
Educação profissional no
Brasil do século XXI:
políticas, críticas e perspectivas
vol. 3
Henrique Tahan Novaes
Domingos Leite Lima Filho
José Deribaldo Gomes dos Santos
(Organizadores)
Educação profissional no Brasil do século XXI:
políticas, críticas e perspectivas - vol. 3
Henrique Tahan Novaes , Domingos Leite Lima Filho
José Deribaldo Gomes dos Santos (Org.)
Este livro é o terceiro de uma
trilogia resultante de ampla pesqui-
sa sobre a educação profissional
brasileira. Além da origem e do
tema, no entanto, há outras especi-
ficidades comuns aos três livros
merecedoras de destaque. A primei-
ra delas é a busca por situar a políti-
cas educacionais no âmbito das
contrarreformas que têm marcado
o Estado brasileiro desde o golpe de
2016. Como o leitor poderá perce-
ber, o pano de fundo dos capítulos
que integram a coletânea baseia-se
nas agruras da política ultraconser-
vadora e antipopular adotada pelos
governos de turno do período
2016-2022. Política, aliás, tida
como guia também por diversos
governos estaduais, como bem
evidencia o livro.
O segundo ponto comum aos
volumes da trilogia diz respeito à
maneira como é assumido o campo
complexo que caracteriza a educação
profissional brasileira. Há um
realce, particularmente acentuado
neste volume, à síntese “Educação
Profissional e Tecnológica (EPT)”,
que, imagino, não foi escolhido à
toa. A luta por um projeto educacio-
nal centrado politicamente na
noção de politecnia é o que fornece
conteúdo e forma ao conceito de
EPT: educação, ideia mais abrangen-
te que ensino; profissional, menos
impositiva que profissionalizante;
tecnológica, remetendo aos determi-
nantes sociais e políticos da tecnolo-
gia, muito além de uma mera força
produtiva – desde Marx, passando
pelos pioneiros da educação soviéti-
ca e por Gramsci, é legítimo o uso
da expressão “educação tecnológica”
para tratar da politecnia.
Essa perspectiva está presente na
reivindicação que Henrique Tahan
Novaes, Domingos Leite Lima Filho
e José Deribaldo Gomes dos Santos
fazem da EPT, síntese dos embates
históricos das décadas de 1980 e
1990 e dos primeiros anos dos 2000.
Por outro lado, ao confrontar os
dois pontos que destaquei anterior-
mente, fica nítido como a própria
ideia de EPT é, ao mesmo tempo,
ponto de chegada das lutas de uma
quadra histórica específica e ponto
de partida dos novos desafios
trazidos pela atual conjuntura. Essa
dialética da EPT brasileira está
bastante viva já nas características
teórico-metodológicas gerais do
projeto de pesquisa que originou o
livro. O recorte do projeto buscou
compreender as particularidades de
uma política de formação profissio-
nal própria do capitalismo depen-
dente, o que tornou ainda mais
potentes os resultados, gerais e
específicos, obtidos com as investiga-
ções. Os próprios convites feitos a
pesquisadores externos, expressos
em capítulos do livro, dão nitidez a
essa característica. Certamente, não
é empreendimento simples, no atual
estágio de desenvolvimento do
capitalismo brasileiro e sob a corres-
pondente correlação de forças entre
as classes e frações de classes sociais,
compreender os projetos educativos
em disputa.
Lucas Pelissari - UNICAMP
O desemprego estrutural e a gestão
criminosa da pandemia escancararam
a tragédia brasileira. Fome e miséria,
queda na renda familiar, dificuldade
de arranjar emprego mais uma vez
fazem parte do cotidiano bárbaro da
classe trabalhadora. Se é verdade que
os sistemas de educação profissional
permitem uma educação de melhor
qualidade para uma parcela da classe
trabalhadora, outra parcela frequenta
escolas públicas de péssima qualidade,
sem condições mínimas para a realiza-
ção do trabalho educacional. Os
capítulos deste livro procuram mostrar
as pequenas conquistas, os limites e as
contradições da política de educação
profissional, especialmente nos
Estados da federação brasileira.