)
Fundado em 2006, ofereceu, em 2019, 120 vagas. Suas aulas aconte-
ciam na cidade de Dracena (SP), de segunda a sexta-feira, no período notur-
no (das 19h às 22h), na “E.M.E.F.I. João Vendramini”.
Para o edital das turmas com início das aulas em março, o cursinho
disponibilizou 120 vagas, destinadas exclusivamente à alunos da rede pública
e privada (bolsistas), que já concluíram o Ensino Médio ou estavam regular-
mente matriculados no último ano desse nível de ensino. As inscrições foram
realizadas presencialmente, no campus da Universidade ou via formulário
eletrônico disponível na internet. Em ambos os casos, os alunos caram res-
ponsáveis pela entrega da documentação necessária para comprovar sua situa-
ção socioeconômica. Havia uma taxa obrigatória de inscrição, no valor de R$
80
20,00, podendo essa ser paga presencialmente ou por transferência bancária
(CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR ALVO, 2019).
A seleção dos candidatos se deu pela pontuação na prova de conheci-
mentos gerais, com 40 questões de múltipla escolha e que abrangeu o conteú-
do básico do Ensino Médio. Em 2019, o cursinho contava com 23 professo-
res, entre voluntários e bolsistas voluntários.
Cursinho Popular da Unesp – S.E.U
O Cursinho Popular da UNESP Franca - Serviço de Extensão
Universitária - é um cursinho pré-vestibular gratuito, fundado em 1997 por
alunos do campus da Universidade. No processo seletivo de 2019 foram oferta-
das 240 vagas, sendo a análise socioeconômica a única etapa de seleção. Esta, era
realizada anualmente por um grupo de estudantes do curso de Serviço Social,
o PET-SS da UNESP Franca (CURSINHO POPULAR DA UNESP, 2019).
Para se inscrever no processo seletivo, os candidatos tiveram que reali-
zar a inscrição presencialmente na sede do cursinho, não havendo nenhuma
taxa. Todos os interessados deveriam, obrigatoriamente, estar cursando o 3º
ano do Ensino Médio ou já ter concluído o mesmo.
As vagas foram distribuídas em duas turmas, cada uma com 120 vagas.
As aulas da turma da manhã ocorriam das 7h40min até 12h, e do período
noturno, a partir das 19h00 e com término às 22h30, ambas dentro do cam-
pus da UNESP. Além disso, eram oferecidas monitorias de todas as matérias
apresentadas em sala no período da tarde.
Após aprovados no processo seletivo, os alunos passavam a integrar
todas as atividades do cursinho, incluindo a participação nas reuniões admi-
nistrativas e pedagógicas. Era deles, também, a escolha dos temas das ativida-
des de sábado e sua metodologia. Contribuíam com o projeto 70 alunos de
graduação, destes, 10 eram bolsistas e ocupavam a função de coordenação.
Cursinho FEGVEST (Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá - FEG)
Iniciou as atividades em 2010, no campus de Guaratinguetá e em 2019
disponibilizou 100 vagas. O processo seletivo teve início com um período de
pré-inscrição (não obrigatória), onde os interessados apresentavam apenas a
81
cópia do RG e CPF, além de preencherem um questionário socioeconômico
disponibilizado pelo próprio cursinho. Assim como nas demais etapas do
processo (inscrição, prova e entrevista), os documentos deveriam ser entre-
gues na Faculdade de Engenharia.
As inscrições eram realizadas mediante apresentação de documentos
que comprovassem a situação socioeconômica do candidato, sem nenhum
tipo de cobrança. O pesquisador não conseguiu as informações sobre as de-
mais etapas, uma vez que todas as tentativas de contato com o cursinho (via
Facebook e via e-mail) foram ignoradas.
Cursinho Diferencial (Faculdade de Engenharia de Ilha solteira – FEIS)
Dividido em dois polos (Andradina e Ilha Solteira), o cursinho ofere-
ceu, em 2019, 423 vagas. No polo de Andradina, havia uma parceria com
a prefeitura da cidade, que disponibilizava a escola “E.M.E.F. Anna Maria
Marinho Nunes Professora” para que as aulas fossem desenvolvidas. A prefei-
tura também se comprometeu com o pagamento de 20 bolsas, o suciente
para todos os professores que participavam do projeto.
O processo seletivo deste polo era feito unicamente por uma prova de
conhecimentos gerais, contendo 60 questões. Para participar, os alunos tive-
ram que realizar a inscrição on-line, por meio de um formulário eletrônico
disponível na página do cursinho. Puderam se inscrever alunos da rede públi-
ca de ensino (cursando o 3º ano ou que já tenham concluído) e da rede pri-
vada, desde que comprovada bolsa de estudos, de no mínimo 50% do valor.
Além disso, as vagas eram exclusivas aos moradores da cidade de Andradina,
o que exigia dos candidatos um comprovante de residência. Assim como
ocorreu no polo de Ilha Solteira, havia, também, uma reserva de 5% das
vagas para funcionário e lhos de funcionários da UNESP, desde que res-
peitado o critério da escolaridade mencionado anteriormente (CURSINHO
DIFERENCIAL, 2019b).
No início do ano de 2019 foram disponibilizadas 168 vagas, e para o
segundo semestre houve uma nova seleção, com outras 35 vagas. As aulas
aconteciam de segunda a sexta-feira, no período noturno (19h20 às 23h).
Já o polo de Ilha Solteira disponibiliza 220 vagas, sendo essas ocupadas por
alunos da rede pública de ensino, alunos da rede particular de ensino que já
82
tivessem concluído ou que estavam matriculados no último ano do Ensino
Médio ou equivalente, desde que comprovasse bolsa de estudos de no mínimo
50%. Havia uma reserva de 5% para funcionários e lhos de funcionários da
UNESP e mais 5% para candidatos com mais de 30 anos, desde que respei-
tados os critérios de escolaridade mencionados anteriormente (CURSINHO
DIFERENCIAL, 2019a). O único critério de seleção era a pontuação na
prova de conhecimentos gerais. Após selecionados, os alunos passavam a ter
aula dentro da FEIS, localizada no centro da cidade.
Cuca Fresca
O Cuca Fresca foi criado no ano de 2005, e a iniciativa partiu dos estu-
dantes do curso Industrial de Madeireira e de alguns professores do campus
de Itapeva (NASCIMENTO, 2013). Em seu processo seletivo de 2019, o
cursinho disponibilizou 80 vagas e foi pautado em duas etapas. Para parti-
cipar, os alunos tiveram que realizar a inscrição de forma presencial na sede
do cursinho, localizada dentro do campus, estando aptos a participar todos
aqueles que estavam cursando o 3º ano do Ensino Médio ou que já tivessem
concluído o mesmo, independentemente de ser em escola pública ou privada
(CUCA FRESCA, 2019).
A primeira etapa consistiu em uma prova de conhecimentos gerais,
com 50 questões. Foram aprovados para a etapa seguinte os 140 melhores
candidatos, sendo a pontuação máxima de 50 pontos. Já a segunda etapa
foi caracterizada por uma análise socioeconômica, onde os candidatos foram
responsáveis por retirar na sede do cursinho um formulário, que teve que ser
entregue no mesmo local com os devidos documentos que comprovaram a
situação econômica do candidato. A pontuação máxima para essa etapa era
de 25 pontos (CUCA FRESCA, 2019).
A partir da somatória das duas etapas, que no máximo corresponde a 75
pontos, o cursinho selecionou os 80 melhores candidatos. Das vagas, no máxi-
mo 05 foram destinadas à funcionários e pessoas que possuem um parentesco
de até 1º grau com funcionários da UNESP. As aulas ocorriam de segunda a
sexta-feira, no período noturno (das 19h às 23h) e com possíveis aulas às 18h15
e aos sábados à tarde. O número de alunos voluntários e bolsistas que atuavam
no projeto, em 2019, não foi disponibilizado ao pesquisador.
83
Cursinho Ativo
O cursinho Ativo foi criado no ano 2000 por iniciativa dos estudantes
da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. Segundo o
relatório enviado à PROEX, o cursinho passou por uma grande evolução em
relação ao número de vagas ofertadas, saltando de 40 no ano de 2000 para
260 vagas em 2019.
O processo seletivo de 2019 ocorreu seguindo três critérios: prova de
conhecimentos gerais, avaliação do questionário socioeconômico e entrevista
com o candidato. Para participar, o candidato teve que realizar a inscrição on-
-line, escolhendo o período em que desejava estudar (vespertino ou noturno) e
responder a um questionário socioeconômico (CURSINHO ATIVO, 2019).
Para a primeira etapa, o candidato participou de uma prova de co-
nhecimentos gerais, composta por 60 questões e com duração de 04 horas.
Foram aprovados aqueles que atingiram a nota de corte, sendo essa criada a
partir da média da pontuação dos alunos e a relação candidato/vaga para o
período escolhido (CURSINHO ATIVO, 2019).
Para a segunda etapa, caracterizada pela entrevista, os alunos tiveram
que entregar os documentos de acordo com as informações do formulário so-
cioeconômico preenchido durante a inscrição. Os aprovados tiveram aulas de
segunda a sexta-feira, dentro do campus da FCAV, cando o vespertino com
aulas das 14h às 17h30, e noturno, com aulas das 19h às 22h30. O número
de alunos voluntários e bolsistas que atuavam no projeto em 2019 não foi
disponibilizado ao pesquisador.
Cursinho Alternativo da UNESP de Marília (CAUM)
Fundado em 1998, o cursinho desenvolve atividades na Faculdade de
Filosoa e Ciências da UNESP de Marília e é gerido por discentes e docentes
da própria Universidade (CURSINHO ALTERNATIVO DA UNESP DE
MARÍLIA, 2019). Segundo consta em seu edital, para o ano de 2019 foram
disponibilizadas 190 vagas (30 delas reservadas para os estudantes com de-
ciência auditiva).
Contando com uma grade com 21 disciplinas, chama atenção a exis-
tência da disciplina “combate às opressões”, todavia, o pesquisador não
84
conseguiu contato com o cursinho para compreender melhor os objetivos des-
sa disciplina. As aulas aconteciam de segunda a sexta-feira, das 18h às 22h40,
cando um horário alternativo para os candidatos com deciência auditiva.
A seleção dos candidatos em 2019 começou com inscrições on-line,
composta por uma cha de dados pessoais e informações socioeconômicas,
utilizadas para classicar os alunos. Para selecionar os aprovados, o cursinho
utilizou os seguintes critérios: (1) ter cursado ou estar cursando 3º ano do
Ensino Médio em escola pública; (2) por faixa de renda per capita; (3) ser
pardo/negro/indígena; (4) quantidade de pessoas desempregadas na família
e; (5) ter 18 anos ou mais.
Cursinho CACU-O
Fundado em 2005 no campus da UNESP de Ourinhos, inicialmente com
o nome de CAGEO (NASCIMENTO, 2013), o cursinho CACU-O disponi-
bilizou 150 vagas para o ano de 2019, divididas em 03 turmas: vespertino, com
aulas de segunda a sexta-feira, das 14h20 às 19h (40 vagas); noturno, também
durante a semana e com aulas das 19h20 às 22h40 (70 vagas) e; turma do nal de
semana, com aulas aos sábados e domingos, das 07h às 12h40 (40 vagas).
As inscrições foram realizadas via formulário eletrônico, disponível na
forma on-line na página do cursinho. De acordo com edital, o único critério
de seleção era o socioeconômico, e para tanto, os alunos tiveram que entregar
documentos que comprovassem ser de escola pública e/ou de baixa renda
(CURSINHO CACU-O, 2019).
Participam do cursinho, em 2019, 06 alunos bolsistas, 05 pagos pela
PROEX e 01 pela própria faculdade.
Cursinho Ideal
Criado no ano de 1998 pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de
Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente “3 de Maio”, sua primeira tur-
ma começou em 1999 (NASCIMENTO, 2013). Em 2019, disponibilizou
por meio de seu processo seletivo, 450 vagas, 300 para a turma do extensivo,
com início das aulas em março e mais 150 para turma do semi-extensivo,
com início das aulas em agosto.
85
Segundo o edital do curso extensivo (CURSINHO IDEAL, 2019), as
vagas foram divididas entre duas turmas: 150 para a turma do vespertino (14h
às 18h20) e 150 vagas para a turma do noturno (19h às 22h30). Para se inscre-
ver, os alunos tiveram que realizar a inscrição on-line, por meio de um formu-
lário eletrônico e participar de uma prova de conhecimentos gerais. No dia da
prova, os alunos pagaram uma taxa de R$ 10,00 e doaram um 1 Kg de alimen-
to não perecível. A nota nal do processo seletivo foi obtida a partir da soma
das notas individuais do questionário socioeconômico e da prova objetiva, sen-
do, respectivamente, 40% e 60% da nota nal (CURSINHO IDEAL, 2019).
A seleção para as turmas do semi-extensivo foi a mesma, alterando so-
mente o número de vagas: 75 para a turma vespertino e 75 para a turma do
noturno. Ambos os cursistas realizaram aulas na própria Faculdade. De acordo
com o relatório de atividades da PROEX, auxiliavam no projeto, em 2019, 03
coordenadores docentes e 03 discentes, além de 20 “professores- monitores
que ministram as aulas, sendo que 10 destes eram bolsistas PROEX.
Segundo a coordenação do cursinho, havia uma parceria com a em-
presa de transporte público da cidade, que fornecia um desconto de 50% do
valor da passagem para alunos do cursinho. Todavia, não havia um contrato
ocial que rmava este direito.
Cursinho Conteúdo
Fundado em 2007 no campus da UNESP de Registro, o cursinho ofe-
receu em seu último processo seletivo 80 vagas. A seleção ocorreu em uma
única etapa, caracterizada pela análise socioeconômica. As aulas aconteciam
dentro do campus da UNESP, de segunda a sexta-feira no período noturno
(das 18h30 às 22h20). O número de alunos voluntários e bolsistas que atua-
vam no projeto não foi disponibilizado ao pesquisador.
Cursinho ATHO
O cursinho comunitário ATHO – Ação Transformadora do Homem,
é um projeto que iniciou suas atividades em 1977 na cidade de Rio Claro.
