capa
Miolo - O livro ilustrado na formação de professores
contra capa
O LIVRO ILUSTRADO NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INF
ANTIL:
em defesa da educ
ação desenv
olvent
e
Y
aeko Nakadakari T
suhako
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto
O LIVRO ILUSTRADO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INF
ANTIL:
em def
esa da educ
aç
ão desen
v
ol
v
ent
e
YAEKO NAKADAKARI TSUHAKO
Doutora
em
Educação
pela UNE
SP- Marília (2022),
mestre em
Educação
pela UNES
P- Marília (2016),
graduada
em
Ped
agogia
pela UNE
SP -
Bauru
(2008),
bacharel
em
Direito
pela Instituição Toledo de Ensino
-
Bauru
(1992).
Foi
professora
de Educação de Adultos
e
Jov
ens,
professora
de Educação
Infantil,
coordenado
-
ra de área de Educação Infantil
na Secretaria Municipal
de Educação e diretora
de EMEI
na cidade
de Bauru.
Atualmente participa de grupos
de estudos da UNESP
-
Marília e
dedica
-se à
formação
continuada de
profes
-
sores da Educação Infantil.
CYNTIA GRAZIELLA G. SIMÕES GIROTTO
Livre-docente
em
Leitura
e
Es
crita
pela UNESP
(2016).
Pós-doutorado
em Leitura e Literatura Infantil
pela
Universidade
de Passo
Fundo (2015).
Doutora
em
Educação
pela UNESP (1999).
Mestre em
Educação
pela UFSCAR
(1
995). Pedagoga
pela UNESP (1992).
Atuou
em
institu
ições públicas e particulares. Desde
2000 é
professora
da UNESP -
Marília, junto
ao
De
-
partamento
de D
idática. Compõe,
na mesma unidade
universitária, o
quadro
de orientadores do
programa
de
Pós-Graduação
em Educação. Participa
de grupos
de
pesquisa
da UNESP
de Marília,
de Presidente
Prudente
e
int
egra,
ainda, o
grupo
de
pesqu
isadores do
CELLIJ
(Centro
de Estudos em
Leitura
e
Literatura
Infantil
e
Juvenil.
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0039/2022
Processo Nº 23038.001838/2022-11
O
presente livro
tem
como
alicerce a
perspectiva da
teoria
histórico-cultural
e
a
losoa
da
linguagem.
Argumenta
em
defesa
de um
a educação desenvolvente,
isto
é,
uma
educação
onde
o
professor
tem
o
papel de planejar ações de forma
consciente
para promover
o
desenvolvi
-
mento
das fu
nções
psíqu
icas superiores
da criança; da
importância do
livro
ilus
-
trado
na
prom
oção
do
desenvolvimento
humano;
da formação
do professor
como
essencial
para
mudanças nas práticas. De
-
monstra
a
necessidade
da apropriação
do
conhecimento
para
o
desenvolvimento
da consciência
e elucida
que tanto
o
adul
-
to
como
a criança
possuem capacidade
criadora
para objetivar-se
em
produções
autorais,
porém,
o
desen
volvimento
de
tal capacidade
está vinculado às condi
-
ções sociais e ao processo educativo.
Com
este
livro,
buscamos
reetir
sobre
o
papel
fundamental
da
es
-
cola
para assegurar as condições
necessárias
para o
desenvolvimen
-
to
das funções psíquicas
superiores nas
crianças,
pois as funções
psíquicas
são ferramentas essenciais
para que as pessoas
sejam, de
fato,
sujeitos
de sua história.
Procuramos
discorrer
sobre
a impor
-
tância do
processo de apropriação
do
conhecimento
para a trans
-
formação
da prática com
o
livro ilustrado do pro
fessor e da pro
-
fessora de Educação Infantil
e apresentamos alguns princípios
didáticos para
o
trabalho
com
o
livro
ilustrado,
demonstrando
que
é possível
promover
o
desenvolvimento da consci
ência, da imagi
-
nação e da capacidade
criadora por
meio
do processo de formação.
Desejamos
que este livro possa inspirar
os prof
essores
na busca
pela mudança
de
sua
realidade, tornando-se
auto
res
de
suas prá
-
ticas em
defesa da coletividade, do
bem
comum,
da humanização
de
nossas
crianças, ou
seja,
em
defesa da
educação
desenvolvente.
O
LIV
RO
IL
U
ST
RA
DO
N
A
FOR
M
AÇ
ÃO
DE
PROF
ESSORE
S DA EDUCAÇÃO I
N
F
AN
T
I
L:
em defes
a
da
edu
ca
çã
o desen
vol
v
ente
Y
aek
o N
akad
ak
ari T
s
uhak
o
Cynt
ia
Graziella Guizelim Simões
Girotto
Y
aek
o N
ak
adak
ari T
suhak
o
C
yntia G
raz
iella Guizelim Simões Girott
o
O L
IVRO I
L
USTRADO NA FOR
MAÇÃO D
E
PRO
FESSO
RES
DA EDU
C
A
ÇÃ
O
IN
FA
N
T
IL:
em defesa
da
educ
aç
ão
d
esenv
ol
v
ente
Mar
ília
/Oficina
Unive
rsi
tária
São Paulo
/Cu
ltura Ac
adêmic
a
202
4
UNIVER
SIDADE
ESTA
DUAL PA
ULIS
TA
FACULDAD
E DE FILOSOFI
A E CIÊNCI
AS
–
FFC
UNESP
-
cam
pus d
e Maríl
ia
Diretora
Dra. C
laudi
a Regi
na Mos
ca Gi
rot
o
Vice
-
Diretora
Dra. A
na Claud
ia Vi
eira
Card
oso
Cons
elho Ed
itorial
Mari
ângela Spo
tti
Lo
pes Fujita (Presidente)
Célia M
aria G
iach
eti
Cláud
ia Regi
na Mos
ca Gi
rot
o
Edvald
o Soar
es
Marcelo Fernandes de Oliveira
Marco
s Anto
nio A
lves
Neusa M
aria D
al Ri
Renato Gera
ldi (As
sessor Técni
co)
Rosane Michelli de Castro
Cons
elho do P
rogram
a de
Pós-
Graduação em
Educação
-
UN
ESP/Ma
rília
Grazi
ela Zam
bão A
bdia
n
Patríci
a Un
ger R
aphae
l Batag
lia
Pedr
o Ange
lo Pag
ni
Rodrigo Pe
lloso Gel
amo
Mari
a do Rosá
rio Lo
ngo M
ortat
ti
Jáima Pinheiro Oliveira
Eduardo José Manzini
Cláud
ia Regi
na Mos
ca Gi
rot
o
Auxílio
Nº 0
039/202
2
,
Processo N
º 2
3038
.
001838/202
2-
11
, Programa PROEX/
C
APE
S
Ilus
t
raç
ão
da
capa:
Jul
ia
M
ie
M
at
s
ugum
a e
T
ai
sa I
w
at
a
Pare
ce
ri
st
a:
Sandr
a A
pare
c
ida P
ire
s
Fr
anco
-
Docente do Programa de P
ós
-
G
radua
ção e
m E
duc
ação
,
U
ni
vers
idad
e
Es
tad
ual de
Londrina
-
UEL
Ficha catalográfica
Serviço de Biblioteca e Do
cumentação
-
FFC
Tsuhako, Yaeko Nakadakari.
T882l
O livr
o ilu
str
ad
o na f
orma
ção d
e profe
ssor
es da
edu
caçã
o infanti
l:
em def
esa da
educa
ção d
esenvolv
ente
/
Yaek
o Nakadakari Tsuhako, Cyntia Graziella Guizelim
Simõe
s Girot
to
.
–
Marília : Oficina U
niversitária ; São Paulo :
Cultura Acadêmica,
202
4
.
427 p
.
: il.
CA
PES
Inclui b
ibliografia
ISB
N
978
-
65
-
59
54
-
429
-
5 (Digital
)
ISBN 978
-
65
-
5954
-
430
-
1 (Im
press
o)
DOI: h
ttps:
//doi.o
rg/10.
36311
/2024.97
8
-
65
-
5954
-
429
-5
1. Educação. 2. Educaçã
o de crianças.
3. Livros ilustrados.
4. Prof
ess
ores
–
Formação.
I. Girott
o, C
ynthia Gra
ziella
Guize
lim S
imões Gir
otto.
Tít
ulo.
C
DD
370.71
_______
______
______
_________
______
______
_________
______
_________
______
______
_
Cata
logaç
ão: An
dré
Sávi
o Cravei
ro Bu
eno
–
CRB 8/82
11
Copyright © 2024
, Fac
uldade de Filosofia e Ciênc
ias
Edit
ora afili
ada:
Cultu
ra Acad
êmic
a é s
elo edi
tori
al da
Editora UNESP
Ofici
na Uni
versi
tári
a é selo
edit
ori
al da UNE
SP
-
campu
s de M
aríli
a
Dedic
amos
este traba
lho
à
s pesso
as qu
e cami
nham p
ela margi
nal
,
do
ando
-
se,
r
esponsa
biliza
ndo
-
se e trabalh
ando
c
om amo
rosi
dade
p
or
uma edu
cação
humani
zadora.
List
a de S
ig
las
AT
P
-
Ativida
de de T
rabalh
o Pedagógi
co
ATPC
-
Ativida
de de T
rabal
ho Pedag
ógic
o Colet
ivo
ATPI
-
Atividade
de Traba
lho Peda
gógico I
ndiv
idual
CEPLLI
-
Centro d
e Estudos
e Pesq
uisas
em Leitu
ra, Li
teratura
e Infânc
ia
CAPES
-
Coor
denação
de Aper
feiçoa
mento de Pes
soal de Ní
vel S
uperior
EMEI
-
Esc
ola
Munic
ipal de
Educaçã
o Infantil
GEGe
-
Grupo de Estud
os dos Gêne
ros do Dis
curso
PPGE
-
Programa de Pó
s
-
Graduação em Educação
PNBE
-
Programa Nacional Bi
blioteca da
Escola
PROLE
AO
-
Processos
de Leitur
a e Escri
ta: Apr
opriaç
ão e Objetiv
ação
SME -
Sec
retaria
Munic
ipal
de Educa
ção
THC
-
Teoria H
ist
órico
-
Cultu
r
al
UN
ESP
-
Unive
rsidade
Esta
dual Pa
ulista
ZDP -
Zona d
e De
senvol
vime
nto Próxim
o
S
umário
APRESENTAÇ
ÃO
................................
........................
....................
..11
PREFÁCIO |
Stela M
iller
..............................................................13
INTRODUÇÃO
.................
..........................................
....................
..19
CAPÍTULO 1 | EM DEFESA DO LIVRO
ILUSTRADO NA
EDUCAÇÃO INFANTI
L.....................
........................
......................47
1.1 A im
port
ância d
a arte li
terári
a na Edu
cação
Infanti
l
1.2 Qual a re
lação
entre o
trabalho
com
o li
vro ilust
rado e as fu
nçõ
es
psíquicas superiores?
1.3 Form
ação d
e bases par
a a li
nguag
em verbal e
scrit
a
1.4 A cria
nça d
a Edu
cação
Infanti
l: algu
mas co
nsid
eraçõe
s sobre o
dest
inatário
da ed
ucação
1.5 Palav
ras e im
agens q
ualif
icand
o o
psiqui
smo
1.6 Alfabe
tiz
ação v
isual: u
ma nec
essid
ade do co
ntexto
atual
CAPÍTULO 2
| FORMA
ÇÃO DE
PR
OFES
SORES E O
EXPERI
MENTO DI
DÁ
TICO
-
F
ORMATIVO COM A ARTE
LITERÁ
RIA
........................
..............................
..............
...................107
2.1 Formação de professores e a prom
oção do desenvolvimento humano
2.2
Plan
ejame
nto do expe
rime
nto didá
tico
-
f
orma
tivo e
m ar
te liter
ária
CAPÍTULO 3 | O Q
UE DIZEM AS PROF
ESSORA
S SOBRE O
LIVRO I
LUSTRA
DO E A ED
UCAÇÃO
DESENV
OL
VENTE?
...
...243
3.1
-
Apropr
iação do c
onhec
ime
nto e o des
envol
vime
nto da
con
sciênc
ia
3.2 O trab
alho c
om o
livro
ilust
rado e a e
duc
ação des
envolve
nte
3.3 Form
ação c
onti
nuad
a: mudança n
a dim
ensão o
bjet
iva e su
bjet
iva d
o
professor
CONSIDERAÇÕES FINA
IS
............................
..............
...................393
REFERÊN
CIAS
..
................
..........................................
....................
.407
SOBRE AS
AUTORAS
.....................................
..............
...................425
11
A
PRES
EN
T
A
Ç
Ã
O
Este livr
o foi produ
zido a pa
rtir de tese de do
utora
do,
concluída
em 20
22, que
teve p
or objetiv
os: compreend
er com
o o
process
o de aprop
riaçã
o do c
onhecim
ento pod
e tra
nsforma
r a
prática
com o livro i
lustr
ado do prof
essor da
Educ
ação Infa
ntil;
conhecer
as es
pecif
icidad
es do
livro ilu
strado;
elen
car
princípios
didáticos pa
ra o
traba
lho com o l
ivro i
lustra
do; reflet
ir sobre
a
importânc
ia
da for
mação p
ara
apropriaç
ão do conh
ecimento
e
p
ar
a
mudan
ças na
s
dimens
ões
objet
iva
e s
ubjetiv
a dos
pr
ofessor
es
, bem
como
demonstrar a pos
sibilida
de de qualquer
pessoa
desenvolver a
imag
inação
e a cap
acidad
e criado
ra
.
O objet
o de aná
lise f
oi u
ma for
mação c
onti
nuada de
prof
essore
s da Educ
ação In
fant
il
so
bre o livro il
ustrado
,
re
aliz
ada
em
uma EMEI n
o
horário de AT
PC,
tornand
o possível a explicitaç
ão e
a compree
nsã
o do proc
esso de a
propria
ção do
conhec
iment
o,
resulta
ndo em muda
nças na dime
nsão obj
etiva
e su
bjetiva
das
profess
oras
. A teoria his
tórico
-
cultur
al e a filos
ofia d
a linguagem
foram
a refe
rênc
ia para a re
aliz
ação da an
áli
se do
objeto
de pe
squisa.
Ao longo dos ca
pítulos
a
rgumentam
os em def
esa de u
ma
educa
ção des
envolvent
e
;
uma e
ducação
que permit
a ao
prof
essor
o
papel d
e pla
nejar a
ções
de forma
cons
cient
e par
a promov
er o
desenvolv
imento da
s funções
psíquica
s superior
es da cr
iança; d
a
importânc
ia do livro
ilustra
do na promoçã
o do d
esenvolv
imento
humano
;
d
a
essen
cialid
ade da
formaçã
o do profess
or
para mud
anças
12
nas prát
icas e
d
a possibilida
de
do desenvolv
imento
d
a capac
idade
criado
ra dos ad
ulto
s e das
crian
ças por m
eio
da ed
ucação
.
Procur
amos d
emonstr
ar a
necessida
de da a
propr
ia
ção do
conhecim
ento
para
o des
envolvim
ento da
consc
iência
e
para
a
supera
ção do sentime
nto de incapa
cidade
n
a
s profe
ssor
as
-
especia
lmente no qu
e tan
ge à
produção auto
ral
,
a
importânc
ia
de
possibili
tar condiç
ões mat
eriais
e psicoló
gicas pa
ra a
ocorrência d
e
mudan
ças nas p
ráticas
;
a
re
levânc
ia
da forma
ção d
o profess
or
e da
profess
ora
para
que o tra
balho c
om o livro
ilustra
do torne
-
se de fato
uma ativ
idade desenvolv
ente
para as cri
anças
da Ed
ucaç
ão In
fant
il
e
elucida
r
que
tanto adultos qua
nto criança
s podem desenvolv
er a
capaci
dade c
riado
ra e obje
tiva
r-
se em suas
produ
ções a
utora
is,
porém, o des
envolvim
ento de tal ca
pacida
de está
vinculad
a às
condiç
ões socia
is e ao pr
ocesso educ
ativo.
Esperam
os
que
este livro
possa
trazer contr
ibuições
a todos
os profes
sores
e profess
oras
d
a Educação
Infan
ti
l
para
o traba
lho com
o livro ilustr
ado
; que alcancem as
condiçõe
s de pl
anejar
sua pr
ática
de f
orm
a con
scien
te e
int
enci
onal
, p
romo
vend
o uma e
duc
ação
desenvo
lvente.
Yaeko e C
yntia
13
PREFÁ
C
IO
Stela M
iller
Refletir
sobre a
formaç
ão de pr
ofessor
es, em esp
ecia
l os qu
e
trabalh
am n
a Educação
Infan
ti
l, foi a p
reo
cupação cen
tral
da tese
de
doutorame
nto intitulad
a
O livro ilus
tra
do na
formação d
e profes
sore
s
da Ed
ucaçã
o Infantil: em
defesa d
a educaç
ão desen
volvent
e
,
e
labo
rada
por Ya
eko Tsu
hako Na
kada
kari, cu
jo conteúdo
es
tá sendo a
gora
apresenta
do neste livr
o. Pas
sa pela crític
a tanto à f
ormaçã
o inicial,
como cont
inuad
a dess
es prof
issiona
is cuj
o proc
esso se d
á, gros
so
modo, de for
ma precá
ria,
não tendo,
por ess
a
razão,
con
diçõe
s para
fornecer
-
lhes
uma ba
se sól
ida d
e con
hecime
ntos e c
apa
cida
des par
a
que sua
atuaç
ão sej
a, de fato,
transf
ormador
a e res
ulte no
desenvo
lvime
nto da c
rianç
a como u
m suj
eito qu
e nã
o só se a
propr
ie
dos con
teúdos
própri
os de
seu pr
ocesso
de e
ducação, mas t
ambém,
e principa
lmente, des
envolva
m capac
idades qu
e lhes permita
m
utilizá
-
los para com
preende
r a sua real
idad
e e n
ela at
uar de
form
a
consciente e
crítica.
Os desaf
ios nessa áre
a são muito gran
des: há que
se
considera
r, a
lém dos
cort
es financ
eiros
par
a a ma
nutençã
o dos
recur
sos fís
icos e huma
nos da
rede de esc
olas pú
blicas
, a pr
ecaried
ade
cada vez
mais
acen
tuad
a da fo
rmação
dad
a no e
nsi
no bás
ico e
o
process
o
de enxugamento curri
cular dos cursos d
e graduação
destinad
os à for
maçã
o de pr
ofessor
es, movid
o pel
o “r
ebaixa
mento
http
s://doi
.org/10.
36311
/2024.9
78
-
65
-
5954
-
429
-
5.
p1
3
-
18
14
da form
ação t
eóri
ca e cie
ntífi
ca no cam
po d
as ciên
cias da ed
ucação
e das ciências pedagógicas” (FREITAS, 2020,
p. 100), formação essa
que vem s
endo sub
stitu
ída pelo tr
abalh
o de fo
rmulador
es de
conteúdo prá
tico
-
ut
ilitário d
isponibil
izado pro
nto par
a uso nos
manua
is de ensino e de a
pr
endizag
em provid
os pelos
órgã
os oficia
is.
Observ
amos, a
o long
o dos
últimos
anos,
a ins
talaç
ão, em
nosso país
, de “inicia
tiva
s que a
nunciam mu
danças
signific
ativas
no
process
o edu
cativo,
mar
cada
s por pr
ofundo
retr
ocesso c
om a
implementa
ção e re
tomada
das política
s neolib
erais
regressiv
as,
exclude
nt
es”, que
ocasio
nam tr
ansfor
mações
tanto
no proces
so de
formaç
ão como
de atua
ção d
e doce
ntes, c
om cons
equênc
ias nefa
sta
s
para a fo
rmaç
ão dos
educan
dos,
poi
s “aprof
undam
a desi
guald
ade,
instituem
o indivi
duali
smo, r
eforçam a
meri
tocracia
e o
empreend
edoris
mo
ind
ividu
al como forma
s de sobrev
ivência
e
suces
so, af
etando pr
ofun
dament
e a form
ação hu
mana integra
l de
nossos jovens e crianças” (FREITAS, 2020, p. 107).
Em posiçã
o fronta
lmente
contrária
a ess
a forma d
e pensar
a
educa
ção, a
autora d
este livr
o propõe a
educa
ção qu
e desenvo
lve o
aprendiz
–
educ
açã
o desenv
olvente
ou d
esenv
olvim
ental
-
, que o
considera
como s
er huma
no que se des
envolv
e por s
ua a
tivida
de, na
re
lação co
m o outro e com o conteúdo da cultura acumulada
histórica
e socia
lment
e. E o fa
z com bas
e na ideia
de que o proc
esso
de educa
ção e,
em es
pecia
l, o pr
ocesso d
e ens
ino
-
apr
endizage
m
efetivad
o nas e pe
las es
colas
determi
nam o c
ará
ter de seu
desen
volvim
ento psíquico (DAVIDOV, 1988).
Dentro d
esse
enfoqu
e, a
formaç
ão de pr
ofess
ores f
eita d
e
modo a da
r condiçõ
es ad
equada
s ao ex
ercício pr
ofis
sional a
dquire
relevâ
ncia, p
ois da
relaçã
o entre o
prof
essor
e a
crianç
a e, por
15
extensã
o, entre os
proc
essos
de ensinar
e aprend
er, qu
e estabelec
em
as ba
ses d
a ação do a
luno s
obre os
obj
etos de c
onhec
iment
o, depe
nde
a dire
ção na q
ual se
rá en
camin
hada a t
ransfo
rmaçã
o q
ualit
ativa d
e
seu ps
iquismo, o s
eu desen
volvim
ento c
omo pess
oa huma
n
a,
qu
e
n
a
relaçã
o com outr
o e co
m o conteú
do cul
tura
l, age, a
prende
,
transform
a
-
se e pod
e tamb
ém trans
formar
seu mei
o.
Ness
e contexto,
a prá
tica pedagó
gica,
em seu cotid
iano,
ao
trazer
para
os pr
ofessor
es s
ituaç
ões nas
quais
eles s
e
veem di
ante d
e
novos d
esaf
ios e pr
oblema
s, nem semp
re tota
lmen
te res
olvidos c
om
o conteúd
o da formaç
ão i
nicial, cr
ia a
nec
essida
de de f
ormaçã
o
em
process
o, ou edu
caçã
o continu
ada,
com foco delim
itado c
onform
e
essa
necessida
de,
o que p
ermite
a su
peraçã
o de ev
entua
is ques
tõe
s
pontuais que s
e apresenta
m como obstáculos ao en
caminhament
o
do proces
so de ed
ucaç
ão da
s cr
ianças
feita em b
ases
desenvolv
e
ntes.
Para
pensar
um proc
esso
de form
ação
de p
rofess
ores
para
a
Educação
Infan
til
-
mas tamb
ém para ou
tros nív
eis de es
colar
i
-
zação
-
, ta
nto inicial co
mo continua
da, é nec
essár
io considerar
,
conform
e defend
e a a
utora
, o conteúd
o, a for
ma de tr
abalha
r ess
e
conteúd
o e o d
estinatá
rio d
o proc
esso edu
cativo.
So
bre ess
a ba
se sã
o
pensados os
plan
os de
traba
lho que co
nduzirã
o as
ações do
s
profess
ores for
madores e d
os pr
ofessor
es em
forma
ção, d
e mod
o qu
e
estes ú
ltimos p
oss
am se a
propriar de c
onheci
ment
os, des
envolv
er
habi
lidades e capa
cidades
essencia
is pa
ra que p
ossa
m ampliar s
ua
compre
ensão a
respe
ito de
sua
atua
ção no proc
esso d
e forma
ção da
s
crian
ças sob sua o
rie
ntaçã
o.
Em um pr
ocesso d
e formação a
ssim pensa
do, é poss
ível gera
r
um movi
mento
contí
nuo d
e tra
nsforma
ções nã
o apena
s no m
odo
como os profess
ores olha
m para su
a prática e a ava
liam do ponto de
16
vista de s
ua relevância
para
a forma
ção dos pequenos
, mas ta
mbém,
e principa
lmente, c
omo, a
partir
dessa toma
da de consc
iência
,
elegem os me
ios ma
is adequa
dos pa
ra pensa
r as ações
a serem
realizada
s com as cr
ianças de modo a
orientá
-
las e c
onduzi
-
las no
pr
ocess
o de sua
aprendiza
gem, mom
ento ess
encia
l, “intr
insecam
ent
e
necessá
rio e u
nivers
al”, no c
urso d
o des
env
olviment
o das
“caracte
rísti
cas hu
manas
não
-
natura
is, mas
formadas his
tori
-
camente” (VIGOTSKII, p. 115).
O conteúd
o d
este liv
ro r
evela
essa
modalid
ade d
e pr
ocess
o
formati
vo por
meio d
a a
nálise d
a tra
jetór
ia de
prof
essores
de
Educação
Infan
til
duran
te a exp
eriên
cia re
alizada e
m si
tuação de
formaç
ão conti
nuada
, tendo c
omo f
oco a qu
estã
o da leitu
ra e
produção d
e
livros ilustr
ados. O tra
balho rea
lizado n
ess
e processo de
formação vi
sou a “
compreender co
mo o process
o de a
propria
ção do
conhecimen
to pode
transfor
mar a pr
ática c
om o livro ilu
strado d
o
prof
essor d
a Educaç
ão In
fant
il”,
nas pal
avras da
próp
ria aut
ora.
Aco
mpanhamos, du
rante
a leitura
do livro,
as tra
nsformaç
ões
aconteci
das
no modo d
e pensa
r e agir
des
ses pr
ofess
ores e a
forma
pela qual is
so impa
ctou o ol
har del
es para
com as c
rianças
: seres
pensantes
, atua
ntes e ca
pazes
, que po
dem tamb
ém a
propriar
-
se das
pr
opriedades
que cara
cter
izam o livro ilus
trado e
objetiva
r
-
se em
produções d
e histór
ias ilus
trada
s autora
is.
Fica ba
stante evide
nte o pa
pel da apr
endizagem c
omo fo
nte
de dese
nvolvi
mento
huma
no, como m
obil
izador d
ess
e desenv
olvi
-
mento. Com ef
eito, é a
aprendizag
em que “[.
..] faz
nascer
, estimula
e ativa
na cria
nça u
m gru
po de pr
ocessos
intern
os
de desenv
olvi
-
mento no âmb
ito das inter
-
r
elaç
ões com ou
tros,
que, na
continua
ção,
são a
bsorv
idos pelo curs
o interi
or de d
esenvolv
iment
o
17
e se converte
m em aquisiç
ões inter
nas da
criança
” (VIGOTSKII, p.
115). E
não ap
enas
da cr
ianç
a, mas
de tod
o aqu
ele
que se
encontra
inserido em s
ituaçã
o em que está
em jogo a
apropr
iaçã
o de um
conteúd
o cul
tural nov
o, c
omo f
oi o ca
so d
os doc
entes env
olvidos
no
process
o de edu
caçã
o continu
ada f
ocaliza
do nes
te liv
ro.
A mesma a
titude de b
usca d
e resposta
s para
questiona
-
mentos, de r
eflexã
o, de u
tilizaçã
o de pens
amento a
nalític
o para a
compre
ensão d
o obje
to de es
tudo q
ue é d
esenv
olvida
dura
nte
process
os de for
maçã
o, quer
inicia
l, quer
conti
nuada
de profes
sores
feito em bas
es desenvo
lventes
, poderá
ser também c
ultivada com
as
crian
ças peq
uen
as. Dar in
íci
o, de
sde a i
nfân
cia,
à formaç
ão de
um
olhar persc
rutador
para o mundo é co
nstituir uma
base s
obre a qual
os sujei
tos apre
ndize
s possam desen
volve
r condutas base
adas e
m
anál
ise da subs
tância
dos o
bjetos d
e seu
conhec
iment
o e uma f
orma
de pensame
nto qu
e bus
ca a
compreensã
o de s
ua es
sência,
possibili
tando, as
sim, co
ndições a
dequada
s para
o enfrenta
mento
não apena
s das
situa
ções do seu
cotidian
o, mas
também de qu
estõe
s
e probl
em
as mais
compl
exos
, mais difíc
eis e
intrin
cados pa
ra cu
ja
soluçã
o é requer
ido es
se tipo d
e forma
ção.
Super
ar pr
ocessos
alie
nante
s de fo
rmação faz
-
se não apena
s nec
essá
rio, mas
urgente!
Referênc
ias
DAVIDOV, V.
V.
La enseña
nza esc
olar y el des
arr
ollo p
síquico
.
Investiga
ción psic
ológica t
eórica y ex
perime
ntal.
[
S. l
.]: Editora
Moscu Progreso, 1988.
18
FREITAS, H. C. L. de. BNC da formação: desafios atuais frente à
prec
arização
da fo
rmação d
e pro
fissi
onais d
a educ
ação bási
ca. In
:
MENDONÇA, S. G. de L. et al. (Orgs.)
(De)forma
ção n
a escola
:
desvios e des
afios. M
arília
/SP: Ofic
ina Univ
ersitár
ia; São Pa
ulo:
Cultura Acadêmica, 2020, p. 95-112.
VIGOTSKII, L. S
. Aprend
izagem e dese
nvolvi
mento int
electua
l
na idade escolar. In: VIGOTSKII,
Lev Semenov
ich
, LURIA, A. R.
e LEONTI
EV, A. N.
Linguagem, d
esenvo
lvimen
to e a
prend
izagem.
4. ed
. Tradução
Maria d
a P
enh
a Vill
alobo
s. São P
aulo:
Ícone
:
Universidade de São Paulo, 1988, p. 103-118.
19
IN
T
RO
DU
Ç
Ã
O
Observar uma sit
uaç
ão pedag
ógic
a é olhá
-
la,
fit
á
-
la,
mirá
-
la, admirá
-
l
a, para se
r ilu
mi
nada po
r ela.
Obse
rvar
uma situa
ção pe
dagóg
ica n
ão é v
igiá
-
la; mas
sim, fazer vigí
lia por ela, isto é, estar e permanecer
acord
ado por
ela, na c
ump
licidade
da co
nstruç
ão do
proje
to, na cu
mplic
idade p
edagóg
ica.
(FREIRE
, 1996)
Enqua
nto estiv
e na funç
ão de dir
etora da
escola
de Educa
ção
Infantil do s
istema munici
pal de
Bauru
, uma de minhas
atribu
ições
era a
coordenaç
ão peda
gógica
, envolv
endo ori
entaç
ão na ela
boraç
ão
de plan
ejament
os e for
maç
ão conti
nuada
dos prof
essores
na
perspectiva
da T
eoria Hi
stórico
-
Cultural, que
embasa a Prop
ost
a
Pedag
ógic
a da Educação
I
nfan
til do
munic
ípio.
Após o a
cesso e a
apropr
iaçã
o de novos c
onteúdos
sob
re a
arte literá
ria nas
disciplinas
de pós
-
grad
uação, c
omecei a obs
erva
r as
prática
s das profes
soras
de minha unidade es
colar
em relaçã
o à
literatur
a infan
til, aos
planej
amentos, à
s escolha
s e a
o uso dos
livros
da bibl
ioteca
escolar
e
consta
tei que os co
nteúdos d
e arte liter
ária e
as or
ientações pr
esentes
na
Proposta
Pedagógic
a do m
unicípi
o não
estav
am sendo c
ompree
ndidos
e trab
alhados
de f
orma
coerente c
om
a teo
ria.
20
O que me lev
ou à con
sta
taçã
o dessas i
ncoerênc
ias
nas
prática
s, em relaç
ão às or
ientações
contid
as na Pr
oposta
Pedagógica
,
foi o fa
to de
obser
var c
om frequênc
ia que
algu
mas p
rofess
oras
utilizava
m os livros
de forma alea
tória, s
em critério
intenciona
l de
esc
olha; outra
s utilizav
am as mes
mas histór
ias,
mas
sem a
preo
cupação
de am
pli
ar o repe
rtó
rio das cri
anças,
trab
alhan
do no
nível r
eal de d
esenvo
lvim
ento d
elas, ou
seja
, no con
hecimen
to qu
e
as cr
ianças já poss
uíam; os livr
os de imagem nã
o eram utiliza
dos e a
j
ustifica
tiva comu
m era que ta
is livros
não p
ossuía
m letras,
dificultand
o a lei
tura e a
compreensã
o. Ess
e fato de
monstrou ou
tro
dado impor
tante: a
s
profes
sora
s não c
ompreendia
m o poder da
s
imagens e,
por c
onsequê
ncia, nã
o valor
izava
m a lingua
gem visu
al
como for
ma de exp
ressã
o, pa
ssív
el de leitu
ra e c
ompreens
ão.
Outra ob
serva
ção r
elevante:
ao serem q
uestionad
as s
obre os
tipos de liv
ros existen
tes na bibliot
eca da
escola, se hav
ia alguma
organiza
ção ou
clas
sific
ação d
os liv
ros de a
cord
o com
algu
m crit
ério,
demonst
rava
m o desco
nhecime
nto s
obre a
exis
tênc
ia de dif
ere
nça
s
entre os liv
ros c
om ilustr
ação.
Além disso,
na vis
ão delas
,
todo liv
ro
com ilustra
ções ou qua
lquer livr
o de conteúd
o infantil
era
considerad
o, invar
iavelme
nte, de li
teratura
infantil.
O objet
ivo ger
al do
Ens
ino d
e Arte
Liter
ária
na P
roposta
Pedag
ógic
a para a Educ
aç
ão In
fantil
do m
unicípi
o é:
Expe
rienciar v
ivênc
ias me
diad
as por obras
da lit
eratu
ra infant
il,
por mei
o do vín
culo at
ivo c
om a ima
gem a
rtístic
a sinte
tiza
da
na forma li
terári
a, inserind
o-
se no
universo da cultura literária
a par
tir de um repe
rtório div
ers
ificad
o de ob
ras q
ue: articule
m
e explicitem a realid
ade em suas contradiçõ
es; destaquem o
movimen
to da
natur
eza, da
soc
ieda
de e do pen
same
nto;
e
21
amplie
m poss
ibilida
de
s de q
uestion
amen
to dos
val
ores
da
soci
edade (AB
RANTE
S, 2016, p
. 542).
Con
s
tatei que o
obj
etivo
geral d
a Propos
ta Peda
góg
ica pa
ra
a Edu
cação Infantil do mu
nicípio nã
o estava
sendo compr
eendido e
contempla
do nos
planeja
mentos pelas pr
ofessor
as
e
percebi qu
e não
havia
um tra
balho direci
onado a
os para
textos ou
às estr
atégias
de
leitura,
visa
ndo promov
er
a c
ompreensão
e
a amp
liaç
ão d
o
conhecim
ento de mund
o.
Há mui
tas pro
duçõe
s acadêm
icas de
stinad
as ao es
tudo de
literatur
a infanti
l, porém,
constate
i que as profe
ssoras da
unidade
escolar
não hav
iam tido a
cesso a
esse c
onteúdo em s
ua f
ormaçã
o na
graduação
e n
em na
forma
ção cont
inuad
a e nes
se a
specto
eu me
identifica
va com elas
.
Iss
o se explica
pelo fa
to de
que toda
s nós
somos pa
rte do
mesmo c
ontext
o hist
órico d
e formaç
ão d
e
profess
ores, no
qual
a arte lit
erár
ia não f
oi trabalh
ada de f
orma
minimamen
te adequ
ada
.
Além dess
as c
onstata
ções na u
nidade es
colar,
o local da
pesquisa
, outras
questões r
elevantes fora
m consi
derad
as para
a
escolha d
o tem
a. Um
a del
as
foi a obs
erva
ção, p
or m
eio de
pesquisa
anterior
de mestra
do, so
b o tema “
O ensino do d
esenho com
o
linguagem: em b
usca d
a poética pessoa
l”, que m
uitas es
colas de
Educa
ção Infantil es
tavam optand
o pela alfa
betiza
ção das
crianças
com o uso d
o cadern
o de linha
s, foc
ando ex
ercíci
os de c
oord
enação
motora, apos
tilas e livr
os didátic
os repletos
de exercíc
ios mecânic
os
e sem s
entido, c
om o obje
tivo d
e melhor
prep
ará
-
las para o en
sino
fundam
en
tal. Po
rém,
a alfabe
tiz
ação, n
esses
casos, n
ão er
a
compre
endida
como um proc
esso qu
e ocorre na
s rela
ções soc
iais,
22
desde o
nascim
ento da
cr
iança
, em conj
unto c
om a aquis
ição da
linguagem or
al, ges
tual e v
isua
l.
(TSUHAKO, 2016).
Discordo
das referid
as práticas, po
r consid
erar que o
papel
da Educaç
ão I
nfan
til é asseg
urar as co
ndi
ções
necessárias
para q
ue
o
desen
volvim
ento das fun
ções psíq
uicas supe
riores n
as crianças, n
esse
caso espec
ífico, por meio d
a a
rte literária
e das artes visu
ais pres
entes
no li
vro ilustrado.
Assim, a presença
de tais pr
áticas
torna
-
se um
problema
na Educ
ação In
fantil,
porque c
onteúdos
ess
enciais pa
ra o
desenvolv
imento da
criança
estão s
endo substitu
ídos por pr
áticas
mecânica
s, des
prov
idas d
e sent
ido e c
om ên
fase
na esc
rita
como
o
código e
não
como
lingu
agem, f
orma
ndo cr
iança
s execu
toras
, ao
invés de
autoras.
A cria
nça, ao s
e apropria
r de divers
as lingu
agens,
além de
express
ar s
eus conhec
iment
os e sua
s exper
iências
, tornando
-
se
sujeito a
utor, terá
, a par
tir da
s capa
cidades d
esenvolvid
as por me
io
dessa
s lingua
gens, a f
orma
ção de b
ases
para
outra
s áreas
de
conhec
im
ento, co
mo a lin
guagem escr
ita.
Segund
o a Teor
ia H
istóri
co
-
Cultural, isso oco
rre porque o
psiquismo é um s
istema
em perma
nente a
rticulaç
ão e reconstru
ção
das f
unções ps
íquica
s sup
erior
es; é m
ovime
nto n
o qua
l o uso d
os
signos pos
sui papel fu
ndamenta
l.
[...] o emprego de signos opera transformações q
ue ultrapassam
o âmbit
o espec
ífic
o de cada
fun
ção. O r
efer
ido empr
ego n
ão as
compl
exifi
ca de mod
o par
ticul
ar
, ou seja
, não pr
ovoca a
pena
s
tran
sforma
ções intr
afun
ciona
is
–
não se trata da conversão, por
exempl
o, da memór
ia n
atura
l em mem
ória l
ógica, da
aten
ção
natur
al em ate
nção volu
ntária, da i
nteli
gência p
rática em
pensamento abstrato etc. As transformações específicas de cada
função
deter
mina
m mo
difica
ções
no conj
unt
o das f
unções
do
23
qual fa
zem par
te, isto é
, do psiq
uismo co
mo um t
odo
(MARTINS,
2011, p.
58).
Ness
e sentido, qua
ndo a
cria
nça tem a
cesso e s
e apropria
de
novos con
hec
ime
ntos, concomita
ntemente ocor
re a
formaç
ão de
novas op
erações
men
tais de f
orma s
istêmi
ca, ou seja, in
tegrad
a, po
is
novas ca
pacida
des psíquica
s promovem r
eciproc
amente o s
eu
desenvolv
imento globa
l. A pr
incipal ca
racterís
tica do processo d
e
apropria
ção é cria
r no ho
mem novas
aptidões
ou fu
nções psíqu
icas
(MARTINS, 2011).
As difer
entes lingu
agens a
rtística
s são c
ontemplada
s na Lei
nº 13.278/2016, que fixa nas Diretrizes e B
ases da Educação
Nacional (LDBEN) (BRASIL, 2016), o ensino da arte, nos
Ref
erenci
ais C
urricul
ares Naci
on
ais da
Educaç
ão I
nfantil (RCNEI)
(BRASIL, 1998),
nas D
iretri
zes Curriculare
s Naci
onais p
ara a
Educação Infantil (BRASIL, 2010), e mais rec
entemente, na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017). Ao citar os
referidos
doc
umentos
, o o
bjetivo
não é
pôr em d
iscussão a
defesa
ou
a críti
ca aos c
ont
eúdos exi
stent
es ou a
usent
es em ta
is
documen
tos,
mas sob
retudo re
iterar a
natur
eza de d
ocument
os oficia
is em n
ível
federal, qu
e reitera
m a importância
das d
iversa
s linguag
ens nas
práti
cas com
as cri
anças
da Educ
ação
Infan
ti
l, sem e
xcluí
-
las ou
substitu
í
-
la
s por pr
áticas
comuns
a outra
etapa
de ens
ino, gar
antindo
em parte os d
ireitos
infant
is.
Sabendo
-
se o
quanto
o tra
balho c
om as
difer
entes l
ingu
agens
possibili
ta o desenvolvi
mento da
s funçõ
es psíq
uicas,
é
fundam
en
tal
o pap
el dos pr
ofess
ores e
profess
oras
no process
o edu
caciona
l, na
promoçã
o do des
envolv
imento d
as ca
pacid
ades
super
iores da
criança
. E iss
o será pos
sível por
meio do ensi
no plan
ejado de
forma
24
intenciona
l,
vi
sando
a
o des
envolvi
mento
integra
l da cr
iança
, em sua
s
máxim
as capaci
dades
.
Conforme Martins (2011)
,
a a
propria
ção dos
signos
cultura
is promove a
transiç
ão d
o desenv
olvime
nto biol
ógic
o da
crian
ça para a fo
rmação
de
siste
mas fun
cion
ais. O si
gno p
ode ser
pensado c
omo tudo qu
e pos
sui um s
ignificado,
re
metendo a
algo
situa
do fora
de si mes
mo.
Pode
ser uma
pala
vra
, um dese
nho, u
m
som, um ges
to, um
objeto
que comuni
c
a um sig
nifica
do e orienta
a
conduta
humana,
possibi
litand
o o desenv
olvimento da
s funções
psíquica
s superior
es e u
ma va
sta a
propriaç
ão do patrimô
nio d
o
gênero hum
ano, d
e form
a qu
e seu uso c
onstitui o traç
o essencial da
s
formas
super
iores de c
onduta
humana
, porqu
e per
mite a
o ser
humano o r
ompiment
o da r
elação dir
eta e imedi
ata,
própria dos
animais,
com o ambien
te.
Dessa
forma
, “os s
ignos s
ão instr
umentos
ps
icológi
cos qu
e
regula
m, desde for
a, o pe
nsament
o e a condu
ta, e infl
uencia
m nas
relações
humana
s e na
ação do
homem
num co
ntexto
sociocultural”
(PRESTES; TUNES;
NASCIMENTO, 2013, p. 6
0). A relação do
homem c
om o seu
ent
orno pa
ssa
a ser
media
da pelos s
ign
os
culturais.
A oper
ação co
m sig
nos, o
u a cr
iaçã
o e o us
o dos s
ímb
olos, é
um
fator muito importante na visão d
ialética de desenvo
lvimento e
na aprop
riação
das fo
rmas c
ultu
rais hu
manas,
porq
ue seu
s
efeitos
repe
rcute
m na
memór
ia
, na
atençã
o, na
per
cepção,
no
pensamento e na vontade. Assim
sendo, o desenvolvimento
psic
ológi
co e cultu
ral da cri
ança é f
ortem
ente afe
tado p
ela
operação com signos e pelas interaçõe
s sociais (PRESTES;
TUNES;
NASCI
MENTO, 2013, p
. 60).
25
Nesse s
entido, o traba
lho com a litera
tura inf
antil c
ontribui
para a fo
rmação h
uman
a
por poss
ibilitar a
operaç
ão com s
ignos, a
compre
ensão e a
apropri
ação d
a cultu
ra.
Segundo Ar
ena (201
0), a
língua é c
onsid
erada
parte da cu
ltura e cons
titui
nte do gêner
o
discursivo d
a
enunciaçã
o literária
e
aproxima
ção efetiva
e direta
entre leitor
e liter
atura
infa
ntil. É fun
damenta
l,
porque
,
pela pa
la
vra
—
signo pleno em um e
nunc
iado
—
o pequeno leit
or compr
eend
e
a cultu
ra de uma época
, em diá
logo inin
terrupt
o com o pas
sad
o e o
present
e. Dess
a forma
, o lei
tor des
envolv
erá, d
ialog
icam
ente, s
eus
traços
cultura
is. “Os aspectos
históric
o
-
culturais n
ece
ssários à
formaçã
o humana a
floram da
s relaç
ões entre os tra
ços cultu
rais ta
nto
do gên
ero lit
erár
io infa
ntil, qu
ant
o do
leitor
em f
ormaçã
o”
(ARENA, 2010, p. 16).
O auto
r afirm
a aind
a que
:
A form
ação humana,
alinha
vada pelas
relaçõ
es hist
óri
co
-
cultu
rais, e
ncont
ra na lit
eratu
ra, sobret
udo
na infant
il, u
ma das
mais ri
cas m
anifest
ações
culturais,
pelas qu
ais a c
riança
-
alu
no
cria, re
cria e s
e aprop
ria da c
ultu
ra humana,
com imag
inação
e
razã
o indiss
ociada
s. A
s vozes
do outr
o cultur
al e
histór
ico,
presentes na literatu
ra infantil, ampliam e transcendem a
experi
ênci
a do p
equeno lei
tor. (ARE
NA. 2010, p.
33)
Devido à i
mportânc
ia dos
signos par
a o des
envolv
imento
human
o, f
ica rati
ficad
a a rele
vânc
ia da pre
sença d
a liter
atura in
fant
il
e das li
nguag
ens visuais p
re
sentes n
os li
vros il
ustrados, na Ed
ucação
Infantil, pa
ra qu
e ocorra
a apr
opriaçã
o dos conhec
imentos e
dos
procedimen
tos ela
borados
cultura
lmente.
Diante des
sas
considera
ções,
há a necessi
dade de es
tudos e
pesqui
sas sobre
os livro
s ilustrados e
as artes visu
ais pr
esen
tes nele
s,
26
sobre o des
envolv
iment
o huma
no, sobr
e a forma
ção d
e
profess
ores,
para
que todos tenha
m condiç
ões d
e conduz
ir o proces
so d
e
aprendiza
gem de f
orma
conscie
nte, pe
nsand
o e elab
orando a
ções
pedagógica
s mais
apropria
das pa
ra promover
o desenv
olvime
nto
das
crian
ças.
Compreen
do
que, a
o se formu
lar e sis
tematizar u
m aporte
teórico em
relaçã
o ao tr
abalho com a
literatu
ra
infantil, e
m
específic
o sobr
e os livr
os il
ustra
dos, sej
a possív
el traz
er contrib
uições
para a su
peração
das di
fi
culdad
es n
as práti
cas pe
dagó
gicas do
s
profess
ores
e
profe
ssoras
da Educaç
ão In
fantil. Trata-
se de uma
área
a
ser reconhecida
e valoriza
da pela importâ
ncia
que tem
no
desenvolv
imento da
s funç
ões psíqu
icas
superior
es da
s crianç
as e dos
adultos.
U
ma pos
s
ibilidade
para a
form
ação dos prof
es
sore
s
Uma
possibilid
ade para
a conquista do
prepar
o
do p
rofess
or
ou da pr
ofessor
a
é a f
ormaçã
o em horár
io de A
tivida
de de Tr
aba
lho
Pedagóg
ico
–
AT
P
1
. O si
stema edu
caciona
l do m
unicípio
possui
Ativida
de de Tra
balho P
ed
agógic
o Coleti
vo
-
ATPC, de
duas hor
as
por sema
na, des
tinado a
o es
tudo col
etivo r
emuner
ado no a
mbie
nte
1
O professor ingre
ssa na educaçã
o infantil do munic
ípio por me
io de concurso púb
lico,
com jornada b
ásica de 2
0 horas de t
rabalh
o por semana,
no cargo de prof
essor
esp
ecialis
ta
adjunto
, c
om a fu
nção d
e subs
titu
ir o p
rofes
sor esp
ecial
ist
a. Por m
eio d
e outro c
oncur
so, o
de ace
sso, o pr
ofessor
especiali
sta adjun
to
mudará de
cargo,
para o de
profess
or
especial
ista
em ed
ucação
, pas
sando a te
r uma c
arga horár
ia básic
a de 2
5 hor
as semanais d
e trabal
ho,
sendo 20
horas na doc
ência e
5 ho
ras em A
tividade
de Trab
alho Pe
dagógico
–
ATP,
essas
5 hor
as são comp
ostas de 2
hor
as de trab
alh
o coletivo (
ATPC
) e 3 horas de l
ivre
escol
ha
do doc
ente.
27
escolar
e o dire
tor ou a
diretor
a têm a
resp
onsabili
dad
e de coor
denar
esse es
tudo.
Penso
que
o horário de
ATPC a
inda nã
o é o idea
l para
a
formaç
ão cont
inuada
. Ocor
re em p
eríodo
notu
rno, c
om te
mpo
muito reduz
ido
e, muitas v
ezes, o profess
or tem u
ma
jorna
da de oito
horas d
e aulas
e já cheg
a exausto
para a fo
rmaçã
o.
Além d
isso, os
profess
ores
e professor
as
com o ca
rgo d
e profes
sor
a
djunto não
têm
direito a
participa
r do ATPC. A
ssim,
s
e na escola
há seis
profes
sor
as
e ape
nas uma é
espec
iali
sta
—
as d
emais sã
o
adju
ntas
—
somente
a
especialista
partici
pará
da forma
ção conti
nuada em h
orário
de
ATPC. E
ssa
realid
ade confi
gura
uma contra
diçã
o, visto qu
e,
geralme
nte, os
profess
ores
adj
unto
s são ini
cian
tes na c
arreir
a
,
che
gam ins
eguros;
muito
s nun
ca deram
aulas n
a Educação
Infan
til
porque vi
era
m de outr
os
segment
os, de
outra
s prof
issões ou
são
recém
-
formados. P
or esse
s e outr
os
motiv
o
s
ne
cessit
aria
m mui
to de
oportun
idades
de for
maçã
o.
A
pesar
da existênc
ia dess
as contra
dições e d
esafios
, o horár
io
de
ATPC r
epresenta
uma conquis
ta do
dir
eito d
e estu
dar em u
m
horário es
pecíf
ico e r
emuner
ado, obt
ido após
muit
as r
eivindica
ções
reali
zadas d
os
professores
,
coordenad
ores
, diretor
es e pr
ofissiona
is
coadj
uvantes
no proces
so de ens
ino
-
apr
endiza
gem
para que
pudessem dar continui
dade
à formação
. Assim,
vejo como
importante
a va
lorizaçã
o desse mome
nto
verdade
irament
e utiliza
do
para a f
orma
ção de professores
e profes
soras
, não p
ara o
utros f
ins.
Para isso
é importa
nte que
os envolv
idos ten
ham cons
ciência diss
o
e
possam assum
i
-
la com responsab
ilidad
e.
Mesmo nã
o tendo aind
a as condiç
ões id
eais pa
ra a forma
ção,
uma sis
tematizaçã
o e organizaçã
o por parte da
coordenadora ou
28
coorde
nador peda
gógic
o,
do dire
tor ou d
iret
ora, no ca
so da
Educa
ção Infantil
desse
municíp
io, é u
ma possib
ilidad
e para
fazer
algo co
nsisten
te em rela
ção à
forma
ção dos
profess
ores
.
Os respons
áveis
pela co
ordenaç
ão da
formaç
ão continua
da
também precis
am ter u
ma base teóric
a sólida s
obre o
desenvo
lvime
nto huma
no,
ter conhec
ime
nto sobre
o conteú
do das
diversa
s áreas
do conhecimento co
ntemplad
as na Pr
oposta
Pedag
ógic
a da Educaç
ão In
fan
ti
l do munic
ípio,
ou sej
a, ess
es
profissiona
is ta
mbém nec
essitam de f
ormaç
ão e aco
mpanhame
nto,
para
que tenham cond
iç
ões de des
envolv
er um t
raba
lho sólido,
possibili
t
ando m
udan
ças nas p
rática
s.
Há necessidade
de um
traba
lho coleti
vo e ness
e senti
do
a Secr
eta
ria da Educ
ação e
xerce
ri
a
um papel funda
mental. E
ssa ação
, porém, depe
nde da
concepçã
o
teórica e d
a vo
ntade p
olíti
ca de qu
em ass
ume a ges
tão.
Diante d
essa
s consid
eraçõ
es, a
lgumas
questões
direcion
aram
a min
ha
pesquisa: o
traba
lho com o livro ilus
tra
do promove o
desenvolv
imento da
s funções
psíquica
s das c
riança
s e dos adultos?
De que for
ma? Os
pressu
postos da T
eoria H
istóric
o
-
Cultural e da
Filosofia
da Lingua
gem pod
em contribu
ir e emba
sar o tr
abalho c
om
a literatu
ra infant
i
l e as art
es vi
suais? A
form
ação
con
tinuad
a no
espaç
o escolar
em horá
rio de At
ividade d
e Trab
alho P
edagógic
o
Coletivo (AT
PC) p
ode co
nduzir à s
uperaç
ão de prát
icas
tradicionais
n
a Edu
caçã
o Infantil e pr
omover a educa
ção qu
e desenv
olve?
As minhas
hipóteses i
niciais
eram: a
s prátic
as de esc
rita
com
exercícios
mecân
icos e s
em sen
tido,
surgidas
em de
corrênc
ia d
e uma
formaçã
o inicial defic
itár
ia dos pr
ofessore
s,
que resultaram n
o
descon
hecimen
to sob
re o des
envolv
ime
nto infa
ntil e sobre a
importânc
ia das
diferen
tes
linguagens, e
mbora es
teja
m pres
entes na
29
Proposta Ped
agógica
da E
ducaç
ão Infantil d
o municíp
io, pa
ra
o
desenvolv
imento do
psiqu
ismo;
em
especial,
a a
rte li
terária
e as a
rtes
visuais,
que f
ormam
as base
s par
a a
lingu
agem verb
al. Os
profess
ores
, ger
alm
ente,
a
presentam prá
ticas nã
o promot
oras do
desenvo
lvime
nto, p
or pos
suír
em concepç
ões ultr
apas
sadas
em
relação
ao t
rabalh
o com
crianças
de Educ
ação
Infan
ti
l e vi
são de
“pré
-
escola” como
“prepa
ração par
a o ensin
o fun
da
mental”
.
Por
falta de c
onhecim
ento te
órico sobr
e a lit
eratu
ra inf
antil e
de seus
elementos c
onstitutiv
o
s,
os livr
os de literatu
ra não s
ão utiliza
dos de
forma plena,
em sua
s varia
das possibilid
ades d
e leitura
e de
compreensã
o par
a a prom
oção do
desenv
olvime
nto da
crianç
a. Além
disso, mu
itos profis
sionais
da edu
cação nã
o têm cons
ciência sob
re a
sua impor
tância e o seu
papel na
forma
ção humana
.
Poderia sint
etiza
r todas a
s hipóteses a
cima em uma h
ipótese
central
-
a falta de conhe
cime
nto, dev
ido às lac
unas n
a form
ação do
professor
, resulta
em prática
s equivoca
das, qu
e não promovem o
desenvolv
imento da
s máximas
possibilida
des das cr
ianças
. Uma
poss
ib
ili
dade para a m
uda
nça de
ssa real
idade
seri
a a fo
rmação d
os
profess
ores e da
s prof
ess
oras
que, com a
apropr
iaçã
o do
conhecim
ento, t
eria
m a opor
tunid
ade d
e dese
nvolver
uma nova
prática
com a arte literár
ia, em especia
l, com o livro ilu
strado e a
s
artes vi
suais pres
entes nele, qu
alifica
ndo as su
as funç
ões psíquica
s e
também as
funções psí
qui
cas da
s criança
s. Enfim, o tr
abalho com
o
livro ilu
stra
do pod
e prom
over o d
esenvolvim
ento d
os profes
sores
e
das profe
ssoras
s
e houver uma
educa
ção des
envolve
nte,
ou seja, uma
educa
ção com pla
nejame
nto de aç
ões de f
orma cons
ciente
para
promover o d
esenv
olvime
nto das
funções
psíquica
s su
periores
dos
educandos.
30
M
é
t
odo e
proc
edi
m
en
t
os
m
e
t
odológi
cos
N
esta
pesquisa
argumen
t
o
em d
efesa
de uma
educação
desenvo
lvente,
ou seja,
uma ed
ucação
em que
o
profess
or tem o
papel d
e pla
nejar a
ções
de forma
cons
cient
e par
a promov
er o
desenvolv
imento
das
funções psíqu
icas
superiores
da crian
ça
.
Segundo Luria (1990, p. 218), as “ca
racterísticas básicas da atividade
mental huma
na podem
ser enten
didas
como prod
utos da
história
social
–
elas são sujei
tas a mud
anças q
uando
as form
as de p
rátic
a
social s
e altera
m; são,
por
tanto, s
ociais e
m sua es
sênci
a”.
Assim
,
o
acess
o ao con
hecime
nto
e a qua
lidade
da edu
caçã
o ofe
rtada às
crian
ças
implicará
o desen
volvime
nto delas
.
Desse mod
o, a
pesqu
isa
se fundam
ent
a na con
cepção
de
Didática
Desenvolv
imenta
l, na perspec
tiva da F
ilosofia da
Linguagem (FL),
n
o
M
ater
ialismo Históric
o
-
dialétic
o
(MHD) e
na
T
eoria
H
istórico
-C
ultural (THC)
, emb
asada na tese d
e
Vigotsk
i
,
“de que a ins
truçã
o e a educação impulsiona
m o desenvolv
imento
mental dos su
jeitos que apr
endem, e com is
so contrib
uem para
o
amadu
reciment
o de nova
s for
mações
intelectuais
”
(AQUINO
,
2017, p.325).
N
a Didá
tica Desenvo
lvimenta
l,
segundo Aqui
no (2017),
os
objetos d
e estu
do são s
em
pre proc
essos
conscie
ntes
e dirig
idos par
a
a obtençã
o de determ
inad
os fins c
ognitivos
e muda
nças na for
maçã
o
da persona
lidade. Des
sa forma
, “a Didá
tica Desenvolv
imental
precisa
de métod
os qu
e se a
dequem a
natu
reza pr
ocessual de
seus
objetos d
e es
tudo.
Um des
ses mét
odos
é o exp
eri
mento d
idátic
o
-
formativo”
(AQUINO, 2017, p. 327).
O experime
nto didátic
o
-
formativo,
conf
orme
Freita
s
(2010),
é um mét
odo
que cons
iste em inves
tigar as
mudança
s no
31
desenvolv
imento do ps
iquis
mo por meio da f
ormaç
ão dirigida
dos
process
os psic
ológicos
inves
tigados.
É “ex
per
imen
to”
por tratar
-
se de
pôr em prá
tica
uma int
erv
ençã
o peda
gó
gica po
r meio d
e deter
mina
da
metod
ologi
a de ens
ino, v
isando
a
pro
mover a
s açõ
es me
nta
is do a
luno
para que haja m
udanças em seus
esperad
os
nív
eis futur
os
de
desenv
olvimen
to.
O “f
orm
ativ
o” d
eve s
er c
ompreend
id
o com
o um
a
suces
são
de ações
e int
eraç
ões qu
e produzi
rão
mudanças nos sujeitos.
A ideia princi
pal que o
rienta o exp
eriment
o didá
tico
-
formati
vo é “
que o pr
ocesso de e
nsino
-
a
prendizage
m, organ
izad
o
consciente
mente em det
erminada
s condiçõ
es, eleva a
qualida
de da
aprendiza
gem e d
o des
envolvim
ento i
ntegra
l dos es
colares
”
(AQUINO, 2017, p. 337).
O mes
mo au
tor
ainda
af
irma qu
e o ens
ino ex
per
imen
tal
é uma
das formas de
aplicação da teo
ria de
Vig
otsk
i
sobre a Zon
a de
Desenvolvi
mento Próximo
(ZDP),
visto qu
e
o
ensino
expe
rimen
tal
não s
e orga
niza com
o ada
ptaç
ão a
o nív
el d
e des
env
olv
imen
to rea
l ou
atual
dos
esc
olar
es,
“mas
qu
e ut
iliza
aq
u
eles
proc
edim
ent
os qu
e
forma
m
—
de ma
neira
ativa e co
nscie
nte, u
m nov
o nív
el de
capacidad
es para a apropriação
integral do novo conte
údo de estudo”
(
AQUINO, 2017,
p. 34
0).
Dessa forma,
o
a
uto
r,
re
ssalta que
o
méto
do de exp
erim
ent
o didát
ico
-
f
ormativ
o atua
,
ao m
esmo
tempo
,
como m
étodo d
e ens
ino ex
peri
men
tal qu
e impu
lsio
na o
desenv
olvimen
to d
os alu
nos
. Por
iss
o,
para
além
de um
méto
do
de
pesquis
a,
visa
ta
mbé
m
po
tencia
lizar a apre
ndiza
gem e o
desen
volvim
ento in
tegral
.
Para
Aquino (2017)
,
as et
apas
de um exper
ime
nto didá
tic
o
-
forma
tiv
o sã
o a pa
rte
ma
is f
lexív
el d
o m
étod
o e, p
or su
a ex
peri
ênc
ia na
conduç
ão da pesquisa experimental,
aponta quatro etapas ne
cessárias:
32
1)
Revisão da literatur
a e diagnóstico da reali
dade a ser estudada
:
e
sse
mom
ento
env
olve a
pesquisa
bib
lio
gráfica
, revisã
o da
liter
atu
ra
,
diag
nóst
ico d
e n
eces
sida
des sobr
e o
esta
do g
eral
da
prá
tica
ped
agó
gic
a
no nív
el de e
nsin
o e na
disci
pli
na inv
es
tigad
a e a ca
rac
teriza
çã
o da
turma
na qu
al o ex
perim
ento s
erá r
eali
zad
o. As
sim
, co
m os da
dos
cole
tados na pr
imeira eta
pa
,
pode
-
se ob
ter os
três
pri
meir
os result
ados
do exper
im
ent
o: “1) o qua
dro te
óric
o da pesqu
isa, 2) o diag
nósti
co da
metod
ologi
a tradi
cional
de e
nsino,
3) o dia
gnóstic
o do gru
po
de
alun
os, d
os pr
ofes
sor
es e d
o con
text
o soc
ioe
duca
tivo
em qu
e s
e
organiz
a a inve
stigação
” (
AQUINO, 2017,
p.
342)
.
2)
Elaboraç
ão do
sistema di
dático
experimental
:
a partir dos
resul
tad
os obti
dos na
prime
ira eta
pa,
será
elabor
ado u
m plan
o de
ensi
no,
q
ue
deve pres
erva
r os c
onteú
dos da
disc
ipli
na
, mas em u
ma
orga
nizaç
ão s
upe
rior
, ou s
ej
a, a d
ispos
içã
o didá
tic
a dos
cont
eúd
os d
eve
“proc
urar o essenci
al
-
g
eral
dos
co
ncei
tos
a s
erem
ens
inad
os.
Dep
ois
,
proc
ede
-
se à
art
icula
çã
o co
eren
te e
ntre
os
objetiv
os, o
s con
teú
dos,
os
métodos
e os recur
sos
neces
sários
para
o trabal
ho co
m cada
uma da
s
un
idad
es que i
ntegr
am o p
rogra
ma”
(
AQ
UINO
, 2017,
p.
343)
.
3)
Desenvol
vimen
to
do ex
per
imen
to d
idátic
o
-
formativo
:
ness
e
moment
o,
será
apl
icad
o o s
istema
did
átic
o ex
peri
m
ental criado na f
ase
ante
rior
e
in
dica
d
o
p
ara a ger
ação de dado
s
,
a
lém da
t
é
cn
ic
a d
a
observação
,
permit
indo
o regis
tr
o sis
temá
tico
do c
ompor
tame
nto
,
apre
ndiza
gem e do des
env
olvim
ent
o dos part
icipa
ntes. No perío
do
final d
a fase experimen
tal, podem
ser aplicad
as a
s entr
evis
tas
semiestruturadas e nos casos possí
veis
é recomend
ad
a
a aplicação de
uma avaliação
escrita. Nesse moment
o
,
também de
verá se
r feita
a
preparação
dos d
ados para a
análise
.
33
4)
A
náli
se d
os dados
e e
labor
ação do r
elat
ório
: a
aná
lis
e se r
eal
iza
a par
tir d
e u
m co
nju
nto d
e ca
teg
orias
ela
bora
das
pr
evia
men
te
e com
apoio
nas
evidê
ncia
s da
apren
diza
ge
m e do des
env
olvi
ment
o int
egra
l
dos alunos. Essas evidências surgem nas fal
as, nos comportamentos,
nos reg
istr
os, na
s ati
tudes
, hab
ili
d
ades e va
lores
mani
fes
tad
os pel
os
parti
cip
antes
. “O movimen
to que f
azemo
s com o auxíli
o da análi
se
,
que parte
da observação dos fato
s, passa pela ab
stração do essenci
al e
logo e
labora
a gener
al
izaç
ão, é o que p
ermit
e a elab
oraç
ão das
conclus
ões do exp
eri
mento
didá
tico
-
for
mativ
o
”
(
AQUINO, 2017,
p.
349).
O r
elat
óri
o tam
bé
m será
ela
bora
do nessa
et
apa,
que d
ev
erá
conte
r a l
ingu
agem c
ientí
fica,
visto que,
a li
ngua
gem “
ref
let
e os
proc
ess
os int
er
nos, a
cap
acida
de d
e aná
lise e de
pensa
me
nto, a
s
tend
ência
s do d
ese
nvolv
imento,
o grau
de f
orma
liza
çã
o e de
cre
scimen
to d
a
ciência”
(AQUINO, 2017,
p. 349)
.
A part
ir das
cons
ider
ações
ac
ima, pr
ocurei esc
larec
er
e jus
tifica
r
a escol
ha do méto
do expe
rimen
to did
ático
-
for
mativo
para a
realizaç
ão
da pes
quis
a, c
omo ta
mbé
m,
poss
ibilitar
a compreensão
de
todo o
proc
ess
o.
Os objetivos
foram deli
neados
pela perspectiv
a da TH
C e
pela Filos
ofia da
Lingu
agem. Obj
etivo
geral:
compr
eender co
mo o
process
o de aprop
riaçã
o do c
onhecim
ento pod
e tra
nsforma
r a
prática
com o livro ilus
trad
o do professor
e da pro
fessora de
Educação
Infan
til
. E
como objetiv
os espec
ífico
s: conhec
er a
s
especific
idades do liv
ro ilus
trado; r
ealizar o ex
perimento didátic
o
-
formativo pa
ra poss
ibilita
r a aprendizagem s
obre o
livro ilus
trado;
pesquisa
r princípi
os didáti
cos par
a o trabalho com es
se tipo de l
ivro
,
vis
ando ao d
esenvo
lvime
nto da
capac
idade d
e leitu
ra
e de ex
pres
são;
refletir
sobre a
importâ
ncia
da apropr
iação do
con
hecimen
to para
34
mudanç
as na
dimensão ob
jetiva
e subj
etiva dos pr
ofessor
es;
dese
nvolve
r a imagi
nação
e a capaci
dade c
riado
ra por mei
o de
form
ação.
Assim, p
ara
o
desenvolvi
mento da
pesquis
a
, prime
iramente
foi realizad
o
o
l
evanta
mento sobre ob
ras da
literatur
a acadêmica
pertence
ntes à
T
HC
e à Filos
ofia da
Lingu
agem,
as q
uais
fornecer
am
os pres
supostos
necess
ários
para
a formula
ção teórica
de uma
concepç
ão de d
esenvo
lviment
o hu
mano e de a
propriaçã
o de
diferen
tes lingu
agens
.
Como levan
tamento
prelimina
r de obr
as, des
tac
o
: O
desenvolvimento do psiquismo (LEONTIEV, 1978)
,
Linguagem
,
desenvo
lvime
nto e a
prendizagem
(
VIGOT
SKI
; LURI
A;
LEONTI
EV,
1988),
Psicologia da id
ade pré
-
esc
olar
(MUKHINA
,
1995),
Psic
ologia peda
gógica (
V
IGOTS
KI
, 2010)
,
Q
uarta a
ula:
a
questão do me
io na ped
ologia (
VIGOT
SKI
, 2010)
,
Lingua
gens
infantis
: outras formas de leitura
(MELLO
;
F
ARIA,
2005),
Periodiza
ção históric
o
-
cu
ltura
l do desenvolv
iment
o psíquico
do
nascimen
to à velhic
e (MARTI
NS
;
ABRANTES
; FACC
I, 2016),
O
desenvolv
imento do ps
iquismo e a edu
caçã
o escolar: contribuiç
ões à
luz da psic
ologia histór
ico cultu
ral e da pedagogia
históric
o
-
crítica
(MARTINS, 2011),
Marx
ismo e filosofia
da lingua
gem
(VOLÓSHINOV, 2017) e Estética da criação verbal (BAKH
TIN,
2011).
Também
foram esc
olhida
s
obras
sobre
a literatur
a infa
ntil
e
a ar
te para compr
eensão teór
ica do
c
onteúd
o das
linguage
ns e
d
os
conceitos
espec
íficos d
e cada
uma
, s
endo:
A
histó
ria da arte
(
GOMBRICH, 2013)
,
A necessidade da arte (FICHER, 1959)
,
Arte e grande público: a distância a ser extinta (PEIX
OTO, 2003)
,
35
Para ler o l
ivro ilust
rado (
LINDEN, 2011
)
,
Fu
ndam
ento
s da
linguagem v
isual (VA
Z
;
SILVA, 2016)
,
Como usar a literatura
infantil na sala de aula (FARIA, 2016)
,
Ler e compre
ender
:
estraté
gias de
leitu
ra (ARENA; GI
ROT
TO; MENIN
;
SO
U
ZA,
2010),
Práticas ped
agógi
cas com tex
tos l
iterários
: estr
atégia
s de
leitura na
infância (GI
ROTTO
;
SOUZA, 2017)
,
Crítica, teoria e
literatura infantil (HUNT, 2010)
,
Li
vro ilust
rado: palavras e
image
ns (NILO
LAJEVA
;
SCOTT, 2011); Pe
los Jardins Boboli
(OLIVEIRA, 2008)
,
S
int
axe
da lingua
gem visual (DONDIS,
2015),
Le
ndo imagens (MANGUEL, 2001)
e
Proposta
pedagógic
a
da educa
ção infantil do s
istema munic
ipal de ensin
o de Bauru
/SP
(PASQULINI; TSUHAKO, 2016).
É important
e
escla
recer
que
,
no
município ond
e
a pesquis
a
foi reali
zada
, não ex
iste o cargo d
e coor
dena
dor p
edagógic
o nas
esco
las de Ed
ucaç
ão In
fant
il; e
ssa resp
ons
abili
dade ac
abada
recai
ndo
sobre
o dir
etor
ou a diretora
. Dess
e modo,
no exerc
ício do
car
go de
dire
tora d
e uma e
scol
a de Educaç
ão I
nfan
til
, desde 2
018, um
a das
minhas
atrib
uições é
a fo
rmaç
ão conti
nuada
dos p
rofess
ores c
om
base n
a Prop
osta P
edag
ógica da Educ
ação
Infan
til
do mun
icí
pio
,
na
perspectiva
da
THC.
A
ssim, es
se grupo já
havia par
ticipado
de
formaçã
o sobre algu
ns princ
ípios bá
sicos da
T
HC
, sobre o
desenvolv
imento
human
o, periodi
zaçã
o e fun
ções psíqu
icas
superi
ores no a
no an
terior
ao d
a real
izaçã
o do exper
iment
o didá
tico
-
formativo,
anteci
pando a
base teór
ica,
contribuind
o para
a
compre
ensão e
a
artic
ulaçã
o com as á
reas do c
onhecim
ento qu
e
seriam
estu
dadas.
No primeir
o moment
o, pa
ra a r
ealizaçã
o da pesqu
isa
de
campo
, pe
nsei em des
envolver
um trab
alho com
os livros
ilustra
dos
36
de literatur
a infanti
l disponibil
izados à
s escola
s pelo PNBE,
uma vez
que
é um mat
erial d
e fá
cil a
cesso p
elos
prof
essores
de qu
alquer
unidade
escolar mu
nicipal
e pela
s crianç
as que
estu
dam em es
colas
públicas
, além d
os conteú
dos ser
em próxim
os da r
ealida
de da fa
ixa
etári
a da Educaç
ão In
fanti
l. Por
ém, essa o
pção
foi amp
liad
a par
a
outros livr
os, por
que o
grupo d
e profess
oras
partic
ipantes d
a
pesquisa
observ
ou
a n
ecess
idad
e de con
hecer
, dura
nte o
process
o de
formaç
ão, o a
cervo da
bibliot
eca da
escola
e pesquis
ar o
utros li
vros
para a
mpliar o reper
tório.
Participa
ram dess
a forma
ção seis
profes
soras
, toda
s com
gradu
açã
o em curs
o de Pedagogia
, cinc
o prof
essor
as são es
pecialis
tas
em Edu
cação I
nfan
til
e uma e
m Educaç
ão Esp
ec
ial.
Todas s
ão
efetivas
,
co
m te
mpo
de exerc
ício no ca
rgo ent
re 5
e
25 anos
e
faixa
etária entre 3
2 e
52 anos.
Quatro prof
essor
as par
ticipa
ram da
formaçã
o desde
o iníci
o
da pesquis
a, sem interr
upções; u
ma profess
ora teve uma interr
upção
de seis mes
es, dev
ido a uma lic
ença ma
ternidade,
depois
retor
nou à
formação; o
utra profe
ssora pa
rticipou, n
o primeir
o momen
to, a
distânc
ia, por
não
cumpri
r o h
orári
o de AT
PC em
noss
a Unid
ade
Escola
r, pois se
ndo espec
ialis
ta em E
ducaçã
o Especia
l, exerce
sua
funçã
o de forma
iti
nerant
e, cola
bora
ndo
em mais
de uma
escola por
semana.
A profe
ssora
e
specialista em Edu
cação Es
pecial trabalha
em
colabor
açã
o com a
profes
sora
de sal
a, res
ponsá
vel p
ela tu
rma
, daí
a
importânc
ia das
d
uas
prof
essoras
—
a
respo
nsáve
l pe
la sala e
a
especialista
em Ed
ucação E
special
—
re
alizarem um tra
balho
articula
do e
coere
nte em
relaçã
o
à
concepçã
o de edu
caçã
o e de
desenvolv
imento huma
no, ju
stifica
ndo sua inserçã
o na formaç
ão e
na pesquis
a.
37
Além diss
o, hou
ve dem
ons
traç
ão de inter
esse
por
parte da
prof
essora d
a Educação
Esp
ecial
que
,
ao ob
se
rvar o t
rabalh
o
desenvo
lvido na
U
nida
de Escola
r, solicitou
autori
zação
para
partic
ipar dos
estudos
e ter a
cess
o aos conteú
dos,
ao ma
terial d
e
apoio c
omo os
s
lides
, tex
tos, livros
e
,
assim,
obter orie
ntaçã
o da
profess
ora de s
ala e d
a diretora
quando h
ouves
se nec
essidad
e. A sua
participa
ção a
dis
tância f
oi pos
sibilitada
por me
io do estu
do d
e
textos, de
sli
des
que era
m utilizados nas
ATPCs
e, no segundo
semest
r
e, p
assou a t
er a parti
cipação pr
esencia
l por mud
ar su
a
sede
para a no
ssa Un
idade
Esco
lar.
A Esc
ola Municipa
l de Edu
caçã
o Infantil (EM
EI),
no qual
ocorreu a p
esquisa,
está localizada na perif
eria do municí
pio.
F
unci
ona em
uma casa ad
apt
ada devi
do a d
emol
ição do
préd
io sede
da esco
la para f
utu
r
a construção
de um n
ovo
. Os e
spaço
s da cas
a
são pequ
enos em r
elaç
ão às
escola
s de Edu
caç
ão Infantil
, não
p
ossui
área li
vre p
ara play
g
round, ta
nque d
e areia,
o qu
e limita
o
aten
diment
o às cri
anças
.
Porém, apesa
r dess
as lim
itações, s
ão atend
idas a
proxima
-
damente 100 crianças
a pa
rtir de
um
ano
e oit
o mese
s a c
inco a
nos,
com turma
s em p
eríodo pa
rcial e integr
al.
As
t
urmas
são mistas
, com
cr
ianças
do período i
ntegr
al e do per
íodo par
cial.
As
turmas
do
integral f
oram
criadas
devido
à grand
e
demanda de
vagas p
or part
e
de pais
que tr
abalha
m.
A turma
de cri
anças n
a fai
xa etári
a de
um
ano e o
ito mes
es
a
dois
anos
,
cham
ada de I
n
fanti
l II
,
é
composta
por a
té dezesseis
crian
ças
; a
turma
com
crian
ças de
três a
nos
, Infantil
III,
é
compo
s
ta
por at
é vint
e crian
ças; as tur
mas de
crian
ças de q
uatro
e cinc
o anos,
Infantil IV
e V, ate
ndem até vin
te e cinc
o criança
s por
turma.
Todas
38
as tu
rmas poss
uem prof
essora
s com for
maçã
o em pedagogia
. Na
s
turmas
menores, de faix
a etária
de
um a
no e oito meses
a
dois ano
s,
além da prof
essora
de sala,
há também uma
funcionária
auxiliar.
Em um s
egundo m
omen
to, a pa
rtir dos
es
tudos t
eóricos
,
fo
ram
selecionado
s
alguns
conteúdos
espec
íficos s
obre lit
e
ratura
infantil
e artes v
isuais para
elabora
ção d
os pla
nos qu
e seria
m
desenvo
lvidos dur
ante o exper
iment
o didátic
o
-
forma
tivo
co
m a
s
profe
ssoras
da
Unidade Escola
r, em horá
rio de ATP
C, arti
culando
teoria e prá
tica, p
or
um per
íodo aproxima
do de um
ano.
No terce
iro m
oment
o, ocor
reu
o d
ese
nv
olvim
ent
o do
expe
rime
nto did
ático
-
for
mati
vo
, no qu
al foi r
ealiza
da
a f
ormaç
ão das
profess
oras
em horári
o de
ATPC, a
borda
ndo a litera
tu
ra infa
ntil, em
específic
o o livro i
lustra
do e o livr
o de imag
em, pintur
a a dedo
,
produção d
e narrativas ve
rbais e visuais.
Durant
e a fo
rmação,
as
pr
ofess
oras real
izar
am av
ali
ações
diária
s dos encontros;
partic
iparam d
e atividad
es prática
s de cria
ção
de narra
tivas;
compartilha
ram os
conteúdos da f
ormaçã
o em arte
literária
em uma troca
de experiênc
ia com vár
ias unida
des escola
re
s
de
Edu
caçã
o Infantil do município, num
ev
ento orga
nizado
pela
Secre
tari
a Munic
ipal
da Educaç
ão. A
o fin
al da
form
ação, a
s
professo
ras escolheram
, entre suas várias narrati
vas,
uma delas para
ilustr
ar. Hou
ve um mom
ento esp
ecífic
o, ou s
eja,
um encontr
o em
h
orário
de AT
PC para a ap
rese
nt
ação do
trabal
ho fin
al,
em que,
c
ad
a
profess
ora cont
ou a
sua his
tória a
o grupo
pa
rtici
pante da
pesquisa
.
É important
e
destac
ar com
o
as avali
açõe
s diári
as dos
encontros
for
am ela
bora
das em f
orma
de “p
onto d
e observ
açã
o” e
tinham por obj
etivos
: aco
mpanhar a c
ompreensã
o dos pr
ofessores
em relaç
ão ao pr
oposto em c
ada enc
ontro; v
erifi
car os
sentidos
39
atribuíd
os a
o conteúdo, a
s dificuldades, o
explíci
to ou o
que
“
n
ão
ficou claro
”
, para qu
e pudesse ser
retomad
o no próx
imo enco
ntro.
O “ponto
de ob
serva
ção”
, conf
orme Ma
rtins
(1996)
é
um
instrume
nto metodo
lógic
o de ava
liação com
o
objetivo
de
trazer à
tona os con
teúdos
discut
idos e t
raba
lhados d
urante os
encontr
os,
possibili
tando a a
propriaç
ão do con
hecimento, a
ver
ificaçã
o do que
se sa
be e
d
o que
há
ainda
p
ara
ser estu
dado.
Para
a pesquisa
, por se tra
tar de um ex
perime
nto didátic
o
-
formativo,
o objetiv
o de s
olicitar e ana
lisa
r essa
s avalia
ções
foi
verif
icar o proces
so de apr
endizage
m;
se es
tava
ocorrendo a
apropr
iaçã
o do con
heciment
o ou nã
o
;
se as a
ções e
intera
ções
plan
ejadas p
ara a form
ação e
stavam p
roduz
indo mu
danças n
os
participa
ntes e, por c
onsequ
ência, e
m suas
prática
s.
As ativ
idades pr
áticas
foram prop
ostas
em vá
rios moment
os
da form
ação p
orque
,
conf
orme a
THC
,
o process
o de a
propria
ção
do conhecim
ento é se
mpre a
tivo
, a
pr
endemos e
m ativ
idade. A
pessoa
reprodu
z em sua
atividad
e as opera
ções moto
ra
s e cognitiva
s
inco
rporadas
no o
bjeto para ap
rop
riar
-
se dele. Poré
m, a ativ
idade d
o
sujei
to em d
esenvo
lvimen
to é m
ediada
pela
açã
o de outr
o sujeito
mais exper
iente do que el
e, qu
e lh
e serve d
e model
o, de refer
ência
sobre o c
onteúd
o cultu
ral qu
e está s
endo apr
opriad
o.
Todas
as pr
oduções,
as a
valiações
e as a
ções dos
pr
ofess
ores
foram regis
trada
s por meio de escr
ita, fotogr
afias
e relatos em víde
os
que foram tr
anscritos
, par
a ser
em disponibil
izados
c
omo dad
os.
A
s profe
ssoras
, em concomitânc
ia com ess
a for
mação,
criaram
também a
ções
pedagógic
as co
m
as crianças
de faixa et
ária de
dois a cinco anos,
com o objetivo d
e
prom
over
o d
esenvolv
imento
da
s
capaci
dade
s
de leitura
de ima
gens e
de ex
press
ão. As
produç
ões
40
das c
riança
s fora
m regis
trada
s por meio de f
otografi
as e víd
eos.
Alguns d
esses
registros
for
am selec
ionados
para
anál
ise.
Após a
formaç
ão das
professor
as,
alguma
s produ
ções em
vídeos de c
riança
s em
ativ
idade fora
m enviada
s pelas fa
mílias a
os
profess
ores, por
que em
de
corrênci
a
do isola
ment
o social prov
ocado
pel
a pandemi
a da COVID
-
19, o en
sino passou a ser
remoto
.
Alguma
s dess
as pr
oduções
também for
am coleta
da
s como da
dos,
para se verifi
car os
reflexos
da formação
d
as profe
sso
ras
n
o
aprendizado
d
as crianças.
Foi solicita
d
a
às professo
ras uma
aval
i
a
ção escrita
após
a
formaçã
o, especifica
mente s
obre a litera
tura infantil, liv
ro de
imagens e
a técnica de
pint
ura a ded
o. Est
a
última
foi inserida no
process
o de forma
ção dev
ido
à
necess
idade do
grupo
de profes
sora
s,
que desco
nhecia a
técnic
a de pintu
ra,
des
ejav
a aprend
ê-
la
para
utilizar com a
s cria
nças e n
as ilustrações d
e suas hi
stóri
as.
No de
corre
r da pesq
uisa, algu
mas mud
anças
foram
necessá
rias
no planej
ament
o, porqu
e
, e
m vir
tude do estud
o
realiza
ndo dura
nte es
se proces
so,
por
ex
emplo,
na
área de Filos
ofia
da Lingu
agem, a
lguma
s conce
pções
foram mudand
o
e percebi
a
necessid
ade de inser
ir outr
as forma
s de gera
ção de dado
s para a
análi
se.
Po
r
com
pree
nde
r
a importânc
ia do d
iálog
o, de
ouvir a f
ala
do out
ro
—
“o ser da ex
press
ão é bila
teral
só se reali
za n
a int
eração
de duas
consciênc
ias (a
do eu e a do
outro)
—
; a penetração mú
tua
c
om manutençã
o da distância
, que
é o ca
mpo de encontr
o de duas
consciência
s, a zo
na do
contato
interi
or entre
elas
” (BAKHTIN
,
2017, p. 60). A
o finaliz
ar a
formaçã
o, solicitei à
s profes
soras
a
realiza
ção de
um relato
-
s
íntese, p
or mei
o de víd
eo ou áud
io,
contand
o sobre o pr
oces
so gera
l de forma
ção em
horá
rio de AT
PC
41
e
destaca
ndo o ma
is sig
nifica
tivo das v
ivência
s, se
us sentim
entos
diante d
os novos
desa
fios,
entr
e outros
assuntos
.
A avaliaç
ão fi
nal
es
crita e
o relato
oral tiv
eram
o obj
etivo d
e:
despertar
um olhar ma
is amplo par
a o que foi vivenciad
o pelas
partic
ipantes
da pes
quisa
; obs
erva
r as p
ercepções
dos pr
ofess
ores e
m
relaçã
o às m
udança
s ocor
ridas
a par
tir dos c
onteúd
os des
envolv
idos
;
trazer à
consciência
as dif
iculdades
, as s
uperações
e conquistas.
Por
fim, ver
ificar
se houve
contrib
uições
do exp
eriment
o didá
tico
-
formativo r
ealizado em
h
orário
de AT
PC p
ara mu
danças n
as
par
ticipantes, es
pecialme
nte em
suas práticas
.
As narrativ
as e as ilust
raçõe
s prod
uzidas pe
las professoras,
durant
e a fo
rmação
, tamb
ém fo
ram reg
istrad
as,
objetivand
o
acompa
nhar o proc
ess
o cri
ador e
ger
ar
dados para a a
nál
ise.
Ao final
da leitura
dos materia
is
pro
d
uzidos
, ini
ciou
-
se o ag
rupa
mento dos
itens c
omuns a c
ada t
ipo
de dado, pa
ra ob
ter
os
núcleos tem
átic
os
e
a reali
zação d
as análi
ses.
O
quar
to
mom
ent
o foi
dest
ina
do à
a
nális
e d
os d
ados
na
perspe
ctiv
a da
THC
,
da
Fi
losof
ia da
L
ingua
gem e à el
abor
açã
o do
rela
tóri
o a pa
rtir
dos
núc
leo
s temá
ticos
orga
niza
do
s
da segu
inte for
ma:
Q
uadro
1
–
Núcleos temá
ticos
A
propriação do
conhec
imen
to e
o
desenvolviment
o da
consci
ência
.
-
Sentime
nto de i
ncapac
idade: r
esquíci
o da ed
ucação
tradicional
;
-
A necessidad
e de conte
xtualiza
r a prod
ução cultural
e desmistif
ica
r a questã
o do “do
m”;
-
A importância da avaliação d
iária para a apropriação
do conhec
ime
nto;
-
A apropriação do conhe
cimento e a mudança do
olhar
;
-
Desenv
olvime
nto da cons
ciê
ncia:
da resis
tência à
construç
ão de
nov
os sentid
os;
-
Compa
rt
ilha
r o conhec
iment
o
;
-
Por mei
o da fal
a do o
utro eu m
e vi.
42
O
t
rabalho c
om o
li
vro
ilust
rad
o
e a
educ
ação
desenvolvente
-As
vivênc
ia
s
e o rep
ert
ório com
o fonte
de ins
piraç
ão;
-
A importâ
ncia do ac
esso a
o cont
eúdo es
pecífico d
e
cada área;
-
Aprend
izagem co
mo proc
esso a
tivo: a
importâ
ncia
de conhece
r as t
écnicas
;
-
Formaç
ão
do p
rofes
sor pa
ra aut
oria
;
-
O
traba
lho c
om o
livro ilus
trado
e a educação
desenvol
vente
na Educação Infantil
.
Form
ação c
ont
inu
ada:
mudan
ça na
dim
en
são
ob
jetiv
a e sub
jetiv
a
do
profes
sor
-
A práti
ca peda
gógic
a com
o objet
ivaç
ão do p
rofess
or;
-
A mudança de concepção e
da prática em relação ao
livro de image
ns;
-
Mudança na di
mensã
o subjetiva
do profes
sor;
-
Valor
izaçã
o da forma
çã
o contin
uada p
elo pr
ofess
or;
-
Universid
ade e es
cola b
ásic
a: um encon
tro pos
sível
e
necess
ário.
Font
e
: Elaboração
da auto
ra
, com base em dad
os da pesquisa
(2021).
Es
t
rut
ura da aprese
nt
ação dos
res
ult
ados
Para
a expos
ição dos
resu
ltad
os,
o livro
fo
i
o
rgan
izad
o
c
om
introdução,
três
c
apítulos e
cons
ider
ações f
inais.
A intro
dução
discorre s
obre
a fundame
ntação
teó
rica d
o
problema,
o
tema, a
s hipót
eses, os
obje
tivos, o l
eva
ntamento da
s
produç
ões aca
dêmicas
, os pr
ocedime
ntos m
etodoló
gicos
e
a
estrut
ura de
aprese
nt
ação do
trabal
ho
.
No
primeiro
ca
pítulo
, d
enominad
o
“em
defes
a do liv
ro
ilust
rado n
a Educação
Inf
anti
l”,
foi pensado u
m percu
rso de escr
ita
que aborda
sse os mo
tivos
pelos qu
ais o
livro ilu
strad
o é defendid
o
na Educaç
ão I
nfan
til
. Para i
sso, fo
i apre
sen
tad
a
a impo
rtânc
ia da art
e
para o des
envolvi
mento
humano;
contr
ibuições
do livr
o ilustr
ado
para o des
envolvimento
das fu
nções psíquic
as superiores e s
ua
imp
ortân
cia na cri
ação de base
s para a aqui
sição
da ling
uage
m vis
ual
43
e linguagem v
erbal escr
ita e
algu
mas c
onsidera
ções sob
re o
desenvolv
imento infa
ntil.
No segund
o capí
tulo,
intitul
ado
“form
ação
de profess
ores e
o experimento didá
tico
-
forma
tivo
com
a arte liter
ária
”, é
aprese
ntad
a
uma di
scussã
o sobre
a
formaçã
o de profes
sores
e os
desafi
os de
trabal
har co
m a arte
lit
erári
a na Educ
aç
ão In
fant
il; a
formaç
ão de prof
essores
na esc
ola e a neces
sid
ade da educ
ação de
consciências. E
m seguida,
o plan
o do experim
ento di
dático
-
formati
vo e o
seu des
envol
vimen
to na f
ormaçã
o de p
rofes
sores,
com
os objetiv
os e os conte
údos
que acredi
t
o sere
m releva
ntes a
o
profess
or
para
que possa
olhar para
a literatu
ra infantil com mai
s
consciência e
te
r con
di
ções d
e fazer escolhas inte
ncionais pa
ra
suas
ativi
dades,
desen
volven
do a pe
rcep
ção e a cap
acidad
e criado
ra e, p
or
consequência,
a
tingind
o
o
de
senvo
lv
iment
o das
cr
ianças. De
sse
modo prete
ndi
cont
extua
liza
r a for
maçã
o de profes
sores
, gera
dora
d
os dado
s para
a pesquisa
.
No terce
iro cap
ítulo
, r
efer
ente ao
tópico
:
“o
que d
izem a
s
profess
oras
sobre
o liv
ro ilustrado e
a
ed
ucaç
ão
desenvolv
ente?
”
,
foram
anali
sados
os dados gera
dos du
rante a
formaç
ão de pr
ofess
ores
sobre
a arte
literá
ria, es
pecifica
mente s
obre
o livro ilus
trado. Es
sas
análi
ses fo
ram org
ani
zadas e
m
três
núcleos tem
átic
os
.
No primeiro núcl
eo tem
ático,
“a
propri
ação d
o conheci
-
mento e
desenv
olvimen
to da
consciê
ncia”
, foi a
nalis
ado o proc
ess
o
de apropr
iaçã
o dos prof
ess
ores; a
s rela
ções com a
aprendi
zagem qu
e
contribuíra
m na mu
dança
d
o olha
r; rec
ursos
metodol
ógic
os qu
e
conduziram à
apro
priaçã
o do conhec
imento; a
aprendizagem
gerando a
necessid
ade d
e compar
tilhar
os conhec
iment
os e a
44
importânc
ia do ou
tro na
formaç
ão e
n
o d
esenvolvime
nto da
consciência.
No segund
o núcle
o tem
ático,
“o
tra
balho com o
livro
ilustra
do
e
a e
ducação
desenv
olvent
e”, f
o
ram
anali
sada
s
as questões
envolv
e
ndo
uma forma
ção d
esenvolve
nte; a
s conce
pções d
os
profess
ores s
obre o d
esenv
olvimen
to hum
ano; a
importâ
ncia
do
acesso
à
prod
ução cultural e
sua context
ualização; a rele
vância do
repe
rtór
io para a at
ividad
e cri
adora;
form
ação par
a a aut
ori
a e a
contri
buição do
livro ilustrado p
ara
o desenvolv
imento da
s funç
ões
psíquica
s superior
es
na Educação
Inf
anti
l
.
No terceir
o núcl
eo temáti
co, “for
maçã
o continuad
a:
mudanç
a na dime
nsão ob
jetiva
e subj
etiva d
o prof
essor”
,
foi
aprese
ntad
a a análi
se das que
stõ
es
env
olv
end
o
o tr
abal
ho de
formaç
ão sobr
e o liv
ro ilu
stra
do
e
que c
ontribu
íram
para mudanç
as
nas
profe
sso
ras, t
anto
na dim
ensão o
bjeti
va
—
provocando
transf
ormaç
ões e
m suas práti
cas
—
como na dim
ensã
o subj
etiva,
aumen
tand
o a autoe
stima, a s
eguran
ça na e
labo
ração d
as açõ
es
pedagó
gicas;
a valori
zaçã
o da fo
rmação
con
tinuad
a, ge
rando
o
desejo por
novos
conh
eciment
os.
Também f
oi apr
esenta
da a
anális
e das q
uestões
env
olve
ndo
a percepç
ão da
s profes
soras s
obre a neces
sidade d
e o conhecime
nto
acad
êmico chega
r at
é às
escol
as de
en
sino básico
p
ara que ocorra
uma mud
ança n
a reali
dade
educac
ion
al e
d
a pesquis
a no ambient
e
escolar
como pos
sibilid
ade d
e aprox
imaçã
o entre a
univers
idade e a
esco
la básic
a.
Nas cons
iderações fina
is são a
presenta
da
s
algumas
reflexões
sobre o
proces
so de f
orma
ção e
os
princí
pios d
idáticos
para o
traba
lho com a arte literá
ria, em es
pecífico com o liv
ro ilustr
ado, que
45
se fora
m
c
onstitu
indo dur
ante as a
nálises;
a
importância
de uma
educa
ção par
a o des
envolvi
mento d
as
fu
nções psíquic
as,
especia
lmente
a im
aginação
e a ati
vidad
e cri
adora, vi
sando
à
form
ação in
tegral
das cri
anças e
dos adu
lto
s.
E
spera
mos
, por meio deste tr
abalho,
colaborar
com
o
s
diverso
s
p
rofi
ssionai
s da ed
ucação
,
em relaçã
o
às
prá
ticas com
o livr
o
ilustra
do
, para a pro
mo
ção
de
um
a educaç
ão hum
anizad
ora
.
46
47
C
a
pít
ul
o 1
EM
D
EFE
S
A
DO
LIV
R
O
ILU
ST
R
A
DO
N
A
ED
UCAÇÃO IN
F
AN
T
IL
A escrita nasceu da im
agem, daí sua voc
ação para se assoc
iar
novame
nte a ela.
A fórm
ula text
o e im
agem só t
em algu
ma
significação se fo
r reconhecido nesse ‘e’, não a marca indiferente
de uma co
laboração
acid
ental,
mas o ind
ício d
e um víncu
lo
essencial entre os elementos het
erogêneos do visível reunidos
num mesmo suporte, que está na
origem da escrita. Mas para
isso é indispensável também admitir que olhar não consi
ste em
ident
ifica
r obje
tos ou em ma
tar o ou
tro, e
sim em c
ompr
eende
r
os vazios, ou seja, inven
tar.
(
LINDEN, 2011
. p
. 89
)
A capa
cida
de de compreens
ão e de inv
ençã
o são
fundamentais
par
a nos re
lacionar
mos de f
orma co
nsciente c
om a
realidad
e e transformá
-
la.
Nesse s
entido, se pr
etend
emo
s form
ar a
capaci
dade c
riado
ra nos f
uturo
s adult
os para q
ue
c
ompreendam e
transform
em
sua realida
de, é prec
iso cria
r as condi
ções ma
teriais
e
psico
lógicas ne
cessárias
a
o seu surgim
ento d
esde a
infâ
ncia
.
Assim,
as práti
cas pe
dagó
gicas n
as escol
as de Ed
ucação I
nfant
il p
recisam se
r
plan
ejadas d
e for
ma intenci
on
al
par
a promover
o d
esenvolv
iment
o
das fu
nções psíquica
s su
periores, em
especia
l a ima
ginação,
visto
que, de a
cordo com
Vi
gots
ki
(2009),
ess
a se configu
ra como
a base
de toda a a
tividade cr
iadora
e se manifesta
em todos os c
ampos da
48
vida cu
ltural, tor
nando p
ossível a
criaçã
o artís
tica, a c
ientífica e a
técnica.
Basta
observ
armos
tudo a
o nosso
redor,
construído
pe
lo
homem,
ou sej
a, tod
o o m
undo da c
ultu
ra é pr
odut
o da im
agina
ção
e da cri
ação h
umana.
Porém
,
Nenhuma invenção ou descoberta ci
entífica pode emergir antes
que aconteçam as condições m
ateriais e psicológicas necessárias
para o seu surgimento. A criação é um processo de herança
histórica em que cada forma que sucede é determinada pela
s
anteriores (
VIGOTSKI
, 2009, p.
42)
.
Segund
o Rodari
(1982),
em um proces
so cr
iativo
também
se manifesta
uma me
nte qu
estionadora
e ativa, p
ois:
É “cri
ati
va” uma m
ente qu
e trabalha,
qu
e semp
re faz p
ergu
ntas,
que descobre problemas onde os outros encontram respostas
satisfatórias (na com
odidade das situações
em que
se deve
fare
jar o p
erigo)
. Q
ue é ca
paz de
juí
zos a
utôno
mos e
independentes (do
pai, do professor e da
sociedade), qu
e recusa
o codificado, que rem
anuseia objetos e conceito
s sem se deixar
inibir
pelo con
form
ismo.
Toda
s ess
as qual
idades ma
nife
stam
-
se no pr
oce
sso cr
iativo
(RODARI, 198
2, p. 164)
.
S
e almejamos
, portan
to,
mudar a re
alid
ade e
ducacion
al
em
favor de
uma
e
ducaç
ão
d
esenvolv
e
nte
, devemos cria
r prática
s qu
e
ensi
nem as c
rianç
as a pen
sar, a que
stio
nar,
a se
e
xpressarem
de
variada
s form
as. Para i
sso
é
primordial c
o
mbater
as prá
ticas
mecânicas
e sem se
ntido,
não pro
mo
toras
do
desenvolvime
nto das
crian
ças. Po
rém, a e
scola d
e Educaç
ão In
fantil
,
de forma geral,
precisa a
ssu
mir
a sua r
espo
nsabi
lidade
na fo
rmação hu
mana,
49
possibili
tando con
dições
à
formaç
ão do su
jeito a
u
tor.
O
trabal
ho
com o livr
o ilustr
ado na E
duca
ção Infa
ntil pode co
ntrib
uir par
a esse
objetivo,
promovendo
o des
envolv
imento
das c
rianç
as e d
os adu
ltos.
Para real
izar al
gumas
ref
lexõ
es so
bre a q
uestão ac
ima e
discorrer
em defesa do liv
ro ilus
trado na E
duca
ção Infantil, pens
ei
em um p
ercurso de
escrita
abo
rdand
o
os motivos pelos quais
defendo
o liv
ro ilustra
do
e
sob
re algu
ns conteúdos
funda
mentais
ao
profess
or
e à pr
ofes
sora
para desenvolver um
olhar
consciente
em
relação
à
literatura
infant
il. O dese
nvolvi
mento da
s cria
nças es
tá
intimamen
te ligado a
condiç
ões
para a
real
izaç
ão d
e
esco
l
ha
s
intenci
onais e a
o dese
nvolv
iment
o da percep
ção
e da
capacidad
e
criad
ora do pr
ofessor
.
Desse mod
o, fa
rei al
guma
s consider
ações
sob
re a
importânc
ia da a
rte para
o desenvolvim
ento huma
no,
uma vez que
a literatu
ra está
inserid
a na
arte; ci
tarei a
lgumas
contribuiç
ões d
o
livro ilustr
ado
a
o
dese
nvolv
imento da
s funçõ
es ps
íquic
as s
uperiores
e sua im
port
ânci
a na cri
ação de b
ases para a
aqui
siçã
o da
s linguagens
visual e
verbal esc
rita, d
estaca
ndo a r
elevância
do des
enho com
o pré
-
história da
escrita
.
Além diss
o, por def
ender
uma ed
ucaç
ão desenv
olvente d
as
crian
ças da Ed
ucaç
ão In
fant
il, p
or mei
o do
trabalho com o
livro
ilustr
ado, vej
o a n
ecessi
dade d
e
o professor
e
a profes
sora
se
apropr
iarem de c
onhec
im
entos s
obre o d
esenv
olviment
o infa
ntil
e
sobr
e o conteúdo de ca
da á
rea para ter
em condiç
ões d
e pens
ar em
formas ma
is adequ
adas
de promovê
-
los.
Dessa
maneira, j
ustifico a
importâ
ncia de f
alar s
obre a
lguns
princípios
e conceitos
, na per
spectiva
da T
HC
e da Fil
osof
ia da
Lingua
gem
para
maior
compreensã
o do proce
ss
o de ensino
-
50
apren
d
iz
agem da c
rianç
a na Educaç
ão In
fant
il. A
ssim
,
n
a art
iculaç
ão
entre o d
esti
natár
io e o c
onteúd
o da ár
ea, o
profess
or p
oderá
planejar
suas
atividades
c
om autori
a e intenci
onal
ida
de
.
1
.1
A
im
portân
cia da art
e li
t
erári
a na Educação Inf
ant
il
.
Nes
te
trabal
ho
,
procuro
argumentar e
m favor da co
ncepç
ão
de arte c
omo f
onte d
e huma
niza
ção e edu
caç
ão do
homem,
conceb
ida com
o prod
uto da
cria
ção e d
o trab
alho
de ind
ivíd
uos
histórica e
socialm
ente co
nstituíd
os, pois
a sua
“produ
ção e fruiç
ão
con
grega a t
otalid
ade dos as
pectos humanos
—
o sensí
vel
, o ét
ico e
o cog
nit
ivo
—
, a art
e é port
adora de
todas as carac
terí
stic
as e
possibilida
des in
erentes à
vida
humana em s
ociedade” (PE
IXOTO,
2003, p. 94).
De acordo com
Bazzo (2016)
,
a lite
ratura é
consi
derada arte
promo
tora d
a human
iz
ação
por ser um pr
ocesso d
e formaç
ão pelo
qual se compa
rtilha co
m o outro a a
legria, a
beleza, a
emoção, o
es
panto
, a surpre
sa, a in
dig
nação
,
assim com
o a possib
ilidade d
e
novos hori
zontes
, const
itu
indo
,
dessa f
orma,
uma n
ece
ssidad
e
existencia
l para
a humanida
de.
É importa
nte escla
recer
que,
se
gundo Zilberman (2003), a
literatur
a infanti
l atinge o
estatuto de a
rte literá
ria qua
ndo apresenta
textos de v
alor a
rtístic
o a seu
s pequenos lei
tores
e se a
fas
ta de sua
origem compro
metida
com a pedagog
ia. Sua a
firmaçã
o se
fundamenta n
o fato de a liter
atura
infantil te
r
sua origem ligad
a
à
pedago
gia no mome
nto
d
a
constituiçã
o do mod
elo familia
r burgu
ês,
visto que,
a
nteriormen
te não exis
tia o conceito d
e “infâ
ncia” e as
crian
ç
as e os ad
ultos com
partilhav
am
os m
esmos es
paços e e
ven
t
o
s.
51
A concepç
ão de u
ma fa
ixa etá
ria difere
nciada
, com in
teresse
s
próprios
e com neces
sidad
es de uma forma
ção es
pecífica
, surgiu em
meio à Ida
de Mod
erna
c
om a emerg
ênci
a de uma
nova noçã
o de
família centr
ada num nú
cleo unicelula
r, preocu
pado em manter s
ua
privacid
ade e esti
mular o
afeto entr
e seus me
mbros.
Com isso, hou
ve uma
valor
izaçã
o da infâ
ncia, ger
ando
maior
união fami
liar,
mas
também meios
de c
ontrole
do d
esenvolv
imento
intelectua
l da cria
nça e manipulaçã
o de sua
s emoções. Nes
se sentido,
a literatu
ra infantil e a
escola for
am requerid
as para
cumprir es
sa
missão
, de forma que
o
s pr
imeiros tex
tos pa
ra cria
nças fora
m escritos
por ped
agogos
e prof
essor
es com
objetiv
o educativo.
Dessa
maneira
,
a escola
perdeu
sua neu
tralid
ade e torn
ou
-
se uma
das ins
tituições
enc
arregad
as da con
qui
sta do
s educ
ando
s “para a
i
deologi
a que a
sust
enta, por s
er a qu
e su
porta o fu
nciona
ment
o do E
stado e da
sociedade” (ZILBERMAN, 2003, p. 22).
Na atu
alidade,
infelizmente, obs
ervamos
uma
forte
tendência
do sis
tema vi
gente
na
permanên
cia dess
a forma d
e pensar
em relaç
ão à
fu
nção da es
cola, cr
iando meios
para
o control
e do
desenvo
lvime
nto da c
rianç
a, no s
ent
ido de
inseri
-
la dentro de regras
morais
do pensa
ment
o bu
rguês,
de dogma
s reli
giosos
e outr
os
princípios
,
preg
a
ndo
a obe
diênc
ia ceg
a às no
rmas soci
ais.
Atualment
e, por a
inda ma
nter
for
te l
igaçã
o
com a
pedago
gia,
a liter
atura
infantil sofr
e prejuízos, po
is
ela
“não é acei
ta
como arte,
por ter uma
finalida
de pra
gmática;
e a pr
esença do
objetivo
didátic
o faz c
om que
ela pa
rticipe d
e uma
ativida
de
comp
romet
ida com a do
minaç
ão da cri
ança” (
ZILBER
MAN, 20
03,
p. 16).
52
Hunt (2
010) argument
a em favor d
o livro
de literatura
infantil,
pois
a supos
ição d
e que
est
e
seja infe
rior a outras lit
eraturas
é uma gr
ande con
tradiç
ão concei
tual,
sendo ins
uste
ntável t
anto e
m
termos lin
guístic
os com
o filosóf
icos. Is
so imp
lica
também u
ma
“imprová
vel hom
ogeneida
de entre
texto
e aborda
gem a
utoral, u
ma
persp
ect
iva ingê
nua da re
laçã
o entre leitor e texto e u
ma total falt
a
de entendi
mento ta
nto d
as hab
ilidades da
criança
-
leitora
como da
forma c
omo os tex
tos
operam
” (HUNT, 2010, p.48).
Devido
à
importância d
a es
cola para
o desenv
olvim
ento do
gosto pela le
itura
e também por
p
ossibili
tar
o inte
rcâmb
io
com
a
cultura
literária
, Zilber
man (200
3), defende
um redime
nsio
-
namento d
as rela
ções ex
istent
es, pa
ra
pos
sibilitar
a transforma
ção
d
a
literatur
a infanti
l no ponto de par
tida par
a um novo diálogo entr
e o
livro e s
eu destina
tário. N
es
se sentido,
Girott
o e Souz
a (20
16
, p. 30
)
argume
nt
am
:
“ao i
naugur
ar a vi
da n
a esfe
ra lit
erári
a na i
dade
pré
-
escolar
, há qu
e se lev
anta
r peda
gogica
mente os
ca
minhos nã
o
uti
litários
, não dida
tizad
os, no entant
o emanc
ipador
es, porque
humanizan
tes e huma
niza
dos, na c
omposição
das na
rrativid
ades
li
terári
as
”.
