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A UNESP, com seus correlatos de autonomia, gestão democrática e or-
ganização sindical especícos, constitui um objeto de estudo da maior re-
levância, não apenas para a comunidade universitária, como, também, ou
mais ainda, para a sociedade.
Este livro apresenta uma pesquisa de alta qualidade, muito bem documen-
tada, estruturada e exposta, com um objeto de estudo socialmente relevan-
te, ancorada numa problemática e uma defesa convincente das hipóteses
defendidas. Uma investigação que se situa no campo democrático, um
dos temas mais importantes das ciências sociais na sociedade moderna e
contemporânea, quer olhemos para a história passada, quer para o presente
ou para os dias que estão por vir e, que em se tratando da democracia do
autogoverno dos trabalhadores na universidade pública, reveste um caráter
praticamente pioneiro, que deixa um legado de informações e conheci-
mentos para outras investigações.
Sindicato, autonomia e gestão
democrática na Universidade Estadual
Paulista (1976-1996) discute a função do
sindicato dos docentes da UNESP para a
construção da gestão democrática ou auto-
governo da universidade sob a autonomia.
O movimento pela democratização
das estruturas de poder da UNESP desen-
cadeado em 1984 pelas entidades represen-
tativas dos segmentos da comunidade uni-
versitária, que resultou na primeira reforma
democrática da instituição, e a autonomia
outorgada pelo governo estadual às univer-
sidades estaduais paulistas em 1989, consoli-
daram-se como um aspecto do autogoverno
ou da gestão democrática.
A autonomia colocou para a univer-
sidade uma situação qualitativamente dife-
rente daquela que possuía anteriormente,
pois a gestão da universidade tornou-se res-
ponsabilidade da comunidade acadêmica e
sua organização exige escolhas que possuem
implicações institucionais e sociais.
O sindicato dos docentes cumpriu
importante papel na incorporação da co-
munidade universitária na luta contra o
estado ditatorial e pela democratização in-
terna da UNESP. Porém, após a autonomia
continuou utilizando a mesma estratégia e
instrumentos de luta anteriores. Tradicio-
nalmente, esta entidade tem-se concentrado
nas lutas salariais e na reprodução das táticas
de luta vericadas nos sindicatos dos traba-
lhadores em geral. A ADUNESP Seção Sin-
dical depara-se com os mesmos problemas
observados em outros sindicatos, o econo-
micismo e o corporativismo.
A ideia principal trabalhada neste li-
vro é que o sindicato dos docentes deve ade-
quar-se à situação de autonomia e, portanto,
produzir políticas de intervenção na gestão
democrática ou autogoverno da universi-
dade. Em especial indicar modicação nas
relações de trabalho, tendo como centro a
instauração do trabalho coletivo docente e
mudanças na carreira; intervenção na es-
trutura de poder da UNESP por meio dos
órgãos colegiados e espaços de participa-
ção; descentralização dos processos deci-
sórios, que devem ser coletivos; controle
do mandato dos dirigentes eleitos; criação
de espaço comum de intervenção para os
movimentos organizados da universidade;
participação do sindicato no processo de
avaliação; e estreitamento das relações da
universidade com a sociedade. A principal
estratégia de intervenção a ser elaborada
pelo sindicato dos docentes deverá preco-
nizar a participação da comunidade acadê-
mica na determinação das prioridades para
a alocação dos recursos, dentre elas, a polí-
tica salarial.
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0039/2022
Processo Nº 23038.001838/2022-11
CANDIDO GIRALDEZ VIEITEZ
Neusa Maria Dal Ri
NEUSA MARIA DAL RI
SINDICATO, AUTONOMIA E
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
(1976-1996)
SINDICATO, AUTONOMIA E GESTÃO DEMOCRÁTICA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (1976-1996)