Entretanto, segundo consta no relatório de atividades da PROEX, o cursi-
nho não encaminhou para a direção do campus o plano de atividades para
86
o ano de 2018, e por este motivo, não realizou mais atividades. Em nota de
esclarecimento divulgada em sua página no Facebook, o cursinho lamenta a
decisão da direção em não aceitar um novo projeto que possibilitasse a reto-
mada das atividades. De acordo com a nota, o cursinho conseguiu um novo
docente para coordenar as atividades e escreveu um novo projeto, entretanto,
após meses de tentativas e negociações com a direção, a decisão se manteve.
O cursinho pretendia retomar às atividades no ano de 2020.
Cursinho Alternativo da UNESP de Rosana (CAUR)
Criado no ano de 2005 por iniciativa dos estudantes e professores do cam-
pus de Rosana, oferecia 300 para início no começo do ano de 2019. As aulas
eram realizadas dentro do campus durante o período noturno, das 19h às 22h30.
Em ambos os casos, o edital previa uma inscrição on-line e a realização de
uma prova de conhecimentos gerais. A seleção era realizada de acordo com número
de acertos da prova de conhecimentos gerais, havendo preferência de vagas para
estudantes do 3º ano ou concluintes do Ensino Médio público: 50% das vagas para
alunos de escola pública; 30% para ampla concorrência; e 20% para cotas raciais
(CURSINHO ALTERNATIVO DA UNESP DE ROSANA, 2019).
Havia uma taxa de matrícula que, segundo o edital, era utilizada para
adquirir recursos e cobrir despesas operacionais do processo seletivo do
CAUR. Para tanto, era solicitado aos candidatos o pagamento da taxa de
matrícula que consistia em 100 folhas sulte A4. O cursinho deixou claro
que caso o aluno não pudesse contribuir dessa forma, deveria justicar ao co-
laborador responsável no dia da matrícula, e que tal ação não desqualicaria
o candidato para ingressar no cursinho.
O cursinho realizava uma parceria com o “Descomplica” e o “QMágico”,
que oferece uma integração com diversas tecnologias e práticas educacionais,
podendo os professores compartilhar materiais antes da aula ou criar ativida-
des para casa com correção automática.
PreVest UNESP (Instituto de Ciências e Tecnologia)
Fundado em 2007 no campus de São José dos Campos, o cursinho
oferecia anualmente 70 vagas. As aulas ocorriam dentro do campus, de
87
segunda a sexta-feira, das 13h30 às 20h, e aos sábados, das 8h às 12h. O
processo seletivo consistia em 03 etapas: inscrição, Vestibulinho e entrevista
socioeconômica.
Para participar do processo seletivo de 2019 os alunos tiveram que
realizar a inscrição de forma on-line e participar de uma prova de conhe-
cimentos gerais, denominada pelo cursinho de “Vestibulinho”. Trata-se de
uma prova classicatória com 70 questões que englobam o conteúdo base
do Ensino Médio. A segunda etapa, entrevista, tem por objetivo ltrar os
classicados e selecionar os que se enquadram ao perl socioeconômico do
cursinho. O número de alunos voluntários e bolsistas que atuam no projeto
não foi disponibilizado ao pesquisador.
Polo Atlas
Segundo consta no relatório de atividades da PROEX, até 2017, os
cursinhos do IBILCE (Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas)
de São José do Rio Preto eram formados por três cursinhos: Metamorfose,
VestJr e Vitoriano. A partir de 2018 passaram a existir dois, uma vez que o
Metamorfose e VestJr fundiram-se para formar o “polo Atlas”.
Para participar da turma extensivo do Atlas, os candidatos tiveram que
passar pelo processo seletivo, composto por uma prova de conhecimentos ge-
rais, uma entrevista e análise socioeconômica. Para se candidatar à uma das va-
gas, foi necessária a inscrição on-line e o pagamento de uma taxa no valor de R$
31,00, devendo essa ser paga via “PagSeguro”. Após a realização do pagamento,
o candidato cou responsável por enviar um comprovante para o e-mail do
cursinho, especicado no edital (CURSINHO POLO ATLAS, 2019).
A prova, de caráter eliminatório, era formada por 50 questões de múlti-
pla escolha e resultava na seleção de apenas 160 candidatos, que participaram
da etapa seguinte, a entrevista. Esta, consistia em obter dados relacionados à
renda familiar do candidato e avaliar a impossibilidade de o mesmo custear
um cursinho pré-vestibular particular (CURSINHO POLO ATLAS, 2019).
Dos 160 candidatos aprovados na primeira etapa, 135 foram convocados
para a matrícula. Para tanto, os alunos deveriam atender aos seguintes requi-
sitos: ter cursado ou estar cursando o terceiro ano do Ensino Médio em 2019
em escola pública e ter renda familiar de, no máximo, um salário mínimo por
88
indivíduo (aproximadamente R$937,00). Pessoas que estudavam ou estuda-
ram em escola particular com bolsa de estudos e pertencerem à faixa de renda
citada poderão ser aceitos (CURSINHO POLO ATLAS, 2019).
As aulas do extensivo aconteciam no período noturno, de segunda a sex-
ta-feira, das 19h às 22h40, e aos sábados das 9h às 17h. Já a turma do semi-ex-
tensivo, com aulas de segunda a sexta-feira (das 19h às 22h40), possuía 40 vagas.
O processo seletivo era composto pelas mesmas etapas descritas anteriormente,
mudando apenas o número de convocados para entrevista, de 160 para 80.
Cursinho Vitoriano
Em 2019, disponibilizou 80 vagas: 40 vagas para o período noturno
e 40 para o vespertino. As inscrições aconteciam de forma on-line, devendo
os candidatos interessados pagar uma taxa de R$20,00. A primeira etapa
consistia em uma prova de conhecimentos gerais, seguida da entrevista e da
avaliação socioeconômica, nos mesmos moldes do cursinho “Polo Atlas”.
DA CAPO
O “DA CAPO”, assim como os outros dois cursinhos presentes no
Instituto de Artes (IA) de São Paulo (abaixo descritos), diferenciam-se dos
demais cursinhos da UNESP por estarem voltados exclusivamente para as
provas especícas dos cursos de música, artes visuais e artes cênicas.
Preparatório para candidatos ao curso de música, o DA CAPO foi cria-
do em 2009. Conseguiu nanciamento para pagamento de bolsistas PROEX
entre os anos de 2010 e 2012, e funcionou com trabalho voluntário de 2012
até 2017, ano em que voltou a ter apoio da Pró- reitoria.
O cursinho realizava inscrições e provas ao início de cada semestre. As
provas realizadas em março eram voltadas para o módulo extensivo, com du-
ração de 8 meses, e abordavam conteúdos básicos de teoria musical e leitura
de partitura. As provas realizadas em agosto eram voltadas para o módulo in-
tensivo, com duração de 04 meses e abordavam conteúdos básicos de teoria,
percepção e história da música.
As provas de seleção para cada um dos módulos eram distintas, havendo
duas etapas para o extensivo e quatro para o semi. Para o extensivo, era exigido
89
do candidato a participação em um teste escrito, caracterizado por conteúdos
especícos da área, tais como identicação e o reconhecimento de alturas nas
claves de “sol” e “”, tonalidades maiores e relativas, etc. A segunda etapa era
um solfejo, que conferia a familiaridade e desenvoltura do aluno com a entoa-
ção e com a realização rítmica (CURSINHO DA CAPO, 2019). Os 55 apro-
vados possuíam aulas no IA, de terça e quinta-feira, das 19h às 22h.
Já para a turma do semiextensivo, além das duas etapas anteriormente descri-
tas (teste escrito e solfejo) os alunos também eram avaliados pela percepção (iden-
ticação auditiva de intervalos, acordes, etc.) e pelo conhecimento em história mú-
sica, respondendo a questões auditivas para relacionar características musicais com
seu respectivo período histórico, além de questões dissertativas (CURSINHO DA
CAPO, 2019). Assim como a turma do extensivo, este módulo oferecia 55 vagas,
com aulas no próprio IA, de terça e quinta- feira, das 18h às 22h.
Previa (Artes Visuais)
De acordo com o relatório de atividades enviado à PROEX, trata-se
de um “co- laboratório” de artes visuais, criado e mantido desde 2008 pela
iniciativa e trabalho voluntário de estudantes. É voltado para as provas espe-
cícas de artes visuais, com foco nas provas da USP, UNESP e UNICAMP.
As aulas eram divididas entre a parte teórica e prática, sendo essa últi-
ma realizada nos ateliês ou outros espaços da UNESP. Para se participar, os
candidatos devem realizar as inscrições presencialmente, na sede do cursinho
(IA). Em 2019, o cursinho realizou um sorteio para preencher as 50 vagas
ofertadas. Entretanto, segundo constava na página do cursinho no Facebook,
uma parte das vagas era destinada para alunos de escola pública, baixa renda,
trans, escola particular com bolsa e/ou PPI.
As aulas ocorreram durante o segundo semestre, todos os sábados, das
8h30 às 13h no Instituto de Artes da UNESP, em São Paulo.
Cursinho popular de artes cênicas “Heleny Guariba
Fundado em 2016, o cursinho é preparatório única e exclusivamen-
te para a prova de habilidades especícas dos cursos de teatro do Instituto
de Artes da UNESP, não havendo quaisquer relações com outras fases do
90
vestibular (CURSINHO POPULAR HELENY GUARIBA, 2019). Oferecia,
em 2019, 160 vagas divididas entre o módulo extensivo e o semi-extensivo. O
processo seletivo para ambos os módulos era o mesmo e tinha como critério
de seleção uma análise socioeconômica pautada em alguns critérios, são eles:
todas as vagas eram destinadas para alunos que estevam cursando o terceiro
ano do Ensino Médio ou que já haviam concluído o mesmo integralmente
em escola pública ou em particular com bolsa de 100%; todas as pessoas
indígenas, com deciência e pessoas que se identicassem com o “segmento
T” (travestis, transexuais, transgêneros, etc.) estavam automaticamente se-
lecionadas para o cursinho; por critério racial, estando reservadas 55% das
vagas para pessoas negras e; por critério de renda per capita (CURSINHO
POPULAR HELENY GUARIBA, 2019).
Para o módulo do extensivo, denominado de “Introdução ao estudo e
prática das artes cênicas”, foram ofertadas 80 vagas. As aulas, que se iniciaram
no m de abril, ocorreram sempre aos sábados (das 9h às 13h) dentro do IA,
e se encerram em 29 de junho. O módulo incluiu estudos sobre os funda-
mentos históricos e teóricos em teatro, além de uma parte voltada à prática
de escrita, focando na redação e na elaboração de respostas discursivas. Já o
módulo semi-extensivo, denominado de “Aprofundamento no estudo e prá-
tica das Artes Cênicas” , foi voltado para a bibliograa especíca das provas
de habilidades do IA/UNESP 2020. Com início em agosto e m em dezem-
bro, o módulo foi dividido em duas turmas, com 40 vagas em cada. As aulas
aconteceram das 9h às 13h, no próprio Instituto de Artes.
Segundo a coordenação do cursinho, existiam 03 bolsistas PROEX em
2019, não havendo nenhuma parceria rmada.
Cursinho comunitário Caiçara
Criado no campus de Ilha Solteira ano de 2007, possuía três turmas
com 30 candidatos cada (duas noturnas e uma no período da tarde). O pro-
cesso seletivo era formado pela inscrição on-line e avaliação do perl socioe-
conômico do candidato, sendo essa realizada durante a entrevista. Aqueles
que não conseguiam se inscrever e realizar o processo seletivo poderiam in-
gressar no cursinho por meio do “programa de ouvintes”. Embora estes não
tivessem acesso à carteirinha de estudante, detinham o direito de carimbar
91
passe escolar e adquirir descontos nas passagens de transporte coletivo.
Segundo o plano de atividades enviado à PROEX, as três turmas pos-
suíam uma grade curricular unicada, que contava com a disciplina “Crítica às
relações de opressão”. O pesquisador também não conseguiu estabelecer conta-
to com a coordenação para compreender os objetivos da disciplina, bem como
ter acesso ao número de voluntários e bolsistas que integraram o projeto.
Gerabixo
O cursinho iniciou suas atividades no campus de Sorocaba em 2006,
por iniciativa dos estudantes do campus (NASCIMENTO, 2013) e atual-
mente oferece 140 vagas: 70 para a turma da manhã (8h às 12h20) e 70 para
a turma da noite (19h às 22h35).
Segundo consta em seu edital (GERABIXO, 2019), para se candidatar o
candidato deve preencher os seguintes requisitos: ter cursado ou estar cursando o
3º ano do Ensino Médio em escola pública, ou em escolar particular com bolsa de
100%; e ter renda per capta familiar igual ou menor que um salário mínimo e meio.
As inscrições de 2019 ocorreram presencialmente, no campus da
UNESP de Sorocaba. A primeira etapa foi denida pela realização de uma
prova de conhecimentos gerais, com 90 questões e duração de 4h30, sendo
selecionados para a etapa seguinte os 240 melhores classicados (120 de cada
turma). A segunda etapa foi caracterizada por uma avaliação socioeconômica,
onde os alunos apresentaram os devidos documentos comprobatórios. Já a
última etapa foi caracterizada por visitas às residências dos candidatos, sendo
essa realizada por membros do cursinho com objetivo de efetuar um levan-
tamento de logística, infraestrutura e perl do aluno (GERABIXO, 2019).
Ao nal do processo foram selecionados 70 alunos para cada turma, de acor-
do com a pontuação total nas diferentes etapas e seguindo critérios estabelecidos no
edital (GERABIXO, 2019). As aulas aconteciam no campus da Universidade de se-
gunda a sexta-feira, e aulas extras aos sábados e simulados eventuais aos domingos.
Cursinho 180 Graus
Iniciou suas atividades no segundo semestre de 2004 no campus de
Tupã, com 15 alunos (NASCIMENTO, 2013). Em 2019, ofereceu 108
92
vagas, preferencialmente aos candidatos com menores condições socioeconô-
micas. Seu único requisito era que os alunos tivessem concluído ou estives-
sem cursando o terceiro ano do Ensino Médio.
As inscrições de 2019 ocorreram exclusivamente pela página do cursi-
nho, onde foi disponibilizado um formulário de inscrição e uma cha socioe-
conômica. Para a cha, os alunos tiveram que anexar as cópias digitalizadas
dos devidos documentos comprobatórios da escolaridade e situação econô-
mica (CURSINHO 180 GRAUS, 2019).