O
livro infa
ntil
, segundo Abr
antes (2011),
somente pod
e
contri
buir para
a educaçã
o e com o d
esenv
olvimen
to do pe
nsa
mento
na medida de s
ua rea
lização literár
ia,
o
que pressupõe
a compr
eensão
multifa
cetada
dos fe
nôm
enos e a
contecim
entos
, r
econhec
endo a
realidad
e naquilo qu
e ela é, a
presentando o pri
ncípio
do moviment
o
em vár
ios sentidos
, nas tra
nsforma
ções no int
erior
das
histórias
infantis,
na mobiliza
ção n
ecessár
ia
do pensa
mento
pa
ra que o lei
tor
possa c
riar s
entidos a par
tir de sua
s própria
s experiên
cias.
53
Existe a
inda outro pr
oblema
envolve
ndo
a prod
ução
literária
:
o f
ato d
e
o livro infantil
torna
r
-
se um
a me
rcadoria p
ara as
editoras
e de
os sistemas d
e
educ
ação pú
blic
a e privad
a atuar
em
como
grandes compr
ador
e
s de livro
s. Em fun
ção disso, o
bserva
-
se
uma infini
d
ade de
produçõe
s para cr
ianças
nem sempre de boa
qualida
de, porqu
e não tive
ram um olha
r de a
nálise cr
ítica em r
elaçã
o
ao conteúd
o verb
al e ao c
onteúdo v
isua
l; sã
o produções
simples
ou
ruins
e
não valor
izam a c
rianç
a como
ser em desenv
olvime
nto, que
merece apre
nder com ma
teria
l de qualida
de.
Além da qua
lidade
depl
oráv
el
em relação a
o conteú
do v
erbal
e visual,
segundo
Andruetto
(2012)
grand
e parte dos
livros
destinados a
o setor
infan
ti
l
o
u juv
enil pr
ocura u
ma escrita
dentro
dos p
adrõe
s da norm
a cult
a;
o politica
mente c
orreto, s
ocialm
ente
correto,
educacionalm
ent
e corret
o. A
ssim
,
são f
abri
cados p
rodutos
con
sider
ados adeq
uados para a f
ormação
da cri
ança o
u para se
u
divertim
ento. “
E já
se sa
be que
correto
não é um adjeti
vo que cai b
em
na litera
tura,
pois a
litera
tura é uma
arte
na qual a
li
nguagem r
esist
e
e manif
esta s
ua vonta
de d
e desvio da
norma
”
(ANDRUETTO,
2012,
p.
60).
A partir d
essas con
sider
ações, t
orna
-
se vi
sível a ne
cessidade
de ate
nção
e cuidad
o por
pa
rte dos
profes
sores
e das pro
fessor
as
n
a
escolha de u
m livro
para
suas ativ
idades
,
sendo impor
tante
observ
ar
a pre
sença do artístic
o em ca
da obra
e a valor
ização da
literatu
ra
i
nfantil c
omo a
rte lit
erária
. S
e
estamos
em def
esa de
uma ed
ucaç
ão
promo
tora d
o dese
nvolviment
o da cr
iança
, o livr
o infa
ntil será
importante
na escola
se o
p
rofes
sor leva
r
em consid
eraç
ão o
potencia
l
emancipa
dor e,
ao mesm
o temp
o,
humaniz
ador
da ob
ra.
54
Ness
e sentido,
argum
entar
ei em defes
a do liv
ro de li
ter
atur
a
infantil
no segm
ento da
Educ
ação Infa
ntil co
mo arte
literá
ria,
porque a
arte
repr
esenta u
ma das forma
s de
express
ão da
realida
de
que, ao ser
produzida não
res
ulta apena
s em obj
etos
artístic
os, ma
s,
dialeticam
ente, produ
z seu criador
como um ser
huma
no
,
pois
a
obra
[...]vin
culad
a a qu
est
ões vit
ais, qu
ando d
isponi
bili
zada ao
grande público, pode prop
iciar a todos, inclusive pesso
as leigas
ou desacos
tuma
das a
o conta
to com a
arte, c
ondiçõe
s par
a a
fruiçã
o
-
cr
iaçã
o esté
tica,
como f
orma d
e apr
opriaçã
o h
uman
a,
como pa
rte s
ignif
icat
iva n
o pr
ocesso
de au
to con
stit
uição
do
homem n
o proce
sso mai
or de
construçã
o his
tóric
a
(PEIX
OTO, 2003
,
p.
95).
Conforme
Vigotski
(2010),
cuidar d
a educação
est
ética da
crianç
a, por m
eio d
a ar
te, no
process
o de s
ua
educa
ção gera
l
,
significa inc
orporá
-
la “à experi
ência e
stéti
ca da soc
iedade
hum
ana”
(p. 351) e, dessa forma, desenvolver capacidades e habilidades
,
torn
a
ndo
possíve
is
as condut
as relat
ivas n
ão apen
as à apreci
ação das
obras
de arte,
mas
também ao pr
ocesso d
e sua p
rodu
ção.
É
rel
evante
esclar
ecer
que
,
ao defe
nder o e
nsino d
a ar
te
literária
e
das artes vi
suais na e
scola co
m seus con
teúdos e
procedi
mentos,
não s
e alm
eja a
formaç
ão de a
rtista
s excepc
ionais
ou
escritor
es fa
mosos,
mas
o desenv
olvime
nto i
ntegr
al do s
er huma
no,
de suas
funções
psíquic
as s
uperiores,
como a
imaginaçã
o, a
percepçã
o, o
pensame
nto e
a ativi
dade
criado
ra, e
mbasa
n
do
todas a
s
ativi
dades h
uman
as
em qualquer á
rea do conhec
imento
. A
ssim,
sempre qu
e
houv
er des
ejo
ou
ne
cessidad
e
de expre
ssão, as pesso
as
po
de
m ter
a
liberdade d
e escol
ha, pa
ra exer
cerem su
a ati
vidade
55
criad
ora. “
O que deve s
ervir de regr
a não é o a
dornamento d
a vida
,
mas a
elabora
ção cria
dora da
realida
de, dos
objetos
e seus
próprios
moviment
os, que a
clara
e promov
e as vivê
ncias
cotidiana
s ao n
ível
de vivên
cias criadoras
” (
VIGOTSKI
, 2010, p. 352).
N
esse s
entido,
Vazquez (1978),
argumenta sobr
e a
concepç
ão de
uma soc
ieda
de de h
omens
-
a
rtista
s, na c
ompreensã
o de
o próprio trab
alho ser
a exp
ressão
da nat
urez
a cri
ado
ra do h
omem.
“O traba
lho huma
no, como ma
nifesta
ção to
tal das
forças
essenciais
do homem, j
á contém u
ma possibilidad
e estética
que a
arte rea
liza
plenamen
te”
(VAZQUEZ, 1978, p. 325).
Segund
o o au
tor,
o d
esenv
olvimen
to u
niver
sal da
persona
lidade
exige
que t
odo hom
em seja
, de c
erta
maneira
, u
m
homem
-
ar
tista, is
to é, um hom
em situado nu
ma a
titude cria
dora
diante da
s coisa
s e do mu
ndo. Por
ém, em uma
soci
edade que
procura afirm
ar cada indiví
duo em sua part
icularidade e na qual o
trabalh
o al
ienado
é a e
xpressão d
a neg
ação d
a capaci
dade c
riado
ra
do hom
em, o d
esenvo
lvi
mento d
e
ste
como ser
cr
iador
em
escala
universal,
est
á compromet
ido.
A aliena
ção do tr
aba
lhador ocor
re qua
ndo o seu tr
aba
lho se
convert
e de at
ivida
de cria
dora
, que é a
essê
ncia do
homem,
em uma
ativida
de
em
que nega a si
mesmo, pois
não s
e
reconh
ece em
sua
ativida
de, nos pr
odutos dela
e nem em su
as rel
ações c
om o outr
o
.
Na medida em que o homem não se reconhece em seus
produtos, nem se reconhece a si m
esmo como sujeito criador,
também ele
–
uma vez perdida a sua essência humana
–
torna
-
se objeto, co
isa. Em suma, sua exist
ência se coisi
fica, se torna
in
stru
mento,
meio o
u merca
do
ria.
[...]
o resultado
é que, em
geral,
as rel
açõe
s hum
anas ado
tam a f
orma d
e re
lações
entr
e
56
coi
sas e tudo se
torna abst
rato,
impesso
al, desu
manizad
o
(VAZQU
EZ, 1978, p.
273)
.
S
obre ess
a ques
tão, é po
ssív
el fazer u
ma rela
ção c
om o
con
texto atual
2
, ao obser
va
rmos a ten
tativa
do sis
tema vige
nte e
m
promover,
em
nível na
ciona
l, a des
uman
izaçã
o dos
profess
ores
e
diretores de E
ducaç
ão Infantil, a
o ofertar liv
ros didátic
os
a
e
sse
segmento,
co
mo uma
solu
ção
a
os probl
emas
peda
gógicos
em sa
la d
e
aula.
Na tentativ
a de
esclar
ecer a
minha p
osição,
farei
algumas
considera
ções s
obre pr
ováv
eis cons
equência
s de u
m ato d
e aceitaç
ão
sem uma
reflexã
o.
Devido
à
função
de c
oordenad
ora de
área de
Educação
Infantil,
exercida
por se
te a
nos,
na Secret
aria da Ed
ucação,
tive a
oportunida
de de c
onhecer
e ava
liar muit
os livros
did
áticos v
oltados
à
Educaç
ão
Inf
anti
l e
todos eles ap
resen
tava
m exercíci
os mecân
icos
como: ligar
uma i
magem a
uma pala
vra
; pass
ar o lápis sobr
e
pontilha
dos; pinta
r algum
desenho pr
onto, de
termina
ndo inclus
ive
a cor; cir
cular
alguma pa
lav
ra ou ima
gem, em
nada c
ontribu
indo ao
desenvo
lvime
nto do p
ensa
mento e da
ativida
de c
riador
a das
crian
ças.
Também tr
aba
lhei c
om a
formaç
ão de p
rofes
sores
sob
re o
ensino do
desen
ho com
o lin
guagem
e pude c
onsta
tar
, n
a maio
ria
2
Contexto a
tual
: o gover
no vi
gent
e inici
ou em 2
019,
com a el
eição do p
reside
nte J
air
Bolson
aro, mi
litar
refor
mado q
ue foi e
le
ito no segund
o turn
o, ve
ncendo o c
andida
to do
PT, Fe
rnando Haddad.
Desde
o início de sua ge
stão envol
veu
-
se em
diversas controvérsia
s,
demonstra
ndo ser ext
remament
e conservador
, defe
nsor da ditadura mil
itar e das ide
ias de
extrema d
ireita. D
urante a pan
demia da co
vid
-
19
, procuro
u minimizar
os seus e
feitos,
negando e de
sacredit
ando a c
iênc
ia, o c
onhecime
nto e a e
ducação
. Em sua
gestão,
a
proposta de us
o de livr
os didático
s na educaçã
o infantil
foi envi
ada a todos
os municípi
os.
57
dos cursi
stas
,
dificu
ldades a
o desenha
rem uma
árvor
e diferent
e, uma
casa
ou uma pes
soa. Todos
os dese
nhos era
m semelhantes
,
estereotipa
dos, sem a
utoria
. E quando s
urgia algum desenh
o
diferen
te, a h
istória
da prof
essora
ou do pr
ofess
or tamb
ém
apres
entava
algo difer
ente,
como uma forma
ção específica
ou por
influência
da família
, pelo incentivo da
mãe ou pai d
esenhista
,
arquiteto, p
intor e
outros.
N
as minha
s rela
ções com o ou
tro, por
meio do diá
logo com
os profes
sores
e profes
sor
as
, costumo observar
a
ocorrênci
a d
essa
dificuld
ade não s
ó em rela
ção
à
ativ
idade de des
enho,
mas
em
qualquer at
ividade,
quando são con
vidadas a exe
rcerem sua auto
ria,
sua atividade c
riadora, c
omo escre
ver um te
xto narrativo, uma
poesia, um a
rtigo a
cadêmico, u
ma mú
sica e até mes
mo
o
planejame
nto de uma
atividad
e
. E confesso! E
u tamb
ém
me in
cl
uo
nesse gru
po.
Penso qu
e todos
esses
fatos r
elata
dos aci
ma estã
o inter
ligados
e, se as pesso
as
com
tais di
ficulda
des em rela
ção
à
ati
vidade
criad
ora
quisere
m saber os motivos, é só
recorrer à sua própria h
istória
de
formaç
ão escol
ar.
Procurem lembrar
-
se
de como as
atividad
es eram
propostas
na infância
. G
er
almente
,
eram utiliza
da
s car
tilhas com
textos cur
tos e sem se
ntido par
a copiar,
com exerc
ícios d
e
coordena
ção motora,
pontilha
dos para
passar
o lápis por cima,
desenhos
estere
otipa
dos pa
ra color
ir ou copia
r, ex
ercícios
p
ar
a
completar
ou ligar
, e
ntre outros
. No que essas p
ropostas d
o passado
diferem d
os at
uais l
ivros d
idáticos
? Crei
o que nã
o difer
em.
E o res
ultado des
sas
práti
cas já conhec
emos, ou
seja
, forma
m
pessoas
a
cos
tuma
das a
dizer:
“
Eu não sei e
screver uma
história
”;
“
Eu
não sei
d
esen
har
”;
“
Eu não sei c
ompor uma
mús
ica”
;
“
Eu não se
i
58
escrever um
a dissertação,
tese”
;
“
Eu n
ão sei fal
ar
...
”.
Isso
, p
o
rq
ue
somos fr
utos de u
ma edu
caç
ão que
visava
a
desenvolver apena
s a
capacidade d
e exec
utar ord
ens e n
unca que
stionar, criar
e, muito
menos pensa
r ou fala
r, limitando a noss
a autor
ia, a nossa
express
ão,
o nosso des
envolv
iment
o integra
l.
D
iante da imin
ência
do retorno
de tais prá
ticas por
meio do l
ivro didá
tico, fa
ço a s
eguinte ind
agaçã
o
:
s
erá qu
e é isso m
esmo
que o pr
ofes
sor, o dir
etor, o pai, a
mãe
e
demai
s responsáve
is que
rem p
ara os seus
alunos ou
filh
os
?
Se
reproduz
irmos
as pr
átic
as equ
ivocad
as do p
assad
o, é isso que
teremos
no
futuro:
pessoas c
om dificuldad
es para exer
cerem sua
autor
ia, apena
s exec
utores
, ou s
eja, pes
soas
parc
iais.
Além d
isso, as p
essoas
que optaram
por
adotar os livros
didáticos
p
roduzirão
um problema
qu
e atingir
á
não
só as crian
ças,
mas ta
mbém aos
profess
ores
e
diretor
es,
que
perder
ão sua
autonomi
a
e sua
autoria
. O profes
sor
e o diretor
que o
orienta
, a
o prepar
ar
um
a
aula, pl
ane
jar uma ati
vidad
e, n
ão
produzem
apenas uma ação
pedagógica
, mas dia
letica
men
te
produz
em
a
si mesmo
s
como ser
es
humano
s
que, diant
e ao mundo,
perceb
e
m
, conhece
m
, reflete
m
,
pen
sa
m
, sen
te
m
e toma
m
posiçã
o. Nes
se senti
do, o t
raba
lho é
fundamental pa
ra o noss
o próprio des
en
volvime
nto. Des
sa ma
neira,
tanto o profess
or
,
o direto
r
quanto
as c
ria
nças têm a
oportunidad
e
de
desenvol
ver e aprimo
rar sua humanidade d
e forma int
egral.
Rodari (1982)
criti
ca a formação
de h
omen
s “pela me
tade
”
e fala
da necess
idade
de hom
ens cr
iativ
os, qu
e fa
çam us
o da
imag
inação
, para m
udar a
reali
dade
, pois:
Se uma s
ocieda
de ba
sea
da no mito da
produ
tivida
de (e n
a
realidade do lucro) preci
sa de homens pela metade
–
fiéis
executores, diligent
es reprodutores, dóceis instrumentos sem
59
vontade
pr
ópria
–
é sinal de que está malfeita, é sinal de que é
precis
o mudá
-
l
a.
Para m
udá
-
la, são necessários ho
mens
criat
ivos, q
ue sai
bam u
sar sua i
magi
nação
(RODARI, 19
82,
p.162).
Diante
d
as quest
ões l
evanta
das a
cima,
é preciso c
onsider
ar
que, no ca
mpo da edu
caçã
o, um ato inc
onsequen
te implica
rá no
destin
o de outra
s pess
oas, no des
envolv
iment
o de outros
seres
humanos
ou no seu
imped
imento
.
Por is
so, a import
ância
de que os
educa
dores te
nham co
nsc
iência d
e cada
um de seu
s atos, de su
as
opções.
N
a atual e
ducaç
ão he
gemô
nic
a, o trabal
ho
n
a d
ireç
ão
humanizador
a
não é ta
refa
simples,
mas
a
credito
q
ue por
meio da
formaç
ão de pr
ofess
ores,
da a
propria
ção do c
onhec
iment
o sobr
e a
arte, nes
t
e caso
,
em específico
,
a arte literár
ia, ser
á possív
el
vislumbr
armos u
m campo de possibil
idades pa
ra a melhoria d
as
prática
s educa
cionais e
para a
recri
ação da
reali
dade
.
A
pró
pria art
e ali
menta e
ssa espe
rança ao
apre
sent
ar a
realida
de com
o pass
ível de mud
ança.
Segundo F
isc
her (1959
)
,
a
função
per
manen
te da ar
te é
recri
ar para a e
xperi
ên
cia de
cada
indivídu
o, a ex
periênc
ia da humanida
de e, n
es
se proces
so d
e
recri
ação, a
arte
aprese
nta a r
eali
dade c
omo
passíve
l de
mudan
ça e
pode elev
ar o hom
em de um es
tado de f
ragmen
taçã
o a um es
tado de
ser ínte
gro,
um
ser to
tal.
Logo,
a
“a
rte capa
cita o homem a
compre
ender a
realid
ade e o aj
uda nã
o só a s
uportá
-
la
como a
transform
á
-
la, aume
n
t
ando
-
lhe a deter
minaç
ão de tor
ná
-
la ma
is
human
a e mais ho
spit
aleira para a
h
uman
idade
” (
FISCHER, 1959,
p.
57).
60
Portanto, f
ica evide
nte a i
mportância
e a u
rgência
da ar
te
na
constitu
ição
inte
gral
do se
r huma
no, por
mei
o do d
esenvolv
imento
de sua
consciência
, de su
a imaginaç
ão, de s
ua
capaci
dade
criado
ra,
de sua cap
acid
ade
par
a
m
aior
com
preensão
da re
alidad
e
e
de su
a
transf
ormaç
ão
.
Para
a formaçã
o dessa
s bases, é es
sencia
l que o tra
balho seja
ini
ciado d
esde a Educ
ação Infan
til
por meio da
arte liter
ária
, dos
livros ilus
trados
e das lingua
gens visua
is presentes nes
ses livr
os; q
ue
as crian
ças apre
ndam
a apre
ciá
-
l
os,
conh
eç
am os e
lem
entos
constitu
tivos das
diversa
s lingua
gens, os
procedi
ment
os util
izados
nas pr
oduções;
saiba
m se exp
ressa
r por meio d
eles
e aprend
am a
questiona
r a rea
lidade, tor
nando
-
se sujeitos ati
vos.
1.2
Q
ual a re
lação ent
re
o
tr
abalho c
om
o
livro
ilustrado
e as
funções psíqu
icas sup
erio
res?
Ao dissert
ar sobre as co
ntri
buições do l
ivro il
ustrado
a
o
desenvolv
imento do
psiqu
ismo, a r
eferência
teóri
ca utiliza
da é a
T
HC
e a Filosof
ia da Linguagem
, q
ue
afirma
m que
a fonte d
e
desenvolv
imento ps
íquico
humano
é a exp
eriência
social na
qua
l os
indivídu
os se apr
opriam d
o patrimôni
o cultur
al huma
no.
Para se apropriar destes resu
ltados, para fazer deles as
suas
aptidõe
s, os ór
gãos
de sua in
divi
dual
idade
, a cr
iança
, o se
r
humano,
deve e
ntra
r em r
elação c
om os fe
nômenos
do mun
do
circundante através de outros homens, isto é, num processo de
comunica
ção co
m eles. Assim, a criança
aprende a at
ividade
adequada. Pela sua função, e
ste processo
é, portanto, um
proc
esso d
e educaç
ão (LE
ONTIEV, 1978, p
.
272)
.
61
Ness
e sentido,
torna
-
se funda
mental o
papel da
escola
e dos
profess
ores na
promoç
ão d
o desenv
olvimen
to do p
siquis
mo das
criança
s, porque a
simples intera
ção com o
objeto, ness
e caso
específic
o, com os livros
ilus
trados,
não gara
ntirá a sua a
propriaçã
o,
a s
ua compreens
ão de forma
plena,
v
isto que,
é nece
ssária um
a
ativi
dade ad
equad
a
. Isso implica
que alg
uém ap
resente à cr
iança as
proprieda
des d
o objet
o, o s
eu uso s
ocial,
como ocorr
e a sua
produç
ão. As
sim, “
esse p
rocess
o de a
propria
ção d
o obje
to e d
e
repro
dução
indiv
idual
das qualid
ades h
umanas
aí postas
só acon
tece
na pres
ença do outr
o que c
onhece
e, por
isso,
ens
ina, de f
orma
intenci
onal ou
não,
o uso s
ocial pa
ra o qua
l o ob
jeto fo
i
criado
”
(MELLO, 2016, p. 47).
Isso não
diz respe
ito
só
à
cri
ança, e
ssa ne
cessi
dade també
m
ocorre com
o adult
o dian
te de algo
novo, co
mo um
conteúd
o de
qualquer ár
ea do conhecimen
to que lhe s
eja iné
dito com
o
um
instrume
nto musical desc
onhecid
o
ou
perten
cen
te a
um
a cult
ura
diferen
te da su
a, por
exem
plo
. Será preciso que
alguém lh
e
apresen
te
o objet
o e expli
que o
que é,
para
que serv
e, como
funcio
na par
a que
,
assim,
p
ossa
entrar em ativ
idade. Conform
e Leo
ntiev
(197
8)
,
ap
en
as
a parti
r da ap
ropr
iação d
as o
bjeti
vaçõe
s da cul
tura,
as fac
uld
ade
s e
capa
cidades
nelas inc
orpor
adas
se torna
rão órgã
os de n
ossa
individualid
ade.
A
o possibili
tar à
criança e ao a
dulto a a
propriaçã
o das
objet
ivaçõe
s human
as, visa
-
se ao desenvol
viment
o máximo d
o
psiquismo d
os indiv
íduos
, para
te
rem
condiçõ
es de d
irecio
nar seu
destin
o de for
ma consc
iente e l
ivr
e.
Par
a a psicol
ogia
hist
órico
-
cultural, um i
ndiv
íduo se
rá tão mai
s
desenvolvido psico
logicamente quanto mais ele seja cap
az de
62
conduz
ir de f
orma r
aciona
l e livre
seus pr
ocess
os psicol
ógicos
por meio da
incorp
ora
ção,
à sua a
tividade me
ntal
, da
experi
ênci
a psíqui
ca humana c
orpo
rific
ada e sint
etizad
a na
cultur
a. A
própria
exis
tênc
ia do
ser
human
o mais
desen
vol
vido
é necessária ao des
envolvimen
to ps
icológ
ico des
de a in
fância
(DUARTE, 2016, p. 45).
Segundo Martins (2013)
,
é por m
eio da ativ
idade s
ocia
l que
os seres
humanos
se r
elaciona
m com a
reali
dade ob
jetiva
,
satisf
azendo
suas necessi
dades e
é
para me
lhor c
aptar e d
omi
nar a
realidad
e que o psiqu
ismo human
o se institu
i. Porta
nto, o
desenvolv
imento do ps
iquis
mo humano e sua
s funções resu
ltam da
própria na
tureza soc
ial e nã
o de uma co
mplexi
ficaçã
o natura
l
evolutiva.
“Vigotsk
i postu
lou primeir
amente que à
s car
acterístic
as
biológic
as a
ssegur
ada
s pela evoluç
ão da es
pécie
sã
o acres
cidas
funções
produzid
as
na
histór
ia de ca
da ind
ivídu
o singula
r por
decorrênc
ia d
a interi
oriza
ção d
os signos,
às qu
ais cha
mou fu
nções
psíquica
s superior
es
”
(MARTINS, 2013, p. 39).
Dessa
maneira, “
o psiquismo s
e institui c
omo
imagem
subjetiva
da r
ealida
de ob
jet
iva
, construíd
a histór
ico
-
socia
lmente
por
meio da ativid
ade qu
e vincula
o homem ao m
eio
”
(MARTINS,
2013, p. 45).
E podem
os compr
eender por f
unçã
o psíquic
a a
capaci
dade d
e ação
de
que dispõe o
nosso ps
iquism
o no pr
ocesso d
e
captaç
ão da re
alidad
e ob
jeti
va.
Segund
o
Pas
qualini
(20
16),
somos
capazes
de capta
r
sensoria
lment
e image
ns e sons
e perceber mu
danç
as
no ambient
e
por meio d
a
sensa
ção e percepção
, qu
e são funç
ões
psíquica
s
, bem
como,
de fix
ar noss
os sent
idos em d
etermina
do es
tímulo d
o meio e
regist
rá
-
lo n
o p
siquism
o por me
io das fu
nções da
ate
nçã
o e memóri
a
63
e
ainda podemos
citar ou
tras
funções
psíquic
as su
periores com
o a
linguag
em, a ima
ginaç
ão, o pe
nsamen
to, as
emoções
e os
sentimentos
.
O traço
essenc
ial d
os pr
ocessos
ps
íquicos s
uperiores
exclus
ivament
e human
os
é o autod
omíni
o da co
ndu
ta
,
pois
“
no
s
tornamos
capaz
es de dominar
nosso pr
óprio c
omportam
ento
mediante a
internaliza
ção d
os signos da
cultura
. Em outr
as pala
vras,
o autodo
mínio da
cond
uta se r
ealiza
por in
termédio
do
signo
”
(PASQUALINI, 2016, p.72).
O signo,
de acordo c
om a cit
ada auto
ra
, orienta a conduta
humana por
comu
nicar um s
ignifica
do de
terminado,
ou sej
a,
represen
ta algo f
ora de
si, pode
ndo s
er uma ima
gem, u
m gesto, u
m
desenho,
um obj
eto, u
m som, uma form
a, en
tre out
ros.
Um
exemplo sim
ples
:
qu
ando
me
diri
jo
a
um banheir
o femini
no públic
o
e
ve
rifico,
ao ch
egar em
frente
à
po
rta, um
a pl
aca e
percebo
a
existência
de uma i
magem d
e um homem,
um símb
olo
,
represen
ta
ndo
o sex
o mas
culino, o des
enh
o de um chap
éu,
po
r
exemplo
, s
ei que se trata
de um banheiro ma
sculi
no
. Ao olh
ar a
placa
, não entr
o no ba
nheiro mes
mo nec
essita
ndo, f
azendo us
o do
meu au
todomíni
o da cond
uta
,
pois
já internali
z
ei
os referid
os sig
nos
.
P
or conta d
isso,
mu
do o meu comporta
ment
o, indo em outra
dire
ção
em busca do
b
anheiro femin
ino até enco
ntra
r uma placa
com
um signo qu
e o repre
sente
.
Conforme a
cria
nça va
i apr
endendo
e se apr
opria
ndo dos
signos e
de
seus si
gni
fica
dos, v
ai se des
envolvend
o e
o mundo vai
ganhand
o signi
ficado,
sua
conduta v
ai se tor
nand
o objet
o de su
a
consciê
ncia e d
e autod
omí
nio.
64
Dessa
forma, a
apropria
ção dos s
ignos p
ossibilita
o
desenvolv
imento de fu
nções psíquicas
superior
es e a
apropr
iação do
patrimônio
do gê
nero hu
mano, d
e maneira
que s
eu us
o constitu
i o
traço es
sencia
l das f
orm
as
superio
res de cond
uta humana
p
or
possibili
tar ao s
er humano o rompime
nto da relaç
ão direta e
imediata, pr
ó
pria dos a
nimais, com o a
mbient
e. Em ou
tras pa
lavra
s,
a rela
ção do home
m com o s
eu entor
no é m
edia
da pelos s
ignos
culturais.
[...]
A ut
ili
zação
de meios
auxiliare
s e a p
assag
em à at
ivid
ade
media
dora r
econs
trói r
adica
lme
nte tod
a a ope
raçã
o ps
íquica
à
semelh
ança da m
aneira pe
la qual a u
tili
zação d
e ferrament
as
modif
ica a a
tividade
natur
al dos
órgãos
e amplia
infinita
ment
e
o siste
ma de a
tividade das funções psíquicas. Tanto a um como
a outro, o de
nomin
amos,
em s
eu conjun
to, com o ter
mo
função ps
íq
uica s
uperi
or o
u condu
ta su
perior
(
VIG
OTSKI
,
1995,
p. 95
).
A partir d
essas co
nsid
eraçõe
s,
devido
à
importância
dos
sign
os
a
o desen
vol
vimen
to d
as fun
ções p
síquicas
superio
res
present
es
na lingua
gem v
erbal e vis
ual,
apres
ento
esse fort
e
argum
ento em def
esa d
o livro
ilustrado
na Educ
ação
Infan
ti
l
p
ar
a
que ocorr
a a a
propria
ção dos conh
eciment
os e dos
procedi
mentos
elaborad
os cultur
almente
.
Lembr
o
que o simpl
es conta
to ext
erno da
cria
nça com os
fenômen
os físic
os e socia
is a
o seu redor nã
o serã
o suficien
tes par
a a
aprop
riação
,
visto que
tais
aquisiç
ões se efetiva
m nos processos
educativo
s
.
65
É pelo
trabalho ed
uc
ativo qu
e os adu
ltos ass
umem o p
apel
decis
ivo e orga
niza
tivo jun
to ao
dese
nvolv
iment
o infa
ntil, e
da
qualidade dessa interferência dependerá a qualidade do
desenvolvimento. Por essas razões os processos d
e educação e
ensin
o, promo
tores
das complexas aprendizagens hum
anas,
assume
m enorme
impor
tân
cia na
psicol
ogia his
tórico
-
c
ul
tura
l
(MARTINS,
2010, p.
55).
Assim,
a educa
ção que possibil
itará
o máx
imo
desenvo
lvime
nto das
pessoa
s
é a educa
ção escola
r,
visto qu
e,
socializa
os sab
eres científic
o
s, ar
tísticos, é
tico
s e outra
s possibilida
des de
supera
ção d
os conhec
iment
os cotid
ianos e,
“pa
ra ta
nto, requ
er
ensino sis
tematiza
do e tra
nsmiss
ão planeja
da entr
e as
gerações,
do
patrimônio c
ultur
al histor
icamente e
labora
do” (MA
RTINS,
2010,
p.
59).
A literatu
ra infantil fa
z pa
rte do patrimô
nio cultu
ral
historicam
ente elabor
ado e r
equer um ensino
sistematiza
do.
Zilberman
(2003) argumen
ta em def
esa da lit
eratura in
fan
til na
escola,
v
isto
que
a criança, dev
ido a su
a circunstâ
ncia socia
l e por
razões exis
tenciais
, se v
ê priv
ada de u
m meio i
nterior
para a
experim
entaçã
o do mund
o
e
, dessa
forma,
necess
itar
á de u
m sup
orte
fora de si q
ue lhe sirva d
e auxiliar
.
A
ssim
sendo
, a literatu
ra infantil
poderá
contribu
ir
porque
a
crian
ça
lida
rá
com dois elementos a
dequados
para a conquis
ta da
comp
reen
são da re
alid
ade: uma
história
, que apr
esenta a
s rela
ções
present
es na r
ealidad
e, qu
e não pode per
ceb
er por c
onta própr
ia; e a
lingua
gem
, a medi
adora en
tre a c
rianç
a e o m
undo
. Pela leitur
a
se
propicia
uma
ampliaç
ão do domínio li
nguístic
o, porque a
literatur
a
preencher
á
uma função d
e con
hecime
nto:
“o ler rela
ciona
-
se com
desenvolv
imento lin
guíst
ico da cria
nça, com a forma
ção da
66
compreensã
o do fictíc
io, com a
função espec
ífica da f
antasia
infantil,
com a credu
lidade na
história e a
aquisiç
ão de sab
er”
(ZILBERMAN, 2003, p. 45). Segundo a a
utora, a atua
ção da
literatu
ra ocor
re d
entro de
uma f
aixa
de conhec
imento,
não por
qu
e
transmite ensi
namentos
morais
e informações, mas por
que permite
ao leitor a
possibilida
de de es
tender su
as ca
pacidades inte
lectuais
e
afeti
vas.
Nesse s
entido, Girotto e S
ouza (20
16) afir
mam que a escola
é ainda o
espaço priv
ilegia
do para
a forma
ção do ind
ivíduo e ne
le
é
necessá
rio
co
ntemplar os
estud
os literários
, porqu
e:
[...]
estimulam o
exercício da mente, a percepção do real em
suas m
últipl
as sig
nific
açõe
s, a c
ons
ciência
do e
u em r
ela
ção ao
outro, a leitu
ra de mundo em seus vários níveis e,
princip
alme
nte, d
inami
zam o
estud
o e con
heci
mento
da
língua, da expressão verbal
sign
ificativa
e cons
ciente
–
indispensável para a plen
a realidade do ser (GIROTTO
;
SOUZA,
2016, p.
31)
.
Ao privileg
iar os es
tudos literá
rios na esc
ola, é
relevante
ressalt
ar
:
não é qualquer ativid
ade, qua
lquer materi
al ou c
onteúdo
que pro
moverá
o des
envo
lvimen
to da
cria
nça
. A
ssim, ao se plan
ejar
o ensino na
escola
, em rela
ção ao livro de l
iteratu
ra inf
antil,
segu
ndo
Zilberman (2003)
e
Girotto e Souza
(201
6), ser
á im
portant
e que a
obra t
enha um
a função t
ransfo
rmado
ra, em
ancipado
ra,
n
ão se
confund
ind
o
com uma
missã
o pedagógica
;
deverá dar co
nt
a da
tarefa
de conhec
ime
nto de mund
o e do
ser, pr
opici
ando
elementos
à
emancipaç
ão pessoa
l.
Além disso
:
67
Aprove
itad
a na sala d
e aula
em
sua nat
urez
a fic
cional, q
ue
aponta
a um c
onh
ecime
nto de
mund
o, e n
ão co
mo s
údita
do
ensino bem
-
comporta
do, e
la se a
presen
ta como el
ement
o
propu
lsor qu
e levará a es
cola à
ruptura co
m a
educ
açã
o
cont
raditó
ria e trad
icio
nal (ZILB
ERMAN
, 2003, p. 3
0)
.
A partir
dess
a
ideia, é ineg
ável a impor
tância
da sel
eçã
o dos
livros
pelo prof
ess
or
ou prof
essora
,
l
evand
o
em consider
ação a
qualida
de estética
, porque
a literatu
ra infantil a
tinge o estatu
to de
arte literá
ria
ao
se distanc
ia
r
de sua
origem compr
ometida
com a
pedago
gia, ou s
eja,
“quando a
presenta
textos
de valor
artís
tico a s
eus
pequenos
leit
ores; e
não é
porque
estes a
inda
não alc
ança
ram o s
tatus
de adultos qu
e merecem u
ma produçã
o literária
menor”
(ZILBERMAN, 2003, p. 26).
Assim,
o prejuízo
maior d
a literatu
ra pode
decorre
r de sua
adesã
o à peda
gogia,
como i
ncentiv
adora
de c
omporta
men
tos
socialmen
te adequ
ados
,
suavi
zan
do a vi
são da cri
ança p
ara a
aceita
ção do s
istema em v
igor. Nes
se ca
so, não ha
verá esp
aço para
a
função tran
sformado
ra do livro de
literatura.
Para
Munhoz, G
irotto e Franco (2019)
,
as obras
li
terári
as
torn
am
-
se humanizador
as a
o conduzirem o hom
em a uma
dimensão
mais ampla
da co
mpreens
ão da
realidad
e e das
relaç
ões sociais
. P
or
meio dela
s, o
sujeit
o pod
e se ver
na su
a rea
lidade,
conhecer seu
s
sentimen
tos e perc
eber
o seu meio.
A
s obra
s literárias
possibilita
m
,
aind
a,
o desenvolvi
ment
o da ima
ginaçã
o, do pensa
mento, da
linguagem, d
a perc
epção e d
e outras f
unções psíqu
icas
.
É
importa
nte
também
le
mbrar qu
e as fu
nções ps
íquicas
superio
res
,
segundo Pasqualini (2016),
n
ão se d
esen
vol
vem em
ativida
de
s que não
as requeiram
. A
o demandar determinadas
68
capacid
ades psíqu
icas, a
ativida
de faz co
m que e
ssa
s funções s
e
desen
volvam. Por exe
mplo, ao se l
er um li
vro para a cri
ança,
i
sso
exigirá
dela conc
entr
ação na
história
que está
send
o lida
, esfor
ço para
compre
ender o
que
está s
endo nar
rado,
const
ruçã
o de ima
gens
mentais d
o que está se
ndo a
presentado,
memoriza
çã
o da narr
ativa.
Por consequ
ência
, essa
ação
, por
se concentr
ar na histór
ia,
c
oloca
em
moviment
o a atenção
;
o pens
ame
nto, a
o compr
eender a
narrati
va,
faz conex
ões e infer
ências;
ao criar i
mage
ns d
a hist
ória
, dos fa
tos,
do
s
persona
gens
e
cenár
ios
,
es
timula
-
se a im
agin
ação; a p
erce
pção
visual
aumenta
ao
observar as ilust
raçõe
s e os seus
deta
lhes; a
memór
ia é
requisita
da
ao regis
trar a
história pa
ra recontá
-
la po
steriorme
nte;
a
linguagem
é r
eclamada
e o voca
bulário a
mpliado
ao recon
tar, ao
dialo
gar so
bre a hi
stória, fal
ar sobre
suas imp
re
ssões e faz
er
questiona
mentos.
Se
ndo
assim
, p
o
de
-
se
afirmar
a existência de
uma relação
entre o
trab
alho com o
livr
o ilustra
do e o desenvolv
imento das
funçõe
s psíquicas sup
eriores. Po
rém, de
ve
-
se refor
çar
que não é
qualquer
conteúdo o
u proposiçã
o que possibili
tará
o
desenvolv
imento da
crianç
a, por
isso
,
a neces
sidad
e de se q
uest
ionar
,
ante
s de p
ropo
r qual
quer ação
às c
rianç
as, se
a at
ividad
e re
quer a
mobilizaç
ã
o das funçõ
es psíqui
cas del
as. S
e a respos
ta for nega
tiva,
não haverá
motivos
para pr
opô
-
la.
Enfim, t
omand
o como b
ase o
princípio
acima, c
onsid
erando
que
a atividade
com o li
vro ilu
strado r
equer e
mobili
za diver
sas
funções
psíquica
s su
periores
, desenvolv
endo
-
as, a presen
ça do l
ivro
ilust
rado n
a Educação
Inf
antil
torna
-
se
fund
amen
tal para a
form
ação das cr
ian
ças, in
clus
ive p
ara possi
bil
itar a c
riaç
ão de
base
s
para a
linguagem verb
al es
crita.
69
1.3
Form
ação de
bases
para a linguage
m
verbal e
sc
rita
Para
reforç
ar os
argument
os em
defesa
do l
ivro i
lustr
ado na
Educ
ação I
nfantil como p
romot
or do desenv
olvim
ento d
a cria
nça,
apres
entarei a
relaçã
o entr
e a escr
ita e o desenho,
a pa
rtir d
os estud
os
de L
uria (2001).
Por muito temp
o a escr
ita foi com
preendid
a
como um
hábito m
otor, c
omo
um
problema d
o desenvolv
imento mu
scula
r
das mã
os ou como um problema de l
inhas
e pautas
. Porém,
de
acord
o com
Vigotsk
i
(2000
), a lingua
gem es
crita
é muito ma
is
complexa
, visto
que e
nvolve sistem
as de símbo
los e signos c
ujo
domínio re
presenta
uma tra
nsformaç
ão profund
a em todo
o
desenvolv
imento da
criança
.
Os proces
sos de p
ercepç
ão,
atenção,
memór
ia, l
ingua
gem
oral, pe
nsamento e
sentim
entos conf
igura
m o todo a
partir do qua
l
a linguage
m escrita
se edifica
, por iss
o, o êxito n
essa a
quisiçã
o não é
um dado
circ
unscri
to ao mo
mento no
qual s
e “ensin
a a crian
ça a
escrever”, m
as
,
prof
unda
mente d
epend
ente da
quil
o que
é cha
mado
,
por Luria (1978),
de pré
-
história da li
nguage
m escrita.
Dessa
forma, o domínio d
a linguagem es
crita repr
ese
nta para
a crian
ça o
“
domínio de
um sistema
simbólic
o alta
mente c
omplex
o
e depend
ente, e
m alto
grau
, do desenv
olvim
ento da
s fu
nções
psíquica
s superior
es do compor
tamento
inf
ant
il
”
(MARTINS,
2011, p. 146).
Assim,
a linguagem escri
ta tem uma longa
história
. Ela
come
ça muit
o ante
s de a criança c
omeçar a est
udar a es
crita
conve
nciona
l na es
col
a.
70
As origens deste pro
cesso remontam muito antes, ainda na pré
-
história do
desenvolvimento das formas superiores do
compor
tame
nto in
fantil
; po
demos
até mes
mo di
zer
que
quand
o uma c
rianç
a entra na esc
ola, el
a já
adqu
iriu um
patri
mônio d
e habili
dades
e destre
zas que
a habilit
ará a
aprender a escrever em um t
empo relativamente curto (LURIA,
2001, p.
14
4).
É
importan
te lembra
r qu
e a escrita
é uma fu
nção r
ealiza
da
cultura
lmente por me
diação.
A condição fu
ndamenta
l exigida par
a
a crian
ça se
r
capaz de
toma
r nota de a
lguma c
oisa, id
eia ou f
rase
é
que algum
estímul
o, que
em si mes
mo nada
tem a v
er com a id
eia
inicial,
é empr
egado c
omo u
m signo a
uxilia
r cuj
a percepçã
o leva
a
crian
ça a reco
rdar a tal
idei
a. Des
s
a forma, o
escr
ever p
ressu
põe “
a
habilidade pa
ra us
ar alguma insinua
ção (por
exemplo, uma
linha,
uma mancha
, um pont
o) como s
igno fu
ncional a
uxiliar
, sem
qual
quer sentido ou
signif
ica
do em si mes
mo, ma
s apena
s como um
a
ope
ração auxi
liar
” (LUR
IA, 2001, p. 145).
O auto
r escl
arece ai
nda q
ue
, em um de
termina
do m
omento
da evolu
ção, os
atos ex
ternos
—
aqueles em que são manipula
dos
,
os
objetos
do mund
o exter
ior
—
e os a
tos internos
,
que envolve
m
a
utilizaçã
o das fu
nções ps
icológicas
, começam a
toma
r fo
rma
indireta
mente e
técni
cas de o
rgan
ização d
as o
perações ps
icológic
as
interna
s sã
o desenvolv
idas
para torn
ar sua e
xecu
ção m
ais
eficiente.
O
uso direto e natur
al de tais técnica
s começa a
ser
sub
stituído por
uma forma cul
tural
por meio do us
o de
d
etermi
na
dos
expedi
entes
instrume
nt
ai
s
auxiliares
. D
esse modo,
os
obj
etos
passam a
desemp
enhar
um papel f
uncio
nal aux
iliar
. Por
exem
plo, o hom
em
,
historicam
ente, em vez de
tentar a
valiar
as quantida
des visu
almente,
aprendeu a
usar um s
istema au
xiliar d
e contagem que
,
em vez de
71
confiar mecani
camen
te as co
isas à memó
ria,
p
assou a
re
gistrar as
quantidad
es por mei
o da es
crita
.
P
ortanto
:
A escrita é uma dessas
técnicas auxiliares
usadas para fin
s
psicol
ógicos
; a e
scrita
cons
titui us
o funci
ona
l de l
inha
s, pon
tos
e outros
sign
os pa
ra r
ecorda
r e tra
nsmit
ir ideia
s e c
oncei
tos.
Exemplos de escrit
as floreadas, enfeitadas, pi
ctográficas
mostr
am quã
o var
iad
os pode
m ser
os
itens
arr
ola
dos com
o
auxílios
par
a a r
etençã
o e a tr
ans
missão da
s ide
ias,
conce
itos e
relaçõe
s (LURIA,
2001,
p.
146)
.
P
ara
compreender c
omo
ocorre o pr
ocesso de a
qui
siçã
o da
escri
ta e a fu
n
ção do des
enho,
será
releva
nte co
nhec
er a
pré
-
história
da escri
ta
, as circunstância
s que torna
ram a es
crita possív
el
à
crianç
a
e os fator
es propor
ciona
dores do s
eu desenv
olvim
ento, des
de os
primeiros
rabis
cos ou cópi
as imita
tivas a
té a escrita
simbólica
.
Para
Luria (2001)
,
a história da
escrita
inicia
-
se
quando
a
criança
realiza u
ma pré
-
escrita
, cara
cterizando
o momento
denomina
do de
pré
-
in
strumental
, no qual a cr
iança
apenas imita
os
adultos,
fazendo r
abiscos
i
ndistintos,
pois
ela ai
nda é inca
paz d
e ver
a escr
ita como u
m instru
mento de repr
esenta
ção.
Pa
ra a cri
ança, o
ato de
escrev
er é in
tuiti
vo; não
é um
meio par
a recordar
ou
represen
tar algu
m signifi
cado, ma
s é visto com
o um a
to em si
mesmo, como s
e fosse um b
rinquedo, a
ssimila
do apena
s em sua
forma ext
erior.
Nesse caso
, L
u
ria (2001)
afirma qu
e o at
o de esc
rever é
dissocia
do de seu
objetiv
o imedia
to e a c
riança nã
o t
em consciê
ncia
de seu s
ignifica
do fun
ci
ona
l como signos a
uxiliar
es;
seus rabiscos n
ão
possuem
nenhuma r
elaçã
o com a
s sente
nças qu
e lhe s
ão dita
das
dura
nte o experi
mento,
mesmo
sendo
apresenta
dos fa
tores c
omo
72
tamanhos
, quan
tidad
es e a
té mesm
o a forma
do obj
eto. Na
da dis
so
infl
ui nas an
otaçõe
s da crian
ça. Por
isso,
os rabiscos são
para el
a,
como
uma brin
cade
ira;
rabisc
a pel
o praze
r de rabisc
ar, faz g
aratuja
s,
porque o sig
nificado func
ional da es
crita a
inda não foi a
prendido.
Assim,
não se pode fala
r que houve exata
mente u
ma escrita
, mas
apenas s
imples rabis
cos.
Ness
e process
o, pode s
urgir
a
escrita
topográfica
, ou seja, um
a
forma pela qu
al a cr
iança utiliza s
eus regis
tros gráf
icos como um
signo au
xiliar
da memóri
a e orga
niza s
eus des
enhos no esp
aço da
folh
a, real
izand
o associaç
ões c
om as se
ntenças
que lh
es são d
itad
as.
Essas in
scriçõe
s não são
di
feren
ciadas, p
o
rém, mantêm u
ma relaç
ão
funcional co
m a escr
ita, desempe
nhando o pape
l de um sign
o
primário. O s
igno gráfic
o
primár
io
nã
o difere
nciado
não é um s
igno
simbólic
o que
desvend
e o s
ignifica
do d
o anota
do, ou
seja
,
não
con
duz a cri
ança de v
olta para
o conteúdo d
o que f
ora a
notad
o
porque el
e é ape
nas uma
simples
sugest
ão evoca
dora d
e
certos
impulsos v
erbais qu
e dispa
ram proc
essos de a
ssociaçã
o
e
cu
jo
conteúd
o pode ser det
ermina
do por cond
ições c
ompletam
ent
e
diferen
tes em r
elaçã
o
à
sugestão da
da. D
es
s
a forma,
ape
nas
sinaliza
que algu
m co
nteúdo a
not
ado pela
cr
iança ex
iste,
ma
s não con
duz a
ele,
visto que é
apenas uma s
uge
stão
,
evoca
ndo
uma reaç
ão
assoc
iativa no su
jeito. E
m termos
psicoló
gicos,
essa ma
rca gr
áfica
não é a
inda uma escrita, mas apenas sua precursora (LURIA, 2001).
Um ava
nço nesse
moment
o foi ob
serva
do pelo
c
itado a
utor,
quando
ocorreu
o est
abe
lecimen
to de
uma c
onexã
o entr
e a
produçã
o
gráfi
ca e a sug
estão
apres
entada
. Po
r
exempl
o,
ao
com
e
ç
ar
a
refletir
o rit
mo da frase
apre
sent
ada e
regist
rar
as palavra
s simples co
m
linha
s
simples e
nquanto as
sentenças
foram ex
press
as por lo
ngos
e
73
complica
dos rab
iscos, o efeit
o primário d
este ri
tmo produ
ziu a
primeira d
ifere
nciação r
ítmica na
escr
ita da c
riança.
No en
tant
o,
essa
con
quist
a aind
a não f
az com
que
a crian
ça
con
siga m
arcar
grafi
camen
te
o conteúdo
de um termo qu
e lhe f
oi apres
entado
.
Aind
a é nece
ssário
que a ativi
dade d
a crian
ça comece
a refl
etir não
só o ritmo
exter
no das
palavr
as a
presentada
s, mas
também o
conteúd
o,
para
o
signo ad
quirir signif
icado.
Conforme
Lu
ria (2001)
,
dois fatores pod
em leva
r a cria
nça
a produzir
uma ativ
idade grá
fica difer
enciada
:
o
número
e a forma
,
pois
,
em situações exp
erimentais
,
ao ser in
seri
da a quan
tid
ade n
as
sent
enças di
tadas à
s crianças, elas
procura
m utiliza
r signos
para
represen
tar
o número da
do. O a
utor a
credita
que a quantid
ade fo
i
o
primeiro f
ator a co
ntribuir
par
a a muda
nça do ca
ráter inexpr
essivo e
imitativ
o da ativid
ade grá
fica,
em que,
ideia
s e noç
ões dif
erent
es
pass
aram a
ser expr
essas
exatament
e pelo mesm
o tip
o de lin
has e
rabiscos.
Luria
observou ta
mbém a influênc
ia do fa
tor
quantida
de
atrel
ado ao
fator
contras
te
n
a pro
dução d
e uma e
scri
ta di
fere
nci
ada.
P
or exem
plo, a
o pronu
nci
ar a
sentença:
“Há d
uas á
rvor
es no pá
tio”
e a sen
tenç
a “Há muitas
árvore
s na fl
orest
a”, a crian
ça te
ntou
reprodu
zir o mes
mo co
ntr
aste e por
isso não
pôd
e escr
ever a
s dua
s
sentença
s com a mesma
marca
. D
essa forma
, foi levada
a produ
zir
uma escr
ita diferencia
da. As
sim, a ativ
idade gráf
ica se torna
um
instrume
nto funci
onal o
u expedi
ente aux
iliar, q
ue possib
ilita à
crian
ça ler s
ua escri
ta.
Outra cons
tataçã
o import
ante
do a
utor
, quan
do
as sen
tenças
eram
dit
adas às cri
ança
s, fo
i a di
feren
ciação
das mar
cas co
m rel
ação
à
cor, fo
rma ou taman
ho
em evidência
. A
s produçõ
es gráfic
as passam
74
a ter semel
hança com a
pictografia primit
iva.
Por meio de ta
is
recur
sos, a cr
iança
chega à ideia
de usar o d
esenho como m
eio de
recorda
r e “o d
esen
ho c
omeça a
conver
gir
para
uma a
tividad
e
intelectua
l complexa
. O desenho tra
nsforma
-
se, passando de
simple
s
r
epresenta
ção par
a um me
io, e o in
telecto
adquir
e um instr
umen
to
novo e poder
oso na for
ma da
primeira
escrit
a diferen
ciad
a” (L
URIA,
2001, p. 166).
Nesse se
ntid
o,
o autor
f
az uma d
iferenciaçã
o entre a
escrita
pictogr
áfica
e o desen
ho. Af
irma qu
e o desenho po
de ser
diferen
te
da esc
rita pic
tórica,
porqu
e se o dese
nho for
espontâ
neo e a crianç
a
se relacio
nar com
ele ape
nas como u
m brin
quedo,
sem a inte
nção
ou funçã
o de m
eio q
ue a leve a
se
l
embra
r de
algum c
onteú
do, c
omo
um expedient
e auxilia
r,
para
express
ar algo, s
erá apena
s um des
enho.
Por exemplo,
uma cria
nça pode dese
nhar bem,
mas s
er incapa
z de
compreend
er o uso instr
umental d
e
uma imag
em como um s
í
mbolo.
Ness
e caso,
não será
uma es
crita
. Ess
a é a d
iferenç
a entre a
esc
rita
pictogr
áfica
e o desen
ho: a c
ompreens
ão da
imagem c
omo símb
olo
ou signo.
A criança que
apresent
a um grau mais de
senvo
lvido da
escrita pic
tográfica
, ao retra
tar um ob
jeto, super
a a tendência de
retratá
-
lo em sua to
talidade co
m os
detalhes
e co
meça a
utiliza
r
apenas u
ma parte del
e ou o
seu cont
orno, s
implifica
ndo
-o.
Luria
cita
um
exemplo
d
a pe
squisa
:
ao p
edi
r para uma cri
ança to
mar no
ta de
alguma c
oisa difícil de
exp
ressar por meio
de uma figura,
o
pesquisa
dor a ince
ntivou
à
busc
a de meios pa
ra c
ontornar
o
problema. Fo
i solici
tad
a
a
ela
, a ano
tação
de
uma sentença: “
Há
1000 estr
elas no céu”
. A cria
nça desenhou u
ma linha hori
zonta
l,
represen
tando
o céu
e
em segu
ida, d
esen
hou du
as e
strela
s e par
ou.
75
O
autor
a
questionou s
obr
e quanta
s estr
elas ter
ia que des
enhar. A
criança resp
onde
u
que
ape
nas du
as estr
elas, porqu
e se lembrar
ia que
há
mil
estrelas.
Uma outr
a cria
nça repres
ento
u as estr
elas,
desenha
ndo o céu e u
ma ja
nela atr
avés da qua
l
se
vê as estrela
s,
reprodu
zindo uma
situa
ção globa
l para
resolver
o pr
oblema. N
esse
sentido,
cons
tata
-
se
a poss
ibilidade de
ca
minhos
difer
entes,
como
nos exemp
los
citad
os
, “em v
ez do objeto A
, anotar
o objeto B, qu
e
se relacio
na, de
alguma f
o
rma, com A
. Ou s
imples
mente an
ot
ar
algum
a marca arb
itrári
a em ve
z do obje
to que a
cha d
ifícil re
trata
r”
(LURIA, 2001, p. 177). Esses dois camin
hos levam da escrita
pictográ
fica à es
crita s
imbólica.
Esse
fato mostra que a
criança
está no proces
so de a
quisição
de habilid
ades psic
ológica
s
que
a
c
ondu
z
em
para a
esc
rita sim
ból
ica;
o
símbolo com
eçará
a adquirir
um signif
icado funci
onal par
a ela
.
O período d
e escrita
por
imagens, c
onform
e
Luria (2001)
apresenta
-
se
plenam
ente desenv
olvid
a
entre os c
inco e seis an
os.
A
ssim,
se as
condiç
ões s
ocia
is forem
favoráveis, fará o prime
iro uso
da esc
rita com
o mei
o de
expres
são.
E se
essa
escrit
a pic
tográfic
a
ainda nã
o está d
esenv
olvida
nesse per
íodo,
é ape
nas por
que já
começou a
ceder
lugar à
escr
ita alfa
bética simb
ólic
a, que a c
riança
aprende
na esc
ola, ou a
ntes
dela
. Por isso,
a importâ
ncia de rev
er as
prática
s de introdu
ção
precoce da
esc
rita, que
na
maioria da
s vez
es
,
ocorrem d
e forma
mecâ
nica,
poden
do
dificul
tar o proces
so de
aquisiç
ão da lin
guagem es
crita e a
expressã
o da cria
nça.
Iss
o posto,
reforç
o a impor
t
ância
de
defender o d
esenho na
escola c
omo
linguag
em e expr
essã
o da cr
iança
.
Segund
o
Vigo
tski
(2000),
é pr
eciso e
nsinar
à crian
ça a
linguag
em escri
ta e nã
o a es
crever
as letr
as,
levando
à compr
eensã
o
76
interna da
escrita
par
a que ess
a aquis
ição se t
orne u
ma pa
rte de seu
desenvo
lvime
nto. Des
se modo e
,
por ana
logia, é
precis
o ensina
r a
linguag
em das
imagens
e não a
imagem, a
lingu
age
m do dese
nho e
não o desen
ho, lemb
rando
que o desen
ho
para ser considerado
uma
linguag
em, dev
e ser com
pr
eendido c
omo sig
no.
Lu
ria (2001)
afi
rma que o d
esenvolvim
ento ul
terior
da
alfabetiza
ção envolve a
ass
imilação dos
mecanismos da
escrita
simbólica
cul
tura
lmente
elab
orada
e o uso d
e ex
pedie
ntes si
mbóli
cos
para
o ato de rec
ordaç
ão. Ass
im, a partir
da análi
se do us
o dos signos
e sua
s origens
na cr
iança
, conclui
que não é a
compr
eensã
o que g
era
o ato
, mas
é
o ato que pr
oduz a
compreens
ão,
vis
to que
o ato
frequent
ement
e prec
ede a
compre
ensão.
Antes que a criança tenha
compreendido o sentido
e o
mecanismo da escrit
a, já efetuou inúmeras tentat
ivas para
elaborar métodos prim
itivos, e estes são, para ela, a
pré
-
história
de su
a escri
ta. (...
) no to
po das fo
rmas pri
mitiv
as da adap
tação
direta a
os pr
oble
mas impos
tos
por seu a
mbien
te, a
crian
ça
constró
i, a
gora,
nova
s e c
ompl
exas
formas
cul
turais;
as
mais
importa
ntes
funç
ões ps
icol
ógica
s n
ão mais
opera
m por
meio
de
formas naturais primitivas e começam a empregar expedientes
culturais complexos. Estes expedi
entes são tentados
sucessivamente e aperfeiço
ados e no processo, a criança também
se transf
orm
a (LURIA, 20
01, p
. 189)
.
É importan
te ressa
ltar que
na E
ducação Inf
anti
l
o
ato de ler
e o ato de esc
rever c
omo prá
tica s
ocial é qu
e
contri
buirão para
o
desenvolv
imento da
capacida
de de compreens
ão na c
riança,
legitimand
o
a importânci
a da pre
sença d
a arte lite
rária n
esse
segmento
,
pos
sibil
itando
os atos
de leitu
ra e de es
cri
ta.
77
Além diss
o, lemb
rando
a relev
ância
dos sig
nos
para
o
desenvolv
imento do ps
iquis
mo, o livro ilustr
ado com
bina dois níve
is
de comu
nicaçã
o, o vis
ual
e o verba
l. “E
mprega
ndo
a termin
ologia
semiótica
, podemos d
izer
que os livros
ilus
trados c
omunicam p
or
meio de
dois c
onjunt
os
distint
os de s
ignos,
o icô
nico e
o
conve
nciona
l
” (
NIKOLAJEVA; SC
OTT,
2011, p. 13).
Dessa
maneira
, ao cons
ider
ar o des
enho co
mo sig
no que
constitu
i a pré
-
hist
ória da es
crita e per
tencent
e à lingu
agem visua
l,
penso que a
o se traba
lhar com o livr
o ilustra
do, promov
endo o
acesso das c
rianças à
s narrat
ivas visuais
e verbai
s p
resen
tes neles,
serão c
riadas
co
ndi
ções para a fo
rmação
de bas
es ne
cessárias
à
aquisiç
ão e à
compree
nsão
da linguage
m escrita
.
1.4
A
cri
ança da Educaç
ão Infant
il
:
algum
as c
onside
raçõe
s s
obre
o des
ti
nat
ário da e
ducação
Para
o desenvolv
iment
o de uma pr
ática
pedagógica
condizen
te com
a co
ncep
ção de
educa
ção d
esenv
olvente,
é
fundam
en
tal
ao
profess
or t
e
r
uma compreen
são ade
quada so
bre
como fazer a
articula
ção entre a arte literá
ria e o desenvolv
imento
infantil. Is
so implic
a uma dis
cussão a
cerca do desenvolv
iment
o
psíquico da
criança
.
Segundo Mello (2017)
,
os estud
os das últ
imas
décadas
demonstra
m que as c
rianças nã
o têm a inteligênc
ia e a pers
onalidad
e
predefinida
s
ao nascer
, mas es
tas vão se form
ando e
se
desenvo
lvend
o nas viv
ência
s que pos
suem des
de qu
e nascem.
E as
vivências
escolares
são o
rganizada
s por ad
ultos a pa
rtir de su
a
compre
ensão sob
re o
papel da
edu
caçã
o e da
escola
no
desenvo
lvime
nto huma
no e d
e como
as crianças apr
end
em.
78
Vazquez (197
8) afirma
que dif
erente
mente do a
nimal, qu
e
se rela
ciona de um
modo
unilater
al com
o mundo,
o homem s
e
encontra nu
ma relaç
ão múltipla
, mediata
e livre. A
riqueza d
o
homem si
gnifi
ca a r
iquez
a de nec
essida
des
e de
relações
com
o
mundo,
ou seja
, o
homem
se des
envolv
e ple
namente
de acor
do
com
as
condições s
ociais
.
Conforme a
THC
,
o desenvolvime
nto
integra
l
d
e
um
a
pessoa
não
resulta
apenas
das trans
formaç
ões do or
ga
nismo, p
ois
o
desenvolv
imento ps
íquico é determi
nado pe
las rela
ções socia
is. Só
em convivência
contínua
com esse amb
iente socia
l é que o indivídu
o
dese
nvolve
rá as caract
er
í
sticas tipica
mente hum
anas
como
a
linguag
em, a cons
ciênci
a e a
capa
cidade d
e agir de f
orma
intenciona
l.
Ness
a persp
ectiva,
só s
erá pos
sível
o dese
nvolv
imento
humano
nas div
ersa
s ár
eas do con
hecim
ento,
inclu
sive na a
rte
literária
e
nas art
es v
isuais
,
se a criança f
or inserida num meio socia
l
que lhe of
ereça c
ondições
favoráveis
de apr
endizage
m, levando e
m
considera
ção a
s espec
ifici
dad
es de ca
da períod
o do des
envolvi
mento
infan
til.
Dessa fo
rma, “um
a co
rret
a organ
iz
ação da a
pre
ndizag
em da
crian
ça con
duz
ao des
envolvime
nto me
ntal, ativa
todo um gr
upo d
e
process
os de des
envolv
imento, e es
sa a
tivaçã
o não poder
ia pr
odu
zir
-
se sem a a
prendizag
em” (
VI
GOTSKI
, 1988, p. 115).
Ass
im sendo,
pretend
o a
borda
r algu
mas qu
estões
sobre o
desenvo
lvime
nto da c
rian
ça, r
efletir s
obre c
omo ela
apr
ende, c
omo
se relacio
na com a r
ealida
de, pois
,
ao pensarmos s
obre pr
áticas
em
arte
literária
promotor
as
d
o desenvolv
iment
o da cr
iança
,
torna
-
se
fundam
ental co
nhecerm
os
o destinatá
rio do pr
ocess
o educa
tivo.
Para isso
,
é relevant
e
con
hecer a r
ela
ção entr
e a a
prendiza
gem
e o
79
desenvolv
imento; a
s conqu
istas
essenciais
de ca
da mome
nto d
o
proce
sso
;
as
leis gera
is qu
e regem o
desenvolv
imento ps
íquico
;
as
circunstâ
ncias pa
rticula
res de dese
nvolvim
ento da
s cria
nças,
possibi
litand
o ao pr
ofessor
um norte para
a esc
olha dos c
onteúdos
e
a melhor forma
de tra
balho,
visando
à
promoção d
o
desenvolv
imento em ca
da
momento.
Segund
o
Vigotsk
i
(2001),
na relaçã
o entre aprend
iz
agem e
desenvolv
imento, d
ois
a
spec
tos
d
evem
ser co
nsider
ados
: o pr
imeir
o,
denominad
o
nível de d
esenvolv
imento r
eal, é
constitu
ído por
funções psic
ológica
s efet
ivadas
, pelas qu
ais as cr
ianças sã
o capazes
de
realizar
determinad
as tar
efas s
ozinhas,
mostr
ando
o qu
e ela
s
já
sabe
m. O
segundo n
ível
,
é constituíd
o pela
Z
ona d
e
D
esenvolv
imento
P
róx
imo
(ZDP)
ou iminente, c
orres
ponde
nte
às
funções
em vias
de se dese
nvolver
, possi
bilita
ndo
à
cr
iança
a solução
de
tarefa
s com o au
xílio de
adultos e ou
tras c
rianças
mais exper
ientes
.
É ness
a zona de des
envolv
imento qu
e deverá
incidi
r o tra
balho do
professor com a criança.
Segund
o o mesmo
autor
,
o ensino que incid
e n
o nív
el real
de desenvolv
imento da
cri
ança ou no qu
e está d
istante d
ela, a
lém de
sua
s possi
bilidades
, ser
á inócu
o, ou s
eja
, não
promov
erá o
desenvo
lvime
nto da c
rian
ça. P
or exempl
o,
ao
se trabalha
r
apen
as
com música
s
que
a cria
nça j
á conh
ece, com
o a
qu
elas
veicula
das pel
a
mídia
e memor
izada
s
pela criança
;
com cores que a
criança
já
sabe;
com história
s
de
que a cria
nça j
á se a
propriou,
isso tu
do es
tará no
seu níve
l real; daí
a importância
de fazer
a avalia
ção inicial
e s
aber o
que a c
riança j
á conh
ece
para propor
novos desa
fios
, atu
ando na
ZDP e
promovend
o o
seu
desenvolvimento.
80
Por outr
o lado, s
e os novos d
esafios
forem dis
tantes d
as
capaci
dades d
a cri
ança,
p
or exemplo,
se ela es
tá no moment
o das
garatuja
s de
sorde
nadas,
de
rabisco
s
,
sem control
e motor em rela
çã
o
ao desenv
olvimento d
o desenh
o e for
solicitado a
ela
um des
enh
o
figura
tivo ou a
escrita
do s
eu nome,
isso
est
ará dist
ante
de suas
condiç
ões reai
s
,
visto que
a crian
ça ain
da n
ão po
ssui o c
ont
role d
os
moviment
os e as conqui
stas
internas do ps
iquism
o necessár
ias
à
escrita d
e letras ou
a
o de
senho figura
tivo, ent
endida
s como s
igno e,
desse mo
do,
fará apenas rabi
scos de
sord
enad
os e a propo
sta não
contri
buirá para o seu d
esenvolvimen
to
.
Ness
e sentido,
pode
-
s
e dizer q
ue o
process
o de
ensi
no
-
aprendizag
em na escola
deve ser constr
uído a pa
rtir do nível d
e
desenvolv
imento r
eal da cr
iança, dir
ecionando
-
se
para estág
ios d
e
dese
nvolvi
mento
aind
a não al
cançad
os,
p
ara
o próxi
mo
desenvo
lvime
nto, em bu
sc
a de novos
desaf
ios. As
sim
,
[...]
o ensino não pode se limitar a exer
citar as funções psíquicas
já formadas (desenvolvimento real ou atual); é preciso
colocar
em movimento e fazer avançar as funç
ões psíquicas que est
ão
desponta
nd
o no ps
iquis
mo da
cria
nça,
ou seja
, o ens
ino de
ve
mobili
zar
e provocar o desenvolvimento d
as capacidades
psíquicas que se encontram na zona de desenvolvimento
próxi
mo da c
riança.
(PASQUALI
NI, 2016, p
.91)
É important
e também
escla
recer que
,
em c
ada mom
ento do
desenvolv
imento ps
íquico
,
o ser humano se re
laciona
com a
realida
de de f
orma dif
eren
te. Do p
onto d
e vista
da
THC
, é
rele
vante
considerar
o dese
nvolviment
o psíqu
ico infa
n
til não
como
um
processo mer
amente
quantitat
ivo ou evo
lutivo,
mas
como
um
proce
sso
car
acteriza
do
por mudanç
as qua
litativa
s, pela
ocorrência d
e
81
saltos qu
alitativos
, promotor
es de
mudanç
as na fo
rma d
e a c
rianç
a
se rel
acio
nar co
m a real
idade
e
com o mundo.
Para
compreender
mos a
relaçã
o que a cria
nça esta
belece com
o mundo, n
ecessá
rio
se faz
abordar um conceito f
undamental:
o
conceito d
e ativ
idade.
Seg
undo a
THC
, a ati
vidade
é a lig
ação e
ntre
o sujei
to e o mu
ndo. É
um
process
o pel
o qual
o hom
em se r
elacio
na
com o
mundo p
ara satisfaze
r suas ne
cessidad
es.
Desse modo, a
ativida
de se orienta
para
um motiv
o, ou seja
, para
um objeto
que
aten
da a uma d
ete
rminad
a nece
ssidad
e.
Conforme Pa
squalini (20
16), a atividad
e pode ser definid
a
como um
process
o des
encad
eado por u
m motiv
o e c
onstitu
ído de
uma ca
deia de a
ções qu
e se d
irige
m a
fins pa
rticula
res;
des
se mod
o,
a sa
tisfa
ção do motiv
o depend
e do enca
deam
ento d
e todas
as a
ções
que constitu
em a a
tividad
e como u
m todo.
Por exe
mplo, a
sensaç
ão
de fome indic
a a
nec
essida
de de a
liment
o, lev
a
-
nos a pen
sar em qual
objeto po
deria s
atisf
azer es
sa neces
sida
de. Ao deline
armos
o objeto
—
refeição, pa
ra a
tender
à nec
essida
de fom
e
—
este
con
sti
tu
i um
motivo para
o
qual
se
desen
cadeará u
ma at
ivid
ade. Ess
a at
ivid
ade
envolv
erá div
ersa
s ações com
o ir ao su
permerc
ado,
compra
r os
ingredie
ntes, volta
r par
a a casa, pr
eparar
o alimento entre outr
as.
Cada açã
o isolada não a
tenderá o m
otivo.
P
or e
xemplo “
ir ao
superm
ercad
o” não
saciar
á a fom
e da p
esso
a, ma
s est
a ação e
stá
ligada
ao motivo qu
e a pr
ovocou;
dessa m
anei
ra, cada
ação e
stá
orientada
para
um fim específico.
Des
se mod
o, o sig
nificado d
e uma
ação
esp
ecífica não e
ncerr
a em si mesmo;
não vam
os ao
superm
ercad
o ape
nas par
a fazer
as compras
de ingredientes
e
prep
arar
o alimento, mas
porque t
emos fome.
82
Para
compreender a
estr
utura
da ativid
ade é importa
nte
obter o co
nceito d
e opera
ção. “As oper
ações
referem
-
se a
como s
e
efetivam
as a
ções, ou s
eja,
o conceit
o de op
eraçã
o pode s
er defi
nido
como a ma
neira de s
e execu
tar u
ma açã
o, maneira
essa qu
e depende
das con
diçõ
es n
as quais
a aç
ão é
real
izada” (
PAS
QUALI
NI, 20
16,
p. 94).
Como
exempl
o
a autora c
ita
as difere
nças e
ntre
lavar a ro
upa
na máquina
, no t
a
nque ou à beira de
um rio.
A
finalidade é a mes
ma,
ter
roupas limpas para usar, po
rém
as con
diçõe
s nas quais a ação se
realiza
são di
ferentes
, exi
gindo o
peraç
ões dist
intas
.
Ao pe
nsar so
bre a ap
ropriação
,
pela
criança
,
d
a cultura no
context
o da escol
a, pode
-
se
ilustra
r o princípio da
conversã
o de ações
em opera
ções a
partir
do uso,
por exem
plo, de u
m pincel.
No iníc
io,
domina
r o uso d
o pince
l ser
á algo b
em compl
exo
para
a cria
nça,
tornand
o
-
se para ela u
ma finalida
de e
m si,
exigind
o toda s
ua
atençã
o, a reor
ganiza
ç
ã
o de seus
movimen
tos natur
ais e
a formação
de novas
opera
ções mo
tora
s e cogn
itivas
. Qua
ndo a c
riança
se
apropria
do instru
mento e
pass
a a dominá
-
lo, o us
o do pi
ncel d
e
ix
a
de ser uma
finalida
de e
m si mes
ma e tor
na
-
se uma operaç
ão
automatiza
da
a s
erviço de uma
açã
o mais compl
exa: a
pintura
.
Portanto
, ao se apresentar um n
ovo inst
rumento à cri
ança, um n
ovo
material,
não é
apr
opria
do
prop
or tar
efas
complex
as,
mas
t
arefas
exploratória
s par
a que o u
so do instru
mento pa
sse par
a o plano
ope
racion
al
. Confor
me a
crianç
a va
i ava
nçando, o p
rofes
sor pod
erá
propor ta
refas
mais c
ompl
exas
, para
a forma
ção de nova
s opera
ções
motoras e co
gnitiva
s
. (PASQUALINI, 2016)
Assim,
a so
ciali
zação
e a ap
rop
riação,
por p
arte
da criança,
do patri
mônio cult
ural ocorrem
pela atividade e
na relação
com
outro
s sujeito
s.
As funç
ões p
sicológi
cas encon
tram
-
s
e
na
83
dependê
ncia dos
process
os concr
etos nos
quais
o sujeito es
tá
envolvido,
ou sej
a, na a
tivida
de. “O d
esenvolvime
nto
desta a
tividad
e
condiciona a
s muda
nças mais impor
tantes nos
proces
sos psíqu
icos
da crian
ça e n
as parti
cularid
ades p
sicoló
gicas da su
a perso
nal
i
dade”
(FACCI, 2004, p. 67).
De acor
do com
Pasqualini (2016) em cada perí
odo do
desenvolv
imento, u
ma deter
minada
ativida
de ass
ume a prima
zia
como sua
força
motriz; essa
atividade
chamada do
min
ante o
u gui
a,
reorganiz
a e for
ma proc
ess
os psíqu
icos. N
o perí
odo que a
bra
nge a
Educação
Infan
til
, três são as at
ivid
ades g
uias das cri
anças: n
o
primeiro a
no de vida, a
comunicaçã
o emocional d
ire
ta com o adu
lto;
no período
da
primeira inf
ância, a
atividade obj
etal manipula
tória
;
na id
ade pr
é
-
escola
r, o jog
o de papé
is.
Já nos primeir
os dias
de vida, a cr
iança
se expre
ssa
emociona
lmen
te por
meio de
grit
os, ch
oros, g
esto
s e mov
imento
s
para que
suas n
ecessi
dades
se
jam
atendidas
pelo adulto. A
ssim, va
i
se forma
ndo ou
tra
relaç
ão entr
e o adu
lto
e o beb
ê,
conduz
indo
a
uma ativ
idade de
comuni
caçã
o com o adul
to
,
o
co
ntribui par
a
o
surgiment
o da comunica
ção emoc
ional direta
. Ness
e momento, a
comunicaçã
o tem um ca
ráter emoc
ional
,
porqu
e se manifes
ta com
o
express
ão mútu
a de a
fetos
e emoç
ões,
sendo f
undam
enta
l
a inte
ração
com o adu
lto
, qu
e ele c
onver
se com
a cria
nça, p
ara
essa comuni
cação
se desenv
olver
.
Mello (2017)
salienta
que
essa
comunica
ção c
om o b
ebê é a
primeira f
orma de
escuta
esta
belecida
na re
laçã
o peda
gógica
e essa
escuta p
ossibi
lita ao
professor
,
compr
eender a
s necessidad
es
imediatas
dos peque
nos e ta
mbém sua
s necess
idades de
desen
volvim
ento. Isso
“envolve
a aten
ção ao
tem
po das crian
ças,
aos
84
materiais
que melhor de
safia
m sua ativida
de e incentiva
m seu
moviment
o, às
relaç
ões q
ue ac
olhem as
cria
nças e
fav
orecem uma
relaçã
o de se
gura
nça e co
nfia
nça em
nós,
adulto
s
”
(
MELLO, 2017,
p. 89).
Dessa
maneira, o a
dulto
promoverá
o d
ese
nvolvi
ment
o da
crian
ça ao
apresen
tar
-
l
he a re
alid
ade;
ao proporc
ionar
o contato co
m
objetos,
incent
ivando s
ua ma
nipulaç
ão, mos
trando s
eu uso
funcional
e
qualificando
os seu
s sentidos
, a
sua
percepção. Ass
im,
torna
-
se importante
a leitu
ra para os b
ebês e a
aprese
ntação de
livros
variado
s,
contribuindo pa
ra
o des
envolvime
nto da
percepçã
o, dos
sentid
os e da li
nguagem.
Mello (201
7) c
hama a
atenção pa
ra o fa
to de q
ue ess
e
processo v
ivido p
ela cria
nça
,
form
a
dor de
suas qual
idades h
uman
as
“depend
e de com
o a cr
iança
é afeta
da pelas
situa
ções
, de c
omo se
sent
e nas situaçõ
es vividas. E,
por isso
, a forma co
mo nós,
profess
ores
, relacion
amo
-
nos
com as cri
anças é
tão
importante
”
(MELLO, 2017, p.89).
Ness
e moviment
o,
a pa
rtir d
a comunica
ção emoc
iona
l direta
com o adulto,
outra ati
vidade co
meça a ser ge
stada.
A ação co
m os
objetos d
espon
ta como u
ma nova ativid
ade guia
, a a
tividad
e objeta
l
manipulatór
ia, e a comu
nica
ção emocio
nal começa a
ceder o luga
r a
uma co
laboraç
ão prát
ica. “P
or me
io da l
inguage
m, a cri
ança
mantém conta
to com o a
dulto e apr
ende a
manipu
lar os
objetos
criados
pelos homens
, org
anizando a
comun
icaçã
o
e a co
laboraç
ão
com os adu
ltos
” (FACCI, 2004, p.68).
O surgimen
to dessa
ativida
de ocorre a
proxima
dament
e entre
1
e 3 an
os, mom
ento
em
que há as
similaçã
o dos procedim
entos soc
ialmente
elabora
dos
de
85
ação com os
objetos. Por
meio da atividade ob
jetal manipula
tória, a
crianç
a se a
propria
da fu
nção soc
ial do obj
eto e d
e seu s
ignifica
do.
É fundam
en
tal nessa fas
e
a ação
do ad
ulto desti
nada a
most
rar à crian
ça a fun
ção
espe
cífica d
o ob
j
eto e os
procedimentos
corretos
para
seu uso, um
a v
ez que, con
forme Mukhina (1996),
a
funçã
o do objeto é um
a propri
edade ocu
lta, im
possív
el de ser
reve
lada pela simp
les man
ipulaçã
o. A
cria
nça poder
á, por exem
plo,
manipular
colhe
res;
abrir
e
fech
ar as po
rtas
do arm
ário
, mas
isso
em
nada co
ntr
ibuir
á para a
compree
nsão da
funçã
o do o
bjeto. A
penas
o
adulto
poderá mo
strar
à
c
ri
ança p
ara que serve
a co
lher ou o
armár
i
o.
Além de ap
resent
ar o uso social dos o
bjetos,
é
impo
rt
ante
possibili
tar livr
e
escol
ha à
s
criança
s
. N
ão bas
ta manter
os objet
os
disponíveis
aos
olhos de
la
s
, é necessário
o acesso das crian
ças aos
objetos em
tempo i
ntegr
al e com lib
erda
de. “E
isso é pos
sível qu
and
o
nós, ad
ultos,
sab
emos qu
e a
crianç
a está
forman
do e
desenv
olve
ndo
funções psí
quica
s essenc
iais en
quanto ma
nipula
objetos
, bri
nca de
faz de conta,
toma
iniciativa
s independe
ntes de n
ossa
orientação
direta
e
control
e”
(MELLO, 2017, p
. 90).
Desse mod
o, cons
tata
-
s
e a importância d
e
o
adulto
possibili
tar o ac
esso ao liv
ro ilus
trado à c
riança
desde muit
o cedo,
aprese
ntar
seu uso
social,
criar na sal
a de aul
a um espaço
com
li
vros
de bo
a quali
dade
, para q
ue a cri
ança vá
conhecendo narrat
ivas
variada
s e
possa manipu
lar
e explora
r livreme
nte es
sa prod
ução
cultural.
Quand
o a cri
ança passa a do
minar a aç
ão co
m os objet
os, ela
vai se ema
ncipando da
co
erçã
o das
proprieda
des fís
icas
dos objet
os
na direç
ão de um u
so livre, a
té que su
rge a su
bstituiçã
o do objeto
;
dessa for
ma
,
começam
a surgir
as prem
issas par
a a fo
rmação d
o jo
go
86
de papéis
ou fa
z de co
nta e o
interess
e da
criança
voltar
-
se
-
á para o
mundo
das pesso
as
. O
foco se
rá fazer o que os adultos fa
zem:
as
relações
socia
is.
A cria
nça ex
perimen
ta a
necess
idade d
e faz
er o
que o a
dult
o
faz e de a
gir com os
obj
etos c
omo o ad
ulto a
ge;
p
orém, ela pos
sui
limites opera
cionais
e técnicos qu
e a impossib
ilita
m
de
execut
ar as
operações
. A
s
sim, utiliza
do faz d
e con
ta p
ara soluc
ion
ar a
contradiçã
o, satis
fazendo
a su
a necessid
ade. Um
exemplo
diss
o
ocorre qu
ando a
cria
nça t
em o des
ejo de c
ozinhar como a
mã
e ou
como o pai,
mas
e
la ain
da não
po
ssui as co
ndi
ções ne
cessár
ias para
manipula
r um f
ogão d
e v
erdade.
E
ntão el
a brinca imi
tand
o a mãe
ou o pai c
ozinha
ndo, brin
cando de
casinha
, utiliza
ndo brin
quedos
ou panela
s, pra
tos e tal
her
es como se
estiv
esse co
zinha
ndo.
O
jogo d
e papéis s
urge de
uma
contradi
ção que s
e apres
enta
para a cr
iança. “
O que possibilita qu
e a brinca
deira
seja a via de
soluçã
o dess
a contr
adiç
ão é s
eu car
áter
não pr
odutiv
o, ou seja
, o fat
o
de qu
e a bri
ncade
ira n
ão e
stá vo
ltada p
ara
a ge
ração
de
um p
ro
duto
ou par
a obtençã
o de resu
ltados
ob
jetivos
”
(PASQUILINI, 2016, p.
129). O que importa
para a cri
ança n
esse m
oment
o
é a ação
,
isto é
,
o proc
esso de
realiza
ção
da br
incadeir
a
,
e não o
resultado
. Dessa
maneira
, ao br
inca
r de j
ogo de
papéis,
a crianç
a
ap
ropria
-
se
do
sentido soc
ial das
atividad
es produ
tivas hu
manas,
forma
ndo as ba
ses
para a su
a próp
ria co
nduta.
Segun
do Mukhina (1996)
,
para se carac
teri
zar um
jogo é
nece
ssário
conhecer o co
nteúdo d
o jog
o, que é
o que a
crianç
a
destac
a como
pr
incipa
l nas
atividad
es do
adulto; isso
se altera
de
acord
o com o mome
nto em que c
ada
crianç
a se encon
tra
. Para as
crianç
as menor
es, por
exem
plo, o con
teúdo
princ
ipal
é a açã
o com
87
os objetos
; o j
ogo su
rgirá
em funçã
o do obj
eto que a
cr
iança
tem em
mãos, entã
o s
e poss
ui pra
tinho, fa
ca e co
lher
, far
á de conta
que es
tá
comendo.
Para
as cr
iança
s um pouco
maiores
, o c
onteúdo
do jo
go
refere
-
se às relaç
ões en
t
re as pessoas e,
consi
derando
os mesmos
objetos ci
tados n
o exem
plo anterior
, pod
erá utili
zar a
faca
para
cortar u
m alimento e
m vária
s partes
e os colocar
á no pra
to para
servir
às pessoas.
Assim
, o con
teúdo
do jogo
de pap
éis para as cr
ianças mai
s
velhas
é o res
peito
às regr
as r
esulta
nte
s do papel que assum
em. Ne
sse
momento
,
as cr
iança
s se
preocupa
m em
segu
ir ri
gorosa
mente
as
regras
e começ
arã
o a fa
zer questi
oname
ntos sob
re
a form
a corr
eta
dos ac
ontecim
entos
. P
od
erã
o questi
onar a
arr
umação de u
ma mes
a
para o jan
tar;
a disp
osiç
ão das cad
eira
s, do
s prat
os e
dos t
alhe
res n
a
mesa; c
omo util
izar os
talher
es d
e forma c
orreta;
a s
equência
dos
aliment
os; que a
sobreme
sa
será ser
vida a
pós a refei
ção, e nã
o no
início.
A par
tir do conhec
iment
o sob
re o cont
eúdo do jo
go, tor
na
-
se funda
menta
l o pape
l do prof
essor
ness
e process
o
, para
ampliar o
conhe
cimento
das crian
ças sobre as at
ividad
es das p
essoas e
de suas
relações
, ou s
eja, enr
iquec
er o conteú
do do jog
o, pois
, “qu
anto mais
ampla for
a realida
de que
as c
rianças
conhecem, ta
nto mais a
mplos
e vari
ados s
erão os
argumentos
de seus
jogos
”
(MUKHI
NA, 1996,
p. 157).
P
ara quali
ficar ai
nda m
ais
o jog
o de p
ap
é
is é impor
tante que
o adulto amp
li
e
o repertór
io das
criança
s com
os livros de lite
ratura,
visto que
a
s narra
tivas
con
stitu
em uma fonte d
e conhe
ci
me
n
to
variado
;
apresentam pers
onagens fict
ícios que pas
sam a
fazer pa
rte
de suas
brincadeir
as; pos
sibilitam
às crianças, a p
arti
r das h
istó
rias
conhecida
s, ter
em condiç
ões de reproduz
irem e
pr
oduzirem
no
va
s
88
narra
tivas
em seus j
ogos. A
lém dis
so, os livr
os de literatu
ra
aprese
ntam
dive
rsos f
atos da re
alidad
e e as m
ais v
ariadas
rel
ações
sociais
,
co
ntribuin
do
para
a
ampliaçã
o do conhecime
nto delas
e, por
consequência
, enriqu
ecend
o
o conteúd
o do jo
go de
papé
is.
Mukhina
(1996
) afir
ma que o jogo de pa
péis
é de grande
relevân
cia
para
o desenvol
vimento
psíquico
da cria
nça
, pois
nel
e s
e
desenvo
lvem
a atenção e a memó
ria ati
vas. Enq
uanto b
rinca, a
crian
ça se
mantém concentra
da
e é levada a p
rest
ar aten
ção n
a
situaç
ão lúdica
e
nas regr
as. A
necessid
ade de co
munica
ção e os
impulsos em
ocionais
obriga
m a cria
nça a concentr
ar
-
se e
a
memorizar
.
Conforme a
autor
a,
o j
ogo exerce grand
e influênc
ia so
bre a
linguagem comunica
tiva
. P
or
meio d
ele
,
a criança é intr
oduzida
no
mundo das id
eias por
que
lida com obj
etos substitutos
e, com is
so,
apren
de a m
anuse
á
-
los e ava
liá
-
los em um pla
no mental. O jog
o
permite tamb
ém
à
cr
iança c
olo
car
-
se
no lugar
de outra
pessoa
; preve
r
o seu compor
tamento e atu
ar
como se fos
se ela.
Isso
permit
e
a
c
ompreens
ão das
relaç
ões s
ociais
e contribu
i
para
o
desenvolvim
ent
o
de sua
imaginaç
ão, de s
ua personalida
de e d
o autocon
trol
e da
conduta.
Sobre ess
a ques
tão, a
arte literá
ria s
e aprox
ima do jogo d
e
papéis
na medida
em que
uma n
a
rrativa
possibilita à
crianç
a, além
da viv
ência de
emoções
e s
entime
ntos,
pôr
-
se
no lugar do outro
,
do
persona
gem; p
ermite a
ind
a a
compre
ensão da
s re
laçõe
s sociais p
ara
o desenv
olvim
ento da im
agina
ção e d
e outra
s fu
nções ps
íquica
s.
Mello
(2016)
ratifica
que a
leitura rea
lizada pelo pr
ofessor
forma e d
esenv
olve a imag
inaç
ão das cr
ianças
,
“a
limenta a
brin
cadei
ra de f
az de
conta com papéis
sociais,
e não apena
s pela
89
ampliaçã
o dos tema
s que
pas
sam a s
er conhecidos
pela
s cria
nças,
mas
também pelo ex
ercício da
imagina
ção que s
ustenta a
brincade
ira
”
(p.
54).
Assim v
ão se for
mando
na cr
iança a
s ativida
des pro
dutiva
s,
aquelas
que geram a
lgum tip
o de resulta
do
co
mo o des
enho, a
pintura, a
construç
ão com colag
em de mater
iais va
riados
, a
modelag
em
,
e
ntre
outros. A pa
rtir delas
,
há
a possib
ilidade de
a
criança
se propo
r
a aprender a
lgo, desenv
olve
ndo a ca
pacida
de de
estabelecer f
ins pa
ra suas ações.
As ativ
idades pr
odutivas
contribuem
para o desenvolv
imento psíqu
ico infant
il, permiti
ndo
à crianç
a
imaginar
com an
tecedênc
ia
o que dev
eria fa
zer. “
Isso cr
ia condiç
ões
par
a o d
esenvo
lvime
nto da capaci
dade
de plane
jamen
to da ação
,
fundam
en
tal para a fo
rmação das f
ormas s
uperi
ore
s de at
ividade
humana
” (PASQUALINI, 2016, p. 142).
Para contri
buir
co
m
o
dese
nvolvim
ento psíqu
ico das
criança
s, penso
na possibi
lidade de
alguma
s ações
mais
propíc
ia
s a
esse mo
mento.
Por
exemplo:
propor à
s cria
nças a
produ
ção cria
tiva
de narr
ativa
s de form
a oral, tendo o pr
ofes
sor co
mo escr
iba
,
e a
ilustra
ção das
histórias
criada
s por elas
. Também é u
m bom
momento pa
ra apr
esentar
os e
lementos das arte
s visuais c
omo
a
s
formas, as c
ores, a
s text
uras, as l
inh
as e outr
os recurso
s de e
xpressão
visua
l, fornecendo ma
téria
prima
à
ativid
ade cria
dora; possibilita
r
o
acesso
ao trab
alho
de
divers
os escr
itores
e i
lustradore
s
; contextu
alizar
as obras;
a
prese
ntar o
p
rocesso criado
r do
escri
tor e
do
ilustrador;
apresenta
r alguma
s técnic
as e ma
teriais u
tilizados p
elos autor
es em
suas produç
ões.
Isso tu
do com o ob
jeti
vo de pr
oporci
onar
mater
ial
de
trabalh
o n
ecessári
o para d
es
envo
lve
r a ativi
dade
criado
ra das c
rian
ças
90
em narr
ativas
, em desenho
s, em co
mp
osições vi
suais nas ilust
rações;
ou seja
, cria
r condiç
ões
para as
cri
ança
s se exp
ress
ar
em e se torn
ar
em
autoras de sua
s produçõe
s.
Ainda no períod
o pré
-
es
colar,
com a a
tividad
e do jogo
surgem a
s premissa
s da ativida
de de estudo,
quan
d
o
aparec
em
interes
ses qu
e não podem
ser
plenamente s
atisf
eitos
com o jogo,
o
que req
uer
novas fontes
de conhec
imento p
ara m
aio
r
co
mpr
een
são
da rea
lidade.
Em outr
os ter
mos, “a
o final d
o per
íodo pr
é
-
esc
olar, a
ativida
de de
estudo, qu
e surge como
linha
acess
ória,
entra e
m
ascens
ão, pr
epara
ndo a transi
ção ao nov
o períod
o
no qua
l
a crian
ça
se esfor
çará
por
‘saber
o q
ue o adu
lto sa
be” (P
ASQ
UAL
INI, 20
13,
p. 93).
Surge,
então,
a necess
idade d
e obter os c
onhecim
entos
escolares
, cient
íficos; c
onteúdos
próprios
da
atividad
e qu
e
promoverá
o des
envolv
iment
o na idad
e esc
olar.
Is
so
posto, t
orna
-
se
evidente
a
neces
sid
ade de
intenciona
lida
d
e por part
e do prof
essor,
ao plan
ejar as a
çõe
s
pedagó
gicas n
a Educação Inf
antil
,
para uma prá
tica compro
metida
com a pro
moção d
o desenvolvi
mento
da cria
nça. É
important
e
lembrar q
ue, para ap
render,
é
fundame
ntal
a crian
ça se
r
ativa
no
process
o e que
a
s ativ
idades fa
çam sentido
para
ela.
P
ara
Mello
(2005
, p. 32), “[...] aprender
envolve atribuir sentido ao que se
aprende.
Só a c
riança
que
entend
e o objeti
vo do
que
lhe é pr
opost
o,
e que atua
motivada por
esse objetivo, é ca
paz de atr
ibuir um s
entido
que a e
nvo
lva na at
ivid
ade”
.
Dessa forma,
a criança
precisa ser v
ista
como suj
eito a
tivo.
A
crianç
a
é trat
ada
como sujeito qu
and
o:
[...
] compa
rtilh
amos
com el
a
o cuidad
o do s
eu c
orpo,
interpretamos indicadores d
e suas necessidades e seus interesses,
91
organ
izamos
mater
iais n
a al
tura de
suas mã
os e ol
hos, qua
ndo
compart
ilham
os o
planejam
ento d
a ativi
dad
e, a organi
zação
do
espaço e a gestão do
tempo quando elas são maiores. Ao fazer
isso, possibilit
amos que elas estejam em atividade, isto é, que
estejam p
or inteir
o na s
ituaçã
o: com o cor
po, a
mente e
a
emoção
(MELL
O, 2017, p. 90
)
.
Todos s
abemos
qu
e o conhecime
nto edu
ca,
mas
para
que
iss
o aconteça
“é
prec
iso edu
car nas cr
ianças u
m sen
tido
para o
conhecim
ento, ou
seja
, é necess
ário qu
e cuide
mos d
o mundo
interno da
s cr
ianças
, par
a que es
teja
aber
to, inter
es
sado,
curios
o,
motivado p
elo c
onheci
mento, p
or sa
ber ma
is, pela
descober
ta d
o
mundo ex
terno
”
(MELLO, 2017, p. 95).
Desse modo, é im
portant
e ressalta
r que ca
da criança poss
ui
suas
especificida
des, pois
ela se modific
a no
processo de
desenvo
lvime
nto. Seu
grau d
e compree
nsão da
realida
de se a
ltera e,
a cad
a momento, o pa
pel do mei
o e o sign
ificado d
os elementos do
meio també
m se mod
ific
am. Da
í a importâ
ncia
de conhec
er a
criança
e suas
cara
cterística
s em cada
período
de de
senvolvim
ento,
conhecer
o desti
natári
o
da ed
ucaç
ão, pa
ra que o prof
essor ten
ha
condiç
ões de pens
ar em
conteú
dos e f
or
mas de
ensinar mais
adequ
adas a
c
ada
período do des
envolv
imen
to, valor
izando a crianç
a
como sujeito a
tivo
e
torna
ndo
possível uma
educação
desenvo
lvente.
1.5
P
alavras e im
age
ns
qualific
ando o psiquis
m
o
O livro ilustr
ado é uma f
orma de ar
te que combina
dois
conjunt
os dis
tintos de
signos
, o icônic
o e o c
onvencio
nal
(NIKO
LAJEVA
;
SCOTT, 2011).
O
s signos
icônicos
são aqueles e
m
92
que o signif
icante
e o sig
nificado
estão rela
cionado
s por a
tributos
comuns,
ou seja
, qua
ndo exis
te uma r
eprese
ntaçã
o direta
de seu
signifi
cad
o pelo s
ign
o. A
imagem
de uma
impress
ora no
menu
do
computador
, por
exemp
lo, é
uma r
eprese
nt
ação dire
ta de um
a
impress
ora; é u
m ícone e
não se r
equer
um
conheci
mento es
pecia
l
para c
ompreender um íc
one simp
les. Os sig
nos conv
encionais,
por
outro la
do, não pos
suem
nenhuma
relaçã
o direta
com o objeto
significado. A
ssim, a pala
vra “imprimir
” em um
menu
de
computador a
penas
tran
smite um s
ignifica
do, p
orém é pr
ecis
o
conhecer
o sist
ema de r
epres
entaç
ão, sa
ber o qu
e as l
etras e as
palavras r
epre
sent
am
para compre
endê
-
las.
Nos livr
os ilust
rados,
as fig
uras são
sign
os icôn
icos
complex
os e pos
suem a
fu
nção de d
escr
ever ou
repres
entar
. As
palavr
as são s
ignos convenciona
is complexos
, sua
função pr
incipal é
narrar. N
a
leitura, também s
ão diferen
tes
. O
s signos con
ve
ncionais
são em geral
linear
es;
os
sign
os ic
ônicos
não são lineares
e n
ão
oferece
m uma ins
truçã
o direta
sobre c
omo lê
-
los.
“A tensã
o entre a
s
duas
funções
gera p
ossib
ilidades
ilim
itada
s de int
era
ção entre
a
palavr
a e imagem
em um
livr
o ilustrad
o” (NIK
OLAJEVA
;
S
CO
T
T,
2011, p. 14).
As au
toras escla
recem que tanto a
s palav
ras c
omo as imagens
deixam espa
ços
que
deve
m ser pr
eenc
hidos
pelos l
eitor
es com s
eu
conhecim
ento e
experi
ência
e,
ass
im, sur
gem diversa
s possibilid
ade
s
de int
eração
palavr
a
-
imagem.
O texto verbal tem suas lacunas e o m
esmo acont
ece com o
visual. Palavras e imagens podem preencher as lacunas umas das
outra
s, total
ou parc
ialmen
te. M
as pode
m também de
ixá
-
las
para o lei
to
r/espect
ador com
plet
ar: tant
o palavras co
mo
93
imagens podem ser evocat
ivas a seu modo e indep
endente
s
entre si (NIKOLAJEVA
;
SCO
TT, 2011, p.
15).
Em rel
ação à
relevância d
a litera
tura
infantil n
o proc
esso de
form
ação da co
nsciê
ncia da c
rianç
a,
segund
o
Arena (2010), o
pequeno leitor
, por
meio d
a litera
tura infa
ntil,
apropr
ia
-
se da cultura
do out
ro, de suas palavra
s e com
elas
fo
rma a sua co
nsciê
ncia. É
importante a
leitur
a do enu
nciado d
o outro,
permit
indo
o
“movimento d
ialóg
i
co e
ntre leit
or, a
utor e
obra e,
com isso
, o
intercâmb
io fr
utíf
ero e n
ecessá
rio par
a a ev
oluçã
o do proces
so de
leitura com
o atribu
ição de
sentidos
”
(ARENA, 2010, p. 21).
A literatu
ra promove o d
esenvolvi
mento d
o homem, por
que
ela re
quer
o uso d
a imagi
nação, base
da at
ivi
dade c
riado
ra. Assim
:
[...]
se é possível entender o pequeno
leitor, da educação infantil
ou ens
ino f
undame
nta
l, co
mo um
suje
ito q
ue se
aprop
ria
da
cultura, que lida com os enunciado
s concretos, cheios de vida
da lit
eratu
ra infanti
l, qu
e desenvolve
, com i
sso, su
a imagin
ação,
vit
al e
necessária, quanto mais intensa for essa ap
ropriação, mais
imag
inação
desenvo
lverá (ARE
NA, 2010
, p. 3
1)
.
Nesse se
ntid
o,
con
fo
rme
Faria (2010),
o texto literá
rio
narra
tivo oferec
e ao leito
r a poss
ibilidade d
e experime
ntar uma
vivência s
imbólica
por meio da i
maginaç
ão sus
citada pelo
texto
escrito
ou pelas
imagens
. A liter
atura
é porta
dora
de um sist
ema d
e
referênc
ias
que per
mite a
ca
da leitor
organi
zar
sua
s
fun
ç
ões
psíquica
s
com o vivid
o e a sensibi
lida
de que lhe é pró
pria. T
ornar
-
se leitor
de
literatur
a é um va
ivém consta
nte entr
e a realida
de e
a
ficção,
permitind
o
avaliar o mundo e situ
ar
-
se nele
. Nenh
uma bo
a narr
ativa
de ficção
explic
ita tud
o. E
xis
tem “brancos
”
,
nos qua
is a a
rticula
ção
94
entre o explícit
o
e
o não explícit
o é cons
truída pel
o au
tor de
modo
a deixar
pistas ao leitor,
para que
ele possa pr
eencher es
ses “
brancos
”,
sendo precis
o antecipar
, induzir
,
pôr
em rela
ção div
ersa
s formas
de
informaçã
o, para
compree
ndê
-
las pl
enament
e.
Nesse pr
ocesso de diálo
go com o liv
ro de li
teratur
a infantil
,
devido a
os espa
ços ex
istent
es
a
o preenc
him
ento c
om o
conhecim
ento do l
eitor
, é pos
sível per
ceber
o quant
o as f
unções
da
imag
inação
e do pensa
mento
são
requisi
tada
s.
Dessa fo
rma, a
liter
atura inf
antil a
ssume o
traba
lho
de
form
ação in
t
egral do hom
em, em espec
ial de sua
s funções psíqu
icas
superio
res e
a
“maturi
dade da i
magin
ação no ad
ulto de
pen
derá do
seu desenvolv
imento d
esd
e a infância
e a litera
tura
infantil tem luga
r
destac
ado ness
e
processo
” (ARENA, 2010, p. 32).
Além de pr
omover
o ac
esso à lit
eratur
a infa
ntil, é
fundamental,
princ
ipalment
e nos temp
os atua
is, ensina
r a le
r.
Assim, Oliveira (2008)
justif
ica a imp
ortância
do l
er na a
tualida
de,
porq
ue a pal
avra est
á se
ndo
vulgar
izada e
a imag
em ac
resci
da de
massif
icação mer
cantilista
e ideol
ógica. “
Ler de f
orma consc
iente
e
participa
tiva a pa
lavra
e a imagem cons
titui, a
cima
de tudo, um at
o
de resi
st
ência cultur
al e
social
”
(
OLIVEIR
A, 2008, p. 44). A
preocupaç
ão com a ima
gem e com a
confi
guraç
ão gráfic
a de um livr
o
dev
e ultra
pass
ar a v
isão mera
mente es
tetizant
e, apoi
ada
em quest
ões
mercadoló
gicas.
A image
m de um l
ivro n
o psiq
uismo de
uma c
rian
ça pode s
e
estender por to
da a vida adulta. Um ind
issipável vestígi
o em
nossa
memória
. A i
magem é
muit
o mais p
regn
ante
do q
ue
qualq
uer p
alavra. Port
anto
, diant
e des
se qu
adro, os
ilustrad
ores
e os projeti
stas gr
áfico
s têm uma grand
e re
sponsabi
lid
ade: cri
ar
95
não apenas a memória e o p
assado visual de seus leitores, mas
ainda ac
ima d
e tud
o fo
rmar e edu
car o o
lhar (OLIV
EIRA
,
2008, p.
45)
.
A leitura
de uma
image
m
presente no
livro d
e literatura
infantil, em
específ
ico n
o livro ilustr
ado, va
i além da
simples
apreens
ão denota
tiva d
o q
ue está
represen
tado.
Faria
(2010)
dissert
a
sobre
a necessidade de
ler entre as
image
ns, ler a
s cor
es, par
a além d
e
uma bonite
za e de um es
teticis
mo simplóri
o de coloriza
ção; ler
o
branc
o e o preto, l
er as r
uptur
as de pá
ginas,
ler a maqu
ete, ler
o
ritmo, a a
rticulaç
ão do texto e d
a imagem;
s
ua dis
posição r
elativa na
pági
na dupla,
unid
ade de base
do livro. I
sso tudo
se aprende. É
preciso
agu
çar o
olha
r
e ap
render
a d
ecodifi
car t
odos
estes e
le
men
tos
constitu
tivos do se
ntido e
d
ialo
gar com as art
es visua
is.
Um trab
al
ho minucios
o com a
s cria
nças
, aponta
ndo ou
levando
-
as a descobrir es
ses elemento
s técnicos que fazem
progr
edir a a
ção o
u que ex
plica
m es
paço,
tempo,
car
acterís
tica
s
das pers
onagens
etc.
aprofu
ndará a lei
tu
ra da im
agem
e da
narrat
iva e es
tará,
ao m
esmo tempo
, desenvolvendo a
capaci
dade
de obs
ervação
, análi
se, co
mparaç
ão, clas
sifi
cação
,
levantamento de hipóteses, sí
ntese e
raciocínio.
(FA
RIA,
2010
,
p.
59)
Fica ev
idente a i
mportâ
ncia
do proces
so de ensi
no, por
que a
aquis
ição do c
onhecime
nto não é na
tura
l
. A
leit
ura de li
vros em sua
totalidade
dev
e ser ensina
da e
conforme Queirós (2012
, p. 95
), “
le
r
também se
aprend
e. Nem s
empre de
ixar o a
luno dia
nte de u
m
monte de l
ivros
vai for
má
-
lo como l
eitor
. Corre
-
s
e o risco de a
escolha r
ecair
sobre fa
tos de s
eu cotidia
no, ler
o que j
á se
conhec
e
96
[...]
ler é um trab
alho qu
e exige
entend
imen
to, desc
ober
ta,
confronto”.
Assim
sendo
, tor
na
-
se fu
ndamen
tal o ac
esso à art
e lite
rária,
ao livro ilus
trado, a
o pro
cesso de e
nsino de
leitur
a dos livr
os de
literatur
a em sua
plenitud
e, para
a apropr
iação dos
conhecimentos
e
a
o dese
nvolvim
ento
do p
siquis
mo da cr
ianç
a. Ne
ss
e process
o de
ensino, inc
lui
-
se tamb
ém o livro de i
magem,
pois
atualmente te
m
feito par
te do acer
vo das
biblio
tecas da
s escola
s púb
licas de E
nsino
Básico. O livr
o de imag
em é aqu
ele que poss
ui uma na
rrativ
a
feita
com
as
ilus
traç
ões, sem a
p
resença
do tex
to ver
bal,
ma
s
n
em por i
sso
sua leitu
ra é mais simples
. Trata
-
se de um
a outra f
orm
a de atribui
r
significad
os ao t
exto v
isua
l, que
co
ntribui tamb
ém para
o
desenvolv
imento do ps
iquis
mo, pois a “a
usência de pala
vra
s pode
forne
cer um
‘
hi
ato
’
que necessita
da inteli
gência
e da ima
ginação
para ser preenchido” (HUNT, 2010, p. 247).
Para
que os livros
de literatur
a seja
m lidos e compre
endidos
em sua ple
nitude e
poss
a
m
contribuir
a
o desenv
olvimento
das
funções psíqu
icas,
é importante a
realizaç
ão de um
trabalho
no q
ual
a cria
nça pos
sa conhecer
o campo d
a lingua
gem vis
ual e os
seus
elementos c
onstitut
ivos.
Nesse sentido, Colomer (2017),
afirm
a
que as c
rianç
as
podem inic
iar a a
prendizagem da lingu
agem vis
ual por mei
o dos
livros ilus
trados
, já que
as
ajuda a f
ixar
-
se neles, po
dendo
apre
n
der
as poss
ibilidades ex
press
ivas
da ilustr
açã
o segundo a t
écnica
empregad
a, discu
tir sobre os
recurs
os utilizados
frequ
entement
e: a
form
a, a text
ura, o traç
o, o ritm
o, as man
eiras de
usar a cor para
represen
tar
o
volume ou a lu
z, a composição, e
pe
rspectiv
a
,
entre
outros.
97
É
importante lembrar
qu
e os sentidos
também s
ão
desenvolv
idos soc
ialment
e.
Segundo
Ma
rtins (2013)
,
a própria
formaç
ão dos ór
gãos do
s s
entidos c
ondicio
na
-
se direta
mente à
exposição d
os est
ímulos a
mbientais
e
, dessa form
a, a qualid
ade desse
desenvo
lvime
nto res
ulta nã
o só de su
a base fi
siológica
, mas d
a
cultur
a sens
orial. “
Sob pri
va
ção de es
tímulos, s
obre
tud
o exógen
os, o
organismo
substitu
i o est
ado de vi
gília
pelo ador
meciment
o, pel
a
letargia, r
esultando em
um
déficit
global da tonicida
de cortica
l
nec
essária
a q
ualquer
atividade
” (p.126).
