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razões, dentre as quais Dal Ri (2019) destaca a audácia com que tem enfrenta-
do as políticas neoliberais, por suas táticas e métodos de luta, por sua presen-
ça em todo o território nacional, por suas características de movimento alta-
mente organizado e pelos resultados que apresenta na educação e na produção
agrária. Essa organização bastante complexa possui centros educativos, como,
por exemplo, a Escola Nacional Florestan Fernandes e o Instituto Josué de
Castro; cooperativas, como a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória
Ltda (Copavi) e a Cooperativa de Trabalhadores Rurais e Reforma Agrária do
Centro-Oeste do Paraná Ltda (Coagri), ambas no estado do Paraná; além de
firmar ações para o fortalecimento da educação pública dos acampamentos
e assentamentos. O Movimento organiza encontros, marchas, congressos e
cuida da comunicação por meio de suas revistas, jornais, site oficial, editoras,
rádios, páginas na internet etc. E, como resultado dessa atuação multilateral,
o MST se organiza de forma complexa e articulada, subdividida e com ins-
tâncias de representação em níveis local, regional-estadual, estadual, regional
e nacional (Fernandes, 2012).
De acordo com Carter (2010, p. 308), a luta na terra amplia o horizonte
político do MST e acarreta mudanças qualitativas, que informam e comple-
mentam a análise de classe do Movimento. “A luta pela reforma agrária passou
a ser compreendida como parte da luta por uma transformação maior”.
As ações do MST extrapolam os interesses locais da luta pela terra e in-
corporam reivindicações em escala planetária, tais como, combate às semen-
tes transgênicas, desenvolvimento sustentável, agroecologia, biodiversidade,
educação, saúde, produção, luta contra o aquecimento global etc., além de
incorporar temas, tais como, a construção de um projeto popular que enfren-
te o neoliberalismo, a defesa do ensino público de qualidade, a articulação de
movimentos sociais do campo e da cidade, a luta pela preservação ambiental
etc. (Belo; Pediowski, 2014).
Esse é um processo que acontece de forma dialética, pois ao lutar pelo
acesso à terra, o MST gera novas demandas que, por sua vez, extrapolam o
Movimento e requerem inovações. A luta pela terra traz importantes con-
quistas, mas traz também novos desafios, o que para Carter (2010) marca o
passo da luta pela terra à luta na terra.
No que diz respeito à educação, o MST conta com o Coletivo Nacional