A primeira etapa foi baseada em uma prova de conhecimentos gerais,
com 04 horas de duração. O edital não especica se existem critérios de clas-
sicação (e quais são eles), necessários para a segunda etapa, todavia, esta úl-
tima é caracterizada pela avaliação da cha socioeconômica preenchida pelos
candidatos no ato da matrícula.
Os 108 aprovados possuíam aulas no campus da Universidade, de se-
gunda a sexta-feira, das 19h às 22h40. Até o ano de 2018 havia 09 bolsistas
colaborando com as atividades do cursinho, mas segundo a coordenação, de-
vido a cortes no orçamento o número foi reduzido para 08 no ano seguinte.
Em 2019, o cursinho contava com uma parceria com o site “Descomplica”,
com prefeituras de cidades vizinhas que se responsabilizam pelo transporte
gratuito dos alunos e com o Núcleo de estagiários em psicologia de uma
Faculdade particular da cidade (FADAP – Faculdade de Direito da Alta
Paulista), que realizava encontros semanais em grupo sobre temas proposto
pelos psicólogos.
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Ocialmente fundada em 5 de outubro de 1966, a UNICAMP conta
com 34.652 alunos matriculados em 66 cursos de graduação e 153 programas
de pós-graduação oferecidos nos campus de Campinas, Piracicaba e Limeira.
Ao todo, são 24 unidades de ensino e pesquisa, divididas em 10 institutos e
14 faculdades, além de dois colégios técnicos (UNICAMP, 2020).
Em 2019, pela primeira vez, a Universidade adotou cotas étnico-ra-
ciais no vestibular, além de oferecer as opções de ingresso por meio da nota
do Enem, do desempenho em olimpíadas cientícas e vagas pelo Vestibular
Indígena. De acordo com os dados dos convocados no vestibular, 38,2% se
93
autodeclararam pretos ou pardos, 48,7% são de escola pública e 2,1% são
indígenas (UNICAMP, 2019).
Durante o levantamento desta pesquisa, encontrei 06 cursinhos pré-
-vestibulares populares que possuíam algum vínculo com a Universidade,
sendo que 05 destes estão localizados na cidade de Campinas e 01 na cidade
de Limeira, somente o campus de Piracicaba não realizava nenhum projeto
de extensão voltado para o ingresso de jovens no Ensino Superior.
Curso Exato
Projeto desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC)
da Unicamp que tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento de alu-
nos da rede pública de ensino. Fundado em 2008 por iniciativa de alunos do
campus de Campinas, o projeto oferece aulas nas áreas de Física, Matemática,
Português e Química, para alunos que estão cursando ou cursaram o Ensino
Médio na rede pública (CURSO EXATO, 2019).
As aulas ocorriam dentro da própria Universidade no período noturno (das
19h15 às 22h30), de segunda a quinta-feira e em algumas sextas-feiras selecionadas.
Somente no início do curso quando ocorre o “mês da matemática” é que as aulas
são ministradas de segunda a sexta-feira. Embora não seja um curso voltado exclusi-
vamente para o vestibular, o projeto contribui de forma indireta para este objetivo,
uma vez que as aulas abordam conteúdos básicos do Ensino Médio e que também
são cobrados nos principais exames (CURSO EXATO, 2019).
Para participar do processo seletivo desse ano (2019), os candidatos ti-
veram que preencher um formulário eletrônico na página do cursinho, onde
foram aceitas apenas inscrições de alunos que completaram o Ensino Médio
integralmente na rede pública ou estão cursando o 2º ou 3º ano do Ensino
Médio na rede pública no ato da inscrição. A seleção dos alunos foi feita por
ordem de inscrição.
Os selecionados na primeira e segunda listas de chamada tiveram, obri-
gatoriamente, que participar do “mês da matemática” e cumprir o requisito
de 70% de frequência. Ao nal do mês ocorreu uma prova de caráter elimina-
tório com questões de matemática e uma redação. Somente os 100 melhores
classicados nessa prova e que respeitaram os 70% de presença foram aprova-
dos e inciaram o curso (CURSO EXATO, 2019).
94
Cursinho “PROCEU Conhecimento
Fundado em 1998, o cursinho era desenvolvido por alunos da
Universidade e tinha sede na Moradia Estudantil da UNICAMP, campus
de Campinas. Suas aulas ocorríam de segunda a sexta-feira, das 18h45
às 22h45, e atendiam preferencialmente alunos da rede pública e/ou de
baixa renda.
Para se inscrever o candidato teve que preencher um formulário on-line
disponível na página do Facebook do cursinho. Como pré-requisito, os can-
didatos deveriam estar matriculados no 1º, 2º ou 3º ano do Ensino Médio.
Para a segunda etapa, foi cobrado dos candidatos uma taxa de inscrição no
valor de R$10,00, sendo que neste mesmo dia os candidatos tiveram que
elaborar uma redação, participar de uma entrevista e entregar os documentos
que comprovassem sua situação econômica.
Para o ano de 2019, foram disponibilizadas 45 vagas e todos os aprovados
foram classicados por critérios socioeconômicos. A redação não inuenciava
nesse processo, uma vez que não tinha peso classicatório ou eliminatório.
Segundo a equipe do cursinho, não havia nenhuma parceria rmada
com o cursinho e nenhum aluno recebia bolsa.
Rede Emancipa - Antônio da Costa Santos
A Rede Emancipa é um movimento social de educação popular que
desde 2007 promove a organização de cursinhos populares pré-universitários
voltados aos estudantes de escolas públicas (REDE EMANCIPA, 2019). Na
cidade de Campinas, a unidade “Antônio da Costa Santos” foi fundada no ano
de 2011 e oferecia aulas preparatórias para o vestibular de segunda a sexta-feira,
das 19h às 22h20. As aulas aconteciam na UNICAMP (Instituto de Biologia)
e, em 2019, ofertou 100 vagas, podendo esse número variar de acordo com o
tamanho e quantidade de salas de aula disponibilizadas pela Universidade.
Para participar do cursinho, os candidatos realizaram a inscrição via
formulário on- line. Essa foi a única etapa do processo seletivo. Em casos
onde a procura excedeu o número de vagas era realizado um sorteio, dando
prioridade para alunos e ex-alunos de escola pública. Os não sorteados entra-
vam para a lista de espera e poderiam ser convocados ao longo do ano.
95
Segundo a coordenação do cursinho, a única parceria que existia na
época era essa realizada com a UNICAMP, que cedia as salas. Também não
havia alunos bolsistas, todos eram voluntários.
Cursinho Popular Zilda Arns (Faculdade de Ciências Médicas)
O Zilda é um cursinho pré-vestibular popular de iniciativa dos alunos
da medicina da UNICAMP campus de Campinas, mas que conta com a
participação de alunos de toda a Universidade. As aulas ocorrem de segunda
a sexta-feira no período noturno (das 19h às 23h) na Faculdade de Ciências
Médicas da UNICAMP. Os plantões para dúvidas acontecem nos mesmos
dias, antes das aulas (das 18h20 às 19h).
Para 2019 foram disponibilizadas 80 vagas, e para participar o candidato
teve que realizar a inscrição on-line e pagar uma taxa no valor de R$35,00. A
primeira etapa consistiu em uma prova de conhecimentos gerais com 50 ques-
tões de múltipla escolha, e somente os candidatos que atingiram a nota de corte
estipulada pela coordenação puderam participar da etapa seguinte, a entrevista
socioeconômica. O cursinho realizava uma parceria com o Sistema Anglo de
Ensino, que fornecia aos alunos o material didático para vestibulares.
Cursinho Popular STU (Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP
Fundado por iniciativa do coletivo anarco-sindicalista de Trabalhadores
da UNICAMP, campus de Campinas, é destinado aos servidores da pró-
pria Universidade (celetistas, estatutários, Fundação de Desenvolvimento da
UNICAMP - FUNCAMP- e terceirizados), seus dependentes e comunidade
externa. Segundo constava em seu site, o cursinho integra um projeto histó-
rico do STU de apoiar a formação dos funcionários da UNICAMP e seus de-
pendentes, aumentando suas chances de disputar uma vaga nas Universidades
públicas brasileiras (CURSINHO POPULAR DO STU, 2019).
As inscrições para o processo seletivo iniciam-se por formulário on-line
disponível na página do cursinho ou pessoalmente na sede do Sindicato dos
Trabalhadores da Unicamp (Barão Geraldo, Campinas/SP). A seleção ocorria
por critérios socioeconômicos e raciais, e para o ano de 2019 foram disponi-
bilizadas 30 vagas. Os aprovados deveriam apresentar os documentos no ato
96
da matrícula, e somente após análises, é que a vaga poderia ser conrmada. As
aulas aconteciam na própria UNICAMP, de segunda à sexta-feira, no período
noturno, das 19h às 22h.
Projeto Colmeia
De acordo com o professor Marcelo Zoega Maialle, co-executor do
cursinho, o Projeto Colmeia surgiu em 2009 por iniciativa dos alunos da
Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da UNICAMP de Limeira. O pro-
jeto foi desenvolvido por alunos de graduação do curso de Engenharia de
Produção na disciplina “Ética e Cidadania”, juntamente à professora Josely
Rimoli. A intenção baseava-se em oferecer ensino gratuito a jovens de baixa
renda do município, com o intuito de proporcionar conhecimento e cultura
aos alunos, além de oportunizar o acesso à Universidade, em cursos prossio-
nalizantes e em concursos públicos.
No ano de 2013, foi rmada uma parceria entre a UNICAMP e a prefei-
tura municipal de Limeira, por meio da Secretaria de Educação, que resultou em
maiores investimentos para a estrutura do centro comunitário (sede do cursinho,
localizada no bairro Jardim Morro Azul, Limeira/SP). O investimento inclui aqui-
sição de apostilas, gastos com impressões, giz, material de higiene, oferecimento de
lanches para os estudantes (via serviço social) e repasse de 33 bolsas-auxílio mensal
para professores, monitores e coordenadores (10 parcelas de R$618,00).
Para o ano de 2019 foram ofertadas 350 vagas, distribuídas em duas
modalidades de curso pré-vestibular: o extensivo, com duração de dois se-
mestres, com três turmas vespertinas (das 13h20 às 17h30) e quatro turmas
noturnas (18h às 22h30); e semi, com duração de um semestre, com um
curso de estudos pré-vestibulares (noturno), para duas turmas. Todas as vagas
foram destinadas aos jovens que preencheram os seguintes pré-requisitos: não
portadores de diploma de curso superior, com Ensino Médio completo ou
cursando o 3°ano; domiciliado no município de Limeira e com renda fami-
liar mensal per capita que não excedesse o valor de até dois salários mínimos
vigente (PREFEITURA MUNICIPAL DE LIMEIRA, 2019).
Para participar, os candidatos tiveram que realizar a inscrição no site da
prefeitura, imprimir e preencher os formulários disponíveis e levá-los, junto
com os documentos necessários, ao Setor de Serviço Social Educacional (Rua
97
João Kühl Filho, s/n, Vila São João). Após a inscrição o próprio sistema do
site agendou um dia e horário para uma entrevista com a comissão de avalia-
ção. Os que foram selecionados nessa primeira etapa realizaram uma prova
classicatória, sendo essa composta por questões de múltipla escolha e que
englobaram o conteúdo base do Ensino Médio. O resultado do processo se-
letivo e início da aula foram divulgados no site da prefeitura.
Nesse projeto, a UNICAMP cedia dois professores doutores, que atua-
vam como coordenadores; alunos de graduação e pós-graduação, responsá-
veis pelas aulas e mais 05 bolsas sociais, destinadas aos alunos que auxiliam
na organização das atividades dos professores (denominados de “monitores”).
Universidade de São Paulo (USP)
Universidade estadual fundada em 1934. Possui campus nas cidades
de São Paulo (04), São Carlos (02), Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga
e Ribeirão Preto. Ao todo são 97.982 alunos matriculados, sendo 58.957 na
graduação, que por sua vez, oferta 321 cursos (USP, 2018).
Segundo o anuário estatístico (USP, 2018), 30,46% dos alunos que
ingressaram em um dos cursos de graduação estudaram todo o Ensino Médio
em escola pública, 61,26% toda em escola particular e 8,28% em outras si-
tuações (parcialmente em escola pública ou particular, SENAI, SESI, etc.).
Sobre a frequência em cursinhos pré-vestibular, 55,77% dos ingressantes
obrigatoriamente frequentaram algum por no mínimo seis meses, prevale-
cendo aqueles que cursaram um ano inteiro (31,48%) (USP, 2018).
É importante salientar que nenhum dos 17 núcleos de cursinhos pré-
-vestibulares presentes nessa Universidade estão ligados à Pró-reitoria de
Cultura e Extensão Universitária (PRCEU). De forma geral, esses cursinhos
utilizam o espaço físico das próprias Faculdades ou Institutos e mantêm-se
nanceiramente por meio de cobrança de taxas (inscrição e/ou matrícula),
mensalidades, doações e parcerias.
Curso Pré-Vestibular MedEnsina (Faculdade de Medicina)
Fundado em 2002 por alunos da Faculdade de Medicina da USP, o
cursinho é associado ao Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC) e oferece
98
aulas gratuitas a alunos que estejam cursando ou já concluíram o 3º ano do
Ensino Médio (CURSO PRÉ-VESTIBULAR MEDENSINA, 2019).
Segundo constava em seu site, o cursinho possuía patrocínio de mate-
rial didático com o sistema de ensino POLIEDRO, o que resultava na isen-
ção de qualquer custo relacionado à impressão ou confecção de material para
os alunos. O único valor cobrado pelo cursinho ocorria no ato da inscrição,
via plataforma especíca, a Sympla. Nesse caso, os alunos eram obrigados a
pagar uma taxa única no valor de R$30,00 (CURSO PRÉ-VESTIBULAR
MEDENSINA, 2019).
Para o ano de 2019, o processo seletivo ofertou 260 vagas, sendo essas
divididas em 04 salas com 65 alunos cada. A seleção envolveu uma prova de
conhecimentos gerais e uma avaliação socioeconômica, cada uma tendo um
peso diferente ao nal do processo: 20% e 80%, respectivamente. A prova
teve duração de 04 horas e possuiu 60 questões objetivas que englobaram o
conjunto de disciplinas obrigatórias do Ensino Médio: Matemática, Física,
Química, Biologia, História, Geograa, Sociologia, Filosoa e Português
(CURSO PRÉ- VESTIBULAR MEDENSINA, 2019).