Por isso
a
relevânci
a
d
e se t
er com
o obj
eto da
educ
ação todas
as funçõe
s psíq
uicas como
a sensaçã
o e a
percepçã
o
,
entre
outras
.
Além diss
o, a s
ensaçã
o e a percepçã
o “repr
esenta
m os modos
primários
de reflex
o da re
alidade, pel
os qua
is o ho
mem caminha a
partir
da apr
eensão
de ind
ícios
especí
ficos
, adv
indos d
o exter
ior o
u
interior, em dir
eção à s
intetizaçã
o perceptiva
destes
”
(MARTINS,
2013, p.122). Portanto, represent
am uma “porta de entrada” para o
psiquismo.
Girotto e Souza (2016, p. 31
) afir
mam que “a
percepçã
o
auditiva
e visua
l advém do
s sentid
os que
possibil
itam ge
neralizaç
ões,
conceitos pr
ovisór
ios e hipóteses
prelim
inares; b
rinca
r com o texto;
aprender com
ele; inter
naliza
r significa
dos; ext
erior
izar emoções”
.
Desse mod
o,
por meio do
s sentidos
,
o tex
to é rec
ebido
e
as crianças
constroe
m
a lógica
do enre
do.
N
esse pr
ocess
o, n
o qua
l as f
unções
psíquica
s são r
equisitada
s, elas
também se des
envolv
em.
Segund
o
Martins (2013)
,
o ato perceptual não é u
m ato
simples e mecânic
o,
mas
atende a
percurs
os dis
tintos
,
depende
ntes
da rela
ção do s
ujeito c
om objetos c
onhec
idos ou
desconh
ecid
os,
exige
mecan
ismos ana
líti
co
-
sintétic
os, env
olvendo
a experiê
ncia
98
pass
ada d
o sujeit
o, porqu
e requer
rela
ções e
ntre in
forma
ções qu
e
chegam e
aquel
as
já exis
tentes
, realiz
ando c
omparações
entre
aspect
os de un
s com out
ros.
A partir
disso, des
taca
-
s
e a impor
tância d
e amplia
r o
repertóri
o da cria
nça em relaç
ão aos liv
ros ilus
trados
e
às im
agens
present
es neles
, apr
esenta
ndo
os elemento
s das artes visuais e
incentivand
o
prátic
as cria
tivas
por meio deles.
Lu
ria (1
990) a
rgumenta
que a
percepçã
o dep
ende de
pr
ática
s
humanas
historicam
ente
es
tabelecida
s e exempl
ifica
:
[...]
as categorias familiares da percepç
ão de cores (vermelho,
amarelo,
verde,
azul) o
u da perce
pção d
e form
as (quadrad
os,
triângulos, trapézios e assim por diante) somente expressam
regras perceptuais t
ípicas dos seres humanos,
cuja consciên
cia
vem sendo form
ada sob a influência de catego
rias estabelecidas
duran
te um
perí
odo de
te
mpo, n
otada
mente
sob
a inf
luênc
ia
de de
termina
dos c
once
itos a
pr
endidos
na
escol
a (LU
RIA,
1990, p.
38)
.
Desse mod
o
, é fund
ament
al en
sinar a cri
ança a o
lh
ar e a
perceber
o qu
e exis
te ao
redor
. E
nsinar a faz
er relaç
ões, co
mparaç
ões,
conexões
; perceb
er a
s cores
, os tons,
as for
mas, tex
turas
, linhas
entre
outr
os element
os da
s ar
tes v
isua
is par
a que o o
lhar
não se
tor
ne
passiv
o à perce
pção do
mundo,
pois “a
o ativ
ar seu
olhar, o
suj
eito
mostra
-se também expressivo” (AUGUSTO, 2014, p. 45).
Enfim, o c
onhecim
ento em a
rte c
ontribui pa
ra t
ornar o
nosso olha
r ativo.
“A a
rte interpr
eta o
mundo e dá
for
ma a
o informe,
de modo qu
e, ao ser
mos
educad
os pela a
rte, des
cobr
imos fa
cetas
ignora
das d
os objetos
e dos ser
es que nos
cercam”
(TODOROV,
2020, p. 6
5). A arte poss
ibilita a a
mpliaçã
o do nosso olha
r em
99
relação
à
realidad
e circu
ndante,
promov
endo o des
env
olvimento
da
nossa
percepçã
o.
Após essas c
onsi
deraçõe
s, ratif
ica
-
se a
importância da escola
no desenv
olvime
nto da
percepç
ão vis
ual, a
o ensi
nar a v
er, ao
promover
o acesso da
s cria
nças à
arte literária
, às a
rtes vis
uais
present
es nos
livros
ilus
trados
, ao fa
vorec
er o c
onhec
imento
sobr
e os
elementos v
isuais
, tornando poss
ível
a leit
ura das nar
rativa
s e
um
a
maior
compre
ensão da
realidade, qua
lificand
o o psiquismo da
s
crianças, pois:
“
[...]
só podemos v
er aqu
ilo que,
em al
gum feiti
o ou
forma, n
ós já vim
os ant
es. Só po
demos ve
r as coisas p
ara as quai
s já
possuím
os
imagens id
entif
i
cáveis
como só podem
os ler
em uma
lín
gua cuja si
ntax
e, gr
amáti
ca e vo
cabulári
o já
conhecemos
”
(MANGUEL, 2001, p. 27).
1.
6
A
lf
abe
tizaç
ão visual:
uma ne
ce
s
sidade do cont
e
xt
o at
ual
Cabral
(2021)
, ampar
ado
por B
akht
in,
ressalt
a que
a arte
não pode ter u
m cará
ter trivial,
porque é ca
rrega
da de val
or
axiológic
o. No a
to de faz
er arte,
o criad
or imprime os
seus va
lores
no objet
o estét
ico por
mei
o do seu pr
ojeto de discu
rso, a
ssu
mindo o
seu a
to responsiv
o ao reagir
a
um acontec
iment
o e res
ponsáv
el
ao
assu
mir o seu posic
ionamento socia
l em relaç
ão ao mes
mo
aconteci
mento. “
Ness
e proc
esso pos
sibil
ita ao ou
tro c
ompreend
er a
si mesmo, be
m como ao o
utro, o qu
e contribu
i para
a forma
ção da
consciê
ncia d
o outr
o
–
contempl
ador, observador, leitor [...]” (p
.
78).
Nesse sentido, Olivei
ra (2008, p. 35) afirma que a aut
êntica
arte é uma
comunica
ção hu
mana entre
os home
ns, por
tanto, pa
ssível
de leitura
e perfeita
mente c
ompreensív
el. Com es
sa compr
eensão,
o
100
autor a
firma que o pr
ofess
or, ao ter em
mãos u
m livro ilustr
ado,
pode dial
ogar c
om seus a
lunos s
obre ques
tões
objet
ivas
que fazem
parte de qua
lquer ex
periência
visua
l como
a composiç
ão, a li
nh
a, a
textura, a co
r, entre
outras.
O auto
r afirm
a ai
nda
que a leitura de uma ima
gem é uma
aptidão a
dquirida.
Isso refor
ça o que f
oi argume
ntado e
m itens
anteriores,
pois
a aquis
ição de qualquer
conhecime
nt
o não ocor
re d
e
form
a natural
. T
anto a lei
tura
da arte,
das ima
gens
como a le
itura
das narrat
ivas ve
rbais, n
ecessi
ta de
um proc
esso de educ
ação, o
u seja,
a leitura
de livros dev
e ser ens
inada em su
a pleni
tude.
O
acesso
,
d
esde a Ed
ucação
Infan
til
,
às obras de art
e é
fundamental, visto que, conforme
Vigotski (2010ª), o meio consiste
em uma font
e de desenvol
vimento da
s qualid
ades huma
nas, no qua
l
estão pr
esentes
as for
mas idea
is de desenv
olvim
ento ela
bora
das pela
human
idad
e n
o decorrer
da his
tória. O
conta
to co
m as prod
u
ções
mais desenv
olvida
s
—
no
caso, o
con
tato c
om a
s obra
s de a
rte
literária
—
possibil
itará,
desde o iníci
o, o des
envolvi
mento i
nfantil.
É no contato com as obras de arte e pelas ações qu
e são
realizadas a partir daí q
ue se pode desenvolver na criança a
atitu
de est
ética,
a qual d
eve ser obj
eto
de educaç
ão, d
e formaç
ão
geral. Para que surja essa consciência, é necessário um mínimo
de apre
ndi
zado das t
écnicas
implicad
as em c
ada tipo
de art
e,
-
a própr
ia cri
ação d
a crianç
a e a cultu
ra das su
as perc
epções
artís
ticas (V
IGOTSK
I, 2010, p
. 351).
Fischer (19
59) afir
ma que o traba
lho de um artista
é um
process
o consci
ente e ra
cio
nal em que a
obra de a
rte é o res
ultad
o da
realida
de recr
iada,
e não u
m estado de i
nspira
ção em
bria
gante. D
esse
ponto d
e vista
, pa
ra o
desemp
enho d
e um tr
ab
alho ar
tíst
ico é
101
necessá
rio que
a pessoa te
nha
conheciment
o, dom
ine
, con
tro
le e
transfor
me a exper
iência e
m memória
; a me
mória em
ex
press
ão e a
matéria em for
ma, p
ois
a emoçã
o para
o artis
ta não é tu
do;
ele
precisa s
aber tr
atá
-
la e tra
nsmiti
-
la; pre
cisa co
nhe
cer as reg
ras cri
adas
pelo en
torno, c
onvenç
ões,
procedi
mentos
, recu
rsos e
forma
s.
Construím
os a
nossa
“narr
ativa
por meio d
e ecos
de outra
s
narra
tivas, por
meio da ilusã
o do auto
r
r
eflexo,
por meio d
o
conhecim
ento téc
nico e
histórico,
por meio d
a fof
oca, d
os
devaneios
, dos pr
econc
eitos
, da ilu
minaçã
o, dos es
crúpu
los, da
ingenuidade, da compaixão, do engenho
” (MANGUEL, 2001, p.
28).
Ao co
nsider
ar a arte
como
realidad
e rec
riada
,
e que
construí
mos nossas narrati
vas por m
eio d
e outras n
arrativas, refuta
-
se as c
oncepções
que ale
gam qu
e, para f
azer tra
balhos
artístic
os, é
preciso que a
pessoa ten
ha inspira
ções divi
nas ou ta
lento natural pa
ra
determ
inada f
orma de
exp
ressã
o. A cr
iaçã
o
artística e ou
tras for
mas
de pr
odução
auto
ral est
ão atre
ladas às
con
diç
ões so
ciais e
a quali
dade
de educa
ção qu
e o indiví
du
o recebeu
.
A partir
dessa c
ompreensão, pode
-
s
e preten
der a
educaç
ão
do sentime
nto estétic
o das cr
ianças
, ensinando
-
lhes
os
conteúdos d
e
artes
; as convenç
ões e os
procedim
entos f
undamenta
is pa
ra o
desenvolv
imento des
se sen
timento,
possibi
litand
o
-
lhes
condiç
ões de
apre
ciar, compreender,
realizar
leituras
de obras
literária
s e das
imagens pr
esentes ne
las, c
omo também cr
iar su
as própria
s formas
de
express
ão e
,
as
sim, huma
nizarem
-
se
.
Para
que os livros de liter
atura
sejam lidos
e compreendid
os
em sua plenitud
e e possa
m contribuir pa
ra o des
envolvim
ento das
funções
psíquica
s su
perior
es, vej
o a neces
sidad
e de u
m tra
balho co
m
102
as imagens
de forma signif
icativ
a, par
a que a cria
nça possa conhecer
o campo da li
nguage
m visua
l e os seus elem
entos co
nstitutiv
os.
Nesse pr
ocesso
é importa
nte o
conta
to co
m as pr
oduções
artístic
as
de tempos e espa
ços diferentes
para se con
hecer
não apenas
o process
o de pr
oduçã
o na lingu
age
m v
isual em co
ntextos
varia
dos,
mas tamb
ém
o seu des
env
olvime
nto hist
órico;
observar a evolução
dos materia
is e técnicas
para
melhor compre
ende
r as pr
oduções
atuais
e
adq
uirir rep
ertóri
o para
realizar leitur
as e
desenvolv
er a
ativi
dade c
riado
ra.
No início da
s minhas
argumenta
ções em de
fesa
da
importânc
ia da leitur
a de imagens, o meu foc
o era a
busca de u
ma
leitura ma
is significa
tiva d
os livros
ilustra
dos e das imagens pr
esentes
neles. N
o decorrer dos
estudos, pu
de também ampli
ar a minha v
isão
sobr
e a i
mport
ância e a abran
gê
ncia de um
a “alfabe
tiz
ação vis
ual”
para os dias atuais, pois, segundo Dondis (2015), a alfabetização
visua
l se tornou vita
l para o ens
ino dos modernos
meios de
comunica
ção, pod
endo se
tornar
o component
e cruc
ial de todos
os
canai
s de comunicaçã
o do pr
esente e d
o futu
ro, vis
to qu
e a câmer
a,
o cinema, a
televisão,
além dos
meios visua
is que ain
da estã
o por vir,
modi
ficar
ão não
apenas a n
ossa d
efin
ição
de educ
ação, m
as a próp
ria
inteligênc
ia, impo
ndo uma r
evisão d
e nossa capac
idade visua
l básica.
Desse mod
o, a
capac
idade pa
ra cr
iar e c
ompree
nder a
s
mensage
ns vis
uais
está s
e tornando u
ma necess
idad
e vital
, devend
o
ser cons
idera
da com
se
riedade na ed
ucação; e
la
preci
sa rever suas
concepções,
suas
prática
s e evoluir.
Na verdade, a expressão vi
sual é o pro
duto de uma int
eligência
extremamente complexa, da qu
al temos, infelizmente, um
conheci
men
to mu
ito r
eduz
ido
. O q
ue ve
mos é u
ma pa
rte
103
fundame
nta
l do que sa
bemos
, o al
fabetismo v
isua
l pode n
os
ajudar a ver o qu
e vemos e a saber o qu
e sabemos (DONDIS,
2015, p. 27
).
A autora
afir
m
a que existe uma s
intaxe visu
al. H
á linh
as
gerais
para
a cria
ção de
composi
ções,
há el
ement
os bá
sicos
que
podem s
er aprend
idos e c
ompreendid
os por t
odos, a
rtista
s ou nã
o,
e
que
podem
ser us
ados em
conj
unt
o com técnicas
manipulativ
as
para
a cria
ção de mens
agens v
isuais clara
s. Ass
im, o conhec
imento d
e
todos ess
es fa
tores p
ode le
var
à maior
compreensã
o da
s mensa
gens
visuais.
O
alfa
betismo visu
al não é um s
istema tão lógico e
preciso
quanto a l
ingua
gem verba
l, os símb
olos
em seu âmb
ito
vis
ual são de
grande impor
tância. S
aber
como eles
funciona
m no proc
esso de
vis
ão e de que m
odo s
ão entendi
dos
pod
e con
tribuir
para a
compreensã
o de como
podem ser
aplicados
à comu
nicaçã
o visual.
Assim,
o conhecim
ento d
a lingua
gem vis
ual e
de sua
gramátic
a é essencia
l para dif
erentes profiss
ionais
que utilizam a
criatividade em seu trabalho (VAZ; SILVA, 2016).
Em rela
ção a
os profis
sio
nais
da educ
açã
o, o conhec
imento
da lingua
gem visu
al é rele
vante pel
o fat
o de que a for
maçã
o bás
ica
da mai
oria dos
prof
essores
e das professo
ras
se
r de
fic
itári
a
nessa áre
a.
Desse fa
to resulta
m as
dificuldades na
articu
lação entre text
o e
imagens,
na com
pree
nsão de t
extos,
filmes
, jorna
is
, entre ou
tros
,
segundo Merian e Giovanni (2006).
Segundo a
s mesmas
autora
s, existe u
ma estr
eita re
lação e
ntre
condiç
ões objet
ivas
precári
as de v
ida fa
miliar e preca
rieda
de de
capital cu
ltural b
ásico
obtido
na vida
escola
r. Se
o prof
essor nã
o
possui os
conhecime
ntos bá
sicos s
obre a lingua
gem v
isual,
terá
uma
104
compreensã
o limitad
a da rea
lidade e dific
ilment
e terá
condições d
e
oferecer
ess
es conteú
dos à
s cria
nças.
Além diss
o, a ev
olução
da tec
nologia e d
os meios
de
comunicaçã
o, que s
e util
iza
m cada v
ez mais d
e image
ns, faz c
om qu
e
a linguagem vis
ual estej
a muito pres
ente na
vida das cr
ianças
desde
muito cedo.
Com i
sso
surge
outra q
uestão, l
evantada p
or Oli
veira
(2008),
referente a
o fato d
e que o s
ignif
icativo c
ontato co
m as a
rtes
visua
is, possib
ilitado à cr
iança por meio de belos li
vros ilu
strad
os,
diaria
mente, é ameaç
ado em virtu
de do “primeir
o encontro s
er
comumente
feito por m
eio de ima
gens v
ulgares
e coloniza
dora
s
represen
tada
s por a
lguns qu
adrinhos
, figur
inhas
, seria
dos de TV e
até mesmo por
livros didá
ticos mal ilustra
dos” (
OLIVEIRA, 2008,
p. 43).
O autor ta
mbém faz uma
crític
a em rela
ção à a
usência de
ensino d
e leitura
de image
ns nas es
colas de
ensino
fundamen
tal e e
u
incluo a Ed
ucaçã
o Infantil, pois
, estão pr
iorizando
a
alfabeti
zação
convencio
nal sem atr
ibuir
o devido val
or à lingua
ge
m visua
l.
Infel
izmente
prior
iza
mos pa
ra a
s cr
iança
s, de for
ma a
té
perversa, o aprendizado
da leitura de palavras com
o atestado de
alfabetização. Seria mais convenient
e se, nas escolas de
e
nsino
fund
amental, a i
nici
ação à le
it
ura d
as imag
ens prec
edes
se a
alfabeti
zação
co
nvencio
nal. Certam
ente
teríamo
s no futu
ro
melhores leitores e apreciado
res das artes plásticas, do cinema e
da TV,
alé
m de cida
dã
os mais
críti
cos e
par
ticipat
ivos
dian
te do
univer
so icôn
ico
que n
os ce
rca.
A próp
ria pos
ter
ior
alfabeti
zação
co
nvencio
nal seri
a muit
o m
ais agrad
ável às
crianç
as (OLIV
EIRA,
2008, p.
29).
105
A partir
dessas
questões
leva
ntadas
, é possível
cons
tatar qu
e
a alfa
betizaçã
o visual, principal
mente par
a nós profes
sores e
profess
oras
, por tra
balha
rmos com a f
ormaçã
o de pess
oas tor
na
-
se
fundam
ental pa
ra ter
mos
condiç
ões d
e real
izar
melhor
es esc
olhas
de
materiais
visua
is às nossa
s cri
anças,
visando desenv
olver
a capaci
dade
de leitu
ra, de ex
press
ão e d
e compr
eensã
o da própr
ia
realida
de.
Todos os
compon
entes do
s
meios v
isuais
são relev
antes par
a
escola d
e Educ
ação I
nfantil no que toc
a ao des
envolvim
ento
da
percepçã
o, do p
ensa
mento v
isua
l, da c
apac
idade de
compre
ensão
e
de expres
são. A
lém dis
so,
é precis
o co
nsidera
r que a
s cr
iança
s estã
o
nascendo
em um
contex
to
no qua
l a tec
nologia r
eina e a lingu
age
m
visua
l é muito requisita
da. É comum obs
ervar
mos crianç
as desde
cedo tend
o aces
so à T
V, ao compu
tador, ao celu
lar,
demons
trand
o
que a e
ducação
vis
ual se f
az c
ada ve
z mai
s ne
cessári
a, n
ão só p
ara
ampliar a
compree
nsão
dos liv
ros de
litera
tura, ma
s par
a a
compreensã
o da própria
rea
lidade.
A
pós as con
side
ra
ções
sobr
e todo o
conteú
do d
este
capítu
lo
,
é possível ver
a importânc
ia da
literatur
a para a formaçã
o humana.
Mas,
para que o tra
balho com
o livro
ilustra
do se tor
ne uma
ativida
de dese
nvolv
ente
na E
duca
ção Inf
antil,
será nec
essário um
olhar cr
iterios
o pa
ra a
escolha d
e li
vros;
as pr
oposta
s peda
gó
gi
ca
s
d
evem ser
intencio
nais,
visa
ndo
o dese
nvolvim
ento d
as fu
nções
psíquica
s superior
es das c
riança
s.
Abrantes (2011), em sua pesquisa de doutorado, co
nstatou
que na mesma
socieda
de produtora
de livros
de qualida
de
questioná
vel e com
posici
onamentos
que privi
legiam a
produçã
o da
passiv
idade da c
riança
, disciplina c
ega e obediê
ncia, tamb
ém é
possív
el encon
t
rar pr
oduções contrá
rias
a essa posiç
ão, privilegia
ndo
106
o questiona
mento, o inco
nformism
o contra
injustiç
as e revela
ndo
contrad
ições
inere
ntes ao
modo atu
al d
e repr
oduçã
o da exis
tência
,
caracte
rizan
do
-
se como “instr
umentos”
a serv
iço da
emancipaçã
o
human
a.
A literatura, como afirma Andruetto (2012, p
. 62), é “uma
das expr
essões ma
is impor
tantes da
cultur
a e uma c
onstru
ção socia
l
que dá c
oesão e va
lor aos habita
ntes de u
m país e que, c
omo tal,
precisa s
er cuida
da, estimu
lada e pr
otegida por t
odos
”.
A autora argum
ent
a que
a qualidade dos
produtos fa
brica
dos
e vendid
os par
a esse m
ercado d
epende e
m muito d
a qualidade d
os
leitores
que os pr
ofessores
consegu
em forma
r
:
A indústr
ia exis
tirá
, en
tão, igua
l e mel
hor
–
ig
ual, d
igo, em sua
prod
ução,
ou a
té
mai
s po
tente
-
, ma
s edi
tando l
ivros
de
melh
or
qualidade, se conseguirmos melhores destinatários, ou seja, se
formar
mos le
itore
s ma
is inte
res
sados,
mais cr
ític
os, ma
is
entus
i
astas e mai
s selet
ivo
s (ANDRUETT
O, 2012, p.
65).
Diante disso, percebe-
se
a
importância d
e oferec
er o
que
h
á
de melh
or às
crianç
as e,
para
que a prá
tica
escolar s
eja cond
izent
e
com esse ob
jetiv
o, é fu
nda
mental
ainda
a fo
rmação
con
tinuad
a do
profess
or
para ap
rop
riação
dos con
he
cime
ntos sobre
a arte liter
ária;
o acess
o a div
ersos tip
os de li
vros para que,
n
o moment
o de
seleciona
r
livros p
ara as su
as práti
cas ped
agóg
icas, sua
s escol
has
ocorra
m de forma
cons
ciente.
Com o obj
etivo
de des
envol
ver ess
a ide
ia,
farei
no
próxim
o
capítulo
uma reflexão s
obr
e a form
ação d
e profess
ores
e apres
entare
i
o experi
mento
didát
ico
-
formativ
o de
for
maçã
o de profess
ores e
m
arte literá
ria espec
ificame
nte com
o tema liv
ro ilus
trado.
107
C
a
pít
ul
o
2
F
OR
MAÇÃO D
E P
R
OF
ESS
ORE
S E
O
EXP
ER
IM
EN
T
O
D
ID
Á
T
IC
O
-
FO
R
M
A
T
IV
O
C
OM
A ART
E
LI
T
ERÁRIA
A
maior r
iqueza
do h
omem é a
sua in
compl
etude.
Nesse ponto sou abastado
.
Pal
avras
que me ac
eitam
como
sou
–
eu n
ão a
cei
to.
Não aguento ser apenas um sujeito qu
e abre
port
as, qu
e puxa válv
ulas, q
ue olha o
relógi
o, q
ue
compra p
ão às 6 ho
ras da
tarde
, que
vai lá fo
ra,
que aponta lápis, que vê a uva et
c. etc.
Perd
oai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu pens
o ren
ovar
o homem
usa
ndo bor
bole
tas.
(Manoel de B
arros
,
199
8
)
Na pers
pectiva da
THC
, o ho
mem é um ser
em co
nstante
form
ação e a ún
ica ap
tid
ão
com que nasce é a d
e desenv
olver n
ovas
aptidões, ou se
ja, as diversas c
apaci
dade
s. P
ara que iss
o ocorr
a, é
preciso o a
cess
o ao co
nhec
imento
e
à produção
cultu
ral. Em r
elação
aos profis
sionais da
educaçã
o, acredito qu
e uma possib
ilidade par
a
esse a
cesso é a
forma
ção conti
nuada
no ambi
ente de
tra
balho.
Pretend
o ne
sse
capí
tulo
fa
lar um pouco s
obre a
form
açã
o de
profess
ores, r
efletir
sobre a
lguns desafios
, apr
esenta
r o pl
anej
amento
do experime
nto didá
tico
-
f
ormativo
e os co
nteúd
os
para a formaç
ão
de profes
sores e
o seu d
esenv
olvimen
to.
108
O experime
nto didátic
o
-
formativo,
conf
orme Freita
s
(2010)
, é um método qu
e consiste em inves
tigar
as mudança
s no
desenvolv
imento do ps
iquis
mo por meio da f
ormaç
ão dirigida
dos
process
os psic
ológicos
inves
tigado
s e
coloca
em prá
tica
uma
inter
venç
ão pedagóg
ic
a, visan
do
a
pr
omove
r as
ações
me
ntais
do
educando
para q
ue h
aja mudanças e
m
seus
esperad
os
níve
is futur
os de
desen
volvim
ento.
A ideia que or
ienta o experiment
o didátic
o
-
for
mativo,
conform
e Aquino
(2017)
, é que o pr
ocess
o de ensin
o
e
aprendizag
em, orga
nizado d
e forma co
nsciente
e intenci
onal, e
leva
a qualid
ade da aprendiza
ge
m e do desenvo
lvimen
to integra
l dos
educan
dos. Assim
, esse métod
o vis
ou
a
potencializar
a aprendizag
em
e o desenvolv
imento d
os pa
rticipantes
d
esta
pesquisa
.
2
.1
For
m
ação de
prof
es
s
ores
e
a prom
oção do
de
s
envol
vim
e
nt
o
hum
ano
A opçã
o por ref
letir
sobre a
formação de pr
ofes
sores
j
ustifica
-
se
pelo fato d
e que, a pr
eca
riedad
e
da form
ação i
nic
ial
e
continu
ada
dos prof
essores
, que
se
foi const
ituindo
h
istorica
mente, te
m se
apres
entado com
o um gra
nde desa
fio, entr
e outr
os exis
tentes e qu
e
afetam
a educ
ação
.
Diss
o decorre
a neces
sida
de de inv
estir em a
ções
que contrib
uam par
a a melhoria
da forma
ção
e qua
lificaçã
o
de
profess
ores. A
ssim,
tentar
ei levanta
r algu
mas qu
estões s
obre
a
formaç
ão de prof
essores e pr
ofessor
as,
sobre a
import
ância d
e se te
r
a consc
iência
dos pr
oblem
as
presentes
nas
escolas
em
decorr
ência d
a
formaçã
o deficitária
,
visando
a
superá
-
los e provoca
r
mudanças.
A escola
e os
profess
ores
desemp
enham pa
pel es
senci
al na
formaç
ão da c
riança
, porque o des
envolv
iment
o não ocorr
e de form
a
109
natural
;
as
cri
anças,
para
se desenvo
lverem,
prec
isam as
similar a
cultura
humana, as
experiências
sociais,
os conhecimen
tos, as
aptidões e as
qualida
des psíquicas
do homem.
Portant
o, “a cr
iança
não pod
e
integra
r
-
se à
cultura
humana d
e forma
espontânea
.
Consegu
e
-
o com a ajud
a con
tínua e
a orien
tação
do adult
o
–
no
process
o de edu
caçã
o e de
ensino
” (MUKHINA, 1996, p. 40).
É importante lembr
ar
que
o ser
huma
no e seu
psi
quis
mo “se
formam s
ob c
ondições
que s
ão hi
stórico
-
s
ociais, i
sto é, o
s processos
intrapsíqu
icos der
ivam dos pr
ocessos inter
psíquic
o
s por meio da
internaliza
ção dos
signos”
(MARTINS, 2012
,
p. 456).
E é
com base
nesse co
nhecime
nto qu
e podem
os desta
car
o papel
do ensino
e da
educaç
ão com
o fund
amental
à
humanizaç
ão dos indivíd
uos
. O se
r
humano só s
e tor
na hum
ano, d
e fato,
se,
adquire
as propried
ades
represen
tativas
das má
ximas c
onquistas d
o
seu gê
nero
.
Nesse se
ntido,
será
imprescindíve
l
que t
odos os c
onteú
dos a
que a c
r
iança ou
adul
to deve ter a
cesso
se
jam
pensa
dos, planej
ados
e
sistematiza
dos, vis
ando à
aprop
riação
de
conheciment
os, à
compre
ensão e
à
formaçã
o de se
ntidos
e
à
capaci
dade d
e ope
rar com
os sign
os. Assi
m, o dese
nvolvi
mento
humano nas d
iversas áre
as do
conhecimen
to, inclu
sive
no artís
tico, l
iterário,
só s
erá p
ossível se a
crian
ça e o ad
ulto
forem i
nseridos num
meio socia
l que lh
e
s
ofereça
condiç
ões fav
oráv
eis de ac
esso e a
prendiza
gem.
É importa
nte l
embrar
que o p
edagogo é c
onsiderado
profess
or
genera
lista
e
tem como função tr
abalha
r
com as di
versas
áreas do
con
hecim
ento, t
ant
o na Educaç
ão In
fan
til como no Ensi
no
Fundamenta
l
. N
o entant
o
, por meio d
e prá
tica
s e relatos de
profess
ores
, é pos
síve
l perc
eber qu
e os cur
sos de
graduação não
tê
m
dado c
onta da f
ormaç
ão nas div
ersas áre
as
, e
o que contribui
para
110
esse qu
adro
, trata
-
se
da
formação defic
itária des
de o
ensino bás
ico
dos prof
ess
ores, s
egund
o
Marin e Giovanni,
(2006). P
or
consequência
, a fa
lta de
conhec
imento
resulta
n
a repro
dução e
perpetuaçã
o de prá
ticas mecâ
nicas e s
em sentid
o nas esc
olas.
Se
o profess
or não p
ossu
ir o con
hecimen
to espec
ífic
o de ca
da
área
do conhecimen
to e s
obre o des
envolvi
mento hu
mano,
dificil
mente t
erá cond
ições
de escolh
er os con
teú
dos de for
ma
intenciona
l, para
elaborar
um planeja
mento
pretend
endo
a
promoçã
o do d
esenv
olviment
o da c
riança
, ou
sej
a, o s
eu ato
de
ensinar esta
rá compr
ometi
do.
Outra que
stão que contri
bui para um ens
ino fra
giliza
do
é a
con
stit
uição hi
stóric
a das esco
las de
Educaç
ão I
nfan
til e as
concepç
ões qu
e ainda h
oje impr
egnam esse seg
mento.
Segund
o
Pasqua
lini e Martins
(2008)
,
a
Educaç
ão In
fant
il ai
nda é um
a ta
refa
a se r
ealizar no Bra
sil, na
medida em que os
model
os de Ed
ucação
Infantil i
mplanta
dos não
são repr
esentativ
os da
quilo
que dev
eria ser
o traba
lho educa
tivo com
esta fa
ixa etár
ia, vis
to que
,
historicament
e,
a Edu
cação Infa
ntil vem s
endo compr
eendid
a tanto
como
equipa
ment
o de cará
ter as
sistencial
-
c
ustodial qu
anto com
o
estra
tégia d
e comba
te à
pobreza,
prev
enção
do fr
aca
sso esc
olar,
prep
aração p
ara o Ensi
no
Fund
ament
al ou m
esmo sua ant
eci
pação.
Talvez uma
possibilida
de pa
ra se pensa
r na supera
ção desse
cen
ário d
a Educação
Infant
il seja a p
romoção
do ace
sso das e
scol
as
às pesqui
sas, aos
grupos de
estudos
, a cu
rsos d
e formação d
e
profess
ores e
,
por meio d
e cada
traba
lho de forma
ção, explic
itar a
imp
ortân
cia do p
apel da e
ducação
na fo
rmação
e n
a prom
oção do
desenvo
lvime
nto da c
rian
ça, pa
ra qu
e todos
os en
volvid
os nes
se
process
o ten
ham c
onsciên
cia d
e sua r
espo
nsabili
dade social
e
po
ssam
111
refletir
sobr
e qua
l model
o de p
ess
oa ou d
e soci
eda
de pret
ende
m
formar.
Em minha his
tória
de for
maçã
o,
percebo
que também sou
fruto da
mesma escola
tradiciona
l
em
que a maiori
a dos pr
ofessor
es
se formou
. M
as
,
foi por
mei
o da c
ontrib
uição d
e out
ros
profes
sores
,
de estudos,
pesquis
as, tr
abalhos te
óricos e
práticos
é que
ocorreram
as muda
nças ma
is signifi
cativa
s em minhas
conce
pções e pr
áticas
pedagó
gicas
. P
ude
,
tamb
ém
,
adquiri
r maior convicção
sobre a
importânc
ia da E
ducação Infanti
l na promoção d
o desenvolv
iment
o
das crian
ças
e, p
or is
so, tenho fortes mo
tivos par
a acreditar que,
pa
ra
as esc
olas cumpr
irem
de fato es
se pa
pel no d
esenvolviment
o
humano, será
essencia
l garantir u
ma forma
ção consiste
nte aos
profess
ores des
se seg
ment
o.
Ao as
sumir o c
argo
de dir
etora d
e esco
la de
Edu
caçã
o
Infanti
l
, as
sumi ta
mbém
a respons
abilid
ade d
e promov
er a for
maçã
o
continua
da dos
prof
essor
es d
a
unidade escola
r
;
percebi
a nece
ssidad
e
de també
m me i
nserir
no p
rocess
o de for
maçã
o cont
inuada
, porqu
e
nessa
concepção d
e desenv
olvime
nto, a d
e que
estamos
em constant
e
formaç
ão, há s
empr
e mui
to
o
que apre
nder, a pesquisar e estud
ar
para qu
e as prá
ticas peda
gógicas seja
m cada
vez mais coer
entes co
m
as nece
ssidade
s de nossas
crian
ças. Não vejo
outra p
ossibi
lidad
e
,
ao
pen
sar em m
udan
ças,
que não a de
per
cor
rer o ca
minho d
os estu
dos
e de for
maçã
o
uma vez
que
é necessário adquirir
o conhecime
nto
para co
mpre
end
er a re
alidad
e
;
ter consciência
dos pr
oblemas e d
os
desafi
os par
a buscar
fo
rmas de
super
á
-
los, cr
iando condiç
ões para
transf
ormar e
ssa real
idade
.
Por iss
o, nesse pr
ocesso d
e formaç
ão,
é
fundamental a
apropr
iaçã
o de uma
teori
a sobr
e o des
envolv
iment
o huma
no par
a
112
que as pr
áticas
sejam r
ealmente
eficaz
es para
a prom
oção do
desenvolv
imento da
s máximas
capac
idades huma
nas. N
esse sen
tid
o,
Pasqualini (2010)
defend
e a
relevância
de conhec
er a
s conquis
tas
essencia
is de ca
da momen
to do proces
so, a
s leis gera
is qu
e regem o
desenvolv
imento ps
íquico, b
em como
as cir
cunstân
cias pa
rticula
res
de desenvo
lvim
ento da
s criança
s, por
que
são esse
s aspect
os que
possibili
tar
ão
ao prof
essor
um norte
para
a escolha
dos cont
eúdos
e
as form
as de t
rabalho,
inte
nciona
ndo
à
promoçã
o do
desenvo
l
viment
o psíquic
o a c
ada moment
o. Será pr
eciso
,
também,
por par
te do prof
essor
, uma
compree
nsão te
órica
sobre o c
ont
eúdo
a ser
ensina
do; qu
e o
profess
or domi
ne su
a essê
nci
a em ter
mos
con
ceituai
s para el
aborar
suas açõ
es pe
dagó
gic
as.
O conteúd
o do
ensin
o e a
forma de
ensi
nar dev
em l
evar em
con
sider
ação a cri
ança ou ao adul
to a que
m se ensi
na, o de
stinat
ário
do ato
educat
ivo, ou
seja
, ao s
e elab
orar u
m pla
no, o p
rofess
or dever
á
consid
erar
a
tríad
e: for
ma
-
con
teúd
o
-
destinatário
. Essa ide
ia foi
sintetizad
a e formula
da por Ma
rtins (20
13
, p. 297), como e
xigência
primeira
do pla
nejamen
to do ens
ino.
De acord
o com
a autor
a,
“nenhu
m desses
elemen
tos, esv
aziad
os das
conexões qu
e os
vinculam,
pode, de fa
to, orien
tar o tra
balho
ped
agógico”
. Nesse
sentid
o, para
que o pr
ofessor ou
a prof
ess
ora ten
ha domí
nio d
e suas
ações p
edagógica
s, segu
rança
ao ela
borar seu
s planeja
mentos d
e
forma inte
ncional par
a promover
a educaç
ão
desenvolve
nte
, s
e
rá
essencia
l a ap
ropr
iaçã
o do conh
ecimen
to sobr
e o c
onteú
do, a f
orma
e o dest
inatár
io.
C
omo torna
r poss
ível ess
a apr
opriaç
ão de conheci
mentos
por par
te dos prof
essores
e professora
s? Como fa
zer chegar ta
is
conhecim
entos
à escola
de
educa
ção bá
sica
? Ao obs
erva
r a r
ealidad
e
113
escolar
, de f
orma g
eral,
é poss
ível p
erceber
que a
ed
ucaç
ão bra
sileira
enfrenta
divers
os
desaf
ios em
relaç
ão à f
ormaçã
o de pr
ofes
sores,
resulta
ndo em mui
tas lac
unas e
,
con
seq
uent
emen
te
,
o ba
ixo nív
el d
e
apropria
ção dos con
hecimen
tos consid
erados
ess
enciais pa
ra
possibili
tar uma
aprendiza
gem des
envolv
ente
à
criança.
Para sol
ucio
nar o
p
roble
ma da q
ualidad
e da f
orm
ação
profissional, conforme Silva (2014),
para
além da
s prescr
ições legais,
devem
ser consi
deradas t
ambém
as cond
ições hi
stóricas re
ais nas
quais
se exerc
e a pr
ofiss
ão de prof
ess
or
. O auto
r
desta
ca dois
polos
do problema
: O primeir
o é o descaso da
s políticas
educac
ionais
brasil
eiras p
ara a fo
rm
ação bási
ca d
as cla
sses po
pul
ares,
historicam
ente
sob a resp
onsabi
lida
de de profes
sores
leigos
,
obedec
endo ao
pr
incípi
o de que
,
p
ara as clas
ses p
opu
lares
,
bastaria
a
form
ação
elem
entar
. O segundo
r
efere
-
se
à
s condi
ções adversas para
o exercíc
io da p
rofis
são n
o ens
ino bás
ico,
a
o bai
xo recon
hecimen
to
social da
profissã
o,
o que resulta na
baixa pro
cura
por
cursos de
licenciatu
ra, ev
asão e a
ltos índices
de licença
no trab
alho.
O auto
r cham
a a at
enção
,
ai
nda,
p
ara o
fato
de que
a esco
la
que se s
ubmete à
s dema
nda
s de merca
do,
te
m sua
função restri
ta
e
esvazi
ada
. N
ão
haver
ia
, portanto, a
nec
essid
ade de
muitos a
nos de
esco
laridad
e bási
ca para
form
atação d
as cla
sses
pop
ulare
s
para
engajá
-
las no
sistema de prod
ução
, na
for
maçã
o de mão de obra
semiespec
ializada
.
Assim, “
Não se justif
icaria
m investimentos
na
formaç
ão e profes
sores
cap
acita
dos à f
ormaç
ão omnil
atera
l, de tod
os
os lado
s
[...]
, em opos
ição à f
ormaçã
o unilater
al dirigida
para
a
técnica ou
alguma ou
tra dimensão,
exc
lusiva
mente”
(
SILVA, 2014,
p.
87).
114
Meri
a
n e Giovanni
(2006)
desta
cam que
apenas na d
écada
de 1990 e início dos anos 2000, com a Lei nº 9.394/1996
que fixa
as
Diretrizes e Bas
es
da Educação
Nac
ion
al (LDB
EN)
, surgi
ram os
novos mod
elos de for
maç
ão de pr
ofessor
es, repr
esentados
pelo
s
Instituto
s
S
uperior
es
de
Ed
uc
aç
ã
o
e pelo Curso Normal
Superior.
H
ouve a
normatiz
ação d
a formaçã
o em âmbito sup
er
ior, indica
ndo
o prepar
o de prof
essores
pa
ra a E
ducaçã
o Infantil e
anos inic
iais d
o
Ensino F
undam
enta
l
. Entret
anto
, as auto
ras citam
que
esses curso
s
implanta
dos em div
ersa
s institu
ições
por todo
o país f
oram
marca
dos “por tr
ês traços de cu
ltura:
cultura
do aligeirament
o,
cultura
da ambiguida
de e cultu
ra da
racionalidade
técnica”
(MERIAN e GIOVANNI, 2006, p. 139).
A
partir da LDBEN de 1996, Fe
rnandes (2014) afirma
que
houv
e um am
plo e
spaço para a
divu
lgação
das no
vas d
iret
rizes p
ara
os cur
sos de f
ormaçã
o de profess
ores,
mas
essas dire
trizes f
oram
vincula
das a
o discu
rso da nec
essár
ia orga
nicidad
e e identidade d
os
cursos
de formaçã
o, pautada
s pela cis
ão teoria/pr
ática
e
com ê
nfase
nas discu
ssões de
scolad
as da
realid
ade esc
olar.
Tais
m
udanças
ocorreram
sem uma di
scussão
coletiva,
desconsiderando
as
condiç
ões de tra
balho
e a cult
ura es
colar
prese
ntes na
s instituições
de
ensino. S
endo assim
, as diretrizes não possib
ilitar
am a superação
dos prob
lemas
relac
ionados
à for
maçã
o de profess
ores
.
H
ouve
ainda
uma subm
issão à
s dem
andas d
e me
rcado
,
que:
Apoiad
os na
prá
tica dissoc
iada
da r
eflexã
o teórica
, no
prag
matis
mo exace
rba
do e na peda
gogia
das compe
tênc
ias,
os
cursos, notad
amente nas instituições p
rivadas, passaram a fazer
da forma
ção
de pr
ofess
ores
uma
merca
dor
ia à dis
posi
ção
dos
consu
midore
s, in
clusive
com a ut
iliza
ção dos
recur
sos d
os sites
115
de compras coleti
vas para divulgação e venda de produtos
(FERNAN
DES, 2014.
p
.
112).
É
um gran
de e
quí
voco pensar a p
rát
ica di
ssoci
ada da r
efle
xão
teórica,
visto que
amb
as estão
em re
lação
.
Saviani (2005)
afirma que
a prátic
a será mais coer
ente e consisten
te, mais qu
alitativa
e
mais
desen
volvida
quan
do
a teoria que a
embasa
for mais c
onsistente
e
desen
volvida e
que
uma pr
ática s
erá tra
nsforma
da se exis
tir uma
elabora
ção teór
ica
,
justifi
c
ando
a nec
essid
ade da sua
tran
sform
ação,
propon
do as
formas de tran
sform
ação
. I
sso signif
ica pens
ar a pr
ática
a partir
da teoria. O au
tor
dest
aca
,
ainda,
a n
ecess
idade d
e se fazer
o
caminho inv
erso
;
pensa
r a teoria a
partir
da prátic
a, pois
“se a
prática
é o fundam
ento da teor
ia,
seu c
ritério de v
erdade e s
ua f
inalidad
e,
isto signif
ica que o d
esenvolv
imento da
teoria de
pende da
pr
ática
”
(
SAVIANI, 2005, p. 108). Nesse sent
ido, se as condiçõe
s da prática
são precá
rias
, também se criam d
esafios pa
ra o des
envolvimento da
teoria.
A forma
ção de pr
ofess
ores, s
egundo Fer
nandes
(201
4),
continua c
entraliza
da nas
instituiçõ
es priva
das que es
tão usa
ndo das
abert
uras leg
ais par
a
a fl
exibilizaçã
o do ensi
no sup
erior.
A
lgumas
dessas
instituições oferece
m curs
os
de três
anos, com períod
os de
duração d
as aulas e
ncurt
adas,
con
tratação
reduzi
da
de profes
sores
.
A
lém de problema
s com
a titulaç
ão dos docen
tes contra
tados
,
montam núcle
os comuns
que ju
ntam alunos
de vários
cursos
com
um único profes
sor, res
ulta
ndo em proble
mas que in
ter
ferem na
form
açã
o dos alu
nos e
cria
ndo
lacunas
com
o ris
co de c
omprom
eter
as futuras g
eraçõ
es. Alé
m disso,
116
Ao se for
mare
m em in
stit
uiçõ
es com gr
ande
s fra
gilida
des,
os
professores passam de
vítimas
a v
ilões,
já que,
ao
irem pa
ra o
mercad
o de t
rabalho, se
tornar
ão alvo
de c
ulpa e ju
lgament
os
sociais, recebendo c
ríticas acerca do
s parcos conhecim
entos que
domina
m, o q
ue refl
etirá
no proce
sso en
sino
-
a
pren
dizagem d
os
alunos
da edu
cação bás
ica (FE
RNADE
S, 2014, p
.
114)
.
A au
tora ta
mbém afir
ma
que, por
rec
omenda
ções do
s
organis
mos int
ernac
ionais
, a for
maçã
o de profes
sores
deve s
er ráp
ida
e complemen
tada pos
terior
mente com a
forma
ção co
ntinuada.
D
essa
forma,
a responsa
bilida
de de
continu
idade
dessa for
mação
é
transf
erid
a para o p
rofe
ssor o
u para as e
scolas
.
Na persp
ect
iva do organ
ismo i
nternac
ional,
trabalhadas
de
forma separada, as lacunas iniciais devem ser superadas com
esforços próp
rios dos professores que são encarados como
empresários de si mesmos (Ball, 2005) ou, po
r sua vez, das
escolas a quem são transferidas as responsabilidades de
formaçã
o que n
ão for
am cum
prida
s dire
ta ou in
dire
tamen
te
pelo p
oder
público
(FERN
ANDES, 2014,
p. 117)
.
Penso qu
e ter
consc
iênc
ia sobr
e
o
processo d
e for
ma
ção no
Brasil
, o que o
tor
na frá
gil e
os
pri
ncipais d
esafios
, seja
importante
para
todos os
envolv
idos
com a
educação,
porque somo
s frutos desse
process
o de for
maçã
o
e,
ao
refletir
mos s
obre
ele
, t
eremos cond
ições
de obter
ma
ior
co
mpreen
são da at
ual
reali
dade
educa
cio
nal
,
d
a nossa
própria co
nstitu
ição co
mo profes
sor
es
,
de
noss
as concepç
ões e
prática
s,
d
o motivo de
nossa
s dific
uldades
e
d
o que precisa ser
superado.
Merian e Giovani (2006)
afirmam que o cr
escimento da
esco
lariz
ação na
de
nom
inada
“esco
la de
massas”, faz
aume
ntar
as
117
desi
guald
ades re
ais, co
labo
rando
para pe
rpe
tuar e au
men
tar as
desigualda
des pelas
quais
os
futur
os prof
essores
serão respo
nsabi
-
lizados. Ta
l process
o será inte
nsificado
d
evido às inúm
eras turmas
de
alun
os q
ue pass
arão po
r
eles
e à
condição
que pe
rmeará s
uas
prática
s, ou sej
a, a falta
de preparo es
colar e cu
ltura
l.
C
ontra es
sa tendê
ncia de a
ligeira
mento do e
nsino de
stinado
às camad
as po
pulare
s
, segundo Saviani (2006),
s
erá pr
eciso def
end
er
o aprim
orament
o do
ens
ino dest
inado j
usta
mente à
s cama
das
popular
es, por m
eio da
pri
orizaç
ão do co
nteúd
o. “Os
conteú
dos sã
o
fundam
entais
e sem c
onte
údos rel
evant
es, con
teúdo
s signific
ativ
os,
a aprendiza
gem de
ixa de
existir, ela
trans
forma
-
se num
arremedo,
ela trans
forma
-
se numa farsa
” (S
AVIANI, 2006,
p.
55).
Ness
e contexto d
e alig
eir
amento d
o ensi
no, é pos
sível
visua
lizarmos a
lógica d
o capita
l im
pregnando
a
formaçã
o de
profess
ores, c
om a inte
nção d
e conser
var
a atu
al soc
iedade.
Tamb
ém o pr
ofess
or deve
ser pa
dr
onizad
o, u
m oper
ário a
mais.
De peque
na q
ualif
icaçã
o, p
ois mu
itos e
stã
o se for
man
do em
faculdades de fim d
e semana. O processo de ensino precisa ter
a obje
tivida
de da pr
oduçã
o indus
tria
l. A
dotem
-
s
e, po
rtan
to,
objetiv
os con
cr
etos, pequenos, mensuráveis; façam
-
se
detalhados planejamentos de ensino. E disseminem
-
se man
uais
colorid
os, il
ustr
ados e
, ac
ima d
e tudo,
com l
ivros
do pr
ofess
or.
Com exercícios e perguntas e, acima d
e tudo, com respostas
[
...
].
Assim que o prof
essor
, torna
do indife
renc
iado,
for
dispensado, qualquer out
ro assume
o
seu
pos
to, ver
ifica
o
caminh
o já per
cor
rido e
seg
ue par
a o ite
m seg
uinte
do
planejam
ento
[...]
(OLIVE
IRA, 1998
,
p.
22)
118
O
empobr
ecimento do tr
abalho promovido pe
la alienaç
ão
,
como aponta
Martins (
201
2),
exp
ressa
-
se
na dimensão objetiv
a, no
não at
end
imento
da fun
ção so
cial
da at
ivid
ade e
,
também
,
n
a
dimensã
o subjetiv
a,
expr
essa
nos
sentim
entos d
e falta
de sentido e
de impotência
,
perda de es
perança, de id
e
ais.
P
or con
sequência
, esses
sentimentos
resulta
m em
difere
ntes formas
de sofrime
nto
psicoló
gico ou
outras
forma
s de ad
oeciment
o
dos p
rofess
ores
.
Além diss
o, ao
romp
er a
articu
laçã
o entre o tr
aba
lho e s
eu
result
ado, a
alienaçã
o cria gr
andes contr
adições
na existência
human
a, poi
s as pessoas d
eixam d
e ser suje
ito
s
do desenv
olvime
nto
de suas
capac
idades individ
uais,
do seu destin
o, não des
envolve
ndo
sua ati
vidad
e cri
adora
nem
a a
uto
ria de
suas p
ráti
cas pe
dagó
gicas
,
convert
endo
-
s
e em meros
executor
es de ta
refas
.
“
Apenas r
etomando
para s
i o control
e conscie
nte da
s
transfo
rmaçõ
es das circ
unstân
cias e
de si
mesm
os, as p
essoas e
st
arão a c
amin
ho
da supe
ração da al
ien
ação
e das disso
nânc
ias en
tre a
s
dimensões obj
etiva
e subjetiva d
o trabalho
social
” (MARTINS, 2012, p. 464).
É importante ref
orçar,
com b
ase na c
itada
autora, qu
e o
produto d
o trabalh
o edu
cativo se r
evela na
promoção da
human
izaç
ão do
s homen
s, ou se
ja, na fo
rmaç
ão h
umana
.
Por isso
é
fundam
en
tal
a supe
ração
da ali
enação
e o des
pertar
de um
a
con
sciênc
ia para a
relevância da def
esa do ex
ercíc
io da a
tivida
de
criad
ora dos
profess
ores,
v
isto que
:
A al
ienação,
por ex
emplo,
do operá
rio da in
dústria
automo
bilís
tica não
compromet
e a qu
alidade
do autom
óvel
que
ele co
ntribui
para const
rui
r, mas a alienaç
ão do
trabalh
ado
r
profes
sor in
terf
ere de
cisiv
amen
te n
a qua
lidade
do pr
od
uto do
seu t
rabalho. O
trabal
ho educa
tivo p
ress
upõe
o h
omem d
iante
119
de outro homem de quem não
pode estar estranho (alienado),
fundando
-
se n
uma relação que é po
r natureza int
erpessoal e
mediada pelas apropriaçõe
s e objetivações d
esses homens
(MARTINS,
2011
a
, p.
5)
.
Sem
a supe
ração da al
i
enação
, as cam
adas po
pulare
s
continuar
ão se forma
ndo a partir de
conteúd
os d
e aprend
izagem
limitados
,
o que
contribui p
ara a man
ute
nção
do
sta
tus q
uo
,
portanto,
de
uma fo
rmaç
ão para
a d
esuman
izaç
ão. De
ssa fo
rma, é
essen
cial
que o prof
essor ou a pr
ofessor
a
compreend
a e s
e veja como
pertenc
ente a u
ma cla
sse socia
l que, prov
avelm
ente, nã
o é a
domina
nte e tenha
conhe
cimento “
da ideol
ogia de
domi
nação e a
explicita
ção da ex
istência de a
penas dua
s alterna
tivas:
ou se está a
serviço da m
anutençã
o do
status q
uo
da clas
se domi
nante ou
a serv
iço
da lut
a pel
a aboli
ção da s
oc
iedad
e de
classe,
isto é, do ca
pitalismo
”
(MARTINS, 2012, p. 460).
Trata
-
se de uma questã
o bem co
mplexa
. S
egundo a a
utora
,
a repr
odução a
té hoje
bem
-
sucedida
das condições de dominaçã
o
demonst
ra a p
oderosa
força
ideológica
que, com
seu
s inúmero
s
meios e m
étodos, mob
iliza os
indiv
íduos que,
mesmo s
em
compreend
ê
-
la, atuam
em
seu favor
. Assim
:
(...
) toda f
ormaçã
o escol
ar dev
eria
equipar
os indiv
íduos
com a
ideo
logia d
a classe
a
que pert
encem para que possam se alinh
ar
à causa d
e su
a própri
a emanc
ipaç
ão. Mas, p
ara tant
o, ess
a
formaçã
o prec
isa
prom
over a
apropr
iação d
os conh
ecime
ntos
hist
oricam
ente acu
mulado
s, da cu
ltu
ra cientí
fica e t
eóri
ca
-
técn
ica, co
ndição
prelimi
nar para a dec
od
ificaç
ão do re
al, para
a inte
rpretaç
ão d
os fato
s, para a su
peraç
ão das
aparênc
ias
,
enfim
, para
a imp
lement
ação da p
ráxis
(MARTINS
, 2012,
p.
461)
.
120
A temátic
a sobr
e a form
ação d
e profess
ores nã
o se es
gota
aqui
. É
muito mais amp
la,
mas
não é meu objetiv
o aprofundar
o
assunto
nes
t
e t
rabalho,
mas
apenas tenta
r direci
onar u
m pouco
o
olhar par
a a noss
a const
ituiçã
o enquanto
profiss
iona
is
da educação
e
c
ontribuir p
ara
a compr
eensã
o sobre
as r
elações
que per
mear
am a
nossa f
ormaç
ão
;
para
o porquê das l
acuna
s em noss
os
conhecim
entos
,
d
as nossas dificuld
ades e
p
ara
a neces
sidad
e de
superá
-
las.
Para
concluir
a reflex
ã
o sobre a
importâ
ncia
de ter
consciê
ncia dos
fat
os, p
odemos
fazer u
m pequ
eno ex
ercíci
o de
memória e i
lustr
ar a qu
estã
o sobre a c
onstituiç
ão
do profes
sor, a
nossa cons
tituiçã
o, real
izando u
ma retrospectiva
de
nossa pr
ópria
form
ação, d
esde a educ
ação b
ásic
a. Lemb
rando q
ue somos
seres
históric
o
-
sociais
, com
o foi a
nossa f
ormação?
E qua
is os resu
ltados
dessa fo
rmação
?
Penso
que todos
possuem u
ma lembra
nça de a
l
gum
conteúd
o que não comp
reend
eram
,
de q
ue
não cons
egui
ram
se
apropriar o
u de algum
a
disciplina
que deix
ou lacuna
s e
, no exercício
do magist
ério, per
ce
be
ram
a necessida
de e a importâ
ncia des
se
conteúd
o. Pos
so ex
emplifi
car
a par
tir
de minha
s
vivência
s. I
niciei o
meu percu
rso es
colar a
partir do ens
ino funda
menta
l e, ao pens
ar
rapida
mente s
obre tod
o o percur
so de f
ormaç
ão, co
nstato qu
e essas
lacunas
foram s
endo gerada
s desde o in
ício da m
inha histór
ia esco
lar,
inclusiv
e em rela
ção a
o conteúdo da
s div
ersas
área
s do conheci
ment
o
como: artes
, litera
tura, lí
ngua portu
gues
a, matem
ática,
história,
e
ntre o
utras
.
Lembro qu
e, nesse pr
oces
so, a
s avaliaç
ões eram
classif
i
ca-
tórias
e
os alu
nos eram c
ategoriza
dos
en
tre bons e r
uins
,
de acordo
121
com
a nota
. A
avaliação não
tinh
a o obje
tivo de
ve
rificar
o cont
eúd
o
que o
alun
o não sabi
a para
, em seguida
,
ensin
á-
lo. Par
a exemplifica
r
essa quest
ão
, cito uma área espec
ífica em que
o e
nsino foi mais
precário pa
ra mim
:
a matemátic
a
.
L
embro
-
me que
a memorizaç
ão
era prioriza
da e inc
entivad
a
.
A
ssim, para consegu
ir fazer a
s ativ
idades
eu tinha
que d
ecorar
os c
onteúdos
sem compr
eendê
-
los
direit
o e
conseguia
atin
gi
r
a not
a nece
ssária para
pass
ar de
ano, que pod
eria
ser a mé
dia.
En
tão
, o conj
unto das ava
liações
, embo
ra ap
resentas
se
not
as médias
ou abaix
o de
sse pad
rão, n
ão serv
ia para
resgata
r
os
conteúd
os
não apr
endidos
pelos alunos
. N
ovos c
onteú
dos era
m
aprese
ntad
os, d
eixand
o lacunas n
o processo d
e
apren
dizage
m.
Este
pequeno
, mas signific
ativo exempl
o,
demonstr
a que tais
prática
s
—
ao
prioriza
r
a
pe
nas a me
mor
ização
e
a trans
missão
dos
conteúd
os de form
a mec
ânica
—
não
contribu
íram par
a
a
compre
ensão e a
apro
priaç
ão dos c
onheci
mentos
na
referida
área
.
Também não con
tribu
íram pa
ra qualquer
outra área
do
conhecim
ento
,
dado que
essa
s prá
ticas também era
m recorren
t
es
,
crian
do
outras l
acunas
q
ue result
avam e
m conhecimento super
ficial.
O
conhecimen
to
adquirid
o
por métodos tra
nsmissiv
os e de
memorizaç
ão
, conforme Libâneo (2004),
não se c
onve
rte em
ferramenta
para lid
ar co
m a div
ersidad
e dos fen
ômenos e
situaç
õ
es
que oco
rrem na vida prática. O
ensino ma
is ativo
e eficaz pa
ra a
formaç
ão da p
ersonali
dad
e é aquele
que s
e bas
eia no
desenvo
lvime
nto do p
ensa
mento t
eórico
, e
:
Tra
ta
-
se de um processo pelo q
ual se revela a essênci
a e o
desenvolvimento dos objetos de conhecimento e, com i
sso, a
aquisição de métodos e estratégias co
gnitivas gerais de cada
ciência, em função de analisar e resolver problemas e situ
ações
122
concre
tas da
vida
prática
. O pe
ns
amen
to teóric
o se f
orma
pelo
domíni
o dos pr
oced
imen
tos ló
gicos
do pen
samen
to, q
ue, pe
lo
seu c
aráter ge
neraliz
ador, p
ermit
e sua ap
licaç
ão em vári
os
âmbit
os da apre
ndiz
agem (L
IBÂNEO
, 2004, p. 1
6)
.
R
efletir
,
en
fim, sobre
o qu
e foi l
evanta
do e de
nunc
iado p
elos
diverso
s pesq
ui
sadores
da ed
ucaç
ão em rela
ção à
formaç
ão de
profess
ores
; sobre
as le
mbr
ança
s do noss
o proc
ess
o de for
maçã
o,
sobre
algumas prátic
as que foram u
tilizadas
conosco
,
os re
sultado
s
de tais prá
ticas
e
sobr
e a intencionalid
ade do sist
ema vigen
te na
limitaçã
o dos
conteúd
os nas formaç
ões,
po
ssibilita
maior
compre
ensão sob
re a nos
sa
constitui
ção enq
uanto
ser huma
no e
profissiona
is
da educação
.
Ness
e contexto,
torna
-
se funda
mental
a
o pr
ofissi
onal da
educaç
ão
ter a
co
nsciência de pertencer
a um
a classe
so
cial,
que n
ão
é
a classe do
minan
te e
que
, para se
eman
cipar
,
terá q
ue deixa
r de s
er
passivo
e
indiferente,
supera
ndo
a condiç
ão de m
ero exec
utor,
de
alguém que
soment
e segue a
postilas e
livros
didátic
os para
tornar
-
se
sujeito aut
or, moven
do
-
se em bus
ca de nov
os cami
nhos e
evitand
o
a repro
dução
das p
rátic
as
equi
vocad
as do p
assado
, ou se
ja, ap
ren
der
a partir
de sua pr
ópria histór
ia, promove
ndo o seu
desenvolv
imento
e
const
rui
ndo
uma nov
a reali
dade.
Além d
essas con
sider
ações,
c
heg
ar à
consciê
ncia dos
problemas
e
dos desafios
poderá s
er um ponto de pa
rtida pa
ra
superá
-
lo
s,
lembrando que
,
em rela
ção à ed
ucaç
ão, n
ós
,
profes
sores
,
sempre
nos situ
aremos
nes
se proc
esso d
e forma
ção co
ntinua
da com
o
partic
ipantes
e promot
ores
de forma
ções
. D
ep
endendo da
noss
a
opção
,
será poss
ível colab
orar
ou não par
a o movim
ento da his
tória
e para
a promoç
ão do dese
nvolvim
ento hu
mano.
123
2
.1
.
1 O
de
saf
io de t
rabalhar com
a art
e lit
e
rária na
Educação In
fant
il
Com as cons
idera
ções ant
eriores
, é poss
ível c
onstata
r que a
educa
ção no Bra
sil, d
e for
ma gera
l, apr
esenta
muitos
desa
fios que
se
refletem na E
duca
ção Infantil, j
á que tud
o está c
onca
tenado. Alé
m
das qu
estões lev
antada
s sob
re a for
maçã
o geral do p
rofess
or, outr
os
desaf
ios tamb
ém surgem
em decor
rência
desse p
rocess
o como o
ensino da a
rte liter
ária e a
rtes vis
uais, por
meio do livr
o il
ustrado,
nesse segm
ento.
O trabalho com a
arte liter
ária
e artes visu
ais constitui
grande
desafio, por
que a forma
ção inicial e a
formaç
ão profissional d
o
pedago
go, como j
á
foi
ressaltad
o
anteriormente,
p
ossui
lac
unas
,
e
não seri
a difer
ente
nessas
áreas
. O profes
sor a
o depa
rar
-
s
e com uma
turma de E
ducaç
ão Infan
til, sendo
um
educ
ador
generalis
ta, terá
que tra
balhar
com cont
eúdo d
as div
ersa
s áreas
do conhecim
ento,
inclusive com a
s linguag
ens artís
ticas.
E nesse momento sur
gem
muitas dif
iculdades
e equí
vocos nas
prática
s.
Lembr
o
que
o
trabal
ho
com a arte poss
ibilita
o desenvolv
i-
me
nto
das funçõe
s psíquicas superi
ores e a cri
ança ou o adul
to
poderá a
tuar
como suj
eito a
tivo, a
utor de s
uas produ
ções, poi
s “se o
homem,
como ser
verda
deir
amente
humano,
é sobretudo u
m ser
criad
or, a a
rte é uma
esfera onde
essa
potênci
a de cri
ação s
e explicit
a
renovada
e ilimita
damente
[...]
graças
à
arte, enrique
ce
-
se e
aprof
unda a n
ossa re
lação com a
re
alid
ade
”
(V
ÁZ
QUEZ, 1978, p.
114).
Assim, o
trabalh
o com
a arte n
a esco
la se
torna e
ssen
cial.
A
formação defic
itária
em rela
ção
à
arte, des
de o ensin
o
básic
o, resu
lta em aç
ões pedagóg
icas qu
e na maior
ia da
s vezes sã
o
atos es
pontâne
os ou
de e
xerc
ícios m
ecânic
os
. C
om
o exempl
o, nas
124
artes v
isuais
, ainda é muito comum a
pintura em de
senhos pro
ntos,
ativida
des mer
amente d
e c
oordena
ção motor
a
e
cópia
s. Tais açõe
s
impedem
que as cri
anças de
sen
volvam a i
magin
ação, o
pensam
ento
e a ati
vidade
criad
ora,
fo
rmadoras
das
bases para
a constituiç
ão do
sujeito a
utor
. E
ss
e mesmo proc
esso pod
e ser ob
serva
do
no
s trabal
hos
com a li
nguage
m verba
l
em qu
e poucas s
ão
as prá
ticas qu
e
incentivam
ou pr
omovam
o desenvolv
imento da
capacidade
aut
oral
.
Dessa
forma
, a potência
de cria
ção nã
o é
considerada
e a
relaçã
o com a r
ealida
de torna
-
s
e limitada
. É como
se uma lente
“embaç
ada”
m
edias
se a r
elação
entre a rea
lidade e o s
ujeito
,
comprom
etend
o
sua
compreensã
o de mu
ndo.
Para
melhorar
esse
cená
ri
o
,
faz
-
se necessá
rio
a
formação
continuad
a de prof
esso
res, poss
ibilit
ando
condiç
ões de s
e
apropr
iarem do
conh
ecim
ento teór
ico
para
assumi
-
lo
tan
to n
o
discur
so como na pr
ática.
Ma
s de que forma
?
“Entre a teo
ria e a
ativida
de prática
transformad
ora se inser
e um trabalho de educaç
ão
das c
onsciênc
ias, d
e org
aniza
ção dos
meios
mat
eriais
e pla
nos
concret
os de
ação; tu
do iss
o como
passo i
ndispens
ável
para
desenvo
lver a
ções rea
is efe
tivas
”
(VÁZQUEZ,
2011, p. 237).
T
oda aç
ão ver
dadeira
mente hu
mana
, de acordo com
Martins (2012),
pressu
põe a consc
iência de u
ma fina
lidade
que
precede a
transf
ormaç
ão c
oncreta da
realid
ade.
A atividade essencialmente humana é ação materi
al, consciente
e objetiva, ou seja: é práxis. [...]
qu
e outra coisa não é, senão a
real
dimens
ão aut
ocria
tiva
do
homem,
manif
esta
ndo
-
se tanto
em su
a ação obj
etiva so
bre a realid
ade qu
anto na co
nstruç
ão de
sua pró
pria s
ubjeti
vidad
e (MARTINS,
2012, p.
457)
.
125
Segundo Rubinstein (2017)
,
par
a o desenv
olvim
ento do
homem e par
a o proc
esso da
educa
ção é de fu
ndamenta
l importânc
ia
o crescimento da consciência. Ter consciência significa conhecer,
compre
ender os
caminh
os e as
leis de des
envolv
iment
o da soci
edade
,
as causa
s das di
ficuld
ades e as m
anei
ras de s
upe
rá
-
las. É
se
r
consciente:
[...]
quem tem por in
imi
go in
concil
iável
tudo
quant
o suje e
enfei
e a vid
a human
a. Uma
consc
iênci
a autê
ntica e e
fic
az
signifi
ca ta
mbém
o que a
caba
mos de d
izer.
Forma
r no h
omem
essa ati
tu
de ant
e a vid
a cons
titu
i um
a das tare
fas c
apit
ais d
a
educa
ção, e is
so sign
if
ica prestar u
ma aju
da real à ed
ifi
cação
de
uma nova soci
edade, à criação de cert
as relações novas e
human
as entre o
s ind
ivíduo
s (RUBI
NSTEIN
, 2017, p.
128)
.
Todo indivíduo
é
a
o mesmo te
mpo
objet
o
e sujei
to da
educaç
ão
. O citado aut
or afir
ma que
o proc
ess
o educa
tivo é
insepará
vel da própr
ia vid
a dos ser
es humanos
, sendo
qu
e
tod
a ação
human
a
se
reflet
e no desti
no de outros i
ndivíd
uos,
contendo uma
determinad
a car
ga mora
l, posit
iva ou n
egativa
. E
xerce um
determinad
o efeito edu
cativo, por
isso a impor
tância
de que cada
pessoa
tenha c
onsciênc
ia d
e seus a
tos e os a
vali
e.
Miller (2012)
argume
nta que
é por meio do conhe
cimento
historica
ment
e acum
ulado qu
e se des
envol
ve o pens
ament
o
científico,
a co
nsciência
, qu
e permit
e ao h
omem v
er e pensa
r o
mundo para
além das
ideias pré
-
concebidas, das crendices, dos
tabus,
d
as idio
ssincrasi
as, do
senso
comum,
entre outros
aspectos
.
É preponderantemente por esse conhecimento
que se
desenvolvem as consci
ências dos homens q
ue passam a ter a
126
possi
bilidad
e de anali
sar e
cri
ti
car o mu
ndo d
as comp
lexas
relações sociais, eco
nômicas e culturais à sua
volta e,
conseq
uente
men
te, mai
or poss
ib
ilidade
de êx
ito ao in
ser
ir
-
se
nesse m
undo
(MILLER,
2012, p.
484)
.
C
onforme Saviani (2012, p. 108
), “quem fa
z o sist
ema são
os homens qua
ndo ass
umem a teoria na
sua
práxis
. E quem faz
o
sistema
educa
cional sã
o os edu
cadores
quand
o assumem a teor
ia na
sua práxis ed
ucativa”
.
F
ica evidente, porta
nto,
a relevân
cia de
uma
educa
ção da
s consci
ências
, de mei
os e pla
nos de a
ções concreta
s,
para
possibilita
r
a ap
ropr
iaçã
o do con
heciment
o e, p
or
con
sequên
cia, a p
rátic
a transf
ormad
ora.
Ness
e sentido,
a apr
opria
ção dos
conteúd
os da
s diver
sas
área
s do conh
ecimen
to
,
sejam
eles
filos
óficos
, cien
tífico
s
ou
artístic
os
,
torn
a-
se impr
escindíve
l para
o
professor,
visto que
,
p
ara
Saviani (2006), priorizar os conteúdos é a única forma de lutar
con
tra a farsa do
en
sino
.
O que isso sig
nifica
?
[...]
o domínio da
cultura c
ons
titui in
stru
mento ind
ispen
sáv
el
para a part
ici
pação po
lítica d
as massas. Se o
s membro
s das
camada
s pop
ular
es não domin
a
m os conte
údos
cultur
ais, e
les
não podem fazer valer o
s seus i
nteresses, porque fi
cam
desar
mados c
ontr
a os
domi
nad
ores, que se servem exatamente
desses conteúdo
s culturais para legitimar e consolid
ar sua
domi
nação (SAV
IANI
, 2006, p.
55)
.
Ao defender
essa
ideia sob
re a impor
tância
da apropr
iaçã
o
do conteú
do cu
ltura
l, o o
bjetiv
o é prom
over o
dese
nvolvim
ento d
o
ser humano em s
ua integralid
ade, com au
tonomia, com a
capaci
dade c
riado
ra desen
volv
ida, p
ara que seja p
ossí
vel c
riar as
127
condiç
ões neces
sár
ias para
a transf
ormaçã
o de sua rea
lidade
. No
entanto
, pa
ra a
lcança
r tal objetivo,
penso qu
e o con
teúdo não p
ode
ser simpl
esmente
trans
mitido c
omo
n
um
ato
mecânico
;
é
fundamental
que qua
lquer c
onteúdo da E
duca
ção Infantil
—
ou
de
outros s
egment
os
—
sej
a pens
ado, qu
estiona
do, r
efle
tido, d
ialoga
do
com os alunos
para qu
e
lhes
f
aça sent
ido
, para qu
e se torne pa
rte de
sua indiv
idualida
de como
instru
mento de
emanci
pação, pois
el
es são
os
destinatá
rio
s
da educação
.
Procurei
trazer para a formação c
ontinuada d
o professor e
sse
mesmo pensa
mento s
obre a
educaç
ão e a importâ
ncia da
apropria
ção
dos conteúd
os, porque a
o
possibilita
r
a ap
ropr
iação d
e
conhecim
entos
que fa
çam s
entido a
o prof
essor
, é
possív
el que s
e
motivem a r
ealiza
r as mu
dança
s necessá
rias em s
uas pr
áticas
. A
o
domina
r qual
quer t
ipo de
conhecim
ento,
segu
ndo L
eontiev
(1978)
,
o que tem imp
ortância
decisiv
a é
saber
qual
lugar ocup
a o
conhecim
ento na
vida do homem
;
se para ele
é
parte de s
ua au
têntica
vida, como
órgão d
e sua in
dividua
lidade
,
o
u s
omen
te
uma
condiçã
o
externa d
esta.
O
sentido do tr
abalho
educ
ativo, ta
nto para
os pr
ofess
ores
como pa
ra a
s cria
nças
, é fazer
com qu
e os c
onte
údos
se tor
nem
órgãos de s
ua ind
ividualid
ade
;
é
desenvolv
er nas
pess
oas u
ma rela
ção
de respei
to ao qu
e estud
a par
a que os
conhecim
entos s
e torne
m
vivos. É
preciso educ
ar a atitu
de para c
om os conh
ecimentos
, pois
esta
é a essência
do caráter
consci
ente do es
tudo
(LEON
TIEV,
1978).
Não
é
possível contr
ibuir
para a fo
rmação i
ntegral
das
pessoas
se
houve
r privação
de acess
o aos c
onteúdos cu
ltura
is e
teóric
os
,
result
a
ndo
em limitações na compr
eensão da
realidade, que
128
possiv
elment
e terão com
o recu
rso de a
nálise dos
fatos
e dos
aconteci
mentos
, ap
enas o
conheci
mento
empír
ico
.
O
pensament
o
empírico, segundo Martins (2011),
se constitu
i com a repres
entação
derivada
diretament
e da ativida
de sensorial d
o homem, express
a
verba
lmente por p
alav
ras d
enominad
oras,
sendo uma
forma
primária
de se pensar
que
envolve as ca
racterís
ticas dis
tintas do
objeto tal c
omo
se
revela em sua
existência pr
esente
e imediata
.
Por cons
equê
ncia, a
s pes
soas
que poss
uem ap
enas o
conhecim
ento em
pírico c
omo refer
ência poderã
o se tor
nar um a
lvo
fácil par
a os in
teresses
e ma
nipulaçã
o da cla
sse domi
nante,
conduzindo
-
os fa
cilmente à
crença em notícia
s fals
as (
fake news
), em
dog
mas, a ne
gação
dos fato
s, a ne
gação
da ciê
ncia, a ne
gação
da
educaç
ão,
gerand
o
a into
lerân
cia, a vio
lên
cia, a barb
árie
, a
indifer
ença em
relaç
ão aos
proble
mas s
ociais e a
outra
s form
as
desum
anas de
ação.
P
or isso
,
t
orna
-
se necess
ário comb
ater,
relembra
ndo e r
eforça
ndo
as palavras
de
Rubi
nste
in
(2017, p. 128)
,
“
tudo q
uant
o suje e en
feie a vid
a humana”.
O
profes
sor tem
um
papel funda
mental nes
sa luta
, devido
à
especific
idade de s
eu
trabalh
o
: a
formação d
e pess
oas.
Penso
que
,
por m
eio da f
ormaç
ão continua
da
e
d
a
apropr
iaçã
o do conhec
imento,
poder
emos v
is
lumbra
r um momento
em que o pr
ofessor
cons
iga ol
har par
a uma cria
nça em s
ua
totalidade, c
omo ser a
tivo, pens
ante e capaz.
E tenham c
ondições de
criar ações pro
mo
to
ras d
o desenvo
lviment
o inte
gral
das crianças e
possibili
tem a trans
formaç
ão da
realidade.
U
ma via
para
que ess
es conhec
iment
os chegu
em até
a escola
de e
ducação
básica,
segundo penso, s
eria u
m diá
logo entr
e a
univers
idade
e as es
cola
s
de div
ersos s
egmen
tos
que resultaria em
129
pesquis
as for
mativa
s, cur
sos de forma
ção de pr
ofess
ores, div
ulgaç
ão
e compartil
hamento de
materiais
, grupos de estud
o para os
profess
ores d
o ens
ino bá
sico,
e
ntre outros
.
Por
qu
e, conform
e o
relat
o das p
rópri
as pro
fesso
ras de e
ducaç
ão bási
ca,
na mai
oria d
as
vezes, o c
onhec
imento p
roduzido
nas u
nivers
idades
não chega à
s
escolas.
Dessa
forma, vej
o esta pesqu
isa como
uma poss
ibilidade
de
diálogo
entre a
univers
ida
de e a es
cola
de Educação
Infan
til,
por
meio de u
m traba
lho de c
ooperaç
ão
que promova
o
desenvolv
ime
nto d
e todos
os envol
vidos
.
Ao pensa
r sobr
e o mom
ento c
rític
o pel
o qual pa
ssa
mos, em
funçã
o do contex
to polít
ico e edu
caciona
l vig
ente,
vimos
que muito
tem
contribuído pa
ra o a
umento da desv
alorizaç
ão e precar
ização do
ensino públic
o; mais
uma tentativ
a
de
conv
erte
r
a ed
ucação e
m
mercadori
a
,
desqualifica
r
o conh
eciment
o e a
ciênc
ia por
meio
da
negação d
e s
eus valores
É vis
ível a necess
idade ur
gente de nos
coloca
rmos c
ada v
ez
mais na r
esistênc
ia e na lu
ta
em
favo
r de uma e
ducação
públ
ica que
acredita
mos ser de
qualid
ade,
com
promet
endo
-
nos
com a g
arantia
dos cont
eúdos
.
E,
assim, seguir per
siste
ntemente
em direção a
os
nossos s
onhos
e des
ejos
de que,
em
breve
, as práticas e
scol
ares
possam tr
azer co
ntribuiçõ
es reais
a
o desenv
olvime
nto
integ
ral
das
crian
ças
—
o
s futuro
s adult
os
—
proporcionand
o
-
lhes
c
ondiçõ
es
para a
tuarem d
e forma c
onscien
te
na
transformaç
ão criati
va de su
as
reali
dades
para
con
struç
ão de
uma soc
iedad
e mai
s humana.
130
2
.1
.
2
A
f
orm
açã
o de profe
s
s
ore
s e
m horá
rio de
A
T
PC
Para
que poss
amos per
seguir
noss
os objet
ivos d
e trazer
contribuiç
ões reais
para
o desenvolv
imento da
s cria
nças, s
erá precis
o
primeirame
nte pensar
mos em pos
sibilidades
para ajuda
r o profess
or
e a profes
sora
a ter melhor
es condiç
ões de atua
rem em su
as prá
ticas
de forma
conscie
nte e in
tenci
onal.
É
o professor
que,
no exercíc
io
de seu tra
balho, poss
ibili
tará o des
envolvime
nto das
criança
s por
meio de um
a
ed
ucação
desenvolve
nte. F
oi pensando nessa q
uestão
que a pes
quisa
envolv
eu a forma
ção de pr
ofes
sores d
e uma esc
ola
municipal.
É important
e esclar
ecer qu
e no Sistema M
unicipa
l de
Ensino,
no qual foi r
ealiz
ad
a esta
pesquisa
, devido
à
e
strutura e ao
organ
og
rama da Educ
ação
Inf
anti
l, não e
xiste a fi
gura do
coorde
nador peda
gógico
;
o diretor é o res
ponsá
vel pela p
arte
administ
rativa
e pela
coor
denaçã
o pedag
ógica da
esc
ola.
Na fu
nção de c
oordenador
pedagógic
o
, o diretor t
em como
principais a
tribuiç
ões a or
ientaçã
o na ela
boraçã
o dos pla
nejame
ntos,
a
col
aboração
na o
rgani
zação
das rot
inas,
a form
ação c
ont
inuada d
os
profess
ores em hor
ário
de
Ativid
ade de Tr
aba
lho Pedag
ógico
Coletivo
(ATPC)
e em horári
o
de
At
ividade
de Tr
abalho
Pedagóg
ico Indi
vidua
l
(ATPI).
Deve
priorizar
,
durant
e a fo
rmação
dos prof
essores
, as
divers
as áreas
do conhecim
ento e os
respec
tivos
conteúd
os pres
entes na
Proposta
Pedagóg
ica da
Educa
ção Infa
ntil
do municípi
o, na pers
pectiv
a da T
HC
.
F
oi ness
e proc
esso
de for
mação de pr
ofessor
es, ao
es
tudar
os
conteúd
os pres
entes na
Proposta
Pedagóg
ica da
Educa
ção Infa
ntil
do município, es
pecifica
mente, aqueles
refer
ent
es à
arte literá
ria
,
131
bem como,
nas
pesquisas
e estudos sob
re a a
rte liter
ária em algumas
discipli
nas do cur
so de pós
-
graduação,
que
observ
ei
a necessidade de
compart
ilhar
os c
onteúdos
com as prof
essora
s, pa
ra q
ue elas
tiv
essem
condiç
ões de condu
zir o pr
ocesso d
e
ensino
de for
ma consc
iente,
pensando e e
labor
ando aç
ões pedagó
gicas
em arte l
iterár
ia, mai
s
aprop
riadas p
ara o
desenvolv
imento
das crianç
as.
Acredito
que, se o
profess
or ou a
profess
ora n
ão poss
u
i
conhecimento s
obre a literatu
ra
infanti
l, s
e nu
nca v
ive
nci
ou
produç
ões de
text
os n
arra
tivos de fo
rma
coletiv
a ou
individual
,
certamente
teria
p
oucas
condições d
e oferec
er
esses
conteúdos d
e forma
adequ
ada,
para
desenvolver a
autor
ia das
crian
ças.
O que me faz lembrar
do
ditado popula
r: “Ningu
ém dá o
que não t
em”
.
Desse mod
o, o horá
rio d
e ATPC tor
nou
-
se uma
possibilida
de para c
ompar
tilhar os conh
ecimentos
com tod
o
s
o
s
profess
or
es,
com o objetiv
o de superar a
s
dificu
ldades
e as p
rát
icas
equivoca
das
em rela
ção à
arte li
terária
.
A
o mesmo t
empo,
a
articula
ção da
temática
-
livro ilustra
do e o desenvolv
iment
o
humano
-
ao proj
eto de
pesqu
isa,
que dev
ido a
min
ha cond
ição d
e
diretora
/coor
denad
ora e,
simulta
neament
e
, de
pesquisa
dora,
possibili
taria
melhores
condições
para co
orde
nar a for
mação
,
criando uma
via de mã
o dupla entre a
universida
de e escola de
Educação
Básic
a, ratif
ican
do
,
ai
nda,
a impor
tância
da meto
dologia
utilizada
-
o experimento didá
tico
-
for
mativo,
que se
rá a
bordad
o no
próximo item,
com o ob
jet
ivo de
oportuniz
ar o a
cess
o a
o
conhecim
ento e muda
nças
nas práti
cas d
os participantes.
132
2
.2 Planejamento do exp
erimento didá
tico
-
form
a
t
ivo
com
a art
e lit
e
rária
Por meio da
descriç
ão d
o process
o de plan
ejame
nto e de
execuç
ão do exp
erime
nto didá
tico
-
for
mativo, pre
tend
o
possibilit
ar
melhor vis
ualizaç
ão do todo
:
os objetiv
os par
a a es
colha do
s
conteúd
os,
os conteú
dos
, o seu d
esenv
olvim
ento,
os des
afio
s
propost
os, como oc
orreu o process
o de cria
ção da
s narra
tivas
, como
foi o pr
ocesso d
e criação das il
ustraçõ
es até
a
produção fina
l.
A form
ação fo
i pl
anejad
a e e
strut
urad
a com u
ma c
arga
horária
aproxima
da de 60 horas, divid
id
as
em 30 enc
ontros de du
as
horas,
que aco
ntec
eria
m
às
segundas
-
feiras
,
das 17h15min às
19h15min,
na própr
ia Unidade E
scolar,
na qual a
s partic
ipantes
mini
stravam as aul
as. O r
est
ante do
s horári
os das ATPC
s do ano
,
aproxi
madam
ente
18 horas o
u
n
ove
di
as,
foi
reservado
para a
possibilida
de de
cursos
e
o atendimento
às
convocaçõ
es da
Secre
taria
da Educaç
ão
;
para
o desenv
olvimen
to de c
onteúd
os
de outra
s ár
eas
que surg
isse
m como ne
cess
idade ur
gente de for
mação
,
e
para
possív
eis revis
ões de con
teú
dos
necessári
a
s para a
ap
ropr
iação p
or
parte do
prof
essor.
Participa
ram dess
a forma
ção seis
professor
as
. A
penas duas
professor
as não pu
deram par
ticipar da
formaçã
o completa; pois
,
uma pr
ofessor
a teve u
ma interrupç
ão de seis
meses,
devido a uma
licença ma
ter
nidade, d
epois
retor
nou dand
o c
ontinuida
de à
formaçã
o; outra pr
ofessor
a pa
rticipou,
em um pri
meir
o moment
o
,
a
distância, por não
ter
a
sede p
ara
ATPC em nossa Unida
de Esc
olar
e
no segundo s
emes
tre, el
a se tr
ansfer
iu par
a a nos
sa esc
ola e pas
sou
a partic
ipar pres
encialmen
te.
133
Em todos os
encontr
os foi ap
resentad
a
um
a paut
a d
a aula
para pos
sibilitar
o conhecimen
to do percu
rso do
dia, cont
endo
sempre u
m ite
m para
ava
liaçã
o em forma d
e “pont
o de ob
serva
ção”
,
que consistia
em uma per
gunta que dev
eria ser r
espondida a
o final
do encon
tro.
O ponto d
e observaç
ão é
um instru
ment
o met
odológico
de
avaliação
que
era uti
lizado p
elo “Espaço
Ped
agógi
co”, em
todas as
aulas, asse
ssori
as ou p
alest
ras.
O “Espaço Peda
gógico”
, coordena
do
pelas profes
soras
Mada
lena Freire, Julia
na Dav
ini e Miria
n Celest
e
Martins
, foi uma esc
ola de formaçã
o continuada,
de
cujos curso
s eu
tive a opor
tunidade d
e par
ticipar.
Lembra
mos que o pon
to de ob
serva
ção tem c
omo obj
etivo
o exercíc
io de trazer
à tona
os conteú
dos que for
am dis
cutidos
e
trabalhado
s durante o
s encont
ros para verif
icar:
[...] o q
ue se
sabe e, abri
ndo es
paço
também p
ara o que
ainda
não se sabe e que precisa ser pesquisado, estudado e pensado.
Liga
-
s
e ass
im ao pla
nej
amento,
com enca
min
hamen
tos do
educa
dor par
a a
contin
uida
de e apr
ofunda
men
to do
conhe
cimento
(MARTINS
, 1996, p.
15).
C
onfor
me a auto
ra,
o pont
o de obs
erva
ção
co
nstitui a
avaliação
da au
la e se
con
cret
iza em u
ma pe
rgunta esc
olh
ida no
início
d
o encontro e que instru
mentaliza
o olhar para
focalizar
aspect
os que
poderã
o traz
er n
ovas
relações
e ques
ti
oname
ntos.
Ele
recai s
obre ques
tões
relat
iva
s ao a
prendiza
do indiv
idu
al par
a que o
educa
ndo perc
eba o que a
prendeu,
o que foi
mais s
ignifica
tiv
o; em
que aspect
os quer a
profu
ndar o estu
do, co
mo foi
su
a par
ticipação
no grupo, en
tre outr
os
. C
om os
pont
os de
observ
ação r
egistra
dos,
o
134
professor
coordena
dor tem um impor
tante i
nstrument
o para o
planejame
nto e par
a suprir a
s falta
s e necessidades
que foram
perc
ebid
as nas aval
iaçõe
s.
Além
da avali
ação di
ária,
fo
ram
utilizad
o
s,
como prátic
a
comum n
os encon
tros
antes
de inic
iarmos
as d
iscus
sões dos
conteúd
os, algu
ns questio
namentos
sobr
e o qu
e ser
ia
abord
ado par
a
saber as hi
póte
ses das p
rofessoras
;
o que
sabiam
, o
que
não
sabiam,
com o obj
etivo d
e conh
ecer
o nível de d
esenv
olvim
ento rea
l.
Os conteúdos
principa
is
a serem t
rabalh
ados n
a fo
rmação
foram selec
ionados a
pós es
tudos da
bibliografia
inic
ial
. O
objet
ivo
era
formar
uma ba
se teórica s
obre ar
te literária,
amplia
r o repertóri
o
das pr
ofessor
as em r
elação a
os livr
os
ilustr
ados, liv
ros de imagens
;
estudar
sobre par
atextos,
estratégia
s de leitur
a, tip
os de livr
os com
ilustra
ção, tipos de d
iagrama
ção
e
algu
ns
elementos da
sintaxe v
isual
.
O
utros co
nteúdos
que pu
dessem c
ontribuir
para
o d
esenvolviment
o
da ativ
idade
criado
ra e
para
a
escolha inte
ncio
nal
dos e
lement
os
verbais e vi
suais
também
poder
iam s
er ab
ordados
para melh
or
a
r a
expre
ssão
das
p
roduç
ões
escrita e vi
sual
. O
s con
t
eú
do
s, e
nfi
m
,
deve
riam d
ar
condiç
ões d
e se
objeti
varem e
m um
livr
o ilustr
ado d
e
form
a autoral
.
Ess
a ideia d
e produç
ão au
toral s
urgiu d
evido a
o fat
o de
eu
acred
itar qu
e seja complic
ado para o profes
sor ou pa
ra a pr
ofessor
a
trabalh
ar co
m as crian
ças, vi
sando
a
des
envol
ver a
ima
ginaçã
o e a
autoria
delas se a
própr
ia pr
ofessora
não acred
ita ness
a possib
ilidade,
pois sente
-
se
incapaz para escrever um
texto narrativo
ou
para
desenhar o
u ilustrar uma
histó
ria.
O
trab
alho
de fo
rmação
e prod
ução aut
oral d
e uma n
arrati
va
não prete
ndia
faz
er com que as professoras vi
slumbrassem um
futuro
135
como
artis
tas ou es
critora
s profiss
ionais, porqu
e a litera
tura
é um
campo muit
o amplo e
complexo qu
e demanda
ria
formaçã
o e
conhecim
entos
específ
icos
nessa
s ár
eas.
O
s o
bjet
ivos f
oram:
proporci
onar mom
entos
de produ
ção de tex
tos,
no
s quais
as
profess
oras
pudess
em de e
xpres
sar
por meio d
e pala
vra
s e imagens
,
dese
nvolve
r a perce
pção
, a imagin
ação, a at
ividade
criad
ora
e
vivencia
r o pr
ocesso c
riad
or, c
onstata
ndo que a
cap
acida
de au
toral
pode s
er des
envolv
ida em
qualqu
er id
ade, d
esde q
ue a pes
soa s
eja
inserida em
u
m proc
esso
de
educação
desenvolv
ente
e,
assim
,
ter
condiç
ões de of
erecer
um
ensino s
ignif
icativ
o e d
esenvo
lvente
també
m às cri
anças.
É importan
te consid
erar
que, conf
orme Vazqu
ez (
1978),
Marx e En
gel
s conce
biam um
a socie
dade
na qual a c
riação ar
tíst
ica
não
seria
nem a “atividade ex
clusiva
em indivíduos
excepciona
lmente d
otados
, nem ta
mpouco u
ma ativ
idade exc
lusiva
e única.
É, por u
m lado
, uma
socieda
de de hom
ens
-
artistas,
na
medida em qu
e não ap
enas a a
rte, mas o pr
óprio tra
balho,
é
expressão d
a natureza cri
adora
do
homem
”
(
MARX e ENGELS,
apud VAZQUEZ, 1978,
p.
325).
Portanto,
o própr
io traba
lho das
profess
oras
pode se torna
r
a expr
essão d
e sua
natureza c
riador
a. As
sim, tod
os os
conteúd
os
foram pl
anejad
os de f
orma
sequenc
iada pa
ra os
encontr
os, co
m a
utilizaç
ão de text
os teór
icos
para
embasar
as formações
e
p
ara o
estudo da
s prof
essora
s
. A
o final d
a form
ação
elas dev
eriam ter
condições d
e manifes
tar sua a
tividade c
riadora
, objetivando
-
se
em
suas produç
ões.
No primeiro mo
mento do pla
nejamento
foram
seleci
onado
s
os conteúd
os, tex
tos de a
poio e p
ossívei
s ativ
idades
para
a realiza
ção
136
do exper
iment
o didá
tico
-
formativ
o. No
decor
rer do d
esenv
olvi
-
me
nto
da formação
, alg
umas mudan
ças no
plane
jament
o foram
inevitáv
eis,
devido à
s necessidade
s que f
oram surg
indo
. Al
gu
n
s
conteúd
os fora
m inseridos
,
e
serão repres
entados no
quadr
o abaix
o
com um rec
uo mai
or e co
m marca
dores
em forma d
e seta
s:
Q
uadro 2
-
Pla
nej
amen
to do conte
údo
EXPERIM
EN
T
O
DID
Á
T
IC
O
-
FO
R
M
A
T
IV
O
C
ont
eúdo para a
form
ação e
m
A
T
P
C
.
Import
ância do
aces
so à
lite
rat
ura na e
scola
:
•
Texto de a
poi
o: A l
itera
tura inf
an
til com
o prod
ução
cultur
al e
como ins
trume
nto de
inicia
ção
da cria
nça
no
mundo da
cultura esc
rit
a.
De ARENA, D. B.
In: SOUZ
A, R.
J. de.
Ler e com
preen
der:
estratégias
de lei
tura, Cam
pinas, S
P:
Mercado
de le
tras, 201
0. p.13
-
44.
•
Texto de a
poi
o:
Arte lite
rária
.
De ABRANTES, A. A. In:
Propo
sta Ped
agógic
a para Ed
ucação I
nfanti
l de B
auru.
p
. 539
-
561
.
•
Texto de a
poi
o: Poe
sia que
tran
sfor
ma
. De BESSA, B.
Rio
de Janeiro: Sextante, 2018
,
p. 33
-
36,
121
-
123.
Texto de a
poi
o: Con
tação
de hi
stória
s.
De
GONÇALVES, T.
Revista Vida Simp
les
.
n.
208
,
2019
,
p.44
-
49
.
Parat
ext
os
:
•
Texto de a
poi
o:
Para
textos d
os livros ilustrados.
De
NIKOLAJEVA, M.
;
SCOTT, C. In
:
NIK
OLAJEVA, M.;
SCOTT, C.
Livro ilustrado
: Pala
vras e imagens.
São
Paulo
:
Cosac
Naify
, 2011. p. 30
5
-
324
Est
rut
ura das nar
rat
ivas, e
nqua
drament
o das
ilust
raçõe
s
:
•
Texto de a
poi
o:
Para
textos, narrativa e ilust
rações: detalhes
que faze
m a difere
nça
.
De SILVA, K. A. A. M. In: SOUZA,
R. J. de; GIROTTO, C. G. G.
S. (
org.
).
Práticas Pe
dagó
gicas
137
com text
os lite
rár
ios:
estratégias
de lei
tur
a na infânc
ia.
Tubarão
-
SC: Ed. Copi
art, 2017,
p. 53
-
72
Est
rat
ég
ias de
leit
ura
•
Texto de a
poi
o:
Estratégias de leitura: para ensinar os
alunos a compreender o que leem
.
De G
IROTTO, C.G.G.S.
e SOUZA, R. N.
In. SOUZA,
R.J. GIROTTO, C.G.G.S.
Organiz
adoras.
Ler e com
preender: estratégias de leitura.
Campin
as
-
SP. Mercado d
as Let
ras, 2010
. P. 45
-
114.
•
Texto de a
poi
o:
O uso das estratégias de leitura em sala e
suas con
trib
uições
par
a a for
maçã
o de cria
nças
leitora
s
: uma
exper
iência
com o l
ivro “A
casa
sonol
enta
”.
De PRIETO,
M.N. e LIMA, E. A. de.
I
n. SOUZA, R.J. GIROTTO,
C.G.G
.S.
Orga
nizador
as.
Prátic
as P
edagógic
as co
m textos
lite
rários:
estrat
égi
as de lei
tura na i
nfânci
a. Tubar
ão
-
SC: Ed
.
Copi
art, 2017. P.
189
-
20
2.
•
Texto de a
poi
o: É um l
ivro
–
imagem
, narrati
va e
estratégias de leitura
.
De
G
ONZAGA, M. M.
In: SOUZA,
R. J. de; GIROTTO, C. G. G.
S. (
org.
).
Práticas Pe
dagó
gicas
com textos literário
s: estratégias de leitura na infância.
Tubarão
-
SC: Ed. Copi
art, 2017. p. 141
-
1
51.
Livros il
ust
rados
•
Texto de a
poi
o:
O q
ue é um l
ivr
o ilustr
ado? O
livro
ilustra
do e ou
tros q
ue c
ontém i
mage
ns
.
De
LINDE
N,
Soph
ie
Van der.
In. LINDEN,
Sophie Van der.
Para Ler o liv
ro
ilus
trado
. São Pau
lo: Co
sac Naify
, 2011. P
. 22
-
32
T
ipos de
diagram
ação
:
•
Texto de apoio
:
Páginas e espaços do
livro
.
De
LINDEN,
Sophi
e Van der.
In:
LINDEN,
Sophie
Van der. Para Le
r o
livro i
lust
rado
. São Pau
lo: Co
sac Naify
, 2011. São
Paulo
:
Cosac
Naify
, 2011.
p. 68
-
69
Aplica
ção dos
códig
os
:
•
Texto de apoio
:
Funç
ão das mold
uras enq
uadram
ento
,
desenq
uad
ramento,
campo,
extracam
po e c
ontracam
po
.
De
LINDEN,
Sophie Van der.
I
n: LINDE
N, Sophie Van der.
138
Para Ler o
livro
ilu
strado
. São Pau
lo: Co
sac Nai
fy,
2011. P.
71
-
77.
Art
icu
lação do t
ext
o
com a i
lus
tração;
vários
am
bient
e
s e
m u
m s
ó plano;
várias ações
e
m
um s
ó plano.
•
Texto de a
poi
o: Ar
ticula
ção do
texto co
m a
ilustraç
ão
.
De
FARIA, M. A.
I
n: Com
o usar a li
terat
ura i
nfanti
l na sala d
e
aula.
São
Paulo
: Cont
exto
, 2016.
p. 39
-
53
Sint
axe
visua
l
•
Texto de apoio
:
Artes visuais
.
De RODRIGUES, S. M. P.
et al.
In. PASQULI
NI, J.C.; TSUHAKO
, Y.N. (
o
rg.)
Propos
ta peda
gógi
ca da
educa
çã
o infan
til do sis
tema
munici
pal de e
nsino d
e Bauru/SP. 1. Ed.
Bauru
: Secret
aria
Muni
cipal de E
duc
ação, 2016. p
.443
-
503
•
Livro:
P
ssssssssssssiu!
De TAVANO, Silvan
a e KONDO,
Daniel.
São Pau
lo: I
nstitu
to Calli
s, 2012.
•
Livro:
A parte que me
falta.
De SIL
VERSTEIN, S. Trad.
Alípio C
orre
ia de Fr
an
ca Neto.
São
Paulo: C
omp
anhia das
Letri
nhas, 201
8.
Li
vr
o de imagem.
•
Texto de a
poi
o: A n
arra
tiva n
o livro d
e image
m
.
De
FARIA, M. A.
I
n: Com
o usar a li
terat
ura i
nfanti
l na sala d
e
aula. São
Paulo
: Cont
exto
, 2016. P.
55
-
82.
Texto de a
poi
o:
Leit
ura
no livr
o de i
magem:
Um
passeio de “Ida e Vo
lta
” pelo li
vro de Ju
arez
Machado
D
e SPENGLER, M. L. P
.
Dissertação
de
mestrado pela Universidad
e do Sul de Santa
Catari
na, Tubar
ão, 201
0.
AT
IVID
ADES
PRÁTICAS: CRIAÇÃO DE HI
ST
ÓRIAS.
-
C
riação de
hist
ória colet
i
va a part
ir de s
ons
.
-
C
riação de
hist
órias a
partir d
e um
conhe
cim
ent
o que
ajudou a
compree
nd
er a rea
lidade
.
139
-
C
riação de
hist
órias a
partir d
e
ac
on
tecim
en
to
s
reais
. (
Exem
plo:
Uma
vivência engraçada, uma surpresa qu
e te deixou feliz; um fato que m
arcou a
sua vida, etc.)
Livros
de
apoio:
•
Pai, n
ão fui eu!
D
e BRENMA
N, Ilan e C
ANTONE, Ana
Laura.
São
Paulo:
All Bo
oks
, 2013.
•
Vó,
para
de fo
tografar!
De BRENMAN, Ilan e
KARSTEN,
Guilher
me.
São Paulo: Melho
rament
os Li
vrarias
, 2018.
-
C
riação de
hist
órias,
a part
ir das
lem
branças
da inf
ância
.
Livros
de
apoio:
•
A visita
.
De HIRATSUKA, Lúcia.
São
Paulo: F
arol
Lit
erário,
2012
•
Orie
.
De HIR
ATSUKA, Lúcia.
Rio de
Jan
eiro:
Zaha
r,
2014.
•
O caminh
ão
.
De HIRATSUKA, Lúcia.
São P
aulo:
Cortez,
2017.
-
C
riação de
hist
órias a pa
rt
ir de
palavras pré
-
e
scolhidas
. (
B
in
ômios
fant
ást
icos
)
Livros
de
apoio
:
•
Gramát
ica d
a Fantasi
a.
De RODARI, Gianni.
Tradução:
Antônio N
egrin
i.
São Pau
lo: Summu
s, 1982.
•
A linha.
De
RUEDA
, Claud
ia. Trad
ução
: Ana Mort
ara.
São Paulo
: Nú
cleo Ed
içõe
s, 2018.
T
exto de a
po
io:
Pintu
ra a dedo
:
uma
possi
bilidad
e de t
rabalho s
igni
ficati
vo na edu
cação
infan
til.
De
T
SUHAKO, Y e MILLER, S.
In:
SANTOS,
C. R. dos e MELO, E. S. do N
. (
Org.
).
Polít
icas Pú
blicas na E
du
cação
Brasilei
ra: Edu
caç
ão
Infa
ntil e A
nos In
iciais d
o Ensi
no F
undamen
tal 2
.
Ponta Gro
ssa-
PR: E
dit
ora At
ena, 2019.
140
At
ividade
s prát
icas
com
pint
ura a d
edo
-
atividad
e criadora
-
Represen
tar, po
r mei
o da p
intura,
algo qu
e t
enha algum
signifi
cado i
mpor
tante
, que a
ch
a bon
ito ou tra
z boas
lembranç
as.
-
A parti
r da obs
ervação
da obra
de Salv
ador Da
li: “A
persi
stênc
ia da Me
mória”, f
aça um
a produç
ão,
inserin
do
algo que
tenha
signif
icad
o par
a você
.
M
is
t
ura de t
éc
nicas
,
im
port
ância do re
pe
rt
ório.
Proce
ss
o criador d
e pint
ore
s e
i
lust
radores
.
Texto de a
poi
o:
Ensino de arte:
uma ati
tude
pedagóg
ica.
(Pica
sso:
um proc
ess
o de 34
dias)
.
De
MARTINS, M. C. F. D. et al.
In:
MARTINS, M. C.
F. D.
et al
. Didá
tica do ens
ino
de arte
:
a língua d
o
mundo:
poetizar, f
ruir e
conhecer art
e. São P
aulo:
FTD, 2010. p. 153
-
158
-
At
ividade
s prát
icas
para a prod
ução autora
l:
•
Proje
to de il
ustraçã
o da
história
.
“Esboço”
•
Leitur
a dos pr
oje
tos de il
ustra
ção p
ara
o grupo.
•
Esc
olha da t
écnic
a a ser ut
iliz
ada.
•
Elaboraç
ão d
as cenas i
lust
rativ
as e mo
ntage
m do li
vro de
história
.
-
Apre
sen
taç
ão das produçõe
s
individuais
(narrat
ivas)
, para o
grupo.
Fonte
: Quad
ro elaborad
o pela
pesquisadora.
2.
2.1
Desc
riç
ão da f
orm
ação e
m
A
T
P
C
:
de
se
nvol
vime
nt
o do
experimento d
idático
-
form
at
ivo
A partir
dos esc
lareci
mentos
iniciais
e
d
a visu
alizaç
ão dos
conteúdos gerais, apresent
o
a seguir, também em forma de
quadros, a
141
pauta dos encontros, para m
elhor visualização dos conteúdos abordados
em cada um deles. Ab
aixo de cada
quadro serão
apresentados os
objet
ivos dos
con
teúdos
da pauta
, esc
larecimentos sobre a
lguns
cont
eúdos t
eóricos
, com o objetivo de
possibilitar
a
c
ompreensão
do
conteúdo
de cada encontro e a descrição de alguns proc
edimentos.
Lembramos que o planejamento esteve em movimento
;
f
oi
flexível para atender
as necessidades que for
am surgindo no
percurso,
como a revisão de conteúdos e a inclusão de outros, para a compreensão
e apropriaç
ão
por parte das
professoras.
Qua
dro 3
-
Pauta
do d
ia 04/02/
19
PAU
T
A
: 04/
02/
19
1-
Ponto de
obse
rvaçã
o:
O c
onteúdo que m
e chamou m
ais a at
enção h
oje f
oi...
p
orque...
2-
Leitura
: “O que não viu Chapeuzinh
o Verme
lho”
-
(Mar Ferrero/ trad
ução Geruz
a
Zelny
s)
3-
Cont
eúdos:
-
Aprese
ntação da pesqu
isa, obje
tivos,
conteúdos.
-
Algumas consid
eraç
ões sob
re a ar
te lit
erária, ob
jetivos e
a import
ância d
a literat
ura
infantil par
a o desen
volvimen
to da crianç
a.
-
Livro de lite
ratura infa
ntil:
paratextos.
•
Text
o de apoi
o:
Ar
te lite
rária
. D
e ABRANTES, A. A. I
n: Pro
posta P
edagógic
a
para Educ
ação Infa
ntil
de Bauru. P
. 5
39
-
56
1
•
Text
o de apoio:
Paratextos dos l
ivros ilustr
ados
.
D
e NI
KOLAJEVA
, M
. e
SCOTT, C. In
.
Livro ilustr
ado: Pal
avras e ima
gens. S
ão Paulo:
Cosac Naif
y,
2011. p
. 305
-
324
4-
Atividade pr
ática:
-
Escolhe
r um livro da b
ibliote
ca, analisar os par
atextos e
aprese
ntar ao grupo.
5-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
Ess
e primeiro enc
ontr
o teve com
o objeti
vos
: apres
entar a
pesquis
a, a p
roposta
de forma
ção par
a o ATPC e os
conteúdos d
e
forma ger
al,
que s
eriam d
esenvolvidos
no dec
orrer
do a
no e
inicia
r
o conteúd
o sobre a
arte li
terá
ria
espec
ificamente s
obre a
literatur
a
infantil e
os para
textos.
142
A escolha da
leitura d
o livro “
O que não viu Cha
peuzin
ho
Vermelho”
,
de Mar Ferrero
e
tradu
ção
de
Geruza
Zelnys, tev
e como
objetivo ut
ilizar a
metáfor
a da histór
ia para
refletirmos
sobre a
importânc
ia de,
por mei
o do conheci
mento, u
sar
mos uma
nova
lente par
a mel
hor enxer
gar
mos e co
mpree
ndermos
a rea
lidade
, c
omo
també
m apre
sent
ar uma nova v
ersão d
a “Chape
uzinh
o Verme
lho”
para qu
e tivessem
outro p
onto de
vista s
obre uma
mesma
história
e
percebes
sem qu
e os escr
it
ores ta
mbém ut
iliza
m, com
o recurs
o de
criação, histórias clássicas como fábulas, contos de fada,
e
nt
re
outros
.