Foram convocados para a avaliação socioeconômica 1000 (mil) can-
didatos melhores classicados na prova de conhecimentos gerais, sendo que
destes apenas os 260 melhores classicados segundo pontuação nas duas ava-
liações foram convocados na 1ª chamada. O processo de avaliação socioeco-
nômica é assistido pelo MedApoia, serviço social da Faculdade de Medicina
da USP, que tem como objetivo garantir que a seleção contemple alunos que
não possuem condições nanceiras para custear um pré-vestibular de iniciati-
va privada (CURSO PRÉ-VESTIBULAR MEDENSINA, 2019).
Importante destacar que o cursinho contava, em 2019, com uma reser-
va de vagas (43%) para autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPIs), o
que corresponde a 112 alunos. Segundo consta no edital, o valor percentual
foi baseado na distribuição demográca da cidade de São Paulo, constatada
pelo Censo 2010 do IBGE por etnia, ajustada pela renda de até 2 salários
mínimos (CURSO PRÉ-VESTIBULAR MEDENSINA, 2019).
As aulas ocorrem na própria Faculdade, de segunda a sexta-feira, das
18h45 às 22h40, cando os nais de semana para a realização de aulas extras
e simulados. Durante as duas primeiras semanas de aula o cursinho oferece
99
um curso de nivelamento em português, matemática e introdução às ciências
humanas e ciências exatas. Concluído o nivelamento, os alunos iniciam o
programa de aulas com o material do Extensivo HEXA, do sistema de ensino
POLIEDRO (CURSO PRÉ-VESTIBULAR MEDENSINA, 2019).
Cursinho Popular Clarice Lispector (Faculdade de Ciências Farmacêuticas)
Fundado em 2016 por alunos de graduação da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP, membros do Centro Acadêmico de Farmácia e
Bioquímica (CAFB) da USP e pelo professor Daniel Rossado Oliveira, o cur-
sinho tem como objetivo expandir o acesso à educação e democratizar o acesso
às Universidades (CURSINHO POPULAR CLARICE LISPECTOR, 2019).
O público-alvo são alunos e ex-alunos da rede pública de ensino, bem
como bolsistas de escolas particulares que se encontram em situação socioe-
conômica menos favorecida. Toda a equipe administrativa e corpo docente,
eram, em 2019, voluntários, e ofereciam aulas gratuitas com objetivo de fa-
vorecer uma formação crítica aos alunos. Durante o levantamento e análise
dos dados, o pesquisador não identicou nenhuma parceria entre instituições
públicas ou privadas com o cursinho.
As aulas eram ministradas na própria faculdade, com três turmas distintas:
duas durante a semana, de segunda à sexta-feira (uma no período da manhã e outra
no da tarde); e outra com aulas aos sábados, em período integral (das 8h30 às 18h).
O processo seletivo teve início com inscrições on-line via formulário
eletrônico, sendo que para cada resposta do candidato havia uma pontuação
previamente estabelecida. Dessa forma, os candidatos com maior número de
pontos eram convocados para a segunda etapa de seleção, a matrícula e a aula
inaugural. Só então, é que deveriam comprovar o que declararam no questio-
nário (CURSINHO POPULAR CLARICE LISPECTOR, 2019).
Em sua última seleção (2019) foram oferecidas 210 vagas, distribuídas
da seguinte forma: 50% (105 vagas) para os que se autodeclaram PPIs, 5
vagas para transexuais e 100 vagas para ampla concorrência. Sobre essas 100
vagas, houve prioridade para alunos e ex-alunos da rede pública de ensino
ou que tenham sido bolsistas de escola particular; pessoas de baixa renda
e ex-alunos do cursinho Clarice Lispector no ano de 2018 (CURSINHO
POPULAR CLARICE LISPECTOR, 2019).
100
Cursinho FEAUSP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade)
Segundo constava em seu site, o cursinho foi fundado em 2000 por
iniciativa de alunos membros do Centro Acadêmico Visconde de Cairu
(CAVC/FEAUSP), e tem como objetivo promover a mobilidade social atra-
vés da democratização do acesso às ferramentas de preparo para o ingresso no
Ensino Superior, bem como desenvolver pessoal e prossionalmente todos os
colaboradores do projeto.
Para tanto, ofereceram 480 vagas divididas em 04 turmas, cada qual
com 120 alunos. As aulas aconteciam dentro da própria faculdade e dife-
rentemente de todos os cursinhos analisados, os professores responsáveis por
essas aulas eram contratados, não havendo nenhum bolsista ou voluntário.
Das quatro turmas, duas tiveram início no mês de fevereiro e encerraram
suas atividades em dezembro, a saber: a turma da semana (TSE) é extensiva,
com aulas de segunda a sexta-feira, das 13:00h às 18:00h, e aos sábados,
das 11h40 às 17:50h (CURSINHO FEAUSP, 2019c); já a turma de sábado
(TSA), também extensiva, mas possuía aulas aos sábados das 7h50 às 17:50h
(CURSINHO FEAUSP, 2019a). A terceira turma (TSM) tinha início em
maio e se estendia até dezembro, com aulas aos sábados, das 7h50 às 17h50
(CURSINHO FEAUSP, 2019d). Ambas as turmas são preparatórias para o
vestibular e utilizavam o material fornecido pelo grupo ETAPA.
Além dessas três turmas, havia uma quarta denominada de “ciclo bási-
co” (TCB). Tratava-se de um curso que se iniciava em agosto e se encerrava
em dezembro, sendo voltado a pessoas com maior defasagem nos conteúdos
do Ensino Médio ou que estavam há algum tempo longe das salas de aulas
(CURSINHO FEAUSP, 2019b).
O processo seletivo de todas as turmas era o mesmo e contava com uma
entrevista socioeconômica (de caráter eliminatório) e uma prova de conhe-
cimentos gerais (classicatória) para os aprovados na entrevista. Entretanto,
apesar de se declararem como um “cursinho popular”, sem mensalidades e
voltado para pessoas de baixa renda, o processo seletivo exigia o pagamento
de duas taxas: uma de inscrição e outra de matrícula, sendo que os valores
variam de uma turma para outra. Para as turmas TSE, TSA e TSM, a taxa de
matrícula era a mesma (R$29,99), mas a de matrícula variava de R$180,00
101
para o extensivo da semana (TSE); R$130,00 para o extensivo de sábado
(TSA) e de R$120,00 para a turma de maio (TSM). Somente a turma do
ciclo básico possuía uma taxa de inscrição diferenciada (R$35,00), e apesar
de ser maior que as demais, sua taxa de matrícula era menor, sendo essa no
valor de R$90,00.
Segundo a coordenação do cursinho, existiam parcerias rmadas com
o ETAPA, Le Monde Diplomatique Brasil, Descomplica, Ex2, Acquisition,
CAVC Idiomas e Consultoria Cejur. O primeiro era responsável pelos mate-
riais didáticos dos alunos, já o Le Monde (jornal de origem francesa publica-
do em mais de 25 idiomas) disponibilizava para todos os alunos acesso a seus
conteúdos exclusivos. O “Descomplica”, assim como explicitado anterior-
mente, fornece material de estudo por meio de sua plataforma virtual. Sobre
os demais, o pesquisador não conseguiu maiores informações.
Curso Pré-universitário PSICO (Instituto de Psicologia)
Surgiu em 1998 por iniciativa de um grupo de estudantes do Instituto de
Psicologia (IP) e teve sua primeira turma em 1999. Segundo documento dispo-
nibilizado pela coordenação do cursinho, as aulas foram inicialmente pensadas
para ocorrer no período noturno, já que nesse horário as salas de aula do IP não
eram utilizadas. Assim, aproveitando um espaço ocioso da Universidade públi-
ca surge um projeto social visando a ampliação de oportunidade e acesso das
camadas populares provenientes da escola pública às Universidades públicas
Para 2019, o cursinho disponibilizou 160 vagas divididas em 04 tur-
mas com 40 alunos cada. Todas as aulas eram de segunda a sexta-feira, mas
três turmas possuíam aulas das 18h45 às 22h, e uma turma das 19h às 22h.
Segundo o edital, ambas tinham o mesmo conteúdo, entretanto, a turma
com início às 19h buscava uma maior interdisciplinaridade entre as discipli-
nas (CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO PSICO, 2019).
As aulas eram voltadas para revisão do currículo de Ensino Médio,
mas também existiam atividades complementares que ocorriam aos sábados,
como simulados, grupos de estudos e rodas de leitura. Além disso, o cursinho
oferecia um projeto chamado CRISE, que estava na grade curricular e objeti-
vava desenvolver o pensamento crítico e a participação política dos alunos na
sociedade (CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO PSICO, 2019).
102
As inscrições do processo seletivo eram on-line e necessitavam de um
preenchimento de formulário eletrônico. A partir das respostas do formulário
os alunos eram convocados para a matrícula. Todavia, existiam critérios para
convocação: 50% das vagas para pessoas que se autodeclararem pretas, pardas
ou indígenas e os outros 50% das vagas destinavam-se a mulheres. Havia
preferência para pessoas provenientes de ensino público (médio e técnico)
ou que tivessem concluído o Ensino Médio por meio de supletivo, EJA ou
CIEJA; para transgêneros e travestis; refugiados políticos e egressos do siste-
ma penitenciário (CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO PSICO, 2019).
A matrícula ocorria preferencialmente on-line e contava com uma ati-
vidade que era pré-requisito para a conclusão do processo seletivo. A ativi-
dade incluía a apresentação formal e geral do cursinho, análise e entrega da
documentação, assinatura do contrato e pagamento da taxa de matrícula, no
valor de R$50.
Além da matrícula, existia uma mensalidade no valor de R$90,00, de-
vendo essa ser paga ao longo de 6 meses (de março a agosto). Para aqueles que
não podiam arcar com esse valor, o cursinho reservava uma porcentagem de seu
orçamento para disponibilizar bolsas de estudos. A bolsa variava de acordo com
as possibilidades de ambas as partes, tanto do cursinho, como do estudante.
Assim, reservava-se àqueles que já estão estudando e durante o curso encontram
diculdades nanceiras (CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO PSICO, 2019).
O material dos alunos e dos professores era composto por apostilas e
materiais complementares (xerox, transparências e recursos audiovisuais). As
apostilas eram compradas junto a outros cursos pré-vestibulares, e em 2019,
eram utilizadas as do “Ético Sistema de Ensino”.
Segundo consta no relatório do cursinho e disponibilizado para o pesquisa-
dor, havia uma parceria com a Fundação Nacional de Amparo ao Preso (FUNAP)
/ Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP), sendo essa rmada em 2004.
Nessa parceria, o cursinho era responsável por disponibilizar vagas aos alunos
encaminhados, bem como prover acompanhamento psicológico e pedagógico.
Cursinho da FFLCH (Faculdade de Filosoa, Letras e Ciências Humanas)
O cursinho surgiu no nal de 2015, mas somente em 2016 é que as
primeiras turmas iniciaram as aulas. Segundo consta no edital, trata-se um
103
projeto mantido unicamente por voluntários, sendo esses alunos de graduação e
pós-graduação de diversos cursos da USP e de outras Universidades. O objetivo
principal é aumentar a inclusão da população de baixa renda no Ensino Superior
gratuito e de qualidade (CURSINHO DA FFLCH, 2019b). Além das salas de
aula, o cursinho dispunha de um espaço de vivência com forno micro-ondas,
material didático (proveniente de doações) e livros de literatura cobrados nos
vestibulares das Universidades estaduais de São Paulo. No início de 2019, o cur-
sinho disponibilizou 240 vagas, sendo essas distribuídas entre duas turmas: uma
de sábado em horário integral (das 8h às 18h) e outra durante a semana, com
aula das 14h às 19h15, de segunda a sexta-feira. As aulas eram voltadas para uma
revisão de conteúdos básicos de disciplinas do Ensino Médio direcionadas para
exames de vestibulares, e segundo consta no edital, também visavam construir
uma educação crítica e libertária (CURSINHO DA FFLCH, 2019a).
Havia, também, uma turma de intensivo que iniciava as aulas em agos-
to e encerrava as atividades em dezembro. Para esta, foram disponibilizadas
mais 80 vagas. As aulas ocorriam na própria faculdade, de segunda a sexta-
-feira, das 14h às 19h15.
O processo seletivo para ambas as turmas era o mesmo e exigia a pré-
-inscrição on-line e preenchimento do questionário socioeconômico. Após
essa etapa, o aluno deveria realizar a inscrição presencial e ser aprovado na
análise socioeconômica. Nota-se, portanto, que não existia uma prova de co-
nhecimentos gerais, seja de eliminação ou classicação. Desse modo, a sele-
ção dos alunos ocorria por critérios especícos, eram eles: PPI (preto, pardo
e indígena), renda per capita, mãe, escolaridade pública ou particular com
bolsa, moradia irregular, parentesco com funcionários terceirizados ou infor-
mais da USP, transexuais ou travestis (aprovação automática).
Havia, também, uma taxa de matrícula no valor de R$50 que poderia
ser paga no primeiro dia de aula. Entretanto, a taxa não era obrigatória e os
alunos podiam doar outros valores. A iniciativa pretendia arrecadar verbas
para custear materiais e demais custos que o cursinho poderia vir a ter ao
longo do ano, mas compreendendo a importância das aulas, bem como seu
público-alvo, nenhum aluno era excluído do curso por não contribuir.
De acordo com um dos membros do cursinho, não existiam alunos
bolsistas no projeto no ano de 2019. Entretanto, uma parceria rmada com o
104
“Descomplica” fornecia senhas para acesso ao conteúdo, que posteriormente,
era repassado aos alunos. Em troca, a empresa pedia a opinião dos alunos
sobre o conteúdo disponibilizado. Além dessa parceria, também havia uma
com uma empresa de xerox local, que realizava as impressões de simulados
por um menor preço.
Cursinho da Poli – USP do Grêmio Politécnico (Escola Politécnica da USP)
De acordo com o site do cursinho, sua gênese data de 1987 e con-
tou com a iniciativa do diretor Escola Politécnica, Prof. Dr. Décio Leal de
Zagótis, e dos diretores do Grêmio Politécnico. O objetivo principal era au-
xiliar alunos de baixa renda a cursarem um pré-vestibular e assim ingressarem
no Ensino Superior, entretanto, com a retirada do apoio da direção da Escola
em 1992, o cursinho perdeu espaço físico e passou a operar com uma quan-
tidade mínima de alunos.
Em 1997 houve uma revitalização do cursinho, e no ano seguinte, com
uma situação mais estável, o cursinho aumentou sua quantidade de vagas,
chegando a 250 vagas, e depois saltando para 850 em 1998. Em seu auge, nos
anos 2000, o cursinho atingiu um número recorde, com 10.000 inscritos no
processo seletivo (CURSINHO DA POLI USP, 2019b). Com o crescimento
virtuoso do cursinho seu objetivo principal foi ofuscado por conquistas pes-
soais e monetárias, o que culminou em uma disputa judicial pelo nome do
cursinho (dissertação de fulano, ano).
A partir de 2006, retomando ao que foi proposto em 1987, o cursinho
volta a oferecer aulas preparatórias para pessoas de baixa renda que preten-
dem ingressar no Ensino Superior. Para tanto, em 2019, o cursinho contava
com a colaboração de 25 professores, cerca de 40 plantonistas, 7 coordenado-
res e dois funcionários que ensinam as matérias básicas cobradas no vestibular
(CURSINHO DA POLI USP, 2019b).
Suas aulas aconteciam de segunda a sexta (18h às 22h40) e os plantões
de dúvidas de segunda a quinta-feira (17h às 18h), na própria Escola poli-
técnica. Havia uma parceria com o ETAPA, que cedia material gratuito aos
alunos. Para se inscrever, os candidatos deveriam realizar o pagamento de
uma taxa no valor de R$55,00, e de acordo com o edital, nenhum candidato
estava isento do pagamento (CURSINHO DA POLI USP, 2019a).
105
O processo seletivo era composto por três fases: um exame teórico,
entrevista e duas semanas de aulas com conteúdo base. O exame teórico con-
sistia em uma prova com duração de 4 horas e 65 questões de múltipla es-
colha que abordavam conteúdos do Ensino Médio, sendo aprovados aqueles
que atingissem a nota de corte (estabelecida pela coordenação). Já a segunda
fase, consistia em duas entrevistas alternadas com o intuito de vericar a do-
cumentação e situação socioeconômica do candidato, bem como “avaliar o
comprometimento do candidato no que se refere a rotina, logística de trans-
porte e critérios pessoais subjetivos, como a postura do candidato diante da
vaga ofertada” (CURSINHO DA POLI USP, 2019a, p.5). Nota-se, nesse
ponto em especíco, que o cursinho não compreendia as diculdades viven-
ciadas por alunos de baixa renda, principalmente no que se refere aos gastos
de locomoção ao propor entrevistas em dias alternados para “colocar a prova
o desejo do aluno em estudar.
Já a terceira fase, consistia em duas semanas de aulas com conteúdo bá-
sico e ocorriam de segunda à sexta-feira das 18h às 22h40min e aos sábados,
das 9h às 12h. Faltas e atrasos durante essas duas semanas eram levados em
conta na decisão nal do processo seletivo. O resultado nal baseava-se no
desempenho dos candidatos na entrevista, da prova de conhecimentos gerais
e da presença e participação durante as aulas nessas duas semanas.
No ano de 2019, foram convocados para matrícula 165 candidatos, que,
obrigatoriamente, pagaram uma taxa de R$150,00. Segundo consta no edital,
nenhum candidato estava isento do pagamento e aqueles que não pagaram
foram desligados do cursinho. Também não era possível parcelar esse valor ou
pagar uma quantia inferior à mesma (CURSINHO DA POLI USP, 2019a).
Cursinho Arcadas (Faculdade de Direito - Largo São Francisco)
Fundado em 2011 por alunos da Faculdade de Direito, o objetivo era
possibilitar que pessoas de baixa renda que não podiam arcar com um pré-
-vestibular comercial tivessem a oportunidade de se preparar para ingressar
nas melhores Universidades. Segundo consta no edital, a atuação do cur-
sinho não se limitava às aulas expositivas, sendo incentivada uma aborda-
gem que aproximava a relação aluno-professor (CURSINHO ARCADAS
VESTIBULARES, 2019).
106
Tal como outros cursinhos, também possuíam parceria com o Sistema
ETAPA de Ensino que disponibilizava material didático gratuitamente aos
alunos. As inscrições eram realizadas presencialmente na Faculdade de Direito,
sendo encerradas quando 600 candidatos se inscrevessem. Além do ETAPA,
também foi encontrado no site do cursinho uma menção a parcerias com o
“Super Professor”, “Descomplica”, “Geekie”, “Moodle” e “Mauá Jr.” Apesar
da falta de retorno do cursinho com os e-mails do pesquisador, foi possível
armar que com exceção da empresa “Mauá Jr” (responsável pela criação de
website), todas as demais eram voltadas para a área da Educação, seja como
uma plataforma de provas e exercícios (Super Professor e Descomplica) ou
como sites que permitem avaliação discente (Moodle e Geekie).
Para participar do processo seletivo o candidato deveria efetivar sua ins-
crição, sendo essa garantida com o pagamento da taxa, no valor de R$20,00.
A seleção era composta por duas etapas, uma prova de conhecimentos gerais
e uma entrevista socioeconômica. A prova possuía 60 questões sobre conhe-
cimentos gerais que abrangiam todas as matérias do Ensino Médio e uma re-
dação. Assim como o cursinho CIUNI, da UNIFESP Diadema, a realização
da prova ocorreu no cursinho ETAPA, localizado na Ana Rosa, Vila Mariana,
São Paulo. Todos os candidatos que realizaram a prova eram convocados para
a segunda etapa (entrevista socioeconômica), que consistia em uma conversa
com um dos membros do cursinho e vericação de documentos que compro-
vassem que o aluno se enquadrava no perl dos candidatos que o cursinho
desejava alcançar (pessoas de baixa renda). Vale destacar que 50% das vagas
eram destinadas aos candidatos que se autodeclaram PPIs, havendo, tam-
bém, um bônus de 20% da nota para ex-alunos (CURSINHO ARCADAS
VESTIBULARES, 2019).
No edital de 2019 foram disponibilizadas 150 vagas para as aulas que
ocorreram dentro da própria Faculdade, de segunda a sábado. Durante a se-
mana as aulas eram ministradas das 14h às 18h, sendo que das 13h às 14h e
das 18h às 19h havia plantões de dúvidas individuais. As aulas aos sábados
ocorreram das 8h às 13h20, podendo, ainda, serem alternadas com simula-
dos. Para garantir uma das vagas, os aprovados no processo seletivo deveriam
realizar o pagamento de uma taxa de matrícula no valor de R$50,00.
107
Cursinho Popular EACH–USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo)
Fundado em 2016, o cursinho oferecia aulas gratuitas, sem qualquer
tipo de cobrança de taxas ou mensalidade. Em seu edital de 2019, foram
destinadas 60 vagas para a turma do vespertino e 60 para o período notur-
no (CURSINHO POPULAR EACH USP, 2019). Apenas estudantes que
já concluíram ou estivessem cursando o 3º ano do Ensino Médio poderiam
participar do processo seletivo, composto por uma avaliação socioeconômica
(que corresponde a 80% da nota nal) e uma prova de conhecimentos gerais
(20% da nota). A inscrição era on-line e exigia o preenchimento de um for-
mulário eletrônico, já a etapa da entrevista consistia em uma conversa com
um dos membros do cursinho e a entrega dos documentos comprobatórios
necessários para a avaliação socioeconômica. Na última etapa, o candidato
deveria realizar uma prova contendo 50 questões de múltipla escolha.
Para a turma do período vespertino, 30 vagas (50%) pertenciam à au-
todeclarados pretos, pardos e indígenas; 20 vagas para ampla concorrência e
10 vagas para travestis e transexuais. No período noturno, a distribuição era
relativamente semelhante, sendo 20 vagas para autodeclarados PPIs, 20 para
ampla concorrência e 20 vagas para travestis e transexuais.
Todo o material pedagógico (livros, apostilas, simulados, provas) era for-
necido gratuitamente aos alunos durante o ano letivo. As aulas de ambas as
turmas ocorreram na própria Escola de Artes (EACH), de segunda a sexta-feira,
das 14 às 18h para a turma do vespertino e das 19h às 22h45 para a turma do
noturno. Além disso, também existiam plantões de dúvidas todos os dias da
semana, das 13h00 às 14h00 e das 18h00 às 19h00, no mesmo local.
Cursinho Popular DCE-Livre USP (Diretório Central dos Estudantes – USP)
Fundado em 2017 por membros do Diretório Central dos Estudantes
e demais alunos de graduação de várias Faculdade da USP (que não faziam
parte do DCE), o cursinho surgiu com objetivo de incentivar seus alunos a
entrarem nas Universidades públicas, mostrando para eles que é possível e,
assim, encorajá-los a ocupar um lugar que, na prática, deveria ser de todos.
Em seu processo seletivo de 2019, foram disponibilizadas 60 vagas,
108
distribuídas em duas turmas com 30 alunos cada. As aulas aconteciam exclu-
sivamente no período noturno (18h30 às 22h30) no prédio do IAG (Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) - Cidade Universitária. A
inscrição era realizada por formulário socioeconômico on-line, sendo essa a
única etapa de seleção. Cada tópico do formulário possuía uma pontuação,
e os candidatos aprovados deveriam comparecer pessoalmente para compro-
vação das informações que foram referidas no formulário de inscrição. Não
havia nenhuma taxa ou mensalidade, e todos os professores e demais colabo-
radores eram voluntários.
Cursinho Popular Florestan Fernandes (FFLECH)
Localizado no prédio de história e geograa da Universidade de São
Paulo - Campus Butantã, o Cursinho Popular Florestan Fernandes é um mo-
vimento social de educação popular. As aulas ocorrem aos sábados em perío-
do integral (das 9h às 17h) e são totalmente gratuitas.
Segundo consta na página do cursinho, o objetivo maior é que as
Universidades sejam ocupadas pela população preta, pobre e periférica. Não
foram encontradas maiores informações, visto que cursinho não cedeu as infor-
mações solicitadas até o momento em que a pesquisa estava sendo desenvolvida.
Cursinho da FEUSP
Tal como o cursinho popular Florestan Fernandes, não foi possível
manter contato via e-mail para ter acesso às informações necessárias. Embora
tivesse uma página no Facebook e um site, ambos careciam de informações
sobre seu processo seletivo e atuação do cursinho.
Marie Curie Vestibulares (MACVEST)
Iniciativa dos alunos da Escola de Engenharia de Lorena (EEL), que
em 2012 fundaram um cursinho pré-vestibular totalmente gratuito e voltado
a pessoas com maior vulnerabilidade social.
O processo seletivo tinha início com uma inscrição on-line seguida da
entrega da documentação necessária para comprovação de renda. A entrega
109
destes ocorria na escola onde o cursinho funciona (E. M. P. Milton Ballerini)
em dias especícos listados no edital (MARIE CURIE VESTIBULARES,
2019). Já a segunda etapa, caracterizava-se pela realização de uma prova con-
tendo 50 questões de múltipla escolha e que abordavam conteúdos básicos de
português e matemática.
Para 2019, foram disponibilizadas 100 vagas e para ser aprovado o
candidato deveria acertar ao menos 60% da prova (30 questões) e atingir a
pontuação necessária na análise socioeconômica, uma vez que a nota dos can-
didatos era calculada com a média ponderada da renda familiar e o número
de acertos na prova. Em síntese, a renda familiar equivalia a 50% da nota
nal, e o número de acertos, o equivalente a 50%.
As aulas ocorriam de segunda a sexta-feira das 17h50 às 22h45. Um
ponto do cursinho que merece destaque é seu sistema de “apadrinhamento”,
que surgiu com o intuito de ajudar nesse momento de tensão que o vestibular
causa nos alunos, principalmente quando relacionados à dúvidas sobre como
é o vestibular, sobre qual área prestar, ou então sobre quais são os meios para
se manter fora, etc. Nesse sentido, o objetivo era aproximar os alunos de
alguém que já passou por essa fase e poderia orientá-los em decisões mais
pessoas e/ou prossionais.
Cursinho Popular do PET-Medicina (CPM)
Fundado em 2008 por uma iniciativa do corpo discente da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) em ação conjunta com o grupo
PET–FMRP–USP. Segundo constava em seu site, possuía apoio da Diretoria
e da Comissão de Graduação desta instituição e tinha como objetivo oferecer
aulas para pessoas socioeconomicamente desfavorecidas, além de desenvolver
o senso crítico de seus alunos por meio da troca ativa de conhecimento e
participação na luta pelo ensino de qualidade.
As aulas eram ministradas de segunda a sexta-feira, no período notur-
no, (das 18h45 às 22h25) e aos sábados pela manhã (das 08h às 12h) nas
dependências da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Para 2019, foram
destinadas 100 vagas, todas exclusivas para alunos que tivessem cursado in-
tegralmente o Ensino Médio em escola pública ou em particular, desde que
com bolsa integral, em Ribeirão Preto ou região.
110
As inscrições para o processo seletivo de 2019 foram on-line e custaram
R$10,00. A seleção contou com uma prova de conhecimentos gerais, conten-
do 50 questões de múltipla escolha e uma redação. A nota nal era composta
por uma média ponderada das notas da redação e da prova de conhecimentos
gerais, sendo o peso da primeira 3 e da última 7 (CURSINHO POPULAR
DO PET-MEDICINA, 2019).
Havia uma parceria com o Sistema POLIEDRO de ensino, que forne-
cia o material didático aos alunos.
Cursinho Popular da Farmácia
(Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão)
O Cursinho Popular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão
Preto (FCFRP) é uma inciativa de alunos da própria faculdade que em 2016
fundaram o cursinho com o objetivo de auxiliar alunos de populações vulne-
ráveis, que não têm condições de estudar em cursos pré-vestibular particulares.
Tratava-se, em 2019, de um curso extensivo e sem mensalidade, sua
única cobrança era a taxa de matrícula no valor de R$5,00. Suas aulas ocor-
riam na própria Faculdade, de segunda a sexta-feira, durante o período notur-
no (18h45 às 22h10) e aos sábados, pela manhã (CURSINHO POPULAR
DA FARMÁCIA, 2019).
As inscrições se iniciavam pela página do cursinho no Facebook, onde
era disponibilizado um link para preenchimento da cha de inscrição e do
formulário socioeconômico, ambos on-line. Para conrmar a inscrição, o
candidato deveria pagar uma taxa de R$5,00 no dia da prova avaliativa (co-
nhecimentos gerais) e o não pagamento deste poderia acarretar na desclassi-
cação do candidato (CURSINHO POPULAR DA FARMÁCIA, 2019).