O ponto de obs
erva
ção teve
c
omo objetivo s
aber qua
l
conteúd
o de cada
enco
ntro fo
i mais s
ignific
ativ
o, se houv
e
compre
ensão ou não,
que
dificuldades
s
urgiram e
se houve
mudan
ças na co
nce
pção
.
D
essa forma, fo
ram
utilizad
as
questões que
focas
sem os co
nteú
dos,
como:
o
con
teúdo que
ma
is chamou a
atençã
o hoje f
oi... p
orque.
..;
o
conteúd
o que
achei
interes
sante f
oi...
porque...;
h
oje o que ma
rcou
mais f
oi...
porque...;
o
conteú
do que
destaco...
po
rque;
o
ma
is significa
tivo de h
oje foi..
.
porque.
..
E
m
alguns mo
ment
os, o
pont
o de ob
serva
ção tev
e o obj
etivo
de verif
icar
as dificuldades,
levantar
quais
conteúdos
precisa
riam ser
revistos
e
realizar
os replaneja
mento
s
.
O conteúd
o teóric
o
incidiu s
obre
os obj
etivos da
arte
lit
erária n
a Propo
sta Pe
dagóg
ica Mun
icipal
da Educaç
ão In
fant
il,
dest
acando
a importâ
ncia da
literatura
infantil par
a o
desenvolv
imento da
crian
ça
, c
om apoio d
o
te
xt
o
de ABRANT
ES
,
Arte lit
erária
, que consta
na
Proposta
P
edagóg
ica p
ara Educaç
ão
Infantil do mu
n
icípio,
nas pág
inas d
e
539 a 561.
143
O
s para
textos tivera
m como final
idade
mostrar sua
importânc
ia
n
a compree
nsão d
a leitura
pelas cria
nças
, tendo
como
base o tex
to de
Niko
lajeva e Scott (2011
), Par
atexto
s
dos livros
ilustra
dos
, extraído
do
“
Livro il
ustra
do
:
p
alavr
as e im
agen
s
”
,
págin
as
de
305
a
324.
Ante
s de inic
iar as discus
sõe
s sobre o
s parate
xtos,
foi feita
uma
pergunta à
s profes
sor
as
com o ob
jetiv
o de c
onh
ecer as
hipó
teses
das profe
ssoras,
seu
nível de desenvo
lviment
o rea
l
:
“
Alguém sabe o
que sã
o os par
atextos
?”
Cheguei c
om ess
e quest
ionam
ento na for
maçã
o e cons
tatei
que as pro
fesso
ras nunca
ouviram
falar
de
parate
xtos
até então
.
Surgira
m muitas b
rinca
deiras em
torno d
essa
temática
, muitas
ten
tativas d
e assoc
iação,
relação
de p
alavras, m
as nen
huma r
espo
sta
se aprox
imou da def
inição d
e paratex
tos. A par
tir daí
ficou exp
lícita
a necess
idade d
e abor
dar es
se con
teúdo
na forma
ção, por
que s
e eu
tinha a intençã
o de solic
itar às profes
soras
um trabalho com os
paratex
tos dos livr
os, como elas ter
iam condiç
ões de r
ealizar es
sa
prática com as crianças sem conhecer o cont
eúdo?
Por sa
ber que o d
esconhec
iment
o dess
e conteú
do não oc
orre
apenas
em nossa
unidade es
colar
onde foi dese
nvolv
ida a
pesquis
a,
vi a necess
idade d
e falar u
m pouco sobr
e os par
atext
os, temática
que
muito contrib
uiu pa
ra mud
anças
nas prá
ticas com o liv
ro de
lite
ratura i
nfan
til
; fato que foi c
omprova
do, depo
is, em uma
troca
de experi
ência s
obre ess
a temát
ica com ci
nco esc
olas, quando a
s
profess
oras
de nossa
unidad
e escolar
consta
ram
que nenhu
m
professor
tinha co
nhecimento a
cerca do t
ema par
atex
tos.
O termo “pa
ratexto”
fo
i utiliza
do por G
érard
Genett
e
(2009)
para
definir todos
os
elementos
que cer
cam e prolo
ngam
o
144
text
o da obra p
ara apr
ese
ntá
-
lo, como ta
mbém
para
torná
-
lo
presente, s
ob a f
orma de
um livro;
o “par
atexto
é aquilo
por meio
do
qual u
m texto s
e torna
liv
ro e s
e prop
õe como
tal a
seu
s leit
ores, e,
de maneira mais geral, ao público” (GENETTE, 2009, p. 9).
Os paratext
os dos livros ilust
rados costum
am carregar um
percentua
l signific
ativ
o de dados
verba
is e
não ver
bais r
elevantes
para a formação do leitor. De acordo com Silva (2017), inicialmente,
as capas e
as guardas t
inh
am a fun
ção de
acolhe
r e preservar o
mio
lo
do livro, a pa
rte do tex
to. Atu
almente, a
s capa
s e as guarda
s do livro
ilustra
do possuem ta
mbé
m a funçã
o de chama
r a atenção,
de
instigar
a leitura
e podem s
ervir c
omo au
xílio à c
ompree
nsão
do text
o.
Nikolajeva e Scott (2011) afirmam que pouca coisa foi
escrita
sobr
e os para
text
os, títu
los, c
apas
ou gua
rdas
de livros
ilustra
dos. Par
a as au
toras, ess
es elementos
são ma
is important
es
nesses l
ivros d
o qu
e nos r
omances, pois
se a
capa
de um
roma
nce
infanti
l s
erve
como d
ecora
ção ou para
promov
er um
impact
o ger
al
,
em um livro ilus
trado, mu
itas vezes
,
ela
é parte integrante de uma
narra
tiva, principa
lmen
te quando s
ua ilus
traçã
o não s
e repe
te nas
imagens i
nterna
s do liv
ro.
A narrat
iva po
de co
meç
ar na cap
a e ch
egar at
é a qu
arta c
apa.
É o
que ocorre, p
or exem
plo no liv
ro d
e imagem
“Id
a e Volta”
, de
Juare
z Mach
ado (20
13), no
qual a im
agem da c
apa dá ind
ícios
de
que o pers
onagem a
cabou
de tomar b
anho
. P
or meio da
represen
taçã
o de pegada
s (mar
cas d
e pés em cor azul)
indicando a
saída
do banheiro,
essa
s pegad
as continu
am
no decor
rer d
a nar
rativ
a,
em ambi
entes v
aria
dos e e
m ações
divers
as. O f
orm
ato da
s pegada
s
também va
i mudand
o. Ela
s sa
em da cas
a, repres
entando um
pass
eio
com v
ár
ias ocor
rências
. N
o decorre
r da narrativa
também são
145
inse
ridas
ou
tras
pegada
s, repr
esenta
ndo per
sonage
ns difer
entes
e
outros el
ementos da na
rr
ativa.
Na última
página, a
imagem dá
indícios
de ter
ocorrid
o u
m acident
e
envol
ven
do o
personagem
e
uma bicic
leta
.
E
le suj
a os pés
com tinta
de cor
verd
e e som
ente na
quarta c
apa é ap
resen
tado
no
vamente
o ambi
ente da cas
a, com
peg
adas in
dican
do
que o personage
m retor
nou com
os pés
sujos de
tinta e se d
irigiu a
o banheiro,
o que sugere
qu
e o personagem
está
no ban
ho
e faz
o leitor retornar
à prime
ira ca
pa
: o
pers
onag
em
sa
i
ndo do banho
. E
tudo r
ecomeça
, confor
me a
figur
a 1 a
baixo:
Figura 1
: Ida e V
olta
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: Ida e
Volta/
Juarez Mach
ado)
Dessa
forma, na pos
sibilida
de de uma ativ
idade de leitur
a
com o refer
ido livr
o, se o pr
ofessor
ou a pr
ofessor
a
não d
er ate
nção
aos parat
exto
s, a nar
rativa
não
será vi
sta de
forma c
omp
leta e
, por
consequência
, não ser
á compr
eendida em s
ua tota
lida
de
.
O
f
ormato
do livro, confo
rme Genette (2009, p. 22), “é o
aspecto ma
is globa
l da r
ealizaçã
o de um liv
ro
–
e, portanto, da
materializa
ção de um t
exto para
uso do pú
blico
[...]
”. Para
Nikolajeva e Scott (2011)
,
o formato é u
ma ca
racter
ística
146
importante
do liv
ro ilus
trado e cos
tuma va
riar mu
ito. A es
colha d
e
um formato nã
o ocorre d
e forma alea
tória, mas pa
rticipa da
totalidade
estética
do livro
.
Ness
e sentido,
segun
do Li
nden (20
11), o l
ivro i
lustr
ado
contemp
orâneo a
pres
enta
uma va
rieda
de de for
matos,
pois é
comum uma a
rticula
ção d
as dimensões do
livro c
om a orga
nizaç
ão
das me
nsage
ns a se
rviço da p
ágin
a ou da p
ágina dup
la, co
mo
também o ta
manho e a
l
oca
lizaçã
o das imagens
e do tex
to. Ass
im, o
formato s
e tor
na deter
min
ante par
a a ex
press
ão.
A autor
a cita a
lguns exe
mplos de for
matos
mais comuns
:
F
ormato
verti
cal
,
mais alto do que larg
o, na maior
ia da
s vezes
com
imagens
iso
ladas
, sendo comum ima
gens desc
ritiva
s mostra
ndo
retratos
ou paisa
gens
.
F
ormato ho
rizontal
,
mais largo do
que alt
o,
favore
cen
do um
a organi
zação pl
ana das i
mage
ns, a r
eali
zação d
e
imagens s
equencia
das e a
expres
são do
movime
nto e do
tempo
.
F
ormat
os irr
egulares
,
criad
os
geralme
nte
a partir de forma
s de
objetos,
ou
animais
, por
exemplo
,
um livro
em forma de aquá
rio, de
coelho
.
F
or
mato
acordeã
o,
possui
dobradura
s horiz
ontais,
permiti
ndo um j
ogo
entre a
separ
ação em
págin
as d
uplas
e a
sequência da
tira de pa
pel.
É possív
el observa
r a exis
tência de
muitas
possibi
lida
des de
formatos.
Nikolaj
eva e Scott (2011)
afirma
m que alguns c
riadores
de livros
ilustr
ados opta
m por cer
tos forma
tos conv
en
ient
es ao seu
estilo pessoa
l, adaptando
-
os ao s
eu objetiv
o.
O
título
do livro també
m é par
te impor
tante do t
exto,
visto
que,
segundo Genette (2009, p. 76) “é o
‘nome’ do livro e, como
tal, s
erve par
a nomeá
-
lo,
isto é,
desig
ná
-
lo”
. Segu
ndo Nik
olajev
a e
147
Scott (2011)
, muitos est
udos empír
icos aponta
m jov
ens leitores
escolh
endo ou r
ejeita
ndo l
ivros
por cau
sa d
os títulos
Os títulos
mais tra
diciona
is de liv
ros infa
ntis s
ão os
chamad
os
nominais
, nos qu
ais inc
luem o nom
e do pers
onage
m
principal.
Outr
o padrão c
omum
é a combina
ção d
e um no
me e u
m
epíteto, por
exem
plo, “U
ma la
garta comil
ona”, d
e Eric
Carle, n
o
qual o epít
eto “
comilona
” indica o
confli
to centr
al da
história
. A
prática
de ter o
nome d
o perso
nagem pri
ncipal
no títu
lo é,
na
literatur
a infant
il, um di
spositiv
o narr
ativo didá
tico par
a dar
ao
leitor a
lgumas
infor
maçõe
s diret
as sob
re o c
onteúd
o do liv
ro.
Um
título n
omina
l p
ode co
nter
também,
no lu
gar
do nom
e do
protagonis
ta, um obj
eto centra
l da histór
ia
como “
O cofrinho da
Carlota”, de David Mckee (NIKOLAJEVA; SCOTT, 2011).
As au
toras c
itam também
outro tipo
tradic
ional de
título,
o
narrativo
, que resume a ess
ência da his
tória, por ex
emplo: “
O pass
eio
de Rosin
ha”, de Pa
t Hu
tchins.
O títul
o também p
ode ser
desconcer
tante e,
para
exemplifica
r, as
autora
s citam
o livr
o “Aldo”
,
de Joh
n Burnin
gham,
no qual a
pes
soa do t
ítulo
não é
o
protagonis
ta,
e só p
or meio da
s ilustr
ações é pos
sível ded
uzir qu
e
Aldo
é um coelho, a
migo
imaginár
io da m
enina. E
xis
tem tamb
ém
os títulos
topográficos
, por exempl
o, os l
ivros ilu
strados
“Onde viv
em
os
monstr
os”, “
Ali do la
do de fora
”, de M
aurice Senda
k, qu
e
significa
m luga
res,
ou sã
o imaginários,
não rev
eland
o o enred
o ou o
conflito da
narrativ
a
;
são simbólic
os.
Os títulos
de livr
os il
ustra
dos sã
o uma par
te muito
importante
da
s
relações
text
o
-
imagem
as qu
ais
contri
buem para
todos os t
ipos de
inter
açã
o dentro dos
própr
ios liv
ros
.
148
Em rel
ação às
cap
as
,
Lind
en (2011)
afirma
que
a capa
constitu
i um dos espaços mais
determinantes
em que se estabelec
e o
acordo de
leitur
a. Ela
tran
smite inf
ormações
, permi
tindo
apreender
o tipo de dis
curs
o, o gêner
o, o estilo de ilu
stra
ção, c
riando u
ma certa
expectativa
no leitor
. Essas
indicações pr
esentes
nas
capas
podem
introduz
ir o l
eitor a
o cont
eúdo.
As capas d
e livro
s ilust
rado
s, segun
do
Nikolajeva
e Scott
(2011)
, geralm
ente exib
em uma
imagem
. P
ode ser uma il
ustração
que se r
epete
dentr
o do
liv
ro ou p
ode ser
origi
nal.
No ca
so de
uma
imagem que s
e repe
te dentro
do livr
o, mesmo
com peque
na
vari
ação,
antecipa
o enred
o e, ju
nto ao tí
tulo, f
orne
ce infor
mações
sobre a
histór
ia, o
gênero
e o des
tina
tário d
o livro
. A es
colha d
a
ilustr
ação d
a capa reflet
e a ideia d
os au
tores ou d
os editores s
obre o
episódio ma
is dramá
tico o
u atra
ente da hist
ória.
A primeira
função da
s
guarda
s
, conforme
Linden (2011), é
material.
Elas liga
m o miolo à capa
e recobrem a par
te interna da
capa
, preser
vando a
parte
do text
o
.
Se
as
guarda
s
tiver
em
a
pen
as essa
funcional
idade, apr
esenta
m neu
tralidad
e geralm
ente p
or meio d
a
cor bran
ca. No
livro
ilustr
ado são
mais co
mun
s as guardas co
lori
das.
Nikolaj
eva e Scott (20
11) afir
mam que exis
tem livros
que
não poss
uem nenhu
ma gu
arda
, tendo em seu
lugar o f
rontispíc
io ou
folha de r
osto e, no i
nter
ior d
a capa
, a página
de créditos
.
Por
ém,
grand
e
número de cr
iadores
de livr
os ilust
rados
está descob
rindo
varia
das possibilid
ades de us
o das gu
ardas como para
textos,
contribui
ndo de diver
sas ma
neiras pa
ra a his
tória.
Segun
do as autoras, um recurso
comum ut
ilizado nas
guarda
s é retratar o pers
onagem principa
l vár
ias vezes, em diver
sas
ações
,
quase sempre
não
são mencionada
s no liv
ro. N
a maioria
dos
149
livros ilus
trados
, as gua
rdas inicia
is e fina
is são igu
ais
;
no entant
o,
exist
em g
uardas q
ue são u
sadas p
ara e
nfati
zar as
mudan
ças oco
rrid
as
ao longo d
o livr
o. Algum
as
guard
as podem con
ter ma
pas,
que não
são uma
simples d
ecora
ção, ma
s podem cont
er impor
tantes
informaç
ões ex
tras
. Também pod
em ter
a funç
ão de uma cen
a
introdutór
ia e, e
m outr
as vezes
, pod
em da
r início
a u
ma histór
ia.
Enfim
, as guar
das po
dem se so
mar à n
arrativ
a e até
influ
enciar a
interpr
etaçã
o do leit
or.
O
front
ispício
ou folha
de r
osto, de a
cord
o
com
Nikolajeva e
Scott,
(2011)
, costu
ma c
onter o
títu
lo, o
nome
do autor
e d
o
ilustra
dor e, de f
orma op
cional,
o nome d
a editor
a. A
lguns livros
ilustra
dos podem conter
o fals
o rosto, ou s
eja, uma página some
nte
com o títu
lo, ant
es da f
olha d
e rosto, ou
uma pá
gina de dedic
atór
ia.
É comu
m haver um
a pequen
a ilustraç
ão na f
alsa fol
ha de ro
sto, q
ue
muitas
vezes é u
m deta
lhe d
e alguma
imagem
do
miolo. À
s vezes
pode ocorr
er de a na
rrativ
a inicia
r no fr
ontispíc
io, por
iss
o a
importânc
ia do olha
r atento a
os para
textos.
A
qu
arta capa
é um luga
r estra
tégico,
segu
ndo Gen
ette
(2009), porque pode conter muitas i
nformações, por exemplo: uma
chamada, uma nota biográfica ou bibliográfica, um
release
, ci
tações
ou apr
eciações
elogi
osas
sobre obras
anterior
es do me
smo a
utor, u
ma
data d
e impress
ão ou o
númer
o do ISBN
(Inter
nati
onal Sta
ndar
d
Book Num
ber), ent
re outros.
Nikolajeva e Scott (2011) destacam que
,
em muitos
livros
ilust
rados,
a quarta c
apa dá co
ntin
uidad
e à imagem
da capa
; q
uan
do
aberta
s, constituem u
ma ilu
straç
ão inteira. É
comum as
pessoas
termina
rem de
ler o tex
to
verba
l do livro s
upo
ndo q
ue a histór
ia
se
ence
rrou,
e
fecham o
livro se
m dar at
enç
ão à quarta c
apa. N
o
150
entanto,
vários
autor
es contemp
orâneos
de livros
ilustr
ados es
tão
contesta
ndo essa conv
enção, d
eixando uma pis
ta dec
isiv
a da histór
ia
na quart
a capa.
Assim,
as contribu
ições d
os para
textos par
a o livro i
lustra
do
são importa
ntes, porqu
e costumam trazer u
ma porc
entage
m
significat
iva da
s informaç
ões verba
is e visu
ais do li
vro. Por is
so a
relevâ
ncia de ol
harmos
para
eles com a
tenção e exp
lor
á
-
los durante
a
leitura com as
crianças
, sensibiliza
ndo seu olha
r para
os detalhes,
con
tribu
indo para a c
ompre
ensão
, justificando
a importân
cia des
se
conteúd
o na forma
ção de
profes
sores
.
Em rel
ação a
atividad
e prática, que foi a
escolha de u
m livro
da bibliot
eca e aná
lise dos
para
textos, teve
o obje
tivo de a
rticular
o
conteúdo
teórico da
aula
à pr
ática
;
verificar
se houve co
mpreen
são e
apropria
ção do con
teúdo
e possibil
itar que e
ntr
asse
m em ativida
de
de leitu
ra e c
ompre
ensão
dos par
atextos
, lev
ando
em co
nsidera
ção
que a apr
endizagem é u
m proc
esso ativ
o.
Para os próxim
os
eventos de formaç
ão
ficou combinado que
uma profe
ssora,
a
ca
da enc
ontro, s
eria r
esp
onsável
por
escol
her um
a
história
para
apres
entar à
s col
egas com
o obj
etivo
de conh
ecer
o
acervo da
escola,
incentiva
r a leitu
ra e amplia
r o repe
rtório.
P
ossibilita
r a ampl
iaçã
o do repertór
io
tev
e a
fina
lidade
de
ofer
ecer
condiçõ
es, a m
atéria p
rima p
ara a imag
inação
,
visto que
o
process
o de qual
quer pr
oduçã
o
criativ
a, sendo
a
rtística
ou não,
depende da diversidade
das exp
eriên
cias d
a pessoa, d
o
con
hec
ime
nto
que ela pos
sui. A
ssim, no
ensino d
e todas
as ár
eas, fica pa
tente a
necessidad
e de amplia
r a
experiência
da cria
nça e
,
n
esse caso
específic
o, a do adu
lto, par
a que se f
ormem as ba
ses pa
ra sua
ativi
dade d
e cri
ação, po
is “toda o
bra da i
magi
nação co
nstró
i
-
se
151
sempre d
e elem
entos
tomad
os da r
ealida
de e
presen
tes na
experiê
ncia a
nterior
da pes
soa”
(
VIGOTS
KI
, 2009, p. 20).
Além d
o objet
ivo de
am
pliar o
rep
ertóri
o, a f
orm
açã
o do
professor
leitor
é funda
mental
para
se traba
lhar a li
teratu
ra com a
s
crian
ças
. D
e acordo co
m
Queirós (2012), quem é leitor tem
condiç
ões de ind
ica
r uma
determina
da obr
a,
saberá
incentivar
as
crianç
as por
meio do rel
ato d
e sua ex
periênc
ia com a
leitura, sobr
e o
conteúd
o da obr
a
,
de su
as emoç
ões e s
entim
entos e
m relaç
ão a ela
.
Se o pr
ofessor
é leitor
–
possui o h
ábito da
leitura
-
lê p
ara se
us
alunos, se encanta diant
e das histórias, das po
esias, dos contos
fantásticos, também os alunos vão d
esejar ser leitores. Se o
profe
ssor c
oment
a suas leitu
ras, mo
biliz
a os aluno
s para est
ar
com os livros, e esse prazer se cristaliza já na infância. E, uma
vez despertado, ele não nos abandona
ja
mais (
QUEIRÓS
,
2012, p.95
)
.
Qua
dro 4
-
Pauta
do d
ia 11/02
e 18/0
2/19
PAU
T
A
: 11/
02/
19 e
18/0
2
1. P
ont
o de
O
bservação
: O conte
údo que mais me ch
amou a ate
nção foi.
.. Porque.
..
2-
Leitura
do livro:
N
ão!
–
(Marta A
lt
és)
-
Leitura apre
sentad
a pela pr
ofessor
a
Ana
-
Livro “N
ão vou dorm
ir” Ch
ristiane Gr
ibel
3-
Cont
eúdos:
-
Paratextos,
estrutur
a das
narrat
ivas.
•
Text
o de apoio:
Parat
extos,
narrativa e
ilustraç
ões:
detalh
es que faze
m a
diferenç
a
. De SILVA,
K. A. A. M.
In
: SOUZA, R. J. d
e; GIROTTO,
C. G. G.
S. (
org.
). Prátic
as Pedagógica
s com text
os literár
ios: estrat
égias de le
itura na
infância.
Tubarão
-
SC: Ed. Copiart, 2017. p.
53
-
72
•
Livro analis
ado: Não!
(Marta A
lt
és
-
tradução de
Gilda de
Aquino)
4-
Atividade pr
ática.
Identificaç
ão dos e
leme
ntos do livro, nar
rativa e
ilustrações
.
“O Leão e
o
Camun
dongo
”
-
Je
rry Pink
ney
5-
Avaliação
152
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
Para
o desenvolv
imen
to de a
lgum
as pautas
foram
necess
ários
mais encontr
os, vis
to que apr
esentava
m
conteúd
os mais
densos
, os
quais neces
sitava
m de rev
isão par
a
melhor
compreens
ão e
apropria
ção pelas
profe
ssora
s.
O
s objet
ivos do
segundo e
d
o terc
eiro enc
ontro
foram
:
d
ar
con
tinui
dade à
temática sobr
e os para
textos
e
co
nh
ece
r a estrutura
das narr
ati
vas
. O o
bjetivo do pont
o de observ
açã
o
foi aval
iar se
os
conteúd
os
fizera
m sentido
para
a
s prof
essor
a
s e quais foram os mais
importantes
.
A apr
esentaçã
o da taref
a, que foi a
escolha e l
eitura
do
livro
“Não v
ou dormir”
, de Chris
tiane Grib
el,
pela pr
ofess
ora
Ana
,
teve
como objetiv
os:
entra
r em ativ
idade de l
eitura, a
mpliar
o repertóri
o,
colocar
em prá
tica as
obser
vações
e anális
es dos p
aratextos
.
A leitura
do livro
“
Não!”,
de
Mart
a A
l
tés,
pretendeu
o co
nhecime
nto e a
observ
açã
o do livro qu
e ser
ia objet
o de estu
do do te
xto de a
poio.
Com a ativida
de prática
, por meio da observ
ação e leitu
ra do
livro de ima
gem “
O Leão
e o Camund
ongo”
,
de Jerry
Pinkney, o
objetivo
foi
o de
identifi
car algu
ns eleme
ntos do
livr
o, ampliar
o
repertóri
o de livr
o de ima
gens, obs
erva
r o enqua
dra
mento das
ilustr
ações e a
rticu
lar a leit
ura
ao cont
eúdo teór
ico par
a
uma
melhor
compre
ensão.
153
Quadro 5
-
Paut
a do
dia 25/0
2/19
e 0
4/03/
19
Pauta do
di
a 25/
02/19
e 04/
03/
19
1. P
ont
o de
O
bservação
: O conte
údo que m
ais m
e chamou a a
tenção
foi...
p
orque...
2-
Leitura
: “A casa sonolenta”
-
Audr
ey Wood
, ilus
trador D
on Wood.
Trad.
Gisele
Maria Padov
am.
3-
Cont
eúdos:
-
Est
rat
é
gias de
lei
tura
•
Text
o de apoio:
Estraté
gias de l
eitura:
para ensin
ar os alunos a c
ompre
ender
o que leem
.
D
e GIR
OTTO, C.
G.G.S. e SO
UZA, R. N. I
n. SOUZ
A, R.J.
GIROTT
O, C.
G.G.S. O
rganizado
ras.
Ler e c
ompreen
der: est
ratégi
as de lei
tura.
Campinas
-
S
P. Mercad
o das Letr
as, 2
010. p
. 45
-
114.
•
Text
o de apoio:
O uso das
estrat
ég
ias de le
itura em sal
a e suas contrib
uições
para a formação de
crianças le
itoras:
uma e
xperiê
ncia com o livro “A c
asa
sonol
enta”
. D
e
PRIETO, M.N. e L
IMA, E.A. de. I
n. SOUZA, R.J. GI
ROTTO,
C.G.G.
S. Or
ganizadoras. P
ráticas
Pedagó
gicas com t
extos
lite
rários:
estraté
gias
de le
itura na infânci
a.
Tubar
ão
-
SC: Ed. Copi
art, 2017. p
. 189
-
202.
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
Os encontr
os dos dias
25
/02/ e 04/03/20
19 tiveram
c
omo
objetivo
trabalha
r o cont
eúdo s
obre es
tratégias
de l
eitura
, utilizand
o
como supor
te o t
exto
de
Girotto e Souza (2010)
Estraté
gias de
leitura
: para
ensin
ar os alun
os a compr
eender o que l
eem
,
ext
raído
d
o
livro:
“
Ler e compre
ender:
estrat
égias de le
itura
”
, o
rganiz
ado pe
las
professor
as Renata
Junqu
eira
de Souza
e Cyntia
Graziel
la Guiz
elim
Girotto
,
be
m como
o tex
to
de Prietto e Lima (
2017)
“
O uso
das
estraté
gias de
le
itura e
m sala e su
as con
tribui
ções p
ara a form
ação de
crianças
leitoras: uma
experiênci
a com o livr
o
“
A casa
sono
lenta”
,
que
faz par
te
do livro
“
Prática
s Pedagógica
s com t
extos
literá
rios:
estratégia
s de l
eitura n
a infânc
ia
”
,
também
organizado
pelas
profe
ssoras
acim
a cit
adas
.
154
Ao
promover
o
desenv
olvi
mento d
e um
olha
r sensív
el sobre
os elemen
tos vis
uais
presentes
nas ilu
stra
ções
e almejar a pro
dução
autoral, vi
a necessidad
e de fa
zer
algu
mas cons
ide
raç
ões sobr
e as
estratégia
s de leitur
a par
a que, juntamente com a
s aprop
ria
ções do
s
conteúd
os cita
dos, a
s professor
a
s pudess
em aprimor
ar s
uas prá
ticas
de le
itura co
m as cri
anças.
Dessa
forma
, a concepç
ão de leitu
ra, de ens
in
o e da
aprendizag
em da leitur
a de literatu
ra que emba
sa o estu
do é a
“leitura
como sinôn
imo de atr
ibuição de s
entido; e
nsino e
aprendizag
em da leitur
a literá
ria como pr
ocess
o de objetivaç
ão e
apropr
iaçã
o; e cons
tituiçã
o do l
eitor com
o movim
ento d
ialético,
e
resultado
,
sempre prov
isório
,
dess
e proces
so”
(GIROTT
O;
SOUZA, 2010, p. 46).
É fundam
en
tal l
embr
ar que a c
rianç
a, em s
uas
rel
açõe
s
sociai
s, se tiv
er as
condições f
avorá
veis,
poderá s
e desenvolv
er
plenamen
te, da
do que o d
esenvolv
imento
humano n
as d
iversas
áreas
do conh
eciment
o será
pos
sível s
e a cria
nça for
inse
rida
num mei
o
social
que ofer
eça
condiç
ões fa
vorá
veis de
apr
endiza
gem
(LEONTIEV, 1978).
Nesse se
ntid
o
os process
os det
ermina
ntes do co
nteúd
o do
psiquismo
, segu
ndo Volochinov (2017),
não se realiza
m no
organis
mo, ma
s fora
dele
. D
essa f
orma, os
fenômen
os psíqu
icos s
ó
podem s
er exp
licados
por
meio de
fator
es soc
iais
determi
nantes
da
vida concr
eta de um
indivíduo na
s condiç
ões do me
io socia
l.
De acor
do com ess
as concep
ções, a
educa
ção as
sume papel
fundamental pa
ra o des
envolvime
nto das cr
ianças.
Sendo assim,
um
traba
lho voltado para
as estratégias
de leitura na
s escolas poder
á
155
contribuir
para
o desenv
olv
imento dela
s em re
laçã
o à ca
pacida
de de
leitura.
Os livros,
como ob
jetos d
a cu
ltura hu
mana his
torica
mente
produzidos
para
suprir
uma função s
ocial, sã
o a fonte d
e aptidã
o
humana que “
se cons
titui
no ato de
ler co
mo prazer
estético, c
o
mo
fruiç
ão do texto,
como s
eduç
ão da pa
lavr
a. Iss
o significa
que a
apti
dão huma
na pela
leitu
ra, o pr
azer a ela
ligado
, ass
im como a
própria ca
pacida
de de ler nã
o é inata, mas
precisa
ser socia
lmente
criada” (MELLO, 2016, p. 44).
Além diss
o, uma
boa com
pr
eensão da
s leit
uras
, das
propostas
das a
tivida
des e o co
nheci
mento sob
re os
vár
ios recu
rsos env
olvend
o
a produç
ão de um livro ilus
trado podem co
ntribu
ir para
o
desenvo
lvime
nto do
proces
so cr
iador da
s cr
ianças na
lingua
gem
verbal e
visual. N
esse
proc
esso, r
eforça
-
se a nece
ssidade
de ampliar
a
expe
riênc
ia da cri
ança, p
ara formar
as base
s para s
ua ativi
dade
de
criação
e a qual
ifi
cação d
a capac
idade
de c
omp
reensão.
Por meio
de exper
iência
s vivida
s, a c
riança
forma
rá um
acerv
o de sab
eres e conte
údo do ps
iquism
o, torna
ndo possível a
compreensã
o e interpr
etaçã
o de um acontec
imento, u
ma aç
ão, um
enunciad
o. “Es
se conte
údo do ps
iquism
o cons
titui a
‘massa
aperceptiva
’ de det
erminado indiv
íduo,
por mei
o do qual ele
assimila uma estimulação externa” (JAKUBINSKIJ, 2015, p. 88).
Em relaç
ão à cria
ção li
terá
ria infanti
l, se
gundo
Vigotski
(2009),
muitas cr
ianças
escrevem ma
l porque
não têm s
obre o qu
e
escrev
er, não pos
suem
experiê
ncias
anteri
ores.
É comum,
nas
escolas
, a apr
esentaçã
o de temas
sobre os
quais ela
s nunca pens
ara
m.
Nesse
caso, a es
crita
pode não fa
zer sent
ido pa
ra ela
s vis
to que:
156
A criança escreve melhor sobre o que lhe int
eressa,
principalmente se comp
reendeu bem o assunto. Deve
-
se
ensiná
-
la a escrever sobre o que lhe interessa fortem
ente e sobre
algo e
m que pen
sou mu
ito e pr
ofundame
nte
, sobr
e o que
conhece bem e com
preendeu. Deve
-
se ensina
r a cri
ança a
não
escrever sobre o que não sabe, o que não compreendeu e o que
não lhe i
nteres
sa (VIGO
TSKI,
2009, p
. 66).
A mesma pr
emissa s
obre a relevânc
ia das ex
periências
anterior
es pode s
er utilizad
a par
a a for
mação de lei
tores q
ue
necessitam de u
m conhec
imento prév
io par
a uma boa
aprendiza
gem, e
ntendi
mento
e constr
ução d
e sign
ific
ados.
Se os lei
to
res não t
êm nad
a para art
ic
ularem à n
ova inf
ormaç
ão,
é bem dif
ícil que c
onstr
uam sig
nifica
dos.
Quando tê
m uma b
oa
bagagem
cultu
ral sobre u
m tó
pico,
são capaz
es de e
ntende
r o
texto
. Mas quand
o sabem
pouco so
bre o assun
to abord
ado ou
desconhecem o
formato
do tex
to, fr
equen
teme
nte, e
nc
ontra
m
dif
iculd
ades (GIROT
TO; SOUZ
A, 2010, p.
67).
A
s autoras re
ssal
tam
ai
nda
a relevância
de o pr
ofess
or
esclar
ecer
às crian
ças a final
idade
da lei
tura para q
ue faça se
ntido
a
elas. Do con
trár
io, a propos
ta poderá
desmotiv
á
-
las.
Ao explicar
-
lh
es
a finalida
de e elabora
r conju
ntamente as
propostas
das práticas de
leitura, “
consid
era
ndo sua vida e
viven
ciando
com elas as d
iver
sas
estratégia
s de leitur
a, o
professor
permite
que, em s
ala de au
la,
reapa
reça o int
eress
e por
ess
a ativ
idade e ha
ja nec
essi
dade de r
ealizá
-
la” (
GIR
OTTO; SOUZA, 2010, p. 52).
O conhecim
en
to so
bre
essa
s quest
ões é impor
ta
nte par
a que pos
samos
pla
nejar a
s aç
ões
pedagó
gicas,
pensando
em cont
eúdos
e eleme
ntos da
reali
dade
rele
vant
es para
ampliar as exper
iências
das cr
ianças
.
157
No
processo de
ensi
no de le
itura
, o
letramen
to ativ
o
é
fundam
en
tal
. Por meio
d
el
e
os profes
sores
não são os
únicos
a
fala
rem, porqu
e as idei
as
e os pensa
mentos da
s cr
iança
s são
considera
dos. E
las c
onver
sam entr
e si,
dial
ogam co
m o text
o, de
ixam
pistas d
e seus pen
samentos, q
uestio
na
m
faze
m
conex
ões, inf
er
em
,
debat
e
m e
di
scut
em
. Desse modo,
o ler, des
enha
r, fa
lar, es
crever
,
ouvir e
invest
igar
são a
s pedra
s angu
lares
do l
etra
mento a
tivo
(GIROTTO; SOUZA, 2010).
Essa for
ma de leitura
, que pr
essupõe a
tomada de co
nsc
iência
de estra
tégia
s de lei
tura,
pode s
er inic
iada
desde a
Educ
açã
o Infanti
l
por meio d
o acess
o diret
o das c
rianças
aos livros
e aos d
iversos
suportes d
e textos pa
ra a pr
ática d
e leitura.
Ao manu
sear os
livros
, ant
es
mesmo
de ler, os le
itores
ativam
conhecim
entos
prévi
os, p
odendo s
er relac
ionad
os às
ideias d
o texto
.
O
exerc
ício de a
tivar
essas
informaç
ões inter
fer
e na c
ompreensã
o
durante a
leitura. A
hipótese inic
ial sobr
e o que hav
eria no texto,
segundo o c
onheci
mento pr
évio da
criança
, pode ser
atualiza
da,
revista
, avaliada
, conforme ela inic
ia a compree
nsão da
quilo que lê.
Na r
eleitura
, o uso do c
onheciment
o prévi
o permi
te inter
ferê
ncias
conscie
ntes, p
orque, em
algu
ns momentos
, os l
eitore
s
tentam
entend
er o sig
nificado d
e uma pala
vra p
elo context
o ou por
pista
s
existen
tes no t
exto. A
lgun
s leit
ores pod
em inf
erir
sobr
e o autor
do
texto, sob
re os
pers
onagens
da hist
ória
, adi
vinhand
o sua
s
cara
cterística
s física
s, psicológ
icas e s
eus obj
etivos
na trama o
u
,
aind
a, associ
ar
ideias do texto par
a recon
hecer a
ideia princ
ipal
(GIROTTO; SOUZA, 2010).
O leitor c
apaz de c
ompreend
er os
signif
icados
do texto
realiza u
m compl
exo exerc
ício cog
nitivo qua
ndo l
ê. Es
se moviment
o
158
do leitor
é ativo e, d
e acordo c
om Giro
t
t
o e Souza (2010, p. 51)
“rela
ciona id
eias a
o tex
to com
seu co
nhecim
ento
prévio,
cons
tró
i
imagens,
provoca s
umariza
ções, mobi
lizando v
árias
estratégia
s de
leitura. A
ssim, a
atribu
ição conscient
e de signific
ados
ao texto faz
parte do pr
oces
so de for
ma
ção d
o
leitor au
tônomo”.
Para as aut
oras, o
pro
fesso
r, ao cr
iar as sit
uaçõe
s adeq
uadas
do letra
mento ativo “
esta
belece a pos
sibili
dade d
o leitor d
e,
enquanto l
ê, ativa
r explic
itamente, p
or meio da
s estra
tégias,
o
conhecimen
to prévio,
estimulando
-
o a faz
er con
exõe
s ent
re suas
exper
iê
ncias,
seu con
hecimen
to sobr
e o mund
o e o tex
to”
(GIROTTO; SOUZA, 2010, p. 55).
Penso
que seja
releva
nte apr
esentar
alguma
s estr
atégias de
leitura defen
didas
por Girotto e Souza
(2010)
, para o professor
conhecer
a prop
osta e u
tili
zá
-
la em s
uas pr
áticas
.
Para di
scutir sobre
algumas
possibilida
des na
Educa
ção Infa
ntil, a
presentar
ei as
seguint
es estr
atégia
s: con
exões,
inferê
nci
as, v
isua
lizaçã
o,
sumar
ização e s
íntese.
a)
Conexões:
fa
zer c
onexões
com as
experi
ências
pess
oais
contribu
i ao e
ntendi
men
to e sã
o os co
nhecim
ent
os prév
ios e a
s
vivências
que as pos
sibili
tam. A
s crianç
as fa
zem com frequê
ncia
conexões
entre
os liv
ros
e fa
tos de su
as v
idas
. Q
ua
ndo escu
tam ou
leem uma his
tória, co
meça
m a conectar
temas
, personage
ns e
problemas d
e um
livro c
om o ou
tro. Qua
ndo as
criança
s entende
m
o process
o da conex
ão, nã
o par
am mais
de prati
cá
-la. A
o fazer
em as
conexões
mobili
zarã
o
durante
a leitura
a imag
inação
e a fo
rmulaç
ão
de idei
as. O pr
ofessor
e o a
luno
,
ao ler
em os
textos
, podem
usar
, par
a
estimula
r as
conexõ
es pe
ssoa
is, o segu
inte
refrã
o: “
Isto m
e fa
z
lembrar de...” (GIROTTO; SOUZA, 2010, p. 68).
159
As conex
ões, segu
ndo as autora
s, s
e apres
entam de três
formas: a) de
texto p
ara texto
, em que
o leit
or,
ao ler
o tex
to,
estabel
ece relaç
ões com
outro texto d
o mesmo gê
ner
o ou de gêner
os
diferen
tes
. P
or ex
emplo, a
o ler
o livro
“O men
ino ma
luquinho”,
de
Ziral
do, os lei
tores p
odem f
azer rem
issã
o ao filme, r
elat
ando algu
ma
cena; a
o ler uma
nova ver
são da “
Chapeuzinho V
erm
elho”,
poderão
relacioná
-
la à versão cl
ássica e as
sim p
or di
ante. As l
emb
ranças são
n
a rea
lidade con
exões qu
e o leitor estab
elece co
m o tex
to.
Nesse
sentid
o, segue u
ma suge
stã
o: os prof
essores
pode
m utiliza
r dos
contos
de fada
s e dos d
iversos
livros
que f
azem rele
itura
contemp
orânea
deles; b)
de
text
o para
o leitor
;
aq
uelas em que a
crianç
a esta
belece con
exões
com episódios
de sua
própria
vida
. P
or
exemplo,
ao ler
“Dorm
ir f
ora
de casa
”, d
e Ronaldo
Simões
Coelho
—
na cena em que o p
rotagon
ista se pr
epara pa
ra dor
mir pela
primeira v
ez longe dos pa
is
—
alguns leitor
es podem s
e lembrar d
e
uma situ
ação parec
ida: qua
ndo dormiram pe
la prim
eira vez f
ora
de
casa, como foi difícil se separar
-
se
do seu ursinh
o de p
elúcia
ou c
omo
foi desco
nfortá
vel o c
olch
ão em que d
ormiu
. O professor,
com o
objetivo de tra
balhar
essa conexão, pod
e utili
zar livr
os cujos
temas
sejam f
acilmente rec
onhecidos
pela cr
iança, per
mitindo, assim,
estabel
ecer re
lações
com sua
s viv
ências
.
c) conexões
texto
-
mu
ndo
;
são
aquelas
estabelecida
s entr
e o tex
to lido e a
lgum a
contecim
ento mai
s
global
;
por exem
plo,
da cida
de em qu
e o lei
tor v
ive ao mu
ndo
.
A
ssim,
ao ler “
Uma his
tór
ia de ra
bos pres
os”,
de Ruth
Rocha
, a
crianç
a pode fa
zer r
elaçõe
s com o
prefe
ito de s
ua cid
ade ou co
m
casos
vistos na míd
ia.
Os leitores
também pod
em fa
zer conex
ões com a
natureza
dos text
os e as
cara
cterística
s liter
árias
, pois, a
o se
tornare
m
160
conscie
ntes d
esses el
ementos
, as
crianç
as s
aberã
o o que es
perar
quando l
eem um livr
o de liter
atura
infantil, u
m jor
nal, u
m manual,
ou quan
do v
eem um
a propag
anda.
b)
Inferência
: remete ao l
er nas
entrelin
has
. A infe
rência é
realizada
em noss
o cotidiano co
m frequê
ncia
.
P
or exemplo,
inferimos
s
obre as
expres
sões fa
ciais, lingua
gem co
rporal, tom d
e
voz
;
sobr
e infor
maçõ
es vis
uais
e “não vi
suai
s” de u
m texto. Es
se ti
po
de pensa
mento r
equer um
a conc
lusã
o ou inter
pretaç
ão qu
e não está
explícita
no text
o. Os leit
ores i
nferem qua
ndo utiliza
m seus
conhecim
entos
prév
ios e
es
tabelecem
rela
ções c
om a
s dic
as do
tex
to
para c
hegar a uma conclusã
o, deduzir u
m resulta
do, tentar a
divin
ha
r
um tema etc. E
m algu
ns momentos
, as per
guntas do lei
tor só sã
o
respondid
as por me
io de uma
inferê
ncia e,
quanto ma
is
conhecimen
to os leitor
es ad
quirem, mais
sensata
será a inferênc
ia.
Para
que os alunos
aprend
am a inferir
, os prof
essor
es podem e
nsinar
como agir
durante
a leit
ura
, mostrando a
s dica
s que c
ada text
o
possui e c
omo comb
iná
-
la
s com seu
conheci
mento
prévio pa
ra fa
zer
inferência
s. Infer
ir o signif
icado de pala
vras
desconhecid
as,
utilizand
o dicas do c
ontext
o para
e
ntende
r o vocabulário;
inferir
pela
capa
, ilustr
ações
e texto,
com o
objet
ivo de u
sar
todos
os as
pectos d
e
um livr
o par
a desc
obrir s
ignific
ados
; reco
nhecer
o e
nredo
e inf
erir
os te
mas da n
arrativ
a, vi
sando
a dife
ren
ciá
-
los (GIRO
TTO;
SOUZA, 2010).
c)
Visua
lização:
consiste em u
ma estra
tégia cognitiv
a muito
usada por
nós sem percebermos
. Como exe
mplo, utili
zamos
desenhos pa
ra ente
nder u
m problema
matemá
tico,
para
entender
o
ciclo da
água;
quando u
ma pess
oa nos ped
e inf
ormações
sobr
e
direções, me
ntaliza
mos os percu
rs
os,
os pontos de r
efer
ência e outr
as
161
situa
ções. Qu
ando uma
obra d
escrev
e, por exemplo,
detalhes de um
objeto, de u
m cená
rio, d
e um pers
onagem,
vem em nos
sa ment
e
uma imagem s
obre o que foi desc
rito e, dessa
maneira,
criamos uma
imagem da
história
em noss
a mente. Por
tanto, vis
ualizar é infer
ir
significad
os
;
p
or isso
,
a visua
lizaçã
o é uma forma
de inferência
.
Quando os
leitor
es visu
aliza
m, estão e
labora
ndo sign
ifica
dos ao cr
iar
imagens m
entais,
faze
ndo com qu
e se el
eve o nível
de int
eresse e d
e
aten
ção. P
ara ajudar
os al
uno
s a prati
carem
o
proc
e
sso de
visua
lização, o pr
ofessor pode suger
ir, a qua
lquer momento da
leitura, a
visua
lizaçã
o sobre personag
ens, pessoa
s ou cria
turas
;
ilustr
ações ou
cara
cterís
ticas
do texto; ev
entos
ou f
atos, es
paços
e
lugares
. Também é
possível vis
ualiza
r, utili
zando os
sentidos
, com
o
o olfato, audição, paladar e tato (GIROTTO; SOUZA, 2010.)
d)
Sumari
zação
: segundo Girotto
e Souza (2010, p. 93),
“Sumarizar é ap
rende
r a determinar a impo
rtância, é buscar a
essência
do text
o”.
A
qu
ilo que determina
mos ser
importante em u
m
texto, d
e acord
o com a
s au
toras
, depende d
o noss
o propós
ito d
e
leitura
. Por exemp
lo, a
o ler uma
ficção, o leitor
está f
ocado nas
ações
do persona
gem, mo
tivos e
proble
mas que co
ntribu
em par
a o tema
.
O texto nã
o
-fi
ccio
nal apres
enta prob
lemas e as
suntos espec
íficos
.
Dessa
maneira, o lei
tor prec
isa foca
r na informa
ção mais
importan
te
para ar
ticular c
om o seu conhecimento e amplia
r seu enten
diment
o
sobre det
ermi
nado t
ópico
. Logo, a
s id
eias i
mporta
ntes sã
o aquela
s
que o leitor
quer s
e lembr
ar em fu
nção de s
ua finalid
ade, de s
eu
propósito de le
itura
. Para
destacar as
ideias importa
ntes d
o tex
to, os
leitores pr
ecisam l
ê
-
lo, pe
nsar
sobre ele e f
azer
escol
has c
onsciente
s
sobre o
que pr
ecisa
m lembr
ar e a
prend
er, deve
m selec
iona
r o
principa
l e recon
hecer
infor
mações a
uxilia
res.
O profess
or pod
e
162
ensinar a
cria
nça a
expr
ess
ar o s
eu pens
amento s
obr
e o dest
acad
o,
dialoga
r sobr
e a quest
ão, fazer a
notações
por meio
de desen
ho ou
escri
ta para aj
udar n
a mem
oriz
ação.
e)
Síntese
: as autora
s argumentam que “A
sintetizaçã
o
acontec
e quando os
leitor
es r
elaciona
m a informa
ção c
om o própri
o
pensar e
modelam c
om seus
conhec
imentos”
(
GIROT
TO;
SOUZA, 2010, p.103). Segun
do as autoras, resumir e sintetizar
permitem atr
ibuir
senti
do às inf
ormações
relev
antes qu
e nos
rodeiam no c
otid
iano, p
ois não é pos
sível l
embr
ar
-
s
e de todas
.
Q
uando os
leit
ores res
umem a i
nforma
ção du
rante a
leitu
ra,
conseguem s
eleci
onar o q
ue é ma
is impor
tante e
ress
ignificam
esta
passa
gem com sua
s própr
ias pa
l
avras, ajudan
do
-
os a memorizar e
atribuir
significados
aos fatos.
O
professor pode es
timula
r a criança
a para
r e pensar s
obre o que leu, a
judando
-
a
a se manter
no texto e
a monitor
ar o pr
óprio ente
ndim
ento. Co
nforme a
s autor
as, “
ensinar
a resumir
–
selecionar
os fa
tos, ordena
r event
os
, para
frasea
r e
escolh
er o que é imp
or
tante
–
como u
m aspec
to da
síntese, é
fundam
en
tal para a fo
rm
ação do
lei
tor au
tôno
mo” (
GIROTTO;
SOUZA, 2010,
p.104).
As
auto
ras r
essalt
am
ai
nda
q
ue
:
“Compre
ender
é a bas
e para qu
e todas a
s crianç
as s
e engajem
completame
nte na l
eitura
de livros
de l
iteratura
e se
tornem l
eitora
s
autônoma
s. Pa
ra ta
nto, o ensi
no das es
tratégia
s é fund
amenta
l”
(GIROTTO; SOUZA, 2010, p.108).
Girotto
e Souza
(2016) a
rgu
mentam qu
e o co
ntato
ass
íduo
com o livro leva
ao estabelecime
nto de um v
ínculo íntim
o com este
objeto, pois
em cada leitu
ra estimu
lamos o
s process
os de
compre
ensão e p
or meio d
eles é pos
sível a
constru
ção de divers
os
mundos. C
ont
u
do, ess
a constitu
ição de
penderá
da
atribuiç
ão de
163
sentidos pr
ovenie
ntes da
s estra
tégias de
leitura
emprega
das pel
o
leitor, a
rticulad
os com o
seu conh
ecimento
prévio.
É importan
te
ressa
ltar que as pa
lavras literá
rias per
manecem no le
itor como
vivên
cia e
são mar
cos d
a h
istó
ria de
lei
tura d
e cada
um
. Essa h
i
stória
vai se modif
icando à
medi
da que va
i estreita
ndo a su
a relaç
ão com a
ativida
de literár
ia. Nes
se movime
nto, a
criança
vai se hu
maniza
ndo.
V
erifica
r o cont
eúdo
mais
s
ignificativo
para as
professora
s e
as possíve
is dúvi
das
foi o objetivo d
o ponto d
e obse
rvaç
ão dos d
ois
encontros
.
A leitura
do livro “A
casa sonole
nta”
,
de Audrey Wood,
ilustra
do
por
Don Wood e
com
tr
adução d
e Gi
sele
Maria Pado
vam,
teve
como
objetivos:
dese
nvolver
o ol
har a
tento sob
re os
para
textos,
observ
ar os
elementos da
s
artes
visua
is nas
imagens e a
presenta
r o
livro qu
e seria o ob
jeto
de aná
lise do t
exto d
e
apoio indica
do
às
profe
ssoras.
Qua
dro 6
-
Pauta
dos
dias
11/03,1
8/03
e 25
-
03/19
Pauta do
di
a 11/
03, 18/
03 e
25/
03/
19.
1-
Ponto de Observação
: O que mais me
chamou a atenç
ão foi..
. porque.
..
2-
Lei
tura:
P
rof
essor
a Lene
-
“Ch
apéu”
–
P
aul Hopp
e
3-
Cont
eúdos:
-
Concluir a pa
uta do dia ante
rior (
Estraté
gias de leit
ura)
-
Importânc
ia da liter
atura par
a a criança; pap
el da es
cola; for
mação da
poética pe
ssoal.
•
T
exto de
apoio:
A
de literatura infantil como produção cultural e como
instrument
o de inici
ação da crianç
a no mund
o da cultur
a escrita
. D
e ARENA,
D. B. In: SOUZA, R
. J. de.
L
er e compreen
der:
estratégias de
leitura,
Campinas,
SP: Mer
cado de le
tras, 20
10. p.13
-
44
.
•
T
exto de
apoio
-
Poesi
a que tran
sforma.
De BESSA, B.
Rio de Janeiro:
sextante, 2018, p. 33-
36,12
1
-
123.
•
T
exto de
apoio:
P
oema “Se.
..”
. De
BE
SSA. B. In: BE
SSA
, B. Poesia que
transform
a. Rio d
e Janeir
o: sexta
nt
e, 20
18
p.2
6
.
164
5-
Orient
ações
para os dias 1
8 e 25/0
3 (ausência da dir
etora)
18/03/
2019
-
Leitu
ra d
e T
exto:
•
O
uso das estr
atégia
s de le
itura em sal
a e suas cont
ribuiç
ões para
a form
ação
de crianças
leit
oras:
uma expe
riê
ncia com o l
ivro “A c
asa s
onolent
a”
.
De
PRIETO, M.N.
e LIM
A, E.A. de
. In. SOUZA
, R.J. GIR
OTTO,
C.G.G.S.
Organizador
as. Pr
áticas Peda
gógica
s com textos l
iterários:
estraté
gias d
e leit
ura
na infância.
Tubarão
-
SC: Ed. Copiart, 2017. P.
189
-
202.
25/03/
2019
-
Leitu
ra d
e texto
:
•
Par
atextos,
narrativa e il
ustrações
:
detalh
es que fazem a dife
rença
. D
e
SIL
VA,
K.
A. A. M. I
n: SOUZA, R. J. de
; GIROTTO, C. G
. G. S. (
org.
). Pr
áticas
Pedagógica
s com textos l
iterár
ios: e
stratégias de
leitura na inf
ância.
Tub
arão
-
SC: Ed. Copi
art, 2017
. p. 53
-
72
6-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
Os en
contro
s dos dias
11
,
18,
e 25
/03/20
19 tivera
m
com
o
objetivos
dar c
ontinu
idade a
o conteú
do sobr
e estratégia
s de leit
ura,
utilizand
o como suport
e os textos
:
O uso da
s estra
tégias d
e leitura em
sala e su
as co
ntribui
ções para a fo
rmação
de cr
ianças le
itoras:
uma
experiên
cia com
o livro “A c
asa
sonolent
a”
, de
Prieto e Lima (2017)
e
Parate
xtos, n
arrati
vas e i
lustraçõ
es: de
talh
es que faze
m a dife
renç
a
;
ambos do liv
ro “Prá
ticas peda
gógicas com te
xtos literá
rios
:
estra
tégias de l
eitur
a na
infância
”, orga
niza
do pela
s profes
sora
s
Renata Ju
nqueira
de S
ouza
e Cyntia
Gr
aziel
la Guize
lim Girott
o.
A apr
esentaçã
o e a leitura
do livro “
Chapéu”
,
de
Paul
Hoppe, pe
la prof
essor
a Lene
, teve
como
fi
nali
dade
ampliar o
repertóri
o das pr
ofessor
as em
histórias,
entrar
em ati
vidad
e de leitu
ra
e anális
e dos par
atextos
, desenv
olver
o hábito d
e leit
ura
e
conhecer
o acerv
o da esc
ola.
Para
falar sobre a import
ância da
literatur
a infantil par
a a
criança
, foi util
izado
co
mo apoi
o o
text
o de
Arena (2010)
A
litera
tura
infan
til como pr
odução cult
ural e
como
instr
umento d
e
165
inic
iação da c
rianç
a no mu
ndo da cu
ltu
ra escr
ita,
ext
raído
da ob
ra
organ
izad
a por
S
ouza
e Girotto
(2010) sob o título “
Ler e
compreend
er: estra
tégias
de leitur
a
”.
O estudo d
e um rela
to do poe
ta Brá
ulio Bess
a
3
, co
ntido no
livro “Poes
ia que tra
nsforma
”,
obj
etivou
a
presentar
a importância
que tev
e a escol
a, os
profes
sores e o acess
o à p
oesia
e
à lite
ratura par
a
a forma
ção de s
ua poéti
ca
pessoa
l
e
sua constitu
içã
o por meio do
outro.
Conforme
a afirmação
de Aren
a
(2010),
é
pela p
alavra do
outro
que
o
leitor s
e apropr
ia da cu
ltura hu
mana.
Dess
e modo, o
“
mundo cons
truíd
o pela
palav
ra do ou
tro, o a
luno na esc
ola, com
o
leitor de
litera
tura infa
ntil, passa a
apropria
r
-
se da cultura por meio
da palav
ra escri
ta, d
a palav
ra do
outr
o” (
ARENA, 2010,
p.
19).
Para
finalizar,
foi lida a
poes
ia “S
e...
”
, d
o poeta
Bráulio
Bessa
,
para
mostrar que
,
por meio da poesia
,
podemos nos
emo
cionar
, ser inc
entivado
s a mud
anças, p
ensar
a reali
dade
com
outras
lentes e d
escobrir o
utra
s possibilid
ades
como
a ren
ovação
de
nossas e
speranç
as
.
Se
rviu t
ambé
m para de
ixar um
a men
sagem
positiva a
o comunica
r o meu afa
stamento p
or um tempo em r
azã
o
de uma cirurg
ia.
3
Bráulio Bessa é
poeta cear
ense que, aos 14 anos,
começou a escr
ever poesias.
Em 2011,
no meio de
uma ond
a de
ataque
s pre
conce
ituos
os co
ntra o
povo nor
desti
no,
principalm
ente, nas r
edes s
ociais,
criou a p
ágina
“Nação N
ordestin
a”, uma
vez que as
pessoas nordest
inas estavam se se
ntindo
infer
iorizadas.
Começou a most
rar o que o
Nordeste tem de bom e ficou conhecido como “embaixador da cultura nordestina n
a
internet”,
o que o
levou
ao progra
ma da
Fátima Ber
nardes
em 20
15. Pouco
tempo de
pois,
foi convidado a de
clamar se
us poemas na TV Gl
obo, obte
ndo um quadro fixo
no programa
da Fátima Be
rnarde
s. Em 2
017,
seus vídeos for
am os m
ais aces
sados
e compartil
hados
na
platafor
ma
on
-
lin
e
da T
V Gl
obo.
166
Para d
ar con
tin
uidad
e aos est
udos,
durant
e duas
se
manas
,
nomeei uma
prof
essor
a par
a coordena
r os pr
óximos
encontr
os e
indiquei d
ois text
os, qu
e foram util
izados a
nteri
ormente c
omo
suporte te
órico às a
ulas
. Eles dever
iam
ser lidos
na ín
tegra,
nos di
as
18 e 25/03, e
compleme
nta
r os conteú
dos.
Qua
dro 7
-
Pauta
do d
ia 01/04/
19.
PAU
T
A
: dia 01/04/
1
9.
1-
Ponto d
e O
bservação
: O co
nteúdo
que des
taco hoje... Po
rque...
2-
Leitura
:
“É um
livro
”
(Lane Smith)
.
3-
Leitura d
as avaliações
–
Pont
os
de obs
ervaçã
o dos e
ncontr
os ant
eri
ores,
dos di
as 18
e 25/
03.
4-
Cont
eúdo:
Estraté
gias de l
eitura
•
Text
o de apoio:
É um l
ivro
–
ima
gem, nar
rativa e
estraté
gias de le
itura
.
D
e
GON
ZA
GA, M
. M. In
: SO
UZA,
R. J. d
e; GI
ROT
TO, C
. G.
G. S. (
or
g.
).
Práticas Peda
gógicas com
text
os lite
rários: e
stratégias de
leitura na inf
ância.
Tubarão
-
SC: Ed. Copiart, 20
17. p. 141
-
1
51.
5-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitura
d
e
“É um
livro”
,
de Lane Smith
,
tev
e como
finalidade
o
co
nhecimen
to do l
ivro
, o qu
al
ser
ia obj
et
o de estu
do do
texto d
e apoio
,
e pa
ra a a
mpliaçã
o de repert
ório.
A leitur
a dos po
ntos d
e obs
erva
ção dos
encontros
anter
iores
teve por
objet
ivo ouvir
as pr
ofess
oras s
obre o qu
e compre
ender
am
das leitur
as e leva
ntar as dificulda
des enc
ontradas
, para que fos
se
possível
rever
aspectos
não
compreendido
s.
Fo
ram
retomado
s
os estud
os sobr
e estra
tégias d
e leitura
,
utilizand
o o texto de apoio:
É um
livro
:
imagem, narr
ativ
a e
estraté
gias de
le
itura
(GONZAGA, 2017),
contido n
o livro “
Prática
s
Pedagógica
s com textos
literár
ios: estra
tégias de leitu
ra na
infância”
,
organizado
pelas
professo
ras
Renata Jun
queira de
Souza e C
yntia
167
Graziella
Guizelim
Girott
o com o
objet
ivo de da
r conti
nuidade
ao
conteúd
o inicia
do nos e
nc
ontros ant
erior
es.
O ponto d
e observ
açã
o
objetivou
verific
ar qual conteúdo d
o
encontro f
oi mais sig
nifica
tivo para
cada
professor
a.
Qua
dro 8
-
Pauta
dos
dias
08/04,
15/04
, 22/
04 e
29/0
4/19
PAU
T
A
: 08/
04,
15/
04, 22/
0
4 e 29/
04/
19
1-
Ponto de
Observação
: O conteú
do qu
e destaco
hoje... Porq
ue...
2-
Leitura
: “A parte
que fal
ta.” De Sh
el Silver
stein. T
rad. Alípio C
orreia de
Franca
Neto. S
ão Paulo: Companh
ia das
Letrinhas
, 20
18.
3-
Cont
inuaçã
o do encon
tro a
nte
rior.
4-
Cont
eúdo:
-
Livros
ilustrad
os
•
T
e
xt
o de apoio:
O que é
um livro ilust
rado? O l
ivro ilust
rado e outr
os que
contém imagens.
De
L
INDEN,
Sophie Van
der.
In.
LINDEN,
Sophi
e Van
der.
Para Le
r o livro ilust
rado. São
Paulo: Cos
ac Naify
, 201
1. P. 22
-
32
5-
Orie
nt
açõe
s para os
próxim
os AT
P
C
s,
es
tudo se
m
a pres
en
ça da dire
t
ora.
Dia
15/
04
leitura de texto:
•
O que é
um livr
o ilustr
ado? O
livr
o ilustr
ado e
outro
s que c
ontém i
magens.
De
LIND
EN,
Sophie Van
der.
In. LIN
DEN,
Sophie Van
der.
Para Ler o livr
o
ilustr
ado. Sã
o Paul
o: Cos
ac
Naify, 2011. P. 22
-
32
Dia
22/
04
,
leitura de texto
:
•
Páginas e espaços d
o livro
.
De LINDEN,
Sophie Va
n der.
In:
LI
NDEN,
Sophie Va
n der.
Para Ler o livro ilustr
ado. São Pa
ulo: Cosac Naif
y, 2
011. (Tipos
de diagram
ação: diss
ociaç
ão; associ
ação; comp
artime
ntação e
conjun
ção.)
p. 68-
69
Dia
29/
04
,
leitura de texto:
•
É um livro
–
imagem
, narrativa e estr
atégias de l
eitura.
D
e GO
NZAG
A, M
.
M. In: SOUZA, R
. J. de; GIR
OTTO, C. G. G. S. (
org.
).
Práticas
Pedagó
gicas
com textos l
iterários:
estraté
gias de
leit
ura na infância.
Tubar
ão
-
SC: Ed. Cop
iart,
2017. p
. 141
-
151.
6-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
168
O ponto d
e obs
ervaç
ão do enc
ontro t
eve
como
objetivo
avalia
r o conteúd
o mais si
gnificat
ivo
para as
profe
ssoras e verificar as
possíve
is dúvi
das.
A leitura
do livro “A
parte que fa
lta”
,
de She
l
Silvers
tein, teve
como
objetivo ampl
iar o reper
tóri
o e observ
ar o uso de f
ormas
e
linhas c
omo recurso pa
ra a
realizaç
ão das ilu
stra
ções.
Neste enc
ontr
o
deu
-
se
continuid
ade aos
conteú
dos
d
o
encontro a
nteri
or e
inicio
u
-
se
o conteúdo sobre os
liv
ros ilu
strad
os,
tendo co
mo tex
to de
apoio
O
que
é um li
vro il
ustr
ado?
O livro
ilustr
ado e out
ros que c
onté
m imag
ens
de Soph
ie Van d
er Linde
n,
que
con
sta n
o
livro
–
“Para Ler o
livro il
ustrado”
(LINDEN, 2011)
. O
conteúd
o teve
como f
inalida
de
apres
entar os
difer
entes tipos
de
livros com ilu
straç
ões e escla
recer que n
em todo
s os livr
os que
possu
em ilustr
ações,
ou qu
e são ela
borad
os par
a o públic
o infa
ntil
,
são pr
oduções l
iterá
rias
.
Exis
te uma cer
ta confu
são em r
elaçã
o ao livr
o ilus
trado e a
o
livro com ilus
traçã
o
, fato percebido
entre as profess
oras pa
rticipantes
da pesquis
a
. N
o início co
nsidera
vam todo liv
ro para
a cria
nça como
livro ilustr
ado. Linden (2
011
, p. 23
) es
clar
ece que no Bra
sil, ess
e fato
é muito comum,
pois “
‘
livro ilus
tra
do’, ‘livr
o de im
agem’,
‘livr
o
infantil contempo
râneo’
ou mesmo ‘
pi
cture bo
ok
’ são
utilizados
sem
muito
critério, confun
dindo
-
se, de mod
o ger
al, co
m o ‘
li
vro c
om
ilu
stração
’ ou o ‘
livro
para c
riança’
”.
Diant
e de
ssa con
stataç
ão,
vi a necess
idade de fa
lar um pou
co
para
as profes
sora
s sobre a
lgumas
diferença
s entre os
livros q
ue
conté
m imagen
s destin
adas às criança
s nas bib
liot
ecas das e
scolas de
Educa
ção Infantil.
É important
e esse escla
recime
nto para
que o
169
profess
or
ou pr
ofessor
a
sa
iba esc
olher cad
a tip
o de livr
o de forma
intenci
onal, d
e acor
do com s
eus obj
etivos.
Recorro a Linden (2011), fazen
do uma diferenciação entre
o livro ilustr
ado e ou
tros tipos
de livros pa
ra cr
iança
que contenham
imagens, a pa
rtir da
organiza
ção inter
na do obj
eto livr
o. Dess
e
modo, apr
esentei
às professoras,
de forma sucinta, segundo a cita
da
autora
, a definiçã
o de livro ilu
strad
o; livro c
om ilus
traçã
o;
histórias
em quadrin
hos; livros
pop
-
up
; livro
s
-
brinqued
o e
livros intera
tivos.
Os
livros il
ustr
ados
são obra
s em que a
ima
gem é
espacia
lmente prepond
erante e
m relaçã
o ao texto verba
l e a narra
tiva
se faz de ma
neira a
rticula
da entre o tex
to verb
al e a i
magem.
Figura 1
: Livro il
ustra
do
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: A
na, Guto
e o G
ato
Dançar
ino/
Stephen Mi
chael Ki
ng)
Em algu
ns livr
os, o texto
verb
al pode esta
r au
sente e,
nesse
caso,
o livro é c
hama
do de
livr
o
de
imagem.
170
Figura 2:
Livro de imagem
Fonte:
Fot
o da pesqu
isadora (
livro:
Quando Mar
ia encontr
ou João/ R
ui de Ol
iveira)
Os
livros com
ilust
raçã
o
são ob
ras
que apr
esenta
m um tex
to
acomp
anh
ado de
desenh
os, ima
gens ou
gravu
ras
, porém,
o text
o
verba
l é espac
ialmente d
ominant
e e au
tônomo d
o pont
o de vista
do
sentido
;
o le
itor pen
etra na
história
por mei
o do t
exto verba
l, que
susten
ta a n
arrativa.
Figura
3: Liv
ro co
m ilus
traçã
o
Fonte:
Foto da
pesq
uisad
ora
(liv
ro: O Ba
rbe
iro de S
evilh
a
/
Ruth Rocha)
Já as
hi
stóri
as em qu
adrinh
os
, segundo a
autor
a
,
ap
resen
tam
uma orga
nização de pá
gina que cor
responde pr
incip
almente a
uma
171
disposiçã
o compar
timenta
da, ou s
eja, os
quadrinh
os s
e encontram
justa
postos em vá
rios nívei
s. “A
forma de expr
essão carac
terizada nã
o
pela prese
nça de qua
drinhos e b
alões,
e sim pela
articula
ção de
‘imagens s
olidárias
’” (
LINDEN
, 2011, p. 25).
Em nota, são
definida
s como solid
árias
as ima
gens que, i
ncluída
s numa
sequência,
apresenta
m a dupla c
arac
terística d
e serem, a
o mesmo
tempo
,
separad
as e
sobredetermi
na
das
.
Figura
4: His
tórias
em
qua
drin
hos
Fonte:
Foto da
pesq
uisad
ora
(
Revist
a nº 14: C
ascão
/
Mauri
cio d
e Souza,
2007)
Livros p
op
-
up
são um t
ipo de livro qu
e no es
paço da pá
gina
dupla a
comoda siste
mas d
e abas
, encaixes,
escond
erijos,
etc. que
permite m
obilida
de dos
eleme
ntos e até
mesmo u
m desd
obramen
to
em três di
mens
ões.
172
Figura
5: Liv
ro pop
-
up
Fonte:
Foto da
pesq
uisad
ora
(
l
ivro:
A Joa
ninh
a
/
Todo l
ivro)
Os
livr
os
-
brinq
uedo
s
ão objet
os híbr
idos
, situa
dos
geralme
nte e
ntre o
livro
e o br
inqued
o, que cont
êm el
ement
os em
três dime
nsões como pe
lúc
ia, figur
as de plás
tico,
dentre ou
tros
materiais
.
Figura 6
: Livro b
rinqued
o
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: Zoe
, a Zeb
ra)
173
Os
livros intera
tivos
s
ão aq
ueles que s
e apres
enta
m como
suport
e de ati
vida
des va
riad
as como p
intur
a, co
nstr
uções
, recort
es,
colage
ns entre outr
os
;
podem conter
materiais
diversos para
ativida
des manua
is como tinta
s, ades
ivos, tecid
os, etc
.
Figura 7:
Livro interat
ivo
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (Li
vro: O
gatinho Rarrá
/
Cir
anda Cul
tur
al)
É preciso a
tentar par
a o fato de que existe, atu
almen
te, uma
grande p
rodução de livro
s para crianças
por
diverso
s int
eresses, um
a
vez que o liv
ro se tornou
uma
merca
doria r
entável e, c
om isso,
nem
todos os livr
os lançad
os no merca
do aprese
ntam
boa qualid
ade,
como tamb
ém nem sempr
e o
livro qu
e vende ma
is é, por c
onta dis
so,
de literat
ura. Por isso
a
importância
de
o
professor
desenv
olver
um
olhar se
nsível, c
om base
em co
nheciment
o espec
ífico, pa
ra rea
lizar
as escol
has de l
ivros.
Para
os próximos
encont
ros, dev
ido à
necessidade
de me
ausent
ar para t
ratame
nto d
e saúde
, foi
realiz
ado
, junt
o com as
profe
ssoras,
um planejamento de leitur
a de textos
qu
e já
tinham sido
utilizados c
omo supor
te
n
os enc
ontros
anter
iores
.
174
Qua
dro 9
-
Pauta
do d
ia 06/05
e 13/0
5
PAU
T
A
: 06/
05 e
13/
05/1
9
1-
Ponto d
e O
bservação
: O co
nteúdo
que dest
aco hoj
e é... Porqu
e...
2-
Leitura
:
Livr
o: “Ida e Vol
ta”
-
(Juare
z Machad
o)
Leit
ura:
Prof
essora
Lis
-
O h
omem que am
ava as caix
as. (Ste
phen Mich
ael K
ing)
3-
L
eitura das avaliações:
Pontos de
obse
rvação dos
enc
ontro
s anter
iore
s
4
-
Cont
e
údo:
-
Tipos de diagr
amação:
dissociaç
ão; assoc
iaçã
o; compartim
entação e
conju
nção.
-
F
unção das molduras e
nquadr
ame
nto, dese
nquadrame
nto,
camp
o,
extracampo
e
contracampo.
•
T
exto de
apoio:
Fu
nçã
o das mold
uras enqu
adrame
nto,
desenqua
dra
mento,
campo,
extracampo
e contracampo
.
De
LINDEN,
So
phie Van
der.
In:
LINDEN, So
phie Van d
er.
Para Ler o livro ilustr
ado. São Pa
ulo: Cosa
c Naif
y,
2011. P. 71
-
77.
5-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitura
do livro “Ida
e Volta”
,
de J
uarez
Mach
ado
,
teve
como
objetivos obser
var a
importância
de se faze
r a leitur
a dos
parate
xtos p
ara
maior
comp
reensão
da hi
stór
ia, con
statar a
importânc
ia de realiza
r ações par
a promover
o desenvolvim
ento da
percepção v
isual da
s cria
nças
, por meio da
amp
liação, por
e
xemplo
,
do reper
tóri
o de des
enho
de mar
cas,
conhecer
pega
das
de difere
ntes
animais,
identificar
desen
hos de pe
gada
s que s
e for
mam c
om a b
ase
dos difere
ntes tipos d
e sa
patos,
rec
onhecer
d
esenhos
com
moviment
os de
objet
os
,
suas marca
s,
etc.
poi
s
,
qua
nto maior
for o
reper
tóri
o da cria
nça, mel
hores co
ndições ela
terá de
realizar
a leitura
de imagens.
A profe
ssora
Lis
realizou a leitura
do livro “O
homem qu
e
amava as
caix
as”
,
de Stephen Michael Ki
ng, co
m o obj
etivo de
indicar o livr
o da bibli
oteca
para o grupo e par
a amplia
r o repertório.
A leitur
a das
avalia
ções dos
encontros
ant
eriores
teve o
objetivo d
e verif
icar
os cont
eúdos qu
e foram de
sta
cados
como
175
importantes
e
retom
ar
o qu
e
po
rventura tenh
a gerado dúvidas ou
dificuldades.
Os conteú
dos pla
nejados
pa
ra o encontr
o fora
m: os tipos
de
diagr
amação
:
dis
sociaçã
o, associa
ção, compa
rtimentaç
ão e conjun
-
ção
, e
a fu
nção d
as mo
ldur
as, en
quadr
amento, desenqu
adra
mento,
campo e
extra
campo.
É
importa
nte
aprese
ntar
esses con
teúdos
a
os p
rofe
ssor
es
a
fim de
poss
ibilita
r
uma mel
hor compr
eensão da pr
opost
a, con
hecer
a intençã
o das es
colha
s dos
autores
e compre
ender o d
iscur
so
veicula
do nel
a.
O
s tipos
de diag
ramação,
elen
cados
para a dis
cussão
, são o
s
propost
os por L
inden (2
011
):
a)
Dissociação
: n
esse t
ipo d
e orga
nizaç
ão, a i
magem
cos
tuma
ocupar a
página da
direita
, denominada pel
os tipógr
afos
de “página
nobre”, po
is é aquela
em qu
e o olhar s
e detém
na abertu
ra do livr
o,
e o text
o fica
na pá
gina
esqu
erda. E
sse f
ormato f
oi h
erda
do do liv
ro
com ilustra
ção tra
diciona
l. Nesse mod
elo, o t
exto gera
lmente
é
impress
o sobre u
m fu
ndo hom
ogêneo.
Em rela
ção
à imagem,
ela
pode “sa
ngrar
” no espa
ço da
página
ao lado ou
ser e
moldura
da
; p
ode
aind
a
apresentar d
esenhos c
om contor
no ou vin
hetas
na pági
na do
texto. Ness
e tipo de liv
ro ilu
strado há
uma situ
ação de má
xima
separ
ação entr
e text
os e ima
gens,
no qua
l o le
itor pas
sa
sucess
ivamente da ob
servaç
ão da ima
gem para a leitur
a do text
o
alternada
mente.
176
Fi
gura 8
:
D
issociação
Fonte: Fot
ografia da p
esquisad
ora (
livro: Bicos
q
ueb
rados/
Nathani
el Lachenmeyer)
b) Associação
: es
se tipo de diagra
mação é o ma
is comum no
livro ilustr
ado, reu
nindo
pelo me
nos um enunc
iado ver
bal e u
m
enun
ciado v
isual no
espaço d
a págin
a. Essa diag
ramação
pod
e se
apres
entar de div
ersa
s formas
. P
or exemplo
,
uma linh
a pod
e separar
o espaç
o do t
exto do
espa
ço da imagem; a
ima
gem
pode ocu
par o
espaço princ
ipal da pá
gina e o texto fica
r acima ou aba
ixo dela; a
imagem pode
também oc
upar toda
a página
ou mesmo a págin
a
dupla e s
angra
r a margem
do papel e o t
exto s
e inscreve
r
num espaço
da imag
em; vários
text
os e v
ária
s imagens
podem ai
nda
se orga
nizar
no e
spaço
da mes
ma pág
ina ou d
a pági
na dup
la. A es
colh
a dess
as
diferentes
estru
turas
resulta
rá principa
lmente d
a inte
nção narr
ativa.
A suces
são rá
pida de imagens
e tex
tos curtos
torna
a leitur
a ma
is
dinâmica.
177
Figu
ra 9: Asso
ciaç
ão
Fonte:
Fotogr
afia
da pes
quisa
dor
a (l
ivro: P
ara q
ue serv
e um livr
o?
de
Chloé
Legeay)
c) Co
mparti
mentaç
ão
: nesse mode
lo d
e diagra
maçã
o exist
e
uma prox
imidade com a dia
grama
ção das histór
ias em qua
drinhos,
na qual o es
paço da
página
ou da pá
gina dupla
é div
idido em vá
rias
imagens
emoldu
rada
s
;
o texto s
e i
nscrev
e próx
imo
aos qu
adros
ou
dentro d
e ba
lões. Emb
ora em alguns
cas
os se a
sseme
lhem à his
tór
ia
em quadrin
hos, no
livro
ilustra
do, as ima
gens s
ão maior
es e
m
tamanho e quantidad
e.
Figura 10
: Compart
imentação
Fonte:
Fot
o da pesqu
isadora (
livro:
O diário de A
nne Frank em
quadrinhos/
Ari Folman e
David Polon
sky)
178
d) Conjun
ção
: a
orga
niza
ção, nes
te ca
so, mesc
la di
ferentes
enunciad
os s
obre o s
uport
e, ocorr
endo
o con
trár
io da
diagra
maçã
o
“diss
ociativa”
. Os textos
e a
s imagens
não se
encon
tram dis
postos
em espaç
os reser
vados
, mas a
rticula
dos numa
composiç
ão gera
l e, na
maio
ria das
vezes, em
pági
na dup
la. Há
a apr
esen
taçã
o de vá
rios
enunciad
os, muitas
vezes i
ndistintos,
entremea
dos e nã
o justa
postos.
Os textos
integr
am a ima
gem e, d
essa
forma, a
s mensagens
visu
ais
ou verb
ais s
e revelam
conjunta
e globa
lment
e.
N
esse tipo d
e
diagr
amaç
ão é difícil separa
r o texto da ima
gem, porque u
m
participa
do outro em rel
ação à expr
essão plá
stica. Os livr
os que
adotam
esse tipo de or
ganiza
ção c
om frequê
ncia des
envolv
em um
discur
so mais poético do q
ue narr
ativo, poss
ibilitand
o ao leitor um
a
livre e
xp
loraç
ão da
s diver
sas m
ensagens.
Figura 1
1: Conj
unção
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro
:
Que b
icho se
rá que
botou o ovo? /
Ângelo
Machado e Roge
r Mel
lo)
É possível
observar que
a diagramação do l
ivro ilustrado
contempor
âneo se c
aracter
iza por grande
liberda
de fo
rmal, v
isto qu
e
o criad
or dis
põe de
mui
tas
opções
para
se expr
ess
ar por
meio
de
imagens e d
e
muitas
possibilidades
de varia
ções
em relaçã
o à
organ
izaç
ão da pág
ina.
179
E
sses
conteúdos
tivera
m o obj
etivo de a
prese
ntar
diver
sos
recur
sos de dia
grama
ção e
escla
recer qu
e as es
colha
s da d
iagra
maçã
o
pelos
ilustrador
es são in
tencio
nais.
S
e existe a i
nten
ção de va
lorizar
uma determi
nada ima
gem
,
é concedid
o a ela
um es
paço es
pec
ífi
co
para ma
ior desta
que
;
uma “imagem
pode tam
bém ocu
par a
tot
alidad
e da pági
na, ou me
smo d
a págin
a dupl
a, e sangr
ar a marge
m
do papel
” (LINDEN
, 2011, p.68). Seg
undo a autora, as diferent
es
estrutur
as terã
o implicações
diversa
s
e
, depen
dendo da intenção
nar
rativa, ocor
rerá a
escolha em mistu
rar textos
com imagens,
associá
-
los ou distingui
-
los.
O objetiv
o de tra
balhar
as funç
ões das
moldura
s, o
enq
uadr
amento, des
enqu
adra
mento, cam
po e
extra
campo
foi:
apresenta
r conteúdos
que pos
sibilita
riam mel
hor compre
ensão da
leitura da
s imag
ens, des
envolver
a perc
epção vis
ual,
demonstra
r qu
e
esses
recurs
os sã
o escol
hidos
e utili
zados
pelos
ilustrad
ores de f
orma
intenciona
l para ex
pressa
r
da melhor f
orma
suas ideias e
m suas
narrati
vas visu
ais.
É
importante esclarec
er que a for
ma com
que
as im
age
ns se
inserem na pági
na não deixa
de ter implicaç
ões para
a percepção
.
U
ma imagem e
m uma moldur
a bem definid
a, ou emoldur
ada s
em
contorno,
ou uma
image
m ocupa
ndo todo o
espa
ço da pá
gina sã
o
projetos dis
tintos
e podem ser por
tadoras
de signific
ado.
A
composiçã
o, o â
ngulo d
e vis
ão e a per
spect
iva s
ão con
diciona
dos pel
a
forma e d
imensão da
mol
dura,
podendo ter
inúme
ras implic
ações
para a leitura (LINDEN, 2011).
A primeira
função da
moldura
, segund
o a autora
,
é fechar
uma imagem, d
elimitar,
marca
r uma repres
entação, defin
indo um
espaç
o narra
tivo co
erente
;
uma u
nid
ade dent
ro da narrat
iva po
r
180
imagens.
A dimensã
o de
uma moldur
a tem u
m efe
ito funda
menta
l
sobre a
composiç
ão da i
magem
. S
ua forma é muito variável
e a
escolha se inclu
i e
ntre as
cara
cterística
s do estilo dos ilu
stra
dores.
Alguma
s forma
s de mol
dura
, por exem
plo, a
redonda,
efetu
a
aproxima
ções com a
fot
ografia
. S
eu empr
ego
na fol
ha de
rosto
(figura 13)
ou na última página de um liv
ro ilustr
ado condic
iona a
funçã
o de prólog
o ou e
pílogo à
uma ima
gem.
Figura 1
3: Mol
dura re
donda
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: O
Grúfal
o/Júlia D
onaldson e Axe
l Sche
ffler)
A autora revel
a ainda que
a mol
dura pode
ter uma fun
ção
separado
ra
para distinguir
a figur
a do fundo
e para d
istingu
ir vá
rias
mensagens
existentes
na narra
tiva, nu
ma sequência
de imagens
,
conforme a figura 14
a seguir
:
181
Figura 1
4: Funç
ão separad
ora
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: O
Grúfal
o/Júlia D
onaldson e Axe
l Sche
ffler)
A moldura
é importante pa
ra difer
enciar uma
vinheta da
outra
par
a que se
jam
li
das
separ
adame
nte
. Essa f
unção
tamb
ém
distingue r
epresen
tações p
lástic
as da
s verba
is. Além dis
so, a moldu
ra
pode estar
presen
te apenas
para ser tra
nsgredid
a
. É
comum image
ns
cujos
persona
gens ou
elem
entos a
ultra
pass
am
:
u
ma b
ola l
ançada
,
algum obj
eto
ou animal
saindo
da moldura, visan
do criar um
a ilusão
de movimen
to
,
por
e
xem
pl
o, como n
a figura a
seguir
:
Figura 1
5:
Transgre
ssão
Fonte: Fot
o da pesq
uisad
ora (li
vro: O
leão e o c
amundong
o/ Je
rry Pinkne
y)
182
A noção d
e
enquadrame
nto
surgiu do
cinema
e ac
abou p
or
designar
a posiç
ão da moldur
a em rela
ção à cena
repres
entada
.
Ass
im, se a c
ena se ref
ere à v
ista de c
ima par
a baixo,
se fal
a em
“
plongée”
(figura 16),
mas
,
se
está rel
acion
ada à vista de
baixo p
ara
cima, se den
omina
“contra
-
plon
gée”
(figura 17).
Figura 1
6:
Plongé
e
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o:
Pedro e
o lob
o/Serge
i Prokof
iev
- a
dapt.
Heloisa
Pietr
o)
Figura 1
7: Cont
ra
-
plon
gée
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o:
Pedro e
o lob
o/Serge
i Prokof
iev
-
a
dap.
Heloisa
Pietr
o)
183
Essa noção de enquadramento acarreta implicações específicas
quando a criança é representada: em um enquadramento
contra
-
p
logée,
o ponto de vista será provav
elmente interpretado como
o da criança.
O
plongée,
pr
ovave
lmente s
erá o po
nto de vi
sta de um a
dulto, o
u
a partir
de uma p
osição alta,
c
omo de sobre
um
a
árv
ore
, por exemplo
(LINDEN, 2011).
A seleção do modo de ver
a cen
a cria uma intimidade c
om o
leitor, com o tipo de visão que el
e está usufruindo
; s
e está olhando
tranquilamente a cena ou se está participando dela. “Todo esse material
sensorial
que o i
lustrado
r ut
iliza, per
mitind
o que u
ma crian
ça rea
lize
uma leitura visual ordenada, é obtido pelo uso de perspectiva e do
ponto de vista escolhidos” (O
LIVEIRA, 2008, p. 54).
Há ainda o recurso do
desenquadramento
no q
ual
a m
oldu
ra
pode não apresentar inte
gralmente os personagens ou ele
mentos
important
es da imagem
;
a moldura “corta” os persona
gens
(fi
gura18)
.
“Ela está ligada a um código e, nesse sentido, o leitor precisa aprender
a não i
nterpr
e
tar
como um simples ‘corte’” (LINDEN, 2011, p. 76).
Figura 1
8:
R
inoc
eronte
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: A
vida selvagem
: diário de uma
aventura/Cl
audia R
ueda)
184
O enqua
drament
o press
upõe a seleç
ão de uma
ima
gem
contend
o um de
termina
do c
ampo ob
serva
do de u
m deter
minad
o
ângulo com c
ertos limi
tes
precisos
. A
ssim, o
campo
s
eria a
superfíc
ie
de represe
ntação deli
mita
da p
or uma
moldura e
por
um
extrac
ampo
que, emb
ora nã
o seja
repres
entado,
existe
em pote
ncia
l.
Figura 19
: Extr
acampo
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: Par
a ler o l
ivro ilustrado/
Sophie Van Der
L
inden)
O
contracampo é ou
tro p
rocedim
ento r
eferente a
o ca
mpo,
que foi tirado d
a lingua
gem cinema
tográfica
, no qua
l a uma
imagem
mostrando u
m campo es
pecífico, su
cede
-
se outra que reve
la o
campo situa
do defro
nte
.
P
or exemplo, “
quando d
ois personagen
s
estão conv
ersa
ndo, é pos
sível mos
trá
-
los
de perfil de ma
neira a
inserir amb
os dentro
da moldur
a, mas
também se
pode opta
r por
mostra
r, su
cessiv
amente,
em fu
nção d
o diá
logo, u
m
persona
gem d
e
frente (ca
mpo), e d
epois
o ou
tro (contracampo)” (LIN
DEN, 2011,
p. 77).
(Figuras 2
0 e
21)
185
Figura
20
: Perfil
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o V
ozes do par
que/
Anth
ony Br
owne)
Figura 2
1: Fr
ente
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o V
ozes do par
que/
Anth
ony Br
owne)
Segund
o Faria
(2016)
, o enquadra
mento s
e comple
ta pelos
plan
os em q
ue a imag
em é apre
sentada,
haven
do grand
e vari
edade
,
aparec
end
o
com frequência
nas ilustra
ções dos livr
os infantis. C
omo
exemplificado por V
az e Silva (2016), há um
:
P
lano ger
al
ou de
186
conju
nto
que
“repr
esenta
os pers
onagens e um
p
ouco mais
do
cen
ário” (
V
AZ E SILVA, 2016, p. 234).
Figura
2
2
: Pl
ano geral
Fon
te: Fot
o da pesqu
isadora (
l
ivro:
O leão e
o camundo
ngo/J
erry
Pinkney)
Plano m
édio
ou aproxima
do, qu
e “repr
esenta os pers
onagens
da cintura
para cima
, permitindo ao leit
or a vis
ualização, d
e forma
mais de
talh
ada,
de
suas expressõ
es faci
ais e cor
por
ais” (VAZ
E
SILVA, 2016, p. 234).
Figura 2
3
: Pl
ano médio
Fon
te: F
oto da
pe
squisad
ora (
li
vro: O
leão e o c
amundong
o/Je
rry Pinkne
y)
187
Primeiro pl
ano
, “repres
enta
o personagem
na alt
ura
dos
ombros,
com
o obj
etivo d
e rea
lçar s
uas
expres
sões fa
ciais
e se
u est
ado
emociona
l” (
VAZ E SILV
A, 2016, p. 235).
Figura
2
4
: Prime
iro plano
Font
e: Fot
o da pesqu
isadora (
l
ivro:
O leão e
o camundo
ngo/J
erry
Pinkney)
Plano
detalh
e
;
pormenor ou
close
-
up
cuja sua função co
nsist
e
em realça
r um elemento
da figura
, “enquadr
a um detalhe da
anatomia
do persona
gem
ou de um ob
jeto da c
ena, des
tacand
o um
pormenor que po
deria p
ass
ar despercebid
o pelo leitor”
(
VAZ E
SILVA, 2016,
p. 235
), que
ressal
ta a dram
atici
dade
da cen
a.
Figura 2
5: Pl
ano detalh
e
Fon
te: Fot
o da pesqu
isadora (
l
ivro:
O leão e
o camundo
ngo/J
erry
Pinkney)
188
A montagem de u
m livro
ilustrado, de
acordo co
m Linden
(2016), consiste em organizar a sucessão das páginas duplas e trabalhar
com a ideia de cont
inuidade. Os cria
dores também po
dem considerar
o espaço do livro aberto
como um suporte ex
pressivo em si, c
apa
z d
e
escapar ao movimento de encadeamento de p
áginas.
Isso demonstra, segundo a
autora, duas principais te
ndências
que regem a organiz
ação dos livros
ilustrados: um con
junto vet
orizado
que
se inscre
ve numa
continui
dade
, encade
ando pá
gina a pá
gina
co
mo
sobreposição de espaços fixos sucessivos, quando cada página dupla
propõe uma configuração nova e c
oerente nesse espaço. Essa distinção
é importante porque a
expressão do tempo, do
movimento, as
modalidades da narrativa de
pendem dessas escolhas. É
na sequência das
páginas que s
e con
strói um
discurso. “
A organiz
aç
ão em
du
pl
a fa
vo
re
ce
a fruição da leitura. O livr
o ilustrado, de modo pa
rticular, se baseia
nesse encadeamento. Mais
que qualquer
outro suporte, o d
iscurso
completo é percebido na escala do livro, n
a sequência das páginas
viradas” (
LINDEN, 2016,
p. 87).
Qua
dro 10
-
Pa
uta do d
ia 2
7/
05/19
PAU
T
A
: 27/
05/
2019
1. Ponto de O
bservação
: Hoje o que
marcou fo
i...
p
orqu
e...
2-
Leitura
do livro:
“Que
m solto
u o PUM?
”
-
Bland
ina Fr
anco e J
osé
Carlos
Lollo.
3
-
Cont
e
údos:
-
Formação de
novas
sinap
ses (ima
gem
do
link
-
A Cr
iança e
Seu D
esenvol
vime
nto
-
O
desenvolvime
nto ce
rebr
al (prim
eirainfanciae
mpauta.
org.br
)
-
Articulação entre imagem e texto.
-
Narrativa no l
ivro de im
agem.
•
Texto de apoi
o:
Artic
ulação do texto com a il
ustração
.
D
e FARIA
, M. A. In:
Como usar a l
iteratura inf
antil
na sala de
aula. p.
39
-
53
•
Texto de apoi
o:
A narrativa
no liv
ro de ima
gem
. De FARIA, M.
A. In:
Como
usar a liter
atura infa
ntil na sala de
aul
a. São Paulo:
Contexto,
201
6. P. 55
-
82.
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
189
A leitura
do livro “Quem s
oltou o PUM?”
,
de Blandi
na
Franco e Jos
é Car
los Loll
o, teve o ob
jetiv
o de a
nalis
ar a a
rticula
ção
entre o tex
to e a im
agem,
realiza
r o exerc
ício de lei
tur
a apena
s do
texto
verbal
e posteri
ormente
c
om as i
mage
ns p
ara obse
rvar que
elas
e
o texto
verbal,
nes
se caso
, estão
arti
culadas p
ar
a
possibilitar
a
compre
ensão.
Uma image
m de um qu
adro sobre a
formaç
ão de nova
s
sinapses
foi apres
entada a
o grupo
,
para
l
ançar uma refle
xão sobre
a
importânc
ia de pr
oporcio
nar um e
nsino si
gnific
ativo a
os alu
nos da
Educação
Infan
til
. S
egundo as
indic
ações
presen
tes
na imag
em,
o
períod
o
em que
oc
orre
maior des
envolv
iment
o da
s funç
ões
psíquica
s, a lin
guagem, ca
pacid
ades sens
oriais e
forma
ção de n
ovas
sinap
ses é n
a faixa e
tári
a de z
ero a
se
is
ano
s.
Os conteú
dos sob
re a a
rticula
ção entr
e text
o
,
imagem
e
narra
tiva no li
vro de i
magens tiv
eram como textos
de apoi
o
Articula
ção do t
exto com
a ilust
raçã
o e A narr
ativa n
o livro de ima
gem,
ambos d
e Fari
a
(2016)
,
c
ontido no
livro
“
Como us
ar a lit
erat
ura
infanti
l na sala de
aul
a
”,
tendo como f
inalida
de
esclarec
er a
importânc
ia de o
profes
sor
e a
profes
sora
ter acesso a e
sse
conhecim
ento pa
ra ter
condiçõ
es de ensina
r a leitu
ra de ima
gens às
crianç
as e pr
omover o d
esenv
olvim
ento da p
ercepç
ão v
isua
l.
É importan
te desta
car qu
e c
onhec
er
o
s r
ecursos
e
xpressivo
s
utilizados p
elos cria
dores
de livros ilu
strados
contri
bui par
a melhor
compreensã
o da leitu
ra
vis
to que:
O livro ilustrado não é apenas texto e imagem, é texto e imagem
no espaço desse estranho objeto que é o livro. A disposição das
mensagens no suporte, o
encadeamento do
texto e das imagens,
190
sua di
agramaç
ão, su
as loc
alizaç
ões t
ambém
fazem s
entido
”
(LINDE
N, 2011, p.
86).
Segundo Faria (2016, p. 39) no
s “bons livros ilustrados, o
texto e a ima
gem se a
rticu
lam de tal mod
o que a
mbos conc
orrem
para a bo
a comp
reens
ão da n
arrativa.
É possí
vel
afirmar que
os l
ivros
com ilustra
ções apr
esentam du
pla narr
ação”. A autor
a destac
a que
a
lógica tex
tual e a
lógica
iconogr
áfica es
tão ar
ticulad
as pa
ra que ha
ja
a compreens
ão,
embora
apres
ent
e
m forma
s difere
ntes de leitur
a
. N
a
leitura da
escrita
, em nossa
cultur
a, o
s
olho
s
perco
rre
m
a li
nh
a da
esque
rda para a d
irei
ta e de cim
a para baix
o
;
li
n
ha a l
inha, pe
la
trajetór
ia do olhar
. Na lei
tur
a de uma
imagem, a
trajetór
ia do ol
har
não é linear
;
percorre a ilustração em d
iversas direçõe
s, de acordo
com as ca
racter
ísticas d
a imagem
e conf
orme a inte
nção d
o
ilustra
dor. As
sim, o ilustr
ador pode dirigir
o olhar d
o leitor
, levando
-
o a percor
rer a
imagem em um d
etermina
do sen
tido
;
por exemplo,
n
o livro
“Ida e
Volta”,
de Juare
z Mach
ado,
no qual as pe
gadas
da
personage
m se orien
tam d
a esquerd
a para
a direita
.
Na r
elação entr
e o text
o e a ima
gem, exis
tem vá
rios mod
elos
teóricos
, mas no livr
o infantil, de acor
do com Far
ia (2016), o ma
is
comum
é a de r
epetiç
ão o
u de c
ompleme
ntari
dade,
depe
ndendo
dos
objetivos d
o livr
o e a pr
ópria
concepçã
o do artista
sobr
e a ilust
ração
infantil. E
m um livro com u
ma funçã
o
pedagógic
a, d
e
auxili
ar d
a
alfabe
tiz
ação
, por exemplo,
ocorre a
repetiçã
o do enunc
iado esc
rito
na im
agem. P
ara a aut
ora, a bo
a ilu
stração d
eve
ser de
complementa
ridade,
na q
ual, um d
os dois elem
entos
,
devi
do sua
c
onstituiç
ão,
pod
e ter
a fa
culda
de de diz
er o qu
e o outr
o nã
o
poderia.
191
Em rel
ação à fun
ção d
e
repetição
, segundo Linden (
2011), a
leitura da
segunda men
sagem não tr
az nenhu
ma informa
ção
supleme
ntar,
dando ao lei
tor a
sensa
ção de ler
a mesma mens
agem
de forma
difere
nte, indu
zindo a uma r
elaçã
o de redundâ
ncia.
S
ob
re
a
c
omple
mentar
idade
, a autora utili
za o termo
“
colaboraç
ão
”,
p
or
express
ar a idei
a de textos
e imagens traba
lharem e
m conju
nto em
vista de u
m sentido comu
m e, dessa
maneira, c
onsidera
-
s
e “de que
modo se c
ombina
m as fo
rças
e fraqueza
s própria
s d
e cada cód
igo.
Articula
dos, textos
e imag
ens cons
troem um dis
curs
o único. N
uma
relaçã
o de c
olabora
ção,
o sentid
o nã
o está
nem na
imagem
nem n
o
texto: e
le emerg
e da r
elaçã
o entre os
dois” (
LINDEN, 2011, p. 121).
Quanto à função da imagem, segundo Faria (2016, p.42),
“as f
unções da ima
gem no liv
ro ilu
strado
seria
m a de
‘criar/s
ugerir/com
pleme
ntar o es
paço plás
tico’, qua
nto à des
crição
é
‘marca
r os mom
entos
-
chave
da ação n
a narrat
iva pe
la dup
lic
ação
visual’[...]”. A
autor
a afir
ma que a ima
gem pr
ecisa
concentra
r
elemen
tos de
hi
per sig
nifi
cação
da narrativa co
mo:
a) os
elementos
estátic
os
, aqueles r
elacion
ados à
descr
ição como o a
mbient
e da
ocorrênc
ia da
ação, as
personage
ns e sua
s caract
erística
s, v
estimentas
,
lugar
onde viv
em, s
eus
objet
os, entr
e out
ros;
b) os
e
lemen
tos
dinâmicos
,
que estã
o rela
cionados ao
encad
eamento d
a narr
ativa
como expr
imir com c
lareza a açã
o, os gestos
e as ex
press
ões
motivador
as d
as pers
onag
ens, o rit
mo da a
ção e a
progress
ão da
narrati
va.
Ao manusear um
livro ilustrado,
é possível
perc
eber a
existência
de uma es
treita r
elação c
om a pági
na dupla,
na qual “
a
organiza
ção da
s difer
entes
mensage
ns não n
ecess
aria
mente res
peita
a compar
timentaçã
o por página
. Text
os e image
ns se dis
põem
192
livremente na página dupla” (LINDEN, 2011, p. 65). Assim, ao se
segurar um li
vro ilust
rado n
as mãos, não
há como
prever a
organiza
ção in
terna de
le, p
orque é
o espaço
de toda
s as
possibilida
des.
O conteúd
o sobre a
narra
tiva no livr
o de imagem t
eve
como
objetivo
escla
recer qu
e as
históri
as nar
rad
as por i
magens p
ossu
em
aspectos qu
e lhe s
ão pró
prios e técn
icas
específic
as.
U
m tra
balh
o
minucios
o com as
crianç
as, indic
ando ou
levand
o
-
as a descobri
r
esses
elementos téc
nicos
qu
e
explicam o espa
ço, o tempo,
cara
cterís
ticas d
as per
sonagens,
o movime
nto,
entre ou
tros
,
“aprof
undará a
lei
tura d
e im
agem
e da narrat
iva e e
stará
ao me
smo
tempo, des
envolv
endo
a ca
pacida
de de obser
vaç
ão, aná
lise,
comp
aração,
classi
ficação, levantame
nto de hip
óteses
, síntese
e
raciocínio.” (FARIA, 2016, p.59).
O ponto de obs
erva
ção
obj
etivou
ava
liar o conteú
do que foi
mais signific
ativ
o para a
s professora
s
e
o que
mais
as
afetou
.
Qua
dro 1
1
-
Pau
ta dos
dia
s 03/06
e 1
0/06/
19
PAU
T
A
: 03/
06 e
10/
06/1
9
1-
Leitura
: “
Não é uma c
aixa”
-
A
ntoinette Portis
2. Ponto de O
bservação
: Foi interessant
e saber
... p
orque...
3-
Cont
eúdos:
-
Continua
ção d
o conte
údo da
aul
a ante
rior:
A
rticulação entre imagem e texto e a
narrativa no
s livros de
imagem
.
-
Sintaxe visual
•
T
exto de apoio:
Artes visuais
-
D
e ROD
RIGUES
, S. M. P. et al.
In:
Propos
ta
Pedagógica d
a Ed.
Inf
antil
-
Bauru
/ Ar
tes, p.
4
43
-
50
3
-
De onde vem a insp
iração par
a
escrever livros?
Sugestões de
leitur
as da área do a
utor(a)
dos seg
uintes l
ivros
:
193
•
Pai, não fui eu!
De BRENMAN, I
lan e CANTONE, An
a Lau
ra.
São Paul
o:
All
Books,
201
3.
•
Vó, para de f
otograf
ar!
De BRENM
AN, Ilan e KAR
STEN, Gu
ilher
me.
São
Paulo: Mel
horame
ntos Livrari
as, 20
18.
•
Orie.
De HIR
ATSUKA, Lú
cia.
Rio de Janeiro: Zahar,
2014
.
•
A visita.
De
HIRATS
UKA, Lúcia.
São Paulo: Far
ol Lite
rário, 2
012.
•
O caminhão.
De HIRA
TSU
KA, Lúcia.
São Pa
u
l
o: Cort
ez, 2
017
4-
Atividade pr
ática:
criaç
ão de histórias a p
artir de so
ns
5-
Orient
aç
ões
para os próxi
mos
encont
ros e
e
sclare
cim
en
to de
dúvidas
:
Leitura das pautas dos próximos encontros.
6-
Avaliação
Fonte: Q
uadro
el
aborado pel
a pesq
uisadora.
A leitura
do livro
“
Nã
o é
uma ca
ixa” de A
ntoinette
Portis,
teve
como
objetiv
o am
pliar
o reper
tóri
o de
história
s da
s prof
essora
s,
observ
ar a
articula
ção entre o t
exto escr
ito e o
texto vis
ual e
relacionar
o faz d
e conta
na histór
ia com
os divers
os signific
ados
e
sentidos qu
e uma cr
iança
atribui
a uma caixa
, conforme o
conteúdo
de seu r
epertór
io e de s
uas nec
essida
des.
Em c
ontinuidade a
o conteú
do do enco
ntro anter
ior, s
obre
a
narra
tiva nos livr
os de imagem
,
també
m
fo
ram
aprese
nt
ado
s
a
l
gu
ns
modelos de
estrutu
ras na
rrativ
as em livr
os infa
ntis pa
ra poss
ibilitar
às profe
ssoras
mais um conteúdo a
interf
eri
r
em
suas escol
has.
Segundo Faria (2016)
,
os livros infant
is apr
esentam
narra
tivas
curt
as, podend
o ser co
nsider
adas
contos
. Conto
é uma
designaçã
o de his
tórias e
nar
rações
tradicionais
que
, na su
a orig
em,
eram o
rais e
m sociedad
es ágr
afas, tran
smit
idas d
e geraç
ão em
geraç
ão. “Pe
rrault
, na Fr
anç
a,
no fim do séc
ulo X
VII e os ir
mãos
194
Grimm, na
Alemanha
, no
início d
o sécul
o XIX, rec
olhera
m contos
orais
popular
es de seu
s respectiv
os país
es e os r
egistra
ram por
escrito,
segundo s
uas c
oncepções
e es
tilos” (
FARIA, 2016, p. 23).
A partir
da pas
sagem d
o oral ao
escrito,
trans
formou a
narra
tiva em
outro obj
eto, e “
o conto se tra
nsforma
em texto e em
seguida em l
ivro, a
poiado a
lgumas v
ezes em ilus
tra
ções. E a
ssim,
chegamos
à literatu
ra para cria
nças, qu
e tem sua origem em co
ntos
popu
lares [...]” (FARIA, 2016, p. 24).
A
literatur
a infanti
l abra
nge difere
ntes tip
os de conto
s, entre
tradiciona
is e m
odernos.
Par
a a a
utora, os
contos tra
diciona
is, com
o
os cont
os de fad
as, c
ontos mar
avilhos
os, poss
uem rel
evânc
ia porqu
e
tocam as
pectos i
mportan
tes de
nossa na
ture
za e de
nossa h
istória,
apres
entando o s
er hu
mano c
omo um s
er d
e lingua
gem e de
cultu
ra,
para o qu
al todas
as ativida
des de sobr
evivência
adqui
rem dimens
ões
imaginária
s e simbólica
s. “Por
isso, os c
ontos de fadas, lenda
s em
geral de tod
os os povos
, fáb
ulas e his
tórias
po
pulares
continuam a
ser apreciados e a fascinar as crianças” (FARIA, 2016, p. 24).
Sobre os contos de fadas, Vigotski (2010, p. 361) afirma que:
“Como a b
rincad
eira
, o cont
o de fad
as é um
a edu
cador
a estétic
a
natural
da cri
ança”. P
orém, o
auto
r faz uma re
ssalva e ch
ama a
atenção pa
ra o “fa
ntástico nociv
o”, por
que no psiqu
ismo nad
a pass
a
s
em deixa
r vestígi
os
;
tudo
cria
os seus
hábitos
, perma
necendo pa
ra o
resto da
vida.
Se, por ex
emplo, a
crianç
a desd
e cedo s
e acost
uma a
acredita
r em “bicho pa
pão”
, no mendigo co
m sac
os nas cos
tas que
pega as c
riancinha
s, “tu
do isso não s
ó lhe bl
oqueia
o psi
quism
o
como, aind
a pior, de
termina
-
lh
e o comp
ortame
nto. É abs
oluta
-
mente c
laro qu
e a c
rianç
a ou
teme,
ou se s
ente a
traída por es
se
195
mundo má
gico, mas
nunca
fica pa
ssiva
em relaçã
o a ele”
(VIGOTSKI, 2010, p. 3
55). Assi
m:
A utili
dade edu
cativa
dec
orren
te da
introd
ução do v
elho co
m o
saco nas costas no u
so doméstico esgota
-
se na vantagem
imedi
ata na i
ntim
idação
através
da qu
al pod
e
-
se consegu
ir que
a cria
nça p
are imedia
tamen
te
com as sua
s tra
quinag
ens ou
cump
ra algum
a ordem.