O questionário utilizado pelo cursinho era fruto de uma parceria com o
“MedEnsina” (Curso Pré-vestibular da Faculdade de Medicina de São Paulo)
e do Cursinho Popular da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, que aju-
daram na elaboração do mesmo. Já a prova avaliativa, era composta por 50
questões de múltipla escolha com conteúdo do Ensino Médio e uma redação.
A pontuação nal do candidato era obtida pela soma da Prova Avaliativa
(com peso 40%) com o Questionário Socioeconômico (com peso 60%), que
tinham caráter classicatório. Eram aprovados os 35 primeiros colocados
111
que, obrigatoriamente, apresentavam os documentos probatórios no ato da
matrícula (CURSINHO POPULAR DA FARMÁCIA, 2019).
Cursinho Popular da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (CPFDRP)
Criado em 2014 por alunos da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto,
tem por objetivo auxiliar alunos que não têm condições de estudar em cursos
pré-vestibular particulares. Ainda em 2019, com funcionamento integral-
mente gratuito, o CPFDRP recebia doações de materiais do Sistema Poliedro
de Ensino, mas, é importante ressaltar que os professores também elabora-
vam materiais que eram repassados aos discentes.
Suas aulas eram voltadas para o ENEM e ocorriam de segunda a sex-
ta-feira, das 18h45 às 22h20 e aos sábados (uma vez ao mês), das 9h às 16h,
com um intervalo para almoço das 12h às 13h. Para se inscrever o candidato
deveria preencher via internet um formulário de matrícula e um questio-
nário socioeconômico (CURSINHO POPULAR DA FACULDADE DE
DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO, 2019). O questionário era avaliativo
e servia como a primeira etapa do processo seletivo. Somente os candidatos
aprovados nessa primeira etapa eram convocados para realizar a prova de co-
nhecimentos gerais (segunda etapa).
Tal como o cursinho da Farmácia (FCFRP), o questionário socioeco-
nômico foi desenvolvido em parceria com o “MedEnsina”, que viabilizou a
elaboração do questionário e estabelecimento dos critérios socioeconômicos
adotados durante o processo. Por sua vez, a prova consistia em 50 questões
objetivas que abrangiam todo o conteúdo das disciplinas obrigatórias do
Ensino Médio. A aprovação se dava pela soma dos pontos do questionário
socioeconômico (com 60% do peso da nota) e nota da prova avaliativa (40%
da nota), sendo convocados 50 alunos: 45 por ampla concorrência e 5 por
cota (ex-alunos do cursinho).
Cursinho Atuamente (Escola Politécnica da USP-Santos)
Fundado por quatros alunos da Escola Politécnica da USP campus de Santos,
o cursinho tem por objetivo auxiliar alunos sem condições de pagar caro por um
ensino de excelente qualidade, mas almejam entrar em grandes Universidades.
112
Segundo consta no edital (CURSINHO ATUAMENTE, 2019), o
cursinho tem uma proposta de “instrução emancipadora” pautada no debate
acerca da democratização da Universidade e “” na educação como a chave
para mudança. Em 2019, a inscrição era realizada presencialmente no prédio
da USP-Santos, e puderam participar alunos que já concluíram pelo menos
o 2º ano do Ensino Médio.
Não havia uma taxa de inscrição obrigatória, mas no dia da inscrição
cava disponível uma caixinha para colaborações voluntárias. O processo se-
letivo era composto por duas etapas: a primeira consistiu em um questionário
socioeconômico e uma entrevista, já a segunda fase, foi composta por uma
prova de múltipla escolha.
A primeira etapa ocorreu no ato da inscrição presencial, e teve caráter
classicatório. A segunda fase ocorreu em dia pré-determinado e consistiu em
uma prova de conhecimentos gerais, com 50 questões de múltipla escolha
que abordaram o conteúdo de todo o Ensino Médio regular.
Para 2019, foram convocados para matrícula 50 candidatos com me-
lhor pontuação (levando em consideração o desempenho nas duas fases do
Processo Seletivo). O candidato teve que conrmar sua matrícula compare-
cendo ao evento de abertura do ano letivo, onde era apresentado o cursinho
e seus responsáveis (CURSINHO ATUAMENTE, 2019). As aulas aconte-
ciam de segunda a sexta-feira, das 17h30 às 22h, na própria POLI.
Cursinho Popular Sapiens (FOB – Bauru)
Fundado em 2018 por alunos da Faculdade de Odontologia de Bauru
(FOB) da Universidade de São Paulo, possui como objetivo principal promo-
ver a democratização do Ensino Superior, dando a oportunidade de acesso
à Universidade a pessoas de baixa renda por meio de aulas expositivas de
preparação para os vestibulares (CURSINHO POPULAR SAPIENS, 2019).
Para 2019, foram disponibilizadas 60 vagas. Destas, 50 foram destina-
das à alunos que concluíram o Ensino Médio em rede pública ou em escola
particular com no mínimo 75% de bolsa. As outras 10 vagas foram destina-
das aos egressos da rede privada que tiveram menos de 75% de bolsa.
Segundo consta no edital, as aulas eram ministradas por alunos e pro-
fessores da FOB, além de professores convidados de outras Universidades.
113
Essas ocorriam de segunda a sexta-feira, no período noturno (18h45 às 22h),
na própria faculdade (CURSINHO POPULAR SAPIENS, 2019).
Para participar da seleção de 2019, os alunos tiveram que realizar as
inscrições presencialmente no local onde as aulas aconteciam, além de pagar
uma taxa de inscrição no valor de R$10,00. A seleção foi baseada única e
exclusivamente em uma prova de conhecimentos gerais, com 60 questões de
múltipla escolha.
Os aprovados também deveriam contribuir com uma mensalidade no
valor de R$15, 00. De acordo com o edital, o dinheiro arrecadado era utiliza-
do para arcar com custos de impressão de materiais e simulados.
114
115
CAPÍTULO 4
ANÁLISE DOS PRÉVESTIBULARES
POPULARES EM UNIVERSIDADES
PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
O levantamento permitiu identicar 64 núcleos de cursinhos po-
pulares em Universidades públicas no estado de São Paulo, sendo 10 em
Universidades federais e 54 em estaduais (gráco 1). Juntos, os cursinhos
disponibilizaram em 2019, pelo menos, 9922 vagas (gráco 2): 2206 em fe-
derais e 7716 em estaduais. Este número pode variar para mais, uma vez que
o levantamento ocorreu antes do segundo semestre de 2019, e por isso, não
englobou possíveis processos seletivos de cursistas para os chamados “cursos
semiextensivos”, cuja divulgação tem início entre os meses de junho e julho.
Gráco 1. Número de cursinhos por Universidade.
Fonte: Elaborado pelo pesquisador a partir de dados da pesquisa, 2019.
116
A UFABC, apesar de desenvolver somente um projeto de cursinho
(EPUFABC), se equipara às demais federais em relação ao número de vagas
ofertadas, uma vez que sozinha disponibilizou 633 vagas em 2019, enquanto
que a UNIFESP e a UFSCar asseguraram, respectivamente, 703 e 750 vagas.
As estaduais destacam-se pela alta concentração de pré-vestibulares em
seus campus e/ou faculdades, representando 85,7% de todos os cursinhos
identicados durante a pesquisa. Essa diferença pode ser explicada pelo fato
das estaduais apresentarem um maior número de campus e/ou faculdades
quando comparadas às federais. A relação entre número de cursinhos pré-
-vestibulares populares e faculdades foi observada durante a pesquisa, princi-
palmente na USP e UNESP – Universidades que apresentaram ter um maior
número de cursinhos.
Na USP, Universidade que está presente em 07 cidades e é composta
por 42 unidades de ensino e pesquisa (USP, 2018), foram identicados 17
cursinhos, cada um mantendo um vínculo “extra formal” com alguma fa-
culdade e/ou instituto. Cabe ressaltar que o pesquisador não encontrou um
vínculo institucional entre os cursinhos e a respectiva Universidade, prevale-
cendo um acordo onde as faculdades e/ou institutos cedem espaços que estão
ociosos em períodos especícos para que um grupo de discentes – podendo
haver colaboração de um ou mais docentes - da Universidade desenvolvam
as atividades do pré-vestibular. O mesmo vínculo “extra formal” também foi
observado em 04 dos 06 os cursinhos presentes na UNICAMP, sendo a ex-
ceção o “Projeto Colmeia” (campus de Limeira) e o “Curso Exato” (campus
de Campinas), ambos desenvolvidos pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura.
Por sua vez, a UNESP, que está presente em 24 cidades no estado
(UNESP, 2018), mantém um vínculo institucional com 31 cursinhos pré-
-vestibulares. Sozinha, é responsável por 49% de todos os cursinhos identi-
cados na pesquisa. Diferentemente da USP e UNICAMP, a UNESP institu-
cionalizou todos os seus cursinhos por meio de um subprograma de extensão
universitária, o que permite à Universidade manter o mesmo regimento in-
terno, com objetivos e deveres comuns a todos.
Ao passo que essa institucionalização garante aos cursinhos uma maior
estabilidade e apoio acadêmico, resulta, também, em uma maior dependên-
cia e controle da Universidade sobre estes. No caso dos cursinhos da UNESP,
117
a manutenção de suas atividades depende da participação de pelo menos
um coordenador docente - devendo este possuir vínculo empregatício com a
Universidade - e da apresentação à Pró-reitoria de Extensão de um relatório
de atividades do ano vigente e de um plano de atividades para o ano seguinte.
Esse monitoramento garante à PROEX um maior controle das atividades
desenvolvidas pelos cursinhos, o que possibilita traçar objetivos e metas que
possam contribuir para o melhor funcionamento dos mesmos. Entretanto,
como observado no cursinho ATHO da UNESP de Rio Claro, quando essa
institucionalização torna-se inexível, importantes projetos sociais ndam
por questões burocráticas, tais como a ausência de um relatório e de um
plano de atividades que colocaram m à um projeto que atuava há 42 anos.
Em relação ao número de vagas ofertadas, a UNESP também é respon-
sável pelos maiores números, disponibilizando 5221 vagas em 2019, o que
corresponde a aproximadamente 53% do total das vagas encontradas. No grá-
co abaixo, podem ser visualizadas a distribuição de vagas por Universidade.
Gráco 2. Número de vagas disponibilizadas nos cursinhos por Universidade
Fonte: Elaborado pelo pesquisador a partir de dados da pesquisa, 2019.
O processo de seleção para alunos cursistas nestes pré-vestibulares é,
em grande parte, pautado em critérios socioeconômicos, o que resulta em um
público comum à praticamente todos os cursinhos. Dos 64 analisados, ape-
nas 08 cursinhos não responderam às tentativas de contato do pesquisador
118
e não apresentaram em seus editais quais os critérios de seleção. Dentre os
56 restantes, 45 (aproximadamente 80% deste total) realizam uma avalia-
ção socioeconômica em alguma etapa do processo seletivo, podendo essa ter
um critério eliminatório ou classicatório, destes, 17 realizam uma avalia-
ção socioeconômica como única forma de seleção. Não utilizam como cri-
tério de seleção a avaliação socioeconômica 11 cursinhos: 02 presentes em
Universidades federais (EPUFABC e CPPU), 02 na UNICAMP (Curso
Exato e Rede Emancipa) e 07 na UNESP (DACA, Principia, Ferradura,
Primeiro de Maio, Diferencial, DA CAPO e CAUR).
Entre as Universidades analisadas, a UNICAMP é a que menos dispo-
nibilizou vagas em cursos pré-vestibulares, mesmo contando com 06 núcleos
existentes dentro de seus campus. Entre estes cursinhos, chama a atenção a
existência de um pré-vestibular organizado pelo sindicato dos trabalhadores e
voltado aos servidores da própria Universidade e seus dependentes. Também
merece destaque a iniciativa da Rede Emancipa, um movimento social que
desenvolve ações como os cursinhos populares em diversas cidades pelo país.
Esses dois cursinhos diferenciam-se dos demais por atenderem, preferen-
cialmente, um público distinto dos observados nesta pesquisa. Apenas 12 cursi-
nhos analisados (EPUFABC, CIUNI, CUCA, Primeiro de Maio, MedEnsina,
Clarice Lispector, FFLCH, EACH- USP, CEC, UFSCURSO, CAUM e
Heleny Guariba) atribuíram uma cota para pretos, pardos e indígenas (PPIs),
prevalecendo, assim, os editais em que as vagas são destinadas para alunos e ex-
-alunos da rede pública de ensino, não havendo um recorte de cor/raça. Ainda
que em menor número, 08 cursinhos também apresentaram editais com co-
tas especícas para refugiados, travestis, transexuais e transgêneros e/ou alunos
com necessidades educacionais especiais, a saber: UFSCURSO, EPUFABC,
CEC, Heleny Guariba, Clarice Lispector, FFLCH, EACH e CAUM.
O fato dos cursinhos se mobilizarem e criarem editais voltados à um
público marginalizado do espaço universitário reete diretamente sobre seus
objetivos. Segundo dados do Censo da Educação Superior (INEP, 2018) exis-
tem matriculados 38.272 alunos com deciência em cursos de graduação
presencial ou à distância, estando inclusas Universidades públicas e priva-
das. Considerando que o número de total de matrículas, segundo o mes-
mo estudo, é de 8.286.663 alunos, é possível armar que apenas 0,46% das
119
matrículas pertencem aos alunos com deciência. Em relação à cor/raça,
pretos, pardos e indígenas (PPIs) somam, juntos, 2.737.546 matrículas, o
equivalente à 33% do total.
Importante lembrar que dentre os cursinhos analisados, somente o
CAUM (UNESP de Marília) mencionou em seu edital a existência de uma
turma especíca para alunos surdos, com todas as aulas em libras. A exclusão
de alunos com necessidades educacionais especiais em cursos pré-vestibulares
que defendem a inclusão no Ensino Superior é uma das limitações encon-
tradas nessas iniciativas. Segundo os resultados das pesquisas de Naujorks
(2002), Santos (2007), Siems (2008) e Rodrigues (2008), há um despreparo
dos professores para receber esses alunos em sala de aula, o que pode explicar,
em parte, essa realidade dos cursinhos pré-vestibulares.
Apesar de não existirem dados ociais sobre o número total de traves-
tis e transexuais no Ensino Superior, a literatura se mostra o suciente para
destacar que a exclusão social vivenciada por essas pessoas remete até mesmo
à negação de direitos básicos, entre eles a educação:
O problema é ainda maior quando se trata da educação formal de pessoas
trans. Inúmeras são as diculdades pelas quais uma pessoa trans vê-se obriga-
da a passar em diversas sociedades, sobretudo a brasileira, principalmente de-
vido aos obstáculos vivenciados nas instituições escolares durante o processo
de formação. Apesar da inexistência de dados estatísticos sobre a evasão escolar
da população LGBT, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais – ABGLT, arma que o grupo que mais sofre discri-
minação na escola é o de transexuais e travestis, estimando-se que aproxima-
damente 73% dessa população se evade da escola (SANTOS, 2016, p.13).
Segundo Scote (2017), que analisou em sua pesquisa de mestrado a
permanência de pessoas trans no Ensino Superior, a realização de um curso
universitário pode proporcionar para esse segmento maior aceitação por par-
te da família, e, em segundo grau, pela sociedade como um todo. Para tanto,
o autor aponta uma série de ações que possibilitam essa realidade, e entre elas,
a existência de cursinhos pré-vestibulares populares voltados ao atendimento
de travestis e transexuais.
No que tange a cobrança de taxas, seja para inscrição, matrícula e/ou
mensalidades, o levantamento apontou para uma predominância de editais
120
isentos de qualquer custo para os alunos. Em relação aos cursinhos presentes
em Universidades federais, dos 10 projetos analisados, 04 (40%) exigem o
pagamento de algum tipo de taxa, seja para inscrição, matrícula e/ou men-
salidade. Entre os que cobram, 03 exigem o pagamento de uma única taxa
que varia de R$10 a R$20, devendo esta ser paga no ato da inscrição ou da
matrícula. Apenas o Cursinho da UFSCar (São Carlos) que além de cobrar
uma taxa de inscrição de R$35,00 (quase o dobro dos demais) também cobra
mensalidades que variam de R$45,00 a R$90,00.
Entre os cursinhos que atuam em Universidades estaduais, também pre-
valecem os que não exigem o pagamento de qualquer tipo de taxa. Na UNESP,
somente 05 de seus cursinhos, ou 31% destes, exigem o pagamento de taxas
de inscrição. São eles: Primeiro de Maio (UNESP/ Bauru), Pré-vestibular Ativo
(UNESP/ Dracena) e Vitoriano (UNESP/ São José do Rio Preto), que exi-
gem o pagamento de uma taxa de inscrição no valor de R$ 20,00; Polo Atlas
(UNESP/ São José do Rio Preto) com taxa no valor de R$ 31, 00 e o cursinho
Ideal (UNESP/ Presidente Prudente), com inscrição no valor de R$ 10,00.
Na USP, 09 dos 17 cursinhos (53% do total) que desenvolvem ativi-
dades na Universidade exigem o pagamento de alguma taxa, sendo essas em
um valor muito superior às demais encontradas nos cursinhos que compõem
esta pesquisa. Nos cursinhos presentes no campus de São Paulo e que reali-
zam as cobranças, os valores variam de R$ 20,00 a R$ 150,00. Os menores
valores pertencem ao Cursinho Arcadas, que exige o pagamento de R$ 20,
00 para inscrição e ao “MedEnsina”, que também exige um pagamento para
inscrição, sendo esse no valor de R$ 30,00. Por sua vez, os maiores valores são
cobrados pelos cursinhos da “PSICO”, “FEAUSP” e da “Poli”. O primeiro,
além de cobrar uma taxa de matrícula no valor de R$ 50,00, também exige o
pagamento de uma mensalidade no valor de R$ 90,00, devendo esta ser paga
durante os 09 meses de aula. O da FEA, além da matrícula no valor de R$
29,99 também possui mensalidades que chegam a até R$ 180,00, ao passo
que o “Cursinho da Poli”, que não realiza cobrança para inscrições, possui
uma matrícula no valor de R$ 150,00.
Na Unicamp, somente 02 dos 06 cursinhos (33%) cobram uma taxa
de inscrição: o “PROCEU Conhecimento”, com uma cobrança no valor de
R$ 10,00 e o Zilda Arns, no valor de R$ 35,00.
121
A existência de cursos pré-vestibulares que realizam cobranças dentro
de Universidades públicas gerou uma repercussão no ano de 2004. Devido
a um processo aberto via Ministério Público (MP) contra a USP, foi deter-
minado, à época, a interrupção imediata de cobranças de mensalidades por
conta da inconstitucionalidade da mesma num espaço público. No entanto,
houve uma negociação com a Reitoria da Universidade de São Paulo que
levou ao arquivamento do processo (USP, 2007).
Na época, os cursinhos alegaram que a existência de taxas e mensali-
dades era voltada única e exclusivamente para a manutenção das atividades,
uma vez que o dinheiro arrecadado era destinado ao pagamento de profes-
sores e/ou material didático (USP, 2007). Atualmente, considerando que os
professores destes pré-vestibulares presentes em Universidades públicas são
– em sua maioria - alunos de graduação e pós-graduação que atuam como
voluntários, é questionável a manutenção de tais taxas, principalmente quan-
do observamos que menos da metade dos cursinhos analisados conseguem
manter suas atividades sem nenhum tipo de cobrança.
A chamada para ingressar em cursinhos com “material didático aposti-
lado” se mostrou recorrente durante o levantamento e análise dos cursinhos
que compõem esta pesquisa. Da mesma maneira como os pré-vestibulares co-
merciais exploram a existência de um sistema de ensino pautado em apostilas,
os pré-vestibulares populares também passaram a utilizar a mesma chamada
para atrair alunos. Nestes casos, os materiais apostilados são fruto de parcerias
entre sistemas de ensino da rede privada e os respectivos cursinhos.
Há, também, uma experiência desenvolvida pela UNESP onde a própria
Universidade desenvolveu o material para seus cursinhos. Em 2016, a PROEX
passou a distribuir para cada aluno cursando um de seus cursinhos pré-vestibu-
lares um material produzido sob a responsabilidade de uma equipe de professo-
res da Universidade. Segundo consta em seu site, os cadernos foram produzidos
a partir da estrutura curricular denida pelos documentos ociais Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio, Currículo do Ensino Médio do Estado de São
Paulo e Orientações Curriculares para o Ensino Médio (UNESP, 2016).
O material, que também foi disponibilizado on-line para download
gratuito, recebeu muitas críticas dos próprios cursinhos. Muitos alegaram
122
a falta de qualidade e o alto número de erros encontrados no material. Por
meio de uma carta de repúdio, escrita e assinada durante o IV Fórum esta-
dual dos cursinhos comunitários da UNESP em 2016, os cursinhos aponta-
ram que a ausência de membros discentes dos mesmos resultou na elaboração
de um material que pouco se adequou às necessidades vivenciadas por cada
um (FÓRUM ESTADUAL DOS CURSINHOS COMUNITÁRIOS DA
UNESP, 2016). Desde então, a PROEX cessou a impressão do material e
iniciou uma negociação com os cursinhos para a elaboração de um novo
material, dessa vez organizado por uma comissão de discentes e docentes dos
cursinhos da UNESP. Até o desenvolvimento desta pesquisa, as negociações
não haviam se extinguido.
Em relação aos cursinhos que utilizam um material apostilado, preva-
lecem aqueles que realizam uma parceria com o Poliedro, um dos maiores
sistemas de ensino da rede privada no estado de São Paulo. De acordo com
Anna Maria G. Carmagnani (1999), a popularização desse material didático
remonta aos cursos pré-vestibulares:
[...] vale a pena lembrar que as apostilas surgiram primeiramente nos cur-
sinhos preparatórios para ingresso na Universidade e sua eciência era
atestada pelo número de candidatos que obtinha uma vaga nos cursos
de Ensino Superior. Desse modo, a apostila se popularizou por possuir
qualidades nem sempre presentes nos LDs, considerados limitados e ul-
trapassados. (CARMAGNANI, 1999, p.47)
Conforme aponta Motta (2001), a existência de um sistema apostilado
para comprovar uma “eciência” remete a uma lógica capitalista, marcado
fragmentação e eciência produtiva:
A quebra da unidade impede a ação reexiva e transforma-se em instrumen-
to de dominação. Reproduz a ideologia de setores privados e do próprio
Estado, preparando o indivíduo quase que exclusivamente para o vestibular,
afastando-o da possibilidade de um ensino e de uma educação emancipa-
dores, bem como do conhecimento, da aquisição e do usufruto da cultura.
Mais do que isso, impede-o de reetir sobre sua condição de cidadão e de
optar com maior liberdade por seu destino (MOTTA, 2001, p. 88).
123
Apesar da pesquisa não oferecer dados sucientes para compreender os
interesses dessas empresas privadas que nanciam o material didático nos cur-
sinhos populares, questiona-se aqui o papel destes últimos –que “dependem
de um sistema apostilado - enquanto espaços de (trans) formação social. No
capítulo em que os cursinhos foram descritos, o pesquisador encontrou em
suas respectivas páginas e/ou editais que estes se autodenominam enquanto
espaços de formação crítica e social, e que desenvolvem ações voltadas para
um estudo emancipatório que não se limita às exigências de um exame ves-
tibular. No entanto, o fato de alguns estarem presos à um sistema apostilado
com um conteúdo fragmentado e que pouco dialoga com a realidade social,
coloca em dúvida se estes cursinhos de fato atuam enquanto projetos sociais
capazes de oferecer uma formação crítica de seus alunos ou se perpetuam
uma visão meritocrática pautada em um ensino que valoriza apenas a memo-
rização e repetição de conteúdos.
Nesse sentido, Whitaker (2010) discute que a existência de cursinhos
pré-vestibulares no país constitui-se como um verdadeiro paradoxo:
Por um lado, atesta o fracasso do sistema em preparar seus jovens para o
vestibular – tanto para os que cursaram a escola pública quanto para aqueles
que vieram da particular (Whitaker, 1989; Whitaker & Fiamengue, 1999,
2001) enquanto, por outro lado, usa e cria práticas e metodologias de ensi-
no, as mais antipedagógicas possíveis, ligadas à memorização pura e simples,
como a aula-show e a repetição de fórmulas químicas em ritmos populares,
sem tempo para debates, reexões, críticas e mobilização dos esquemas de
assimilação (Piaget, 1966) construídos ao longo do desenvolvimento das
estruturas de pensamento do aluno (WHITAKER, 2010, p. 290).
Vale frisar que esse paradoxo não está limitado às atuações dos cursi-
nhos pré-vestibulares populares, mas de forma geral, a todo sistema educa-
cional brasileiro. O fato é que a ideologia da mobilidade social sugere que
em uma meritocracia, quanto maior a escolaridade, maior a chance de ser
“bem-sucedido” (CARNOY, 1986). Diante dessa realidade, o que se nota é
que os exames de vestibular ditam o foco dos currículos do ensino fundamen-
tal e médio, que passaram a apresentar conteúdos que, na maioria das vezes,
não possuem conexão com a realidade do aluno e praticamente só servem de
subsídio para o vestibular (BARROS, 2014). Este último ponto, inclusive, é
124
um dos fatores que levam os alunos de cursinhos pré-vestibulares populares a
abandonarem os cursos.
A alta taxa de evasão de alunos cursistas foi evidenciada em todos
os cursinhos. Conforme estudos e análises de Ruedas (2005), Nascimento
(2009), Vitorino (2009), Camargo (2009), Piunti (2009), Mendes (2011),
Siqueira (2012), Nascimento (2013),
Carvalho (2014), Bonaldi (2015), Tarábola (2016), Tangerino (2018) e
Casaut (2019), o problema pode estar relacionado à diferentes causas, como:
desmotivação causada pela diculdade de acompanhar o conteúdo; cansaço;
conciliação do Ensino Médio e cursinho e/ou cursinho e trabalho; acesso ao
local em que as aulas acontecem, etc.
Durante a leitura dos relatórios enviados à Pró-reitoria de Extensão da
UNESP (PROEX), o pesquisador notou que todos os cursinhos apresentaram
como problema a ser superado a alta evasão de seus alunos cursistas. Para alcan-
çar seus objetivos, muitos instituíram o cargo e/ou comissão de “monitores”.
Trata-se de um grupo de membros dos cursinhos que se responsabilizam por
acompanhar de perto as atividades de um ou mais alunos cursistas, e com isso,
monitorar” seu desempenho em sala de aula, notas de simulados, problemas
pessoais, entre outros que fatores que possam estar relacionados à evasão.
Considerando que as aulas ocorrem em Universidades que encontram-
-se, em muitos casos, afastadas dos bairros residenciais e periféricos da cidade,
e que, em geral, as escolas cedidas aos cursinhos pelas prefeituras encontram-
-se no centro, é compreensível que alunos em condições socioeconômicas
mais desfavorecidas tenham diculdade em arcar com os custos de transporte
público durante um ano letivo, sobretudo em grandes cidades onde o uso
destes é indispensável. Na cidade de São Paulo, o direito ao passe escolar para
estudantes de baixa renda que frequentem cursos técnicos e cursinhos comu-
nitários e pré-vestibular virou projeto de Lei, e desde 2015 tramita na câmara
municipal (SÃO PAULO, 2019). Nas demais cidades, o desconto no passe
escolar é negociado diretamente entre os cursinhos e as empresas de transpor-
te, podendo a Universidade e/ou prefeituras atuarem como intermediários.
Entre os cursinhos analisados nesta pesquisa, apenas 05 apontaram realizar
esse tipo de parceria, são eles: CIUNI (UNIFESP/ Diadema), Cursinho po-
pular “Carolina Maria de Jesus” (UFSCar/ Lagoa do Sino), Cursinho Ideal
125
(UNESP/ Presidente Prudente), Caiçara (UNESP/ São Vicente) e 180 graus
(UNESP/ Tupã).
Por sua vez, os acordos rmados entre cursinhos e prefeituras, constata-
dos no desenvolvimento desta pesquisa, conguram-se pela cessão, por parte
das prefeituras, de escolas municipais para que os cursinhos desenvolvam suas
atividades. Via de regra, essas aulas são ministradas durante o período no-
turno de segunda a sexta feira, havendo casos em que as aulas também ocor-
rem aos sábados em período integral, como observado Curso Pré-Vestibular
Educação e Cidadania (CEC), da UFSCAR/ Sorocaba.