O mal daí de
cor
rente
pode r
efle
tir
-
se
em for
mas de
comp
ortame
nt
o humil
han
tes pa
ra o h
omem
muito
s dec
ênios d
epois (V
IGOTSKI, 2010
, p. 3
55).
O auto
r ain
da denom
ina essa m
anei
ra de e
nsin
ar como
edu
cação p
ara a ceg
ueira e para
a surdez em
relaçã
o ao
mundo.
Dessa
form
a, a justi
ficat
iva para um
a obra f
antást
ica é
“o seu fun
damen
to
emociona
l rea
l, e nã
o nos s
urpreende o
reconh
ecim
ento d
e que, c
om
a su
pressão do f
antás
tico nocivo,
o cont
o de fada
s aind
a assim
con
tinua se
ndo um
a das
formas da
arte infanti
l” (VIGOT
SKI,
2010, p. 359), visto que:
Em arte
tudo é
fan
tás
tico ou
tudo é
re
al, por
que tud
o é
conve
ncional, e
a reali
dade d
a art
e signi
fic
a apenas a re
alid
ade
daqu
elas em
oções a e
la r
elacio
nadas [.
..],
para
a crianç
a é
mai
s
importante saber que tal coisa em realidade nunca houve de que
se trata apenas de um
conto d
e fadas, e qu
e ela aprendeu a reagir
a isso c
omo a
um
conto
de fa
das
; log
o, deix
ou de s
urgir
por
si
mesm
a a questão
de saber se na reali
dade
tal oco
rrênci
a é ou
não pos
sível
. Par
a se sentir
satisfa
ção com o con
to de fa
das n
ão
há qualq
uer necessidade d
e acreditar no qu
e nele é narrado
(VIGOTSKI, 2
010,
p.
358).
196
Essas que
stões t
ornam
-
se i
mportant
es du
rante a
s escolha
s de
livros pois,
dependendo
do
cont
eúdo de ca
da conto, o r
esulta
do
pode
rá ser d
ife
rente n
a formação
da crian
ça.
Sobre os contos modernos, Faria (2016) a
firma que são
narra
tivas or
iginais e nã
o têm a ver
com a tr
adiç
ão oral,
porém
traze
m uma re
no
vação p
ara o marav
ilh
oso
. A
lém disso, es
ses c
ontos
“abordam
o di
a a dia das cri
anças, d
esde
as situaç
ões mai
s banai
s do
cotidiano a
té tema
s socia
is, exis
tenciais
, éticos,
reli
giosos d
e nosso
tempo
, c
om os
quais
, cons
cientem
ente ou
não,
os pe
quenos l
eitor
es
estão em co
ntato” (
FARIA, 2016, p. 24). A autora revela ainda que
as nar
rativas tr
adicionais
ou moder
nas podem s
er defin
id
as como
“expres
são de modifica
ções
de um estado inicia
l. Por
isso, a es
trutur
a
das nar
rativas
é essencialm
ente tempor
al” (
FARIA, 2
016, p. 24).
A autor
a sintetiza as f
ases de uma
narrativa
da seguinte
forma: a)
Situaçã
o inicial
: a
presenta um
estad
o de equ
ilíbrio ou
um
problema; b)
Desen
volvim
ento
: é o “miolo” da n
arrati
va, no qu
al se
concentram
as
tentativa
s de soluç
ão do prob
lema, co
m ou sem aj
uda
de pe
ssoas, seja
por meio
de atos r
eais
ou da
ordem
do mar
avilhos
o;
c)
D
esenlac
e
: este,
pode s
er feliz ou i
nfel
iz. No des
enla
ce feliz, oc
orre
a solu
ção do pr
oblema e a rec
uperaç
ão do equi
líbrio
. N
o desenlac
e
infeliz, o
problema
não é res
olvido e o e
quilíbri
o inicial nã
o é
recuperado
.
Para
exemplificar s
obre
os momen
tos d
e uma na
rrativ
a
conform
e essa
estrut
ura,
apres
entarei a
histór
ia
“O r
ato e a
montanh
a”,
de Antonio
Gramsci (2019). Esse autor
nasceu na Itália,
era filósof
o, jornalis
ta e polític
o
;
foi perseguido e pr
eso pelo gover
no
fascis
ta de Benito
Muss
olini. Es
creveu es
sa histór
ia q
uando esta
va na
prisã
o e a envi
ou por m
eio de u
ma ca
rta à
sua es
posa,
pedindo qu
e
197
ela less
e par
a seu
s filh
os, pois
era
seu des
ejo qu
e
a
hist
ória fosse
passada
adian
te. El
e fal
eceu n
a prisão
aos
46 anos.
N
a intenção de
também
contribuir pa
ra
divulgá
-
la
, escolhi
essa hist
ória
p
ara exemplifi
car a estrutura de
uma narrativa, d
e
acordo com a estrutura citada por Faria (2016): s
ituaç
ão
inicial, o
desenvo
lvime
nto e o d
esenla
ce.
Trata
-
se de uma histór
ia qu
e inicia com
um
menino
dormindo
. H
á u
m copo
de leit
e pro
nto pa
ra qu
ando e
le acor
dar,
mas um r
ato bebe o leit
e. E
ssa
é a situaçã
o inicial de equ
ilíbrio.
O menino, sem
ter o leit
e para
tomar
, chora
;
a mãe t
amb
ém,
porque nã
o havia m
ais lei
te. O ra
to, deses
perado,
não qu
er que o
menino c
hore. El
e sa
be onde cons
eguir
mais lei
te.
Dessa
forma
,
surge u
m probl
ema par
a o ra
to, que
é o fat
o de nã
o ter mais leit
e
para
o menino t
omar
,
e
o roed
or
sai à proc
ura de um
a sol
ução.
O início do d
esenv
olvim
ento ocor
re qua
ndo, pa
ra tenta
r
solucionar
o problema
da falta
de leite, o ra
to sai à
procura
de leite
e dial
og
a com uma c
abra:
-
Dona c
abra, a
senhor
a pode
ria me
dar leit
e para o
café
da
manh
ã do menin
o?
-
Poder, eu poderia...”
-
respond
eu a cabr
a.
-
Se eu tivesse
capim pa
ra co
mer.
Então, o r
at
o contin
ua se
u perc
urs
o e perg
unta
ao camp
o:
-
Senhor Cam
po, p
oderi
a faze
r brotar c
apim
, para qu
e a cabra
tenha
o que come
r?
-
Posso fazer br
otar todo
o ca
pim que v
ocê quis
er, r
ato
–
respon
deu o c
ampo.
-
Desde que você consiga água para me
regar.
O rato
vai at
é a fo
nte,
mas a f
o
nte fo
i arru
inada p
ela gu
erra,
e
a água escorreu.
198
-
Poderia lhe arranj
ar mu
ita água
–
disse a fonte.
-
Mas par
a isso
eu preciso ser reparada
E o rato
disse:
-
Então,
terem
os de ch
amar
o pe
dreir
o!
-
Consertar a font
e?
–
perguntou o ped
reiro ao rat
o.
-
Mas on
de
conseguiremos as pedras para isso?
-
As pedras vêm das montanhas, pensou o rato
.
Assim,
o rato decidiu
ir até a
montanha,
encontr
ou su
as
encostas
e os cur
sos dos
ri
achos s
ecos. Hom
ens de
negócio
havia
m
derrub
ado t
udo, e
a mon
tanh
a most
rava suas e
nt
ranhas
despro
vidas
de
t
erra. En
tão o rat
o conto
u para a mo
ntanh
a toda a hist
óri
a do
menino que nã
o tinha
leite para
o café da
manhã. E
prometeu à
montanha qu
e o menino,
quando cres
cesse, r
eplantaria
pinheiros,
carvalh
os e c
astanh
eir
as. A c
huva vo
ltari
a a form
ar ri
acho
s e a reg
a
r
o vale
;
as
terras volta
riam a s
er férteis.
Assim, o rato c
onvence
u a
montanha
, que
lhe deu a
s
pedras
de que
o pedreir
o p
recisa
va.
A fonte
recup
erou
sua água. O
camp
o a bebe
u. A cabra t
eve c
apim
à von
tade
e deu tant
o leite
que o
menino p
oderia
até t
omar ba
nho com e
le.
Nesse mom
ento,
o proble
ma inicia
l foi res
olvido
:
a falta
de
leite
;
mas a hist
ória nã
o ter
minou aí
. H
avia outra qu
estão
ai
nda
a ser
resolvi
da qua
ndo o meni
no cresc
esse. A
ssim a
narrat
iva pros
segue.
Quando o me
nino cr
esceu
, cumpr
iu a pr
omessa do ra
to e dessa
forma a
s ár
vores
povoara
m de nov
o as encosta
s d
a monta
nha, os
animais
do bos
que r
egres
sara
m, o sol
o voltou
a s
er fért
il
e a
montanha
recup
erou to
do o s
eu esp
lendor
.
A
o f
inal, o me
nino dis
se:
-
“Cumpr
imos nos
sa mis
são,
meu a
migo.
Vamos
ver c
omo fic
ou?”
.
Ness
a cena,
a imagem
apres
enta
o menino
olha
ndo
pela ja
nela
e, na
outra pá
gina dupla,
mostra
o que o menino v
ê, uma pa
isagem bem
199
diferente da
inicial
:
a ba
se das
montan
has cob
erta
de árv
ores e
também mui
tas outr
as ár
vores frondosa
s próxima
s à cid
ade.
Nessa narrativa é p
ossível
observar a evol
ução de
um
problema
apa
rentem
ente
“menor
” que,
no dec
orrer
da his
tória, e
m
seu des
envolv
iment
o,
quando
outras informaçõ
es foram surgin
do
,
mostra
a
existência de u
m problema de âmbito
maior por tr
ás da
falta de leite in
icial. Por m
eio de um esfor
ço coletivo
esse pr
oblema
também fo
i soluciona
do.
O
livro
aprese
nta
-
se e
m forma
to vert
ical, co
m capa
dura
,
e
abre no s
ent
ido de ba
ixo
par
a cima
, como u
m bloc
o de anotaçõ
es
(figura 26)
. É interes
sante
obser
var
já na
c
apa o indício do pr
oblema
e
sua
so
lução
: de um lado da
montanha há
um homem pla
ntand
o
árvor
es e, do la
do opos
to
, a encos
ta da mo
ntanh
a reflo
rest
ada
.
Figura 26
: O rato e a m
ontanha
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro O r
ato e a montanha/
Antonio Gr
amsci)
A guar
da inicial do liv
ro tamb
ém traz uma
imagem da
ndo
indícios
do probl
ema, a
presenta
ndo á
rvores
corta
das e s
ecas e, na
200
guarda f
inal
, a image
m aprese
nta u
ma flore
sta ve
rde, com pássaro
s
voando, d
ando i
ndícios
da solu
ção do pr
oblema.
Isso
tudo contr
ibui
para a fo
rmação d
e sen
tido
s sobre
a narrat
iva, re
forç
ando
a
compre
ensão.
Faria (2
016) af
irma q
ue essa est
rutura d
e nar
rativa t
am
bém
está pr
esente n
os livr
os de
imagens
.
Como exe
mplo,
podemos
citar
a história
:
“O gato V
iriato,
fazendo
arte”
(figura 27),
de Roger M
ello
(2002), nascido em Brasília
;
artista
gráfico e a
utor de liv
ros, p
eças
teatrais
e história
s em quad
rinhos.
Figura 27
: O gato Viriato,
fazend
o arte
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: O
gato Viriato, f
azendo ar
te/ Roge
r Mel
lo)
O livro apres
enta no iníc
io uma imagem r
epresent
ando a
situaç
ão de equilíb
rio: u
m g
ato des
cansa
ndo tran
quilamen
te. Na
segunda ima
gem sur
ge um prob
lema queb
rando o equ
ilíbrio:
uma
lagart
ixa jog
a uma bo
lin
ha n
a cabeç
a do
gato
. E
le acord
a e sa
i em
perseguiçã
o à lagar
tixa. N
essa d
inâmica, a
mbos derru
bam tintas
de
cores di
ferentes
;
p
isam
ne
las
e passam por
uma tela e
m um cav
alete,
deixando v
ários
borrõ
es
colorid
os e mar
cas
de pegad
as. P
ara
o
201
restabelec
imento
da situ
ação in
icial, su
rge o
dono da
tela
que a
pega
e a coloca
deba
ixo do
braç
o, enqu
anto o ga
to e a
laga
rtixa
o observ
am
temeros
os.
N
a imagem fi
nal, o qua
dro apa
rece na
parede d
e uma
sala
, decora
ndo o ambien
te e tant
o o gato c
omo a
lagar
tixa es
tão
com uma ex
press
ão orgu
lhosa
, cena qu
e resta
belece
o equilíb
rio.
A autora t
ambém fala
sobre a e
strutura d
as
hi
storie
tas
moraliza
ntes
tradicio
nais. Ta
mbém é rel
evante a
apr
esentação
às
profess
or
as
, para ter
em
condiç
ões d
e dist
ingu
i
-
las das dem
ais
estruturas narrati
vas, po
rque confo
rme a autora, elas aind
a são
comuns em liv
ros didá
ticos,
cartilhas
e em algu
ns livros pa
ra
crian
ças.
A estru
tura de u
ma histór
ia moraliza
nte oc
orre da s
e
guinte
forma: a)
Equi
líbrio
:
reproduz a
ordem adulta da
sociedade, co
m
normas rígi
das
de comporta
mento; b
)
Proble
ma:
o
co
rre o
rompimen
to dessa
s normas
; c)
Des
envolvim
ento
:
o pe
rsonagem s
ofr
e
as cons
equênc
ias do r
ompim
ento da
s norma
s c
omo doe
nças,
privaç
ões, medo, as
sim por diante; d)
Desen
lace
:
o equilíbri
o é
restabelec
ido
;
o persona
gem se a
rrepe
nde e a
ceita
a norma
ou é
castig
ado.
Após con
hecer
os exem
plos
acima
, podemos
obser
var
que
existe
uma grande variedade
de estruturas narrati
vas, entre
tanto, nas
histórias
infantis,
ainda pred
omina a es
trutur
a tradicional da
s
anti
gas nar
rativas.
Ness
e sentido,
Faria
(2016
) suger
e aos pr
ofessor
es
e as
profe
ssoras
a apresentação de outr
as modalid
ades que pos
sam
trans
gredir o mod
elo tr
adiciona
l e prop
orciona
r boa
s disc
ussões
em
sala d
e aula, principa
lmente, a
o se analis
ar uma
s em contraste co
m
as outras
.
202
Dessa
forma
, o profes
sor
ou a
profes
sora
poder
á ut
ilizar os
livros em su
a divers
idade, mesmo aqu
eles que a
presentam con
teúdos
considerad
os “mora
lizante
s” e tra
dicionais. N
ão seria u
ma questã
o
de ban
i
-
los da escola
, vis
to que es
tão pres
ent
es em d
iversos
lugar
es
,
m
as aprese
nt
á
-
los de for
ma c
onsciente e c
om o obj
etivo d
e dialo
gar
e refl
etir com
as cr
iança
s s
obre seu
s co
nteúdos
;
conhecer pr
oduç
ões
de difer
entes
context
os his
tóricos
e cultu
rais
, compre
ender a
s
contradiçõ
es exist
entes n
eles, alé
m de fa
zer qu
estio
nam
entos
e
relações
com a r
ealida
de.
O conteúd
o sobr
e si
ntaxe vis
ual,
presen
te no t
exto s
obre
artes vi
suais d
a Prop
osta
Ped
agógi
ca da Ed
ucaç
ão
I
nfantil, foi
abord
ado com
o obj
etivo
de rever
os e
lemen
tos qu
e c
ompõem
um
texto visua
l, como o
ponto,
a linha,
a cor, a
forma, a
tonalidade, a
textura, e
ntre ou
tros
, para
con
tribuir c
om
a leitura de
imagens e pa
ra
que as pr
ofess
oras ten
ham condiç
ões de
possibi
litar
às cr
ianças
,
experiê
ncias c
om ess
es el
ementos
,
que
é tarefa
do e
nsino d
e Artes
Visuais:
[...]
assegurar que as crianças vivam intensas experiências,
estabelecendo relações entre diferentes mo
dos de utilização dos
elementos visu
ais (sintaxe visual), sendo capazes de
[...]
interp
retar
compos
ições
(rec
epçã
o/leit
ura)
e de comp
or co
m
elas (cri
ação)
(
RODRIG
UES et al,
2016,
p.
459)
.
Foi suger
ido a
o grup
o a leitu
ra da
área
do au
tor de a
lguns
livros como: “
Pai, não f
ui eu!
e “Vó p
a
ra de fot
ografar!”,
amb
os do
escritor Ila
m Brenman, a
lém de
“Orie
”
,
“A visit
a” e
“O cami
nh
ão”,
de Lúcia
Hiratsu
ka. Ess
a proposta t
eve o objetiv
o de pesquisar
a
203
origem da
s ideias,
ou
seja, de
onde ess
es au
tores obti
vera
m
inspira
ção
para escrever sua
s histó
rias.
Tendo co
mo finalida
de
dese
nvolver a
ima
gina
ção,
a
ativida
de criadora
e demonstrar
que é possív
el criar história
s a par
tir
de sons va
riados e de f
orma lúdica
, foi proposta
uma a
tividade
prática
de criaçã
o de histórias
a partir de s
ons, na qua
l as prof
essoras
,
no primeir
o moment
o,
ex
plorar
iam div
ersos i
nstr
umentos
como
o
chocalho, reco-
reco, ca
sta
nhola d
e tam
pinhas
, corn
eta de b
exiga
e
pau de chuv
a. Após
essa ex
ploraçã
o, faria
m uma lista
de coisas
que
repre
sentassem
os son
s dos inst
rumentos p
or associação
. P
o
r
exemplo,
a corneta
de bexi
ga lembr
a o som d
o que? De na
vio, apit
o
do trem,
de
cami
nhão
.
A
partir do l
evantame
nto d
as pala
vras
que “repr
esentam”
determ
inados s
ons, ser
ia c
riad
a
uma
história colet
iva
. Uma
profess
ora es
colheria u
ma ou d
uas pala
vras da
lista e os obj
etos
sonoro
s que as repre
sentam, para criar uma fr
ase
. A
próxima
prof
essora d
aria a seq
uên
cia à his
tóri
a, com
suas pal
avras esco
lhi
das
;
e assim s
ucessiv
amente, at
é a finaliza
ção. No f
inal, a
história dev
e
ria
ser a
presentad
a por
mei
o de l
eitura
e de
sonor
izaçã
o
co
m os
instrume
ntos escolh
idos.
Foi
rese
rvado
um momento par
a organiza
ção dos p
róximos
encontros
e para
a leitur
a da
s pauta
s, com o obj
etivo de es
clarec
er
dúvid
as sobre
as pautas p
lanejad
as e or
ient
ar o grupo p
ara as futur
as
ações em
minha a
usência
, devid
o a lic
ença par
a tra
tamento de s
aúde.
O ponto de obs
erva
ção
visou
avalia
r qual conteúdo f
oi mais
significa
tivo
par
a as
profess
oras
e se algu
m co
nteúd
o não f
oi
compre
endido.
204
Qua
dro
12
-
Pauta d
o dia 1
7/
06/19
PAU
T
A
: 17/
06/
2019
(s
em
a presença da dir
etora)
1. Lei
tur
a:
Profess
ora Ke
li
“Até as Princesas soltam pum.”
-
Ilan Bre
nman
Sugest
ão às pr
ofe
ssoras:
pes
quis
ar c
omo o au
tor e
scre
veu ess
a his
tóri
a, o qu
e o mot
iv
ou.
2. Ponto de O
bservação
: Foi
interessa
nte sa
ber... Porque...
3-
Cont
eúdo:
-
Atividade prát
ica: criaç
ão de hist
órias a par
tir de pal
avras pr
é
-
esc
olhidas.
animais
plantas
elem. d
a
nat
ureza
objet
os
s
ent
iment
os
Gato
Flore
sta
Vento
Chapéu
Alegria
Cachorro
Árvore
Chuva
Sapato
Triste
za
Pássaro
Flor
Rio
Chaves
Medo
Cobra
Fruta
Montanh
a
Relógio
Saudade
Macaco
Grama
Trovão
Caixa
Raiva
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A ativida
de de leitur
a foi e
scolhida p
ela profess
ora
Keli
,
que
apresenta
ria o livro
“Até as Princesa
s soltam pu
m”
,
de Ilan Brenma
n
.
F
oi sug
erido
às prof
ess
oras
que pes
quisa
ssem o a
utor pa
ra
descobr
irem o qu
e o mot
ivou
para
escrev
er
tal
história
.
A proposta
dessa a
tividade,
além de ter
como
objetivo
s
ampliar o r
epertório de hi
stórias
, possibilita
r a a
tividade de anális
e
dos para
textos e a inter
pret
ação da
s imagens do tex
to visu
al,
tamb
ém
visou
a l
evá
-
las a
conhecer um pouc
o dos au
tores qu
e
,
por meio d
e
seus r
elatos s
obre s
eu proc
esso c
riador
pudess
em des
mistif
icar
o ato
de criaçã
o de histórias
como a
lgo inatingív
el
para
professor
as
ou
crian
ças
.
Buscamos mo
strar
, d
essa fo
rma,
que a
s história
s sur
gem de
acontecime
ntos
rea
is, de
experiê
ncias
do coti
diano, de l
emb
ranças
da infâ
ncia, de d
esejos
e sonh
os; que a
s cri
anças dev
em ser
incentivad
as
para a elaboração
de su
as próp
rias h
istóri
as, para o
205
desenvolv
imento da
capac
idade cria
dora
e
da i
magin
ação.
Segundo
Rodari (1982, p. 162)
,
“A f
unção
criat
iva da i
magi
nação p
ert
ence
ao homem
comum, a
o cie
ntista, a
o téc
nico: é
essencial
para
descober
tas c
ientíf
icas
bem com
o par
a o nas
cimen
to da
obra d
e
art
e
;
é realmente c
ondiçã
o nece
ssár
ia da vida c
otidiana”
.
Na ativ
idade prá
tica foi
sugerid
a
a cri
ação de um
a históri
a a
partir de
palavras pré
-
esco
lhidas
, disposta
s em um qua
dro. Cada
profess
ora es
colheri
a uma
palav
ra de c
ada c
oluna e com ela
s
criaria
uma história
.
A técnica
de s
e coloca
r vá
rias
palavras
em categor
ias
diversific
adas
,
foi uma adaptaçã
o do ‘Binômio Fa
ntástico’ de Gia
nni
Rod
ari
, pois
uma únic
a palavra
age
“apen
as quan
do e
ncont
ra out
ra
que a pr
ovoca,
que a obr
iga a sair d
o seu cotid
iano b
inário
e se
descobr
ir em n
ovos s
igni
ficad
os.
Não há vid
a onde não h
á luta”
(
RODARI, 1982, p. 20).
A proposta
, cont
endo vá
rias pa
lavras
de
campos s
emânticos
dif
erentes,
permitiu qu
e elas
pudessem es
colher
as palavr
as de
acordo
co
m suas
afin
idade
s e
experiências
. Fo
i
um
a
ocasião
para
incentiv
á-
las
à
criação, por meio
do desa
fio
na
elabora
ção
de
uma his
tóri
a com p
alavras
“est
ranhas
” umas à
s out
ras,
para
exigir
da im
aginaç
ão e do pen
sament
o soluçõ
es para a cr
iação
de caminhos
para
à
ap
roxi
mação d
as p
alavras
que resultas
sem num
texto,
visto que
É necessária certa distância entre duas palavras, é n
ecessário que
uma seja suficientemente estranha à outra e sua aproximação:
disc
retament
e insó
lita, p
ara que a imag
inação s
e veja o
brigad
a
a ins
tituir
um pa
ren
tesco
entr
e el
as, p
ara cr
iar um con
jun
to
(fan
tástico) onde os dois elem
entos estranhos possam c
onviver
(RODARI, 19
82, p.
21)
.
206
O ponto d
e observaç
ão te
ve o obj
etiv
o de av
alia
r e regi
stra
r
,
para
posterior
disc
uss
ão do gru
po, qu
al c
onteúdo
desper
tou
seu
inte
resse
e q
ual n
ão.
Qua
dro 1
3
-
Pauta d
o dia 2
4/
06/19
PAU
T
A:
24/
06/
19
(sem
a presença da dir
etora)
1-
Ponto d
e O
bservação
: Foi interessante
saber
... p
orque...
2-
Leitura
pelas
prof
es
soras
:
(
Sem re
gistro)
3-
Cont
eúdos:
-
Atividade p
rática c
om criação de
histórias p
or meio de
exper
iências. Exe
mplos:
•
A
lguma le
mbrança da inf
ância;
•
Um
a surpresa que
te deixou fe
liz;
•
Um
fato que marc
ou a sua vida,
•
Um
a vivência e
ngraçada,
•
Uma descoberta, etc.
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
Este
encon
tro foi co
ord
enado por u
ma pro
fess
ora
,
responsá
vel
por
apres
entar
a pauta
e rec
ordar
as or
ientaç
ões sobr
e a
ativida
de prática
. F
oi sug
erid
a
a c
riação
de um
a histó
ria a part
ir de
u
ma vivê
nci
a eng
raçada, d
e l
emb
ranças d
a infân
cia
,
de
um
a
surp
resa
feliz
,
d
a descoberta
de u
m conh
ecimen
to qu
e aju
dou a comp
reende
r
a reali
dade o
u
de
um fat
o que marcou a sua vida.
O objetivo d
essa a
tivida
de prática
foi poss
ibilita
r um
mom
ento par
a a cri
ação
de n
arrativas
a part
ir d
a vi
vên
cia de
cada
uma
das profes
sora
s
,
tendo como exempl
o os rel
atos
de autor
es
como Ilan Br
enman e
Lúcia
Hirats
uka, lidos
e
discutidos
em
encontros
ant
eriores
.
Tais
relados,
situad
os
no espa
ço da
área d
o
autor,
reve
lam
como tiver
am a ideia
da história
e
o
que os mo
tiv
ou
a escrever. Na m
aioria das
vezes fo
i a partir d
e suas vivênc
ias
207
Qua
dro 14
-
Pa
uta do d
ia 2
9/
07/19
PAU
T
A
: 29/
07/
19
1.
Ponto
de Observaçã
o: De tud
o que r
ev
i
mos hoje sob
re a criaç
ão de h
istórias, pe
rcebi
que foi mai
s
fácil............
........
.....
..............
............
........
............
........
..........
............
....
porqu
e.................
........
........
.......
...
..........
........
............
........
...e as
difi
culdades
foram
..............
........
........
............
........
..........
............
........
........
............
........
..............porqu
e
..............
........
........
............
........
..........
............
........
........
............
........
..........
.......
.
2-
Leitura
: “As tr
ês pergun
tas” Tex
to e ilustrações
de Jon J
. Muth
3-
Cont
eúdos:
-
Rever o trab
alh
o desenvol
vido no
mês de
junho
-
dias: 03,
10, 1
7 e 2
4/06
;
-
Ele
ncar e e
sclarece
r as dúvidas,
abordar
os conte
údos que
não for
am de
senvolvi
dos;
-
Relato e l
eitura das t
arefas
-
criação de
histórias.
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitura
do livro “A
s três pergu
ntas”
,
de Jon J.
Mu
th, tev
e
como
objetivo a
mplia
r o rep
ertór
io de
histór
ias d
as prof
essor
as,
possibili
tar um mom
ento de disc
ussã
o sobre as
três pergu
ntas
presen
tes na narrativa
:
Q
ual é o
melh
or m
omento pa
ra f
azer a
s
coisas
? Quem é mais importa
nte? Qual é a
coisa cer
ta a ser
feita?
Em
seguida
,
compartil
har o
s sentidos q
ue essas q
uestõ
es tê
m p
ara cada
uma, ouvir o
que o outro pensa e refleti
r sobre o quanto uma obra
de liter
atura
nos co
nduz
a pensa
r a rea
lidad
e e a
s ques
tões q
ue
permeiam a v
ida humana
.
A recor
daçã
o dos cont
eúdos a
nteri
ores teve
o obj
etivo d
e
respond
er
as
dúvidas e supe
rar as dificul
dades que foram le
vantadas
nos encon
tros,
dura
nte a minha
aus
ência, c
omo tam
bém, abor
dar os
conteúd
os que
não fora
m des
envolv
idos n
esse perí
od
o.
O relato s
obre o proc
ess
o de cria
ção e a lei
tura d
as história
s
produzidas
pelas prof
essor
as teve
como
objetivo compa
rtilhar
os
desaf
ios enfr
entad
os ness
e proces
so
e as dif
icul
dade
s; obs
ervar
que
muitas qu
estões apo
ntada
s sã
o comuns a todos
, devid
o
à
form
ação
208
educa
cional
que nos
foi
propor
ciona
da, qu
e não
contribuiu p
ara
o
desenvolv
imento da
capacida
de cria
dora nã
o só em rela
ção à
criação
de textos verb
ais mas
também
para as
diferentes lingu
agens artís
ticas;
possibili
tar a a
titude de
escuta pa
ra conhec
er as pr
oduções do ou
tro
,
expor su
as imp
ressões
para
o outro e co
ntribu
ir c
om su
gestões.
A
s ativ
idades des
envolvida
s em grupo poss
ibilita
m o olhar
sensí
vel
para a palavra d
o out
ro, p
ara as apre
ciaçõ
es e pode
m levar a
uma toma
da de cons
ciênci
a do prof
essor s
obre sua
condição de pa
rte
de um gru
po e de um d
eterminado co
ntexto.
O ponto d
e observ
açã
o teve
como
objetivo ava
liar
,
durante
o process
o de cria
ção de his
tórias
,
as f
acilidades
e as dificulda
des
encon
tradas pe
las professo
ras,
além de levantar
as possívei
s causas
das dificuldades
. Ta
l levantamento t
eve o objet
ivo de inicia
r uma
discussão so
bre o
s result
ado
s de prát
icas me
cânicas e
sem se
ntido
e
pensar
sobre qu
al ed
uca
ção qu
eremos pr
oporcionar à
s nossa
s
crian
ças. Re
ssalta
-
se
que
,
se oferecermos
a m
esma
educa
ção que
tivemos,
possivelm
ente as
nossa
s cria
nças, no fu
turo
,
ap
rese
ntarão
dificulda
des semelha
ntes qu
ando estiver
em diant
e de um tra
balho
ou ativida
de
que exija
m
prod
ução autoral.
Qua
dro 15
-
Pa
uta do d
ia 0
5/
08/19
Pauta: 05/08/
19
1-
Ponto de o
bse
rvaçã
o:
Record
ar os conte
údos a
nteri
ores
foi..
. porque
...
2-
Leitura
de livro
:
“Bicos queb
rados”
de
Nathani
el Lachen
meyer
3-
Apres
ent
ação e
anális
e dos li
vros pe
las
profes
soras
, art
iculando aos
cont
eúdos
es
t
uda
dos
4-
Cont
eúdos:
-
Estrutura de
um livro, e
nquadram
ento, im
agem sangr
ada.
(A rec
ordação desses c
onteúdos f
oi solicitad
a pelo grup
o diante às dúvi
das e dific
uldades
que surgir
am em re
lação as parte
s de um livr
o e a imagem san
grada.)
209
•
Texto de apoi
o:
Função d
as moldura
s
,
e
nquadrame
nto, de
senqua
dram
ento,
campo,
extracampo
e co
ntracampo
de
LINDEN,
Sophie Van
der
.
In: LINDE
N,
Sophie V
an der. P
ara Ler o li
vro il
ustrado.
Sã
o Paulo: Co
sac Naify, 2011.
P. 71
-
77.
5-
Avaliação
Fonte: Q
uadro e
lab
orado pe
la
pe
squisad
ora.
A leitura
do livro “Bic
os quebr
ados”
,
de Na
th
anie
l
Lachenme
yer, t
eve
c
omo finalida
de
res
salta
r o po
tencial de
uma
história pa
ra sensib
ilizar
o leitor
e levá
-
lo
a
refl
etir s
obre ques
tões
sociai
s e concepç
ões
que t
em d
elas,
pois a
hist
ória ab
orda
a
re
l
ação
entre
um morado
r de rua e um
pardal q
ue queb
rou o bico
, tendo
este
um destino semel
hant
e ao do mora
dor de ru
a
:
difi
culdades em
obte
r o bási
co p
ara a so
bre
vivê
nci
a, a ind
ife
rença so
cial,
a reali
dade
humana
,
e tantos outros
sentid
os que p
odem ser
forma
dos com a
lei
tura da o
bra.
Outro objetivo importa
nte consti
tuiu em
pen
s
ar
sobre
o papel do
trabalho
com a art
e literár
ia para a fo
rmação
humana
. Segu
ndo Abra
ntes
(2016),
a
arte d
esempe
nha fu
nções
que
extrapola
m
as solicitações
imediatas
da realida
de, abordando
-
a em
uma pers
pectiva cr
ítica e t
rans
formadora
.
A obra de
arte, ao
represe
ntar o mu
ndo, colo
ca pro
blemas,
antecipa soluções, revela injustiças, ou seja, vincula
-
se a uma
atitu
de que re
conhe
ce o moviment
o da reali
dade h
umana a
partir
da ex
plicaçã
o, dire
ta ou indir
eta, de
suas p
rincipa
is
contr
adi
ções.
É n
esse sentido que a arte (e, especifi
camente, a
litera
tura)
pode cu
mprir pa
pel
formativ
o na e
xistênc
ia
indi
vidual (AB
RANTES,
2016,
p. 545)
.
210
Foi suger
ida
às professoras
a an
álise d
e algu
ns liv
ros,
articu
lada aos
conte
údos est
udado
s, para ajud
ar n
a
compree
nsão e
possibili
tar a revis
ão dos conteúd
os solicitad
os por ela
s, como: a
estrutura de
um livro
,
enquadrame
nt
o e imag
em
sangrada.
O ponto de
observ
açã
o
viso
u
avali
ar a re
visão d
os
conteúdos;
se
estes
atend
e
ram
à
s exp
ect
ativas das pro
fesso
ras ou
se houve
necessid
ade d
e retoma
r outr
os conteú
dos.
Qua
dro 16
-
Pauta d
os di
as 02/09
e 0
9/09/
19
Pauta: Dia 02/09 e 09/
09/
19
•
Elaboração
da ap
resentação da troca de
ex
per
iênc
ia
, sel
eção de li
vros
que ser
ão
levados para e
xempl
ificar
;
os tipo
s de li
v
ros c
om ilust
raçã
o.
•
Es
tudo dos con
te
údos
para a apr
ese
ntação
na tr
oca de expe
riência:
-
Tipos de l
ivros com ilustr
ação
-
Importânc
ia da liter
atura inf
antil p
ara o
desenv
olvime
nto da
crianç
a
-
Desenvol
vimento da pe
rcepção v
isual
: leit
ura de imagens
-
Elabor
ação da aprese
ntação.
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
N
ossa
unidad
e escolar
foi convid
ada pela
Secret
ari
a da
Educação
pa
ra
p
articipar
de uma tr
oca de
experiên
cia
com
vári
as
escolas
. O grupo d
e prof
ess
oras
aceitou o desa
fio e
,
ao recebere
m o
comunicado,
foi pos
sív
el observa
r que f
icara
m um pouco
apree
nsiv
as,
no entanto se
ntiram
-
se
va
lorizada
s com
o convi
te.
A escolha do tema
foi livr
e
, mas
as profes
soras f
oram
unânimes
ao esc
olher a l
iter
atura
infantil pa
ra
a
apresenta
ção
, d
a
n
do
indícios d
e que es
tava
m se a
propriand
o dos c
onteúd
os traba
lhados
na fo
rmação e
que
sentiam a n
ece
ssidad
e de com
parti
lhar as
descober
tas
e
os estu
dos r
ea
lizados
em horá
rio de A
TP
C. Ess
a troc
a
de experiê
ncia seria
tam
bém uma gra
nde opor
tunidad
e para
as
prof
essoras e
xerc
erem sua at
ivid
ade cr
iador
a, a auto
ria na el
aboração
211
de um
a apresen
tação
para várias esc
olas e
,
ao me
smo tempo,
de
avalia
rem seus
conhecime
ntos.
Dois en
con
tro
s
em horário d
e ATP
C
foram dis
ponibiliza
do
s
às prof
essoras,
p
ara
org
anizar o
mate
rial,
selecio
nar os c
onteúdos
,
faz
er
o estudo e
elaborar a apr
esen
tação
.
Qua
dro 17
-
Pa
uta do d
ia 1
6/
09/19
“Se quiser
que seus filh
os sejam brilhant
es, leia h
istórias para
eles. Se qui
ser que sejam
ainda mais b
rilhante
s, le
ia ainda mais h
istórias.
”
Albert
Einstein
PAUT
A: T
roca
de ex
per
iênc
ia
1
-
Apresent
ação
2-
Cont
eúdos:
•
Algumas Consideraç
ões sobr
e a Arte Lite
rária;
•
Liv
ros q
ue contem i
magen
s (Livros
com ilustr
ação; l
ivros il
ustrad
os, h
istórias
em quadrinho
s; livr
os pop
-
up; l
ivros
-
brinque
do; l
ivros inte
rati
vos; l
ivros
didáticos);
•
Estratégias de Leit
ura (conex
ão, inf
erência e
sumarizaç
ão);
•
Paratextos;
•
Exemplo de
articul
ação te
xto e
im
agens: Le
itur
a do l
ivro “Q
uem
soltou
o
PUM?”
-
Bl
andina
Franc
o e José
Car
los Lol
lo;
•
Componentes da i
magem
segund
o a int
ençã
o do il
ustrad
or. Exe
mplo:
Ida e
Volt
a
-
Juarez Mach
ado
.
•
Apresent
ação de víde
o: Leitura d
o l
ivro de Imagen
s “Ida e
Volta” de
Juarez
Machado, pe
la turma do I
nfantil 5
3-
Para finalizar
: Leitura do l
ivro “N
ão vou d
ormir!
”
de
(Ch
ritiane
Grib
el O
rlando)
4-
Avaliação.
O que eu destaco da apre
sentação ..
. porque.
..
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A pau
ta foi ela
borada
pelo grupo d
e prof
ess
oras
,
considera
ndo
o temp
o
de
aproxima
d
o de
duas ho
ras. P
ara re
aliz
ar a
escolha d
os conteúd
os, p
ensara
m primeir
amente
em um p
ercurs
o
que pudess
e contempla
r os
objetivos da
arte l
iterá
ria contida na
Proposta
Pedagó
gica do
municíp
io e a ins
erção d
os c
onteúdos qu
e
apren
deram
dura
nte a for
maç
ão em ATP
C até aqu
ele mom
ento, qu
e
212
conteúd
os fora
m
signific
ativos pa
ra
a mudança de
o
lhar e
m re
lação
à literatu
ra infant
il e
que a
credita
v
am ser imp
ortant
es ta
mbém para
as pr
ofessor
as de ou
tras
unidades es
colar
es.
Dessa
forma
, elenca
ram
os segu
intes c
onteúdos:
objeti
vos
principais d
a arte literá
ria na
Educa
ção Infantil; dif
erentes ti
pos de
livros com i
lustra
ção; pr
incipais
estratégia
s de lei
tura
com criança
s;
importânc
ia dos par
atextos pa
ra melhor compr
e
ensão d
o tex
to
principal;
exempl
o de a
rticu
lação entre
texto v
isual e
ver
bal por m
eio
da leitura
do livr
o “Quem s
oltou o Pu
m?”,
de Bl
andi
na
Franc
o e
José Carl
os Lollo
. N
o primei
ro
mom
ento
abordari
am
a leit
ura verbal
sem as im
agens
e, depois, com i
mage
ns; alguns
compon
ent
e
s da
imagem segu
ndo a inten
ção do au
tor, utilizando
o livro “I
da e
Vol
ta”, de
Juar
ez Machado,
para ex
emplifica
r.
A forma
da apres
entaçã
o dos conteúd
os e a u
tilizaçã
o dos
livros de
literatu
ra infa
ntil
t
iveram
o objetivo de
compar
tilhar
o
conhecim
ento de ma
neira pr
azeros
a,
possibil
itar
a compre
ensão
dos
conteúd
os e mob
iliza
r as p
rofess
oras p
or meio das
lei
tura
s.
A apr
esentaçã
o de um ví
deo, contend
o as ima
gens do livr
o
“Ida e V
olta” d
e Juar
ez Machad
o e as v
oze
s das crianç
as
le
ndo
imagens
,
teve
por
objetivo demo
nstrar qu
e é possível tr
abalhar
de
forma sign
ificativ
a com
os livr
os de i
magens
n
a Educação In
fant
il e
,
ass
im, desenvol
ver
a capacidad
e de le
itur
a visual.
Ao fin
al, p
ara con
clui
r a apre
sent
ação, a p
rofe
ssora
An
a
planejou a
leitura
do livr
o
“Não v
ou dorm
ir”
, de
Chritiane Grib
el
Orland
o
. E
sse l
ivro,
segu
ndo o seu
próp
rio r
elato,
pas
sou a
ter um
sentido espec
ial pa
ra ela
. F
oi
por meio de
le
que
conseguiu visualizar
a ar
ticulaç
ão entre o tex
to vis
ual e o tex
to verba
l e
d
os recursos
utilizados pe
lo autor pa
ra melhor ex
pressa
r suas ideia
s. Foi poss
ível
213
observ
ar qu
e a profes
sora
teve a consciê
ncia d
e que es
sa des
coberta
,
a apr
opriaç
ão de um nov
o conhecime
nto, pr
ovocou
um senti
mento
de encanta
mento e
alegria, e
isso
gerou
a
necessidade d
e
compartil
har ess
e resultad
o com as dema
is prof
essora
s.
A av
aliaç
ão do encon
tro tev
e
com
o objetivo ver
ifica
r qual
conteúd
o foi r
eleva
nte e
o porqu
ê
. P
ossibi
lit
ou t
ambém
que
as
profess
oras
tivess
em condi
ções de a
vali
ar o seu
trab
alho, su
a form
a
de compa
rtilhar
os c
onhec
iment
os, su
as es
colhas
para
pensa
r em
novos ca
minh
os
que aprimorem
se
u ensinar.
A
fala do o
utro
possibili
ta a noss
a constituição e
nquant
o pess
oa, enquant
o
profissiona
l.
Par
a Bakhtin
, é na r
elaçã
o com a alte
ridade
que os indiv
íd
uos
se constituem. O ser se reflete
no outro, refrata
-
se. A par
tir do
momen
to em que
o indiv
íduo s
e con
stitu
i, ele
també
m se al
tera,
constantemente. E esse p
rocesso não surge de sua própri
a
consciên
cia, é algo que se conso
lida socialmente, através das
interações, das palavras, dos si
gnos. Constituímo
-
nos sem
pre
através d
o o
utro (G
EGE, 2019, p
.13)
.
Qua
dro 18
-
Pa
uta do d
ia 2
3/
09/19
PAU
T
A
: 23/
09/
19
1-
Ponto d
e O
bservação
: Dos conteúd
os de h
oje, a
ch
ei
importante... p
orque...
2-
Leitura
:
Prof.ª
Keli
-
Livro “Lá e aqui”,
autora C
arolina
Moreyra
3-
Avaliação d
a troca de experiência do
dia 16/09
.
4
-
Cont
e
údo:
-
Que
m é
o ilust
rador Juare
z M
achado?
•
Text
o de apoio:
Leitura no livro d
e image
m: Um passeio de
“Ida e Volta
”
pe
l
o
livro de Juar
ez Mach
ado. D
e S
PENGLER, M
. L. P
.
Disser
tação de
mest
rado pel
a
Universid
ade do Sul
de Santa Cata
rina, T
ubarão, 2
010.
5-
Avaliação
Fonte: Q
uadro
el
aborado pel
a pesq
uisadora.
214
A leitura realiz
ada pela prof
essora
Keli
, do l
i
vro
“L
á e aqui”
,
de
Carolina
Moreyra, teve o o
bjetivo de conhecer os livros da biblioteca e
ampliar o repertório.
Os
o
bjetivo
s
da
avaliçã
o da t
roca de ex
periênc
ia
f
o
ram:
repensar o processo vivenciado por todas
,
revelar
os motivos que as
conduziram para a escolha do tema, expressar os sentimentos, fazer um
levantamen
to do que f
oi sign
ificativo das
avaliaç
ões orais fe
itas pel
os
particip
antes da troca de experiência e
apresentar
conclusões sobre o
processo.
Foi apresentad
a
a biografia do autor e ilustrad
or Ju
arez
Machad
o, ten
do como t
ext
o de apoi
o
a dissertação de m
estrado de
Maria Laura
Pozzobon
Spengler
:
“Leitura no l
ivro de ima
gem: u
m
passeio de
‘Ida e Vo
lta’
pel
o livro de Juarez Mach
ado”
.
Esse conteúdo
teve
com
o
objetivo ressalt
ar a import
ância da con
text
ualização das
obras literárias e a ampliação do conhecimento sobre os autores e
ilustradores para melhor compreensão das pro
duções.
O obje
tivo do pon
to de ob
ser
vação f
oi veri
ficar o c
onte
údo que
foi mais
significat
ivo para cada pr
ofessora.
Qua
dro 19
-
Pa
uta do d
ia 3
0/
09/19
PAU
T
A
: 30/
09/
2019
1-
Ponto d
e O
bservação
: O qu
e dest
aco hoj
e é ... p
orque...
2-
Leitura
:
PSSSSSSSSSSSSSIU
-
Silvana T
avano e
Daniel
Kondo.
3
-
Cont
e
údo:
-
O uso dos
e
leme
ntos das artes visuais
-
a linh
a, a forma e as cor
es nas ilustrações,
como
forma d
e express
ão.
-
Histórias: “A
parte que
falta”
-
Shel
Silverst
ein e o livr
o “Ps
sssssssss
ss
siu”, de
Silvana
Tavano e D
aniel K
ondo.
4-
Atividade pr
ática: C
riação de histórias.
-
Criar uma hist
ória com e
leme
ntos das artes vis
uais
–
Li
nhas
, core
s e for
mas.
“Era uma vez uma l
inha...
” ou uma
cor, for
ma...
5-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
215
O o
bjeti
vo da
leitura do livro “PSSSS
SSSSSSSSS
IU”
,
de
Silvana
Tav
ano e Daniel Kond
o e da r
ecorda
ção do liv
ro
“A parte
que falta
”
,
de
Shel
Silverstein
,
foi apr
esentar
a
lguns
element
os das
artes v
isuais
como a linha, a
cor e a forma
utiliza
dos pel
os
ilustr
adores
como recu
rso
de expres
são.
Quand
o algum
a coi
sa é
projeta
da, feita
,
desenhad
a, pin
tada,
construída
, esculp
ida ou
gestic
ulada
, a sub
stância
visu
al da obr
a é
composta a
partir de elem
entos bá
sicos como a
linha, a forma
, a cor,
a textura,
a composição
entr
e outros
. Ess
es eleme
ntos
são a
matér
ia
-
prima de toda
a informa
ção vis
ual em termo
s de opções e
combinações seletivas (DONDIS, 2015).
Dessa
maneira, a
o se pensa
r em contr
ibuir par
a que a
cria
nça
e
o professor possa
m realizar
leituras
visua
is de forma mais
significa
tiva
e ter condiç
ões d
e desenvolv
er a
capa
cidade cria
dora,
é
importante
trazer
alguns
elementos
visu
ais que
const
ituem a
matéria
-
pr
ima bás
ica da i
nformaç
ão visu
al. Dess
e modo, apr
esent
o
alguns
elementos
para
escl
arec
er os cont
eúdos d
esse
encontro.
A
li
nha,
segundo Dondis (2015)
,
pode ser definid
a como
um ponto
em mov
iment
o ou com
o a his
tória
do mo
vimen
to de um
ponto, pois
“quando
faze
mos uma ma
rca c
ontínua
, ou uma
linha,
nosso proc
edim
ento se r
es
ume a coloc
ar um
marca
dor de pon
tos
sobre uma supe
rfície e movê
-
lo segund
o uma
determ
inada t
rajetó
ria,
de tal modo
que as
marca
s assim for
madas s
e convertam em r
egistro
”
(DONDIS, 2015, p. 55).
Para a aut
ora,
a lin
ha n
unca é
est
ática
;
é um elemento vis
ual
inquieto
e, apesar
de su
a flexibil
idade, a
linha
é decis
iva
;
tem
propósit
o e direção.
Por exis
tir ape
nas na ima
gina
ção, é
o mei
o
indispensá
vel para
tornar v
isível o que ai
nda não p
ode s
er visto. E
la
216
também é um instrumento presente nos sistemas de notação
como
a
escrita, a c
riação de ma
pas
e a
música. A
linha po
de assumir
formas
diversas para expressar vári
os estados de espírito, a in
tenção de quem a
utiliza, seus sentimentos e emoções pessoais e, o
mais importante, sua
visão.
Para o ilustrador, de acordo com Oliveira (2008, p. 123), a
linha é “a grafi
a e o alfabeto es
senciais de su
a imaginação, port
anto,
muito mais que um
simples cont
orno de seu pensamen
to narrativo”. A
linha também aparece no meio ambiente
;
por exemplo, em trincos de
uma parede, calçada, nos fios elétricos contra o céu, nos galhos de
algumas árvores sem folhas no invern
o, entre outros. Nesse sent
ido é
importante ensinar às crian
ças a observarem a
existência de vár
ios tipos
de li
nhas no e
ntor
no para desenvolver a percepção.
Segundo Vaz e Silva (2016), as class
ificações da linha se
baseiam em seu
movimento,
podendo ser: reta, curva, contínua,
interrompida, em zi
gue
-
zague, aberta e fech
ada. Pode ser nomeada por
sua
extensão
,
curta
ou longa
, e
ta
m
bém
po
r su
a
espessura
, estreita
ou
larga.
Figura 28
: Linhas
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: Fundame
ntos da l
inguage
m visual
/V
az e Silva)
217
Sobre o e
lemen
to
forma
, segundo Wong (2010), tudo que é
visível t
em forma
. F
orma
é tud
o o que
pode s
er v
isto,
que
t
en
h
a
formato, ta
manho, c
or
,
textura
;
que ocupa esp
aço,
possu
i direçã
o,
marca
posição e é disting
uível de um f
undo. As f
ormas podem s
er
class
ificada
s em
tridimensiona
is
–
aquelas
que apres
entam largur
a,
comprimen
to e altura
; e
bidimensionais
-
que apresentam a
penas
comprimen
to e largura.
O autor a
presenta algu
ns tipos de forma
s como: a
forma
figur
ativa
(fig
ura 29)
,
contendo um t
ema reco
nhecív
el
.
P
ode ser
apres
entada c
om realis
mo foto
gráf
ico ou co
m algum gr
au d
e
abstraç
ão, m
as não a p
on
to de t
orn
ar
-
se tema ir
reconhecíve
l
.
A
form
a
ab
strata
(fi
gura 30)
, q
ue
não contém um
tema r
econhecív
el
.
Es
sa
forma “pode ter sido
basea
da em um tema que foi oblitera
do
após ex
cessiv
a tra
nsformaç
ão, ou ter
ocorrid
o na experim
entaç
ão
com mater
iais
, o que
levou
a res
ultados
inesp
erados
” (
WONG
,
2010,
p.
148). A
s f
ormas
são
naturais
(figura31)
quando o tema f
or
algo que s
e enco
ntra na
natu
reza como or
gani
smos
vivos
e objetos
inanimad
os exi
stent
es na s
uperfície ter
restre,
nos oceanos
ou no c
éu
.
F
ormas
feita
s pelo h
omem
(figura 32)
são formas
figurati
vas de
rivadas
de objetos
e ambie
ntes cria
dos p
or ele
como edific
açõ
es, fer
ramenta
s,
mobiliár
io, bri
nquedos
et
c. F
ormas
verbais
(figura 33)
“a ling
uagem
escrita é c
onstituída
por c
ara
cteres, letr
as, pa
lavras
e numerais qu
e
tornam pos
sível uma
comunica
ção vis
ual precis
a. Uma f
orma
basea
da em u
m elem
ento
de li
nguag
em esc
rita é u
ma f
orma v
erbal”
(WONG, 2010, p. 148).
218
Figura 2
9: For
ma figurati
va
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o:
Princíp
ios de
forma e
dese
nho/
Wucius W
ong)
Figura 30
: Forma ab
strata
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro:
Pr
incípi
os de f
orma e
dese
nho/W
ucius W
ong)
219
Figura 3
1:
Fol
ha
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o:
Princíp
ios de
forma e
dese
nho/
Wucius W
ong)
Figura 3
2:
Lápis
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o:
Princíp
ios de
forma e
dese
nho/
Wucius W
ong)
220
Figura 33
: Letr
a A
Fonte: F
oto da p
esqu
isador
a (livr
o:
Princíp
ios de
forma e
dese
nho/
Wucius W
ong)
Dondis (2015) aponta três formas básica
s: o quadrado, o
círculo e o triângulo equilá
tero
.
C
ada um
a del
as aprese
nt
a
cara
cterística
s específica
s e a elas se atr
ibui vários
significados
;
u
ns
por associação
, outros p
or vinc
ulação arbitrári
a. P
or exem
plo, ao
quadr
ado se as
socia
m enfado, hon
estida
de, esm
ero e retidã
o; a
o
triângulo, ação, confl
ito, tensão; ao círculo, infinitude
e
proteção.
Essas form
as expre
ssam tr
ês dir
eçõe
s visuais bási
cas e si
gnifi
cativas:
o quad
rado e
xpres
sa a di
reção
horizont
al e a
vertic
al
;
o
triângulo
expre
ssa
a dire
ção
diagonal
e
o círcul
o expressa a direção
curva
.
Todas
essa
s direções v
isua
is possuem u
m forte s
ignifica
do as
sociat
ivo
e
represe
ntam
um instru
mento p
ara a criaç
ão de
men
sagen
s visuai
s
.
Outro elem
ento visu
al é a
t
extur
a.
De acor
do com Va
z e Silva
(2016)
, quand
o tocamos u
m mater
ial e o perceb
emos c
omo send
o
macio, ás
pero ou
liso,
esta
mos nos r
eferindo
à t
extura,
a uma
“car
acterístic
a relaciona
da ao sentido d
o tato, e com a
qual podemo
s
221
perceber
a rugos
idad
e ou
a maciez
de uma s
uper
fície” (
VAZ e
SILVA, 2016,
p. 50). Além da per
cepção tátil,
a textura
também cr
ia
uma percepç
ão visu
al, posto que, a
o observa
rmos
uma ima
gem,
sabemos
por
exemplo,
mes
mo sem
toca
r, que u
m tronc
o é ma
is
ásper
o do que u
m teci
do,
porque a
noss
a apr
endiza
gem se
nsoria
l nos
possibili
ta ess
a análise.
A textura
visual ou
gráfica se ca
racteriza
como um eleme
nto
de preench
imento da
superf
ície e pode s
er util
izada
para imitar
textura
s natura
is e artif
iciais. A
s textur
as ta
mbém podem pretend
er
a cria
ção de padr
ões e sã
o classificados
em d
ois ti
pos:
geom
étr
icas
(figura 34)
, forma
das por fi
guras
que apr
esentam c
onstruç
ões
geométric
as fei
tas
de lin
has r
etas e cu
rva
s; e as
orgâni
cas
(fig
ura 35),
que se ins
pira
m em padr
ões natu
rais,
animais,
veget
ais ou
minera
is
(VAZ; SILVA, 2016).
Figura 3
4: Te
xtura geomé
trica
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: Fundame
ntos da l
inguage
m visual
/V
az e Silva)
222
Figura 35
: Textura or
gânica
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora (l
ivro: Fundame
ntos da l
inguage
m visual
/V
az e Silva)
Como el
emento v
isua
l, D
ondis (20
15) r
evela qu
e a
tex
tura
com frequê
ncia atua
como subs
tituto do ta
to, porém p
odemos
aprecia
r e rec
onhecer
um
a textur
a tanto
por m
eio
do tato
quant
o
pela visã
o ou
pela
co
mbinaç
ão dos dois
s
entidos
. O
julga
mento d
o
olho costuma
ser co
nfirma
do pela mã
o, pela
objetiv
idade d
o tato.
A
autor
a argu
menta que,
devido a
o compor
tamento s
ocial
,
condic
ionando a
s pess
oas
a não t
ocarem
as c
oisas
, os obj
etos em
lojas,
ou as pess
oas, ex
iste uma
mín
ima exp
eriênc
ia tátil
e, por
consequência, se
porv
entur
a estiv
ermos
no esc
uro ou
de ol
hos
vendados
, terem
os dific
ulda
de de rec
onhecer u
ma textu
ra. E
nfim,
nossa
maior
experiência c
om a t
extura
é ótica e
não tá
til. A
textura
não é só fa
lsead
a de m
odo bas
tante co
nvincen
te nos
materia
is
impressos
, nos plá
sticos, n
as peles f
alsas
, mas “ta
mbém, grande pa
rte
das coi
sas pin
tadas,
fotog
rafadas o
u fil
madas que
vemos no
s
apres
ent
am a apa
rência c
onvincen
te de uma
textu
ra que a
li não s
e
enc
ontra” (
DO
NDIS, 2015, p. 71).
223
A
cor
é ou
tro elemento vis
ual importan
te. Vaz e Silva
(2016,
p. 116) a
firmam
que a
“cor é
uma sens
ação lu
minos
a trans
mitida,
pelo ref
lexo da
luz e
m uma s
uperfíc
ie, aos n
ossos
olho
s, que por
mei
o
de um sofistic
ado meca
nismo fis
iológ
ico a perc
ebe como co
lorida”
.
Sobre a cor na ilustração, Oliveira (2008), esclarece que
,
ao
ver um
a ilust
ração, a c
or não dev
e ser anal
isada a part
ir de se
u
próprio si
gnifica
do isola
do, po
is somente
quando “
se rela
ciona c
om
a luz
,
com a somb
ra, c
om o momento psic
ológic
o dos
persona
gens
ou com
o atmos
féric
o da
cena rep
res
entada
, ela r
ealm
ente a
lcanç
a
sua pleni
tude expressiva. Lo
go, a cor deve ser an
alisada a partir de
sua
relação com
as outras
cores”
(
OLIVEIRA, 2008, p. 51). A
qualida
de da luz, confor
me o autor
, é um eleme
nto importa
nte
no
processo na
rrativ
o, indicando s
e o ilustra
dor está u
tilizando a
luz
diurna, n
oturna o
u artificial.
Segundo Dondis (2015), a cor tem mais afinidade com as
emoções
. É
impreg
nada
de infor
mação
e consti
tui uma
fonte d
e
valor in
estimável
para
os comun
icadores v
isuais
. N
o ambiente
é
comum compa
rtilhar s
ignifica
dos ass
ociativos
; relacionamos
al
go
à
cor das árvores, d
o céu, da terra
, do mar
, entr
e out
ros ele
mentos
.
Também obser
vamos a
cor r
elacionada
a significa
dos s
imbólicos
. O
verme
lho po
de se
r associ
ado à raiva,
a uma ban
deir
a, a um
a capa do
tourei
ro
;
pode signif
icar a
inda o per
igo,
o
cal
or
, a luta, o sacrifí
cio,
entre
tantos
outros
objeto
s e ideia
s.
Des
se modo, a
cor ofer
ece um
grande voca
bulár
io para o a
lfabetismo v
isual.
As cor
es sã
o class
ifica
das,
de acordo c
om Va
z e S
ilva
(2016),
em cores primá
rias,
secundária
s e terciár
ias, que se ba
seiam na
maneira
de cr
iar a
cor,
seja
por mei
o da
luz
ou dos
pigme
ntos
,
definind
o
-
as da seg
uin
te form
a: a)
cores primárias
–
são core
s puras,
224
não são obtida
s por meio de mistura
s; b)
c
ores secun
dári
as
–
são
as
obtidas pela
mistura
de duas cores
primárias
; c
) cores terciária
s
–
são
aquel
as
obtidas
pela m
ist
ura de u
ma cor sec
undá
ria com uma
cor
primária
.
Em rela
ção a
o eleme
nto c
or, crei
o ser
importa
nte
rever e
ampliar a
concepçã
o sobr
e as cor
es primá
rias
como
o
vermelho,
o
azul e o ama
relo, qu
e é
,
geralment
e
,
apresenta
da nos l
ivros did
áticos.
Porque
,
segu
ndo Va
z e Sil
va
(2016)
, as c
ores pr
imária
s sã
o diferent
es
de um sis
tema
para
o outr
o. Dess
e mod
o a perc
epç
ão de c
ores
é
separ
ada em tr
ês gru
pos: síntese a
ditiv
a (cor
es
-
luz), s
íntese subtr
ativa
(cores pigm
entos opac
os) e s
íntese par
titiva (co
res pigme
n
to
s
transpa
rentes).
A
síntese
aditiv
a
(figura 36)
é util
izada p
ara as
cor
es
-
luz
,
inclui
ndo os m
onitor
es
e os sis
tema
s de
ilumin
açã
o. As
cores
primária
s desse s
istema sã
o
o
vermelho,
o
verde e
o
azul
-
violeta. Es
se
sistema é cha
mado de aditiv
o porque a s
oma das
três cores bás
icas
primária
s forma
todos os matizes
do espectr
o
e, d
a mistura
das três
em igual
pr
oporçã
o, se
obtém o br
anc
o. Na c
or
-
luz, a
mistura
do
vermelh
o e do
verde
produz
o amar
elo;
d
a
mistura
do verme
lho e
do
azul su
rge a mag
enta; a
mis
tura do v
erde e
do azul
viole
ta
produz
o
azul
celeste
. É imp
ortante obse
rvar que as co
res se
cundárias da
síntese adi
tiva s
ão as c
ores primár
ias na s
íntese parti
tiva
.
225
Figura 36
: Sínte
se aditiva
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora ((l
ivro: Fundam
entos da l
ingua
gem visua
l/V
az e Silva)
A
sínt
ese subt
rati
va
(figura 37)
refere
-
se
à síntese utilizad
a
para
pigmentos opacos
c
omo t
intas a
óleo, a
crílica
e gua
che não
diluída. S
uas cor
es primár
ias sã
o: vermelho, azu
l e ama
relo. A s
oma
dessa
s cores
dá o pr
eto,
o cinza
esc
uro ou
marr
om es
curo. Co
m o
desenvo
lvime
nto de prod
uçã
o de tintas
e pigmen
tos op
acos tem
-
se
como cores
primária
s as
mesmas dos pigm
entos t
ranspa
rentes: o
magenta, o ama
relo e o cia
no. A síntese s
ubtrativ
a baseia
-
se
na
capacid
ade de abs
orção da
luz pelas s
uperfícies
. P
or exemplo
,
se a
luz é formada
pelas
cores v
ermelha, v
erde e azul, u
ma s
uperfície qu
e
tem a cor v
er
melha ab
sorve a
s cor
es azul
e verde e reflete a
vermel
ha,
que será
percebida pelo no
sso sis
tema visual.
Uma superfície a
marela
absor
verá
a cor azu
l, refletindo os
raios
luminosos
verdes
e
vermelh
os, da
ndo
-
nos a
percepçã
o do ama
relo. E e
m uma s
uperfíci
e
p
reta, a
cor es
cura
absorv
e a maior
parte da
s cor
es, reflet
ind
o
-
as
muito pouc
o. Assim,
a cor depe
nde da luz
para ex
istir.
226
Figura 3
7: S
íntese
subtrat
iva
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora ((l
ivro: Fundam
entos da l
ingua
gem visua
l/V
az e Silva)
A
síntese
par
titiv
a
é utilizada pa
ra
pigmentos transp
arentes
e
pode ser
obtid
a
por m
istu
ra óptica
:
impressoras
, outdoors,
tinta
aquarel
a
etc. Sua
s cores
primária
s sã
o o magenta
, o ciano e
o
amarel
o
;
a combinação d
os tr
ês res
ulta no pret
o ou cinza
escu
ro. A
inclusã
o do pret
o no siste
ma ocor
re pela nec
essi
dade de cor
rigir
e
ampliar o ef
eito de
profun
didade e d
e sombras
. Ao u
tilizarm
os uma
impressora
,
se
acaba uma
cor
e sabendo que to
das
as cores
deriva
m
de três,
a impres
são não f
ica per
feita
. P
or exem
plo,
se acabar a ti
nta
ciano, o
que é v
erde
na ima
gem, va
i
produ
zir o
am
arelo por
que é
o
ciano que
compõe o v
erde. Co
mo as cor
es utiliza
da
s na impres
são
são semitr
anspar
entes, é p
ossível a
partir da
sobrepo
sição,
produzir
várias cores.
227
Figura 38
: Sínte
se partit
iva
Fonte: Fot
o da pesquisad
ora ((l
ivro: Fundam
entos da l
ingua
gem visua
l/V
az e Silva)
Vaz e Silva (2016) citam o círculo de cores
,
(fig
ura 39)
c
om
o
uma ferr
amenta utiliza
da por
estudioso
s da cor e
suas divers
as
aplicaç
ões nas ar
tes visuais, na
arquitetu
ra e no desig
n. Ess
e círculo
é composto por c
ores pri
márias
e secundá
rias distribuída
s de forma
equidistan
te; as c
ores t
erci
árias
, são em núm
ero d
e seis e f
icam e
ntre
as cores p
rim
ári
as e s
ecun
dárias. A
s core
s terc
iári
as são
tod
as as
varia
ções existentes
entre as
cores primá
rias e secu
ndárias
. O círculo
pode aprese
ntar 12 d
ivisõe
s
e
três core
s primárias
—
ciano, magenta
e amare
lo
—
e três cores
secundá
rias
: vermel
ho, ver
de e azul
,
e seis
cores
ter
ciárias
.
228
Figura 3
9
:
Cír
culo das
cores
Fonte:
h
ttps://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADrculo_crom%C3%A1tico
As cores
compleme
ntares
são aqu
elas que f
icam do lado
oposto n
o círcu
lo co
mo o a
marelo
e o a
zul
;
são compleme
ntares
porque se
situam e
m lado
s opostos.
A
s cores anál
ogas, são as cores
vizinhas
de determina
da cor
;
por exem
plo, as
cores
análoga
s do
lara
nja são o a
marelo e o v
ermelho (VAZ; S
ILVA, 2
016).
Os autores
salientam
também qu
e é pos
sível te
r outra
percepçã
o por m
eio d
o círc
ulo de
cores
:
a percep
ção da
s cores
quentes
e frias
. As cor
es quentes sã
o aquela
s nas
quais pr
edomina
o
amar
elo e o vermel
ho e
,
do lado contrár
io, as cores
frias
nas quais
predomina o a
zul.
Para
melhor c
ompreen
der
essa
questã
o sobre c
ores
quentes
e
frias, Vigotski (2009, p. 28) nos auxilia: “Quando dizemos que o
tom azul c
laro é fr
io e o vermelho é qu
en
te, a
proxima
mos a
impressã
o azul e a impr
essão fr
ia apenas com b
ase nos estados
de
ânimo qu
e amb
os pr
oduzem
em nós
”. C
onfor
me o au
tor,
a
influência
do fat
or emocio
nal foi cha
mada pelos
psicólog
os de lei d
o
229
signo em
ocional c
omum,
pela qua
l as impr
essões
ou ima
gens
possuem um
signo
emocio
nal co
mum, ist
o é,
exercem u
ma
influência
emoci
onal se
melhante
nas pess
oas, p
ossu
em um tom
afetivo comu
m.
As cor
es pod
em ser
combi
nada
s de for
ma ha
rmôni
ca
que
,
de
dive
rsas mane
iras
,
podem a
presenta
r
efeit
os dif
erent
es
,
ter
ma
ior ou
menor contr
aste.
Contra
ste é o f
enôme
no resulta
nte da
combinaç
ão
de cores
que apres
entam
diferen
tes mat
izes ou
valore
s tonais. A
ssim,
depende
ndo dos efe
itos qu
e o artista, des
enhista,
ilust
rador
, designer
pretendem
obt
er, fa
rão es
colhas es
pecíf
ic
as
. P
or exemplo,
pode
m
escolher c
ombinações
que
transmita
m tranqui
lidade
ou outras
qu
e
provoquem os sentidos (VAZ; SILVA, 2016).
Outro co
nteúd
o relev
ante é a
clas
sifica
ção da
cor s
egundo o
seu uso n
as arte
s visuai
s co
mo fi
gurati
vas ou abstr
atas. O
uso d
as
cores de m
odo
figurativo
ocorre quand
o se
pretend
e imita
r ou
represen
tar
as cor
es natu
rais
de uma pa
isagem,
obj
eto ou fi
gura.
A
abstração
da cor pode oc
orrer tanto
em forma
s fig
urativ
as qua
nto
abstratas. O seu uso
ocorre quan
do se pretende exag
erar ou subverter
as cores
natura
is. Por exemplo, “c
onta
-
se q
ue uma s
enhora, a
o ver a
obra d
e Matis
se, ter
ia l
he dito:
‘Não ex
ist
e uma
mulher
com o n
ariz
verde!’ A
isso,
o pintor r
espond
eu: ‘N
ão é uma
mulher
, sen
hora. É
uma pintura
!
’”
(VAZ; SILVA, 2016, p. 145).
Algo semelha
nte costum
a a
contecer com fre
quência
nas
escolas
de Edu
caçã
o Infantil,
quando a
profess
ora,
dia
nte de alguma
produç
ão da c
riança
que não corr
esponde a
cor r
eal do obj
eto,
costuma d
izer: “Nã
o existe cachorr
o azul!”
.
“Não exi
ste árvore
vermelha!”
. No e
ntanto,
qualqu
er coisa p
ode ex
isti
r na imag
inaçã
o
de uma c
riança
ou de
um a
dulto e s
e tor
nar r
ealidad
e por mei
o de
230
sua ativi
dade
criado
ra
; e
la p
o
de
expressar seu
pensam
ento
, suas
ideias e os s
eus sentiment
os, utilizand
o as c
ores e outros elemento
s
visua
is confor
me sua
vonta
de e seu ob
jetiv
o.
Nesse se
nt
ido, ao se
lançar de
safio
s à crian
ça ou ao adul
to
para
criarem algo
como d
esenhos
de coisa
s que n
ão exis
tem,
por
exemplo,
contribu
ímos pa
ra o desenvolvim
ento da i
maginaçã
o, da
atividade
criadora e da ousadia em sub
verter o
s usos comuns dos
materiais
. Ess
a possibilidad
e também sign
ifica proporc
ionar a
compre
ensão de qu
e o desenh
o, a pintu
ra,
a fotogra
fia ou
uma
ilustr
ação é u
ma for
ma de repres
entaç
ão da r
ealida
de e não a
realidad
e em si
,
en
tão, qua
lquer cor ou qu
alquer
outro elem
ento da
s
arte
s
vi
su
a
is
pode ser
utiliz
ado nas
produç
ões.
Além dess
a intençã
o de sub
verter,
a cor
ta
mbém
pode ser
utilizada
pa
ra tra
nsmitir
humor o
u
diver
sas
emoções
. Alguma
s cor
es
são cons
iderad
as ma
is “alegr
es ou “
tristes
”
. E
m nossa cultura
ocidental,
o amarel
o é comumen
te assoc
iado à a
legria
;
o vermel
ho
,
à violênc
ia
e os
tons d
e ci
nza e
azuis
, à
melancol
ia
. A
cor também
pode ter
um asp
ecto simbólic
o, deter
minad
o por f
atores s
ociais
,
cultura
is, históric
os e
outros
. Ass
im, as cor
es var
iam de si
gnifica
do
em difer
entes c
ontext
os cu
ltura
is.
O
pintor espanhol Pa
blo Picas
so
criou uma
série d
e pintur
as monocr
omática
s em az
ul dura
nte um
períod
o conhec
ido como
“per
íodo azul”
;
isso entre 1901 a 1904
,
e
nas obr
as des
se períod
o, a
sens
ação d
e pobre
za e tris
teza f
oi amp
liada
pela cor azu
l, muito
u
tiliza
da pelo pi
ntor
. Desse m
odo o uso da
s
cores e
m “asso
ciações simbólica
s nas obr
as de a
rte permite
-
nos
entend
er mais
sobre s
eus cont
extos h
istóri
cos e cu
ltu
rais
[...]
” (VAZ
;
SILVA, 2016, p. 147).
231
A
cor
, enfim,
tem
gra
nde for
ça e
pode ser
usa
da pa
ra
expressa
r e intensif
icar a
informaçã
o visua
l. Ela não só poss
ui u
m
significad
o compa
rtilhad
o por inter
médio da
experiê
ncia com
o
também possu
i um valor
informativo es
pecífic
o, por meio da
vinculaç
ão de sig
nificad
os simb
ólicos. A
lém dess
es s
ignificados,
temos as
noss
as pr
eferênc
ias
pessoa
is por c
ores
espec
íficas
e, é c
laro
que as n
ossas esco
lhas s
ão me
nos sim
bólicas
. S
eg
un
do D
ondis
(2015, p. 70
), “
tenhamos
ou não cons
ciência d
isso
, o fato é q
ue
revelamos mu
itas
coisas
ao mund
o sempre qu
e opt
amos por
uma
dete
rmin
ada cor”.
A
composiçã
o
, segundo Oliveira (2008), organiza
e une todos
os elementos
que partic
ipam de uma na
rrativa vis
ual de forma
equilibrad
a
,
com a á
rea útil de ilustraç
ão e com a página do liv
ro.
Além de obt
er o equ
ilíbri
o plástico
da pá
gina, a
composição v
isa
també
m favo
recer a l
eitura e a ap
reensão
da nar
rativa.
Dessa fo
rma,
uma composiç
ão mal solu
cionada tor
na a ilus
traçã
o confusa. É na
“ha
rmonização d
e pesos
e
valor
es que a i
magem s
e su
stenta e a
juda
a prov
ocar no pequ
eno lei
tor, no c
aso de u
ma ilus
traç
ão, as
emoções
e os s
entime
ntos qu
e o
texto des
per
ta” (
OLIVEI
RA, 2008, p. 61).
A funçã
o da compos
içã
o também é a
de tra
nsmitir a
intenciona
lidade d
o texto.
Por meio des
ses escla
reciment
os, ju
stificamos
a importância
de trab
alhar
o conteúdo s
obre a
lguns ele
mentos d
as a
rtes v
isuais na
formaç
ão de prof
essores
para
melhor compreensão do liv
ro ilustr
ado
e para o des
envolvime
nto d
a ativid
ade cria
dora.
A ativida
de de cria
ção de his
tórias a
partir d
e eleme
ntos das
artes visuai
s teve
co
mo
objet
ivo co
nvidar as pro
fessoras pa
ra uma
produç
ão aut
oral. Foi s
ugerido o el
emento l
inha
,
como personage
m
232
da narrat
iva,
par
a inc
ent
ivar o
uso da
imag
inaç
ão e,
por
consequência, a
ativ
idade
criado
ra.
O ponto de obs
ervação teve o ob
jetiv
o de av
aliar
o conteúdo
que foi si
gnificativ
o
para as
pro
fessoras.
Qua
dro 2
0
-
Pauta d
o dia 0
7/
10/19
Pauta do
di
a 07/
10/19
1-
Ponto d
e O
bservação
: A
minha dificuldade h
oje foi .
.. p
orque...
2-
Leitura
de li
vros:
-
“O gato Viriat
o fazendo ar
te”
-
R
oger Me
ll
o
-
“Dia de
S
ol” Re
nato Moric
oni
3
-
Cont
e
údo:
-
Leitura das h
istórias e
laborad
as p
elas pr
ofessoras n
os enc
ontros ant
eriore
s, que foi a
criação de h
istórias com
:
Uma vivênci
a engraç
ada;
Algumas l
embr
anças divertida
s da inf
ância;
Uma surpre
sa que o deix
ou feliz;
A descobert
a de um
conheci
mento
que aj
udou a
compreen
der a rea
lidade;
Um fato que mar
cou a minh
a vida.
•
T
exto de
apoio:
C
ontaçã
o de h
istórias.
D
e
G
ONÇALVES
,
Thiago,
ilustração de
GOUVÊA,
Tiag
o (R
evi
sta V
ida
Simp
les nº
208/20
19, p.
44
-
49)
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A apres
entação e leitur
a do livro “O gato Vir
iato fa
zendo
arte”
,
de Roger Mello
,
tev
e por ob
jetivo a
mpliar o re
pertór
io de livro
de imag
ens, entr
ar e
m ati
vida
de de lei
tura
de ima
gens,
observ
ar os
enquadr
amentos
como rec
urs
o de expres
são.
A apresenta
ção do li
vro
“Dia
de Sol”, de Rena
to Moric
oni, teve
c
omo fina
lidade
realizar a
leitura de ima
gens, obs
ervar
como o ilustra
dor utiliza a
s linhas, as
form
as
e
os espaç
os como
recur
sos de ex
press
ão.
O ponto d
e observ
açã
o teve com
o
objetivo v
erificar qual foi
a dific
uldade d
o grup
o em rela
ção a
o conteú
do.
233
A ativida
de de leitur
a das
histórias
elaborad
as pelas
profess
oras
nos enc
ontr
os anter
iores
teve
o obj
etivo
de
partilha
r as
produç
ões e ou
vir as
opiniões
e
as
sugestões
do outro.
A apr
esentaçã
o do tex
to “Contaç
ão de
histór
ias”
,
de
Thi
ago
Gonçalves,
ilustra
ção de Tiago Gou
vêa, pub
licado na
revista
Vida
Simples, tev
e
como
objetivo mos
trar a importâ
ncia da c
ontação de
hist
órias n
a vida das p
essoas
;
o pod
er de
tra
nsforma
çã
o que pos
suem
e
conhecer
um pou
co sob
re a a
tivida
de
da “Asso
cia
ção
Griots
-
Os
contador
es de His
tóri
a
”
4
.
Uma fra
se do a
utor foi
des
taca
da com o obj
etiv
o de ref
letir
sobre o
papel
da con
taç
ão de histó
rias n
a atualidad
e
:
“Quando
partilha
mos sa
beres e ex
periê
ncias,
seja c
omo ouvinte ou
com
o
narra
dor, amenizamos
um dilema
da socieda
de atua
l: uma imensa
sau
dade que s
entimos un
s dos
outros”
(GONÇA
LVES, 201
9, p.
49).
4
Associação Griots: é uma instituição sem fins lucrativos na região metropolitana de
Campinas,
fundada em 2
003 por um grupo de
amigos experie
ntes na contaç
ão de hist
órias.
Essa instit
uição i
niciou o trab
alho no set
or de pediat
ria do H
ospital
de Clínicas d
a
Unicamp, em Campinas/SP, contribuindo
positivamente para o bem-
estar de crianças
, seus
familiare
s e a equipe
de prof
issionais en
volvidos n
o tratame
nto m
édico. Por m
eio da
literat
ura e da arte
de contar histór
ias, colab
oram para a hum
anizaç
ão do ambie
nte
hospitalar
. Atual
mente,
cerca de
150
voluntários faze
m par
te da e
quipe. O
s “Griot
s”,
reconhe
cidos como pe
ssoas
sábias
e comunic
ativas, e
ram co
ntadore
s de histór
ias afric
anas
das reg
iões
de S
enegal, G
âmbia e
Mali e
tiveram um imp
ortante
papel
na evolução e
manutenç
ão da c
ultura e
tradição de todo o continente. Disponív
el em:
http://griots.org.br/2019/conheca-
os
-
griot
s/
234
Qua
dro 2
1
-
Pauta d
o dia 2
1/
10/19
Pauta: 21/10/
19
1-
Ponto
de observação
: Da aula de hoje
, o mais signific
ativo f
oi... por
que..
.
2-
Leitura
:
Pr
ofessor
a Lene
-
Nada ainda?
-
Chr
istian Voltz
3-
Avaliação d
iagnóstica
-
nível de dese
nvolvime
nto re
al na pintur
a a de
do
4-
Cont
eúdos:
-
Teor
ia sobr
e os movime
ntos
da
pintur
a a dedo e poss
íveis prát
icas
•
Text
o de apoio
:
Pintura a dedo:
u
ma possibil
idade
de trab
alho signif
icativ
o
na educação infa
ntil
. D
e
TSUHA
KO, Y
. e MILLER, S.
In: SA
NTOS
,
C. R. dos
e MELO, E. S. do N. (Orgs).
Políticas Púb
licas na Ed
ucação Brasileir
a: E
ducação
Infantil e
Anos
Inicia
is do E
nsino
Fundame
ntal 2
. Pont
a Gross
a
-
PR: Editora
Ate
na, 2
019.
5-
Atividade pr
ática com pintura a dedo
6-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitura
da história
“
Nada ai
nda?”
,
d
e Christian Voltz,
realizada
pela profes
sora
Lene
, teve
como
fin
alida
de
ampliar o
conhecim
ento s
obre o ac
erv
o da escol
a, contri
buir pa
ra a observa
ção
dos difere
ntes rec
ursos ma
teriais
utiliza
dos pelo
ilustra
dor para
compor as
cenas
,
como o u
so de mis
tura
de técnica
s
:
rec
orte
e
colagem, c
onstru
ção com
materiais
varia
dos, dese
nho c
om arame
etc.
Isso vi
sa
va
a
aguçar
a pe
rcep
ção das pro
fesso
ras para e
ssas
questões espec
ífica
s da ilus
traçã
o
como também
amplia
r as
possibilida
des de c
riaçã
o na realiza
ção de seus
projetos de ilu
straç
ão.
O conteúd
o d
e pintur
a a
dedo
pr
etendeu
a
atend
er à
solic
itação d
as profe
ssoras,
uma ve
z que
percebera
m a necess
idad
e
de conh
ecer a
técn
ica e
os pr
ocedimen
tos c
orretos
, p
ara
trab
alhar
em
com as cr
ianças
e terem opções de téc
nicas par
a ilustra
r suas pr
óprias
histórias
.
Uma produç
ão livre em pintura
a dedo foi s
olicitada
no
primeir
o mome
nto, c
om o
objet
ivo d
e ver
ific
ar o n
ível d
e
235
desenvo
lvime
nto rea
l das pr
ofess
oras em r
elaçã
o
à técnica
e
quais
suas dificuldades.
Depois fo
ram
aprese
nt
ado
s
os moviment
os, ou
seja
, a sequ
ência do
dese
nvolvim
ento da
pin
tura
a dedo, co
m o
objetivo
de possib
ilitar
às
professor
as cond
ições d
e realiza
rem a
avaliação
das
prod
uções
das crian
ças e
o
bservar
em o
seu
nível real d
e
desenvolv
imento
.
Com esses r
ecurs
os seria
possível
o planejame
nto
das açõe
s
de forma in
tenciona
l, atu
ando
na zona
de des
envolv
i
-
mento próx
imo,
int
enc
iona
ndo
a
promover o dese
nvolvi
mento
das
crian
ças na pi
nt
ura.
Foram
ap
resen
tado
s
os procedime
ntos
corretos
da téc
nica de
pint
ura a dedo e diversos riscado
res como
recursos para a produção
de uma pintur
a a dedo
:
palitos
de sorv
ete, r
asteli
nhos, ga
rfinhos
,
pentes,
esponj
as de c
ozinha,
retalhos
de tecid
os, pa
péis, f
olhas
e
flores s
ecas
, sementes
e
tin
ta creme
.
Após o co
nteúd
o teóric
o,
foi su
gerida
u
ma ativida
de prá
tica
em
pintur
a a dedo com a
disponib
ilizaçã
o de var
iados mater
iais pa
ra
a reali
zação d
a prod
ução
e teve
como objetivo verificar se
houve
apropr
iaçã
o do conhec
imento
e muda
nças na
s produ
ções.
Qua
dro 22
-
Pa
uta do d
ia 1
1/
11/19
Pauta: 11/11/
19
1-
Ponto d
e O
bservação
: A grande aprendiza
gem sobr
e a pintura a de
do foi.
..
2-
Leitura
:
Eu vi!
–
Fer
nando Vil
ela
3
-
Cont
e
údos:
Pintura a de
do e ativid
ade criador
a.
-
Explorar
os mater
iais disp
onibiliz
ados e re
prese
ntar, por me
io d
a pintura,
al
go que
gosta, acha b
onito, tr
az boas le
mbranças,
etc.
-
A partir da ob
servação da ob
ra de Sal
vador Dal
i: A pe
rsistência da Me
mória, faça um
a
produção,
inserindo al
go que te
nha signific
ado par
a você.
3-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
236
A leitura do livro
“Eu vi!”
,
de Fernand
o Vile
la, tev
e
c
omo
objetivo a
pr
esentar a
impor
tância
de des
envol
ver o ol
har da
imag
inação
, a perce
pção
visual, e
nsin
ar as cri
anças e
aos adul
tos a
olhar os
detal
hes, obser
va
r as
forma
s, cores
, textu
ras
; perceber as
linhas ex
istentes na
s coisa
s, nos
elementos da
natur
eza, no
que está
no entorn
o para
terem rep
ertório
e
dese
nvolver a ati
vidade cri
adora.
Fernando Vile
la rela
ta, no final do livr
o, como fez sua
s ilustra
ções,
as pesqu
isas par
a produzir as ima
gens, os materia
is e a
s técnicas
utilizada
s, elucida
ndo o se
u process
or cr
iador.
Foi solicita
do às
profess
oras
que fizess
em uma a
tividade
prática
com a pin
tura a
dedo, co
m o objet
ivo de ex
plorar
o mater
ial
disponibili
zado e
incentiv
ar a pr
odução de u
ma pintu
ra au
toral.
Outra a
tividade prá
tica fo
i a apr
e
ciação
da obr
a de Salvad
or
Dali,
“A P
ersis
tên
cia da Me
mó
ria”,
(figura 40),
com
o o
bjet
ivo
de
ressa
ltar a impor
tância da
leitura de u
ma obra
,
e
sclarece
ndo
que
,
propo
r
esse t
ipo de l
eitura
possibili
ta:
[...]
dar acesso, i
nstigar o cont
ato mais sensível e abert
o
acolh
endo o
pensar/senti
r do fruid
or e ampliand
o sua
possib
ilida
de de pr
oduzir
senti
do. É o proc
esso de r
ecria
ção
interna que não pode se restringir a um jogo de perguntas e
respo
stas (MART
INS, 20
10, p.
78)
.
237
Figura 40
: A Persist
ência da Memó
ria
Fonte: F
oto da
p
esquisad
ora (livr
o: Sur
realism
o/Cathr
in K. Leroy
-
Tasch
en)
A
obra fo
i apre
sen
tada p
ara leit
ura e
e
m
seguida f
oi
solicitad
a
a
sua
repres
entaçã
o por meio d
a téc
nica de p
intu
ra a d
edo
,
com
inspiraçã
o
nas cor
es e formas
utilizada
s por Salv
ador Dali, de a
lgo
que tenha s
ignificad
o para ca
da
profes
sora
. P
or
exemplo, o qu
e é
importante
em sua
vida
;
o que tem
marcad
o sua re
alidad
e atual
, os
seus
desejos
, seus sonh
os
etc
. O obj
etivo d
essa a
tividad
e foi
possibili
tar um m
omento d
e cria
ção,
contribuir para
o
desenvolv
imento da
imagina
ção,
d
a
produçã
o de sent
idos
e
compartil
har, por
meio
de su
a obra
, um pou
co de
interi
or
idad
e
com
as dema
is do gr
upo.
O ponto de obs
erva
ção teve
como
objetivo a
valia
r o que foi
mais signific
ativo no pr
ocess
o de aprendizage
m sobre a
pintura a
dedo, o que
não sa
biam e a
prenderam a
partir d
a for
mação e r
efletir
sobre as
possibilida
des de tr
abalho com a
s cria
nças.
238
Qua
dro 2
3
-
Pauta d
o dia 2
5/
11/19
PAU
T
A
: 25/
11/
19
1-
Ponto d
e O
bservação
: O mais significat
ivo f
oi... p
orque...
2-
Leitura
:
ZOOM
-
Istvan Banya
i
3
-
Cont
e
údos:
-
Organizaç
ão do cader
no de desen
ho
-
port
fóli
o
-
Mistura de técnicas, importância do repertório
-
Processo cri
ador de pintores e ilustrado
res.
•
Text
o de apoio:
Ensi
no de arte
:
uma atitude p
edagóg
ica. (Picas
so: um
processo de 3
4 dias).
De
MA
RTINS
, M. C. F. D.
In:
MART
INS, M. C. F. D.
et al.
Didática do e
nsino de
arte:
a língua do m
undo: p
oetizar, f
ruir e
conhece
r
arte.
São P
au
lo: F
TD, 20
10. p.
153
-
158
4-
Atividade pr
ática:
Proje
to de ilust
ração do l
ivro infantil
. “Rasc
unho”
5-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitura
do livro
“
ZOOM”
,
d
e Ist
van B
anyai
, tev
e
por
objetivo
ampliar
o reper
tór
io de livros
de imagem, c
ontribuir
para
o
desen
volvimento da percepção
visual, obse
rvar os diversos recursos
visua
is utilizados
pelo il
ustra
dor para
melhor expr
essar
a sua
narrati
va.
A apr
esentaçã
o do proces
so cri
ador de P
icass
o na produ
ção
da obra “G
uern
ica”
te
ve
co
mo
objetivos es
clar
ecer
às prof
essor
as
que, criar um
a obra, uma pin
tura ou uma i
lustração, de
manda
tempo, tra
balho, estud
o
e
a realiz
ação d
e vários
esboços a
té chega
r
ao trab
alho
final,
visto que
é
um processo.
Era preciso
desmistificar
as produçõ
es do
s artistas
,
pois nes
se pr
oces
so há mu
ito
conhecimen
to envolvid
o, tra
balho de pesquis
a, forma
ção específ
ica
e
escol
has int
enciona
is pa
ra melhor
expr
essa
r su
as ideias
. Enfim, as
obras d
e arte não su
rgem de uma ins
piraçã
o divina,
de um “dom”
,
mas s
ão decor
rentes
das c
ondiç
ões mat
eria
is e das
rela
ções s
ociais
que
afe
taram c
ada pess
oa e
m sua fo
rmação
.
239
Ziraldo foi i
ndicado à
s profess
oras pa
ra ser a
ssistido em
horário d
e ATPI
.
A ativida
de prática
teve o objetivo de ma
teria
lizar as
ideias
da
s profe
ssor
a
s por meio de esb
oços simp
les de um
projeto, a pa
rtir
do exemp
lo do proc
esso de cria
ção de P
ablo Pica
s
so e de Lu
ciano
Tasso.
Qua
dro 24
-
P
auta do dia 0
2/12
/19
PAU
T
A
: 02/
12/
19
1. Ponto de O
bservação
: A mi
nha
dificu
ldade foi
... p
orque...
2-
Leitura
:
Auau,
Miau , Piu
piu
-
Cé
cile
Boyer, tr
adução Marta Kaw
ano.
3-
Con
t
eú
do
: At
ividades p
ráticas
-
Elaboração de
esboço par
a ilustrar
a histór
ia
-
Leitura dos p
rojetos de
ilustraç
ão
-
Escolh
a da técnica a se
r utilizad
a.
4-
Registro do no
me
das técnicas es
colhi
das
para ilust
rare
m
a hist
ória
5-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitura
do livro “A
uau, Miau, P
iupiu” de Cécile
Boyer,
tradução
de
Marta
Kawa
no, teve por objet
ivo a
mplia
r o repertór
io e
mostrar
uma forma
difer
ente util
izada
pelo au
tor par
a repres
entar os
persona
gens
:
o uso d
e let
ras pa
ra repr
esentar
os so
ns produ
zidos
pelos pe
rsonagen
s
e,
n
ão
,
i
magens d
e anima
is, co
mo é ma
is c
omum.
O ponto d
e obs
ervaç
ão teve p
or obj
etivo
levanta
r as
dificuld
ades e
ncontr
ada
s pelos pr
ofess
ores na
elabora
ção do livro.
Os
objetiv
o
s
das a
tividades pr
áticas
foram: ela
bora
r um
projeto de ilu
straç
ão de his
tórias, c
ompartilha
r os proj
etos com
o
grupo e ele
ger uma ou
mais
técnicas pa
ra rea
lizar o p
rojeto.
240
Qua
dro 25
-
Pa
uta do d
ia 0
9/
12/19
PAU
T
A
: 09/
12/
19
1-
Ponto d
e O
bservação
: Nes
te ano
o q
ue mais marcou na AT
PC foi..
. p
orque...
2-
Leitura
:
“
Você”
-
Stephen Mi
chael Ki
ng
3
-
Cont
e
údo:
A
tividade
prática
-
Elaboração das c
enas ilu
strati
vas e montage
m do livro de
históri
a.
4-
Avaliação
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
A leitur
a do l
ivr
o “Voc
ê”
,
de
S
teph
en Michae
l K
ing, foi
aprese
ntad
a
às prof
essora
s com o objet
ivo de a
mplia
r o repert
ório
e
como mens
agem de enc
erra
mento d
a
fo
rmação
, mostran
do de
forma s
ensível e p
oétic
a a impor
tância
do outr
o, do “
você”
em nossa
s
vidas.
O
ob
jetiv
o do
pon
to de obser
vaç
ão
foi
av
aliar o qu
e foi mais
significat
ivo
para as pr
ofes
soras
durante o ano na for
maçã
o em
ATPC
e o
conteúdo da ativ
idade p
rática
int
enc
ion
ou
à
finalização
das ilus
trações
do livro de
história p
elas profes
soras
.
Qua
dro 26
-
Pauta d
o dia
17/02/
20
PAU
T
A
: 17/
02/
20
1-
Leitura
:
Ana,
Guto e o Gat
o Dançarin
o”
-
Stephen Mic
hael King
2-
Apres
ent
aç
ão das produçõe
s
individuais (histórias),
para o grupo.
Professoras e títul
os das prod
uções:
•
Keli
: Qual a difer
ença entre
o ovo que comemos e
o ovo que vira p
intinh
o?
•
Lene
:
Eu duvid
o!
•
Ana
: A descoberta
.
•
Leila
:
Uma histór
ia encrenc
ada.
•
Lis
: As Linhas
amigas
•
Sara
: Um
a
cidad
e diferen
te.
3-
Avaliação final
:
Questõe
s sobre ar
te lite
rária, l
ivro de imagens e
pintura a dedo
Fonte: Quadr
o elab
orado pela pe
squisad
ora.
241
Essa
foi
a pauta
de encerram
ento da f
ormaç
ão, t
endo com
o
objetivo
principa
l apres
entar t
odos os tr
abalho
s au
torais da
s
profess
oras
para
apreci
ação do gru
po.
Antes das
apresenta
ções, li o livro “
Ana, Gu
to e o Gato
Dança
rino” de S
tephen M
ichael Ki
ng, como u
ma
metáfora
que
represen
ta o qu
e foi vi
vencia
do pel
o grupo,
p
ara
ressalta
r a
importânc
ia dos
outros
, dos nos
sos pa
rceiros
, para qu
e ocorra
m
aprendizag
ens e
mudança do
olh
ar em r
elação
à
real
idade
,
possibili
tando
o des
envol
vimen
to de n
ossa
s ca
pacidades
;
e
nfi
m,
ressalt
ar que
tod
as as pessoas são
capaz
es de
exer
cer sua ativ
idade
criadora e e
screver suas pr
óprias h
istóri
as.
Ao fin
al da au
la, as
prof
essoras r
eali
zaram um
a a
valiaç
ão
sobre a a
rte lit
erária
, livro
de ima
gens e
pintura
a dedo
e
, devid
o a
o
curto temp
o do enc
ontr
o, algu
mas pr
ofessor
as conclu
íram a
s
ava
liações
em horário d
e ATPI, no d
ecorrer
da sem
ana.
As qu
estões
tivera
m o obj
etivo d
e pr
oporc
ionar à
s prof
essor
as u
m momen
to par
a
pensar
em sobre
todo o p
ercu
rso viv
ido, as
dificu
lda
des inici
ais
, a
supera
ção,
até chegar
em à
produção aut
oral e
d
e
refletirem sobre o
process
o de for
maçã
o em
horário d
e AT
PC. Es
sa a
valiaçã
o e todos
os pontos
de obs
erva
ção for
am coleta
dos
como
font
e de dados
.
242
243
C
a
pít
ul
o 3
O QU
E DI
Z
EM AS PROF
ESSORAS SOB
RE
O
LIV
RO
ILU
S
T
RA
D
O
E A
E
DUCAÇÃO
DESEN
V
O
LVEN
T
E?
As cri
anças assi
milam
esse m
undo,
a cultu
ra hum
ana, assim
ilam
pouco a p
ouco
a
s experiências sociai
s que essa cultura contém,
os
conhecimentos, as aptidões e as qu
alidades psíquicas do homem.
É essa a h
eranç
a soci
al. Sem d
úvid
a, a crianç
a não po
de
se in
tegrar na c
ultu
ra hum
ana de form
a
espontânea.
Co
n
segue
-
o com a aju
da cont
ínua
e a orie
ntaçã
o do
adul
to
–
no processo de educação.
(MUKHINA
, 1996
)
Este ca
pítulo t
em por
objetivo
realizar
a anál
ise d
os da
dos
gerados
dura
nte o expe
rimen
to didát
ico
-
forma
ti
vo sob
re arte
literária
, mais es
pecifica
mente sobre o liv
ro
ilustrado, con
forme
descriçã
o no capítu
lo
ante
rior,
desenv
olvid
o com s
eis pr
ofessor
es d
e
uma escola
de Educ
ação Infantil d
o sistema mu
nici
pal de ensi
no de
uma cid
ade do inter
ior p
aulis
ta, no per
íodo de 2
019
e 2020
,
em
horário d
e Ativ
idade de T
rabalho Peda
gógico
Coleti
vo
– ATPC.
Com a aná
lise dos d
ados,
colocar
ei em dis
cus
são a
importânc
ia da a
propriaçã
o do conhecim
ento par
a o desenv
olvi
-
mento da
consc
iênc
ia
,
o traba
lho com o
livro
ilus
trado com
o
ativida
de dese
nvolv
ente
das f
unções ps
íquica
s s
uperior
es e d
a
244
capaci
da
de cri
adora
—
tanto das p
rofesso
ra
s com
o das crianç
as
—
numa rel
ação d
e depend
ência
do proc
esso de e
nsin
o
-
aprendi
zagem.
A disc
ussã
o será
apresenta
da p
or núcl
eos t
emátic
os,
organiza
ndo os d
ados p
or
conteúd
os rela
ciona
dos.
A escolha
dos
tem
as para no
mear
cada
núc
le
o e a sequência de
aná
lise, teve
o
objetivo d
e repr
esen
tar o mov
iment
o no proc
ess
o de des
envolv
i
-
mento human
o, inicia
ndo com a a
propriaç
ão do conhecime
nto
acumu
lado his
toricam
ente.
Conform
e a cita
ção
da epígr
afe,
o
homem não na
sce dotado
das
aquisiç
ões históricas
da huma
nidade.
Só
quem
se apropria
dess
e conhec
imento n
o decur
so da sua vid
a
adquire p
ropriedade
s e facul
dades
verdad
eiram
ente
humanas.
A
ssim
a crian
ça, po
r mei
o da e
ducação
, da
ativi
dade e
das
relaçõ
es so
ciais
nas qua
is está ins
erida, va
i se desenvo
lvendo.
Os núcleos
temát
icos ser
ão expostos na s
eguinte
ordem:
apropr
iaçã
o do con
hecim
ento e
o des
envolvi
mento
da c
onsci
ência;
o
trab
alho com o
liv
ro ilus
trado
e a
atividad
e desenvo
lvente
;
form
ação co
ntin
uada: mu
dança n
a dim
ensão
objet
iva e subje
tiva d
o
profess
or.
A aná
lise reca
irá s
obre os d
ados gerados
a par
tir dos r
egistros
de aval
iaçõe
s diári
as; av
al
içõ
es real
izad
as ao fi
nal
do p
roce
sso de
formaç
ão; rela
tos ora
is gr
ava
dos em v
ídeos ou á
ud
ios tra
nscritos
;
produç
ões dos
prof
essor
es e al
guns re
gistr
os de
ativ
idades
da
s
crian
ças,
real
izad
as na esc
ola
e
outras
enviadas pelas
família
s
dev
ido
ao isolame
nto socia
l decor
rente d
a Covid
-19.
Tais regis
tros tiv
eram
o objetiv
o de v
erificar
as
aprendizage
ns ocor
rida
s a pa
rtir do
desenvolv
imento do ex
per
imento didá
tico
-
for
mativ
o
.
Para pre
servar
a ide
ntid
ade do
s part
icipan
tes, se
rão
utilizados n
omes fic
tícios,
represen
tando as pr
ofessor
as
e as
crianças.
245
As produ
ções autor
ais da
s partic
ipantes da p
esquis
a,
realizada
s dur
ante a forma
ção, tiver
am os segu
intes obj
etivos:
supera
r o sen
timent
o de
inca
pacid
ade, des
envolver a
imagina
ção
e a
ativida
de criadora
, possib
ilitar con
dições de d
esen
volverem es
sas
capaci
dades t
ambé
m nas c
rianç
as.
3.1-
A
propri
ação do c
onhe
ci
me
nt
o e de
s
e
nvolvi
me
nt
o da
consciência.
Es
ta pesquis
a
e as an
álise
s
nela contidas
tê
m o r
esp
aldo
da
Teoria His
tór
ico
-
Cultural
a qual
concebe
o ho
mem como s
er
históric
o e socia
l. Nes
sa concepção, o d
esen
volvime
nto d
o
psiquismo, d
a perso
nalida
de e da consc
iência estã
o condic
ionad
os às
relações
socia
is e a
o acesso à produç
ão cultura
l. T
ambém
s
e
fundamentam
na
teoria
da F
ilosofia
da Lin
guagem
,
d
e Voloc
hinov,
Bakhti
n e outros
em que
“o suj
eito se co
nstitu
i socia
lmente,
atrav
és
de s
uas
interações
e seus
diá
logos
” (GEGE, 2019, p.
82).
Par
a Bakhtin
, é na r
elaçã
o com a alte
ridade
que os indiv
íd
uos
se constituem. O ser se reflete
no outro, refrata
-
se. A par
tir do
momen
to em que
o indiv
íduo s
e con
stitu
i, ele
també
m se al
tera,
constantemente. E esse p
rocesso não surge de sua própri
a
consciên
cia, é algo que se conso
lida socialmente, através das
interações, das palavras, dos signos. Constituímo
-
nos e nos
transfo
rmam
os semp
re atravé
s do out
ro (GE
GE, 2019, p.
13)
.
A partir
dessa
s concepç
ões,
a experiê
ncia s
ocial é a
font
e do
desenvolv
imento ps
íquico da
criança e do a
dulto
;
o papel do outr
o
é fun
dament
al para of
erece
r as con
diçõe
s materi
ais ne
cessár
ias para
o desenv
olvim
ento de ca
da
sujeit
o.
246
A int
ern
alização
das
conquistas hu
manas é poss
ível
quand
o
a crian
ça se apr
opri
a
do c
onteúdo
cultura
l hist
oricamen
te
acumu
lado. N
esse pr
ocess
o, o ad
ulto
é a fo
nte de d
esenvolv
imento
da crian
ça, apr
esen
tand
o
-
lhe a rea
lidade; pr
oporc
ion
ando o co
ntato
com objetos
, mostra
ndo s
eu us
o funcional,
qualif
icando os
seus
sentidos
,
apresenta
ndo os
instrume
ntos utiliza
dos n
o cotidia
no e as
divers
as for
mas d
e lingu
agens.
Desse m
odo a
cria
nça irá
se
humanizand
o.
A partir
dessa c
ompreensã
o
,
por meio dos a
portes
teóric
os
apres
entados
nos capítulos
an
te
riore
s, fare
i as anál
ise
s
intenciona
ndo
a
per
cepção d
o pr
ocess
o de apr
opriaç
ão
por part
e das
professora
s
.
Também apr
esentar
ei
uma reflexão sobr
e algumas
prática
s releva
ntes
ao proces
so d
e apro
pri
ação d
o conh
eciment
o e
para
o
desenvolv
imento da
consc
iência.
Este nú
cleo temá
tico a
pres
enta os s
eguint
es ite
ns:
•
Sentimento
de inca
pacidade:
resquíci
o da educ
ação
tradiciona
l
•
A contextu
alizaçã
o da pr
odu
ção cultu
ral desmis
tifi
-
cando
a que
stão do
“dom”
•
A importância
da av
aliação diária
para a apr
opriação
do conhec
imento
•
A aprop
riação
da te
oria p
ara a mudan
ça do
olh
ar
•
Desenvolv
imento da
con
sciência: d
a resis
tência à
constru
ção de n
ovos s
enti
dos.
•
Comparti
lhar o c
onhec
iment
o com o out
ro
•
Por mei
o da fa
la do outr
o eu me v
i
247
3
.1.
1 S
entim
ento de incap
acida
de: resquício
da
educaçã
o trad
iciona
l
Para
iniciar, lembr
o a importâ
ncia de leva
r em consi
dera
ção
o destinatár
io do ato ed
ucativ
o
no decor
rer da
elabora
ção d
os
planejame
ntos
bem como da
intencionalida
de em promover
um
a
educaç
ão
desenvolv
ente,
por par
te do pr
ofes
sor.
Por iss
o, faz
-
se
nec
essário
a avaliaç
ão inici
al, o di
álogo co
m os educan
dos,
a
verific
ação d
o níve
l real
de d
esenv
olvimen
to, d
esc
obrindo
suas
hipóteses
e su
as c
oncepçõe
s e, a
partir
desse c
onhecimento,
elabor
ar
os po
ssíveis encamin
hamentos
.
Por meio
de um d
iálog
o com as
profes
soras
, dura
nte a
avaliação
in
icial
, vei
o à ton
a um ent
rave p
ara a aprop
riação
do
conhecim
ento
:
o se
ntime
nto de inca
pacida
de.
Em aç
ões com
a forma
ção
de prof
essor
es, p
ercebo
fre
quente
-
mente o su
rgimen
to, d
iante d
e alguma
propos
ta nova
, do
sentimento d
e inca
pacida
de
que iss
o gera
. Esse fat
o fi
ca mais
evidente q
uand
o é
soli
cita
da
a eles uma p
roduçã
o autora
l. Como
n
uma r
eação ins
tintiv
a, lo
go ouço d
os profes
sores
fr
ases c
omo “
Eu
não sei escre
ver uma história!”
.
“Eu não se
i dese
nhar!”
.
“Eu não
sei
pintar!”
Essa re
ação
é compreensív
el
pelo fa
to de serm
os fru
tos de
uma educ
ação tra
diciona
l, limita
dora da a
utoria
, da ex
pressã
o
, q
ue
privilegiou
por
décadas
o des
envolv
imen
to da
capac
idade d
e
execuç
ão de orde
ns.
Diant
e de uma re
alid
ade como essa,
a aprop
riação
do
conhecim
ento
é condiç
ão
ess
encial
para
a rever
são de
ss
a situ
ação.
Se
o prof
essor tiv
er a o
port
unidade d
e conhecer um
pouco d
e su
a
história;
ter cons
ciência
sob
re a or
igem de seus
medo
s, insegu
ranç
as,
248
receios, terá
condições
de inicia
r um
process
o de m
udanç
a, pois
ao
descobrir
a
s conc
epções
e a
explici
taçã
o dos fa
tos ger
adores
dessa
forma det
erminista
de pensa
r, o por
quê do s
e
ntimento
de
incapacida
de, des
envolve
rá a
consciência
e co
mpreenderá
a
constitu
ição do prof
esso
r, suas dificuld
ades e sua
necessida
de de
superá
-
las.
Na avaliaç
ão i
nic
ial das pro
fe
sso
ras, o
sen
tim
ento
de
incapa
cidade n
o grupo fo
i d
esvela
do ao se
r apresentad
a
para e
las a
ideia de es
crever
em uma
história
. Iss
o é express
o na
s fala
s das
profess
oras
, aba
ixo:
Keli: [A
idei
a parec
eu] um
a loucu
ra e eu me
senti i
ncapaz
,
porque acreditava qu
e para escrever uma hist
ória teria qu
e ter
ideias brilhantes.
Lene: [A ideia pareceu] impossível, eu me senti perdida, porque
nunca
havia
escr
ito.
Ana: A ideia pareceu assustado
ra, eu me senti desafiada, porque
não me
senti
a preparad
a.
Leila: [A ideia pareceu] um
desafio quase impossível!
Lis: [A i
deia p
areceu
] “assustado
ra”, eu m
e senti i
ncapaz
,
porq
ue acha
va que n
ão ir
ia con
seguir
.
Sar
a: [A ideia
pare
ceu] sur
rea
l e muito dif
ícil
, eu me se
nti
desprep
arada, po
rque nu
nca me pro
porcio
naram essa
experiência antes.
A
s falas d
as prof
essoras
demonstra
m
q
ue
a possibilida
de de
elabora
ção de u
ma
narra
tiva a
utora
l cau
sou medo,
desesp
ero,
assusto
u e
foi vista como a
lgo inatin
gível
devido a
esses
sentimen
tos.
No diz
er da pr
ofessora Ke
li obs
erva
-
s
e também u
ma
concepç
ão de
talento
nat
ura
l, ao se r
eferir à
neces
sidad
e de “id
eias
brilhant
es” par
a escrev
er uma história
.
249
Há uma
confirma
ção no
dizer de t
odas a
s prof
essor
as: no
campo da edu
caçã
o, qualquer ato implic
ará no des
env
olvimento ou
não de ou
tros s
eres
humanos
, poden
do deix
ar ma
rca
s positiv
as ou
negativa
s. No c
a
so das profe
ssoras,
a e
ducação
trad
icional deixou
marcas n
egat
ivas;
manifestando
-
se em form
a de sentim
ento d
e
incapacida
de, emba
sada em u
ma concepç
ão natu
ralista
de
desenvolv
imento, influ
enciando i
nclusiv
e no des
empenho
profissiona
l.
C
omo será poss
ível pro
por um trabal
ho c
om as
cr
ianças
visand
o
a
o desenvolvime
nto da c
apacida
de criador
a, se as pr
óprias
profess
oras
não acr
editam
nessa
proposta
? Se
não ho
uver a
super
açã
o
da conce
pção d
e qu
e a ca
pacidade au
toral
é o des
ti
no apena
s dos
talentos
os ou
aos p
oss
uidor
es de “d
ons
”, será uma ilusão
pen
sar em
educa
ção des
envolvent
e.
Dessa m
anei
ra
evide
nci
a-
se a nec
ess
idade de a
ções
v
isand
o à
supera
ção dess
e sentimento de inca
pacida
de e
d
a concepção
determinista
sobre o des
envolvim
ento human
o. Uma
possibilida
de
para d
esmistifica
r essa
questão é a
apresentaç
ão da h
istória d
e vida
,
de forma
ção e o
process
o cr
iador dos
escr
itores, d
os il
ustr
adores
, dos
artist
as de fo
rma g
eral.
Pensan
do n
essa possibilida
de,
foi
i
ncluída
na
form
ação
a contex
tualiz
ação da
s produções lite
rári
as para el
a
sele
cionad
as
.
3
.1.
2 A
contextualizaçã
o d
a p
rod
ução
cultura
l desmist
ificando
a ques
t
ão do “dom
”
A
o
contextu
alizar
o proc
esso de pr
oduçã
o dos
autores
,
pesqui
sar sobre
os m
ateriais e técnicas
utilizada
s e
conhec
er a su
a
história,
a
lém d
e possi
bilitar
a ampl
iação de
r
epertório
e o
250
desenvolv
imento da
ativida
de criador
a,
pode
-
se
contribui
r
para a
desmistifica
ção da
concepçã
o de “dom”,
porque
a histór
ia de
formaç
ão dos es
crit
ores
e ilustr
adores
, ger
alm
ente
,
env
ol
ve um
percur
so de f
ormaç
ão es
pecífica
, trab
alho ou
for
maç
ão e
m área
próxima com
o
também
muito estu
do.
O
trabalho de um a
rtista é
um proces
so cons
ciente e r
aciona
l
no qual a
obra d
e ar
te é o r
esulta
do da r
ealida
de rec
ria
da (FI
SCHER,
1959). D
esse ponto de
vista
, para s
er um artista é nec
essá
rio o
conhecim
ento s
obre as
regras c
riada
s pelo entorn
o, conve
nções
,
procedi
mentos,
recur
sos e for
mas.
Ao consider
ar a
arte c
omo
realidade
recriada, re
futa
-
se as
concepçõ
es que
defe
ndem a
necessidad
e do “dom”
ou do ta
lento na
tural pa
ra det
erminada f
orma
de expres
são. P
ara
a concepção d
a Teoria
Históric
o
-
Cultural, é um
a
que
stão de apr
opriaç
ão do c
onhecim
ento nas
relaç
õe
s socia
is.
Desse mod
o, d
emonst
ra
r a rea
lidad
e do ar
tis
ta, su
a
formaçã
o, seu tra
balho,
contribui
para a
supera
ção de hipó
teses
equivoca
das
sobre o pr
ocesso cria
dor e a c
oncep
ção de ta
lent
o
natural. In
centiva
-
se
,
as
si
m, a
produção au
toral.
Podemos obs
erva
r
esse fa
to no rela
to da pr
ofes
sora
Lene:
Lene
: [..
.] uma coisa
que me
con
formo
u, q
ue me ch
amo
u muita
atenção nos nossos est
udos, foi ver qu
e mesmo o
s artistas, eles
não fa
zem,
por exemplo, um desenho em 5 minutos, eles
demoram muito, eles fazem passo a passo o desenho
. O Picasso
demor
ou um mê
s, por
exe
mplo
, par
a fa
zer a Guer
nica
. Então,
isso daí m
e acalentou, no sentido de pensar assim, se e
le
demor
ou
tud
o
iss
o, e
ntão
eu ta
mbém
poss
o me pe
rmit
ir
demor
ar
.
251
Conhecer a
realida
de do au
tor ou do ar
tista poss
ibilita a
visuali
zação
da no
ssa co
ndi
ção de “n
ão sabe
r”, a falt
a de
conhecim
ento
em algum
as
área
s e a for
ma
ção de
fici
tária a n
ós
oferecida
, refor
çand
o
o fat
o de não ser
uma qu
estão
de “dom
”, mas
de apropr
iaçã
o do conheci
mento
.
Além d
isso
possibil
ita uma
melhor
compre
ensão da
produç
ão do au
tor e ac
esso à sua histór
ia de v
ida.
Ess
e fato foi ex
press
o na fa
la da
s profes
sora
s Sa
ra e Leila:
Sar
a: Conh
ecer
a vida
do autor
nos dá
muitos
indíc
ios de s
uas
obras, detalhes que aparecem em su
as obras e que foram fato
s
relevantes de sua vida. Além d
e conhecermos o
ser humano,
suas ideias, sonhos e valores.
Leila: Foi importante a observação de como os autores escrevem
a própr
ia his
tória,
fatos do cot
idian
o, lemb
ran
ças,
porque a
s
histórias escritas são fo
rmas de guardar as lembranças de
acontec
im
en
tos i
mpor
tantes
ou até
mesm
o
algumas
ideal
izaçõe
s.
Conhec
er o per
curs
o do
autor
e dial
ogar c
om su
a
história
provo
ca sen
sibi
lização
, mo
tivação
para m
udanças e
a sup
eraç
ão do
sentimento d
e incapa
cida
de
.
A profes
sora
Lene, ao
conhec
er a h
istória
de Jua
re
z
Machado, ficou sensibiliz
ada, f
ez
conexões com a
sua vida
, conform
e
sua fala,
abaixo
:
Lene: Porque com essas informações
do au
tor, f
aze
mos
conexões, por exemplo,
com a
década
que e
u na
sci e
com iss
o
fazemos inferênci
as como a dificuldade que ele deve ter passado
por est
ar na ditad
ura. Enfim
pass
a muit
a cois
a em nossa c
abeça
e conclu
ímos
que
somos capazes e
passamo
s isso
para as
crianç
as
também.
252
A
presenta
r o pr
ocesso c
ria
dor do a
utor, s
aber
como e
le
elabo
ra suas hi
stó
rias, de on
de vem sua i
nspi
ração
contribuem pa
ra
a comp
reen
são da relaç
ão da i
magin
ação co
m fatos da re
alidad
e,
ten
do por base
à ativi
dade criad
ora
po
rque
“toda o
bra da imag
inação
constrói
-
s
e semp
re de ele
mentos
tomados
da rea
lidade e pr
esentes
na experiência anterior da pessoa” (VIGOTSKI, 2009, p. 20).
De posse d
esse con
hecim
ento, o p
rofess
or se senti
rá
mais
tranquilo e ca
paz, com
o oc
orreu
com a prof
essora
Keli
ao ver o rela
to
de alguns
escrit
ores.
Keli: A diretora disse:
–
“Vamos traze
r ideias p
ara criar u
ma
história, vamos ver o
Ilan Brenman, de ond
e ele tira suas
ideias,
para
cria
r uma his
tória
” [
...]
Vimos
que
são d
os fat
os
do
coti
diano, d
o qu
e aco
ntece na v
id
a dele, na
vid
a das
filhas
dele
,
as filhas dele são grandes i
nspirações para suas histó
rias. Então
isso nos
tro
uxe u
m pou
co mais
de con
for
to, por
que p
ara
a gen
te
falar sob
re alg
o
qu
e a gente já vivenciou é
mais fá
cil.
I
sso r
eforça
outra
questão
importa
nt
e sobr
e o proc
esso de
criação
:
a necessidade d
e ampl
iar o r
epert
ório da c
ria
nça e do a
dulto,
enriquec
er su
as ex
periênci
as, jus
tifica
ndo a r
elevânc
ia d
a pr
esença d
e
diversos
livros
de litera
tura,
de traba
lhos artísticos e de técn
icas
difer
entes na
s escol
as.
Ouvir o que as
pr
ofess
oras
tê
m a di
zer
sobr
e a experi
ência d
e
conhecer
um pouco dos
a
utor
es, seu
pensamento,
su
a história d
e
vida, r
atifica o pr
incípio d
a alterida
de, na qua
l o indivídu
o se
constitu
i e,
nesse pr
oces
so de cons
titu
ição
ele t
ambém
vai se
altera
ndo cons
tantem
ente
.
Tr
a
t
a
-
se
da importância
d
o outro em
nossa f
ormaç
ão.
Essa mu
dança d
e co
ncepção e
m relaç
ão ao
253
desenv
olvim
ento
humano
é essencia
l ao pr
ofessor
na pr
omoção d
a
educaç
ão
desenvolv
ente.
3
.1
.
3 A
im
port
ânci
a da avaliação diária para a apropriação do
conh
eciment
o
Para a re
aliz
ação da
avali
ação
diári
a foi u
til
izado
o “pon
to de
observa
ção”,
um instrumento me
todológic
o de ava
liação com
objetivo d
e tra
zer à to
na
os conteú
dos dis
cutid
os
e traba
lhados
durante os
encontr
os, poss
ibilitando a apr
opriaç
ão do c
onhecim
ento
e
a veri
ficação
do sabid
o e do não sabi
do, dan
do informaç
ões p
ara a
elabora
ção do p
laneja
mento ou a
o replanej
amento,
possív
eis
encami
nhame
ntos
e
para
o
apr
ofundamen
to d
o con
hecimen
to
(MARTINS
et al
ii
, 1996).
Por meio
d
esse i
nstrume
nto de av
aliaçã
o
pude verificar os
conhecim
entos
não apr
opria
dos pela
s profes
sora
s, retomar
conteúd
o
não com
preendid
o, ela
bora
r nova
s forma
s pa
ra dialoga
r com
a sua
prátic
a e rever
os planos
. Essa dinâ
mica,
segundo a
s profess
oras,
con
tribu
iu para a ap
ropriaç
ão do conhec
iment
o e foi
apontada
nas
fala
s das
profess
oras como a
lgo posi
tivo.
Sara: A d
iret
ora leva o
conhe
ciment
o e a p
rática, ac
ho qu
e
fic
a
bem interessante, fica vi
va e rica
a aqu
isição desse novo
conheci
men
to,
através do processo de retomada, de
repet
ição;
faz a gente realmente adquirir esse conhecimento. Concluo que
o conhec
imen
to, a
repet
ição e
a viv
ência
são im
porta
ntes pa
ra
a apr
opria
ção de u
m novo c
onhe
cimen
to.
Ana
: O resga
te dos con
teú
dos fo
i muito pr
odu
tivo e
esclarecedor, porque repet
ir é impor
tante par
a memor
izar os
nomes
e
para
compre
ender
mel
hor os
conte
údos j
á vist
os.
254
Keli: O resgate dos conteúdos foi interessante, porque esclareci
dúvidas sobre enquadramento e mo
lduras.
A rea
lizaçã
o de ações
com difere
ntes des
afios em
torno d
o
mesmo co
nteúdo
ta
mbém foi cita
da na f
ala da
s
professora
s
An
a e
Sara com
o im
portan
tes para
a compreensã
o. De
sse m
odo, em
relação
às crian
ças, é
fundame
nt
al trabalh
ar um mesm
o con
teúdo
vári
as vezes,
com desa
fios diferen
tes e com fr
equênc
ia.
D
ificilment
e
uma cria
nça se apropr
ia, por exempl
o, da técnica
de pintur
a, d
e
desenho
e
m apenas
um dia
. A
mesma premis
sa s
erve para
o adulto.
Essa fo
rma de
atuaç
ão é v
ista
frequentemente n
as
esc
olas de
Educação
Infan
til
onde as prof
essora
s propõem
uma técnic
a
diferen
te por s
ema
na, sem
sequênc
i
a de a
tivida
de e sem fr
equência
.
Nu
ma semana
se dá rec
orte co
lagem, na
outra
pintur
a de so
pro,
depois pintur
a surp
res
a, depoi
s des
enho,
etc.
e isso
não poss
ibilita
a
aprendizag
em real d
e uma técnica
.
3
.1
.
4
A
propri
ação do c
onhe
ci
m
en
t
o e m
uda
nça do olhar
A apr
opriaçã
o do co
nheci
mento p
ossibili
ta a
o prof
ess
or
e à
profess
ora
u
ma melhor
compr
eensã
o de sua
reali
dad
e, a orig
em dos
fatos,
dos ac
ontec
iment
os e d
os pr
oblema
s. Nes
se processo
de
apropr
iaçã
o, o profess
or tra
nsforma
r
-
se,
aprende
a olhar p
ara si
e
para sua pr
ática,
busca
caminhos para s
atis
fazer suas nece
ssidade
s,
muda
se
u pensamen
to, sua forma de agi
r, de ver as coisa
s, supe
rando
certas
convicç
ões e
apropr
iando
-
se de n
ovos con
ceitos pa
ra
ter
condiç
ões de tamb
ém promover
mudança
s no ou
tro
.
Isso pode s
er obs
ervad
o na fala
das prof
essora
s, na
s
qua
is
expre
ssam a m
udança d
e olh
ar a parti
r da aprop
riação
do
255
conhecim
ento, r
esul
tand
o numa
percepçã
o ma
is agu
çada
e
n
o
surgim
ento de qu
estio
namentos
em re
lação a
o conteú
do dos l
ivros
.
Conforme
o regis
tro
das professoras
ab
aixo:
Keli:
[...]
o que també
m mudo
u na min
ha prá
tica foi em r
ela
ção
aos l
ivros,
então o ol
har
que nós tính
am
os sobr
e o liv
ro an
tes
da forma
ção, p
rimeir
o a ge
nte nem s
abia
difere
nciar
os tipos de
livro! A gente achava que todos os livros eram sobre a a
rte
lite
rár
ia, e não é! Hoje a gente s
abe que não é!
Lene
: Pa
ra mim, to
do o c
on
teúdo da
do f
oi imp
orta
nte,
aprov
eito e me
cobro n
as a
ulas
com as cria
nças
porque e
ntend
o
que, com esses esclarecim
entos, o olhar m
uda,
o nos
so, co
mo
educadores e
o das crian
ças. P
ass
amos a
obse
rvar
tudo do l
ivro:
a forma que está esc
rito, a posi
ção das ilust
rações e passamos a
questionar sobre o porquê e as int
enções do autor.
A fala d
a pro
fesso
ra Kel
i
também reforç
a a importâ
ncia do
conhecimen
to para
a mud
ança da pr
áti
ca, po
is
com a
m
udança de
seu olha
r em relaç
ão à
a
rte literár
ia, a literatu
ra pass
ou a ser vis
ta
como um i
nstrume
nto de
transfor
mação
,
e a su
a esco
lh
a se to
rnou
mais consc
iente.
Keli: A
gente
procura os
livros para le
r para as cri
anças c
om
inte
ncionali
dade,
pensando
com aquele
olhar, c
om aqu
ele foco,
o qu
e ante
s era natu
ral
-
ah v
ou le
r qualq
uer li
vro,
-
vou le
r um
livro e
specífic
o porq
ue vou tr
ab
alh
ar tal cois
a tal
vez, mas nã
o
ti
nha o olhar para
a transf
orma
ção [...]
Por m
eio das falas
das
prof
essoras a
seguir
é possível
con
statar a ap
ropri
ação d
o
conhecimento, que co
ntribuiu
para o
desenvo
lvime
nto do
olhar
crítico s
obr
e suas
próp
ria
s prátic
as e
a
256
percepçã
o do fato d
e não sab
erem elab
orar a
tivida
des com ob
jetivos
apropria
dos
, ou seja,
com intenciona
lidade par
a
prom
oção d
o
des
envolvime
nto da c
riança
Lis: Que eu me lembro bem, a gente cont
ava histórias, eu
costum
ava segu
ir as co
leçõ
es, com
eçava um
a coleção
e ia até o
fim, mas a gente não tinha essa ideia real do que era, para que
serv
ia o liv
ro. A g
ente foi a
pren
dendo.
E aí a g
ente ol
ha com
outros ol
ho
s, a partir do momento que a gente sabe, a gente
tem a obr
igaçã
o de nã
o fazer mais o e
rra
do e muitos
livros
a
gente percebe que não tinha nada a ver, não ti
nha objetivo
nenhum.
Sara: Não
cos
tumava faz
er ante
s, por e
xemp
lo, a esc
olha de
um
bom livro (que t
rouxesse uma reflexão/aprendizagem
) e ter
ideia da
minh
a inte
ncion
alid
ade
.
També
m se con
stat
a o olhar apu
rado a
partir da
fundam
entação
teór
ica e
, conse
quentem
ente,
a valor
i
zação
do
próprio conh
ecimen
to
como ocor
reu com a
s prof
ess
o
ras Ana e
Kel
i
no
s
relato
s a
seguir
.
Ana
: Muito le
gal p
erceb
er,
enquanto f
olh
eamos os
livr
os,
exempl
o do livr
o “Nã
o vou dormir
”. N
a hor
a que li par
a as
crian
ças,
me encon
trei,
porque
perce
bi tudo o q
ue a teor
ia n
os
disse anteriormente.
Keli: [...] para haver mudança de prática é necessário
conheci
men
to, a
teoria,
pois nã
o pode
mos acei
tar
uma teor
ia
sem a pr
átic
a e a práti
ca sem
teori
a, os professores, qu
ando não
tê
m conhecimento, oferecem “qualquer coisa” e, muitas vezes,
isso nã
o prom
ove des
envol
vime
nto da
cria
nça.
257
As falas d
as profe
ssoras
mos
tram o surgime
nto de m
udança
s
em si
, na sua f
orma d
e olhar a re
alid
ade e e
m re
lação as su
as próp
rias
prática
s
decorr
entes d
a apr
opriaçã
o do con
hecime
nto.
3
.1.
5 Dese
nvo
lvimento da co
nsciência: da resistência à
cons
t
ruç
ão de
novos
s
en
t
idos
Segun
do Martins
(2012), toda ação verdadeiramente
humana pres
supõe
a cons
ciência d
e uma fi
nalidade
que prec
ede a
trans
formaç
ão concret
a da
reali
dade. N
esse s
entido
,
o professor
ou
a profes
sora
,
ao perceber a
finalid
ade de s
ua prá
tica c
omo prom
otora
do dese
nvolvi
mento da
cri
ança,
começa a
se preoc
upa
r em oferec
er
uma melh
or educ
ação,
mud
ando a s
ua pr
ática
. Isso foi exp
res
so na
fala da p
rofe
ssora a
seguir
.
Ana
: [...
] temos que n
os pre
oc
upar c
om o psi
quism
o, por
que
vimos que desenvo
lvemos a imaginação, o pensamento
e a
linguagem. A criança tem que ser desafiada a fazer conexões e
inferências para desenvolver as fu
nções psíquicas superiores.
P
ar
a o desenvolv
imento d
o homem,
n
o proc
ess
o da
educaç
ão
,
é de fundamental importâ
n
cia
o cres
cimento d
a
consciência. O
ter cons
ciênci
a si
gnific
a conhec
er,
compre
ender
os
caminh
os e as
leis d
e d
esenvolvi
mento
da s
ocieda
de, as
caus
as d
as
dificulda
d
es e as
maneira
s d
e superá
-
las
(RUBINSTEIN, 2017).
O
professor
ao se a
propri
ar d
o conhecime
nto des
envolv
e a
sua consciência
e a su
a p
rátic
a se qual
ifi
ca c
om
o ocorreu com a
profess
ora Keli:
ao te
r consci
ênci
a da im
port
ância da
Educaç
ão
258
Infantil pa
ra o dese
nvolv
imento do ps
iquism
o da cr
iança,
seu
planejame
nto
pas
sou a ter
outro sig
nificado
,
a i
ntenc
ionalidad
e.
Keli:
[...
] na Edu
cação I
nfan
til
é o temp
o onde
o se
r hu
mano
desenvolve as funções psí
quicas através das sinapses, c
onexões.
Por isso é importante o planejamento das atividades, tem que
ter inte
ncion
alid
ade pa
ra o de
senv
olvimen
to do
psiq
uismo.
No proces
so d
e apropr
iaç
ão, conf
orme a
consc
iênci
a vai se
desenvo
lvend
o, observ
a
-
se
que
a resistência
ao novo conhec
iment
o
vai
cedendo o lugar
à compreens
ão, ger
ando ou
tros s
entidos
para
o
conhecimento. Segundo Bakhtin
(2011, p. 396): “A compreensão
como visão do s
entido, não u
ma visã
o fenomênica e s
im uma visão
do senti
do viv
o da viv
ência
na expr
essã
o, uma v
isão do fe
nômen
o
inter
name
nte compr
eendi
do, por as
sim dizer,
autoc
ompreendi
do
”.
Ess
e fato pode s
er obser
vado no r
elato da prof
essora
Keli.
Keli:
Eu me
senti
um p
ouco
crian
ça, dia
nte
dos
desafios
,
porque quando era lançado
um desafio, a gente t
em essa
dif
iculd
ade de aceit
ar que a gent
e não s
abe, por co
nta da nos
sa
formaçã
o mes
mo, que
err
ar n
ão er
a muito l
egal
. Entã
o quan
do
a diret
ora t
razia u
m
desafio pa
ra nós
, no começo nos
incomo
dava
muit
o! Mas
hoje,
na
minha
vida,
eu vejo
que e
u
preci
so deles
[...]. En
tão, aq
ui
lo que e
ra uma difi
culdad
e, aqui
lo
que era
uma compl
icaçã
o[..
.] v
irou al
go muito bo
m! Al
go que
mexe, é algo que te desestrutura, mas é uma desestrutura onde
você sabe para onde quer ir, que voc
ê quer melhorar, que você
acredi
ta na ed
ucaç
ão públi
ca de q
ualid
ade, voc
ê acred
ita na su
a
importâ
ncia
, no se
u papel
enqu
anto pr
ofess
or for
mador
.
259
Na fala da p
rofe
ssora L
ene
, a
seg
uir
,
também pode
-
se
obse
rvar a supe
ração da r
esist
ênc
ia inici
al, apon
tando
como
importante
nesse p
rocesso
a apr
opriaç
ão do conheci
mento,
o estud
o
sobre o
s ilust
rado
res e o ac
esso a
bons mater
iais
para a atividad
e de
criação
.
Lene: Hoje eu vejo que a diretora sempre tentava, sempre
queria desenvolver a nossa criatividade e fazer com que a gente
crias
se. Vá
rios mome
ntos
, por e
xemplo n
a il
ustraçã
o de liv
ros,
quand
o ela prop
unha a i
lustraç
ão de li
vros,
ela pedia p
ara gent
e
desenhar, ilustrar e, a gent
e dizia:
-
Ah não! Ah a gente não sa
be!
Não sabe! [...]
Mas aí ela trazia bons materiais, estu
damos sobre vários
ilustradores[...]e a gente tendo
boas referências, a gente
consegue fazer...
Segund
o Miller
(2012)
, o c
onheci
mento
hist
oric
amente
acumu
lado pr
omove
o de
senvolv
iment
o do
pensa
mento ci
entífi
co,
da consciência
, permiti
ndo a
o homem ver e pensa
r o mundo para
além das
ideias
pré
-
conc
eb
idas e d
as cr
endices
.
Por
interméd
io desse
conhecim
ento,
se desenv
olvem as
consciênc
ias
dos homens,
que
passa
m
a ter a poss
ibilida
de de analis
ar e critic
ar o mundo das
complexa
s relaç
ões sociais
, econômica
s e cultur
ais à s
ua volta
.
A
análise crítica
da rea
lidade a pa
rtir da apr
opriação d
o
conhecim
ento e d
o dese
nvolv
imento da
cons
ciência
foi expres
sa na
fala
da profess
ora Keli. A
partir d
os estud
os, ela perceb
eu a
importânc
ia do pla
neja
mento inte
ncional
e faz u
ma crític
a e
m
relação
à
postu
ra dos
profes
sores,
por não ela
borar
em pla
nejamen
tos
específic
os para
as
novas turmas.
260
Keli:
[...
] eu vejo que
o conh
ecime
nto, el
e modif
ica a
prá
tica do
professor, ele transforma o ser humano. O professor ser
human
o. Aque
le qu
e pensa e
planej
a. Não
aqu
ele qu
e faz as
coisas de qualquer jeito. Não aquele qu
e apenas pega aquele
caderni
nho amare
lo
, de 20 ano
s de u
so. Não
! Cada ano
é um
desafi
o no
vo, c
ada ano é
um
a at
ividad
e nova, c
ada
ano é
uma
turma d
ife
rente, po
rtant
o cada ano é
um ano
, cad
a ano é u
m
plan
ejame
nto. Os
con
teúdos
são os
mesm
os, por
que
o
conte
údo cien
tíf
ico el
e é, ma
s a for
ma, c
omo
você vai apli
car
esse conteúdo é d
iferente, porque depende da particularidad
e
de cad
a tu
rma, de cad
a grup
o.
Por meio do co
nhecim
ento a
propria
do foi poss
ível t
ambém
às pr
ofessor
as, a
reali
zação d
e anális
es crí
tica
s sobr
e o c
onheci
mento
q
ue po
ssuíam
ante
s da formaç
ão, c
onforme os reg
ist
ros a
seguir
:
Keli: O meu co
nhecimento era pobre, porqu
e achava que todos
os liv
ros eram
de li
teratu
ra e a práti
ca era p
obre, não
esco
lhia
os livr
os com in
tenc
iona
lidade
.
Lene
: O meu conh
ecime
nto e
ra
limita
do, por
que nã
o sab
ia
distin
guir os
diver
sos tip
os de l
ivros
, minh
a prá
tica er
a
elementar.
Ana: O meu conhecimento era pobre, porqu
e eu pensava que
qualq
uer li
vro pod
eria se
r lite
ratura. A m
inha prát
ic
a era muito
rotineira, embora procurasse sem
pre “bons livros” para meus
alunos
.
Leila
: O meu con
heci
ment
o era
mínimo, por
que n
ão tive
oportun
ida
de e ne
m bus
quei a
mpl
iar os
meus c
onhe
cimen
tos,
a minha p
rática não
propo
rcionava aos
alunos a p
ossi
bilidad
e
desse conhecimento.
Lis: O me
u conh
ecime
nto e
ra
o tradic
iona
l, a
cria
nça
n
ão
usufr
uía da i
magin
ação,
por
que meu c
onhe
cimen
to da
propo
sta era “r
aso”, m
inha prát
ica era básic
a.
261
A anális
e das própr
ias prática
s e a perc
epção de algu
mas
incoerênc
ias foi poss
ível d
evido ao
dese
nvolvi
mento
da cons
ciênci
a
em decorrê
ncia d
a apr
opriaç
ão do conheci
mento. D
e
staco
,
assim
, a
relevâ
ncia do des
envolv
iment
o da consc
iência
para
a superaç
ão das
dificuld
ades d
os pr
ofessor
es no exercíc
io de s
ua pr
ofis
são e pa
ra a
s
mudan
ças nas p
ráticas
.
3
.1
.
6
.
C
om
part
i
lhar o c
onhec
im
e
nt
o com
o
out
ro
A apr
opriaçã
o do conhec
imento e o des
envolv
ime
nto da
consciência sobre a importân
cia da teor
ia para as prát
icas,
a
rele
vância do
tema tra
balha
do gerou
no gru
po d
e profess
oras
a
necessid
ade d
e compa
rtilh
ar os
conheci
mentos
obtid
os na f
ormaç
ão
com outros
profess
ores
e,
também
,
co
m os p
ais. Essa p
reoc
upação
em comparti
lhar o conhe
cimento foi ex
press
a na fa
la da pr
ofe
ssora
Leila.
Leila
: [...
] a dire
tora pr
oporcion
ou ess
es momen
tos de
aprendizagens e que bom
seria se todos as professoras da rede,
todos os prof
essores tivessem essa oport
unidade de conhecer
esse t
ema t
rabalhado. E
la trabalho
u c
onos
co a lit
eratu
ra.
Poder
íamos
rea
lizar
um trab
alh
o mais en
riq
uece
dor com a
s
crianças, porque eu acredito
que todos, todos devem saber, não
só os professo
res, os pais também.
Penso qu
e, a
o defen
de
r
m
os uma
educaç
ão d
esenvo
lvente
e
humanizador
a, deseja
mos que as
pessoa
s sejam solidár
ias, pensem na
co
letividad
e, no bem c
omu
m; que aj
am
de forma contrária
à lógica
do capital,
gerador
da c
ompetição
,
d
o individu
alismo,
da
intolerância
, enfim, da
desuman
ização
.
262
A
s profe
ssoras
,
ao compartilha
rem seu
s conh
eciment
os
,
torn
am
-
se so
lidária
s, se colocam no l
ugar d
o outro
e
desen
volve
m
ações
e atitudes
humaniza
doras.
Alé
m disso
, o
conteúdo, quando faz
sentido
ao profes
sor, tor
na o conheciment
o inst
igante,
gera
ndo
segura
nça e o
desejo
de
compartilhar c
om outr
os o
aprendido.
Isso
pode ser ob
ser
va
do na fala d
a prof
esso
ra Kel
i
:
Keli: E
ntão
quero
dizer, tud
o aqui
lo qu
e é bom, tud
o aqui
lo
que
traz trans
form
ação pre
cisa ser p
artilh
ado. E
aí a ge
nte pod
e
trazer esse conhecimento, esse cont
eúdo, trazendo as crianças
como representatividade, elas fazendo
a leitura de um livro. O
conte
ú
do n
ão fico
u só com
o
prof
essor[...
]. Foi p
ara as
cri
anças
e aí nós
pode
mos par
tilha
r [.
..]
O desej
o de co
mpar
tilha
r o con
hecimen
to s
urgiu d
a
compreens
ão sobre a impo
rtânc
ia do te
ma para
o desenvolv
iment
o
da cr
iança.
O conteúdo send
o signif
icativ
o ao pr
ofessor
,
poderá
torn
ar
-
se
uma motivaç
ão à s
upera
ção do medo e d
a insegu
rança
de
falar
em público, por exemplo ou
de partici
par de uma
troca de
experiência
s
envo
lvend
o vár
ias es
colas
. Isso ocorr
eu com o gru
po de
professor
as par
ticipantes
da pesqu
isa, pois a
ceitara
m participa
r de
uma tro
ca d
e experiênc
ia
. A superação
da in
segu
rança, e
xpre
ssa na
fala
da profes
sora
Lene, a
seguir
,
ocorreu co
m a poss
ibilidade d
e ela
apres
en
tar
o result
ado d
o seu trab
alho por
mei
o de u
m víd
eo,
aprese
ntan
do uma c
rianç
a de sua t
urma
pro
ferin
do
um li
vro de
imagens c
om dese
nvol
tura.
Lene: O sentimento foi de medo, insegurança, nervosismo
,
porém
tive
vontade
de
compa
rt
ilha
r o me
u trab
alh
o e o víd
eo
do meu a
luno.
263
A profe
ssora Ana,
conforme o relato a
seguir
,
supe
rou
a
insegura
nça por
meio do des
ejo de compa
rti
lhar co
m o outro o qu
e
um outro ha
via c
ompartil
hado c
om ela, gera
ndo a
necessidad
e de
pôr em mov
iment
o os
con
hecimen
tos adquir
idos.
Ana
: Tive
sentimen
tos m
ist
urados.
Uma
ba
gunça! P
rime
iro o
de sair
corr
endo (
o que
esto
u fa
zendo a
qui?)
Mas
em me
io a
tanto ne
rvos
ism
o, surg
iram s
en
timen
tos de c
omp
artil
har
com
o outro a
quilo
que al
gué
m com
partil
hou co
migo.
Um conhecim
ento nov
o
,
ao afeta
r o prof
ess
or, prov
oca
mudan
ças em s
ua conc
epção sob
re os conteú
dos
. I
sso foi c
onstatado
durant
e a esc
olha d
o tema para a t
roca d
e
experiênc
ia
, todas
foram
unânimes
quanto a
o tema:
ar
te literár
ia, par
a compar
tilhar, ale
gand
o
a novida
de da temá
tica
. Iss
o foi expres
so
na fala
da pr
ofessor
a Lene.
Lene
: O que motiv
ou a e
scolh
a do tema f
oi: A nov
idade do
tema e o int
eresse em compartilhar com os co
legas essa nossa
descoberta.
Observa
-
se
també
m a satisfaç
ão sen
tid
a pelas p
rofe
ssoras ao
compartil
harem o c
onhecime
nto adqu
irido e
percebere
m a
contribuiçã
o dada a
os professores
participa
ntes
da troca de
experiência
s
. Isso se
mani
festa n
a fala da p
rofe
ssora
Kel
i.
Keli:
Tudo er
a com
pree
ndido
como l
iter
atura
e isso n
ão é a
verdade. O espanto de outros amigos professores que não
tinham ide
ia
desse c
onhecime
nto e
que ampl
iara
m o seu ol
har
para esses novos conheciment
os. E quantos outros d
etalhes que
devem ser levados e
m conta
ne
sse mo
ment
o de
leit
ura, q
ue é
tão importante. Porque conseguimos plantar a semente da
264
curiosidade das novas formas de apresentar e
trabalhar os
conte
úd
os.
Nas fala
s das prof
essora
s, fica evident
e a importâ
ncia da
apropr
iaçã
o do novo cont
eúdo,
gerand
o um sentim
ento d
e
solidariedade
e uma pr
eocu
pação c
om o outr
o;
por
consequência
,
vem
o desejo de c
ompar
tilhar o apre
ndido
e
contri
buir
para
o
surgim
en
to de mud
anças n
a reali
dade
educac
ional
.
A pro
fessora Keli ex
pres
sa o entu
sias
mo e o prazer em
compartil
har com as
amiga
s o conteúd
o apropria
do.
Keli: [...] todas as pesso
as
com
que
m eu
ten
ho a op
ort
unidade
de falar sobre, eu falo eu partilho esse conhecimento com as
amigas, a gente saía da ATPC
, eu não via a hora
de poder
compa
rtilha
r com a
s amiga
s!
As falas d
as pro
fesso
ras d
ão de
staque
à aprop
riação do
conhecim
ento c
omo f
ator
respons
ável
pela
supera
ção da
inseguranç
a, dos med
os, poss
ibilitando a
circula
ção d
os
conteúd
os
entre os parc
eiros
de mod
o colabora
tivo.
3
.1
.
7
.
Por m
e
io da f
ala do out
ro e
u m
e vi
O desejo de a
prender po
de su
rgir pela
açã
o do outro, que
desenca
deia d
iálogos
, fa
z apr
esentaç
ão ou
relat
o d
e s
ua
s prática
s que
deram c
erto e
mos
tra
ndo que é poss
ível reali
zar um tr
abalho
pedagógico
inte
ncional e
eficien
te para
o desenv
o
lviment
o das
crian
ças. C
om isso, des
perta
no outr
o o d
esejo d
e tri
lha
r os mesm
os
caminhos. Lembra
mos
que a
“alterid
ade ma
rca o s
er huma
no, pois
265
o outro é impr
escindív
el pa
ra sua
constituiçã
o” (GEGE
, 2019, p.
29).
Tal fa
to foi obser
vado na
tr
oca de exper
iência
s
, ond
e o gru
po
de
professoras
participa
ntes da
pesquisa
foi c
onvida
do a apr
esentar
um tr
abalho.
Elas esc
olheram o
tema arte
li
terária. Ness
a ativi
dade
foi escla
recid
o ao
públ
ico a
escol
ha da te
máti
ca e
o proces
so de
aquisiç
ão do conteúd
o da
troca
e
m formaç
ão
,
em
horá
rio de AT
PC.
Após a
exposiçã
o dos con
teúdos
, as pr
ofess
oras p
r
esent
es
s
e
inspi
raram nas p
rátic
as apresen
tadas,
vira
m o con
teúdo c
omo alg
o
novo e solicita
ram a
bibliografia
. Ess
e fato foi expres
so na fala d
a
profess
ora L
ene
:
Lene: O que marcou: foi a qu
estão de ter sido novidade o tema.
Porqu
e algum
as relataram
que a lit
eratu
ra
era
todos os ti
pos de
livros
mostr
ados:
livr
os br
inqu
edos,
os di
dáti
cos e
depois
da
explic
ação da
teor
ia, pe
dira
m bi
bliog
rafia
, se
mostran
do m
uito
receptivas e int
eressadas.
Nas av
aliações d
a troca de experiê
ncia
s
, as professoras
participa
ntes do
evento d
e
monstra
ram des
conheciment
o sobr
e os
conteúd
os apr
esenta
dos,
levando a
s prof
essoras pa
rticipa
ntes da
pesquis
a a s
e verem
na fal
a do outr
o,
a
se colo
carem
no lu
gar do
outro, por
que a
ntes d
o exper
iment
o didát
ico
-
f
ormativo, e
las
também des
conh
eciam os
cont
eúdos.
A profes
sora
Keli expr
essa
esse
fato em s
eu relat
o.
Keli:
[...
] nós
fomo
s fazer a troca experiência
co
m cinco
escolas
e, eu observei que ninguém sabia o que era
m
paratextos, a gente
estava le
vando
uma no
vidade
para eles. [
...] ni
ngué
m sabia,
assim como a gente também não sabia antes. E nós fizemos essa
266
troca de experiênci
a presencial e fizemos também um
a
live
,
que
te
ve mais de 80 pessoas. E que
também a gente notou que foi
novidade esse assunto para eles.
As falas
anteriores
mo
stra
m a impor
tância da
prom
oção d
e
encontros
para
que ac
onteç
a
o compar
tilhame
nto d
e práticas
entre
os profes
sores
no amb
iente es
colar
, em ou
tras
escolas
, em event
os,
curs
os e outros
, refor
çand
o o fato d
e a a
prendi
zagem e a
s muda
nças
ocorrer
em na r
elaçã
o e na a
ção com o ou
tro.
A troca d
e experiê
ncia ta
mbém evid
enciou o
qua
nto a
literatur
a infant
il ainda é
um tema descon
hecido p
ela maioria
do
s
profess
ores des
se munic
ípi
o,
por e
sse
motivo
não é t
rabalh
ada de
forma ple
na, indican
do
a
necessid
ade d
e formaç
ão nes
sa á
rea.
3
.2 O
t
rabalho com
o
livr
o il
us
t
rado
e a e
ducação
desenv
olv
ente
Neste núcle
o temático,
as
análises
pretendem
trazer à
discussão,
questões s
obre formaç
ão des
envolvente,
te
ndo como tema
desenca
deador d
ess
e proce
sso
o trabalh
o
com o “livr
o ilustra
do”.
Conforme v
isto em
capí
tulos
a
nter
iores, o dese
nvolv
imento
psíquico se
produz
a par
tir dos
processos
de ens
ino
-
a
prendizag
em.
A
partir
da apr
opriação dos co
nhecime
ntos histor
icament
e
acumula
dos pela cr
iança, nova
s capa
cidades e funções ps
íquicas
serã
o desenvolvi
das. E
sse proc
esso de a
propria
ção da
cultur
a ocorre
por meio
de uma
ativid
ade adequ
ada, ou
seja,
a ativida
de qu
e
reproduz
os traços
essenc
iais da a
tivid
ade human
a encarn
ada no
objeto
(PAS
QUALINI, 2016)
E
star
ão em pauta neste núc
leo temático
a
lguns
fatores
releva
ntes ao des
envolv
iment
o do prof
essor c
omo
o a
cesso a
o
267
c
onteúdo es
pecíf
ico d
e cad
a área
,
a c
ompreensã
o da a
prendizage
m
como proces
so ativo,
a
influ
ência das
vivência
s e
do reper
tório par
a
a ativid
ade cria
dora e as contrib
uições
do livro il
ustr
ado para
o
desenvolv
imento da
s funções
psíquica
s superior
es.
Este nú
cleo temá
tico a
pres
enta os s
eguint
es ite
ns:
•
As vi
vências
e o reper
tório c
omo font
e de ins
piraç
ão.
•
A importâ
ncia
do aces
so a
o conteú
do esp
ecífic
o de
cada
área
•
Aprendizag
em como pr
oces
so ativo: a
importânc
ia d
e
conhecer as técnicas
•
Formaç
ão do prof
ess
or par
a aut
oria
•
O
trabalho com o
livro ilu
strado
e a educação
dese
nvolve
nte n
a Educação
In
fantil
3
.2.1 As viv
ênc
ia
s e o
rep
ertório
como fo
nte d
e
inspiraç
ão
Ao pens
ar no
objet
ivo d
e dese
nvolver
a a
tivida
de cr
iadora
das crian
ças ou d
os
adult
os,
faz
-
se
necessário res
saltar
a importânc
ia
do conhec
imento sob
re a t
emática a
ser trab
alhada
, proporcio
nando
con
te
údos e eleme
ntos
da
realida
de e
am
pli
ação das
exp
eriên
cias
para
ao
desenvolviment
o da imagina
ção.
Segundo Vigotski (2009, p. 14), a imagi
nação é a base de
toda a a
tividade cr
iador
a e ma
nifesta
-
se em
todos os ca
mpos na vida
cultura
l, possibili
tando
a cr
iação a
rtística
, científic
a e técn
ica. “
Tudo
que nos cer
ca foi f
eito p
elas
mãos d
o homem, to
do o mu
ndo
da
cultura, dif
erenteme
nte do mundo da n
atureza, tudo isso
é produto
da imag
in
ação e da cri
ação hum
ana que ne
la se baseia”
.
Assim
,
268
quanto mais
rico f
or o c
onhecimen
to, mais
matér
ia
-
prima haverá
para a im
agin
ação.
Isso dev
e ser
leva
do em
consider
açã
o tamb
é
m na criação
literária
infantil
—
est
endendo
-
se ta
mbém pa
ra o ad
ulto
—
porqu
e
muitas pes
soas es
crevem
mal por
não tere
m sobre
o qu
e escrev
er
,
n
ão
possu
em exper
iência
s anter
iores
e, mui
tas v
ezes, lhes
são
aprese
ntados t
emas s
obre
os qua
is
nunca pe
nsara
m ou têm pou
co a
dizer. N
este cas
o, a es
crita
pode
não fazer
sentid
o par
a elas
.
Ess
a questão t
ambém su
rgiu no proces
so de form
aç
ão das
profes
soras. Elas estavam se
sentindo in
se
guras para criar uma
história
. A
escrita
fluiu e ganhou sentid
o para ela
s
quando
tomaram
con
sciênc
ia da pr
esença das
h
istór
ias e
m nossas
vivên
cias, e
m no
sso
repertóri
o,
o que g
erou
satisfação n
a reali
zação
de suas produ
ções
.
I
sso foi ex
press
o na f
ala da
pr
ofessor
a Lene
:
Lene
: O mais
signif
icat
ivo h
oje f
oi a con
stru
ção da h
istór
ia,
porqu
e quan
do faz p
arte d
a nossa rea
lid
ade, algo
qu
e acont
eceu
e teve impor
tânc
ia,
a histór
ia torn
a
-
se rica em detalhes e m
uito
interessante para quem ouve.
Uma proposta
de ativida
de
com pote
ncial pa
ra desv
elar ao
prof
e
ssor sua c
apaci
dade
de
autori
a
decorrente de
sua
s vivência
s e
repertóri
os, e
nvolve
ndo s
entime
ntos,
emoções
e c
onhecim
entos,
promove a
valoriza
ção da
s produ
ções e a
ativida
de
ganha se
ntido.
Isso pode s
er obs
erva
do nas
fala
s das prof
essor
as
,
a
seguir
:
Keli:
O mais s
ignifica
tiv
o hoje f
oi o pod
er de a
utoria
e cria
ção,
recor
dar a
s memória
s da in
fân
cia nos
traz
em
saudades,
emoções, sentimentos guardados.
269
Lene: Eu pensei e volt
ei na minha infância, pensei
no que eu
brin
cava
e tudo ma
is e, con
str
uí uma h
istór
ia em ci
ma da
minha
infân
cia e fic
ou uma
história
mar
avil
hosa.
[..
.] Foi
importa
nte me c
oloca
r n
a história
como suje
ito da h
istória
,
porq
ue qua
nd
o faz s
entido pra nós, fica mais leve e fácil.
Ana
: O mais
signi
fica
tivo h
oje f
oi pr
atica
r a e
scri
ta de
um l
ivro
como as
crian
ças,
por
que rel
emb
rei a
época
gostos
a e
criei
uma
ideia pa
ra o l
ivro.
R
equisita
r as
vivências
, em específ
ico as
memór
ias de
infância, p
ossibili
tou às
profes
soras
um exercíc
io de s
e coloca
rem n
o
lugar d
a crian
ça. D
esse modo, p
ercebera
m sua
forma
de pensar, s
uas
preferências, o
que
é p
razeroso
o
u ruim, o que dei
xa boas lem
branças
e,
com
isso, des
envolv
eram a
consciênc
ia sobr
e a import
ância d
e seu
trabalh
o n
a Educação
Infan
til.
Esse fat
o foi e
xpresso
na fal
a da
profess
ora L
ene:
Lene
: Com
isso, e
u pe
rceb
i o
quant
o a inf
ância
é i
mpor
tante
para gente!
Tudo iss
o que eu viv
i, foi pr
ecis
o eu volta
r pa
ra minh
a infâ
ncia,
para
constr
uir uma h
istór
ia e, nã
o de outra é
poca.
Aí eu tiro
disso que a gente não po
de deixar passar de q
ualquer jeito
o
temp
o que
a
g
ente fica e
m sala de au
la com as no
ssas cri
anças...
Além da i
mportâ
ncia de u
tilizar as
vivê
ncias c
omo f
onte d
e
inspiraçã
o para
as atividades
criadora
s, é precis
o destaca
r
também a
necess
id
ade de am
pliar
o repertór
io da
s profes
sora
s e d
as
cri
anças
sobre
os conteúdos qu
e envolvem a
ar
te lit
erária
, o livro ilus
trado
,
oferece
ndo ma
is opções
de esc
olha,
de ideia
s, gera
ndo mai
or
segura
nça a
o ato criati
vo. Iss
o foi expres
so na f
ala da profes
sora
Lene
:
270
Lene: [...
] para a ge
nte t
er
o
poder de escolha, a gente tem que
ter várias referências, porque senão, qu
ando a pessoa não tem
boas ref
erênci
as, ela
acha q
ue é
i
ncapaz
, porq
ue e
la não sabe
para onde
correr,
a
qu
em recorrer
e, quando v
ocê tem boa
s
referências, você pode escolher. [...] co
m essa formação se
com
eça a ter, a p
e
nsar em outras possibilidades e
levar isso para
as crianças também, isso é i
mportante.
Ampliar
o reper
tório s
obre o pr
oces
so cria
dor de div
ersos
artista
s
possibilita
a desmistificaçã
o da
ideia sobr
e a produçã
o autor
al
como algo s
imples pa
ra
ar
tistas e
ina
tingív
el para
p
essoas co
muns.
Também poss
ibilita a
compreens
ão sobre a
aprendiza
gem e o ato
criad
or como proc
ess
ual, env
olvend
o conhec
imento, pesqu
isas
e
estudo
s. Esse esc
lareci
mento pode ga
nhar
signifi
cado pa
ra
o
profess
or
. Ele passa a v
er
-
se no
outro e descob
re s
ua ca
pacid
ade par
a
autori
a,
permitindo
-
se
errar, rever, dem
orar, inovar,
o
usar
etc.
I
sso
foi e
xpresso
nas falas das p
rofe
ss
oras
a seguir
:
Keli:
O mais s
ignifica
tivo hoj
e foi ver
que o proce
sso cr
iador é
uma dialética de erros e
acertos, é um
ir e vir.
O desafio q
ue é
lançado, nos leva para arriscarmo
s a novos desafios.
Lene
: O mais
sign
ifica
tivo h
o
je foi
sab
er que
o Pi
casso,
ao
construir seus desenhos, fazia vários rascunhos para então,
finalm
ente c
hegar ao
orig
inal ou
cheg
ar na fase fi
nal.
Ana
: O mais
signifi
cativ
o f
oi a comp
reen
são de
que
tudo é
proces
so. A ob
ra n
ão n
asce do n
ada
. Tudo é en
sina
do.
Sara: Qualquer pessoa pod
e ser um artist
a e ela, para chegar
à
arte fi
naliz
ada, vai
passar po
r um proc
esso cri
ador, ras
cunh
os,
esboços, até chegar ao seu produto final. Sempre com tentativas
e erros, troca de algo por outra. E se apropriando de técnicas
que possam expressar sua idei
a ou sentimento.
271
Lembr
ando
a relação
entr
e im
aginação
e re
alidad
e, basead
a
no f
ato de que “t
oda obra d
a imag
inação
se cons
trói
sempre de
elemen
tos tomados
da realid
ade e pres
entes na
expe
riência a
nteri
or
da pesso
a
” (VIGOTSKI, 2009, p. 20), j
us
tifica
-
se a nec
essid
ade d
e
ampliaç
ão do reper
tóri
o da c
riança
e do adu
lto, enriqu
ecendo s
uas
experiê
ncias e c
ontrib
uind
o no pr
ocesso de c
ria
ção.
3
.2
.
2
A
im
port
ân
ci
a do ace
ss
o ao c
ont
e
údo e
spe
cí
fi
co
de cada áre
a
Ao pensa
r em um proc
esso
de forma
ção, é r
elevante l
evar
em
considera
ção o c
onteú
do e
specífi
co de ca
da á
rea e a
form
a de ensi
nar,
além de con
hecer
o desti
natár
io do ato educ
ativo.
Dess
e modo,
o
planejame
nto
dever
á
consid
erar a tr
íade
: form
a
–
conteú
do
-
destinatá
rio.
Para
o pr
ofessor
ter o d
omí
nio de su
as a
ções
pedagó
gicas,
segura
nça a
o elabor
ar seu
s planos
de for
ma inte
nciona
l
e promov
er
uma educação
desenvolv
ente,
ser
á ess
encial a
apropr
iaçã
o do conh
eciment
o sobr
e os el
ementos
compo
nentes d
a
referid
a tríade.
A
formaçã
o deficitá
ria do
profes
sor
, contudo
, d
esde
o ensino
básic
o, resulta em açõ
es pedag
ógicas na
maior
ia das v
ezes
espontâ
nea
s ou d
e exercíc
ios mecânic
os, imped
indo a
s criança
s de
desenvo
lverem a
imaginaç
ão, o pensamento e a
ativi
dade cr
iadora
.
Desse mod
o, ao
oportu
nizar
a apr
opriaç
ão de con
hecimen
tos qu
e
façam se
nt
ido ao profes
sor
, possivel
mente
teremo
s as
mudanç
as
nece
ssárias em
sua
prátic
a
.
A
o pergunta
r às
profess
oras sob
re suas per
cepções em
relaç
ão
ao desenv
olvim
ento da
autor
ia
e
sobre
o fato mais impor
tante
n
o
process
o de forma
ção, c
itara
m
o conhecime
nto esp
ecíf
ico n
a área e
272
o apoio d
a gestã
o
na funçã
o de co
ordena
dor
a
pedagó
gic
a
. Esses fatos
estão ex
press
os na fala da pr
ofe
ssora Ke
li
:
Keli:
Foi [impor
tan
te] o con
hecimen
to n
a ár
ea e apoio d
a
gestão, porque o conhecimento “desvenda” nossos olhos, nos
faz ver de uma fo
rma diferente e fazer escolhas asserti
vas,
intenci
ona
is. A me
diação da
gestor
a
f
oi a bas
e par
a meu
desenvolvimento.
Além do co
nhecim
ento,
do estu
do esp
ecífic
o da li
teratu
ra
infantil,
também
citara
m a impor
tância
de pôr
em
prática
com as
crianç
as o conhec
iment
o apr
endido, c
omo foi
expres
so pela
profe
ssora Lis e
reforça
do pela
profes
sora
Ana
:
Lis
: F
oi fundame
nta
l o conh
ecimen
to, o est
udo, a
liter
atura
e a
prática
, por f
im
! Porq
ue co
m mais s
eg
uran
ça e es
tímul
o,
final
mente c
onseg
ui.
Ana
: O que foi impor
tante,
for
am os es
tudos em AT
PC, os
conte
údos e os
trab
alhos
realiza
dos co
m as cr
iança
s, porque a
s
crianç
as já e
stavam
preparad
as, j
á sabi
am co
mo c
onst
ruir a
sequência de uma histó
ria e toda a riqueza que ela possui.
Quando
a professor
a Sara
argum
ent
a “
foi fundamenta
l todo
o conheci
mento s
obre d
iagrama
ção, form
atação
,
uso, tipos de
imagens, su
as int
enciona
lidades, por
que me
troux
e informa
ções
importantes
para inic
iar e organiza
r a minha cr
iação”
, ela torna
explíci
ta a r
elevância
do c
onhecim
ento dos
cont
eúdos es
pecífic
os
para a co
mpo
sição d
as ilust
raçõe
s para
a ativi
dade
criado
ra, co
mo
a
diagra
maçã
o, as difer
entes c
onfigura
ções ima
gética
s e tudo o q
ue se
relaciona
ao seu
uso n
essa
composiçã
o.
273
Os elementos
da sinta
xe visua
l também fora
m apontados
como significa
tivo
s
,
contribuindo pa
ra
a
compreensã
o de sua
importânc
ia para
o desenvolvime
nto da per
cepção vis
ual da cria
nça,
conform
e a fa
la da pr
ofess
ora a
s
eguir:
Keli: Foi interessante saber sobre a sint
axe visual. Porque é a
forma c
omo “
olha
mos”
o m
undo
e o a
bstra
ímos
. [..
.]
A
importâ
ncia
de s
aber
os el
eme
ntos: for
ma
, cor,
linh
a, pon
to
e
textu
ra. Assi
m, a cri
ança apre
nde a “ver” o mu
ndo de
forma
diferente.
A profe
ssora Ana,
ao
dizer que
“foi
interessante sa
ber sob
re
a sintax
e da arte,
porque o
ponto vira
linha, qu
e
vira forma, que
vira
textura
e
as possi
bil
idade
s para trab
alhar
com a c
ria
nça”, ap
ont
a o
conhecim
ento s
obre o
c
onteúdo da sinta
xe vis
ual como
possibilida
de
de ampliaç
ão das p
ráticas
.
O conh
eciment
o espec
ífic
o das a
rtes v
isua
is ta
mbém
motivou
a
cria
ção de h
istória
s, conf
orme a fala d
a prof
essor
a Lis
:
Lis: Foi interessante saber sobre os elementos das artes visuais,
porq
ue desper
tou a
curios
idade
e a
cria
ção de his
tórias
.
Ness
e process
o de forma
ção for
am desenv
olvido
s
vários
conteúdo
s sobre o livro ilust
rado
e
cada conteúdo
teve um
significad
o espec
ial para
as profe
ssoras
, p
rovo
cand
o mud
anças
interna
s na for
ma de ver e com
preender
a rea
lidade e mu
dança
s
exte
rnas, po
r meio de suas prát
icas. As falas d
as profe
ssoras
, a segui
r,
destaca
m os elemen
tos da
linguagem v
isual, po
is pos
sibilita
ram uma
melhor com
preensã
o das leitur
as.
274
Lene
: O con
teúdo
que
mais
mar
cou f
oi o
uso da
s cor
es,
formas
... e
formato d
o liv
ro par
a ex
pressa
r uma ide
ia, por
que
noto que através de uma ou várias id
eias inteligentes e simples,
pode
-
se transmitir muitas informações e mensagens.
Lis: O c
onte
údo q
ue ma
is ma
rcou
foi l
er n
as “
entre
linh
as” da
s
imagens, porque é mu
ito rico e desperta a criativi
dade e a
imag
inação
das crianç
as e elas
gos
tam!
Para
a prof
essora
Ana,
o conteúd
o signif
ica
tivo se r
ela
cionou
a
os recu
rsos grá
ficos utiliza
dos em livros
ilustra
dos como a ima
gem
sangrad
a. Seg
und
o Linden
(201
1), a image
m sangrad
a
é
u
ma
imagem que oc
upa a tota
lidad
e da página ou
de página
dupla. A
o
saber
desse r
ecurso, ela
passou
a observ
á
-
lo nos liv
ros e a ens
inar as
criança
s a ver
em também:
Ana
: O conte
údo que ma
is ma
rcou foi s
obre
a ima
gem sa
ngrada
–
eu não c
onh
ecia;
depois disso, passei a vê
-
la
em mui
tos l
ivros,
porq
ue o mar
co te
órico de
ter
mina
os
observáveis. Eu não
conhecia e me encantei e as crianças também
.
As profe
ssoras Le
ila e
Sara, e
m su
as fal
as
, afirmam a
importânc
ia do conteú
do s
obre os pa
ratextos,
pois perc
eberam a
existência
de informa
ções qu
e contribue
m para
a
compre
ensã
o das
leituras
.
Leila
: O que
mais
me
marco
u fo
i a an
ál
ise dos l
ivros
de his
tória
,
os par
atext
os, fol
ha de
ros
to, enf
im, in
for
maçõe
s extr
ema
mente
importa
ntes
para
ampl
iar n
osso repe
rtório e e
nrique
cer
as a
ulas
.
Sar
a: O con
teúdo
que ma
is
marcou
foi os
para
tex
tos (q
ue são
todas as informações além d
o texto
, que fazem parte d
a
interp
retação
geral da
lei
tu
ra tant
o verbal o
u ic
ônica
), p
orqu
e
275
eu nun
ca tin
ha
ouvido
falar e
faz t
oda d
ifere
nça ago
ra, na
compre
ensão e i
ntenc
ionalid
ade daq
uela lei
tu
ra.
O conteúd
o sobr
e
estr
atégia
s de le
itura f
oi cita
do pela
profess
ora Kel
i como s
endo o c
onteú
do ma
is mar
cante, po
is
tran
s
fo
rmou sua vida e
sua prátic
a
:
Keli: O que mai
s marcou foram as estratégias de leitu
ra, porque
esse apre
ndiz
ado eu pud
e trazer p
ara minh
a vida,
para a prátic
a
com as crianças e hoje faço escolhas assertivas e intencio
nais dos
livros
.
Por meio des
sas f
alas
evid
encia
-
se a
ocorrê
ncia da
apropria
ção do co
nteúdo
específ
ico sobr
e a liter
atura
infanti
l e
sobre
os recur
sos utiliza
dos pelo
s autor
es como os e
lementos c
onstitutiv
os
de um
a narrati
va verb
al e vi
sual, c
ont
ribuin
do para a re
aliz
ação de
leituras
minuciosa
s,
para
o desenvolvime
nto da a
tivida
de cria
dora e
par
a ações mais
significati
vas
com as cr
ianças.
Desse mod
o, o obj
etivo d
o trabalho edu
cativ
o, tant
o par
a os
profess
ores co
mo
para as cri
anças, é
dar se
ntido aos co
nteú
dos,
possibi
litand
o o surgime
nto de u
ma rela
ção de r
espeito a
o que se
estud
a.
3
.2.
3 A
prendiz
agem como p
rocesso a
tivo: a impo
rtância d
e
conh
ecer as té
cnicas
No proces
so de for
maçã
o,
ressa
lto a importânc
ia de ouvir
o
profess
or, ver
ific
ar se e
le tem
co
nhecim
ento s
obre os
con
teúdos
específic
os de ca
da ár
ea do conh
eciment
o
e só depo
is solicita
r a ele a
proposiç
ão de det
ermina
das
ações com a
s criança
s. Caso se per
ceba
276
que ele nã
o tem c
onh
eciment
o, ser
á necess
ári
o apres
entar o
conteúd
o em for
mação c
onti
nuada
.
Ess
e fato ocor
reu co
m a
s profes
soras
particip
antes da
pesquisa
e
percebi o d
esconhec
iment
o sobre os
procedim
entos d
a
técnica de p
intur
a a dedo.
Desse m
odo, vi a nec
essida
de de oferec
er
uma for
maçã
o específic
a. E
sse des
conhecimen
to foi ex
press
o
no
relato da
profes
sora L
ene
:
Lene: E
u est
ava trab
alhand
o co
m as m
inhas c
rianças
pro
jeto
s
de flores e aí a diretora propôs também que eu fizesse pintura a
dedo com eles...
Aí eu fal
ei:
Ma
s eu não sei a técni
ca!
Eu não sei fazer!
A partir
da av
aliaçã
o inicial,
verifiqu
ei o
nível d
e
desenvolv
imento r
eal da
s prof
essor
as em re
laç
ão à
pintura a de
do e
ao desen
ho, ou
seja
, o qu
e ela
s já
consegu
iam f
azer so
zinha
s
. A pa
rtir
desse di
agnós
tico sobr
e o
desc
onhec
imento
das pr
ofessor
as em
relaçã
o aos p
roced
iment
os co
r
retos da técnic
a, foi planej
ada
uma
sequência
de tra
balho
para incid
ir na Z
DP dela
s em
relaçã
o à
técn
ica.
Era fund
amental
que pudess
e lida
r com as
fu
nções
aind
a em
process
o de ma
tura
ção e
que r
equere
m media
ções
do outro
par
a
se
desenvo
lverem.
(
VIGOTSKII, 1988).
Desse mod
o, ins
eri a
pin
tura a
dedo no pl
anej
amento d
o
experiment
o didátic
o
-
forma
tivo, pois
se o meu obj
etivo
—
a
lém de
produzi
rem suas narrati
vas
—
era
criar condi
çõe
s p
ara as profe
ssoras
realizar
em ilustr
ações em
um livro,
seria
necess
ário po
ssibilitar
meio
s
para essa o
bjet
ivação
.
Assim,
foi possibili
tado às
professor
as um a
profunda
mento
conceitu
al da
técnica
e
dos proc
edim
entos a
dequa
dos a s
ua
277
implementa
ção
e
uma cons
cientizaçã
o acerca
de sua importância
na
form
ação das cr
ianças d
o s
egm
ento da Ed
ucação I
nfan
til
.
O
trabalho
com ess
a técni
ca ta
nto possib
ilita o
domí
nio dos
conteúd
os e eleme
ntos
da lingua
gem vi
su
al como
cor, textura,
formas,
linhas e materia
is divers
os
par
a a expres
são do pensa
ment
o,
ideias e s
entim
entos,
como o d
esenv
olvim
ento
da sens
açã
o, da
percepção tá
til e visu
al, da
imaginaçã
o, do pensa
mento, da
linguagem e da
autoria
das cria
nças, o qu
e justifica s
ua
rele
vânci
a na
Educação
Infan
til
(TSUHAKO; MILLER, 2019)
A reali
zação
d
essa técnic
a envolv
e ações
como
molh
ar
o
papel com es
ponja
umed
ecida e depo
is coloc
ar s
obre o su
porte
úmido peque
nas por
ções
de tintas
, espal
hando
-
as com as mãos po
r
toda a
superf
ície do sup
orte. F
inalmente,
dese
nhar c
om os d
edos,
as
unhas
, mão
s fech
adas, abertas, cotovelos e com
mater
iais diversos.
(TSUHAKO; MILLER, 2019)
Para
o profess
or t
er cond
ições
de util
izar
a téc
nica d
e forma
consciente
e adequa
da a cada
turma,
vi a necessidad
e de explicita
r os
momentos
ou estág
ios da
pintura a
dedo, a
presenta
da por Martins,
Picosqu
e e Guerra
(2010
), desv
elando a
lógica
interna d
o
de
senvolvime
nto dess
a téc
nica. C
onforme Pasqualini (2010), captar
a ess
ência interna
ou tra
ços
essencia
is do obj
eto sig
nifica
desvend
ar
e explica
r o movi
mento
histórico
de s
ua forma
ção,
decodif
icar s
ua
gênese, a
s deter
minaçõ
es e media
ções que o pr
oduzem e su
as
tendência
s de des
envolv
im
ento. A a
utora
afir
ma que o domínio d
a
lógica inter
na do con
teúdo instr
umenta
liza o prof
essor
em sua ta
refa
de o
rganiz
ar a relaç
ão cri
anç
a
-
conteúd
o.
Quatro m
omentos
ou está
gios compõ
em o mov
iment
o das
ações p
ara a im
ple
mentação
da técn
ica de
pintura a d
edo
, citada p
or
278
Martins
, Picosque e
Guerr
a (201
0). O primeir
o momento
corres
ponde à
explora
ção do mater
ial. Mexer
com
a tinta é mais
interes
sante do
que dei
xar
seu registro
no papel. É
com
um a cri
ança
pegar a tinta
e brincar,
pintar a
s mãos, o ros
to, carimbar
as mãos no
papel. O segu
ndo momento ca
racter
iza
-
se pe
lo espalha
mento, o
u
seja,
é o momento no qual a
crianç
a inicia um tr
abalho de espalha
r
a tinta, d
e cobr
ir o sup
orte, mis
turando
as tintas com o
s dedos e as
mãos. Ou
tro mom
ento,
o terc
eiro,
é o do pr
opósito, qua
ndo a
crian
ça dei
xa marc
as co
m o
s dedo
s e mão
s, fa
zen
do garat
ujas
desordenadas
e ordenadas
, além de ou
tras forma
s
. É um moment
o
ass
ociado a
os movim
entos
do d
esenho,
pois
a cr
i
ança faz de
senho
s
sobre a
tinta e pelos
moviment
os
pode
mos obs
ervar
a evolu
ção do
grafismo:
das garat
ujas d
esord
en
ad
as
para or
denadas e
form
as
fechada
s. O qua
rto
e últi
mo mome
nto é
o pict
óri
co, qua
ndo a
s
formas
dos des
enhos s
ão repr
esenta
tivas
, intenci
onai
s e simb
ólicas
.
No pict
órico
ou figu
rativ
o, a cr
iança
começ
a a re
pres
entar
o que
perce
be de su
a real
idade, s
urgindo a i
ntençã
o de r
epr
esentar
algo
por
meio do desenho (TSUHAKO e MILLER, 2019)
Após a
s disc
ussões
acer
ca dos
conceit
os, dos
momentos
implicad
os na realiza
ção d
a técnica
, as prof
essora
s foram c
onvi
dadas
a entrar
em atividade
pa
ra ousa
rem e explorar
em todos os ma
teriais
disponibili
zados à
realiza
ção d
e um traba
lho co
m a técnica
de
pintura
a ded
o. Ness
a viv
ência, p
erceber
am
o princ
ípio segund
o o
qual todos n
ós aprend
emos em a
tividade.
O primeiro
momento f
oi pa
ra a
exploraçã
o dos mat
eriais,
o
uso de linha
s, pontos
e formas vari
adas e
pesquisa
de possibilida
des
de expres
são d
e mov
iment
os. Com
o pod
e ser
observ
ado nas
279
produç
ões das
profe
ssoras Ke
li e Lis, a
se
guir.
(F
igura
41 e Fig
ura
42)
Figura 4
1
: E
xploração de
linhas
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 42
: Expl
oração de mate
riais
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Para
as profes
sora
s terem aces
so aos
element
os da li
ngua
gem
visua
l como
cor, textura,
linhas, formas,
contr
aste etc.
, apres
ente
i
esses
elementos
du
rante
as ex
periênc
ias com
a p
intur
a a d
edo,
procur
ando sens
ibili
zar
o olhar, mos
trand
o o uso d
ess
es elemen
tos
280
de for
ma inte
ncional pa
ra expr
essão.
P
or exemplo
, as cor
es fria
s
podem repres
entar melh
or u
m cenário notu
rn
o ou
o sentimento
melancólico.
Lembr
ando
Vaz e Silva (2016), as c
ores quentes são
aquelas
nas qua
is predomina o
a
marelo e o v
ermel
ho e, nas
frias
,
predomina o a
zul.
A
seguir, é p
ossív
el obs
erva
r
o uso das co
res frias p
ara
represen
tar
uma pa
isagem notu
rna e noç
ões de lu
z e so
m
bra, nas
produ
ções das pr
ofessor
as L
ene e Ana
(Figura 4
3 e figura 44).
Figura
43
: Cé
u com estrelas
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 4
4: Pai
sagem notur
na
Fonte: ace
rvo da
pe
squisad
ora
281
As cor
es quentes
pode
m repr
esentar
, por
exemplo,
o d
ia, um
pôr de sol,
o senti
mento d
e alegria
etc.
Como nos exempl
os a
seguir
,
n
os quais
as profes
soras
Ana e Lis utiliza
ram o ver
melho,
amarelo e
laranj
a para repres
entar o
entardec
er
(Figura 45 e Figura 46
).
Figura 4
5
:
Passar
inhos
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 4
6: E
ntardec
er
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Segund
o Vaz e
Silva (2016), as cores podem s
er co
mbin
adas
harmoni
cam
ente
de
diversas ma
neiras e ter efei
tos dif
erent
es; pod
em
aprese
ntar
maior
ou menor
contras
te. Des
se
modo, d
epende
ndo d
os
282
efeitos qu
e um o ilus
trador ou
artista
pretende
m obter, far
ão
esc
ol
has
especí
ficas. P
ode
m escolh
er combi
nações
para
transmitir
tranquilida
de ou
par
a provoc
ar ma
is os sentidos
. Pod
emos obser
var
esse efeit
o difer
ente, pr
odu
zido pela
s cor
es, nas
duas figur
as a
seguir
,
produ
çõ
es das pro
fessor
as Lis
e Lene (
Figura
47 e Figura 48).
Figura
47
:
Lua
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 4
8:
Sol
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
283
Oliveira (2008)
afirma
ser importante o i
lustra
dor ter
intimidade c
om a utiliza
ção da
teoria dos contr
astes bás
icos das
cores,
por exempl
o,
o
con
tr
aste da
s cores qu
entes co
m as c
ores fr
ias,
do clar
o e do escur
o. Porqu
e as inter
-
relaçõ
es da
s cores
são
identificá
veis e a
nalisáv
eis nã
o apenas do
ponto
de vista
formal,
mas
também qua
nto à su
a rel
ação com a
narra
tiva liter
ária
. Por iss
o, o
acess
o ao con
hecimen
to so
bre ess
a ques
tão é re
levant
e ao prof
essor
e
à profes
sora
em sua
s escolha
s int
encionai
s
durante uma p
rodução
vis
ual
e
para ter condi
ções de
ensinar
às crian
ças
a
fazerem es
colha
s
também inte
ncionais
ao se
expressa
rem.
Outra que
stão relevante foi
o uso
da c
or de mod
o abstra
to.
É
comum as pr
ofessor
as cobr
arem da
s crianç
as o desenh
o ou a
pintura de
acordo c
om a
realida
de do obje
to repr
esentad
o. As
sim,
um coelho
azul
ou um
a
pessoa v
erde sof
reria a
lgu
m tip
o de cr
ítica
por par
te do prof
essor
. É important
e escla
recer qu
e
uma
pintura ou
desenho
d
esej
a
ser a
penas
uma for
ma de repr
esenta
ção
e
a c
rianç
a
pode utiliza
r
livreme
nte
qualquer cor p
ara sua e
xpre
ssão. O uso da
cor de modo abstrato, segundo Vaz e Silva (2016), ocorre quando
se
pretend
e exagerar ou sub
verte
r as cores nat
urais.
U
ma árvore
, p
o
r
exemplo,
não
pr
ecis
a ser
nec
essa
riamente
verde;
po
d
e ser
verm
elha,
colorida, a
zul;
as
sim como o céu
,
n
ão
precisa ser s
empre azul, pod
e
ser ver
melho, pr
eto, verd
e, etc.
Nas
figura
s
a s
e
guir
e
stão
algun
s
exemplos
do uso d
a cor de m
odo abs
trato. S
ão produçõ
e
s
da
s
profess
oras
Ana e Keli,
qu
e
repres
entaram á
rvor
e colorida
e
árvore
vermel
ha (Figura 49 e f
igura 50
). E
a profes
sora
Leila r
epresent
ou o
céu
e o mar n
a cor verde
(Figura 51
).
284
Figura 4
9: Árvor
e 1
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 5
0: Á
rvore2
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
285
Figura 5
1: Cé
u
verde
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
A textu
ra ta
mbém foi
exp
lorada
pelas
profes
sora
s de mo
do
tátil, por me
io da utilizaç
ão de tinta
creme e de dive
rsos r
iscador
es.
Também vi
ram a textura co
mo rec
urso visual. A textura vi
sual ou
gráfica, conforme Vaz e Silva (2016), se car
acteriza como elemen
to
de preench
imento da
superf
ície e pode s
er util
izada
para imitar
textura
s natura
is e artif
iciais. A
s textur
as ta
mbém podem pretend
er
a criação
de p
adrõe
s
orgânico
s
,
in
spirand
o
-
se
em padr
ões n
aturai
s
como em ani
mais,
vegeta
is ou miner
ais. E
sses recu
rsos f
oram
utilizados p
elas
profess
ora
s Lene (F
igur
a 52) e L
is (Figu
ra 53
), na
represen
taçã
o de gra
mado
e árvores.
286
Figura 5
2
: Fl
ores
ta
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 5
3:
Paisage
m diurna
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Outro con
teúdo i
mporta
nte foi o a
cess
o
às obr
as de
arte
.
S
egundo d
a Teoria
Hist
órico
-
cultural
,
o meio consis
te em uma
fonte de dese
nvolvime
nto da
s qualida
des huma
nas, no qual estã
o
present
es as
formas idea
is de des
envolvi
mento e
labor
adas
pela
humanidade
no dec
orrer da
histór
ia. Ass
im, o conta
to com
as
287
produç
ões mais
desenv
olvid
as
contribuirá
, desde o in
ício,
para
o
desenvolv
imento infa
ntil.
“É no contato co
m as ob
ras de arte e pela
s
ações q
ue são rea
lizada
s a part
ir daí que s
e pode desenvolv
er na
criança
a atitud
e estética
, a qua
l deve ser obj
eto
de ed
ucaç
ão, d
e
formaç
ão gera
l
” (VIGOTSKI, 2010, p. 351).
A
s profe
ssoras
, então,
entrar
am em contad
o com
várias
imagens de pr
oduç
ões de a
rtistas
como
a obra
“Persistência
da
memória” de
Salva
dor Dali.
Desse m
odo
,
elas pude
ram s
e inspirar
nas cor
es
e em outros ele
mentos u
tilizados
pelo pintor
ao
realiza
r
suas produç
ões. I
sso po
de s
er obser
vado
na prod
uçã
o da pr
ofes
sora
Lene (Fi
gura 5
4
):
Figura 5
4
:
A cha
ve
Fonte: A
cervo da pe
squisad
ora
Fin
aliz
ando as açõ
es com a té
cnica d
e pintur
a a dedo
, as
profess
oras
reflet
iram
na avaliação
fin
al
sobre suas
práticas anter
iores
à
fo
rmação, percebendo
a tra
nsforma
ção ocor
rid
a, confor
me
o
regi
stro
das falas
a
seguir
:
288
Keli:
Meu conh
ecime
nto sob
re
pintura
a dedo er
a pin
tar com
os ded
os, por
que n
ão tinha
noç
ão do q
ue seria
, as
sim a pr
ática
em sala d
e aula e
ra zero
, não re
aliz
ava essa
ativ
idad
e.
Lene: Meu conhecimento sobre pintu
ra a dedo era bem
limita
do, por
que des
conh
ecia a
técnica
, as
sim a pr
ática e
m sal
a
de au
la era equ
ivo
cada.
Ana
: Meu con
hecimen
to er
a mecâ
nic
o, sem s
entid
o, porq
ue
ficava
no esp
alh
amen
to, depois
na
mistura de
cores,
depois n
o
livre, assim, a prátic
a em sala de aula era meio
pobre, sempre a
mesma co
isa.
Leila
: Meu con
heci
ment
o sobr
e pintur
a a de
do era
limita
do,
porqu
e não havi
a me
aprop
riado
das t
écnic
as e da p
rátic
a em
sala de au
la. Assim
, apesar
de consid
erar a im
portânc
ia não
tinha c
erteza
quan
to aos
objetiv
os.
Lis: O me
u conh
ecime
nto e
m pin
tura
a dedo er
a b
asica
mente
“desenh
ar” co
m tint
a, po
rque achava q
ue assi
m se f
azia u
ma
“tela”, a m
inha prát
ic
a era bem
básica e
quas
e não dei
xava as
crianças se sujarem. Triste né!
Sar
a: O meu conh
ecime
nto e
ra
liter
alme
nte com
o o própr
io
nome diz, porque usava apenas os ded
os na pintura, assim, a
prática era simples e di
reta.
Pode
-
se obse
rvar a mudan
ça da prát
ica o
corri
da após a
apropr
iaçã
o do conheci
ment
o sobr
e a técni
ca de p
intura
, porque
anteriorm
ente as pr
áticas
estava
m embasa
das em um conce
ito d
e
técnica inc
orreto. A
apropriaç
ão
do conhecimen
to
e os
procedi
mentos c
orret
os na
re
aliza
ção da pintu
ra poss
ibilitara
m
a
su
peraç
ão de p
ráti
cas equ
ivoc
adas;
consequent
emente,
ho
uve
mudan
ças nas p
ráticas
co
m as cri
anças.
Essas mudan
ças pod
em ser ob
serv
adas n
as prod
uçõe
s das
crian
ças, que
resultar
am em trab
alhos dif
erencia
dos devido
os
conceitos
e proced
imento
s apropr
iados pe
las
professoras durante a
289
form
ação.
Como exempl
o, cito u
m traba
lho desenvolvid
o com uma
turma do Infa
ntil
IV
, pela
profess
ora L
ene
, co
m criança
s de qua
tro
anos, s
obre o
tema f
lores.
As pro
duções fic
aram tod
as difere
ntes.
S
urgiram fl
o
res c
om form
as
e cores
diver
sas.
O fu
ndo
da pint
ura e a
posição do s
uporte ta
mbém va
riara
m. Esse tra
balho teve o
objetiv
o
de desen
volver a im
agin
ação e a auto
ria. D
es
s
a form
a, as prod
uções
foram
únic
as
e indiv
iduais,
pois a
s cria
nças tiver
am a
oportunida
de
de expres
sar
o pensamen
to e as pr
eferênc
ias.
Pode
-
se observar o
resultado
de uma e
ducação
desenvolvent
e pr
omovido p
ela
professo
ra (Figuras:
55, 56, 57, 58 e 59).
Figura 5
5: Cé
u vermel
ho
Fonte: ace
rvo da
pes
quisad
ora
290
Figura 5
6: Cé
u pret
o
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 5
7: Cé
u
azul
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
291
Figura 5
8
:
Céu verde 2
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 5
9
: Cé
u amarel
o
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Em uma tu
rma do I
nfantil
V, c
om crianças de cinco anos,
a
profess
ora A
na desenv
olveu
um proj
eto sobre á
rvores
em que
também foi uti
lizada a
técnica de pintur
a a dedo. P
or ter se
292
apropria
do do co
nhecimento,
Ana pôd
e traba
lhar c
om as cr
ianças
com o obj
etivo
de promov
er o desenvolvi
mento d
a per
cepção v
isua
l,
da imag
in
ação e d
a aut
oria. D
esse m
od
o
, nenh
uma árvore saiu ig
ual.
A
cor
foi util
izada de
modo a
bstra
to,
com contraste, surgi
ndo
árvores,
céu e terra de div
ersa
s cores
,
o que pode
ser obser
vado na
s
prod
uçõe
s das crian
ças;
(F
iguras:
60, 61, 62
e
63).
Figura
60
: Árvore seca
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 61
: Arauc
ária
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
293
Figura 6
2
: Á
rvore
color
ida
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 6
3: Á
rvore br
anca
Fonte:
ac
ervo da pesq
uisador
a
A tarefa
de espalha
r a tinta na
pintura a
dedo, compor as
figura
s no es
paço, “
exi
ge da
crianç
a coorde
naçã
o motor
a e to
mada
de consci
ência
sobr
e os pró
prios mov
iment
os, dese
nv
olvendo,
ainda,
a perc
epção
da cri
ança, p
ois d
eman
da obse
rvação
e an
álise
do e
spaç
o
da folha
e su
a ocupa
ção,
resulta
ndo em r
eplanejament
o e
294
reorg
ani
zação d
a ação” (
PASQ
UALINI
, 2016
, p.
97). Se
gundo a
autora,
ao de
mand
ar det
ermin
adas capac
idade
s e funçõ
es p
síqui
cas,
a ativ
idade pr
omove o des
envolvimento d
ess
as fu
nções.
No perí
odo em
que a
s pr
ofess
oras
estav
am desenv
olvendo
esses p
roje
tos,
uma amig
a pesq
uisado
ra estav
a na Din
amarca,
visit
ando
algumas e
scol
as de Educação
In
fanti
l e
dia
logand
o com os
profess
ores
. Surgiu, então,
o interess
e por pa
rte de
ssa
s profes
soras
em conhec
er algu
mas pr
ática
s na á
rea de ar
tes, ness
e segment
o
, no
Brasil. A
pesquis
adora
solicitou
o envio d
e algu
ns pr
ojetos de a
rtes
para ser
em
compartilhado
s
. Enviei a
s ima
gens des
ses doi
s projet
os
citados a
cima. E
la nos retornou diz
endo que o tra
balho foi e
logi
ado
pelas pr
ofessor
as e nos
rela
tou não t
er vis
to nenhum tr
aba
lho
parec
ido n
as esco
las vi
sitadas e
que
observou
a
lgumas pr
áticas
também tra
dicionais
por l
á.
Ess
e fato relata
do deixo
u as pr
ofessor
as muito feliz
es e
orgulh
osas
de sua
s prá
ticas.
Isso pod
e ser obs
erv
a
do n
a fala da
profess
ora L
ene
:
Lene: E a diretora ensinou passo a passo a técnica da pintura
dedo.
Eu fiz c
om as cr
iança
s e, foi e
logia
do até f
ora do p
aís, e
les
haviam feito telas. Ent
ão eu ensinei, dei vários riscadores para
eles, aco
mpanh
ei as c
rianças.
.. E ele
s fizeram
uma prod
ução.
Tinha 22
alu
nos e nenh
uma s
aiu i
gual a o
ut
ra, cada u
m
produ
ziu a sua p
rópri
a tela e ficou
um trabalho
maravi
lhoso
!
Isso graças a formação qu
e a gente teve.
Na fala da p
rofe
ssora Le
n
e é
possível
obser
var
ta
m
bé
m
a
valori
zação
do outr
o no p
rocess
o de apro
pria
ção do
conheci
mento
,
porque a a
tivida
de do su
jeito em
desenvolv
imento
é med
iada pela
295
açã
o de outro s
ujeit
o mai
s experie
nte do
que e
le, s
ervindo
-
lhe de
modelo, d
e refer
ência
sobre o c
onteúd
o cultu
ral a
ser a
propria
do.
O conhecime
nto sobr
e a técnica
tornou
a prática
das
profess
oras
mais s
egura
e houve a per
cepç
ão e a v
aloriza
ção do
conteúd
o sobre a
técn
ica de pintur
a a dedo
c
omo possibilidad
e
de
desenvo
lvime
nto da a
utori
a da
s cria
nças, c
onforme ex
presso nas f
alas
a
seguir
:
Keli:
Minha
prá
tica mu
dou,
po
rque ap
ós o
conhe
cimen
to, v
ejo
a impor
tânci
a do trabalho c
om a pi
ntura a de
do para a
form
ação d
a crianç
a, enqu
anto aut
or
a
e criador
a.
Lene
: A minh
a pr
ática é ma
is
conf
iante,
por
que viv
encie
i com
a minh
a turma o p
rocess
o. O i
mpor
tante foi t
odo o con
teú
do,
a práti
ca viv
enci
ada.
Ana: E a mi
nha práti
ca foi enriq
uecid
a, porqu
e aprendi a cri
ar
com difer
ente
s ma
teriais
, fi
z bel
íssimas
prod
uções.
Foi
import
ante apre
nder as té
cnicas.
Leila
: Pr
oporcion
ou o con
heci
mento
das téc
nicas
e de com
o
trabalh
ar com
as crian
ças,
porq
ue não
tinha c
erte
za do
que
fazer
para avanç
ar no t
rabalho
.
A práti
ca e a t
eori
a estão e
m re
l
ação. S
egun
do Saviani
(2005),
a prática
será
mais coeren
te e c
onsistent
e, ma
is qualita
tiva,
mais desenv
olvida
na med
ida
em
que a
teor
ia que
a emba
sa for
ma
is
consiste
nte e des
envolvida
. Uma prática ser
á tra
nsfo
rmada s
e existir
uma el
aboração
teó
rica j
ustifi
cand
o a ne
cessi
dade
da sua
transfor
mação, pr
opondo a
s forma
s de trans
formação, is
so sig
nifica
pensar a
prática
a partir
da teoria.
296
C
om a ap
ropriação
da teo
ria, a p
rática co
meço
u a fazer
sentido à
s profess
oras, pos
sibilitando ações
mais cla
ra
s e conscie
ntes
e
isso po
de ser ob
servado nas fal
as das p
rofesso
ras a
seguir
:
Keli:
Concl
uo que a
forma
çã
o contin
uada e
m ATP
C é
fundame
nta
l pa
ra o pr
ofess
or poder
viven
ciar a
teoria
na
prática, faz to
da a diferença, agora esse conteú
do tem sentido e
signifi
cado.
Lene
: A formaçã
o propor
cion
ou amplia
çã
o dos meus
conhecimentos, porque agora tenho clareza do que ensinar e
como pr
opor os
des
afios pa
ra
os me
us alun
os a f
im de
pro
mover
o seu desenvolvimento.
Consci
entizar
am
-
se não apen
as da mu
dança em
sua
capaci
dade d
e real
ização d
a téc
nica de
pint
ura a dedo,
mas tam
bém
da ne
cessi
dade d
e mudar sua p
rátic
a de
ensino em rela
ção a
ela.
P
ensar a p
ráti
ca a par
tir d
a teo
ria e c
om a ap
ropri
ação d
os
conhecim
entos
espec
ífico
s de cada áre
a a se
r trabal
had
a
contribuiu
para
o desenvolvimen
to da ativid
ade cr
iador
a e p
ara aut
oest
ima d
as
profe
ssoras;
por consequênc
ia, essa
s prá
ticas for
am lev
adas ta
mbé
m
ao grup
o de cr
ianças
. P
ar
a o professor a
credi
tar nessa
possibilida
de,
é fundamental e
ntrar em a
tividade e perc
eber sua
capacida
de. Isso
foi expres
so na
fala
das p
rofessora
s Keli, L
is e Le
ne, a
seguir
:
Keli: Porque experimentar a forma de “co
mo fazer” e aprender
é fundamental para nosso aprendizado. Aprender “coisas
novas” nos desafia a desco
nstruir o que t
emos de “certo” dentro
de nós
. Trazer a p
intur
a a dedo e a té
cnica com
as cri
anças irá
desenvolver
nas crianç
as alé
m da t
écni
ca, a aut
ori
a.
Lis: E a
minh
a prá
tica a
gora,
com o
conhe
cimen
to, é
bem
diferente, porque percebi
que a exploração da tinta é
297
impor
tante
para a cri
ança “go
star” da p
intu
ra. O im
portant
e
foi abr
ir pa
ra um novo ol
har
, elev
ou minh
a autoes
tima
, por
que
também
tive a
opor
tunida
de de
criar
.
Lene
: Des
taco a a
tividade p
ráti
ca, on
de cria
mos uma
histór
ia
sobre elementos das artes visuais, porque exercitamos nossa
criativ
idade
e impr
ovis
ação.
Segund
o a Teor
ia His
tórico
-
Cultu
ral, o
proc
esso de
apropr
iaçã
o do conhec
imento
é sempr
e
ativo
.
Para ap
rop
riar
-
se
d
o
s
objetos,
que sã
o produ
tos
do dese
nvolvi
mento his
tóric
o, será
necessá
rio qu
e se d
esenv
olva
uma r
elaçã
o com eles
, um
a ativ
idade
que reprod
uza os
traços
essenc
iais a
cumula
dos no obj
eto. A pes
soa
deverá rep
roduzir em sua ativi
dade as operaçõe
s motoras e c
ognitiv
as
inco
rporadas
no objet
o
.
Desse mod
o, a
o entra
rem em
ativ
idade
na expl
ora
ção de
materiais
, em produções
de pintura
s com a técnic
a de pintur
a a
dedo, o c
ontato com
su
portes
e materia
is d
iferent
es
poss
ibilitou a
apropr
iaçã
o do conhec
iment
o e uma me
lhor
compr
eensão s
obre as
práti
cas. Es
se fato
foi
expres
so na f
ala das pr
ofes
soras
Lis,
Sara e
Ana,
quando f
oi per
gunta
do o q
ue a f
ormaç
ão ha
via pr
opo
rcionado
a ela
s:
Lis: P
roporci
ono
u um olh
ar dif
eren
te, por
que enten
di q
ue a
explor
açã
o do mate
rial
é impor
tan
te.
Sara: Proporcionou diversas experiências, po
rque fizemos o
passo a p
asso
da p
intura a dedo como a
expl
oraçã
o,
espalhamento,
a pintura
em s
i, com div
ersos
ma
teriais
e com
reper
tório v
isual
ampl
iado.
Ana
: Propor
cionou n
ovas
autor
ias, s
uportes,
mater
iais, té
cnicas
diferen
tes e o r
espe
ito com a p
roduçã
o do ou
tro, por
que ca
da
um te
m o seu
temp
o, cada
um
tem o se
u jei
to...
. Usa
mos os
mesmos
mater
iais e ca
da
um fez de
um jei
to lin
do!
298
A realiza
ção de produ
ções a
utorais
contribu
iu
para a
supera
ção d
o sentiment
o de incap
acida
de e
para a
perc
epção s
obre a
importânc
ia da a
propriaç
ão da
técnica c
omo c
onhecimen
to e
d
a
aprendizag
em como
um p
rocess
o ativo.
Essa
compreens
ão sur
giu na
fala das p
rofe
ssoras
Len
e e Sara, ao
fala
rem so
bre
a formaç
ão
:
Lene
: Foi mar
avil
hosa
e encan
tadora
! Por
que de iní
cio tem
os a
impress
ão q
ue
não somos capazes de fazer produçõ
es, depois
que entramos em atividade, pudemos perceber que somos
capaze
s, basta s
aberm
os a t
écnica.
Sar
a: F
oi desaf
iadora
e em
ociona
nte,
por
que con
seg
uimos
amplia
r nos
so conh
ecime
nto e
en
tender
o pass
o a pas
so do
desenho e como através da aprendiz
agem da técnica,
amplia
mos e
melh
oramos
cada
vez ma
is os
traços,
da
ndo vi
da a
nossas ideias e criati
vidade.
Ficaram
evidente
s
ness
e ite
m as c
ontribuiç
ões d
o proc
ess
o de
apropr
iaçã
o do conhecim
ento e a
objetiv
ação
d
o professor
em suas
produç
ões
para o s
eu próprio d
esenvolvi
men
to, bem com
o
constata
ção d
e que a perc
epção v
isua
l pode ser des
envolv
ida por
meio do co
nhecim
ento e
da inter
vençã
o do outr
o, e
nsinand
o
-
no
s
a
olh
ar.
Desse mod
o, a
o argu
mentar em
defes
a da apro
priaçã
o do
conteúd
o cul
tural,
o obj
etivo c
laro
é
promov
er o de
senvolvim
ento
do ser hu
mano em s
ua int
egralid
ade.
3
.2
.
4
For
ma
ção do prof
es
s
or para aut
or
ia
C
om o obj
etivo de m
elhor
visu
alizar
o desenvolv
ime
nto dos
conteúd
os te
óric
os e da prática
em direçã
o à
produção
autoral,
299
apres
entarei e a
nalis
arei a
s produ
ções da
s prof
essora
s e ta
mbém
algum
as de suas f
alas.
Para
obter os
resultados e
xpre
ssos
nas
produções d
as
profess
oras
foi necessá
ria uma or
ganizaçã
o intencio
nal das
ativida
des
e de interv
enções
pensa
da
s espec
ific
amen
te para
c
ada moment
o,
visand
o à
apropriaç
ão do
conheci
mento
e
a
o d
esenvol
vimen
to da
capaci
dade c
riado
ra.
A capa
cida
de de compreens
ão e de in
venção são
fundam
en
tais p
ara a relaç
ão
consciente com a
rea
lidade e
, po
r
consegui
nte, tr
ansfor
má
-
la
. Des
se mod
o, se
o objeti
vo é d
esenv
olver
a capaci
dade c
riado
ra das p
rofe
ssoras
p
ara
co
mpree
nsão
e
transfor
mação da
realida
de, é prec
iso cr
iar cond
ições ma
teriais
e
psicológica
s par
a que iss
o ocorra.
Nesse s
entido, a didátic
a des
envolvi
me
ntal,
v
oltada p
ara o
desenvolv
imento huma
no,
tem por fina
lidade c
riar a
s condições
objet
ivas e subje
tivas
p
ara
colocar os
sujeitos em ativid
ade de
aprendizag
em desenv
olve
nte.
Esse processo se realiza enquanto unidade apropriação
-
objetiva
çã
o, pois s
e inten
ciona
, não a
pena
s a intern
aliza
ção dos
conheci
men
tos, ma
s a muda
nça n
a forma
de pen
samento, de
modo q
ue o suje
ito se
rela
cione
teorica
me
nte c
om a rea
lida
de,
pense e aja conceitualmente, portanto, desenvolva ações
mentais
imp
ortan
tes pa
ra um
novo
olha
r e uma
nova
ação s
obre
o mund
o objet
ivo. (PU
ENTES; L
ONGARE
ZI, 2017,
p.219)
Ass
im, a orga
nizaçã
o pedagógica
deve s
er dirigida
ao
desenvo
lvime
nto dos ed
ucandos
, pois s
egundo Za
nkov, (2
017), o
process
o de dese
nvolvi
mento g
eral do es
colar
está deter
mina
do
pelo
cará
ter do ensin
o.
300
A orga
nizaçã
o do e
nsino in
ter
vém ou a
tua c
omo a
causa
,
enquanto o processo de desenvolvimento escolar atua como a
consequência. A relação de causa/consequência é importante
porq
ue nel
a se ma
nifes
ta a con
dicion
alida
de d
o proces
so de
desenvolvimento dos escolares
(ZAN
KOV,
2017, p. 178)
.
Segund
o os a
utores
,
fica ev
idente a
relev
ância
da or
ga
nizaçã
o
do trab
alho ped
agógic
o pa
ra a
promoçã
o do des
envolv
imento
dos
educa
ndos. Des
se modo,
apresentarei
algum
as pr
opos
tas d
e traba
lho
e alg
umas prod
uçõe
s das profe
ssoras,
para anál
ise,
na tent
ativa de
refletir s
obr
e ess
a questão.
Ao
pro
por u
ma form
ação p
ara
a
produção de
textos
, de
n
arrativas
v
erbais o
u visu
ais, n
ão se vi
sa à
formaç
ão de esc
ritor
es d
e
literatur
a, de a
rtista
s e ne
m à
produção de textos
literários ou
de
obras
de arte e,
sim, a
o desenvolvi
me
nto da c
apacid
ade de
exp
ressão
e
de cri
ação das
profe
ssoras e
das cri
anças.
Andruetto (2012)
arg
ument
a sobre
a valid
ade e a
necessid
ade de um es
paço pa
ra a pr
oduçã
o de textos na es
cola,
primando p
ela luta con
t
ra a dome
stic
ação da l
ite
ratura,
c
ont
ra a
escolariza
ção e as
demandas
de utilida
de e ren
dimento. Nes
se
context
o de prod
ução de
textos
, o coor
de
nador deve aguçar sua
percepçã
o;
ver p
or ond
e entra
r e o
modo de a
ção
para
sabe
r por o
n
de
impactar
;
buscar um c
aminh
o que cond
uza a uma valo
rizaç
ão e
a
o
desenvolv
imento da
s pos
sibilidad
es de ca
da um,
num mov
iment
o
para de
ntro
.
A autora
,
ao propor um e
spa
ço par
a a pr
oduçã
o de textos
ou
ofic
in
as de e
xpressão d
e pal
avras e
até o
ficinas de escritura, esclarece
o fato de nã
o ser a
dequado c
hamar
esses
espaços
de oficina
s literá
rias
,
porque “a
literatura
, como tal, é u
m horizonte mu
ito
vasto e s
eria
301
por dema
is ambici
oso
e
contra
produc
ent
e prete
nder
de um es
paç
o
de oficina
[...] pro
dutos qu
e viess
em a
ser r
otula
dos como
literá
rios
”
(ANDRUETTO, 2012, p. 79).
Feito esses
escla
recimento
s, dou in
ício a
o rela
to das
prática
s
e as análi
ses das pro
duçõe
s das pro
fessoras.
Real
izei
uma avali
ação, an
tes
da form
ação das p
rofesso
ras,
visand
o
a
conhecer
o nív
el de des
envolv
iment
o rea
l em rela
ção
à
construção
de
narrativas.
Que
stionei
-
as sob
re suas exp
eriê
ncias com
a escrita
de
histórias
e a possibilid
ade de escr
everem a
lgumas
narrati
vas com
as ilustrações.
Nesse primeir
o momento, todas
achara
m a proposta
muito dif
ícil ou i
mpossív
el, p
ois se sen
tiam
incapazes
de
escrever uma h
istóri
a.
Como d
isse
antes, a
s profes
sora
s Keli e L
ene
, ao se
expressa
rem a res
peito da proposta
de escrita
de uma histór
ia,
considerar
am muit
o difíci
l a tar
efa. Keli afir
mou s
er uma
loucura
e
se sentiu inca
paz, porqu
e acredita
va qu
e
,
para escrever uma h
istóri
a
,
teria que ter id
eias b
rilhantes
.
Lene ass
egurou
que a ideia
lhe parec
ia
impossível de concr
etizar
, porque nu
nca havia
escrito uma
histór
ia
autoral
.
Ao perceb
er a
exist
ência
do
senti
mento de incap
acida
de,
e
laborei um p
laneja
mento qu
e contempla
va o co
nteúdo t
eórico e
ativida
des prática
s de
constru
ção de
narra
tivas,
na tentativ
a de
supera
r ess
e sentime
nto e desenv
olver a capa
cidade c
riador
a das
profe
ssoras.
Desse mod
o, o
obje
tiv
o principa
l foi
d
emonstrar que t
odo
s
são capaz
es de
criar.
I
niciei com uma propos
ta de cria
ção de histór
ias
a
partir de elem
entos
difer
entes
como obj
etos s
onor
os, in
st
rumen
tos
musica
is e
suger
i às pr
ofe
ssor
as a
explora
ção dos
sons de
objet
os e
302
instrume
ntos:
chocalho, reco-
reco
, castan
hol
a de tam
pinh
as,
co
rneta de b
exiga e
pau
de chu
va, por
exemplo.
No final,
a histór
ia foi
proferid
a e sonori
zada
com os
instrume
ntos escolh
idos.
A história
ficou da s
eguint
e forma:
Lis:
Er
a uma ma
nhã
ensola
rada,
acorde
i com o bar
ulho do
trem...
(corneta de bexi
ga)
Ana
: De r
epen
te caiu a ma
ior
chuva. (
pau de
chuv
a)
Lene:
Quando men
os esp
erav
a, ouvi um b
arul
ho com
o se foss
e
a que
da de g
rãos, m
as na verdad
e, era o
barulh
o de u
ma gran
de
cascave
l. (cho
calho)
Keli:
Ela est
ava de o
lho par
a co
mer a gali
nha da
angola, q
ue
com se
u gr
ito, a
ss
usto
u a ca
sc
ave
l,
que fug
iu. (
cas
tanh
ola
de
tampin
has
e choca
lho)
Ness
a produ
ção coletiv
a, a
s profes
sora
s
ficaram
aten
tas à fal
a
do outro;
deram con
tinuid
ade à h
istó
ria com coe
rênci
a, usaram
a
imaginaçã
o e se divertira
m muito. Elas consta
taram a poss
i
bilidade
de uma situ
ação lú
dica
, de c
uja elab
oração nar
rativa t
odo
s
participa
ram
com
b
om grau de envolv
imen
to. Dess
e modo, pod
erão
propor situa
ções lúdic
as de criaç
ão de história
s às criança
s. Iss
o foi
expre
sso n
a avaliaç
ão da pr
ofes
sora Ana,
a
seguir:
Ana
: També
m foi mui
to inter
essa
nte cr
iar a h
istória
e vimos
que
dá pa
ra
criar
com sons
simples no
grupo d
e crianç
as.
Esse tipo de a
tividade
,
a
lém de des
envolver
a imagin
ação e
a
linguagem, é impo
r
tante
para
a
cri
ança
por oportunizar o u
so de
recur
sos de r
epresenta
ção
em que
um som torn
a
-
se um sign
o,
remetend
o a u
ma outra
coi
sa. O sig
no, conf
orme v
isto em ca
pítulo
s
303
anterior
es, pod
e ser pensa
do como
tudo aqu
ilo
que pos
sui u
m
significa
do, r
emet
endo a
algo s
ituado for
a de s
i mesm
o. P
or
exemplo, a
o utilizar
o choca
lho na constr
ução da
narra
tiva, o som
do instru
ment
o remeteu
à
imagem de uma co
bra, um pau de ch
uva
rem
eteu à chu
va, o s
om da
corneta a
um trem, e a
ssi
m por dian
te.
Ess
e exercíci
o de uti
liza
ção d
e signos
com as c
rianç
as
contribui par
a
o desenv
olvime
nto d
elas, pois
, seg
undo a T
eoria
Históric
o
-
Cultural,
a apropriaç
ão dos signos
possib
ilita o
desenvolv
imento de fu
nções psíquicas
superior
es e uma
vasta
aprop
riação
d
o patrimôn
io do gênero hu
mano.
A
ssim, seu uso
constitu
i um traço es
sencia
l das for
mas superior
es de conduta
humana, po
is per
mite ao
ser huma
no o r
ompime
nto da
relação
direta e
imediata
—
pró
pria dos
anima
is
—
com
o ambiente. A
relaçã
o do homem c
om o seu
entorno é m
edia
da pelos
signos
culturais.
Em outro
en
con
tro
foi
sugerid
o às
profess
oras
a cr
iação d
e
uma história
a par
tir de
palavras p
ré
-
esco
lhi
das, dispo
stas em um
quadro
. Cada p
rofe
ssora e
scol
heria um
a palavr
a de
uma co
luna e
com elas
cr
iaria u
ma histór
ia.
A profe
ssora Len
e
escolh
eu as p
alavras: p
ássaro
, árvore
,
vento, sa
pato, a
legria
,
e criou a narrativa a
seguir
:
Len
e: Tí
tulo
“O sapato vermelho”
A minha
infâ
ncia f
oi permea
da de muita
simpli
cida
de e a
legr
ia.
Não tinh
a conta
to co
m a tec
nolog
ia com
o
celular, telefone,
televisão
etc., pois
iss
o não ex
istia
lá e
m casa
.
Havia si
m, um
grande c
ontat
o com a nat
ureza e
muitas am
igas.
Cres
ci num del
icios
o quin
tal c
om páss
aros
que can
tava
m nas
lindas árvores frutíferas. O vento tocava o meu rosto enquanto
brin
cava
com minha
s amiga
s.
304
Roup
as, sapat
os, bri
nqu
edos? Quase
não os
tinha.
Só me le
mbro de
um par de
sapa
to
s
ver
melho
s que eu
usava
para sai
r
, eu era
apaixonada por eles! Eu
os usei t
antas vezes,
que f
icou
mui
to v
elh
o,
tinh
a q
ue des
ca
rtá
-
los, ma
s nã
o quer
ia
jogá-
los,
ning
uém me con
ven
cia.
Um bel
o dia,
f
ui pr
ocur
á
-
l
os e não os
encon
trei..
. Dep
ois de
tanta insistência, meu
pai me revelou:
-
Eu os ent
errei no pé de uva!
Fiquei tão t
riste, tão t
riste, que ele d
esenterrou o
par de sapatos
vermelhos e, a minha
alegria volt
ou, mas logo pud
e perceber
que não t
inha
mais con
diç
ões d
e usá
-
los.
Nest
a proposta, profes
sora Keli op
tou pelas pa
lavra
s:
cachor
ro, gra
ma, vent
o, c
hapéu e a
legria
, criou
a segui
nte n
arrati
va:
Keli: T
ítulo
“A mo
ntanha az
ul”
Numa t
arde de
domin
go, n
o al
to da mon
tanh
a azul
, o me
u
chapé
u voou a d
ança
r com o v
ento em d
ireç
ão ao cé
u. De
pois,
veio em min
ha dir
eção e,
uma gra
nde al
egria
se formou den
tro
de mim.
Quan
d
o ele pousou na grama verde, saí
co
rrendo p
ara pegá-
lo,
mas o meu ca
ch
orro W
asa
by foi mais
ligeir
o, c
orreu n
a dire
ção
do cha
pé
u e pul
ou den
tr
o.
Ao cheg
ar pe
rto, vi a
quele r
ostinh
o pelu
dinho,
com ol
hos
bril
han
tes, focin
ho molh
ado,
lín
gua de for
a, ol
han
do par
a
mim..
. ah.
.. n
ão re
sisti, pe
guei
ele
no colo e
pus
o cha
péu n
a
cabeça.
Ficamos
brin
cando a
li, p
or m
uito
tempo,
até
o entar
decer
,
depois retornamos para casa.
A prof
essora A
na opto
u pel
as palavras:
flor
esta, mac
aco,
vento, c
hapéu e
tristeza,
criou
a narrati
va a
segui
r:
305
Ana
: Tí
tulo
–
“
Um dia de c
urio
sidade
”
Quan
do e
u era
criança, visit
ava sempre meus tios, qu
e
morava
m em
uma faze
nda.
Nos fu
ndos da c
asa dos meu
s tios havi
a uma flo
resta. E
ra um
lugar lindo, que sempre me despertou a curiosidade
para
conhecê
-
la. C
erto dia resolvi i
r até lá, po
is queria saber qu
em
vivi
a naque
le lugar.
Ao cheg
ar n
o meio da
flor
esta,
encon
trei um s
enhor
, se
u
Joaqui
m, que
vivia
al
i sozin
ho,
ou mel
hor, m
ora
va com
seu
amigo Ch
ico, um maca
co muito tra
vess
o.
Naquele dia ventava mu
ito e eu usava um chapéu
que ganhara
de mi
nha tia, q
ue mo
rava em out
ra casa da f
azend
a. Port
anto,
se tr
atav
a de
um cha
pé
u mui
to es
tima
do.
Logo ao ch
egar
à casa
de seu Joaq
uim, o ma
caco pego
u o me
u
chapéu
. Eu co
rri muito at
rás dele
, tent
ando resg
atar o meu
chapé
u, mas o ma
caco, tr
ave
ss
o que era
, o atir
ou no rio q
ue
cortava a floresta e eu não co
nsegui resgatá
-
lo, qu
e pena!
Acabei voltando para a casa de meus tios sem me despedir do
seu Joa
quim, a
lém de
perde
r o meu ch
apé
u. Se
nti uma
triste
za
...
A
p
rofe
ssora Lis
escol
heu, para e
ssa ativ
idade
, as pal
avras:
árvore
, gato
, ch
uva, caix
a, e
aleg
ria, cri
ando
a segui
nte n
arrativ
a:
Lis: T
ítulo
-
“Duas gat
inhas
”
Tenho d
uas g
atinhas
, Ágata e
Safira, q
ue ad
oram f
azer art
e!
Num dia desses elas fugi
ram de casa.
-
Onde será que foram?
Não se
i se vocês
sab
em, mas
o gato é u
m anima
l met
ódico,
gosta
de ro
tina
.
Acho q
ue al
guma co
isa as
susto
u as ga
tinhas
, por is
so, fug
ira
m.