Ao todo, apenas 09 cursinhos manifestaram realizar parcerias com pre-
feituras, sendo que 07 destes pertencem à UNESP. Entre as Universidades
federais, apenas o CEC, da UFSCAR de Sorocaba, e o Cursinho popular
“Carolina Maria de Jesus” (UFSCar/ Lagoa do Sino) mantém acordo com
prefeituras. Diferentemente dos demais o Carolina Maria de Jesus, possui um
acordo mútuo realizado com diferentes prefeituras da região, o que garante
ao cursinho impressão de material, transporte gratuito, local para as aulas e
alimentação gratuita aos alunos.
Dos cursinhos presentes em Universidades estaduais, apenas os da USP
não demonstraram realizar esse tipo de parceria. Na UNICAMP, só o Projeto
Colmeia (UNICAMP/ Limeira) rmou um acordo. Neste caso, o acordo foi
rmado entre a UNICAMP e a prefeitura de Limeira, e possibilitou ao cursi-
nho a aquisição de apostilas, gastos com impressões, giz, material de higiene,
oferecimento de lanches para os estudantes e repasse de 33 bolsas.
Em relação aos cursinhos da UNESP, 07 rmaram acordos com pre-
feituras, são eles: CUCA (Araraquara), Pré-universitário Unesp/Assis, FCA
e Atena (ambos de Botucatu), Diferencial (Ilha solteira) e o cursinho 180
Graus da UNESP de Tupã. Nesses casos, as parcerias foram rmadas entre a
Universidade e as respectivas prefeituras, que além da cessão de escolas para
realização de atividades, também se comprometeram com o pagamento de
bolsas para os estudantes de graduação.
Para Camargo (2009), que analisou as parcerias desenvolvidas pelo
CUCA, é necessário que alguns cuidados sejam tomados para que esses acor-
dos não sejam utilizados como campanhas políticas. Além disso, a autora
aponta para algumas consequências que estas parcerias podem acarretar:
126
Dentre as conseqüências das parcerias estabelecidas no CUCA tem-se a
perda de autonomia por parte de professores e coordenadores (bolsistas
da UNESP) do projeto, a imposição de taxas percentuais mínimas de
aprovações no vestibular, a ampliação no número de vagas em detrimento
da qualidade e o desgaste ocasionado pela incerteza sobre a continuidade
do projeto. Essas são algumas das implicações que afetam, diretamente,
os pré-vestibulandos e o andamento do CUCA. Além disso, com as inter-
ferências realizadas pelos parceiros do CUCA, torna-se difícil estabelecer
uma unidade em relação aos objetivos do cursinho e, nesse sentido, o
projeto perde sua força política (FURTADO, 2009, p. 93).
Intimamente ligados às demandas sociais, os cursinhos pré-vestibula-
res populares constituem-se como importantes agentes na luta pelo acesso e
permanência no Ensino Superior público. Segundo estudo de (Nascimento,
2012), os cursinhos pré-vestibulares comunitários do Rio de Janeiro tiveram,
ao lado de movimentos sociais, grande importância nas discussões e imple-
mentações de cotas raciais e sociais no estado no ano de 2006 – anos antes da
regulamentação da chamada lei das cotas (Lei nº 12.711).
Vale lembrar que a referida lei foi responsável por determinar que
Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) reservassem no mínimo 50%
de suas vagas em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de gradua-
ção, por curso e turno a alunos oriundos integralmente do Ensino Médio
público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. Os demais
50% das vagas permanecem para ampla concorrência. Além disso, essas vagas
reservadas são destinadas a candidatos com renda familiar per capita igual ou
inferior a um salário-mínimo e meio, bem como para pessoas autodeclaradas
PPI – com base na porcentagem de PPI na população da unidade federativa
onde está instalada a instituição, segundo o último censo do IBGE.
Segundo relatório elaborado pelo “Observatório do Fórum Nacional
de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis” (2019), 60,4% dos alunos que in-
gressaram em IFES em 2018 estudaram o Ensino Médio exclusivamente
em escolas públicas. Entre as Universidades estaduais de São Paulo, 48,7%
dos alunos que ingressaram na UNICAMP em 2019 são de escola pública
(UNICAMP, 2019); na UNESP, 52% (UNESP, 2018) e na USP, apenas
30,46% concluíram o Ensino Médio integralmente na rede pública. (USP,
2018). A diferença entre a USP e as demais estaduais pode ser explicada pelo
127
fato desta ter sido a última a adotar políticas armativas. Somente em 2018 a
Universidade estabeleceu um sistema de reserva de vagas para alunos egressos
da rede pública de ensino e PPIs, ao passo que a UNESP adota o sistema de
cotas desde 2014 e a UNICAMP, embora não tenha um sistema de cotas
para alunos egressos do Ensino Médio público, implantou em 2014 o PAAIS
(Programa de Ação Armativa e Inclusão Social), que prevê uma bonicação
de pontos para egressos da rede pública no vestibular da Universidade.
Para Santos (2011), para compensar a resistência à pressão social em
prol de políticas de ação armativa, Universidades públicas mais prestigiadas
e competitivas têm proposto medidas alternativas de inclusão social que pre-
servem o critério de mérito para ingresso no Ensino Superior:
É o caso da USP que, em vez de facilitar o acesso, se propõe “reforçar a
competitividade dos jovens pobres”. Para isso, está abrindo cursos pre-
paratórios para o vestibular destinados a alunos de escolas públicas e ex-
pandindo a isenção da taxa de inscrição no vestibular para alunos com
carências económicas (SANTOS, 2011, p. 54)
O fato dos cursinhos populares atuarem dentro de uma lógica meritocrá-
tica não diminui sua importância política e social. Voltados ao atendimento de
alunos e ex-alunos da rede pública de ensino e de baixa renda, os cursinhos pos-
sibilitam que milhares de estudantes tenham a oportunidade de revisar os con-
teúdos necessários para ingressar em Universidades públicas e privadas no país.
As taxas de aprovação em vestibulares, entre os cursinhos que apresen-
taram essa relação, variam de 25 a 35%. Nos relatórios de atividades de 2017
enviados à PROEX da UNESP, muitos cursinhos apresentaram dados sobre
suas taxas, entretanto, o pesquisador não encontrou um padrão entre os cál-
culos. Da maneira em que as taxas foram enviadas à PROEX, não é possível
armar se os valores foram calculados em cima do número total de vagas
ofertadas durante o ano letivo, ou se foram calculados de acordo com o nú-
mero de alunos que realizaram as provas dos vestibulares e/ou permaneceram
até o nal do ano letivo. Diante disto, não foi possível realizar uma análise
que se aproxime da realidade dos cursinhos da UNESP.
Por outro lado, com exceção da UNIFESP, as Universidades federais
apresentaram um maior controle e clareza sobre as taxas de aprovações e os
128
respectivos cálculos. Entre os cursinhos presentes nas Universidades Federais,
a EPUFABC manteve nos últimos dois anos uma aprovação média de 35%,
estando exclusos do cálculo os alunos evadidos. No caso da UFSCar, um dos
docentes responsáveis pelo cursinho “Carolina Maria de Jesus” (Iuri Emmanuel
de Paula Ferreira) aponta que, de forma geral, os cursinhos da UFSCar conse-
guem manter uma aprovação de 25 a 30% (considerando os que concluem o
ano letivo) em vestibulares de Universidades públicas (JUSTI, 2017).
Entretanto, mais importante que o número de aprovações são as expe-
riências proporcionadas por esses espaços de formação, o que inclui desde o
contato com conteúdos base do Ensino Médio, até grupos de estudo para os
novos docentes, aulas abertas à comunidade, visitas à teatros, museus, exposi-
ções, visitas à Universidades, etc. No que tange a formação de professores, as
pesquisas de Batalha (2018), Santos (2002), Ruedas (2005), Moraes (2006),
Mendes (2006), Vitorino (2009), Modro (2009), Piunti (2009), Borges
(2011), Nascimento (2013), Carvalho (2014) e Tangerino (2018) - apre-
sentadas no capítulo 1 desta pesquisa -, evidenciam a importância dos cursi-
nhos populares na formação e desenvolvimento pedagógico dos graduandos
e pós-graduandos que atuam nestes projetos. Vale ressaltar que em muitos
casos, esses alunos não estão comprometidos “somente” com as aulas, mas
sim com todas as atividades burocráticas e pedagógicas que projetos como
esses exigem.
Diante do exposto, é possível armar que a existência dos pré-vestibu-
lares populares tangencia diferentes campos. Guiados por um objetivo em
comum, o de possibilitar à uma camada da população socioeconomicamen-
te desfavorecida a oportunidade de revisar conteúdos e ingressar no Ensino
Superior, os cursinhos constituíram-se como importantes agentes sociais que
lutam pela democratização do acesso ao Ensino Superior.
129
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este livro, resultado de uma pesquisa de mestrado, teve como objeti-
vo analisar o funcionamento dos cursinhos pré-vestibulares populares em
Universidades públicas no estado de São Paulo, bem como compreender qual
o caráter social destas a partir de uma vertente que busca a inserção de uma po-
pulação que historicamente foi marginalizada destes espaços. Para tanto, fun-
damentamos as análises em teses e dissertações que versam sobre os cursinhos
populares e as experiências desenvolvidas por estes no estado de São Paulo. Por
se tratarem de ações que são desenvolvidas em parceria com as Universidades,
também utilizamos como referencial teórico autores que discutem sobre ex-
tensão universitária, o que nos permitiu, em nosso ver, referenciar a extensão
universitária enquanto ação política e social das Universidades.
Tendo sua gênese na década 50, os cursinhos pré-vestibulares populares
mantêm-se em constante expansão. O levantamento e análise da presente pes-
quisa permitiu identicar 64 iniciativas de cursinhos populares presentes em
todas as Universidades públicas no estado de São Paulo. Presentes em pratica-
mente todos os campi analisados, a fundação destes cursinhos sustenta a tese da
expansão, sobretudo se considerarmos que muitos dos que estão em ativa fo-
ram fundados na década de 90, ao passo que os novos núcleos datam de 2018.
Todavia, apesar de novos núcleos possibilitarem maiores chances de
ingresso para o público-alvo destes cursinhos, suas existências atestam que
ainda existem muitas barreiras que impedem o acesso ao Ensino Superior,
sobretudo para a população negra e de baixa renda. Embora importantes
políticas educacionais e mudanças nos processos seletivos dos vestibulares te-
nham proporcionado uma mudança no perl dos alunos no Ensino Superior,
a expansão do movimento de cursinhos populares evidencia que enquanto
prevalecerem sistemas de seleção meritocráticos em uma sociedade marcada
por desigualdades sociais e raciais, iniciativas como essa sempre existirão.
130
É preciso ressaltar que embora o objetivo nal dos cursinhos populares
seja viabilizar a entrada de uma população socioeconomicamente desfavo-
recida em cursos de graduação em Universidades públicas e privadas, suas
ações evidenciam que também existem propósitos mais amplos. Nesse sen-
tido, é inegável que suas atividades vêm possibilitando importantes debates
que possibilitam uma maior formação política, social e cultural destes jovens
que integram os projetos.
Ademais, o contato com os diferentes cursinhos pré-vestibulares popu-
lares que compõem esta pesquisa nos ofereceu importantes reexões sobre o
papel social destes e das Universidades que os recebem. É possível armar que
as atividades desenvolvidas por estes cursinhos - independentemente de esta-
rem ou não institucionalizados por meio de Pró-reitorias -, resultam em uma
interação transformadora entre as Universidades e os demais setores da so-
ciedade que lutam pelo acesso ao Ensino Superior de milhares de estudantes.
Com ações que atingem ao menos 9900 jovens, as Universidades ana-
lisadas nesta pesquisa apresentaram-se como importantes mediadoras de um
processo interdisciplinar, educativo, cultural, cientíco e político. Contudo,
o fato de existirem pré-vestibulares populares ligados às Universidades pú-
blicas que exigem o pagamento durante alguma etapa do processo seletivo
evidencia que há ainda um importante caminho de luta que deve ser trilhado,
principalmente contra instituições que apresentam uma gestão pública des-
comprometida com as ações e lutas que estes projetos simbolizam.
Embora muitos desses cursinhos utilizem o dinheiro adquirido com o
processo seletivo para custear despesas com os próprios alunos ao longo do
ano (impressão de simulados, giz, material de limpeza, entre outros), numa
clara tentativa de luta por existência, existem aqueles que ultrapassam qual-
quer limite moral e ético ao cobrarem por altos valores de matrícula e men-
salidades, mesmo exercendo atividades em uma instituição pública. Esse é o
caso do cursinho da UFSCar São Carlos, e dos cursinhos PSICO, FEAUSP e
POLI, ambos da USP campus São Paulo.
Além da contradição de ambos apresentarem em seus editais que o
processo seletivo é composto por “avaliações socioeconômicas”, esses cursi-
nhos evidenciam a falta de comprometimento com uma importante parcela
da sociedade que não possui condições para arcar com nenhum custo de
131
pré-vestibular, sobretudo quando analisamos a luta dos pré- vestibulares po-
pulares de São Paulo que defendem o passe livre para seus estudantes, uma
vez que estes muitas vezes se veem forçados a largar os estudos justamente por
não conseguirem bancar o transporte até os cursinhos - quem dirá mensali-
dades ao longo do ano.
Entendendo que as responsabilidades das Universidades para com os
cursinhos vão muito além de um espaço físico, defendemos que essas insti-
tuições comprometam-se de fato com esses projetos e a luta que representam,
de modo que não permitam que a existência e manutenção orçamentária dos
projetos recaiam justamente sobre a população que mais depende de tais ações.
Destarte, acredito que ao se articularem com os cursinhos na cons-
trução de um processo que luta pela democratização do acesso ao Ensino
Superior, as Universidades cumprem, em parte, com suas obrigações sociais.
132
133
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SOBRE O LIVRO
Catalogação
André Sávio Craveiro Bueno – CRB 8/8211
Normalização
Taciana Oliveira
Diagramação e Capa
Mariana da Rocha Corrêa Silva
Assessoria Técnica
Renato Geraldi
Ocina Universitária Laboratório Editorial
labeditorial.marilia@unesp.br
Formato
16x23cm
Tipologia
Adobe Garamond Pro
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0039/2022
Processo Nº 23038.001838/2022-11
FELIPE PINTO SIMÃO
Pré-Vestibulares Populares em
Universidades Públicas no
Estado de São Paulo
contexto histórico e atuação
PRÉ-VESTIBULARES POPULARES EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
FELIPE PINTO SIMÃO
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