Nesse dia em qu
e fugiram, procuramo
s em todos o
s lugares
possíveis e imagi
náveis.
306
E nada! Até que começou
a chover...
Então, f
inal
mente de
scera
m de
uma ár
vore,
aí desc
obrimos
onde elas estavam...
Corr
eram p
ara
dentr
o de casa
. Dor
miram
o re
sto do d
ia em
suas caixas.
Elas são
a alegr
ia da c
asa!
Nas qua
tro produções
citadas
acima, res
ultantes de uma
mesma propos
ta, observ
a
-
se a e
xpressão po
r meio
de narrativas
em
que
cada profes
sora es
colheu
palavr
as de ma
is afinid
ade, u
tilizand
o
a imag
inação
e as vivê
ncias na cri
ação. Ne
ssa for
ma de p
ropost
a,
quando
há o
exercíci
o d
a expres
são,
não oc
orre p
roduçã
o igual
,
estereo
tipada
, porque a
s
pessoa
s são d
iferent
es e as
vivência
s s
ão
únicas.
Ao escr
ever a
narrativ
a, as profes
sora
s se ins
pirar
am em fa
tos
ocorridos
em sua
s viv
ência
s, em histór
ias qu
e ler
am, no ca
chorri
nho
que
possuía
, nas gatinha
s de
estimaçã
o, requis
ita
ndo
,
duran
te a
p
roduçã
o, funç
ões psí
quica
s como
me
mória,
imaginaçã
o,
pensamento e a ativida
de criador
a
Isso r
eforça
a
segui
nte tese
: “toda o
bra da i
magi
nação
constrói
-
s
e semp
re de ele
mentos
tomados
da rea
lidade e pr
esentes
na experiência anterior da pessoa” (VIGOTSK
I, 2009, p. 20). Por
isso, n
o ens
ino da literatur
a fica explícita
a neces
sida
de de ampl
iar a
expe
riênc
ia da cri
ança p
ara que
se formem
as bases p
ara sua ati
vidade
de cri
ação.
U
ma forma
de requisita
r a im
aginação
e a ati
vidad
e cri
adora
é sugerir
o uso de pa
la
vras d
e diver
sos ca
mpos
semânt
icos
,
contribu
indo
para
a desc
oberta de
nov
os signif
icado
s
para elas
. Esse
fato pode s
er consta
tado
nas pr
oduções
das pr
ofessora
s aci
ma, n
as
307
qua
is
a distâ
ncia existen
te entre
as pa
lavra
s diferentes r
equisitou d
a
imaginaçã
o e do pens
amento a ins
tituiçã
o de um pa
rentesco e
ntre
elas, c
onduzi
ndo a s
oluç
ões
em que
os elementos estra
nhos
pudessem
conviver.
Segund
o
Rodari (1982)
, as cri
ança
s con
segu
em apli
car
muito bem es
sa técnica
e com divert
imento;
por
ém, na
s escola
s de
um modo gera
l, se ri
muito pou
co e a ideia
de a es
cola ser
tenebrosa
,
rígida está
entre as
mais dif
íceis de c
ombater.
O triste é per
ceber
que,
ainda
hoje, após
q
uase qu
aren
ta an
os
dessa
afir
mação d
o autor
, exis
tem edu
cador
es com ess
a concepç
ão
tradiciona
l. Não
valoriza
m
o
lúdic
o na Educação
In
fantil e
no
Ensino Fun
damenta
l.
Outra propos
ta de ati
vidade pr
ática f
oi su
gerida às
profe
ssoras,
int
enciona
ndo
à
c
riação d
e uma nar
rativa a p
artir
de
uma le
mbran
ça de in
fância o
u
de um
fato en
vo
lven
do um
novo
conhecim
ento.
As memória
s de infância
sã
o
um recurso u
tilizado com
frequên
cia por algun
s autores de l
iv
ros infan
tis em su
as criaçõe
s. I
sso
foi obser
vado pela
s prof
ess
oras
quando pes
quisa
ram obra
s de au
tores
como: Ila
n Brenman
e Lúcia Hir
atsuk
a.
No exemplo a
seguir,
a profes
sora L
is utilizo
u uma
lembra
nça de infânc
ia e, també
m, um
novo con
heciment
o
. C
riou a
seguin
te narrativa
:
Lis: Tí
tulo
“Uma dú
vida”
Quand
o era cri
ança, sem
pre vi
ajava para Marí
lia, para i
r à cas
a
de meus avós.
Na est
rada, go
stava d
e adm
irar os e
ucali
ptos e
toda ve
z faz
ia a
mesma pe
rgun
ta pa
ra mim.
308
“Como é que eles ficam tão certinhos? Será que nascem assim,
enfil
eira
dos?”
Eu acreditava que eles já nasciam todos
organiza
dos,
lado a
lado.
Resolvi
pergu
ntar p
ara minh
a mãe.
-
Os eu
calipto
s já nasc
em lad
o a lado
? Enfi
leirad
os?
E a minha
mãe r
espon
deu:
-
Claro que não
! São
plantad
os lado a lad
o, para d
epo
is sere
m
cortados e vendidos.
Fiquei tã
o dec
epcion
ada
com a r
espos
ta, que pr
efer
iria
continu
ar acred
itan
do que nas
ciam en
fileir
ados.
.. Cois
as de
criança!
A narrativa da pro
fessora Lis, alé
m de demon
strar sua
capaci
dade d
e uso d
a m
emó
ria, da i
magin
ação
,
exerc
endo
a
capac
idade criadora
, tem um con
teúdo da
narra
tiva que a
presenta
também a for
ma de pe
nsar d
e uma cria
nça, como
ela vê
e
compre
ende a r
ealida
de a partir
do que os olhos
veem, em
uma
constru
ção si
mples d
e sign
ifica
dos e de c
onceit
os esp
ontân
eos
.
A profess
ora Leila
também criou
uma história
inspi
rando
-
se
em fatos
reais d
e sua
infâ
ncia,
como pode
ser
observ
ado no r
egist
ro
a
seguir
:
Leila: T
ítu
lo “Um
a
históri
a encrencada
”
Era um
a tard
e, apó
s ter c
hegado
da esc
ola e alm
oçad
o,
L
ei
la
apenas l
avou
a louç
a do almoç
o e resolv
eu sai
r de bi
cic
leta para
ir à casa d
e sua am
iga V
anessa,
para b
rinc
ar.
Chegand
o lá, Vane
ssa c
onvid
ou a
L
ei
la par
a brinc
ar em u
m
campo e
m cons
truçã
o, se
m muro,
onde h
oje é
chama
do de
“Dist
rital”,
um c
ampo com arq
ui
bancada e a c
asa do z
elado
r.
309
Nesse
campo, a
s amiga
s br
inc
ara
m nos b
arra
ncos e
com um
papel
ão, que enco
ntraram, es
corregara
m
barranco
abaixo
,
tornand
o a bri
ncadei
ra hilari
ant
e.
Essa brincadeira estava tão di
vertida que nem
perceberam o
tempo pa
ssa
r e, qua
ndo vir
am a hor
a, já h
avia pa
ssado d
o
horário que deveri
am estar em casa,
e seus pais são
preocu
pados.
L
eila já estava pensando em seu pai, q
ue estaria
para volt
ar do
trabalho e
, se não a v
isse e
m casa, f
icari
a
preocu
pado.
Assusta
da c
om o h
orá
rio, L
eila correu para c
asa e, com
o a sua
mãe ha
via fe
chado o p
ortã
o com ca
deado,
ela p
ulou o por
tã
o e
correu
até
o banheiro,
para ti
rar aque
la roup
a toda su
ja de terra
do barranco e tomar um
banho, pois se seu
pai chegasse e a visse
naque
la situaç
ão e ai
nda des
cobrisse qu
e ela estava na rua,
ficaria
furi
oso e
com cer
teza
, lh
e dar
ia um ca
stig
o. A sua
mã
e
era ma
is mal
eáv
el, ao con
trár
io de se
u pai que
era
bem ríg
ido,
mas no f
inal, se
u co
ração s
empre amole
cia apó
s dar um
a bela
bronca naqu
e
la sua f
ilha
“meni
na molec
a”, co
mo a c
hamava.
A mãe de Leila, como sempre, ficou bem quieta para que seu
pai não desconfi
asse de nenhuma “arte”.
Depois
do s
ufoco, L
eila ficou
aliviad
a e feli
z por
ter passad
o
uma tard
e maravi
lhosa,
uma avent
ura in
esqu
ecível e a m
ais
dive
rtida d
e sua i
nfânci
a!
Em rel
ação à
n
arrat
iva d
a prof
essor
a Leil
a, obse
rva
-
se
que
além da ca
pacida
de de criaçã
o desenvolvida
a par
tir das memór
ias
de infância
, o co
nteúdo a
presenta
o que é m
ais
sig
nificativ
o para
uma cri
ança:
como o brinc
ar, os
medos
, a rela
ção c
om os pa
is e
amigos.
A profes
sora
Leila opt
ou pela
h
istória
sob o t
ítulo
“Um
a
hist
ória e
ncren
cada” p
ara el
aborar
o seu l
ivro
ilustra
do. Em suas
ilustra
ções
trouxe conte
údos estu
dados
na f
ormaçã
o como a
técnica
310
de pintura a dedo,
recor
te e cola
gem, a
re
presen
taçã
o do tempo na
imagem
por meio da u
m relóg
io
e noç
ões de f
igur
a e fu
ndo. Iss
o
pode ser ob
ser
vado na
s fig
uras
a
seguir
:
Figura 6
4
:
Capa
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura
65: D
edicatór
ia
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
311
Figura 6
6
: Final
da aula
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 6
7: O
morro
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 6
8: Br
incar
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
312
Figura 69
: Final f
eliz
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Todas as n
arrati
vas cr
iadas
a parti
r das me
móri
as de infân
cia
levar
am as
profess
oras
a refletire
m sobr
e a
impor
tância d
as vivê
ncias
,
sobre as m
arcas surgid
as nesse
períod
o, possib
ilitando
-
lhes des
per
tar
a consc
iência
sobre a
impor
tância d
e seu pa
pel na
escola
. Iss
o foi
express
o no rela
to da pr
ofes
sora
Lene:
Lene: Aí eu pensei, pensei e... co
mecei, voltei na minha infânci
a
e pensei assim, no que eu brincava e tudo mais e, construí uma
história
em cima
da min
ha infâ
ncia e fico
u uma hist
ória
maravilh
osa!
Com iss
o, e
u perce
bi o
qua
nto a
infân
cia é
impor
tante
pa
ra
gente.
Tudo iss
o que eu viv
i, foi pr
ecis
o eu volta
r pa
ra minh
a infâ
ncia,
para
constr
uir uma
hist
ória e
, nã
o em outra
época
.
Aí eu ti
ro disso que, a gente não
pode dei
xar passar de qualquer
jeito o tempo que a gente fica em sala de aula com as nossas
crianças...
Essa a
tividade foi r
ealizada
de forma tra
nquila pelas
profe
ssoras. A
legaram ser
mais fá
cil escrev
er a
partir
de sua
s
313
vivên
cias, de
suas
memória
s de
infância; fato
confirmad
o na f
ala da
profess
ora L
ene
:
Lene: Ac
hei t
ranquilo
quando e
u me
remeti à i
nfânci
a e a
dif
iculd
ade foi at
é achar a hi
stóri
a, poi
s estav
a querend
o relat
ar
uma hi
stória rec
ente
, mas qu
ando “voltei
” à inf
ância, não
senti
dificulda
de.
A partir
do desafio de es
crev
er, utilizan
do as mem
órias
de
infân
cia,
a profess
ora Len
e escre
veu sua n
arrati
va com
facilidade
e o
mais importa
nte:
co
m essa
proposta
, ela pôd
e rele
mbr
ar moment
os
felizes de
quando
era cr
iança e s
entiu pra
zer em re
gistr
ar um des
ses
momentos
.
A seguir, o
regi
stro de
sua narrativa
sob
re
um fato d
a
infância:
Lene:
Título
-
“Duvido
! ”
Era um
di
a lindo!
Ensolarad
o, bem
con
vidativ
o a bri
ncadei
ras.
Lene e su
a ami
ga Rebe
ca est
avam
brincand
o no qu
intal, no
períod
o da tarde
.
A mãe d
e Lene es
tav
a traba
lhand
o na ho
rta qu
ando
reso
lveu
corta
r um pé de
pimen
ta, pe
dind
o ajuda à
s men
inas,
para
colhê
-
las, mas alert
ou:
–
V
ocês
não c
oloque
m as
mãos
nos ol
hos, n
em na
bo
ca, pois
essa pimenta é muito ar
dida!
F
azer esse servi
ço só co
ntribui
ria para a br
incad
eira de
faz d
e
conta:
o brin
car de
casin
ha (
de cozin
har
), p
ois esta
vam no
auge
da brinc
adeir
a.
Após co
lherem as pimentas, Rebeca, bem im
ponente disse:
–
Eu
como essa pimenta!
Lene disse espantada:
-
Imagina! C
ome na
da! Minh
a mãe diss
e que é mui
to ardida,
você não o
uviu?
314
Rebeca insisti
u:
–
Eu como si
m! Eu cons
igo!
Duvidan
do de s
ua imp
onênc
ia,
Lene
a desa
fiou:
–
Então c
ome!
-
Eu duvid
o!
Mais do que depr
essa, Rebeca deu uma mordida na pimenta
que
acabara de c
olher e,
imed
iatam
ente sai
u cor
rendo
, gri
tando
e saltitando para a casa dela, sem que desse tempo
da mãe de
Lene
tomar o c
onhe
cimen
to e soc
orrê
-
la.
Lene ficou estática...
E co
nstatou
que a su
a mãe t
inha raz
ão, a p
ime
nta era ar
dida de
verdade!
Ess
a história f
oi escol
hida
pela prof
essora
Lene par
a ser
transfor
mada em um liv
ro ilustr
ado
.
A professora utilizou
a
s
t
écn
i
ca
s
de pintura a dedo e dese
nho
em suas ilust
rações.
Fez uso das c
ores,
das linha
s e da
s textur
as como rec
urso d
e expr
essã
o, confor
me as
figuras a
seguir
:
Figura 7
0
: D
uvido
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
315
Figura 72
: Piment
as
Fonte: ace
rvo da
pe
squisad
ora
Figura 7
2:
Br
i
n
cadeira
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 7
3: Mãe
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
316
Figura 7
4
: O de
safio
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 75
: Piment
a é ardida
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Sua pr
oduçã
o ganhou sen
tido e t
ornou
-
se i
mportan
te para
ela, pois a
o transforma
r sua his
tória em um livr
o ilustra
do, depois
em um vídeo,
compar
tilh
ou
com sua am
iga “R
ebe
ca”
a per
sonagem
da história
que havia
comido a p
imenta
. A
mbas reviveram
momentos
felizes da
infânc
ia e essa
história f
oi compa
rtilhad
a
também co
m outras a
migas em r
edes soc
iais.
Ess
a produç
ão
ultra
pass
ou o âmbito
esco
lar
e contagi
ou a
vida d
a pr
ofessor
a Lene,
de sua
família
e de s
eus
amigos,
torna
ndo
-
se a
lgo de
gran
de
317
importânc
ia para
ela, contribu
indo par
a a for
mação de s
entidos
sobre a con
strução de
narrativas autorai
s.
Outra propos
ta foi
dada como opção à
s prof
essora
s:
a escrita
sobre u
m momento rel
e
vante de suas vivê
ncias em
que
tiv
eram
a
oportunida
de de experime
ntar
um novo c
onhecimen
to.
Essa prop
osta
intencionou
a elaborar
narrativa
s
co
m
a
estrut
ura apre
sen
tada po
r Fari
a (2016
), ou se
ja, nar
r
ativas d
efin
idas
como a expr
essão de mod
ificaç
õe
s de u
m est
ado inicia
l. A
s
professor
as dever
iam cria
r uma s
ituaçã
o inicial, apr
esentando u
m
estado de equil
íbrio
ou um problema
; em seguid
a
o
desenvolv
imento da
narrativa
, no qual s
e concentra
m
as te
ntativas
de soluç
ão do p
roblema
com ou s
em aju
da de p
essoa
s, por m
eio d
e
atos r
eais ou
da ordem d
o mar
avilhos
o e
, por fim,
o desenla
ce, qu
e
poderia ser
feli
z
—
com a solu
ção do
probl
ema
—
ou infeliz, em qu
e
o probl
ema não s
eria
res
olv
ido.
A profe
ssora Ana
escolheu uma
história d
e sua
infância,
envolv
endo
uma descobert
a,
a ap
ropr
iação d
e um
no
vo
conhecime
nto
:
o que era um “U
rutau”.
A segui
r,
o registro da
narrati
va criad
a pel
a pro
fesso
ra Ana:
Ana:
Títul
o “
A descoberta”
Um som assustador du
rante a noite... De onde vem? O que
será?
Houve
uma épo
ca em que e
u more
i numa
chác
ara
e, com o
pass
ar do temp
o, n
otei
que to
da noite e
u ouv
ia u
m ba
rulho
assus
tador q
ue par
ecia s
er de um
bich
o. Um can
to sof
rido,
meio
macab
ro! Eu me en
colhia
e tinh
a medo de d
ormir
, mas
o
barulho
pareci
a vir d
e long
e.
Certa no
it
e, saí p
ela port
a da
co
zinha e j
á est
ava na v
aranda
quan
do fui s
ur
pre
endid
a pe
lo te
rr
ível
can
to, mui
to al
to e,
desta
318
vez, pare
cia est
ar perto
... co
rri p
ara dentro
, tranqu
ei a po
rta e
jurei nunca mais sai
r lá fora, depois de escurecer.
Um dia
, ain
da nã
o hav
ia escur
ecid
o de tu
do, qua
ndo ol
hei pa
ra
uma ár
vore l
á na
rua, vi d
ois ol
hos ama
rel
os ace
sos. F
iquei
está
tica
!
Foi aí q
ue me
u irmão, s
urp
reso e
feliz,
me disse:
-
É um Urutau
! Esse pássaro se c
amufla e fica parecid
o com o
tronco
da ár
vore
, mas
quando a
noite
ce,
ele a
bre
os olh
os e, por
ser um
animal noturno
, consegu
e enxergar tu
do por duas
fendas que tem nos olhos. Este deve ser o animal que te assusta
a noite.
Fiquei e
ncan
tada
, pois
resol
vi o me
u pr
oble
ma e ain
da a
pren
di.
Resolvi então pesquisar e me apaixonei por esse pá
ssaro feio,
porém
encantado
r.
O Uruta
u fic
a al
i no tron
co po
r muito
temp
o, bo
ta e ch
oca os
ovos, cria seu f
ilhote na chuva e no sol sem sair do ni
nho. Seus
olhos
amarelos
fic
am acesos
durante a no
ite,
como duas
luze
s
e, sua boca é enorme.
O Uruta
u nã
o é m
uito b
oni
to e
par
ece s
er br
av
o. Se
u can
to é
real
mente
sofrido e
assus
tador
, p
or isso é
conh
ecid
o com
o ave
fantasm
a e tam
bém c
omo urut
ago, em alg
um
as regiõe
s.
Durante a pesquisa, lembrei
-
me d
a minha avó
, uma mu
lher
muito b
rav
a, que qua
ndo
me ouvia
chor
ar,
logo di
zia:
-
Êta bo
ca de
uruta
g
o!
Quand
o eu era c
riança,
não e
ntendia o p
orquê
dessa f
ala da
minha avó. Só hoje pu
de entender a
semelhança entre a mi
nha
boca, q
uando
cho
rava e a d
o Uru
tau
. Desco
bri t
ambém qu
e a
minha
avó er
a pior
do que eu
ima
ginav
a.
Na narrat
iva esc
rita p
ela p
rofe
ssora An
a, obse
rva
-
se a
apropria
ção dos cont
eúdos
, com a cr
iação de u
ma situaçã
o inicial,
o
desenvo
lvime
nto e o d
esenla
ce no e
nredo
.
319
A prof
essora A
na, ao i
ni
ciar a n
arrat
iva de
sua h
istó
ria,
despertou
no gru
po
de prof
essor
as a
curiosida
de por
saber
sobre o
“Urutau
”. A
ssim, pesquis
ara
m em imagens da
internet para
conhecê-
lo, ouvira
m o seu canto tris
te em vídeos
, confirmand
o o
relata
do por Ana
. Es
se momento d
e produçã
o de narr
ativa
s foi
também um mome
nto de muita pes
quisa e a
prendizagem par
a
todas
. E
ssa viv
ência foi v
ista pelas
profess
oras como pos
sível d
e ser
levad
a às crian
ças.
Ao observar o
conteúdo da n
arrativa da profe
ssora Ana, pude
constatar
também o qu
anto a cr
iança nece
ssita de acesso
ao
conhecim
ento
. Muitas vezes
el
a possui dúvida
s simples,
porém
caus
adoras
de inquiet
ações
, medos e sof
rimentos
pelo
desco
nheci
mento dos
fato
s e faz u
so
de sua i
magi
nação
para b
uscar
explica
ções fa
ntasios
as pa
ra o fenô
meno.
Para
melhor co
mpreend
er o med
o da cr
iança
e a i
nfluênc
ia
da ima
ginação n
esse pr
oces
so, rec
orro a Vi
gotsk
i
(2009), lembrando
a relação
en
tre a at
ivid
ade d
e im
aginação
e a re
alidad
e,
em que
o
caráte
r
emocional
se m
anifest
a
de forma
s difere
ntes.
As em
oções e
sentimentos
encar
nam
-
se
em imag
ens e a e
moção p
arec
e possuir
a
capaci
dade d
e sele
cionar
im
pressõ
es, idei
as e imagens,
dominand
o
-
nos
num d
eterminado
insta
nte. Qua
lquer sen
timento t
em uma
expressão e
xtern
a, corporal;
e
uma interna. Po
r exemplo,
o
sentimen
to de med
o se expres
sa inter
namen
te
e
externamente
pela
palidez,
tremor e a
lteraçã
o na res
piraçã
o.
T
odas a
s formas
de imaginaçã
o criativ
a contêm
em si
elemen
t
os afetiv
os. Isso p
ode ser ver
ific
ado qua
ndo
, por exe
mpl
o,
uma cria
nça ou u
m adul
to entra
em seu
quarto
e ilus
oriame
nte
percebe u
m ves
tido pe
ndu
rado como s
e fos
se algu
ém est
ranho q
ue
320
ent
rou na casa.
A imag
em c
riada pe
la fan
tasia d
a pesso
a é i
rreal,
porém o m
edo e
o sus
to q
ue viv
encia
são ver
dadeir
os e r
eais pa
ra ela
(VIGOTSKI, 2009).
É essa lei psico
lógica que pode nos explicar por que
as obras
de art
e, cri
adas pe
la fa
nt
asia de
seus au
tores
,
exercem uma ação bastante forte em nós.
As paixões e os destino
s dos heróis inventados, sua
alegria e
des
graça pe
rtur
bam
-
nos, inquie
tam
-
nos e
contagia
m
-
nos, apesar de estarmos di
ante de
acontecimentos inverídico
s, de invenções da
fantasi
a. (VIG
OTSKI
, 2009, p.
28)
Desse mod
o, podem
os co
mpree
nder os noss
os sen
timent
os
,
emoções
;
as inqu
ietaçõ
es sur
gidas ao ler
mos um liv
ro ou a
o
assis
tirmos um film
e, uma
peça d
e teatro,
mesm
o sabendo
tratar
-
se
de uma invençã
o da fanta
sia. E
sse conhecim
ento ta
mbém contrib
ui
para u
ma melhor co
mpree
nsão do co
mportamen
to da
criança
diante
da pro
feri
ção
de a
lgum
as hi
stóri
as; os seus m
edos
e a impor
tância de
ajudá
-
la na supera
ção deles
com amor
osida
de p
ois,
“somente u
ma
atençã
o amorosa
mente i
nteress
ada
, pode dese
nvolv
er uma
força
muito inte
ns
a para abr
aç
ar e man
te
r a dive
rsidad
e c
onc
reta do
existir, s
e
m empobrecê-
la
e sem esqu
ematizá
-
la
”
(BAKHTIN, 2017,
p.
128).
A profe
ssora Ana e
scolh
eu
a hist
óri
a: “A desc
oberta”
p
ara
elaborar o
seu livro ilust
rado. Para a reali
zação de suas ilustraçõ
es,
utiliz
ou a téc
nica de
pint
ura
a dedo,
desenh
o, rec
orte
e cola
gem.
Observa
-
se e
m suas il
ustrações
a escolha
de c
ores d
e forma
intenciona
l para
a represen
tação
das pai
sagen
s notur
nas; uso
de
textura, n
a represent
ação de árvores, g
ramas; noç
ões de f
igura
e
321
fundo, de escala
na representa
ção os
persona
gens, o qu
e pode se
r
verificad
o nas fig
uras a
seguir
:
Figura 7
6
: A
descoberta
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 77
: No sítio
Fonte:
ac
ervo da pesq
uisadora
Figura 7
8: U
m som estr
anho
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
322
Figura 7
9
: Ol
hos am
arel
os
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 80
: A pesquisa
Fonte: ace
rvo da pe
squis
adora
Figura 8
1
:
A avó
Fonte: ace
rvo da
pe
squisad
ora
323
Figura 8
2: Fim
Fonte: acer
vo da pesq
uisadora
A profes
sora
Keli, em rel
açã
o
à
proposta
acima, escolhe
u
uma história
mais r
ecente de sua
s vivência
s
quando
obteve o
esclarec
imento de uma dú
vida
exis
tente desde a
sua infância
:
a
diferença
entre o ov
o que é c
onsumido e o ov
o destinado ao
nascimen
to de pint
inhos.
A seguir,
o regi
stro da n
arrativ
a criada p
or
ela:
Keli:
Título “
Qual a diferença
entre o ovo que comemos e o
ovo que v
ira
pin
tin
ho?
”
Qual a diferença entre o
ovo de co
mer e o ovo que vi
rava
pintinh
o? .
... Es
sa d
úvida se
mpr
e cam
inho
u com a
Ana
,
guarda
da
por v
ergon
ha de n
ão sab
er ta
l conhecime
nto,
até que
mais ou
meno
s há 3 anos
, ela foi
conv
idad
a para passar o
feri
ado
do dia dos prof
essores na chácara de sua amiga Janete.
O dia e
stava enso
larado, u
m azu
l no céu co
mo ela nu
nca viu
.
Foram p
ara a chácara be
m ced
inho, Ana e
seus f
ilho
s
-
Gabriel
e Amand
a.
A casa
da chác
ara
era bem
simple
s, com
um qu
arto, u
m
ban
heiro e
uma coz
inha
aber
ta, on
de fica
ram co
zinha
ndo e
vendo a
s cria
nças b
rincar
em. Tomar
am caf
é da ma
nhã
, que foi
pão c
om mort
adela, caf
é e bolo
.
324
No decor
rer
do temp
o, al
moçar
am e
,
após o a
lmoço
,
prepararam
a pi
sci
na para nad
ar e, e
nquant
o a pi
sci
na enchi
a,
foram andar por entre
as árvores e co
nhecer a chácara, q
ue é
bem arbor
izad
a, t
e
m árvores frut
íferas e não frutíferas.
De repente, as galinhas começaram a ciscar próxim
o delas, as
crian
ças jog
ava
m milh
o e e
las
vinha
m comer
, fo
i ness
e
momen
to que An
a l
embrou de
uma
dúvida
, que tinha
desde
crianç
a: “Com
o as pe
ssoas s
abi
am qu
al o o
vo era p
ara co
mer e
qual v
irava pi
nti
nho
?”
E Ana fez essa pergu
nta para sua amiga Janete e
ela logo
respondeu:
-
O ovo q
ue na
sce pin
tinho é g
al
ado!
-
Galado? O que é isso? Perguntou
Ana.
A Janete respondeu:
-
O ovo qu
e a ga
linha ch
oca é
aq
uele q
ue res
ultou
do
namoro
do galo c
om a gal
inha
. Todas as
galinh
as têm um p
eríod
o de
botar o
vos,
mas aqu
ele ov
o qu
e ela “ch
oca” é g
alado
, o o
vo qu
e
vira p
intinh
o.
Então, desde aquele di
a, a Ana nunca mais esqueceu
desse
aprendizado, nem seus filhos, que sempre lembram dessa
história
quan
do v
ão à
chác
ara
. É um
conhe
cimen
to p
ara
a vida
inteira
.
Na narrat
iva
anterior
, da profes
sora
Keli, é pos
sível
co
nstat
ar
a possib
ilidade de as
dúvidas exis
tentes no pensa
mento de uma
crian
ça perd
urarem
até a f
ase ad
ulta,
seja
por vergonha ou timid
ez,
impedind
o
-
a de faze
r pergun
tas e obte
r as resp
ostas para sua
s
inquietaç
ões.
Nesse se
ntido, é imp
ortan
te par
a o prof
essor,
no exercíc
io de
sua pr
ofissão e em qualqu
er segmento, ter
uma atitu
de de escuta
em
relaçã
o ao edu
cando cr
iança ou adu
lto, per
mitind
o
-
lhe fa
zer
questiona
mentos, expr
essar pensamen
tos e ideia
s.
325
Com isso, temos mais uma constatação do resultado das
práticas da esc
ola trad
icional re
fletidas n
a fase a
dul
ta.
Se
a relaç
ã
o e
ntr
e
o professor e a crian
ça é marcada pel
o autoritari
smo
, ela sentirá medo
de fazer perguntas e, como no caso da professora Keli, o sentimento de
medo e vergonha em rea
lizar
pergu
ntas p
oderá p
erdurar
até a
fase
adul
ta
. E
la só conseguiu es
clarecer a su
a dúvida com a
ajuda do outr
o
e pela existência de uma relaç
ão de confiança e amizade.
Esse fato conduz a alguns questionamentos: será que nós,
professores, permitimos que as crianças façam perg
untas? Damos
o
direito
de voz
a elas
? Nun
ca é de
mais le
mbrar
que
nossas práticas de
hoje com
as cri
anças
se
refletirão no futuro adu
lto.
A objetivaç
ão dessa h
istór
ia foi
de grande
significa
do para
professora
Keli, despertand
o
nela o
desejo de t
ransformar a sua
história
em um liv
ro ilust
rado
para
ser compart
ilhado c
om as
crianç
as e com
suas amigas professoras.
Na ilust
ração da n
arrativa “
Qu
al a diferenç
a
entr
e o ovo que
comemos
e o ovo qu
e vira pin
tinh
o?”,
ela
utilizou o
desenho para realizar as
ilustrações e recursos d
e representação,
expressando suas ideias e, ao mesmo tempo, criou soluções para
representar a forma figurativa, em especial,
a forma da figura h
umana.
Conforme as f
iguras a
segu
ir:
Figura 8
3
:
Qual
a diferença
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
326
Figura 8
4: O ovo
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 8
5: A pe
rgunta
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 8
6
: S
ítio
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
327
Figura 87
: Café
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figu
ra 8
8
: Árvores
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 8
9:
Gal
inhas
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
328
Figura 9
0: A dúvida
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura
91
: Dif
erenç
a
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 9
2: Pi
ntinho
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
329
Figura 9
3: O
vo frito
Fonte: A
cervo da
pe
squisad
ora
Ao prop
or às
profess
oras
a escr
ita de
fatos
mar
cantes
de sua
s
vidas,
com a aquisiç
ão de um novo conhec
imento, os
objetivo
s
iniciais f
oram: r
etomar o
c
ont
eúdo es
tudad
o na forma
ção,
estrutura
de
uma
narrati
va, desen
volvimento
da imaginação
e
a
escrita autor
al.
Porém, a
o ler o co
nteú
do da
s nar
rativ
as, foi pos
sível ver
o qua
nto
uma escrita p
ode se
r expressiva
quando é oportunizad
a
à p
esso
a a
express
ão de s
eus pensa
mentos
e senti
mentos
.
Segundo Andruetto (2012, p.
54) “U
ma narr
ativa é
uma
viagem qu
e nos r
emete ao ter
rit
ório de ou
tro ou
de outros
, uma
maneira, en
tão, de
expand
ir os limites
de nos
sa exper
iência,
tendo
acess
o a um f
ragmento d
e mu
ndo que nã
o é noss
o”
.
Por meio des
sas na
rra
tivas tive a
oportunida
de de conhec
er
um pouco d
o outr
o, do
sentime
nto de
cada um
a delas, su
as al
egr
ias,
suas amarg
uras, se
us pen
sament
os, suas vi
vênci
as. Esse diálo
go foi
um exerc
ício de s
e pôr n
o lu
gar do ou
tro,
gerand
o a
sensibiliza
ção
no grupo, m
elhor c
ompre
ensã
o das a
titudes d
e cada
uma, o res
peito
pelas difer
enças
e o noss
o desenvo
lvime
nto
.
330
Além d
isso, o
bserv
o
ne
ssa
proposta
a
utiliza
ção de f
atos de
suas vi
vênc
ias na e
labo
ração
das
narrativas de forma
tranquila
. Isso
reforç
a a impor
tância
do reper
tório
para a
atividad
e cri
adora.
Em um ou
tro encontr
o, as profess
oras
foram c
onvidad
as a
criarem
,
a parti
r de
personagens qu
e
elas dev
eriam inv
entar,
utilizand
o o
s
tema
s
“linhas”,
“form
as” ou
“co
res”. A
i
deia d
e pro
por
esses
temas s
urgiu a
pós o estu
do sobr
e o conteúd
o da sintaxe vis
ual,
os
elem
entos das arte
s visuais. A
l
guns
desses elem
ent
os
p
ossue
m uma
diversida
de de tipos,
como
exem
plo
a linha
, que
pode ser: reta
,
curva, ondulada, grossa, fina, quebrada,
espiral
ada etc.
Devido a ess
a
diversida
de, vi a pos
sibilidad
e de transfor
má
-
los em p
ers
onagens
de
histórias
, desenvolv
endo
,
assim, a imag
inação
das pro
fess
oras.
Além disso
,
devido a
o des
afi
o de da
r vida
a per
sona
gens
não
existentes
,
escrever a par
tir de um personagem ima
ginário
contribuiria
para
o desenvolvime
nto da ativ
idade c
riador
a
. O fato
de as pr
ofessor
as ex
press
arem algum
as preoc
upaç
ões e med
os s
obre
a propost
a de ilustrar uma narrativa
também refor
çou es
sa opçã
o.
C
om a amp
liaç
ão do c
onhecim
ento sob
re l
inha
s, form
as e cor
es,
a
proposta de
ilust
r
ação po
r meio
desses
eleme
ntos
seria a
lgo viá
vel,
poi
s estari
a atuan
do n
a ZDP
e
não
par
a
além das possibilida
des das
profe
ssoras.
Dessa
forma
, pensando
em
colabo
rar nas
atividade
s
de
ilustra
ção, procu
rei tr
azer a
histór
ia de a
lguns il
ustr
adores,
suas
produções e t
écnica
s utili
zadas
na realiza
ç
ão das il
ustraçõe
s. Três
obras,
em especia
l
fora
m revistas
, pois
os i
lustradores
utiliza
m
elemen
tos das
artes
visuais c
omo a linha e a
forma, a
presenta
ndo a
possibilida
de de
expressã
o de ide
ias por m
eio do
uso de
poucos
elementos d
a linguage
m visua
l, conforme
a
intencionalida
d
e de c
ada
331
um
. As obra
s revis
tas fora
m: “A pa
rte que me f
alta”
,
de
Shel
Silverstein (2018); “A linha”
,
de Cláu
dia Rueda (2018);
“Psssssss
ssssssiu!
”
,
de Silvana Tava
no e Daniel Kondo (2012). Nessa
propost
a de ativid
ade,
o objetivo
específ
ico
foi o
de foca
r algun
s
elemen
tos das
artes
visu
ais com
o as linhas e as fo
rmas,
já
que ele
s
estão em ev
idência nas r
eferida
s obra
s.
É importa
nte escla
recer
que a a
presenta
ção de u
ma forma
menos comp
lexa de
ilustr
açã
o não signific
a a imp
osiçã
o de limit
es
ou a va
lorizaçã
o de ape
nas um tip
o de pr
opost
a visu
al. Pelo
contrár
io, é funda
men
tal à c
riança
ter ac
esso a dif
erentes rec
ursos
visuai
s, a obras de i
lustradore
s conceituado
s, a produções cul
turais
mais e
labor
adas e,
assim,
o
bter a amplia
ção do repert
ório e da
s
condiç
ões de r
e
aliza
r escol
has int
encionais
para melhor expressar
-
se
.
Desse mod
o, apres
ent
o a
s
eguir
a
história cr
iada pela
profess
ora
Lis
, a partir da
proposta
do u
so de
elem
entos da
s ar
tes
visais n
a criaç
ão de n
arrati
vas:
Lis: Título
“Linhas am
igas.
..
”
Certa m
anhã enso
larada e qu
ente
, a dona li
nha O
ndulad
a
acor
dou preguiçosa e foi passear no par
que.
T
amanha era su
a di
straç
ão que ne
m perc
ebeu um
a outra
“lin
ha
”,
muito mal
-
humor
ad
a, que e
ra con
hec
ida c
omo
“
senhora Q
ue
brada
”.
–
N
ossa q
ue brav
eza!
Diz
iam as out
ras linh
as.
As demais linhas nem se atrevi
am em cumprimentá
-
la.
P
or di
stração da li
nha O
ndulada, t
rom
bou com a lin
ha
Quebrad
a e, ouv
iu log
o um res
mung
o:
–
Rmm,
olha
por onde
pass
a!
A linha o
ndulad
a não per
deu a chanc
e de r
espo
nder:
–
Bom dia senhora Quebrada, percebo que a senhora está bem
elegante hoje! Como consegue ter tanto
charme?
332
Desconcertada, a senhora Q
uebrada ficou sem jei
to e, pela
primeir
a vez,
respond
eu co
m gen
tileza
:
–
Não fiz nada,
acordei
mais di
sposta
.
Bem, ne
m precis
o dizer
que
come
çou u
ma con
vers
a be
m
curiosa entre as du
as.
F
ic
aram ami
gas e to
das as m
anhãs se enc
ont
ravam
no par
que
para conversarem.
Com o te
mpo,
todos f
ora
m n
otando
mudan
ças n
a l
inha
Quebrada, seus t
raços já não eram tão ríspidos, foram se
ondu
lando e
as du
as amigas j
á se par
eciam
tanto
!
A senhora
“Qu
ebrada/ O
ndulad
a”, co
meçou
a conv
ersar mai
s
com as outras linhas, sorriu m
ais e fez novas amizades.
As lin
has
mudam tod
os os dia
s,
se es
colhe
m a mudan
ça.
O livr
e arb
ítrio pode se
r uma
linh
a ond
ulada
ou uma lin
ha
que
brada.
A prof
essora L
is e
scol
heu
essa narr
ati
va par
a
elabora
r o li
vro
ilustra
do e utilizou o dese
nho com lápis
de cor e giz de cera em s
uas
ilustr
ações.
A repres
enta
çã
o dos p
ersonage
ns, em
for
ma de
linhas
,
não ger
ou gr
andes dif
iculdades
à profes
sora
, pois
se s
entiu
segu
ra
para r
ealizar a a
tividade propos
ta. Sua
s ilustr
ações podem s
er
observadas nas fi
guras aba
ixo.
Figura 9
4:
Capa
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
333
Figura 9
5: E
ra uma vez
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 96
: Linhas
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 9
7: D
istração
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
334
Figura 9
8: O e
ncontro
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura
9
9:
Diálogo inici
al
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 10
0: Diál
ogo
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
335
Figura 1
01: Mudanç
a
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 10
2: Amizade
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
0
3: Mais ami
g
os
Fonte: A
cervo da
pe
squisad
ora
336
Figura 1
04: Form
a
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Abaix
o segue
outra produção com
a mesma pr
oposta de
criação
e
element
os das artes visuai
s
como a ‘linha’, pr
oduzido pela
profess
ora Sa
ra s
ob o
títul
o “
Uma cid
ade dif
eren
te”:
Sara: Tí
tu
lo “Uma ci
dade
diferente
”
Era uma vez um
a cidade muito alegre e cheia de vid
a, seus
moradores eram linhas das m
ais diferentes fo
rmas e era
exatamente essa a beleza do lugar.
Eu so
u uma
Es
pira
l m
uito
div
erti
da e
mal
uqui
nha
e as
sim
também e
ram me
us a
migos ma
is p
róxim
os.
Na esco
la ond
e passávam
os a maio
r part
e do di
a, as linhas
Retas
se destacavam entre as demais, pois eram mais objetivas em
tudo o que
fazia
m, en
quant
o as outr
as for
mas a
ssim c
omo eu,
acabavam s
e enro
lando,
indo
e voltand
o nos
pensam
entos at
é
chega
rem n
o me
smo resultado.
Nesta c
idade
tinha
um prefe
ito l
inha
Gross
a casa
do com uma
esposa linha Fina e ele
,
acostu
mado com a
diver
sidade
do se
u
povo, pr
omov
ia u
ma festa
gra
ndiosa
, onde t
odos
poder
iam
mostrar suas habilidades e exaltar suas qu
alidades. Geralmente,
ao final das apresentações, surgiam am
izades e novos amores.
E eu
acabei m
e encan
tando
por um
a linha Cu
rva qu
e, ao ve
r
minha
forma e
spir
al
ada,
se apre
sentou a
mim na
for
ma de
337
coraç
ão, foi
amor à pri
meira ‘lin
ha’, est
ávamo
s apai
xonado
s um
pelo ou
tro.
Assim co
meçam
os a e
scre
ver a n
ossa pr
ópria
história
: indo e
voltando, enrolando e desenrolando, subi
ndo e descendo,
buscand
o cons
truir u
ma no
va linha das no
ssas vi
das.
Nas duas
pro
duçõ
es apre
sen
tadas aci
ma, da
s
profess
ora
s
Lis
e
Sara, o
bserva
-
se a cri
ação
de narrat
ivas
e de personagens
origi
nais
.
E
mbora a propos
ta tenha s
ido a mesma pa
ra
todas
, nenhuma
produção sai
u sequer pare
cida com
a outra
. Com iss
o, ratifica-
se a
importânc
ia da
a
propria
ção do c
onheci
mento sobr
e a temática, a
ampliaç
ão de re
pert
ório,
o acess
o às ob
ras
literár
ias
e entrar
em
ativi
dade.
A escut
a da f
ala
das pro
fesso
ras e
a o
rgan
ização i
nte
ncion
al
das a
ções também for
am funda
mentais nes
se proc
esso,
possi
bilitando condiç
ões pa
ra
produção de n
arrativas.
Ness
e process
o de i
lustr
açã
o vivencia
do p
elas pr
ofes
sora
s, a
produç
ão real
izada pel
a pr
ofessor
a Sa
ra levou
-
me a uma
reflex
ão
sobre o u
so do l
ápis
pret
o nas
ativida
des de d
esen
ho. É
comum,
no
ambient
e escola
r, o us
o do lápis p
reto apena
s como um
recurso que
permite
o apagame
nto de
su
as mar
cas
qu
ando ocor
re u
m err
o ou na
realiza
ção de u
m esb
oço d
e dese
nho a s
er col
orido
poster
iormen
te.
Porém, é impor
tante c
onceber o
lápis gr
afite como u
m recurs
o
expressiv
o na lingua
gem v
isua
l, pois muit
os artis
tas e ilus
tradores
o
utilizam
em suas
produções.
O profess
or, se s
upera
r
a concepção simpl
ista d
o uso do lápis
preto,
poderá
oportu
niza
r às
crianç
as o u
so dele c
omo rec
urso
artístic
o, explora
ndo os s
eus d
iversos to
ns, o
s ef
eito
s
de luz e sombra
etc.
338
Outra q
uest
ão a ser co
nsider
ada é a val
oriz
ação da
s e
scol
has
das crian
ças p
ara o
exe
rcíci
o da aut
ono
mia e
d
o dese
nv
olvimento d
a
autor
ia. É f
requent
e obs
ervar
nas es
colas
crian
ças dese
nh
arem com
o lápis preto e, a
o
demo
nstrar
em o desej
o de não
colorir, o pr
ofessor
não
permite tal opçã
o, obriga
ndo
-
as a segui
r o pad
rão
.
Segundo Rui de Oliv
eira,
(2008), é impor
tante opor
tunizar
às cr
ianças a opç
ão de ilus
trar em pr
eto e branc
o, por oferecer
muita
s
possibilida
des e,
[...] at
é me
smo d
e ances
tralid
ade na hi
stó
ria da i
lust
ração,
tão
impor
tante
quanto a ilu
straç
ão em cores
. Talvez
até pelo
graf
ismo e c
ontra
grafis
mo, ou s
eja
, o pr
eto e o br
anco do p
apel
que o ilustrador tem
diante de si, sua aparente exiguid
ade de
recursos
aprese
nta u
ma dif
icul
dade
de res
oluçã
o m
uito ma
is
compl
exa do que
quan
do o a
rtis
ta disp
õe da pos
sib
ilida
de da
cor. (O
LIVEI
RA, 2008, p
. 51)
Dessa
forma
, a prof
essora
Sar
a optou em
faz
er su
as
ilustra
ções com o lá
pis graf
ite e a
narrativa e
scolh
ida foi
“Uma ci
dade
diferente”, conforme as figuras a
segu
ir
.
Figura 10
5: Uma cidade
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
339
Figura 10
6: Agrade
cimento
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 10
7: A cidade
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
08
: Linhas
diferentes
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
340
Figura 10
9: Linha esp
iral
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
10
:
Med
alhas
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
11: Fe
sta
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
341
Figura 1
12
: Amores
Fonte: A
cervo da
pe
squisad
ora
Figura 11
3: Coração
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
N
esse pr
ocesso d
e produ
ção de narra
tivas
e ilustra
ções
,
as
prof
essoras d
estac
aram a im
port
ânci
a das
boas r
efer
ências.
Isso f
oi
express
o no rela
to da pr
ofes
sora
Lene:
Lene
: E, uma
cois
a que
eu
não tin
ha n
em pe
nsa
do, que
desenhar só com linhas é possível, é uma outra opção para a
gente ter o poder de escolha, a gente tem
que ter várias
referências, porque senão, quando a pesso
a não tem boas
342
referências, ela acha que é inca
paz, [...] quando você t
em boas
referências, você pode escolher.
É important
e lembrar
que a
ntes de pr
opor
a
atividade
de
elaboraç
ão de um livr
o ilustra
do,
apres
entei uma s
equência d
e
trabalh
o co
m a pint
ura a ded
o, ampl
iando
as opções de
té
cnicas ao
ato de ilustr
ar. O proces
so cr
iador de a
lguns ar
tistas e ilu
strador
es
também foi a
presen
tado,
desmistif
ican
do o proces
so e a
concepçã
o
de “do
m”.
No primeir
o momen
to,
foi s
olicitada
às professo
ras
a leit
ura
sobre algu
mas prá
ticas de
artis
tas e rela
tos de ilu
str
adores, c
om a
intençã
o de conhec
er o proc
esso de c
riaçã
o e o trab
alho de pesqu
isa
de image
ns, de cená
rios,
de obj
etos, de est
udos
;
a elabo
ração de
projetos
e esboç
os p
or pa
rte del
es
. Após essa ob
servação,
as
professor
as fora
m convida
das a
elabora
r um proj
eto de ilustr
ação e
compartil
har com o gr
upo
para obte
r
contribuiçõe
s. Fora
m
propostas
escol
ha
s das
téc
nicas a
serem u
tilizada
s
no projeto
, a
par
tir
das quai
s
constatei a ampliaçã
o das opções
na realiza
ção das
ilustra
ções, em es
pecia
l, a téc
nica de
pintur
a a
dedo, pois
três
pro
fessora
s optar
am por el
a
em seu
s proj
etos.
Ao ob
servar as i
lustraç
ões apre
sen
tadas aci
ma
pude c
onstata
r
ava
nços nas
produç
ões em rela
ção a
o início da fo
rma
ção, pois
as
profess
oras
descon
heciam
os co
nteúdos
da l
inguag
em visu
al e
se
sentiam i
ncapa
zes de se ex
press
arem por
meio de ima
gens. A
lém
disso,
percebi u
m cuida
do em evitar
os desenhos
est
ereotipados,
princi
pal
mente
no desen
ho de á
rvor
es.
A partir
da aval
iaç
ão e d
as anál
ises
de tai
s pro
duçõ
es
,
vejo
outras
possibilida
des de continuid
ade dess
a form
ação
, por exemplo
:
a
ampliaçã
o dos est
udos
s
obre a lin
guagem
vis
ual,
o aprofunda
-
343
mento d
o con
hecimen
to
sobre os
seus ele
mentos cons
titutivos
,
o
estudo da
s p
ossibil
idades
d
e expr
essã
o corpora
l e fa
cial no des
enho
da fig
ura hum
ana,
o conheciment
o sobre ou
tras
técnica
s;
o desen
ho
com dif
erentes
meios c
omo o ca
rvã
o, o giz cer
a,
o lápis d
e cor;
o
conhecim
ento s
obre pr
oced
imentos d
e produ
ção d
e efeit
os d
e lu
z e
sombra, de
profundidad
e, entr
e
outras pos
sibili
d
ades par
a a
expre
ssão
, assim, melhor
ar a
s condições d
e trabalho co
m e
sses
conteúdos com as crianças.
No rela
to da
profess
ora
Lene, ab
aixo,
pod
emos c
onfirmar
esse fa
to, pois a
pós a a
propriaç
ão das
técnicas
, do conh
eciment
o
sobre os
autor
es e outros
conteú
dos, começ
ou a desenvolvê
-
los com
as crian
ças.
Lene: E, muitas vezes, nos est
udos, a gente viu
várias técnicas,
vários artistas. Ent
ão, isso começou a clarear para a gent
e né,
com a for
maçã
o se co
meça
a ter
, a pe
nsar e
m outras
possibilidades e a levar isso p
ara as crianças t
ambém, isso é
importa
nte!
As
produç
ões das
prof
essora
s, a
lém d
e signi
fic
arem
u
m
a
avalia
ção fina
l em relação à pesqu
isa, s
eriam ao mesmo tempo uma
avalia
ção inicia
l para u
m novo proj
eto de f
ormaç
ão, um
n
ov
o ponto
de partida
:
o nív
el r
eal das
profes
soras
. Ao s
e verific
ar neces
sidad
es
nos profes
sores
ou nas pr
ofes
sora
s, novos
encamin
hamentos
poder
ão
ser traç
ados p
ara aj
udá
-
los, atuando na
ZDP. L
embra
mos que vem
os
a ZDP
como um indicador de que uma
função está
em
desenvolv
imento
(VIGO
TSKII, 1988). O processo de e
nsino-
aprendiza
gem na
escol
a necess
ita ser
planej
ado, t
omando c
omo
ponto de partida o nível
de desenvolvi
mento
real, direcio
nando
-
o
344
para
estágios
de dese
nvolvi
mento a
inda não a
lcança
dos
, em bus
ca de
novas conquistas (MELLO, 2005)
A partir
das a
nálises re
aliza
das ness
e
item, é poss
ível
confi
rmar que
“En
tre a t
eor
ia e a at
ivid
ade pr
ática
tran
sform
adora
se insere u
m tr
abalho d
e ed
ucaç
ão das
consciênc
ias, d
e organ
izaçã
o
dos me
ios mat
eriais
e pla
nos c
oncretos
de a
ção;
tudo
isso c
omo pas
so
indisp
ensável
par
a desenv
olver ações
reais
efetiv
as”
(VÁZQUE
Z,
2011, p. 237).
3
.2
.
5
O
li
vro ilus
t
ra
do
e a educação
desenv
o
lv
ente na
Educação In
fant
il
Nest
e item
,
anali
sarei alg
umas ati
vidad
es re
lacio
nadas ao
traba
lho com o liv
ro il
ustra
do, realiza
das na
escola
antes d
o
isolamento s
ocial
,
e outra
s, na f
orma de ens
ino
remoto, c
om
registr
os fotogr
áficos
e v
ídeos env
iad
os pelas
família
s.
A EMEI
onde
ocorreu est
a pes
quisa
atende cr
iança
s de u
m
ano e oi
to meses a
cinc
o anos
, com tur
mas e
m p
eríodo
parcial e
integral.
A
s turmas
s
ão
montadas de forma
mista, com cr
ianças
frequenta
ndo o período inte
gral e cria
nças
em período pa
rcial.
Por
uma qu
estão de or
ganizaç
ão e
para
a viabilizaçã
o das anális
es, optei
por
selec
ionar pr
odu
ções de c
rianças
da faixa d
e 4 e 5 ano
s
das
turmas
do Infantil IV
e do Infa
ntil V.
Apenas
em uma a
tividade
houve a par
ticipa
ção de uma c
rian
ça de do
is
anos
d
a tu
rma do
Infanti
l II,
porque ela
e o ir
mão, da tu
rma do Infa
ntil V,
realiza
ram
a taref
a em con
junt
o. A minh
a opção
po
r
selecio
nar a
lguns r
egistr
os
em forma de víd
eo, para a anális
e, justif
ica
-
se pelo fa
to de possibili
tar
a obse
rvação da c
rianç
a em
ativi
dade
e suas fal
as.
345
A anális
e das a
tivid
ades real
izad
as pel
as crian
ças
intenci
ona
a
refletir sobr
e o
trab
alho com o
livro ilus
trado
como ativ
idad
e
prom
otora d
o de
senvol
vimen
to das cr
ianças d
a Educ
ação In
fant
il.
A ativida
de
“em s
ua for
ma desenv
olvida p
ode ser
defini
da
como
uma cad
eia de aç
ões arti
cu
ladas por u
m deter
minado mot
ivo
”
(PASQUALINI, 2016, p.
96). Conf
orme a a
utora
, a complex
idad
e
desse pr
ocesso a
inda
não está
presen
te na
condu
ta da c
riança
pequena.
Na infânc
ia in
icia
-
s
e a const
ituição da
a
tividade, co
m
possibilida
de de
se
c
omple
xific
ar e enriquecer,
constituind
o
-
se
meta
do proces
so do des
envolv
imento hu
mano. A
ssim, a
capacid
ade de
estabel
ecer fi
nalidad
es par
a suas ações
não su
rge natur
almente
na
crian
ça.
A conquista
dess
a capa
cidad
e depende es
senc
ialmen
te das
condiç
ões de ed
ucaç
ão propor
ciona
das a
ela.
Desse mod
o, é fu
ndame
ntal
que
o profess
or “a
o propor
determinad
a ativida
de peda
gógica,
constru
a com a c
ria
nç
a
final
idad
es para su
as ações
;
fi
nal
idade
s essas q
ue a cri
ança n
ão ape
nas
compreenda
,
mas sinta
-
se
inclina
da ou mot
ivada a
perseguir
, isto é,
que mobili
zem a cria
nça a
fetiva e c
ognitiva
ment
e
” (PASQ
UALINI,
2016, p.97).
Conforme
Leo
ntiev
(198
8, p. 78), o dese
nvolvimento das
funções psíqu
icas s
uperior
es e da a
tividade esta
belec
em uma r
elação
de dependênc
ia entre s
i. Uma distinçã
o apura
da entre tonalida
des
de cor, p
or exe
mplo,
“é fr
equent
emente
o resu
ltado
da exec
uçã
o de
uma ativ
idade tal
co
mo
o bor
dado,
mas es
sa dis
tinç
ão, por
sua
vez,
facil
ita um
a esco
lha m
ais apurada d
as co
res para o
b
ordado
, ist
o é,
torna p
ossív
el uma ex
ecução ainda
mais ap
rimorad
a dessa
ativi
dade”.
346
Com a apropr
iação do
s princíp
ios bás
icos da T
eoria
Históric
o
-
Cultural e
dos
conteú
dos espec
íficos
d
a arte lit
erária,
as
prof
essoras m
udaram
suas p
ráticas e
passaram
a organ
iz
ar suas açõe
s
de forma in
tenciona
l, visa
ndo à
prom
oção do d
esen
volvime
nto da
s
crian
ças, atu
ando
na ZD
P del
as. Des
sa mane
ira, o
livro
ilu
strado
e
o livro de
image
m passa
ram a fa
zer parte
dos pla
nos com fr
equência
.
Para
possibilitar
o acesso de todas
as cr
ianças ao livro
ilustra
do, as pr
ofessora
s digitali
zara
m os livros e tr
ans
formara
m as
imag
ens em
vídeo
s, en
viando
às crian
ças para
a reali
zação
de
recontos
.
A profes
sora
Keli, por exempl
o, após ter
apres
entad
o o livro
“Ida e V
olt
a” de J
uarez
Machado
, dial
ogan
do com as c
rianças
sobre
o observ
ado nas
ilustr
ações
, propôs u
ma
ativ
idade d
e leitura
de
imag
ens n
a
qual mostra
va
a ima
gem do livro;
cada crian
ça dev
eria
proferir u
ma cena, poss
ibilita
ndo a pa
rticipaçã
o de todos. Fic
ou
regist
rado
em
áudio a pro
feriç
ão das cri
anças.
O livro “
Id
a e Vol
ta
”
, segundo Spengler, (2010), foi o
primeiro liv
ro
de ima
gens f
eito pelo
escri
tor e
ilustrador brasilei
ro
Juare
z Mach
ado.
O
li
vro f
oi desenh
ado em 1969, publicado
nu
ma
coediçã
o Holanda
/Alema
n
ha e
depo
is na F
rança e
Itália
,
em
1975.
Apenas em 19
76 foi
publica
do no Bras
il. O l
ivro possu
i uma
dinâmica be
m interes
sant
e. Não apr
esenta
o persona
gem princ
ipal
da narr
ativa. Mos
tra apenas indíc
ios da pess
oa que circ
ula pelos
d
iversos
ambient
es e espa
ços,
envol
vendo
-
se
em dive
rsas sit
uações.
Durante a
narra
tiva, a
s imagens vã
o da
ndo pista
s, requis
itando
a
imag
inação
do leitor
, a r
ealizaç
ão de infer
ênci
as e conex
ões,
conduzindo
a
dive
rsas opções de expect
ativa. A narrativa pren
de a
347
atenção dos leitores, que esperam ansiosamente o final da história
pa
ra
descobrir quem
é a pessoa misteriosa.
Para dar
sequência
ao tra
balho, val
orizar a
partic
ipação das
crianças e dar sent
ido à ativ
idade, foi realiz
ado um vídeo com a
s
imagens do livro “I
da e Volta”,
no qual as v
ozes das c
rianças fora
m
inseridas, criando
um mater
ial coletivo do
grupo de c
rianças
do Infantil
V.
A leitura de imagens foi realizada
por 18 crianças. P
ara
preservar a identidade delas, os nomes são fict
íci
os. A profe
rição fo
i
transcr
ita
abaixo:
Rodrigo:
Ida
e Volta
-
Juarez Mac
hado
Letícia
: Um h
omem sa
iu d
o ban
ho e pôs
a roupa
e o sa
pato
Marcio
: Sentou
na c
adei
ra e tom
ou o c
afé
Elis
abeti:
Colocou
uma mús
ica e danç
ou
Ofelia
: O home
m peg
ou o cha
pé
u e saiu
Katia:
O home
m fech
ou a por
ta
e peg
ou uma ma
çã
Kely:
O home
m jog
ou a
maçã
no lix
o e um
cachor
ro
acompa
nh
ou jun
to
Ander
son
: O
cachor
ro pa
rou no
poste e fez xixi
Robert
a
: O cach
orro f
oi na ca
sin
ha
Gu
stav
o
: O h
omem c
ompr
ou u
ma flor
Edu
ar
do
: Entregou um
a flor pra u
ma senho
ra
Taísa: Ele encontrou um
a pessoa com sapatos pequenos
Mar
iana
: Era um home
m com
per
nas
de pau
Júlia
: Ele jo
gou bola e
que
brou o vi
dro
da janela
Lucas
: Ele enc
ontrou
uma lo
ja de bi
cic
leta e s
aiu and
ando c
om
ela
Patr
ícia
: Ele desceu de bicicleta e caiu
Érika
: O homem c
aiu da bicic
leta e s
ujou o
seu sapato
e o seu
pé de verde
Rafael: O ho
mem
volt
ou pra c
a
s
a e tomo
u ban
ho.
Todas:
Fim!
348
Com a leitura
realizada
pelas c
rianç
as
de cinco anos
, da
t
urma do I
nfant
il V, fi
ca evide
nte a im
portânc
ia do
traba
l
ho
desenvolv
ido pela
prof
essora
com o livro de image
ns, pois pode
-
se
observ
ar a
express
ão das c
riança
s por mei
o da l
ingua
gem; a
capaci
dade d
e capt
ar det
alh
es das i
lustraç
ões;
o uso d
a imag
inaç
ão,
possibili
tando a vis
ualiza
ção dos personagens
apenas
pelos indíci
os,
ou seja
, por me
io da
s
marcas de p
egad
as de cac
horro,
marcas d
e
sapatos
, de pés, de pneu de b
icicleta,
inferin
do s
obre
os persona
gens
e fatos
,
p
romov
endo o d
esenvolvi
mento d
o pens
ame
nto.
Uma outra
proposta de a
tivida
de foi apres
entada
às cri
anças
pela pr
ofess
ora Ana
. Ela utili
zou sua n
arrativ
a autoral
com o objetiv
o
de oportuni
zar a
vivência de u
m processo d
e ilustr
ação de liv
ro. Ela
fez algumas
adapta
ções em su
a história
sob o tí
tulo
“A de
scobe
rta”,
criada d
urant
e a for
mação
,
e p
ropôs
às crian
ças a re
aliz
ação das
ilustra
ções a pa
rtir do tex
to escrito.
Todas a
s cria
nças r
eceberam
vária
s folhas d
e papel ver
gê, conte
ndo
um
texto
impresso
para
, a
o
final do pr
ojeto, mo
ntare
m o livro ilu
strado.
Para a criaç
ão de
ilust
rações, a p
rofe
ssora An
a foi prof
erin
do
o texto d
e cada
página
e as c
riança
s dis
cutiam s
obre o
s desenh
os mais
viáv
eis par
a repres
entar o
conteú
do pr
oferid
o. Apó
s as
discu
ssões,
elas rea
lizaram a
s ilustr
ações. Aba
ixo
,
segue
m
alg
umas figu
ras par
a
exem
plifi
car a pro
dução
das crian
ças.
349
Figura 1
14
: A descobert
a
2
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 11
5: De
dicatória
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
16
: A
na
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
350
Figura 1
17: Á
rvores
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
18: Fanta
sma
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
19: Á
rvore se
ca
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
351
Figura 1
20
: Descobe
rt
a do Urutau
Fonte: A
cervo da
pe
squisad
ora
Figura 12
1: Olhos am
arelos
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
22
: O Urutau
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
352
Figura 1
23: A
avó
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Com essa
proposta,
as cria
nças tiv
eram a opor
tuni
dade de
conhecer
uma
produção autora
l da profess
ora Ana e
ilustrar sua
história,
c
ompr
een
dend
o
que
qualquer pes
soa
é
capaz de produzi
r
um livro ilus
trado.
Observei, n
os dese
nhos fe
itos pela
s cria
nças, o mes
mo fato
observado
n
as prod
uções d
as profe
ssoras:
a supera
ção do desenh
o
estereo
tipado d
e árv
ores. I
sso ref
orça a qu
estão de o prof
essor
oferecer
apena
s o qu
e el
e sa
be. Se fa
z des
enho d
e ár
vores d
e form
a
estereotipa
da, co
nsequent
emente
e
nsin
ará às cri
anças a faz
erem
do
mesmo jeito,
perpe
tuando a
história d
o ensino tr
adic
ional.
Em outra
proposta
, o
ví
deo do l
ivro de
imag
em “
Ida e
Volta”,
de Juar
ez
Machado,
já
citado
aci
ma, el
aborad
o
co
m a
gravação
das vo
zes
das crian
ças
,
foi
enviado como t
aref
a de leitur
a
no ensin
o remoto.
Para
essa
taref
a
foi solicita
do aos pa
is o envio d
e
um regis
tro das
crianç
as real
izando a a
tivida
de, pod
endo ser
em
forma d
e fotos
, vídeos,
des
enhos etc.
Um regis
tro dess
a ati
vida
de, em for
mato d
e víd
eo, fo
i
envi
ado po
r uma mãe
de um
a crian
ça da
turma do Infantil V. Nel
e
estão
presen
tes duas c
rianç
as reali
zando uma
leitura
em co
njunto.
A
353
mãe p
ropô
s a cada c
rian
ça a l
eit
ura de um
a ce
na;
u
ma de
cada
vez
.
Uma cria
nça era da
turma do Infa
ntil V, co
m cinco
anos de idad
e e
a outra e
ra a sua irm
ã, da t
urma d
o In
fanti
l II, com
dois ano
s. Seg
ue
abaixo
a transc
rição d
o víd
eo:
Enric
o
: Ida e V
olta d
e Juare
z Machado
Antonella
: O homem troco
u de
roupa
Antonella
: To
mou c
afé e...
Enric
o
: (É a m
inha
vez!) El
e ligou
o som e da
nç
ou
Antonella
: Colocou o cha
péu e
saiu
Enric
o
: Ele sai
u fora d
e casa e p
egou um
a maçã e
as folh
as
caíra
m. (Va
i!)
Antonella
: E o homem jog
ou no l
ixo a ma
çã e.
.. (V
ai!)
Enric
o
: O cach
orr
o encon
trou
um poste
fez x
ixi n
o poste
Antonella
: O cachorr
o foi na c
asa
Enric
o
: O home
m co
mprou
uma
flor
Antonella
: E
le de
u um
a flor p
ra ela
Enric
o
: Ele encontrou alguém que tinha sapatos pequenos, um
homem c
om per
nas
de pau.
(Vai!)
Antonella
: Ele jogou bola
no vi
dro e q
uebro
u o vid
ro
Enric
o
: Ele
encon
trou um
a loja d
e bici
clet
a e ele
saiu
com
a
bicicle
ta
Antonella
: E ele ca
iu e suj
ou o
pé
O víd
eo não
estava na í
nteg
ra, po
is a p
arte final ha
via sid
o
cort
ada. N
ão a
pareceu
a última cena, ma
s foi possív
el observa
r que
as duas
crianças conhecia
m a história
na íntegra. O ir
mão mais v
elho
atuou como o
parceir
o mais
desenvolv
ido, aj
udando a irmã a p
rest
ar
aten
ção
par
a reali
z
ar a prof
erição n
o seu m
oment
o
, lembrando-
a
so
bre a sua vez d
e ler, dizendo: “
É a minha v
ez!” Outra
s vezes
in
dicava a v
ez da irm
ã, dize
ndo
:
“Vai!
”. Agind
o d
esse mo
do, a ir
mã
354
também a
prendeu
a espe
rar
a sua
vez e começou
a agir como o
irmão, a
o lembr
á-
lo do mom
e
nto de sua
leitura,
dizendo:
“
Vai!”.
Na tr
anscr
ição des
se vídeo
e na
transcrição do vídeo an
terior,
o qual servi
u para
u
ma leitur
a coletiva
da turma
, é poss
ível observ
ar
,
durante a
ativida
de, a re
quisiçã
o das fu
nções psí
quica
s, pois as
crian
ças pre
staram at
enç
ão, ob
servaram
os det
alhes das im
agens
,
utilizand
o a percepçã
o visu
al;
expressaram
-
se por meio da li
ngua
-
gem, imagina
ram os pe
r
sona
gens ape
nas pelos
indíci
os
como
marcas
de pega
das,
inferind
o sobr
e os
pers
onagens
e aconteci
mentos
.
Também foi requ
isita
do
o autocontr
ole da cond
uta
quando
ca
da
criança
deveria es
perar a
sua vez para
realizar
a leitura. N
esse sentido
,
quando as
funções ps
íquicas sã
o requisita
das
em ativida
des que
faça
m sentido
, ela
s se des
envolv
em.
Com a cont
inuidade
do isola
mento s
ocial,
todas
as
ativid
ades passaram a
ser
rem
otas. A
s p
rofe
ssoras co
m
eçaram
a cri
ar
vídeos c
om as
imagens d
os liv
ros e i
nserir á
udios
com s
uas v
ozes,
realiz
ando a profer
ição das h
istó
rias. D
epois es
se m
ateri
al era
envi
ado às c
rianç
as
para
o reconto.
Um outro livro de image
m foi transforma
do em material
didát
ico
e enviado
às crian
ças: “O
gato
Viriat
o fazen
do arte
”
,
de
Roger Mello (2002).
Roger M
elo é bras
ileiro,
artista grá
fico e a
utor de liv
ros,
peças tea
trais e histór
ias em qua
drinhos. O l
ivro cita
do apres
enta um
gato desca
nsando tr
anquil
amente, qua
ndo uma
lagar
tixa joga
uma
boli
nha n
a cabeça d
ele. Ele
acord
a e
sa
i em pers
eguiçã
o à lagar
tixa
e
,
nessa d
inâm
ica, am
bos d
err
ubam tinta
s de cor
es d
iferent
es;
pis
am e
passa
m por uma tela em um c
avalete, d
eixando v
ários b
orrões
colorid
os e ma
rca
s de p
egada
s. Su
rge o d
ono da t
ela
, que a
pega
e
a
355
coloca d
ebaix
o do br
aço,
enqua
nto o
gato
e a laga
rt
ixa o obs
ervam
teme
ros
os. Porém,
ao final
, o qua
dro a
parece na
parede de u
ma sala,
decora
ndo o ambiente
,
e
tan
to
o
g
ato
como a l
agartixa ap
rese
ntam
uma ex
pressã
o orgulhos
a.
Na a
tividade
com o livro de ima
gem
“O gato Viria
to f
azendo
arte”,
foi solicita
da
às crian
ças a
leit
ura da narrativa
visual.
Por mei
o do retor
no dos r
egistros
das
crianç
as em a
tividad
e,
constatei
que a ma
ioria
rea
lizou a l
eitura s
em dif
iculdad
e. Em
um
dos regis
tros em v
ídeo env
iado pelos
pais
há
uma crianç
a explicando
o porquê do tí
tulo d
o livro
“O gato Vir
iato
fazendo arte
”.
No início do v
ídeo, a mã
e solicita a
o filho que c
onte à
profess
ora o
porqu
ê
de
o
livro te
r
tal nome. A crianç
a era da turma
do In
fanti
l V. Se
gue abaix
o a tran
scriç
ão da e
xpli
cação d
a crian
ça:
Mãe: Filho
, co
nta para a p
rofesso
ra
por q
ue
o liv
ro s
e cha
ma
“O ga
to Viria
to fazen
do a
rte”
Enric
o
: Porqu
e o gato e
stava corrend
o para pe
gar a laga
rtix
a e
sem qu
erer ele d
errubo
u a ti
nta numa t
ela branca e o
hom
em
veio
, o do
no d
a tela br
anca, e
o g
ato
correu
, ele vi
u a
tela
to
da
bagunç
ada e ach
ou um
a arte e c
olo
cou na par
ede da s
ala.
Mãe: E aq
uilo
era um
a obra d
e arte?
Enric
o
: Ele ach
ou!
Pai: E
ra uma p
intura?
Enric
o
: Por iss
o que s
e cha
ma “
o gato V
iriat
o fazen
do ar
te”.
Na fala de
Enri
co
,
observo
a co
mp
reensão
da narr
ativa visual
e também
a compr
eensão do títu
lo do livr
o, sintetiz
ando a histór
ia.
Quand
o a mãe
lhe pe
rgunta:
“E aquil
o é uma o
bra
de art
e?” Ele
respond
e
: “
Ele acho
u!
”,
de
monst
rand
o capac
idade
de an
álise
e
inferência
sobre o per
sona
gem, o dono da
tela. Es
se diá
logo da
356
criança
demonstra
a req
uisiçã
o de vária
s funçõ
es psíqu
icas n
essa
ativida
de com o livro i
lustr
ado, principa
lmente a
orga
nização d
o
pensamento
e da li
nguagem.
O
utro víd
eo, ta
mbém d
e
Enrico
, foi
envia
do à pr
ofe
ssor
a do
Infantil V,
pela mãe,
no q
ual ele fa
z uma ind
icaçã
o de um livro: “
O
Pequeno P
ríncip
e”
,
de
Antoine de Sa
int
-
Exupéry
aos seus ami
go
s da
escola.
A seleçã
o do víde
o para a
nálise ju
stifica
-
se
por apr
esentar
conteúd
o
s trabalh
ado
s pelas pr
ofes
soras
na f
ala da crian
ça,
especia
lmente s
obre a
lgun
s par
atextos
e, pelo d
esejo
da cr
iança em
fazer u
m vídeo pa
ra os a
migos, dem
onstra
ndo o gost
o de
senvol
vido
por li
vros.
O texto trans
crito segu
e abaixo:
Enric
o
: Oi pessoal
,
eu tenho
outro l
ivro pa
ra
vocês
Se chama O Pequeno Príncipe (passou
o dedo
sobre a escrita
do
título
)
Aqui
tem a c
apa e o tí
tulo
(mostrou
a capa)
Quem escreveu essa história foi ‘
Antoine
de Sain
t
Ex
upery
’
(apon
tou o de
do par
a o nome
do aut
or)
Quand
o a gent
e abre, t
em a fal
sa fo
lha de ro
sto
(most
ra a falsa
folha
de ros
to)
Depoi
s a fo
lha de ro
sto que
é bem li
nda! (m
ost
ra a folha d
e
rosto
que con
tém
uma ima
ge
m do Pe
quen
o Prín
cipe e
passarinhos)
Depois te
mos u
m monte de in
for
mações s
obre
o livr
o (mostr
a
outros paratextos)
E quan
do co
meça a
hist
ória, é
muito l
inda
(mos
tra o m
iolo
do
livro)
E quand
o a gente
fecha, (m
ostra a co
ntrac
apa) tem
a imagem
do livro qu
e estava na folha de rosto
(o peq
ueno pr
íncip
e com
os pass
arinho
s) E nó
s tem
os a cont
racapa (m
ost
ra a cont
racapa)
E eu rec
omend
o par
a le
r porque
é uma his
tória
mui
to linda
357
Quem escreveu é um homem que é da França, é francês
E ele é mui
to l
indo, e
u rec
omen
do para
ler
.
Enric
o
, de cinco a
nos de
ida
de, fez a
indica
ção de u
m livro
,
utilizand
o palavr
as
e
d
en
ominando vá
rios pa
ratextos
como
capa,
título, a
utor, fa
lsa folha
de rosto,
fol
ha
de rost
o e c
ontra
capa
de
form
a corre
ta. Esse
fato d
emon
stra a o
corrê
nci
a de mudan
ças nas
prática
s das pr
ofessora
s, inser
indo o trab
alho com pa
ra
textos e
com
a con
text
ualização
da ob
ra e
do autor
. C
om isso, a
s cria
nças pud
eram
se apropr
iar dess
es cont
eúdos
, pass
ando a uti
lizar a
s nomenc
latura
s
com natura
lidade
em suas
prática
s de leitur
a, ou s
e
ja, essas cri
anças
nunca mais
olharão pa
ra o
livro ilustr
ado de f
orma su
perficial.
Aind
a na fala de
En
ri
co
,
constata
-
se, en
quanto
indica
o
livro,
a sua perce
pção ag
uçada
ao id
enti
ficar q
ue
a
im
agem prese
nte na
folha de r
osto
ta
mbém
está
na con
tracap
a, co
nfir
mando o
desenvo
lvime
nto d
e sua p
ercepç
ão vis
ual pa
ra a
s ilu
stra
ções e s
eus
detalhes
.
Em outro víd
eo enviado
pela família
de
Enrico
,
há
uma
ativi
dade d
e rec
onto da h
istór
ia “Nada
aind
a?”, de
Ch
rist
ian Vo
ltz.
O li
vro ilust
rado,
“Nada ai
nda?
”
a
presenta
uma v
isão de r
ecort
e;
o
leitor “v
ê” aquilo
que
o p
ersonagem
Luí
s não
vê. E
le pla
ntou uma
semente,
e “s
abe”
que seu
Luís
está enga
nad
o ao ac
har
que a s
emente
plan
tada n
ão de
u nada. Se
gundo
Linde
n
(2011, p
. 135)
:
Enquant
o a imag
em é resu
ltado de um
a focali
zação
externa e o
texto te
m focal
iza
ção inte
rna
por
meio do pe
rson
age
m de seu
Luís, o l
eitor
já está
env
olvi
do com
o leit
or onis
cien
te. Nã
o será
essa, aliás
, um
a form
a de transform
ar o lei
tor em narrad
or? Seja
em v
oz alta, seja mentalmente,
o leitor dá uma versão dos fatos
ao comb
ina
r o olh
ar ex
tern
o com o
inte
rno.
358
Ness
e sentido,
pod
emos o
bser
var
Enric
o
, em sua versão de
reconto d
a histór
ia, com
binando o o
lhar ex
terno c
om o interno
.
Segue ab
aixo a
transc
riçã
o do reconto e
,
depois, a
lguma
s imagens do
cenário constr
uído por
ele
para re
con
tar a hi
stóri
a.
Enric
o
: Seu L
uís
Nada ain
da? Cham
a o nom
e do liv
ro
Hoje
o seu Luí
s cavo
u um burac
o bem
grandão
Ele j
ogou
uma s
emen
te d
entr
o do b
ura
co
E daí ele enterrou a sem
ente
E daí ele
socou, soc
ou, e
socou a terra porque a semente g
osta
de rod
ar pela t
erra soc
ada
E no dia
seg
uinte
o s
eu L
uís fa
lou:
-
Nada aind
a?
Tem que ter calma ele disse pro p
assarinho
No dia se
guinte
:
-
Nada ainda?
Per
gunto
u o se
u Lu
ís
Ele falo
u pr
o passari
nho
No dia se
guinte
Nada ain
da? Ele
falou
:
-
Vai d
ar cert
o! Pro
passarinho
No di
a segui
nte: N
ada aind
a? Ele falo
u
No dia seguinte: V
ai nascer!
No dia seguinte: Cansei!
... Ele falou
No dia
segu
inte, n
o dia
segu
inte o pas
sar
inho pe
gou
a fl
or e
com
eçou a falar
-
Eu v
ou dar p
ara a m
inha
nam
orada e
u sei
que
ela vai
gostar e
daí eu ga
nho u
m beijin
ho.
..
E o s
eu Luí
s falou:
Nada aind
a?
Fim da h
istór
ia!
359
A
seguir
,
a
lgumas imag
ens pres
entes
no víde
o
5
, co
m o
cen
ário cr
iado p
ara a real
ização
do r
econt
o da hi
stória.
Figura 1
24
: Semente
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 12
5: O pássar
o
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
5
A ativ
idade de reco
nto de hi
stória e a elabo
ração
do cenári
o, presente n
o vídeo
, é de
autoria de
Enrico Rodr
igues S
araiva, da t
urma do Infant
il V.
360
Figura 1
26
: Ge
rminação
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Fig
ura 127:
A f
lor
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Figura 1
28
: O
pássaro e a f
l
or
Fonte: A
cervo da
pe
squisad
ora
361
Figura 12
9: Nada ainda
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
A segui
r,
duas imag
ens d
o livro
“Nada ain
da?”, d
e
Christian
Voltz, fa
cilitando a
visua
li
zação e
a com
paração d
o ce
nário
construí
do por Enri
co,
aprese
ntad
o aci
ma
,
e
a obra e
nviad
a para o
reconto.
Figura 1
30: S
eu Luís
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
362
Figura 13
1: O pássar
o 2
Fonte: A
cervo da p
esquis
adora
Ao observar a
transc
rição do rec
onto de
Enrico
é possível
constatar
a memori
zação da
história,
pois sou
be recontá
-
la
n
a
sequência
dos
acontec
iment
os e de f
orma c
oere
nte. Tam
bém
utilizou d
e sua perc
epção visu
al, tra
zendo para a cr
iação de s
eu
cenário
muitos deta
lhes ca
ptados da
s ilus
trações d
o liv
ro, no qua
l a
linguag
em, dur
ante
o rec
onto, fo
i co
nduzind
o a i
ns
e
rção de novos
elemen
tos na
cena
como
a seme
nte, o
bar
bante
rep
resentando
a
semente g
ermi
nando, a
flor,
o passa
rinho, que fo
i represen
tado por
um aviã
ozinho e o seu Luís,
construído por
Enric
o
, uti
lizand
o
barb
ante, pap
el e rodi
nhas d
e carr
inho.
É poss
ível, ao
obser
var
o Enrico
no víd
eo,
const
atar a
aprop
riação
da hi
stóri
a, p
ois n
ão pr
eciso
u da aju
da da m
ãe e
m
nenhum m
omento pa
ra lemb
rar
-
se
da história;
recontou com c
lareza
e,
ao mes
mo temp
o, ma
nipulou
os obj
etos do
cenár
io, dand
o
moviment
o aos
personage
ns e a
os fatos
. Ao compar
ar a ilu
straçã
o do
livro e
o cená
rio ela
bora
do por
Enri
co
, pude veri
ficar a ocorrên
cia
de soluçõ
es cria
tivas na
repres
entação da
s ilustr
ações
, demonstr
ando
uma pe
rcep
ção vi
sual apur
ada.
Os vídeos
envia
dos pelos
pais d
e
En
ri
co
ressalta
m tamb
ém a
importânc
ia da a
tuaçã
o da família ou
do respo
nsáve
l pela c
rianç
a ao
363
possibili
tar cond
ições pa
ra
reali
zação
das ati
vidade
s, dan
do
-
lhe
atenção, r
ealizand
o questiona
mentos, requ
isita
ndo
o pensame
nto e
contri
buindo
, assi
m,
para o seu
desenv
olvim
ento.
Desse mod
o, v
ejo a
relev
ância d
a or
ientaç
ão ou da
formaçã
o
dos responsá
veis pe
la cria
nça
em alguma
s questões
do
desenvo
lvime
nto infant
il e c
onteúdos es
colares
. E
um espaç
o
possív
el de for
maçã
o é na reuniã
o de pais
, por
que os
profess
ores, a
o
se apropr
iarem dos conh
ecimen
tos,
terã
o condiçõ
es de es
clar
ecer
os
pais
sobre
tais questões
.
Segun
do Luria
(1988),
é por m
eio
da constan
te medi
ação
dos adu
ltos que os proces
sos psic
ológicos instr
umentais mais
complex
os começa
m
a to
mar for
ma, s
endo eles
os medi
adores
do
con
tato da cr
iança c
om o mun
do. S
e os adultos tiv
erem
conhecim
ento, t
erã
o melhor
es cond
ições de r
ealizar med
iações ma
is
qualitativ
as, contr
ibuindo
para
o desenvolvi
mento da
criança
.
Em uma o
utra ati
vidad
e, a pro
fesso
ra Lene en
viou para su
as
cr
ianças
sua hist
ória au
toral
“Eu duvi
do”, já c
itada
no item a
nterior
,
transf
ormad
a em ví
deo e co
m a sua vo
z narr
ando
a hist
ória. A
proposta
teve o objet
ivo de des
envol
ver a lingu
agem
por meio do
reconto e
,
tamb
ém,
de
desenvol
ver a
aut
oria c
om a
propos
ta d
e
criaçã
o de uma histór
ia pela
criança
.
Desse modo, a
criança
deveria a
ssis
tir
a
o vídeo e dep
ois
realiza
r o rec
onto da
his
tória
da prof
essor
a Len
e; em s
eguida
contar
ia
um f
ato
que ac
o
nteceu c
om ela
, como
sua
professora havia
feit
o.
Segue o r
econto
da his
tóri
a, em f
orma de d
iálog
o com a
mãe,
realiza
do por Lev
i, de q
ua
tro anos
de ida
de, tra
nscri
to aba
ixo:
Levi:
“Eu d
uv
ido”!
Mãe: Quem escreveu?
364
Levi: A professora Lene
Mãe:
Pode con
tar a
histór
ia.
Levi: Era um di
a lindo, ensolarado
e... e... e... a mãe achou
que
era me
lhor
colhe
r um pé
de p
imen
ta, e
pediu ajuda para as
menina
s
Mãe: O que as meninas estavam fazendo
?
Levi: Estavam brincando de faz
-
de
-
conta
Mãe: Aonde?
Levi: N
o jard
im! N
o seu ja
rdim
.
Mãe:
Tudo bem!
Levi: E daí, e... elas estavam muito
,
mu
ito fel
izes e
quer
iam u
ma
tarefa.
Daí faz
ia um
a taref
a
Mãe: O qu
e a mãe
falou
filho
?
Levi: A
mãe dis
se, n
ão c
oloque
as
mãos n
os olhos
, ne
m na b
oca,
e nem no nari
z, né?
Mãe: Por qu
ê
?
Levi: P
orque a
pimenta
é muito a
rdida! E.
.. e.
.. e... e daí e
la
disse:
-
Eu como essa pimenta!
Mãe: Quem disse?
Levi: A... (pensou um
pouco), deixo ver... a Rebeca!
Lev
i: E a Lene disse:
Eu duvido! V
ocê c
ome? E
u duv
ido
, que a
Lene disse, né?
Mãe: É
.
Levi: D
aí el
as r
ecolh
eram tudo e
daí el
a come
u só u
m
pedacinho e puf pu
f puf...(fez o ge
sto de cuspir a pimen
ta), fez
assim né?
Mãe: E fez o que mais?
Levi:
Daí fu
giu p
ra casa qu
eimando
a boca (lev
anto
u do
sofá e
saiu
puland
o pela sala c
om
as duas
pernas ju
ntas),
puland
o né?
Mãe: Que mais?
Levi: Depois ela disse:
-
A minha
mãe tin
ha ra
zão essa p
imenta
é ard
ida mesm
o!
Mãe: Quem disse isso?
Levi: A Lene! A professora Lene! Eu di
sse certinho né?
365
Mãe: Disse! Essa histó
ria, quem escreveu?
Levi: Foi a professo
ra Lene!
Mãe: Ela i
nven
tou?
Levi: Ela inventou!
Mãe: Ela inventou ou acont
eceu com ela de verdade?
Levi: Aconteceu com ela de verdad
e!
A cria
nça entre tr
ês e quat
ro anos c
ostuma util
izar,
além da
linguag
em verba
l, a l
ingua
gem ges
tual e
iss
o
foi c
on
statad
o n
o vídeo
enviado no qu
al Levi, a
o contar a história
, também g
esticula
va, fa
zia
movimen
t
os de corr
er, de
deitar
;
imitava uma
pessoa cu
spindo
etc
.
É funda
mental a
o profess
or e à pr
ofessor
a
conh
ecer o des
envolvi
-
mento infa
ntil
para co
mpre
ende
r a crian
ça e
par
a
melhor orienta
r
sua
s ações, c
olabora
ndo no seu d
esenvo
lviment
o. O profes
sor
,
conhecendo a cria
nça n
ess
a fase
, não
ficará
irri
tado
quando ela, po
r
exemplo,
ao con
tar sob
re algu
ém que viu
corrend
o,
ta
mbém fazer o
mesmo
pa
ra
mostra
r como a
pessoa
correu
;
ou ao contar
sob
re a
ocorrên
cia de uma queda,
jogar
-
se
a
o chão
para
explic
ar como
foi
a
queda.
Havendo
essa
compreensã
o, a r
elaçã
o será
mais ha
rmoniosa
.
Após o r
econt
o da hist
ória
vivencia
da pela
sua p
rofes
sora
Lene, Lev
i foi des
afia
do a rela
tar a
lgo acontec
ido com ele, segu
indo
o exemplo
d
e sua prof
essora.
Seg
ue abai
xo a t
ranscri
ção:
Levi: Eu me lembrei,
Levi:
Eu comi
banana e eu c
horava, cho
rava, cho
rava. E
u queri
a
mais b
ana
na, eu comia
muito!
E daí, o meu pa
i em vez de
me
dar banana,
me
deu t
etê, né?
Não de
u?
Mãe: Talvez!
Levi: E... Quando eu
pedi mai
s “tetê”, ao invés de
... ele m
e deu
mamão!
366
Levi: E da
í, quan
do eu comi t
odo o ma
mão, con
gelo
u o me
u
cérebro
(colo
cou as
duas mão
s na cabeça) e
eu fi
qu
ei com a
barriga c
heia (co
loc
ou as mãos na bar
rig
a) e eu não
queri
a
comer
mais n
ada!
Mãe: Não
queri
a come
r mais n
ada?
Levi: Daí fiqu
ei assim relaxando d
e novo (se estic
ou no sofá
para expli
car)
Levi: E daí eu
não pedi mais nada, porque eu já estava
dormin
do na
quel
a hor
a, quan
do e
u não a
guen
tei ma
is fica
r
acorda
do. Ne
m de
u tempo
de ver
todo o epis
ód
io.
Mãe: Está bem!
Levi: E fi
m!
Mãe:
E fim?
Levi: E is
so ac
ontece
u com
igo n
é?
Mãe: Se você está dizendo... provavelmente!
Levi: A
conte
ceu co
mig
o, você e
sta
va fil
mando,
não e
stava
?
Mãe:
Agora
eu estou f
ilma
ndo.
Levi: Você estava filmando aqui
lo lá que eu estava comendo
e
eu queria mais e estava segu
indo o meu pai!
Mãe:
Ah.
.. fil
mei, tem u
m filme
mesmo
disso se
u! Te
m mes
mo!
Levi:
Entã
o! A
con
tece
u co
migo
!!!
Mãe: Tá bem
!
Levi: C
om o me
u pai e c
om vo
cê, n
é?
Levi: E aconteceu com t
rês, né? (mostrou três dedos)
Mãe: Não sei, acho que você t
inha um ano
Levi:
Eu a
cho q
ue eu
tinh
a
do
is an
os! (mos
trou d
ois de
dos
)
Mãe
: Eu ac
ho q
ue er
a um!
Levi: Tá, talvez um ou t
alvez dois! Eu acho que era dois!
Mãe: Est
á bom
Levi: E
u já con
tei a
minha
hist
ória!
Mãe: Já?
367
Após e
ncerrar e
ssa gravaç
ã
o, a mãe
ac
hou o víd
eo cit
ado pela
crian
ça
no qual el
e havia se
inspi
rado para a cr
iação d
e sua h
istóri
a e
o inseriu
no re
gistro da
tar
efa.
O vídeo é
muito in
teress
ante. Levi
teria u
m ano e
pouco;
estav
a comen
do fru
ta amassada, uma ban
ana. Q
uando term
inou a
b
anana d
o prat
inho
o pai diss
e: “Acabo
u! Fal
a acab
ou
,
filho!
” e Lev
i
(bebê) começou a chorar. O
pai foi bus
car mais banana e L
evi foi
corren
do
atrás do
pai
,
chorando. O
pai retorna c
om uma
maçã,
pois
a banan
a havia
acab
ado. L
evi co
me
a maçã r
aspad
a e ao f
inal
,
aparen
tand
o sati
sfação
, diz: “
Abo
u!
”
Ao ver o v
ídeo de Lev
i
, foi poss
ível constata
r
a c
oerência
de
seu re
lato
atual após
conta
r o qu
e havia a
contec
ido com e
le
quan
do
era um
bebê. Ele pr
eserv
ou a essência d
o acont
ecimen
to, tr
ocou
apenas
o nome de um a
liment
o e acr
escen
tou algu
ns fa
tos. Des
sa
forma,
conseguiu
recorr
er à
sua memóri
a, lembr
ando do cont
eúd
o
do víde
o e aj
udou a
mãe
a se lembr
ar da
ex
istênc
ia del
e, do
víd
eo
inspirador
de sua his
tória.
Esse ma
terial refor
ça a i
mpor
tância da
família
no au
xílio da
crian
ça em su
as taref
as, de f
orma col
aborat
iva, escl
arece
ndo suas
dúvida
s, realizando qu
estioname
ntos e
não faz
e
ndo
a tare
fa por
ela.
Porque a cri
ança
,
impedida de atuar como su
jeito ativo, ter
á
limitações
em seu dese
nvolvim
ento psíquic
o, no exer
cício da
auton
omia e
na cap
acidad
e cri
adora.
Outro fa
to observ
ado foi
o diálogo d
a mãe com
o Levi,
ajudand
o
-
o na compreens
ão. L
evi tamb
ém fez pergunta
s à mã
e,
solicitand
o a confirma
ção d
os fatos,
numa dinâmica
de troca d
e
palavras. Nesse sentido
, Gege (2019, p. 24) afirma: “Ouvir e falar
são mov
iment
os de uma
mesma a
tividade.
Desta
forma
, noss
as
368
respo
stas são
form
uladas a
parti
r da no
ssa rel
ação co
m a alt
eri
dade,
ou seja
, sã
o contrapa
lav
ras do outr
o. Troco s
ign
os alhei
os por
próprios
. Desta
forma é
qu
e constru
o a com
preens
ão”.
Na transc
rição
acima,
obse
rv
o
a atuação
da mãe
, ajudan
do
Levi na
constr
uçã
o de se
ntidos
em tor
n
o de su
as ta
refas, de suas
ações,
o que resulta nu
ma pr
odução a
utoral d
e gra
nde i
mportâ
ncia
para
ele. Pode
-
se ob
serva
r
em sua fala
o orgulho em relata
r algo
ocorrido
com
ele
, uma
his
tória pess
oal e c
om se
ntido,
expresso
em
trê
s momentos
da segu
inte for
ma: “
E iss
o acontece
u comig
o, né!”
;
“Então! Aconteceu comigo!!!”;
“Eu já co
nte
i a min
ha hist
óri
a”.
Isso explic
ita a imp
ortânc
ia d
e ouvir a criança, seus re
latos;
de
valorizar
a sua
história,
mostrando a
possibi
lidad
e de contá
-
la e
esclar
ecendo o f
ato d
e
que toda
s as pes
soas pos
suem uma
história;
têm
capaci
dade
de escrevê
-
la
e comparti
lhá
-
la
com outros.
Além de reque
rer várias funçõ
es psíquicas supe
riores da
criança
, essa
proposta de
ativida
de po
ssibi
litou
-
lhe
a compr
eensã
o
sobre o s
ignificad
o de uma
hist
ória
pessoal,
uma história
sua
,
con
tada a part
ir de
suas
vivê
ncias.
Sabendo d
essa pos
sibilida
de, qua
lquer cria
nça poder
á
arriscar
-
se
a con
tar
suas histórias sempr
e que tive
r vontade;
suas
vivênci
as e aventuras; poderá
expressar se
us sent
imentos, id
eias, criar
persona
gens fa
ntasios
os ou r
eais e
,
assim,
objetivar
-
se em
suas
produç
ões.
É relev
ante cons
idera
r, no ex
emplo a
nterior
, a idade d
a
crianç
a: qua
tro anos
. Iss
o ajuda o prof
essor a compre
ender
a
importânc
ia de nã
o subestima
r a ca
pacidad
e das crianç
as, mesm
o
que seja
m bem peque
nas. É
na relaçã
o com o pa
rceiro mais
369
desenvo
lvido,
por
meio
de bons
mod
elos,
que a
crian
ça ob
terá o
seu
desenvolv
imento.
Constato em t
odas a
s atividad
es propostas
, citada
s
a
nteriormen
te
, a ocorrên
cia de mudan
ças na d
imensão
objet
iva das
prof
essoras,
ou se
ja, nas p
ráti
cas, po
is p
assaram
a elabo
rar de
form
a
intenciona
l os pla
nejamen
tos e a cr
iar novas
ativida
des.
Enfim, as
produções d
as crianças
ratificam a
importância da
formaç
ão do prof
essor p
ara
o surgimento
de
uma educação
desenvo
lvent
e e
o
trabalho com o
livro ilustrado
poderá torn
a
r-
se
uma ativ
idade muito i
mporta
nte, nesse a
specto,
para as crian
ças da
Educação
Infan
til
.
3
.3
F
ormação cont
i
nuada:
mudanç
a na dim
ens
ão objet
iva e
sub
je
t
iva do pr
ofe
ss
or
Neste núc
leo t
emátic
o dis
correr
ei sobre
o livro
ilus
tra
do na
formação continuada, contribuindo
para a
mudança do pr
ofess
or
nas dimensões objetiva e subjetiva. Segun
do Martins (2012), o
empobr
eciment
o do trab
alho pr
omovid
o pela
aliena
ção s
e expres
sa
na dimensã
o objetiv
a, ref
erindo
-
s
e ao não
atend
iment
o da fun
ção
social da
ativida
de
e
na
dimensão su
bjetiva;
na expres
são d
os
sentimentos
de fa
lta de s
entido e d
e impotê
ncia
, na baix
a
autoe
stim
a, na p
erda d
e espe
rança,
de ideias, o que pode g
erar
diferen
tes forma
s de s
ofrim
ento psic
ológic
o ou a
doeci
mentos
.
Desse mod
o, crei
o ser
em
i
mportant
e
s
tais d
iscussõe
s
com
o
objetivo d
e refl
etir e s
uperar o empobr
ecimen
to do traba
lho
pedagó
gico
dec
orrente d
a f
alta d
e conheci
mento
e das c
ondições
prec
árias de
trabalh
o, d
a falt
a
de
valoriza
ção d
os pr
ofessor
es e
profess
oras
.
370
Este nú
cleo temá
tico a
pres
enta os s
eguint
es ite
ns:
•
A prátic
a pedagógica
c
om
o objetiva
ção do
profes
sor
;
•
A mudanç
a de concepção e da
prática em r
elação ao livro
de imagens
;
•
Mudanç
a na
dimensão
subj
etiva d
o profess
or;
•
Valoriza
ção da
forma
ção conti
nuad
a pelo pr
ofess
or
;
•
Universida
de e es
cola b
ásica
: um encontro
poss
ível e
nece
ssário
.
3.3.1
A
prátic
a pedagógic
a com
o objet
ivação do profe
ss
or.
No
s itens an
terior
es f
oi di
scu
tida
a i
mportâ
ncia da
apropr
iaçã
o do conhecim
ento pa
ra o des
envolv
iment
o do profes
sor,
pois ao
nos a
propriarmo
s do conteúd
o cultur
al, promove
mos o
nosso pró
prio d
esenv
olvi
mento e
nquant
o seres
huma
nos. Com is
so
,
o profess
or ter
á melh
ores
condiç
ões de c
ompreend
er
a sua
realidade
e transfo
rmá
-
la
por meio
de suas nov
as c
oncepções
e prátic
as, ou
seja, cri
ará at
i
vidades d
e forma int
enciona
l, ob
jetiva
ndo
-
se
em seus
planejame
ntos e tornando
-
se auto
r de su
as práti
cas.
A apr
opriaçã
o do con
hecimen
to poss
ibili
ta ao p
rofes
sor
condições d
e realizar
análises
críticas
de suas própria
s prática
s,
identific
and
o ações
mais
ad
equada
s às
crianç
as. Podemos
obs
ervar
esse fat
o nas fal
as das prof
esso
ras a
seguir
:
Keli: [N
ão co
stumava f
azer ant
es...] a es
colha i
ntenc
ional do
livro.
Lene:[Não
co
stumava faz
er ante
s...] apres
entar o
aut
or, além
de
mostr
ar os p
ara
textos.
371
Leila: [N
ão co
stumava f
azer ant
es...] a o
bservação
da cap
a,
contra
capa
, fron
tispíc
io, fol
ha
de ros
to, bem c
omo s
e dá a
articul
ação d
os tex
tos
do autor
e do il
ustr
ador.
Lis: [N
ão co
stumava f
azer ant
es..
.] a lei
tur
a de im
agens.
Sara: [Não
cos
tumava faz
er ante
s...] a esc
olha de
um bom
livro
,
que trouxesse uma reflexão/aprendiz
agem e ter ideia da minha
intenci
ona
lidade
.
Ana
: Hoje pr
ocuro co
m mai
s critér
ios os l
ivros q
ue vou
trabalh
ar, lei
o com
antec
edência, pre
paro a ho
ra d
a leitu
ra.
O profess
or, ao s
e aprop
ria
r dos conhec
iment
os, pa
ssa
a
refletir
sobr
e sua
s
prátic
as, a
dquirind
o condiçõ
es de
se objet
ivar em
sua
s ações, pr
omovend
o muda
nças
também na
s cria
nças
. Isso p
ode
ser o cons
tatad
o na fa
la da pr
ofessor
a Keli,
a
segu
ir
:
Keli:
Todos es
ses “
nov
os conh
ecimen
tos”
ref
letira
m na min
ha
prática, pois m
e fez pensar, refleti
r, mudar e, consequentemente
as crianças aprenderam a ser mais reflexivas e quest
ionadoras,
fazendo inferências e co
nexões com sua realidade.
Ao muda
r o ol
har por
me
io do co
nhecim
ento,
obje
tivar
-
se
em suas
prática
s e percebe
r os resu
ltados pos
itivos d
e sua
mudança
,
o profess
or começa
a
confiar
na teoria. Is
so foi expr
esso no ex
certo
do relato d
as pr
ofess
oras
a
seguir
:
Lene: Porque aí a gente começa a ter outro
olhar, a gente
começa a ver outras possibilid
ades. E de repente, quando eu lia
um
livro para a cri
ança, j
á falan
do s
obre os
paratext
os, di
versas
vezes, de uma forma natural, quando, po
r exemplo, eu esquecia
de falar o nome do aut
or ou, às vezes, um pouco
na pressa, não
fala
va o nome d
o autor
ou do il
ustra
dor, a
crian
ça me cob
ra
va:
“-
Pr
ofess
ora,
quem é o ilus
trad
or? ”
372
“-
Quem é o a
utor
dessa
hist
ória
? ”
E aí p
assaram a ve
r a capa, c
ont
racapa,
inclu
sive
tem relat
os e,
que
eu mostrei
em reuni
ão de pais,
as crianç
as faz
endo a le
itura
da capa,
da co
ntracap
a e no
meand
o, po
r que
as veze
s a gent
e
acha qu
e a cri
ança não v
ai se
r cap
az... Ah
é um
term
o, po
r
exemplo
,
fron
tispíc
io, é um ter
mo m
uito d
ifícil
para
a crian
ça,
mas eu t
inha
um al
uno q
ue fal
ava
frontis
píci
o. Entã
o é pr
ecis
o
acreditar e saber que é possí
vel!
Keli: Eu percebi com o passar daquele ano letivo, que as
crianças aprenderam a ler sem
precisar de at
ividades mec
ânicas,
na verdade os alunos, a
lguns j
á saíram alfabe
tiz
ados
do
infantil
V. Ver essa mudança é muito bom, é muito necessário, é algo
assim extraordinário! Porque muitas vezes a gente não acredita
nesse tipo de prática, então você faz meio que desconfiando
-
será que vai dar cert
o? E quando
você vê que d
á certo, que as
crianças aprendem, que as crianças se desenvolvem. Aí voc
ê
fala.
-
V
aleu a pe
na!
P
odemos
observ
ar nas fal
as acima
a importância
de não
subest
imar a c
apacid
ade d
a
criança e
procurar le
var a ela
a cul
tura
mais ela
bora
da, o que há
de melhor
, contr
ibu
indo para
a
compre
ensão da
realida
de,
ampliaç
ão do voc
abulá
rio e des
envolv
i
-
mento da
lingua
gem.
Os relatos d
as profes
soras demonstr
am a poss
ibilida
de da
superaç
ão de
uma prát
ica al
ien
ada com
a formação
con
tinuad
a. Foi
possív
el, ness
e item,
ob
serva
r tra
nsforma
ções oc
orrida
s nas
profess
oras
por mei
o da
aprop
riaçã
o do c
onheci
mento,
con
tri
-
buin
do par
a o
exe
rcício da
capacidade criadora,
elaboraç
ão de nova
s
ativida
d
es e planeja
mentos intenc
ionais
;
ou sej
a, objetiv
ara
m
-
se em
suas pr
áticas.
373
3
.3
.
2 A
m
udança de
concepç
ão e da prát
ica em
rel
ação
ao li
vro de
im
ag
e
ns
Antes de
inicia
r a f
orma
ção da
s prof
essora
s, pu
de ob
serv
ar a
não
utilizaç
ão do livro de
imagem devid
o ao desconhec
imento d
e
sua impor
tância pa
ra o desenvolv
imento da
s cria
nças e ta
mbém
por
não saber
em como
utiliz
á
-
lo. E
sse fa
to foi c
ompr
ovad
o em uma
avalia
ção, qu
ando as qu
estionei s
obre
a c
oncep
ção a
nterior à
form
ação
sobre o liv
ro d
e imagem.
Isso p
ode ser
obser
vado n
o
registr
o das a
valia
ções
a
s
eguir
:
Keli: A concepção era de q
ue o livro de imagens era qualqu
er
livro,
pois nã
o sabia
a difere
nça entr
e eles
e o uso era alea
tório,
porq
ue não tin
ha con
hec
iment
o da difer
ença
.
Lene
: A conc
epção do l
ivro de
image
ns e
ra de d
ificuldade
de
interpretação e o uso era evitado
, porque eu acreditava que
deveria interpretar o pensamento do
escritor e tinha que ter um
único fin
al
e inter
preta
ção.
Ana
: A minha
concepçã
o era
muito pob
re, o us
o em sal
a de a
ula
era restrito apenas àquilo que eu via, a expressão dos
personagens, porque eu só
despertava a atenção d
as crianças
para aqu
ilo q
ue e
u sabia v
er. Qu
ando a g
ente s
abe pou
co, a
gente ensina pouco.
Leila: A concepção era de leit
ura difícil e o seu
uso era sem
propós
ito, a
lea
tório, por
que n
ão cha
mava
muita a
tençã
o por
ser de
leitura
difícil
.
Lis: A
concepçã
o sobr
e o liv
ro de ima
gens e
ra
outra
! Acha
va que
limita
va a
imagina
ção e o
uso
era r
aro, por
que tin
ha m
uita
insegu
rança, não q
ueri
a prejudicar as c
rianças.
Sar
a: A conc
epção s
obr
e o liv
ro de i
magen
s era
al
go difícil
de
ser trabal
hado
, poi
s eu me imagi
nava a úni
ca em co
nduzi
r a
história
pra
não da
r muita
inte
rpretação
e o u
so era invali
dado
,
porque me causava ansiedade
e preoc
upaçã
o em c
omo
374
apresentá
-
lo às crianças, mesmo sabendo que eles eram
capacitados a ler através das imagens, pois em inúmeras vezes,
eu diz
ia às
crian
ças me
nore
s, q
ue a
inda n
ão conh
ecia
m o
códig
o
da escrita, que o
bservassem as imagens e assim, saber do q
ue se
tratav
a a hist
ória.
As falas aci
ma exp
lic
itaram
a nece
ssidade
de for
mação das
profess
oras
em relaç
ão ao liv
ro il
ustr
ado, ao liv
ro de image
m, e à
supera
ção dess
as concepções equiv
ocadas
, limitado
ras da pr
ática.
Após a
formação of
erecida
, em que oc
orreu
aprop
riação
do
conhecimen
to, houv
e uma
mudança
nas prá
ticas
delas
,
demonstra
ndo a impor
tância
da forma
ç
ão
por mei
o do ex
perime
nto
didático
-
for
mativo
para que
elas
pudessem superar
suas
limitações,
suas i
n
seg
uranças, su
a de
screnç
a nas possi
bili
dades d
os aluno
s
e,
assim,
adquiris
sem cond
ições pa
ra pro
moverem
uma edu
caçã
o
desenvo
lvente.
É possível
observar q
ue a
formação de pr
ofessor
es
possibili
tou o
d
esenvolv
iment
o da consc
iênc
ia, a
mudan
ça de o
lhar
e da prá
tica em r
elação ao
uso dos
livros.
Ess
e fato f
oi expr
esso n
o
relato da
profes
sora L
ene,
a
segu
ir
:
Lene: Vou co
ntar que eu fugia de livros d
e imagens, eu
não
gostava
de conta
r pa
ra as minh
as cr
iança
s o livr
o de imagens
,
porqu
e eu f
icava ago
niada, e
u vi
a que não
ti
nha fim, não
ti
nha
um únic
o fim. E eu re
latei
isso para a Yae
ko e daí
, com as
formaç
ões,
depois
da for
maçã
o eu mu
dei de
opin
ião e vi o
quanto é maravilhoso as diversas opiniões, as várias opiniões das
crian
ças,
dos adul
tos mes
mo. P
orque
o que a
conte
cia, e
u tinh
a
uma opin
ião, ou
tra p
essoa
tinha
outra opin
ião, eu a
chav
a que
não sabi
a inte
rpretar
o
livro, então e
u fugia
, depo
is que vi a
375
beleza d
e cada u
m t
er a sua o
pini
ão, pas
sei a am
ar o li
vro d
e
imagem e ver a beleza nisso, antes eu
não tinha esse olhar...
Após a f
ormação
das pro
fesso
ras fo
i real
izad
a uma avali
ação
sobre a
aprendiz
agem dos
conteúdos ref
erentes
ao li
vro de ima
gem
com o obj
etivo d
e
verificar mudanças o
corridas n
as prátic
as.
Os reg
istro
s a seguir
apr
esentam mu
dança
s nas concep
ções e
nas práti
cas das pro
fessora
s.
Keli: [Hoje penso que] o livro de imagens é fundamental,
porque ele nos ensina a “ver” o mundo, apura o nosso olhar
para detalhes das imagens, mensagem, a
intenciona
lida
de do
autor e il
ustr
ador a
o escr
ever
um liv
ro.
Lene: [Hoje penso que] o livro de imagens é uma excelente
forma de se trabalhar, porque desenvolve o pensament
o e a
linguagem oral dos alunos, além de nós edu
cadores,
conhecermos melhor as crianças sem invadi
rmos seus espaços.
Ana
: [Hoje eu p
enso que
] o liv
ro de
imagen
s tem uma
imens
a
riqueza e que através dele a criança, com a intervenção do
profes
sor, p
ode se
torna
r muit
o obse
rva
dora,
porq
ue o
profe
ssor mo
stra a int
enção do aut
or quanto
a luz (dia ou
noite),
pert
o, lon
ge, ma
ior, me
nor
(como n
o qua
rto da
menin
a
que não queri
a dormir...) pega
das no chão... chu
va caindo
...
Faz co
m que
a crianç
a perceba s
em falar p
or el
a.
Leila: [Hoje penso que] o
livro de imagens é de ext
rema
importâ
ncia
assi
m com
o os
outros,
por
que a
crian
ça
desenvolverá seu pensamento ao faz
er a sua leitura.
Lis: [
Hoje pe
nso
que]
é mui
to rico,
por
que a
mplia a
imagina
ção, o
proce
sso
criador
da
s cria
nças
enr
iquece.
Sara: [Hoje penso que] o li
vro de imagens é um
a grande
oportunidade em desenvolver o pensamento das crianças,
porque através das análises pessoais, de c
ada um, eles vão
376
fazendo conexões e inferências e tudo i
sso traz interpretações
muito e
nriq
ueced
oras
ao seu ps
iquism
o.
Na
s
fala
s
acima
, obser
vo a contribu
ição d
o co
nteúdo
sobr
e a
linguagem v
isual, pos
sibil
itando o d
esenvolv
imento
da
p
ercepçã
o,
o
surgim
ento de um
olha
r mais
aguça
do sobr
e a rea
lidade,
sobre os
livros e a
realizaçã
o de muita
s inferê
ncias s
obre a
s intenções dos
autore
s em suas ob
ras.
Houve muda
nça de c
on
cep
ção
de educação
com a fina
lidade d
e pr
omover o d
esenv
olvim
ento da
crianç
a,
valoriza
ndo
a int
er
venção intenc
iona
l do pr
ofes
sor.
Também
compreend
eram bem a
ideia de que a
a
quisiçã
o do conhec
iment
o
não
é n
atural
;
é nece
ssária a
mediação do
outro.
Verifiqu
ei ainda
o
surgim
ento d
a c
onscien
tizaçã
o da importâ
ncia da lei
tura
de imagens
para
o desenv
olvim
ento d
as fu
nções psí
quic
as su
periores
das
crian
ças
,
como o p
ensam
ento,
a lingu
agem
, a i
magina
ção, p
romoto
-
ras d
o desenvolvi
mento da
capacidad
e criador
a.
Os rela
tos e
as
avaliaçõ
e
s das prof
essoras,
nes
t
e item,
r
atifica
m
a imp
ortân
cia d
a form
ação co
ntin
uada e d
a apro
pri
ação do
conhecim
ento pa
ra a
ocorrênci
a de muda
nças
nas conc
epções
e nas
prática
s das pr
ofessora
s em relaçã
o ao livro de
imagem.
3
.3
.
3 M
udança na di
me
nsão s
ubjet
i
va do profess
or
As prá
ticas autor
itárias
das escola
s tradic
ionais, conforme
citado
em
capí
tulos
an
teri
ores, forma
m profes
sores
c
om se
ntiment
o
de inc
apacid
ade,
insegu
ros nas diversas
lin
guagens
como
o
desenh
o,
a
pintura,
a
es
crita e
a oralidade
.
A con
cepç
ão auto
ritár
ia castr
a a e
xpressão do desej
o do
educa
ndo e d
o educa
dor
“quando defen
de a passi
vidad
e, a
377
homogene
idad
e e doa meca
nicame
nte o conh
ecimen
to, faz d
o
educa
ndo um mero rep
etid
or de con
hecimen
tos e d
e desejos
alheios
ao que s
eu cora
ção e i
nteli
gê
ncia son
ham
. Educa p
ara a mort
e,
pois
o
desejo e a
cria
ção for
am soter
rados
” (FRE
IRE, 199
7, p.
8). Ne
sse
sentido, a
autora
define
o autorita
rismo co
mo uma pa
ixão tris
te,
gerad
ora de
medo, fan
tasia,
dese
sper
ança, am
argura, b
aixa
autoestima
e
incapac
idade.
Quando is
so ocorr
e co
m o profes
sor, a
apropr
iaçã
o do
conhecim
ento é cond
ição ess
encial par
a
reverter e
ssa situação. A
o
t
er
acess
o ao co
nhecim
ento
e toma
r cons
ciênci
a de s
ua his
tória
,
descobr
indo a
origem d
os f
atos
, o porqu
ê de s
eu med
o e insegu
rança
,
poderá in
iciar
o proc
esso de mu
dança
.
As falas d
as profe
ssoras a
baixo
demonstra
m mudança
s em
suas
prática
s, em seus
pensa
mentos, em d
ecorrênc
ia da a
propriaç
ão
do conh
eciment
o, mel
hor
ando a a
utoest
ima e
gera
ndo a
neces
sidad
e
de est
udar mais.
As profe
ssoras
Kel
i e Lis exp
ressam e
sse fato
a
seguir
:
Keli:
[...
]
eu me senti uma ar
tista
após a e
scrita
do livr
o, porque
ver o trabalho final e co
mpartilhar essa experiênci
a me trouxe
muita sa
tisfa
ção.
Lis: En
tão, nos
sa tr
ajetór
ia foi uma a
ven
tura, p
ara mim eu
cansei de falar isso, qu
e você elevou
minha autoestima, quanto
mais a gente estu
dava, mais a gente q
ueria, mais a gente via qu
e
não sabi
a e tinha vontade de aprender, [...]
a gente sa
ía da
ATPC co
m a cabeç
a fervi
lhand
o de
ideias,
cansada, p
orqu
e
desd
e às 6 horas d
a manhã ac
ordad
a, mas f
eliz e
com as energi
as
renovadas.
A apropr
iação do co
nhecime
nto també
m prov
ocou
mudan
ças no
compo
rtament
o, na val
oriz
ação da at
ividade
de est
udo
378
como funda
menta
l à obtençã
o dos con
teúdos
teóricos
e ao
cresc
imento p
essoal
, com
o foi ex
press
o na f
ala da
s prof
essor
as a
seguir
.
Leila: Hoje eu vejo assi
m, a doida das lives, po
rque não posso
ouvir f
alar d
e um
a live d
e lite
ratu
ra, que
eu já e
stou
partici
pan
do e isso é
muito
bom, é
bom par
a o nos
so
crescimento, para a nossa aprend
izagem. [...]E hoje eu
vejo
como é claro esse conteúdo
.
Lis: Co
ncluo
que estu
dar não
tem fim
. É bom,
enrique
ce a alma
e o cora
ção. Min
ha a
utoes
tima
melh
orou m
uito.
Ana: Perc
ebo q
ue a m
inha pr
áti
ca é t
otalment
e out
ra e não
poderia
ser dif
eren
te, por
que o es
tudo te
m que nos m
odif
icar.
Perc
ebi em me
us alun
os o dese
jo de ouv
ir his
tórias.
E quand
o
eu encontrava um li
vro de imagens interessante, não via a hora
de chegar na
ATPC pa
ra cont
ar para as
colegas.
Propor às p
rofess
oras
o desafio de entrar
em at
ivid
ade
,
visand
o a
desenvolver a
capac
idade cria
dora, contr
ibuiu
também na
dimensã
o subjetiv
a, pois pa
ssaram a
se sentir capa
zes de imagi
nar e
de cria
r suas prod
uções.
Isso pode s
er obs
ervado nas
falas d
as
profe
ssoras a
seguir
:
Keli:
Ser “a
utor” de
nossa própr
ia viv
ência
, nos v
aloriza
r
enquanto ser histórico cultural e também que somos capazes de
prod
uzir, cons
truir
, ilus
tra
r tudo que
quiser
mos. T
odos e
sses
“novos
conhe
cimen
tos”
refl
etir
am na
minha
prá
tica, p
ois
me
f
izeram
pensar, refletir, m
udar [.
..]
Lene
: Foi in
tere
ssan
te sa
ber
todo o con
teúd
o, por
que a
part
ir
dele (sintaxe visual) e das vivências, not
o que somos autoras e
capazes.
379
Lis: A grande aprendizagem
foi perceber que é possí
vel criar e
gostar
da cria
ção. [
...
] vimos q
ue te
mos a ca
pacida
de de
criar
,
imagina
r.
Na fala da p
rofe
ssora Le
ne
o
bservo
,
além d
a superação
d
o
sentimento d
e incapa
cidade, a
v
alori
zação d
o conhecimen
to qu
e
possibili
ta
a toma
da de c
onsciê
ncia s
obre a
necess
ida
de de estu
do,
de referê
ncias
, de f
ormaç
ão
para oco
rrer m
udanças d
e fat
o
, bem
como
a importâ
ncia d
o out
ro nesse pr
ocesso.
Lene: Então hoje eu
vejo assim, que do
mesmo jeito que eu me
achava incapaz e que eu fui capaz de realizar, depois de estudos,
vi que qu
alquer pessoa pode fazer, qu
alquer ser humano pod
e
realizar o que qu
er que seja. Então hoje eu confio muito! Só que
para
isso acontecer é preciso de boas referências, é p
reciso se
debr
uçar, é
precis
o leva
r o mel
hor par
a o outro,
ass
im com
o nós
receb
emos o mel
hor
tamb
ém.
O conteúd
o, a
o faz
er se
ntido pa
ra o
profess
or
, torn
a
-
se órgã
o
de sua
individu
alidad
e. Dess
e modo, o senti
do do tra
balh
o
educat
ivo
, tanto p
ara os educad
ore
s como p
ara as crian
ças, re
side
em
tornar
os conteúdos e os
conhecim
entos
órgã
os de
sua
individualid
ade. N
ão bast
ará a
assim
ilação
do si
gnifi
cado
do t
ema
dado, s
eja teór
ico
ou prá
tico;
é preci
so pr
oduzir
na pess
oa um
a
relaçã
o adequ
ada c
om res
peito a
o conteúd
o estudado.
Assi
m, os
conhecim
entos
adquir
idos
serã
o conhecime
ntos
vivos e,
ao mesm
o
tempo, defi
nirã
o su
a atit
ude em rela
ção a
o mundo.
É pr
eciso edu
car
a atitud
e para
com os c
onhecime
ntos, po
is iss
o é a
essência
do ca
ráter
consciente do estudo (LEONTIEV, 1978).
380
A pro
fessora Ke
li ex
pressa
esse f
ato p
or mei
o do s
eu r
elato
no qual o cont
eúdo d
esenvolv
ido no e
xperiment
o
didático
-
formativo
t
ornou
-
se
ór
gão de s
ua individu
alida
d
e, propor
ciona
ndo
inclusive
satisfação p
essoal.
Keli: E
ntão eu
trouxe
a arte lit
erária para a m
inha vi
da,
enquan
to pess
oa e eu a
credit
o que a min
ha for
mação f
oi
[...]
uma tran
sfor
mação m
uito boa
! Por
que na v
erda
de, no começ
o
a gente, muit
as vezes, fica com medo e não acredit
a na teoria e,
quando você coloca a teoria na prática e você vê que dá certo.
Nem você acredita q
ue você foi capaz de faze
r determinadas
coisa
s.
[...]
Você sabe porqu
e está fazendo aquilo e porque você nã
o dá
uma le
tra so
lta, de
scont
extu
alizada
, sabe porqu
e você não dá
um dese
nho pronto
para cri
ança copiar,
pintar ou
preench
er...
Isso é mu
ito b
om!
Desse mod
o,
quando
um co
nteúd
o se tor
na órgão da
ind
ividu
alidade
, ele p
assa a con
tagi
ar a vida d
o prof
essor
, suas
percepçõ
es, s
eus i
nteres
ses
e o seu
comp
orta
mento.
Isso p
ode s
er
observad
o no relato da
profes
sora
Leila
:
Leila: H
oje aq
ui e
m casa e
u, co
mo assí
dua da bi
bliot
eca d
a
escola, em retirar livros, eu também passei, depois dessa
exper
iência
de forma
çã
o em A
TPC,
a adquirir
livr
os ta
mbém
aqui e
m casa
, compr
o livr
os pa
ra mim e p
ara
os meus f
ilh
os. Eu
tenho d
ois
filhos
,
um de 1 ano e 8 meses e
outro de 6 anos. E
eu fico muito feliz por ver como eles est
ão encantados pela
literatura, como eles estão apaixonados por esse universo
literário. E além de est
ar sempre incentivando eles na lei
tura,
eu também pro
curo, sempre que
tenho um te
mpinh
o, q
uando
381
não est
ou numa
live
, eu e
stou realizand
o a lei
tu
ra de algum
livro, isso é gratif
icante e eu agradeço.
Com a apr
opriaç
ão do conhecim
ento, o p
rofess
or pa
ssa a
compre
ender a
sua realid
ade, a
origem dos f
atos, d
os acontec
i
-
mentos,
dos probl
emas
. D
es
se modo,
terá
melhor
es cond
ições
d
e
buscar e o
bter as re
sposta
s para
suas di
ficuld
ades em
seu
di
a a dia.
Ness
e process
o de apropr
ia
ção, o pr
ofessor
se tra
nsformar
á
tanto na
dimensã
o objetiva como n
a su
bjetiva, pois a
prenderá a
olhar para si
e para sua p
rát
ica, b
uscar
á cami
nh
os para sat
is
faze
r suas
nece
ssidade
s, mudará
se
u pens
amento,
sua f
orma de a
gir,
de ver,
supera
ndo certa
s convic
ções, a
propria
ndo
-
se d
e novos conc
eitos
e
terá
condições d
e promov
er mudanças
no outro,
em s
uas
crianças
.
As muda
nças ocorrid
as nas prá
ticas sã
o percebidas
pelas
própria
s profes
sora
s e fora
m expres
sas
nas avalia
ções, c
onform
e o
registr
o a
seguir
:
Lene: Perc
ebo q
ue mi
nha prátic
a nunca m
ais se
rá a mesma,
porq
ue agora
atuo com mais
con
fiança
e per
mito e cond
uzo
com segurança as diversas opiniões que possam su
rgir, sem a
obriga
torie
dade de
um
único fi
na
l esp
erado pa
ra a
história
.
Leila: Pe
rcebo q
ue a mi
nha prátic
a tem sid
o mais cui
dadosa e
m
relação à p
esqu
isa e le
itura ant
erio
r, po
rque é p
reciso anali
sar a
quali
dade
da obra e pro
porc
ionar praz
er na lei
tu
ra.
Sara: Perc
ebo q
ue a m
inha prát
ica fi
cou mai
s aprimo
rada e com
o olha
r mais
atento pa
ra
o que é de
fato lite
ratur
a, por
que o
conhe
cimento
nos f
az mud
ar as práti
cas pe
dagó
gicas.
Com a apr
opriaç
ão do c
onhecim
ento n
o deco
rrer
da
formaç
ão, foi poss
ível obs
erva
r
a pr
ática do pr
ofesso
r
mais seg
ura e
382
tranquila
, contribu
indo
par
a mudanç
as na dime
nsão s
ubjetiva
;
enc
ontrou
sent
ido em
su
a profis
são e
pas
sou
a gostar mais d
a sua
prática
. Ess
e fato foi expre
sso na fal
a da pro
fesso
ra Li
s
:
Lis: Pe
rcebo q
ue a m
inha prát
ica é t
ranqu
ila, até
gosto
muito
mais, p
orque
tenho
o conhe
cim
ento.
3
.3
.
4 V
alorização da form
ação cont
inuada pe
lo profe
ss
or
O desenvolv
imento da
criança
em relaçã
o à arte liter
ária,
envolv
endo lei
tura
, compr
eensão e pr
odução autor
al, depe
nderá d
as
pro
postas de a
ções
dos p
rofess
ores e
da elaboração
de pl
anos
intenci
onais pa
ra a
promo
ção des
se desenvo
lvim
ento.
Desse mod
o, é
fundam
enta
l compre
ender
a funç
ão da
escola
como espa
ço privil
egiado
para
a aquis
ição do conh
ecimento cu
ltur
al
e ter co
nsciência
da im
portâ
ncia de seu
papel,
enqu
anto prof
essor
ou profes
sora
, na prom
oção d
o desenv
olvime
nto hu
mano.
É
fundamental,
para ta
nto, o professor
estar
ins
erido no proc
esso d
e
form
ação
con
tinuad
a para que
ten
ha
melhores
condiçõ
es de
encontra
r soluções
pa
ra suas dificuldades diári
as e exerce
r
práticas
mais apr
opriada
s para
promover o desenv
olvime
nto da
s cria
nças.
Ao lembra
r dos r
esulta
dos
da for
maçã
o em curs
os, que eu
oferecia
na funç
ão de co
ordena
dora
de área
de Edu
caçã
o Infantil, e
depois, n
a fu
nção de di
ret
ora,
com
a fo
rmação c
ontin
uada na e
scol
a,
pude perc
eber qu
e as pr
ofes
sora
s, ao ter
em um ac
ompanha
ment
o
diário da
diretora
, possu
em melhor
es con
dições d
e escla
recer su
as
dúvida
s, de super
ar os problemas s
urgidos em s
uas prátic
as diá
rias e
de e
laborar
ações m
ais ap
ropri
adas para s
uas c
rian
ças. A p
artir
da fala
383
da prof
essora
Keli, que fe
z um dos
meus c
ursos
e, anos depois
, fo
i
trabalh
ar na e
scol
a ond
e
eu
era diretor
a, conf
irma
essa
hipótes
e.
Prof.
ª Kel
i: [.
..]
quando eu n
ão
tinha c
onhec
imen
to da
teoria
e
eu fi
z o curs
o da Yaek
o, (em
2010), aí
eu c
omec
ei a est
udar e
eu não
entend
i ao c
erto p
or que eu
não po
dia t
rabalhar c
om as
letras soltas. Qual era o
sentido de trabalhar o desenho t
odos os
di
as, então
tudo
aquilo para m
im era m
uito di
fícil d
e entend
er.
E aí qu
ando eu fui
buscar c
om a minha d
iretor
a da época,
de
outra escola, ela também não so
ube me explicar e me di
sse que
eu estava no caminho
certo
,
e eu dava le
tras
soltas
para as
crianças
, nú
meros sem uma
con
textua
lizaçã
o, sem uma
fun
ção
soci
al, então
eu lia uma c
oisa na pro
post
a e eu fazia ou
tra
, então
aquilo
foi me
deixa
ndo b
em in
com
odada,
em c
omo tr
aba
lha
r.
E hoje eu vejo
o sentid
o e o signifi
cado do desenho e d
as letras,
a imp
ortânci
a de cad
a um.
A profes
sora
Keli havia
feito o cur
so de desen
ho e, qu
ando
começo
u a estudar, vária
s dúvi
das surgiram
q
ue não pudera
m ser
esclar
ecid
as na ép
oca,
porque o curso havia te
rminado e
sua diretora
descon
hecia o
conteúd
o. E
la só tev
e a opor
tunid
ade d
e esclar
ecer ta
is
dúvida
s ao s
e trans
ferir par
a a es
cola onde eu
estav
a como dire
tora,
devido a
possibil
idade d
o acompan
hamento
diári
o. Portan
to, a
form
ação
na escol
a, em horá
rio de AT
PC, pode t
er u
m resulta
do
melho
r par
a as muda
nças nas prátic
as se o diretor também ti
ver
um
a
form
ação co
nsiste
nte em rel
ação ao
s conteú
dos da Educaç
ão
Infant
il.
A profe
ssora,
ao perceber o des
envolv
iment
o
obtido
com a
formaç
ão e a p
ossib
ilidade
de pr
omover
o des
envolv
iment
o em suas
crian
ças,
passa a va
lorizar
a formação
con
tin
uada na e
scol
a
em
384
horário d
e ATP
C
, o que pode ser obser
vad
o
na fal
a das pro
fesso
ras
Ana e S
ara, a
seguir
:
Ana
: Concl
uo que a
for
maç
ão cont
inuada
em A
TPC
é
fundame
nta
l pa
ra o pr
ofess
or poder
viven
ciar a
teoria
na
prática, faz to
da a diferença, agora esse conteú
do tem sentido e
signifi
cado.
Sara: Conc
luo q
ue foi
muito
important
e e enriq
uecedo
r ter m
e
apropr
iado de
novos c
onhe
cime
ntos que
faze
m muda
r as n
ossas
prática
s, on
de todos
os en
volvidos no processo de ensi
no
-
aprendi
zagem
só tê
m a ganhar.
É
possível o
bservar, alé
m da valo
rizaç
ão da fo
rmação obt
ida, o
surgimen
to
do sent
imen
to de
gra
tidão pe
lo co
mpar
tilha
ment
o
do conh
ecime
nto e
a sa
tisfaçã
o em r
e
alizar um
trabalho d
e
qualidade
, c
on
form
e a fala da prof
essora L
eila
:
Leila: C
onclu
o que
é necess
ário a bu
sca p
ela form
ação p
ara
amplia
ção do n
osso conh
eci
mento e
ter um tra
bal
ho de
quali
dade
. Precisam
os desp
ertar o enc
antame
nto da cri
ança
para est
e mu
ndo d
a lite
ratura. Est
e trabal
ho m
e dei
xou
extremamente satisfeita e encan
t
ada. Obri
gada p
or
compart
ilhar!
A forma
ção pr
oporciona
da à
s profess
oras trou
xe também
para a dis
cussão a importâ
ncia do papel do dir
etor
em oferecer
formaçã
o na escola,
possibilita
ndo condiç
ões de trab
alho e inc
entivo
às prof
essoras
. Es
sa que
stão
foi
expre
ssa na fal
a d
a
s
professora
s
, a
seguir:
Le
ila:[...
] só te
nho a agradec
er à
d
iret
ora por t
er propo
rcionado
esses momentos, por t
er compartilhado esse co
nhecimento
riquís
simo e v
ej
o como é
impor
ta
nte,
como fo
i imp
ortan
te par
a
385
amplia
r o nos
so re
pertór
io e c
omo é im
porta
nte
também
dar
condições de trabalho, incentivar as professoras.
Ana: Conc
luo q
ue a no
ssa
escola m
ud
ou tot
alment
e sua p
ráti
ca
e conseguiu levar isso p
ara as out
ras escolas, através de
encontros realizados p
ela prefeitura, em troc
as de experiência.
Isso m
ostra
a impor
tânc
ia da for
ma
ção do p
rofes
sor
para
o bom
desenvolvim
ento de seus alunos. E
,
para isso, é imprescindível
o olha
r do ges
tor.
Lene: Então eu vejo
que a formação
da pessoa, da criança é
funda
men
ta
l
. Sempre tem algo a aprender e
sempre a gente tem
que estar aberta aos desafios. E isso a diretora trouxe para gente
-
sempre aprender, sempre estar aberto, tem que buscar. Então
hoje eu ve
jo q
ue s
ou uma pr
o
fission
al me
lhor
, por c
onta da
formaçã
o.
A profes
sora
Keli l
evantou outra q
uestão
importante nesse
proce
sso
:
a forma
ção of
erecid
a pela
gestora
à e
quipe esc
olar,
inclusive a
os profiss
ionais
de apoio, pos
sibilita
ndo a tod
os a
apropr
iaçã
o dos conhe
cimen
tos, cr
iando c
ondições
para
a
compre
ensão dos
conteúd
os e das prát
icas d
os professor
es, tor
nando
as r
elações d
e tr
aba
lho mais
harmônicas
.
Keli:
E també
m incl
uo aqu
i,
no proce
sso de
forma
çã
o, a
mudança das auxiliares e da cuidado
ra. Porque foi através desse
conteúdo que a cuidado
ra também aprendeu. Então esse
aprendizado, esse co
nteúdo não ficou somente para a
profes
sora
. Essa
formaçã
o foi
pa
ra a equi
pe esc
olar e, q
uando
a
gest
ão tem e
sse olhar
para a i
mpo
rtância d
e dar fo
rmação à
equipe
escola
r, tu
do se t
orna
mais s
ignifi
cativ
o den
tro da e
scola
.
Então
,
a cuidadora sab
e porque você t
em determinadas
perguntas naquele cont
exto. Elas podem trazer
isso para
a vida
delas. E foi exatam
ente o que aconteceu!
386
Portanto,
ao d
esenv
olver
a cons
ciênci
a sobr
e a importâ
ncia
da for
mação c
onti
nuada
para
o seu
própri
o des
envolv
iment
o
human
o, me
lhoran
do a sua co
mpre
ensão d
a reali
dade e qual
ifi
cando
suas
práticas,
o professor s
upera a
resistência
inicia
l e pas
sa a va
loriza
r
a form
ação co
ntin
uada na e
scol
a.
3
.3.
5 U
niversidad
e e escola b
ásica: um encon
tro
po
ssív
el e n
eces
sár
io
Para
a rea
lizaçã
o de pes
quis
as,
trazendo c
ontr
ibui
ções a
o
desenvo
lvime
nto das
cria
nças d
e escol
as de
ensi
no bás
ico, cr
eio se
r
necessá
rio pens
ar e
m pos
sibilidades d
e aj
udar
o profes
sor a
obter
melhores co
ndições
de atu
ar em su
as prática
s de forma
consciente
.
Pois o prof
essor,
no exer
cício d
e seu tra
balho, é
o res
ponsável p
elo
desenvolv
imento da
s cria
nças.
Após rea
lizar pesqu
isas e estudos
sobre a ar
te literár
ia em
algumas
discipli
nas do
curso de
pós
-
graduação,
percebi a
necessidade de com
p
artilh
ar es
ses cont
eúdos
com as
pro
fessoras d
a
escola em
que esta
va exer
cendo a
funçã
o de diretor
a, cr
iando
condiç
ões par
a qua
lificar
o process
o de ens
ino
-
apr
endizag
em.
Assim, o
hor
ário d
e ATPC
torn
ou
-
se uma
poss
ibilidad
e para
compart
ilhar
os conhec
imentos com
todas a
s prof
essor
as, c
om o
objetivo
de super
ar prá
ticas equ
ivocada
s com a a
rte li
terária
. Devid
o
a min
ha co
ndi
ção de
diret
ora, co
orde
nava a fo
rmaç
ão e
reali
zava o
acomp
anh
amento d
iário
do trab
alho
das pro
fesso
ras, aj
udando
-
as na
supera
ção das
dificulda
des e cria
ndo um e
lo entr
e a univers
idade e a
escola d
e
Educação
Infan
til
por meio d
a pesquisa
.
387
A leitura
e a anális
e dos r
elatos d
as profes
so
ras
mostraram
-
me
a importâ
ncia da
escolha d
o exper
imento d
idátic
o
-
formativ
o
para a ge
ração d
e dado
s e para a pr
omoção
de mudanças
nas
participa
ntes. A
lgumas dela
s apontar
am a questã
o da relevância d
e o
conhecim
ento a
cadêm
ico c
hegar a
té às
escola
s, co
mo oc
orreu
com
esta pe
squ
isa,
envolv
endo
a forma
ção de pr
ofess
ores.
Em seus r
elat
os, as pr
ofessoras afi
rmaram
a nece
ssidad
e de
form
ação para o
surgi
ment
o de mudan
ças nas p
rátic
as das esc
olas
pública
s, porq
ue mu
itas v
ezes o pr
ofessor
tem
o des
ejo de ter
uma
prática
diferencia
da e sig
nificativa
, mas
ele
não s
abe como fa
zer
.
Dessa
forma
, o conhecim
ento mais
elabor
ado da
univ
ersida
de é visto
por elas
como es
sencial
no ambie
nte da
escola
pública. Es
se
pensame
nto foi ex
presso no rela
to da pr
ofes
sora Lene
:
Lene: Eu até estava pensando q
ue precisava de um
a pesquisa da
Universidade, com esse olhar para a escola, porque muitas vezes
o prof
issiona
l, o e
duca
dor n
ão d
á mais
para
o seu a
luno p
orq
ue
ele mesmo não tem
... Como que eu ia falar de paratextos, se eu
mesm
a não s
abia o q
ue
era! ...
Então h
oje, e
u me s
into m
uit
o, muit
o feliz
mesm
o de le
var p
ara
as crianças de escola pública e saber que muitos professores não
sabem o que é e, as minhas crianças já sab
em, quem foi meu
aluno,
saberá.
(.
..). Então
é i
sso...
Em outro rela
to
observ
o
um apelo pa
ra o c
onheci
mento da
universi
dade chega
r às
escolas pú
blicas c
omo cond
ição pr
imordia
l
para
oc
orrên
cia d
e mud
anças n
a educ
ação e
n
as práti
cas,
argum
entando qu
e a for
maç
ão obtida
na esco
la s
ó foi pos
síve
l
porque a dir
etora, enqu
anto pesquis
adora,
teve a
cesso a
o
conhecim
ento a
cadêmic
o e c
omparti
lhou
com as pr
ofess
oras.
388
Keli: Porque é u
m conhecimento que está na universidade e
que nós s
ó tivemos
acess
o a el
e por meio da
nossa
diret
ora,
por
meio da
for
mação.
Entã
o, ta
mb
ém me f
ez r
efletir
sobr
e iss
o. S
e
na Universidade, tud
o que é produzido lá dentro
de valor, de
certa imp
ortâ
ncia p
ara
o nosso de
sen
volvime
nto,
para
o
desenvolvimento do professor, esse conheciment
o não chega
até nós
se nós
nã
o tive
rm
os alg
uém l
á den
tro, en
tão
isso
foi a
lgo
que me fez refletir m
uito mesmo. Se a gente quer a pont
e entre
universidade e escola pú
blic
a, tem qu
e mudar, t
emos qu
e criar
meios para que este conteúdo seja realmente ofertado aos
p
rofessores da escola públic
a e, assim, acredito
que teremos,
tenh
o cer
teza
ab
sol
uta que
ter
emos
um f
uturo
bem
mel
hor
.
No
s
relato
s
, a
s
professora
s
concebem
o c
onh
ecimento
acadêm
ico
como
mais elabor
ado, c
omo o mel
hor, por
isso dev
eria
che
gar até às e
scol
as.
T
ambém a
firma
ram
qu
e o acess
o ao
conhecim
ento a
cadêmic
o só foi
possível
pelo fa
to d
e
a direto
ra estar
na unive
rsidade, atribui
ndo
as mudanças e
m suas pr
áticas a e
sse fato
e aos es
tudos.
Lene
: [..
.] é pr
eciso le
var o mel
hor pa
ra o outr
o, as
sim como
nós recebemos o melhor também. E nós recebemos isso, por
conta de a diretora estar na universidade estudando e ela
confiou na gente, viu
que a gente era capaz, acreditou e t
rouxe
esse material, que era com
pletamente desconhecido.
[...
] E hoje eu n
ão me ve
jo pega
ndo um liv
ro sem l
er um po
uco
do autor, sem saber a linha de pensamento
dele, mas não foi
num passe de mágica que isso aconteceu, fo
i muito es
tud
o,
muita v
onta
de e
muitas dúvidas que a gente tinha, a gente
supero
u com e
stud
o mesmo.
389
Além de
consid
era
rem
o conhecimen
to ac
a
dêmico como o
mais e
labor
ado
, fize
ram
uma cr
ítica ao conheci
mento que nã
o
ultrap
assa os m
uros das
uni
versi
dades,
cham
ando
-
o de con
heci
-
mento vazio,
que
ganh
a vida ap
enas q
uando
che
ga à esco
la e
é
colocado em prática
.
A apropr
iação do conhec
imento poss
ibilit
ou à
profess
ora
Keli tal
reflex
ão e a
valorização
das pe
squisas
acadêm
icas, d
o
con
he
cimento científ
ico
, manif
estando
o d
esejo de
a
cesso a
ele e a
presença
desse c
onhec
ime
nto nas
escol
as, dan
do
v
ida
às práticas.
Keli: Acredito
em uma ponte entre a universidade e a esc
ola. Se
a unive
rsida
de é o lug
ar on
de é prod
uzido o c
onheci
ment
o mai
s
elaborado, ele precisa estar na esco
la. Nós da escola precisamos
ter mais acesso a essas produ
ções, precisamos estar juntos lá na
sala de
aula estu
dando, trazendo esses
conte
údo
s. P
orq
ue o
conhecimento da universidade, sem ser aplicado na escola
públi
ca, ele é
vazio
. Ele s
e to
rna algo
vazi
o. Mas q
uando
a gent
e
consegue trazer o conhecimento para a escola, ele tem vida!
Então
não é al
go somente prod
uzido, ma
s é a
lgo pos
sível
. E é
isso que faz a dif
erença!
Também fo
i aponta
do c
omo
fundamen
tal ao
desenvolvi
-
mento dos
profess
ores
a
formaçã
o do diretor e,
ao mesmo te
mpo, a
oportun
idade de
o conh
ecim
ento ci
entífic
o ch
egar at
é às esc
olas.
Keli:
“
[...]
a formaçã
o continua
da
dos prof
essor
es em A
TPC e
do dire
tor, sã
o funda
men
tais pa
ra o n
osso des
envol
vimen
to.
Essa é
uma op
ortun
idade
do c
onheci
ment
o cien
tífic
o,
produzido nas universid
ades, chegar ao chão d
a esc
ola, s
air do
papel
[...]
390
Por
meio d
as falas d
as prof
essoras
ficou ev
ident
e a
necessid
ade da p
rese
nça do con
hecimen
to aca
dêmic
o nas es
colas d
e
ensino bás
ico para
possibi
litar mud
anças
nas prá
ticas peda
gógicas
e
na rea
lidade es
colar,
de forma
geral.
N
ão se trat
a, tod
avia,
de
simplesm
ente trazer u
m cont
eúdo aca
dêmico e dis
ponibili
zá
-
lo
ao
profess
or
ou à
profess
ora
para alme
jar uma m
udan
ça. Po
rque
dura
nte o process
o de for
maçã
o, a pa
rtir dos
relatos e da
s ava
liações
das profe
ssoras,
con
statou
-
se a exist
ência do conh
eciment
o sobr
e
suas
dificulda
des, suas
limitações na
realizaç
ão de pla
nejamentos
, na
elabo
ração d
as ati
vidad
es, o
u seja, t
inh
am co
nsci
ência de
algum
as
incoerênc
ias e
dific
uldad
es nas pr
áticas
, mas
não sabiam c
omo
su
perá
-
las. Por nã
o possu
írem
co
nhecime
nto sob
re o conteúdo
específic
o das
área
s e conhecim
ento s
obre o d
esenvolvime
nto
infantil,
não tin
ham co
ndições d
e reali
zar a
articu
lação entr
e teoria
e prática
, evidencia
ndo
d
ess
e modo a nec
essid
ade de
criar
condiçõe
s
ao profes
sor de
se a
propri
ar do c
onheci
mento
teóric
o e ar
ticulá
-
lo à
sua práti
ca.
Esta pes
quisa,
na forma d
e experimento didá
tico
-
for
mativo,
de modo c
oopera
tivo,
poss
ibilitou um v
ínculo e
ntre a
universida
de
e a esc
ola de
Educação
In
fantil
. T
odos os
envol
vidos
tivera
m a
oportunida
de de transf
orma
r sua dimensã
o subjetiv
a e objetiva
po
r
meio da a
rticula
ção teori
a e prática
, resu
ltando na
aquisiçã
o de
libe
rdade
para a re
aliz
ação de
escolh
as con
scient
es e mud
anças n
a
realida
de escola
r.
Enfim, é relevante le
mbrar, conforme Duarte, (2016, p.
122),
que
a liberdad
e é:
[...]
um proces
so s
ocial
no
qual s
e une
m ob
jetiv
idade e
subjetividade. Os seres humanos não se to
rnam livres pela
391
negação
da obj
eti
vidad
e da nat
urez
a, mas p
or seu
conheci
men
to e se
u domíni
o. Pa
ra
dominar
a realida
de exte
rna
o ser humano precisa dominar sua atividade, que deve ser uma
atividade consciente.
392
393
C
O
N
S
ID
ERA
Ç
Õ
ES
FIN
A
IS
Se a atividade do
homem se restringisse à mera
reprodução do velho, ele seria um ser volt
ado
somente
para o pas
sado,
adapt
ando
-
se a
o futuro apenas na
medida em que este
reproduzisse aquele. É exat
amente a
ativi
dade cr
iadora
que fa
z do h
omem u
m ser q
ue se vol
ta
para
o futuro,
erigin
do
-
o e modificando o seu presente.
(VIGO
TSKI, 2009, p
. 14)
Ao obser
var
as escolas d
e Educaçã
o Infantil, per
ceb
o
que
muitas pr
áticas
mecânicas
e
sem
sen
tido d
o passado
, com
ênfas
e no
código es
crito e
em
exerc
ícios
de coord
enaçã
o mo
tora
ai
nda e
stão
mui
to pres
entes
no conte
xto atua
l. O
s
conteú
dos e
specífic
os dess
e
segmento
c
omo as diver
sas
linguage
ns
não
es
tão s
endo
va
lorizados e
compreendido
s como f
unda
mentais pa
ra o
des
envolv
imento
da
s
crian
ças
.
É importan
te desta
car qu
e a cria
nça, ao s
e apro
priar de
diversa
s lin
guage
ns,
das l
inguag
e
ns presentes
no liv
ro ilustra
do
por
meio de
narrativas verbais e
visuais, po
derá ler,
compreender a
realida
de, ter c
ondições
de expres
sar
seus conhec
imentos
e sua
s
experiência
s como suj
eit
o autor e, a
partir des
sas
capacid
ades
desenvo
lvida
s, obterá
a forma
ção de ba
ses pa
ra outras áreas d
e
conhecim
ento
como a
própria lingua
gem escr
ita.
O
papel f
undamen
tal da esc
ola é asse
gurar as con
diç
ões
nec
essárias p
ara q
ue se d
es
envo
lvam
nas cri
anças
as fun
ções p
síqui
cas
394
superio
res
por m
eio de u
ma edu
caçã
o
desen
vol
vente
. A
s f
un
ç
õe
s
psíqui
cas são fe
rramen
tas essen
ciais p
ara que as p
essoas sej
am, de
fato, suje
ito
s de sua hi
stória.
Para ta
nto, é nec
essá
rio que o prof
essor
s
e aproprie
dos
conheci
ment
os es
pecífic
os da
Educação In
fant
il e
transform
e
suas prát
icas.
P
or meio
das a
nálises
,
n
o capítul
o
anterior,
proc
urei
compre
ender c
omo o pr
ocesso de a
propria
ção d
o con
hecime
nto
pode transfor
mar a pr
ática
do profe
ssor da Ed
ucação
In
fantil
com
o
livro ilustr
ado e
,
também
,
pôr em discu
ssão a
lguns princípio
s
didáticos qu
e pod
em contr
ibuir par
a o trab
alho
com o livr
o
ilustra
do,
argumenta
ndo qu
e é possív
el promov
er o d
esenvolvi
-
mento psíq
uico p
or mei
o de u
m process
o de for
maç
ão.
Desse mod
o, t
rago par
a
as consider
ações
finai
s uma
pequena
reflexão s
obre a
lguns pr
incípios d
idáticos
que foram s
e constitu
indo
durante a
pesquisa
para o trab
alho com o livro ilus
trado,
intenci
onand
o
ao desenvolv
imento d
a cap
acida
de de leitur
a e de
expre
ssão
. A
o pensar sobre tais
princípios
, pude tam
bém obter uma
melhor c
ompreens
ão sobr
e o process
o de a
propr
iação d
o
conhecim
ento p
or par
te da
s
professo
ras.
Os princípi
os didá
ticos qu
e destaco
para
o traba
lho de
formaç
ão com o l
ivro ilu
str
ado, s
ão:
Apropria
ção do c
onhe
cimen
to sobre a
art
e
literá
ria/li
vro ilus
trad
o.
A apr
opriaçã
o do conhecimen
to sobr
e a art
e literár
ia é
fundamental
para
possibili
tar a
o professor
e a profes
sora
uma melhor
compre
ensão de s
ua rea
lidad
e, a orige
m dos fa
tos, dos
395
acontecime
ntos e dos
problemas
em relação
a sua pr
ática
pedagó
gica. A
lém disso,
por mei
o do proc
ess
o de a
propria
ção, o
professo
r transform
ar
-
se
-
á, apre
nde
rá a o
lhar
para si
e p
ara
sua
práti
ca, buscar
á cam
inh
os par
a satisfaz
er sua
s ne
cessi
dades,
mudando se
u pensame
nto, su
a forma d
e agir e
o
bten
do con
diç
ões
de também pr
omover m
uda
nças no outro.
Um t
raba
lho com as
crian
ças sobre
a arte
lit
erária,
com o objetiv
o de des
envolver
as
funções psíqu
icas s
uperiores e a
capacida
de criador
a, s
ó é possív
el se
os
profess
o
res
e
as professor
as
acredita
rem ness
a proposta
e
apropriare
m
-
se do
s conte
údos específic
os dessa á
rea. A
criança, p
or
sua vez,
ao te
r ac
esso às pr
oduções
liter
ária
s e
a
propriar
-
se
d
os
conteúdos
que poss
ibilit
em uma
melhor c
ompreens
ão das
narra
tivas
verbais e vi
suais,
terá co
ndiçõ
es de ex
ercer
sua imagi
nação
, seu
pensame
nto, sua
expres
são e su
a ati
vidade criado
ra
, humanizando
-
se
.
Context
ualizaç
ão e amp
liaç
ão d
o repertór
io em r
elação
às pr
oduções lit
erári
as.
Uma possibilid
ade para
desmistific
ar a qu
estão dos talent
os
naturai
s é a
aprese
nt
ação da h
istó
ria de
vida,
de
form
ação,
d
o
process
o cria
dor e
d
o cont
exto his
tóric
o das pr
oduçõ
es de
esc
ritores
e ilustrad
ores. A
formação dos p
rofiss
ionais c
oncei
tuados
envol
ve
um percu
rso es
pecífic
o: t
rab
alho, form
ação na
área
, percepç
ão d
e
context
o histór
ico e
muito
estudo.
Isso r
eforça
a conc
epção da
THC,
de que é uma
questã
o de a
propria
ção do c
onheci
mento na
s rela
ções
sociais
e não uma ques
tão de “dom”
. Ass
im, apresentar o pr
ocess
o
criador do
s autores, sabe
r como ele
s elaboram suas narrati
vas verbais
ou visua
is, de o
nde vem
sua ins
piraçã
o, o momen
to histór
ico da
396
produção,
o repert
ório,
contribui
para a co
mpre
en
são da re
lação
da
imaginaçã
o com fat
os d
a realid
ade. Alé
m disso,
é impor
tant
e
destac
ar qu
e é por meio da
apr
opriaçã
o do conhec
iment
o, da
ampliaç
ão do re
pert
ório, d
o aces
so às
difere
ntes pr
oduç
ões culturai
s
em arte lit
erár
ia
que s
erá
possív
el promov
er o desenv
olvimen
to da
imag
inação
e da at
ivid
ade criad
ora.
Avaliaçã
o do nív
el real d
e d
esenvo
lviment
o
e a atuaç
ão na ZDP
.
No proces
so d
e forma
ção,
res
salto a
impor
tância
de d
ialogar
com a cria
nça ou com o adulto,
pois o diálogo f
az com que “o
homem partic
ipe int
eiro e
com toda
a vida:
com os olh
os, os lá
bios,
as mã
os, a a
lma, o es
pírit
o, todo o c
orpo, os atos
” (Gege,
2019
, p.
29).
Assi
m
, o diálogo pos
sibilita
conhec
er o outr
o, a
cria
nça, sua
s
hipóteses
, sua
forma
de pensar, os
conheci
mentos
qu
e possui;
ou
seja,
permite
-
nos
co
nhecer
o seu nív
el de d
esenvo
lvi
mento rea
l.
É
importante
também n
es
se proces
so
avaliar as
pro
duçõ
es,
verific
ar o conheci
mento s
obre os conteúd
os específ
icos
de cada á
rea
e só dep
ois s
olicita
r a r
eali
zação d
e deter
minada
s aç
ões ou
prop
or
novos e
ncamin
hamentos
. Ca
so se per
ceba qu
e a cria
nça ou
o adult
o
não ten
ha det
ermina
do c
onhecim
ento, s
erá
necessá
rio apr
ese
ntar o
conteúd
o, atua
ndo na ZD
P
para
que o mesmo seja a
propriado.
Lembra
ndo que o bom e
nsi
no, segund
o a THC, é a
quele que i
ncid
e
na ZDP,
promove
ndo o d
esenvolv
imento psíquic
o do educando.
Compreen
são d
a apr
endizag
em como pr
ocesso a
tivo
Segund
o a THC, o pr
ocesso de a
propria
ção d
o conheci
-
mento é se
mpre
ativo
, ou sej
a, pa
ra s
e apropriar
dos obj
etos, qu
e são
397
produtos
do des
envolv
iment
o histór
ico, s
erá ne
cess
ário qu
e se
desenvo
lva u
ma rela
ção c
om eles
, uma
ativ
idade
qu
e reprodu
za os
traços
essenc
iais a
cumula
dos
no obj
eto.
A pess
oa d
ever
á reprod
uzir
em sua
atividade a
s opera
ções motora
s e cogni
tivas
incorpora
das
no
objeto para
apropria
r
-
se dele.
Desse mod
o, ao ent
rarem em a
tivida
de
na expl
oraç
ão de ma
teria
is,
em produ
ções
de pi
ntur
as ou
desen
hos
com técnica
s var
iadas
, o contato com s
uport
es e mate
riais
diferentes
,
a prod
ução
de
narrativas verbai
s e visuais
po
ssib
ilitará a
apropria
ção
do conhec
imento
e a obj
etiva
ção em pr
oduções
auto
rais
.
Tra
balhar o livr
o ilust
rad
o com o obj
etivo d
e pro
mover
o
desenvol
viment
o
humano
.
A função
da esc
ola é promo
ver um
a educação
inten
cional
para o des
envolviment
o integral d
as cria
nças.
É importante ress
altar
que, no pr
ocess
o de for
maçã
o, o que fa
z a difer
ença sã
o as
oportunida
des, o
acesso a
o con
hecimento
e a qu
alida
de d
a educação
ofer
tada às cri
anças
para o desenvolvimento d
as funç
ões psíqu
icas
superi
ores. É
nesse se
ntid
o que conc
ebemos a educ
açã
o
desenvo
lvente.
Ness
e proces
so, o ex
ercíci
o de util
iza
ção de s
ignos
verbais e vi
suais, na
apre
ci
ação
e na cr
iação
de n
arr
ativas
com
as
criança
s e com os ad
ultos,
contribui
para o
s
eu de
senvolvim
ento,
pois segu
ndo a T
HC
a apropr
iação dos
signos poss
ibilita o
desenvolv
imento de
fu
nções psíquic
as e uma
vasta aprop
riação do
patrimônio c
ultur
al. As
sim, o seu u
so cons
titui u
m traç
o essencia
l
das f
ormas su
periores
de conduta
humana
, perm
itindo a
o ser
humano uma
relaç
ão com o s
eu entorn
o media
da pelos s
ignos
cultur
ais.
Desse modo,
o trab
alho com o livr
o ilustr
ado dev
e ser
398
planejado de f
orma int
encional pa
ra
pos
sibilita
r
a apropri
ação de
signos
e
promover
o des
envolv
imento
das crianças e
do
s adultos
.
Enfim, vá
rios pr
incípios f
oram lev
antad
os no dec
orr
er das
análises
e acredito que
eles pos
sam contrib
uir no
momento d
o
planejame
nto de uma
forma
ção sobr
e a arte li
terár
ia, em es
pecífic
o
sobre o tra
balho com o
livr
o ilustra
do na Edu
caçã
o Infantil.
Trago t
ambém
outra q
uestão para refle
xão que, devi
do a
minha condiçã
o de pesqu
isadora
e tendo como par
ticipantes
da
pesqui
sa as p
rofessor
as da unida
de escola
r da
qual eu era dire
tora,
levou uma
profes
sora
a formula
r o seguint
e ques
tioname
nto
: se
rá
que se v
ocê f
osse a
penas
uma pes
quisa
dora
de uma
univer
sidad
e e
não a d
ireto
ra da esco
la, as pro
fesso
ras te
riam p
artic
ipado
da
pesquisa
e realiza
do to
das a
s ativid
ades propo
stas
durante a
form
ação?
Diante d
essa
questã
o pens
o que
não ten
ho como
co
nfirmar
com cert
eza com
o se
ria
os r
esultados
da pesquis
a, considera
ndo a
hipótese d
e eu nã
o ser a d
iretora
. Poré
m, esse qu
es
tionamen
to me
fez refl
etir s
obre o
proces
so de f
orma
ção e a
nalis
ar algu
ns rela
tos d
e
profess
oras
sobre os
seus
sentimentos
em rela
ção a
parti
cipaçã
o na
pesquisa
.
Durant
e a anál
ise
, refleti sobr
e os proced
iment
os me
todoló
-
gicos util
izad
os e perceb
i que o diá
logo com
as profes
soras
,
o
exer
cício d
a escut
a, da ob
servação
,
as ações conc
retas
para
que
houvess
e de fat
o a a
propri
açã
o do conhecim
ento,
art
icula
ndo teoria
e prática
, possibil
itou o des
envolvim
ento da
consciê
ncia
das
profess
oras
para
que percebess
em
os nov
os des
afios e a
form
ação
como al
go impor
tante
para
seu pr
óprio d
esenvo
lviment
o;
para
a
mudan
ça do o
lhar
e para a tr
ansfo
rmação
da prát
ica. P
or
399
consequê
ncia, oc
orreu a
valor
izaçã
o da for
m
ação e d
a pe
squisa.
U
m
a
profess
ora da
educa
ção es
pecia
l,
inclusive
,
a
o saber
sobre
pro
ce
sso de
formaç
ão que es
tava
acontecen
do na esc
ola
, s
olicitou
à sua
coorde
nadora
a tran
sferê
ncia par
a a nossa
unidade esc
olar a f
im d
e
participa
r da pesqu
isa e da
s ativida
des propo
stas.
Tal fato
demonstrou
que as profes
soras
deseja
m obter for
mação e se d
ispõem
a partic
ipar das
ativida
des, de rea
lizar
os
estu
dos. I
sso pode ser
con
firmad
o nas fal
as a
seg
uir
:
Professo
ra Sara: E
u procu
rei a minh
a coordenaç
ão de educ
ação
especial e disse qu
e eu gostaria de mudar minha sede. E ela até
perg
unt
ou
por q
uê
.
Eu fal
ei
-
Porqu
e a form
ação aqu
i está
interessante, eu gostaria de participar. A diretora leva o
conhe
cimento
e a práti
ca, acho q
ue fic
a bem intere
ssante,
fica
vivo e
rico
a aqu
isiçã
o do n
o
vo con
heci
ment
o. Al
ém diss
o,
através do processo d
e retomada, de
repetição, faz a gente
real
mente
adquirir
o conhe
cim
ento. E foi a
ssim, c
ome
çamos
na parte d
a li
terat
ura pri
mei
ro
, eu pegava o materi
al e ela
sempr
e me passava o
cont
eúdo [...] me d
ava um
a aula a parte
,
uma for
maçã
o sob
re o
que es
tav
a ac
ontecen
do.
E aí
quand
o eu
entrei
, ela fez
aqu
ela repes
cage
m, u
ma ret
omada e f
oi mui
to
incrív
el!
Professora Lis: A gente gost
ava de estudar e nunca co
nseguia
termina
r no h
orár
io os
ATPC
, a ge
nte se
mpre ia
alé
m, por
que
estava legal, estava
bom, porqu
e você sabia conduzir a
formaçã
o, é iss
o que o l
íder fa
z,
faz o gr
upo se se
ntir b
em, se
sentir seguro, s
e sentir ca
paz [.
..] Você f
oi um div
isor de
águas
para mim, most
rou que vale a pena a gent
e estudar, isso é m
uito
impor
tante
, abriu
uma co
rtina, bem
o mito
da cave
rna!
Também record
ei de uma
experiência
, quan
do
era
profes
s
ora em uma
unidade esc
olar, pela qu
al tive a o
port
unidad
e de
400
receber u
ma for
maçã
o durante seis
meses
de uma
pesquisad
ora que
cursava
o doutora
do. Lembr
o que o gru
po de prof
essor
as s
e envolveu
nos estud
os, pois a f
orma
de apres
enta
ção dos
co
nteúdos
foi po
r
meio de d
iálogos,
articula
ndo teoria
e prátic
a, co
ntribu
indo
para a
aprop
riação
. P
or consequ
ência
, houve
uma mel
hor c
ompre
ensão da
s
nossa
s ações
, gerand
o satis
fação na
s profes
soras
em obter a f
ormaçã
o.
Dessa
forma, as ativid
ades propos
tas por ela
eram rea
lizadas
como
parte do
proc
esso,
visa
ndo
ao nosso
dese
nvolvi
mento,
ou sej
a, h
ouve
o
desenvolvime
nto da
nossa consc
iência sobr
e a importânc
ia da
formaçã
o e da realiza
ção da
s ativid
ades, pois os
conteúdos fa
ziam
sentid
o para
nós. E foi
com essa
forma
ção, ofer
ecida no a
mbient
e
escolar por
uma pesqu
isadora
, que me co
nduziu para
outros es
tudos
,
gerando em mim
o desej
o e a necessida
de
de aprofund
ar os
conhecim
entos
sobre a
THC e
o dese
nvolvi
mento
humano.
Concluo, a
ssim, r
eafir
mando que
a formação e
as ativid
ades
propostas
foram ac
eitas
pelas
participa
ntes da
pesqui
sa,
no primeir
o
moment
o, pela
necessid
ade d
e obter
em forma
ção
em hor
ário da
ATPC no exer
cíc
io de su
as f
unções
;
porém
,
o env
olvimen
to e a
dedicaç
ão dela
s no proc
esso nã
o ocorreu
pelo fa
to de
eu ser
a diretor
a
da esc
ola
,
mas porque o c
onteúdo d
a forma
ção
gerou nov
os sentid
os.
Tal fa
to deveu
-
s
e também
à
estrutur
a do experimento didá
tico
-
formativo,
a
os proced
iment
os util
izados e
a
o
diá
logo fr
equent
e.
Penso que is
so tudo pos
si
bilitou
o desenvolv
ime
nto da c
onsciência
sobre a impor
tância da
formaç
ão,
as pro
fesso
ras
perceberam a
rele
vânci
a de entr
arem em
atividad
e para a ap
rop
riação d
o
conhecim
ento s
obre a
arte l
iterári
a,
resultando n
o desejo d
e
dese
nvolve
r a capac
idade
autoral p
or meio
da criação
de
n
arrativas
401
verbais e vi
suais e, por con
sequênci
a,
promov
ere
m o des
envolv
i
-
men
to das cri
anças.
Com as
análises
també
m procur
ei argu
mentar
sobr
e a
importânc
ia da a
propriaç
ão dos s
ignos, d
o des
envolvime
nto da
imag
inação
e da c
apacid
ade cr
iador
a. Isso m
e fe
z lem
brar de
um
exemplo a
pres
entado
pelo
educa
dor Jos
é Pa
checo
,
de Portu
gal. E
m
uma pales
tra, há
alguns a
nos, e
le relatou
o o
corrido em um grupo
de cri
anças
para quem foi solicita
da
uma
atividad
e de escrita c
om o
tema
‘
a Prim
avera’
. Ao final
da ativ
idade
, apó
s reco
lher o
s trabal
ho
s,
o profess
or
per
cebeu u
ma pr
oduçã
o sem nome.
E
ntã
o combin
ou
com as cri
anças
de profer
ir o texto
e, quem f
osse o a
utor d
a escr
ita,
deve
ria le
vantar a mão
. Ao i
nici
ar com as pal
avras
“A p
rimavera é a
estação
das fl
ores.
..”, to
das
as cri
anças l
evan
taram
a mão
, afi
rmand
o
ser a
utor do tex
to. Ao da
r sequênc
ia à pr
oferiçã
o, as
crianças
permanec
eram
na hip
ótes
e inicia
l, por
que todas
as pr
oduções
estava
m semelhantes
, ou s
eja, s
em autoria
.
Com esse r
elato per
cebi
como os
modelos
ester
eotipa
dos
ocorrem nã
o só em dese
nhos de
árvore
s, casas, p
esso
as
etc., mas
também na
linguag
em esc
rita, l
imitando
a
express
ão e o
desenvolv
imento ps
íquico
das c
rianças
e dos adu
ltos.
Desse mod
o, a
firmo
qu
e a pr
ática de c
ópia de
modelos
prontos
não tr
az con
tribui
ções ao u
so da es
crita
co
mo lingua
gem
e
ao exerc
ício da a
tivida
de cria
dora.
Creio ser v
álida
essa compr
eensão
a qualqu
er
forma de
l
inguage
m, ap
ontan
do a urgênci
a da ext
inçã
o
de prática
s sem sen
tido;
não só na Ed
ucação I
nfan
til, m
as
também
nos de
mais se
gm
ento
s educ
acion
ais
.
É
preciso cria
r condições pa
ra a
constitu
ição do suj
eito au
tor. Es
sas r
eflexões també
m jus
tificam a
s
minhas
ações
na forma
ção de profes
sores
e a preo
cupa
ção com a
402
promoçã
o do dese
nvolvi
mento da
imag
inação e
da c
apacid
ade
criado
ra. É uma
tentativa de d
esenvo
lver a c
on
sciê
ncia dos
educador
es sobre a
importâ
ncia, par
a o psiquis
mo, da forma
ção do
ser humano e
m sua
integralida
de.
A consciência, enquanto
rela
ção com
o mu
n
do
,
revela
-
se
no
campo psic
ológic
o
co
mo u
m sistema d
e se
ntidos.
O que
disti
ngue o
cará
ter consc
iente
dos c
onhecim
entos
é o s
entido
que el
es
adquirem
para o homem.
O
que caracteriza o caráter consciente, a consciência
como ati
tude, nã
o é a c
ompreens
ão nem o c
onheciment
o do
significad
o do que s
e estu
da,
mas o senti
do que is
so a
dquire par
a a
pessoa (LEONTIEV, 1978).
Ass
im, o proces
so vivenc
iado pelas profes
sora
s,
in
tencio
-
nando
à formação para a aut
ori
a de na
rrativas ve
rbais e
visuais,
para
a
mudança de s
uas pr
áticas a
té a materia
lização do
livro ilus
trado
,
evidenciou a
necess
idade
do dese
nvolvi
mento da
consciênc
ia pa
ra a
supera
ção d
o sentimen
to de inc
apaci
dade, d
emons
tra
ndo que to
dos
são capaz
es. O
s conteúdo
s tra
balhados e a
importâ
ncia da a
utoria
adquirir
am novos
sentid
os par
a as pr
of
essoras. Isso
foi algo
marcan
te, o
bserv
ado
também
nas av
alia
ções e nos
relatos, c
omo
expre
sso na fal
a das profe
ssoras a
seguir
:
Keli:
(Nes
te ano o que
mais
mar
cou na
ATPC
). S
er “autor
” de
nossa
própr
ia vivê
ncia,
nos v
alor
izar e
nquan
to ser h
istór
ico
cultural e também qu
e somos capazes de prod
uzir, construir,
ilustr
ar
tudo q
ue q
uiser
mo
s.
Sar
a: (O ma
is sign
ifica
tivo f
oi). Q
ualquer
pess
oa p
ode ser
um
artis
ta e ela
, pa
ra chega
r à
arte f
inaliz
ada, vai
passar po
r um
processo criador, rascunhos, esb
oços, até c
hegar ao seu produto
final[...]. E se apropriando de técnicas que po
ssam expressar sua
ideia o
u senti
ment
o.
403
Lene: (Relato). Então, hoje eu
vejo
assim, que do
mesmo jeito
que
eu me achava i
ncapaz e qu
e eu fui cap
az de reali
zar, de
pois
dos estudos, qualquer pesso
a pode fazer, qualquer ser humano
pode rea
liza
r o que
quer
que
sej
a. En
tão, h
oje e
u confi
o mu
ito!
A proposta
de formaçã
o par
a a autor
ia a partir do livro
ilustra
do, conform
e discu
tido em
capítu
los
anter
iores
, bus
cou o
desenvo
lvime
nto das
funções
psíquic
as s
uper
iores com
o a
imag
inação
e a cap
acidad
e cri
adora, o
u seja,
“a
elabo
ração c
riado
ra
da rea
lidade,
dos obje
tos
e seus
próprios
movim
ent
os, qu
e aclar
a e
promove as v
ivência
s cotid
ianas a
o nível de
vivências cr
iado
ras”
(VIGOTSKI, 2010, p. 352).
É frequ
ente as
pes
soas
pensarem
sobre
a in
existê
ncia d
e
criaçã
o na vida
de uma
pessoa
comum,
mas ess
e ponto d
e vista
,
segundo Vigotski, (2009, p. 15) é incorreto e o autor cita uma
analogia: “
a eletric
idade
age e manif
esta
-
se nã
o só ond
e há uma
grand
iosa t
empestade e relâmpa
gos ofusc
antes, m
as também na
lâmp
ada de um
a lant
ern
a de bol
so”.
Segund
o o autor,
a cria
ção
não exis
te a
penas qu
ando s
e cria
m
grandes
obras
histór
icas
, ma
s por toda
pa
rte ond
e o h
omem ima
gina
,
combina,
modif
ica e c
ria a
lgo nov
o, mes
mo qu
e ess
e novo se
par
eça
a um grã
ozinho
se co
mpara
do às
grandes
invenções
. D
esse modo,
Se levarmo
s em
conta a pre
sença d
a imagi
nação co
letiv
a, que
une todos
esse
s grã
ozinh
os nã
o rar
o insig
nifican
tes da
criaçã
o
indivi
dual
, ver
emos q
ue gra
nde
par
te de
tudo o
que f
oi cria
do
pela hu
manid
ade pe
rtenc
e exatamen
te ao t
rabalho c
riado
r
anôn
imo e col
et
ivo de inventores desconhecidos (VIGOTSKI,
2009, p. 16
)
404
O desenv
olvimen
to un
iversa
l da per
sonalida
de ex
ige que
todo hom
em seja
, de cert
a ma
neira, u
m homem
-
a
rtista, is
to é, um
homem situa
do numa atit
ude cr
iadora dia
nte das cois
as e do mundo
(VAZQUEZ, 1978).
Ao conc
luir
essa
s consid
era
ções fina
is
e pensa
ndo so
bre tod
o
o percur
so da pes
quisa
a
té a objeti
vaçã
o dest
e
t
rabalh
o
, p
ude
também visu
alizar
o motiv
o que m
e mantém
no camin
ho
da
pesq
uisa e d
a form
ação:
a constataçã
o da possibilid
ade de mu
dança
na rea
lidade s
ubjetiv
a e ob
jetiva
das pes
soas
envolvid
as
na educa
ção
das cr
ianças
, por meio da apr
opriaçã
o do conhec
imento.
É muito
provável qu
e eu n
em veja
e
ssa reali
dade
transf
ormad
a
de forma ampla
, uma v
ez que tud
o em relaç
ão à
educa
ção é hi
storica
ment
e muito
moros
o. Ai
nda a
ssim,
são es
ses
desejos
e sonh
os que m
e col
ocam
em movim
ento
e alim
entam a
minha convic
ção de
que pod
emos fa
zer pa
rte da
história
como
sujeitos
ativos
nos
espaç
os onde a
tuamos
. Ai
nda que
não sejam
grandes
esses esp
aços,
m
as
em nossas rela
ções com o ou
tro, e
m
formaç
ões, em cu
rsos,
no tra
balho, em gr
upos
de est
udos,
por meio
das tro
cas verb
ais entre “
Eu e o
Outro e
o Outro e E
u”,
sempre ser
á
possív
el conta
giar ou a
fetar
outros
parceir
os com es
se des
ejo de bu
sca
e criaç
ão de nov
os ca
minhos pa
ra a
educa
ção. A
ssim ser
á poss
ível
p
rosseg
uir “e
sper
ançando” e
lutan
do por um
a realidad
e mai
s justa
para to
dos.
E
spero qu
e este
trabalho
possa inspir
ar os pr
ofessores
na
busca pe
la
mud
ança
de
sua real
idad
e,
pela emancipaç
ão; que
busquem s
er artis
tas e
aut
ore
s de suas
prát
icas;
que consigam atuar
de forma s
olidár
ia
pela co
letividad
e
,
pelo bem com
um no sentid
o
405
contrári
o
à
lógica
do capi
ta
l, que gera
a comp
etiçã
o entre a
s pess
oas,
o individu
alismo, a i
ntoler
ância
e
a desu
mani
zação.
Desse mod
o
, me
inspiro n
as pa
lavras
do
profess
or Dagob
erto
Buim Arena,
em um enco
ntro virtua
l (Aula
pública
6
: Alfabetiza
ção
Human
izad
ora, NAH
u
m,
UNISUL, 15 de a
bril de 2021):
Nesse
sistema,
pessoas como
nós
caminhamos
pela ma
rginal,
assim c
omo
muitas pes
soas a
nônimas caminha
ram e, que d
urante a s
ua histór
ia
de vi
da, fize
ram a di
feren
ça na educ
ação. É e
ssa his
tória n
ão cont
ada,
o submu
ndo da a
lfabetiza
ção d
os traba
lhadores
, que dev
emos
con
tar.
..
Espero
continuar
a camin
had
a
nessa
margem,
à margem
esquerd
a, segu
indo os
pas
sos des
ses gr
andes ed
ucad
ores
,
q
ue foram
mais do que
educa
dores,
eles for
am milita
ntes, co
mo Frein
et e Pa
ulo
Freire
, porque é co
m militância
que s
e fa
z
alfabetiza
çã
o
human
izad
ora.
É
essa
, enfim, a his
tória es
crita pela
mar
ginal
que faz sentid
o
para
mim e é por m
eio de
la que des
ejo esc
rever a
minha his
tór
ia. E
escolho um excerto da poesia de Bráulio Bessa (2018, p. 186) para
concluir o
meu pensa
mento:
Há qu
em dig
a que é bo
bagem,
Que é
loucu
ra imagi
nar.
Mas não perco a esperança,
É imag
inando
a mudanç
a,
Que se começa a mudar!
6
https://www.youtube.com/watch?v=d8Z9ctFpWUg&ab_channel=NAHum-
N%C3%BAc
leodeA
lfabe
tiza%C3%A7
%C3%A3
oHumanizad
ora
(ace
sso
22 de ma
io d
e 202
1)
406
407
REFERÊN
C
IAS
ABRANTES
, A. A.
A
e
duc
ação e
s
col
ar e a
promoç
ão do
desen
vo
lvimento
d
o p
ensa
mento
:
a mediaçã
o da litera
tura infa
ntil.
2011. (Tese de
Doutora
do em Edu
caçã
o).
Unive
rsidade Est
adual
de C
ampinas,
Camp
inas.
ABRANTES
, A.A.
Arte literária
.
In
PASQU
LINI, J
.C.;
TSUHAKO, Y.N. (Org.).
Propost
a pedagóg
ica da e
ducação
infantil do sistem
a
municipal de ensino de Bauru/
SP
. 1. Ed.
Bauru: Secretaria Municipal de Educação, 2016. p. 539-561.
ALTÉS, M.
N
ão!
T
raduç
ão G
ilda d
e Aqu
ino. S
ão Paulo:
Escarlat
e,
2013.
ANDRUETTO, M. T.
Por um
a lit
er
atur
a sem
adjet
ivos
.
Tradução
: Carm
em C
acciac
arro. S
ão Paul
o: Edi
tora P
ulo d
o Gato
,
2012.
AQUINO, O
. F.
O experimento didático
-
f
o
rmativ
o: contr
ibuições
de L. S.
Vigotsk
i, L. V. Z
ankov
e V. V. D
avidov
. I
n.
LONGAREZI, A. M.; PUENTES, R.V. (Orgs.).
Fundament
os
psicoló
gicos e did
áticos d
o ensino
des
en
volvi
m
en
t
al
. U
berlândia-
MG: EDUFU, 2017. (p. 325-350)
ARENA, D. B.
A literatu
ra infa
ntil como pr
odução
cultur
al e
como instru
mento de i
nicia
ção da
criança
no mundo da c
ultura
escrita
. In: SOUZA, R.J. (org.).
Ler e compreender
: estratégia
s de
leitura. Ca
mpinas
- SP: Mercado das Letras, 2010.
408
AUGUSTO, S. de O.
V
e
r de
pois
de
olhar
:
a form
ação do
olhar
dos prof
essores
para
os desenh
os de cr
iança
s. Sã
o Paulo:
Editora
Cortez, 2014.
BAKHTIN, M.
Est
ét
ica da
criaçã
o v
erbal
. São Paulo: Ed
ito
ra
WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M.
Par
a uma filos
ofi
a do ato res
ponsáve
l
. Tradução:
Valdemir M
iote
llo e Ca
rlos
Alberto F
ara
co. São Ca
rlos: Pedro e
João Editores, 2017.
BANYAI, I.
Z
oom
.
Tradu
ção Gilda de A
quino. R
io de Jane
iro:
Brinque Book, 1995.
BARROS
, M.
Re
t
rat
o do art
is
t
a qua
ndo coi
s
a
. Rio d
e Janeir
o:
Record, 1998.
BAZZO, J, L. dos S. Literatura e infância
:
fruição o
u prete
xto?
In:
DEBUS, E, JULIANO, D.B, BORTOLOTTO, N, (org.)
Lite
ratura inf
antil e juveni
l
:
do literár
io a outra
s manifesta
ções
estéticas, Tubarão: Copiart Unissul, 2016. p. 109-122.
BESSA, B.
A
poe
si
a que t
ran
sf
orm
a
. Rio de Janeir
o: Sex
tante,
2018.
BOYER,
C.
A
uau, m
iau,
piu
-
pi
u.
Tradução
Marta
Kawan
o. São
Paulo: Berlends editores ltda, 2010.
BRASI
L.
Lei n
º13.278
, de 02 de maio de 2016.
BRASIL.
Minis
tério da
Edu
caçã
o e do Despor
to. S
ecreta
ria de
Educação
Fund
amen
tal.
Re
fe
renc
ial c
urricular naci
onal para a
educaçã
o infan
til
. Brasília: MEC/SEF, 1998.
409
BRAS
IL. Mi
nisté
rio da Educ
ação.
B
as
e N
acional C
om
um
C
urric
ular
. Brasília: MEC, 2017.
BRAS
IL. Mi
nisté
rio da Educ
ação. S
ecre
taria d
e Educaç
ão Bási
ca.
Diretrizes curricul
ares na
ciona
is para
a edu
cação
infa
ntil
. Brasília:
MEC/ SEB, 2010.
BRENMAN, I
. e KAR
STEN, G.
V
ó,
para de fot
ograf
ar!
São
Paulo: Mel
horamen
tos Livrarias, 2018.
BRENMAN, I
.; CANTO
NE, A. L.
P
ai,
não f
ui e
u!
São P
aulo
: All
Books, 2013.
BROWNE, A.
V
oze
s
do p
arque
. Tradução Cl
arice Duque
Estras.
Rio de Janeiro: Pequena Zahar, 2014.
CABRAL, G. de, A. C.
A
Arquitet
ônica d
o a
to de ilu
strar de Rui
de O
li
vei
ra
: contribuiçõ
es dos livr
os de ima
gem para
a forma
ção
do pequen
o leitor l
iterário
. Disser
tação (mes
trado e
m Educa
ção),
2021, 33
0 p. Univers
idade Es
tadua
l Paulis
ta Júlio de Mesqu
ita
Filhos. Marília, 2021.
COLOMER, T.
Int
rodução à
lit
erat
ura infantil e juvenil
.
Tradução
: Laur
a San
dron
i. São P
aulo:
Edito
ra Gl
obal, 20
17.
DONALDSON, J.; SCHEFFLER, A.
O
G
rúf
alo
.
Tradução
Gil
da
de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 1999.
DONDIS, D. A.
Si
nt
axe
da Linguage
m
V
is
ual
.
3º ed
. Tradução
Jefferso
n Luiz
Camar
go.
São Paulo; Martins Fontes, 2015.
410
DUARTE, N.
O
s
cont
e
údos
e
s
cola
re
s e a r
es
su
rreiç
ão dos
mor
t
os
:
contribuiç
ão à te
oria históri
o
-
crít
i
ca do currícul
o.
Campinas, S
P: Autores
Associados, 2016.
FARIA,
M.A.
C
om
o usar a lit
e
rat
ura infan
ti
l na s
ala de aula
. São
Paulo: Contexto, 2010.
FERNA
NDES
, M.J.S.
Formaç
ão de prof
essores
no
Brasi
l: alguma
s
reflexões
a par
tir do
traba
lho doc
ente. I
n. MILL
ER, S.
;
BARBOSA, M.V.; MENDONÇA, S. G. DE L. (Orgs).
Educaç
ão
e hum
anização
: as perspectiva
s da teoria
históric
o
-
cultu
ral. Jundia
í:
Paco Editorial, 2014. (p.111-121)
FERRE
RO MAR.
O que não
viu C
ha
pe
uzin
ho V
e
rm
e
l
ho
.
Tradução Geruz
a Zelny
s. São Paulo
: Movpalavras, 2
015.
FISC
HER,
E.
A
n
ec
e
s
sida
de da
art
e
. Tradução Le
andro K
onder.
São Paulo: Círculo do Livro, 1959.
FRANCO, B.; LOLLO, J.C.
Q
ue
m
s
olt
ou o Pum
?
São Paulo
:
Companhia das Letrinhas, 2010.
FRANK
, A.
O
di
ári
o de A
n
ne
Fr
ank em
quadri
nhos
. Adap
tação
de Ari Folma
n e David P
olonsky.
Traduç
ão Raquel
Zampil. Ri
o
de Janeiro: Record, 2021.
FREIRE, M.
W. O sentid
o dramá
tico da a
prendizag
em. In:
FREIRE, M.; DAVINI, J.; CAMARGO, F.; MARTINS, M.C.
A
valiaç
ão e plane
jame
nt
o:
a prática edu
cativa
em ques
tão.
Instru
mentos m
etodoló
gic
os II. Sã
o Paulo:
Espa
ço Peda
gógico,
1997.
411
FREITAS, R. A. M. M. Pesquisa em didática
:
o experime
nto
didático for
mativo.
In:
X Encont
ro de P
es
quis
a em
Educação da
AN
P
ED Centro
-
Oeste
:
Desafios d
a Produ
ção e Div
ulgaç
ão do
Conhecimento. Uberlândia, 2010. v. I. p. 1-11.
GÉRARD, G.
P
arat
ext
os e
dit
oriai
s
. Tradução:
Álvaro
Falei
ros.
Cotia, SP: Ateliê Editoria, 2009.
GIROTTO, C.
G. G. S.
Prática
s de leitura
na infâ
ncia: des
atando
nós da f
ormaçã
o de ouvi
ntes
e leitor
es.
In: GIR
OTTO, C. G. G.
S. e SOUZA, R. J., (orgs).
Lit
er
atur
a e e
ducação inf
ant
il
: li
vros,
imagens e pr
áticas
de leitu
ra. Ca
mpinas
–
SP: Merca
do de Letras,
2016.
GIROTTO, C.G.G.S. e SOUZA, R. N.
Estra
tégias de leitu
ra:
para
ensinar os
alunos
a compr
eend
er o que
leem
. In. SOUZA,
R.J. GIROTTO, C.G.G.S. Organizadoras.
Ler
e co
mpreend
er:
estratégia
s de leitur
a. Cam
pinas
-SP. Mercado das L
etras, 2010. P.
45-114.
GONÇ
ALVES, T.
Contaçã
o de hist
órias
.
Revis
t
a V
ida S
im
ple
s
nº208/2019. p.44-49.
GONZAG
A, M. M.
É um livro
–
imagem,
narra
tiva e estr
atégias
de leitura
.
In
: SOUZA, R. J. de; GIROTTO, C. G. G. S. (orgs).
Práticas Pedagó
gicas com text
os literários
:
estratégi
as de leitur
a na
infância. Tubarão-SC: Ed. Copiart, 2017. p. 141-151.
GRAMSC
I, A.
O
rat
o da mont
anha
. T
radu
ção Luis
Sérgio
Henriques. São Paulo: Boitatá, 2019.
GRIBEL, C
.; ORLANDO.
N
ão vou dorm
ir
. São Paul
o: G
audi
Editorial, 2013.
412
GRUPO de E
studos
dos
Gêneros
do Discu
rso
–
G
EGe/UFS
Car
(org.).
Pal
avras e C
ont
rapalavras
:
procurando
outras leit
uras com
Bakhtin.
São Ca
rlos: P
edro & Joã
o Edi
tores,
2011.
GRUPO de E
studos
dos
Gêneros
do Discu
rso
–
G
EGe/UFS
Car
(org.).
Pal
avras e c
ont
rapalavras
: Glossaria
ndo conc
eitos,
categoria
s e n
oções d
e Bak
htim. São
Carlos
: Pedr
o e Joã
o Edit
ores,
2019.
GRUPO de E
studos
dos
Gêneros
do Discu
rso
-
GE
Ge/UFSCa
r
(org.).
Pal
avras e c
ont
rapalavras
: conversa
ndo sob
re os tr
abalhos
de Bakhti
m, São Ca
rlos:
Pedr
o e João E
ditor
es, 201
0.
HIRAT
SUKA, L.
A
visit
a
. São Paulo: Farol Literário, 2012
HIRAT
SUKA, L.
O
c
am
inhão
. São Paulo: Cortez, 2017.
HIRAT
SUKA, L.
O
ri
e.
Rio de Janei
ro: Zahar, 2014.
HUNT, P.
C
rítica, t
eoria
e literatura infantil
. Sã
o Pa
ulo: Cosa
c
Naify, 2010.
JAKUBI
NSKI
J, Lev
Petr
ovi
c.
Sobre
a fala dial
ogal
.
Dóris d
e
Arruda C.
da Cun
ha e
Suzan
a Leit
e Cort
ez. (t
radução
). São
Paulo
:
Parábola, 2015.
KING, S. M.
A
n
a, G
ut
o e
o G
at
o D
anç
ari
nho.
Trad
ução G
ild
a de
Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2004.
KING, S. M.
V
oc
ê
.
Traduç
ão Gilda de Aqu
ino. Sã
o Paulo:
Brinque Book, 2011.
413
LACHENME
YER, N.
B
i
cos
Q
ue
bra
dos
.
Tradução
Marin
a
Colasanti. São Paulo: Global, 2003.
LEGEAY,
C.
P
ara
que s
e
rve um
l
ivr
o?
Tradução
Márci
a Leit
e. São
Paulo: Editora Pulo do Gato, 2011.
LEONTIEV
, A. N.
O
de
s
e
nvolvi
m
e
nt
o do ps
i
quis
m
o
. Lisboa:
Livros Horizonte, 1978.
LEON
TIEV, A
. N. Uma
contribuiçã
o à t
eoria do
desenvolv
imento da
psiqu
e infantil. I
n: In: VIG
OTS
KII,
Lev
Semenovic
h
, LURIA, A. R. e LEONTIEV, A. N.
Lingua
gem
,
desen
vo
lvimento
e ap
ren
d
iz
ag
em
. 4. e
d. Trad
ução
Maria da
Penha Vil
lalob
os. Sã
o Paulo:
Ícone:
Univer
sida
de de Sã
o Pau
lo,
1988, p. 59-84.
LEROY, C. K.
S
urrealism
o.
Tradu
ção João Ber
n
ardo P
. Boléo
.
Lisboa
-PT: Taschen
, 2010.
LIBÂNEO,
J. C.
A didát
ica e a apr
end
izag
em do pen
sar e do
aprender
: a Teoria Histórico-
cultur
al da Ativ
idade e
a contribuiç
ão
de Vasili Da
vydov.
Revis
ta B
ras
ilei
ra de Educaç
ão
, nº 27, 2º
semestre de 2004, p. 5-24.
LINDEN, S. V. der.
Para ler o livro ilust
rado
. Tr
aduç
ão Dorothé
e
de Bruchard. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
LURIA,
A. R.
D
e
se
nvol
vim
e
nt
o c
ogni
t
ivo:
s
e
us
f
undame
nt
os
culturais e socia
is:
traduç
ão Fernand
o Lim
ongeli
Gur
gueira.
São
Paulo: Ícone, 1990.
LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In:
VIGOTSKII, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N.
Linguagem,
414
desen
vo
lvimento
e ap
ren
d
iz
ag
em
.
São Paulo: Ícone Editora, 1988,
p.143-189.
MACHADO, A.; MELLO, R.
Q
ue
bic
ho s
er
á que bot
ou o ovo?
Rio de Janeiro: Edigraf Participações, 2013.
MACHADO, J.
Ida
e V
olt
a
. Rio de Janeiro: Edigraf Ltda, 2013.
MANGUEL, A.
Lendo
ima
gens
. T
radu
ção de Ru
bens Figu
eired
o,
Rosaur
a Eiche
nbe
rg, Cl
audia S
trauch
. São P
aulo:
Comp
anhia das
letras, 2001.
MARIN, A. J.; GIOVANNI, L.M.
A pr
ecarieda
de da f
ormaç
ão de
professor
es para
os anos in
iciais da
escolar
ização
: 35 anos depois do
início da formalização de novos modelos. In. BARBOSA, R. L. L.
(org.).
For
m
ação de
e
duc
adores
: artes e t
écnicas, ciências
política
s.
São Paulo: Editora UNESP, 2006, p. 131-151.
MARTINS, L. M.
A
form
ação s
ocial
da personal
idade do
prof
es
s
or
:
um enfoque vi
gotisk
iano. Ca
mpinas
, SP: Au
tores
Associados, 2011a.
MARTINS
, L. M. Fo
rmação de
profe
ssores:
desafios
contemp
orâneos
e alter
nat
ivas
necessá
rias
. In. ME
NDONÇA, S
.G
de L.; SILVA, V. P.; MILLER, S. (orgs).
M
arx,
G
ramsc
i e
V
i
g
o
t
s
ki
: aproxim
ações. Araraqu
ara, SP: Jun
queira e Mari
n, 2012,
p. 449-474.
MARTINS, L. M.
O dese
nvo
lvimento do
psiquismo e a ed
ucaçã
o
es
c
olar:
contribu
ições à
luz da
psicolo
gia histór
ico cu
ltural e da
pedagogia
histórico
-
crítica. Campi
nas, SP:
Autore
s Associados,
2013.
415
MARTINS, L.M.
O dese
nvo
lvimento do
psiquismo e a ed
ucaçã
o
es
c
olar:
contribu
ições à
luz da
psicolo
gia histór
ico cu
ltural e da
pedagogia
histórico
-cr
ítica
.
Tese [Li
vre
-
Docente] Depa
rtamento de
Psico
logi
a da Facul
dade
de C
iênci
as da Un
iversi
dade Est
adual
Paulista, campus de Bauru, 2011.
MARTINS, L.M.; ABRANTES, A.A.; FACCI, M.G.D., (Org.).
Periodiz
ação
histórico
-
cul
tural do
desenvo
lvimento psíquico
:
do
nascimento a velhice. Campinas, SP: Autores Associados, 2016.
MARTINS, M. C. et al.
Didática d
o ensino d
e arte
:
a líng
ua do
mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 2010.
MARTINS, M. C.
Sobre a obser
vaç
ão
. In: FREIRE, M.;
CAMARGO, F.; DAVINI, J.; MARTINS, M.C.
O
bse
rvação,
regis
t
ro,
ref
lexão
: instru
ment
os metod
ológi
cos I. Sér
ie Seminários.
São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.
MELLO, R.
O
gat
o V
ir
iat
o
. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
MEL
LO, S. A
. A esc
uta como mét
odo nas
relaç
ões na
escola
da
infância. In: COSTA, S. A., MELLO, S.A. (orgs)
T
eoria histórico
-
cultural n
a educa
ção
infantil
: conv
ersand
o com pro
fess
oras
e
professores. Curitiba, PR: CRV, 2017.
MELL
O, S. A. L
eitura e litera
tura na
infância.
In: GIROTTO, C.
G. G. S. e SOUZA, R. J., (orgs).
Lit
erat
ura e e
ducaç
ão infan
ti
l
:
livros, ima
gens e prá
ticas de lei
tura
. Campinas
–
SP:
Mercado de
Letras, 2016.
MELLO, S.A.
Linguagen
s Inf
antis
:
outras fo
rmas de le
itura.
Campi
nas: Auto
res Assoc
iados, 2005
.
416
MELLO, S.A. Teoria histórico-
cultural e tra
balho d
ocente:
apropr
iaçã
o teórica e
novas
relaç
ões na es
cola. In:
MIL
LER, S
.;
BARBOSA, M. V.; MENDONÇA, S. G. de L. 170 (Org.).
Educação e
human
ização
:
as perspectiva
s da teor
ia his
tórico
-
cultural. Jundiaí: Paco Editorial, 2014.
MILLER, S.
Ref
lexõe
s acerc
a da pro
post
a bakht
ini
ana para uma
metodol
ogia do
estudo d
a língu
a e i
mplica
ções s
obre a
profis
são
docente
. I
n: In. MENDONÇA, S.G de L.; SILVA, V. P.;
MILLER, S. (orgs).
M
ar
x,
G
ram
s
ci e
V
igot
s
ki
: apro
ximações
.
Araraquara, SP: Junqueira e Marin, 2012, p. 475-486.
MIOTELLO V, MOURA, M. I. DE: Pensando questões sobre
alteridad
e e a ident
idade. I
n: GEGe,
Palavras e cont
rapal
avras
:
circu
lando pens
ares
do Cír
culo de Bak
htin. Sã
o Ca
rlos: P
edro e
João Editores, 2013.
MORIC
ONI, R.
Dia
de
S
o
l.
São Paulo: Frase e Efeito
, 2009.
MUKHINA
, V.
Psic
ologia da idade
pré
-
es
col
ar
. Trad.
Claud
ia
Beliner. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
MUNHOZ, M. R. de C.; GIROTTO, C. G. G. S.; FRANCO, S.
A. P. A a
rte e a litera
tura liter
ária:
contribuiç
ões par
a a
formaçã
o
human
a em L
uckács.
In
: GIROTTO, C. G. G.; FRANCO,
S.A.P; SILVA, G. F. (Orgs).
Formaç
ão de le
it
ore
s e
a educação
est
ét
ica
:
arte e literatura. Curitiba: CRV, 2019.
MUTH, J
. J.
A
s t
rês
pergunt
as
. Tradu
ção de
Monic
a Stahe
l. S
ão
Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
NIKOLAJEVA, M.; SCOTT, C.
Livr
o il
us
t
rado
:
pal
avras e
imagens. Trad. Cid Knipel. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
417
OLIVEIRA, N. R. de. Reflexões sobre a educação danificada. In:
ZUIN, A. A. S.; PUCCI, B.; OLIVEIRA, N. R. de. (Orgs).
A
educaçã
o d
anificad
a
: contribuições à teoria crítica da educação.
Petrópolis
–
R
J: Vozes
; Sã
o Car
los
-
SP: Universidade
Federal de São
Carlos, 1997.
OLIVEIRA, R. de.
P
el
os Jardi
ns
B
obol
i
. Reflexõ
es sobr
e a ar
te de
ilustrar li
vros para crianças
e jove
ns. Rio de J
aneiro: Nova
Fronteira, 2008.
OLIVEIRA, R. de.
Q
uan
do M
a
ria e
nc
ont
rou
João
. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
PASQU
ALINI, J
. C.
P
rincípi
os para a organização do en
si
no na
educaçã
o infan
til na perspectiva h
istórico
-
cultur
al
:
um estudo a
partir da prática do professor. 2010. 268 f. Tese (Doutorado em
Educação
Esco
lar)
–
Fac
ul
dade d
e Ciê
ncias, U
nive
rsidade
Estadual
Paulista
Júlio de M
esquita
Filho, A
rara
quara.
PASQU
LINI, J
. C
. Conc
epção de s
er hu
mano, e
duca
ção e
desenvolv
imento. In
PAS
QULINI, J.C.; TSUHAKO, Y.N.
(Orgs.).
Propost
a pe
dagógica da educ
ação inf
ant
il do si
st
e
m
a
munici
pal de ensino de Bauru/
SP
. 1. Ed. Bauru: Secretaria
Municipal de Educação, 2016. p. 41-58.
PASQU
LINI, J
. C
. O des
envolvi
mento d
o psiqu
ism
o e o ensi
no
escolar. In: PASQULINI, J.C.; TSUHAKO, Y.N. (Orgs.).
Propos
t
a pedagógica da e
ducação inf
ant
il
do sis
t
em
a m
unici
pal
de en
sino
de
B
au
r
u/
S
P
. 1. Ed. Bauru: Secretaria Munici
pal de
Educação, 2016. p. 69-100.
PASQULINI
, J. C. Perio
dizaçã
o do desenv
olvime
nto infa
ntil e
ações educativas. In: PASQULINI, J.C.; TSUHAKO, Y.N.
418
(Orgs.).
Propos
t
a pedagógic
a da educação i
nfant
i
l do sis
t
em
a
munici
pal de ensino de Bauru/
SP
. 1. Ed. Bauru: Secretaria
Municipal de Educação, 2016, p. 101-149.
PASQUALINI, J.C.; MARTINS, L.M.
A
Educaç
ão Infant
i
l em
bus
ca de
i
de
nt
ida
de
:
análi
se crítica
do binôm
io “cui
dar
-
educar” e
da perspec
tiva anti
-
escol
ar em Ed
ucação
Infan
til
. Psic. d
a Ed., S
ão
Paulo, 27, 2º sem. de 2008, p. 71-100.
PASQULINI, J.C.; TSUHAKO, Y.N. (Orgs.).
Prop
ost
a
pedag
ógica d
a edu
cação
infantil do
sist
ema municipa
l de ensino
de B
auru/
S
P
. 1. Ed. Bauru: Secretaria Municipal de Educação,
2016.
PEIXOTO, M.I.H.
A
rt
e e
grande públ
ico:
a di
stânci
a a ser
extinta. Campinas: Autores Associados, 2003.
PINK
NEY, J.
O
le
ão e
o camun
dong
o
. Traduç
ão d
e Mon
ica
Stahel. São Paulo: Editora WMF Matins Fontes, 2011.
PORTIS, A.
N
ão é uma caixa.
Trad
ução de
Cassi
ano El
ek
Machado. São Paulo: Cosac Naif, 2013.
PRESTES, Z; TUNES, E.; NASCIMENTO, R.
Lev
Semionovi
tch Vigotski
: u
m estudo da vida e da obr
a do criador da
psicologia
históric
o
-
cultural. In
: LO
NGAREZI, A. T.; PUENTES,
R. V. (Orgs.).
Ens
ino desenvolvime
ntal
: vida, pensa
mento e obr
a
dos principais representantes russos. Uberlândia: EDUFU, 2013,
p. 47-65.
PRIETO, H.; ROSEMFFET, G. A.
Pe
dro e
o lobo
. Da ópera
de
Sergei Pr
okofi
ev; a
dapta
do por Helo
ísa
Prieto. Sã
o Pa
ulo: Áti
ca,
2007.
419
PRIETO, M.N.; LIMA, E.A. de.
O uso da
s estr
atégias
de leit
ura
em sala e s
uas c
ontribuiçõ
es para
a forma
ção de criança
s leitoras
:
uma experiê
ncia com
o livr
o “A ca
sa sonolenta”
.
In. SOUZ
A, R.J.
GIROTTO, C.G.G.S. (Orgs).
Práticas Pedagó
gicas com text
os
lit
erários
:
estraté
gias de
leit
ura na in
fânc
ia. Tub
arão
-SC: Ed.
Copiart, 2017, p. 189-202.
PUENTES, R. V.; LONGAREZI, A. M. A didática
desenvolv
imental: s
eu ca
mpo conce
itual na tr
adição d
a psicolo
gia
-
cultural da atividade. In: LONGAREZI, A. M. e PUENTES, V.
(organiza
dor
es).
Fu
nda
ment
os Psicológico
s e didá
ticos do
ensino
des
e
nvol
vim
e
nt
a
l
.Uberlân
dia, MG: EDUFU, 2017.
QUEIRÓS, B.C. de.
S
obre
le
r,
e
scr
eve
r e
out
ros
diálog
os
. Belo
Horizonte: Autentica Editora, 2012.
ROCHA,
R.
O
barbe
ir
o de S
e
vil
ha
. São
Paulo: Callis, 1998.
RODARI, G. (Tradução: Antônio Negrini.)
G
ramát
ica da
Fant
as
ia
. São Paulo: Summus, 1982.
RODRIGUES, S. M. P. et al.
Arte
s visuais
. In. PASQ
ULINI, J.C.;
TSUHAKO, Y.N. (Orgs.).
Propos
t
a pedagógica da e
ducação
infantil do sistem
a munic
ipal d
e ensino d
e Bauru
/
SP.
1. Ed.
Bauru: Secretaria Municipal de Educação, 2016, p. 443-503.
RUBINSTEIN, S. L.
O pro
blem
a da ed
ucação
.
In
. LONGAR
EZI,
A. M.; PUENTES, R. V., (Orgs.).
Ens
ino dese
nvolviment
al
:
antologia. Uberlândia, MG: EDUFU, 2017. (p. 123-130)
RUEDA, C.
A
l
in
ha
. Tradu
ção: An
a Mort
ara. São
Paul
o: Núcl
eo
Edições, 2018.
420
RUEDA, C.
A
vi
da S
e
lvage
m
: diári
o de um
a aventura. Barueri
-
SP:
Editora Pensarte, 2013.
SAVIANI
, D.
Educaç
ão Br
asi
leira
: e
strutura e sistema. 11. ed. rev.
Campinas
-SP: Autores Ass
ociados, 2012.
SAVIANI
, D.
Escola e Democracia
. 38. ed.
Campin
as
-
SP:
Autore
s
Associados, 2006.
SAVIANI
, D.
Pedagogia
H
istórico
-
Crítica
: primeira
s
aproxima
ções. 9. E
d. Campinas
-SP: Autores Associados, 2005.
SILVA, K. A. A. M.
Paratextos
, narra
tiva e ilus
trações
: detalhes
que fazem a d
iferença
.
In: SOUZA, R. J. de; GIROTTO, C. G. G.
S. (Orgs.).
Práticas Pedagóg
icas com te
xtos literário
s
: estratégias
de le
itura n
a inf
ância.
Tubarão
-SC: Ed. Co
piart, 2017, p. 53-72.
SILVA, V. P.
Formaçã
o de pr
ofessor
es na p
erspect
iva
da filos
ofia
da práxi
s
: quem educa o educador. In. MILLER, S.; BARBOSA,
M.V.; MENDONÇA, S. G. DE L. (Orgs.).
Educaç
ão e
humani
zação
: as pers
pectivas
da teoria his
tórico
-
cultural. Jundiaí:
Paco Editorial, 2014. (p.83-110).
SILVERSTEIN, S.
A
part
e que m
e f
alt
a
. Trad. Alíp
io Corre
ia de
Franca Neto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2018.
SMITH, L.
É
um
li
vro.
Traduç
ão de
Júli
a M. Sch
warcz. S
ão
Paulo: Companhia das Letrinhas, 2010.
SOUZA, R. J., GIROTTO, C. G. G. S. (Orgs).
P
rátic
as
peda
gógi
cas
c
om t
e
x
t
os lit
e
rá
rios
: estratégia
s de leit
ura
na infância.
Tubarão: Ed. Copiart, 2017.
421
SOUZA, R. J.; MENIN, A. M. da C.S; GIROTTO, C., G. G. S.;
ARENA, D.B.
Ler
e co
mp
reen
der
: estra
tégias de
leitur
a.
Campinas
-SP: Mercado d
as letras, 2010.
SPENGLER, M. L. P.
Lei
t
ur
a do li
vro de
im
age
m
: um passeio de
“Ida
e Volta” pel
o livro
de Ju
arez M
achad
o. Diss
ertaçã
o de
mest
rado. U
nive
rsidad
e do Sul
de Sant
a Catar
ina, T
ubarão,
2010.
TAVANO, S.; KONDO, D
. Psssss
sssssssi
u!
São Paulo: I
nstituto
Callis, 2012.
TODOROV, T.
A
lit
e
ratura e
m
perigo
. T
radução
de C
aio Mei
ra.
Rio de Janeiro: DIFEL, 2020.
TSUHAKO, Y. N.
O
e
ns
ino do de
s
e
nho com
o l
ing
uage
m
: em
busca da poética pessoal. 2016. 215f. Dissertação (Mestrado em
Educação
)
–
Universidade E
stadu
al Paulista
“Júlio d
e Mesquita
Filho”, Marília, 2016.
TSUHAKO, Y. N.; MILLER, S.
Pintura a dedo
:
uma
possibilida
de de tra
balho s
ignifica
tivo na edu
caçã
o infantil. In:
SANTOS,
C. R. dos e MELO, E. S. do N. (Orgs).
Políticas
Públicas na
Edu
cação
Brasileira
: Educação In
fanti
l e Ano
s Inici
ais
do Ensino Fu
ndamenta
l 2. Ponta
Grossa
-PR: Editora Atena, 2019.
VAZ, A., S
ILVA R.
Fundam
e
nt
os da Ling
uagem
V
is
ual
. Curitiba:
Intersaberes, 2016.
VAZQUEZ
, Adolfo S
anc
hes.
As ideias est
ét
icas de
Marx
.
Trad
ução de Ca
rlos N
elson Cout
inho.
Rio de Ja
neir
o: Pa
z e Terra
,
1978.
422
VAZQUEZ
, Adolfo S
anc
hes.
Filosof
ia
da Práxi
s
.
Tradução de
Maria Enc
arnaci
ón M
oya. S
ão Paul
o: Exp
ressão P
opu
lar, 201
1.
VIGOTSKI, L. S.
Imaginação
e criação
na infân
cia
: ens
aio
psicológico. Tradução Zoia Prestes. São Paulo: Ática, 2009.
VIGOTSKI, L. S.
O
bras
es
cogidas
. Tomo
III. Madrid: Visor,
1995.
VIGOTSKI, L. S.
Psicolog
ia peda
gógica
. São Pau
lo: Mar
tin
s
Fontes, 2010.
VIGOTSKI, L. S
. Quart
a aula
:
a qu
estão d
o meio na
pedologi
a.
Trad
ução de M
árc
ia Pileggi Vi
nha. Sã
o Paulo:
Re
vis
t
a Ps
ic
ologi
a
USP, 2010ª, p. 681-701.
VIGOTSKI, L.S.
Psicolog
ia da
Art
e
. Tr
adução P
aulo Be
zer
ra. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
VIGOTSKII, L. S
. Aprend
izagem e dese
nvolvi
mento int
electua
l
na idade escolar. In: VIGOTSKII,
Lev Semenov
ich
, LURIA, A. R.
e LEONTI
EV, A. N.
Lingu
ag
em, desenv
olv
imento e
aprendi
zagem
. 4.
ed. T
radução M
aria da Pe
nh
a Villal
obo
s. São
Paulo: Ícone: Universidade de São Paulo, 1988, p. 103-118.
VILELA, F.
Eu vi
!
São Paulo: Escarlate, 2013.
VOLOCHIN
OV, V.
Marxismo e filosofia
da
lingu
agem
:
problema
s funda
menta
is do m
étodo soc
iológico na c
iência d
a
linguagem. T
raduç
ão Sheila
Grillo e Ek
aterina Vó
lkova A
mérico.
São Paulo: Editora 34, 2017.
VOLTZ, C.
N
ada ai
nda?
São Paulo: Hedra, 2007.
423
WONG, W.
Princípio
s de forma e
desenho
. 2ª ed.
Tradução
Alvama
r Helena La
mparelli.
São Pau
lo: editora
WMF
Martins
Fontes, 2010.
WOOD, A.; WOOD D.
A
cas
a s
onole
nt
a
. Tradu
ção de Gisela
Maria Padovan. São Paulo. Ática, 1999.
ZANKOV
, L. V. En
sino e de
senvol
vimento.
In: LONG
AREZI, A.
M. e PUENTES, V.
(organiza
dores)
.
Ensino dese
nvolviment
al:
ant
olog
ia.
.Uberlândia, MG: EDUFU, 2017.
ZILBER
MAN, R.
A
lit
eratura in
fantil na escola
.
São Paulo:
Global, 2003.
424
425
SOB
RE
AS AUT
ORAS
Yaeko
Nakadakari
Tsu
hako
Doutora
em E
ducaç
ão p
ela Fac
uldade d
e Filosofi
a e Ci
ências
da
Universida
de Es
tadual P
aulista: "
Júlio de Mes
quita
Filho"
-
Campus
de Marília
(2022),
mestre em Educa
ção pela Fa
culdade de Filosof
ia
e Ciências
da Univer
sida
de Esta
dual Pa
ulista:
"Júlio de M
esqui
ta
Filho"
-
Ca
mpus de Ma
rília (2016)
, gradua
da em Pedagogia
pela
Universida
de Estad
ual Pau
lista: “
Júlio de Mes
quita
Filho”
-
Campus
de Bauru (2008), bacharel em Di
reito pela Instituição Toledo de
Ensino (1
992). F
oi pr
ofes
sora
de Educ
açã
o de Adult
os e Jove
ns
por
três anos,
profes
sora de E
duc
ação Infa
ntil em u
ma es
cola munic
ipal
de Educ
ação In
fant
il
–
E
MEI, dur
ante vi
nte anos, e
xerceu a fun
ção
de co
orden
adora d
e área de
Educação
Infan
ti
l no Depart
amen
to de
Planejamen
to, Pr
ojetos e
Pesquis
as Ed
ucaciona
is por s
e
te anos
e de
diretora
de Div
isão d
e Ac
ompanha
mento d
e Ent
idad
es Par
ceira
s e
Escola
s Partic
ulares
por um ano, na Secreta
ria
Municipal d
a
Educ
ação d
e Bauru
, foi dir
etora
de EME
I por
cinco a
nos.
Atualment
e partici
pa do gr
upo de estud
os
PROLEAO "Pro
cessos de
l
eitura
e de esc
rita: a
pro
pria
ção e obj
etiva
ção" e d
o gr
upo CEP
LII
“
Centro de E
studos e Pes
quisas
em Leitura
, Literatu
ra e Infâ
ncia”,
dedica
-
se à for
mação c
on
tinuad
a de p
rofe
ssores da
Educaç
ão
Infantil.
426
Cyntia
Grazi
ella Guiz
elim S
imões Gi
rotto
Livre
-
docente em Leitur
a e Escrita pela
Universidad
e Estadu
al
Paulista (2016). Pós-
doutorado em L
eitura e L
iteratura
Infantil pela
Universid
ade
de Pass
o Fu
ndo (2015
). Dou
tora e
m E
duca
ção pela
Unesp (
1999).
Mestr
e e
m Edu
caçã
o pela
Univer
sidade F
ederal de
Sã
o Carlos
(1995
). Peda
goga pela F
aculda
de de Fi
losof
ia e Ciê
ncias
-
Unesp
-
Marília (1992).
Atuou em institu
ições pú
blicas e
particulare
s: no CEFAM (Centro de
Estudo, Formação
e
Aperfeiç
oament
o do M
agist
ério) e
em tr
ês u
niver
sidad
es com
o
profess
ora de D
idática
e Supervisora
de Es
tágio,
além d
e
coor
denado
ra da Pe
dago
gia e de
Avali
ação In
stitucio
nal
. Ademai
s
foi profes
sora
de EJA (E
duca
ção de Jov
ens e Adu
ltos)
por 7 anos
,
bem como d
e cursos de P
ós
-
Gra
duaçã
o Latto Sensu
, ministr
ando a
discipli
na de Didá
tica do
Ensino Su
perior
. D
esde 2
000 é prof
essora
da Univers
idade E
stadu
al Pau
lista Júlio
de Mes
quita
Filho, Câ
mpus
de Marília
, junto ao D
eparta
mento de D
idática
. Compõe,
na mesma
unidade u
nivers
itár
ia, o qu
adro de or
ienta
dores do pr
ograma de Pós
-
Graduação
em Ed
uca
ção. Participa dos gru
pos de pes
quisa
"Implica
ções Ped
agógic
as da Teoria
Histór
ico
-
Cu
ltur
al" (
Unesp
-
Marí
lia) e "F
ormaçã
o de pr
ofessor
es e as
relaç
ões e
ntre as
prátic
as
educativ
as em leitu
ra, li
teratur
a e ava
liaçã
o do texto lit
erário”
(Unesp
-
Pr
esid
ente
P
rud
ente). In
tegr
a, a
inda, o gru
po d
e
pesquis
adores
do CELL
IJ (Centr
o de Est
udos
em Leitur
a e
Literatu
ra Infantil e
Juve
nil), o gru
po PROLEA
O "Proces
sos de
leitura
e de escri
ta:
apropr
iação e ob
jetiva
ção"
e o CEP
LLI “
Centro
de Estud
os e Pe
squisas e
m Leitur
a,
Lite
ratura e
Infân
cia”.
427
SO
BRE O
LIVRO
Catalogação
André Sávio
Craveiro
Bue
no
–
CRB 8/8211
Normalização
Kami
lla Gonç
alves
Ilustração da capa
Julia M
ie Mat
sugum
a e Tais
a Iwata
Diagramação e Capa
Mariana da
Roc
ha Corrêa Si
lva
Assessoria Técnic
a
Renato
Geraldi
Oficin
a Un
ivers
itária
Lab
oratór
io Edi
torial
labedit
ori
al.marili
a@u
nesp.br
Forma
to
16x23cm
Tipolog
ia
Adobe G
aramond Pro
O LIVRO ILUSTRADO NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INF
ANTIL:
em def
esa da educ
aç
ão desen
v
ol
v
ent
e
Y
aeko Nakadakari T
suhako
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto
O LIVRO ILUSTRADO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INF
ANTIL:
em def
esa da educ
aç
ão desen
v
ol
v
ent
e
YAEKO NAKADAKARI TSUHAKO
Doutora
em
Educação
pela UNE
SP- Marília (2022),
mestre em
Educação
pela UNES
P- Marília (2016),
graduada
em
Ped
agogia
pela UNE
SP -
Bauru
(2008),
bacharel
em
Direito
pela Instituição Toledo de Ensino
-
Bauru
(1992).
Foi
professora
de Educação de Adultos
e
Jov
ens,
professora
de Educação
Infantil,
coordenado
-
ra de área de Educação Infantil
na Secretaria Municipal
de Educação e diretora
de EMEI
na cidade
de Bauru.
Atualmente participa de grupos
de estudos da UNESP
-
Marília e
dedica
-se à
formação
continuada de
profes
-
sores da Educação Infantil.
CYNTIA GRAZIELLA G. SIMÕES GIROTTO
Livre-docente
em
Leitura
e
Es
crita
pela UNESP
(2016).
Pós-doutorado
em Leitura e Literatura Infantil
pela
Universidade
de Passo
Fundo (2015).
Doutora
em
Educação
pela UNESP (1999).
Mestre em
Educação
pela UFSCAR
(1
995). Pedagoga
pela UNESP (1992).
Atuou
em
institu
ições públicas e particulares. Desde
2000 é
professora
da UNESP -
Marília, junto
ao
De
-
partamento
de D
idática. Compõe,
na mesma unidade
universitária, o
quadro
de orientadores do
programa
de
Pós-Graduação
em Educação. Participa
de grupos
de
pesquisa
da UNESP
de Marília,
de Presidente
Prudente
e
int
egra,
ainda, o
grupo
de
pesqu
isadores do
CELLIJ
(Centro
de Estudos em
Leitura
e
Literatura
Infantil
e
Juvenil.
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0039/2022
Processo Nº 23038.001838/2022-11
O
presente livro
tem
como
alicerce a
perspectiva da
teoria
histórico-cultural
e
a
losoa
da
linguagem.
Argumenta
em
defesa
de um
a educação desenvolvente,
isto
é,
uma
educação
onde
o
professor
tem
o
papel de planejar ações de forma
consciente
para promover
o
desenvolvi
-
mento
das fu
nções
psíqu
icas superiores
da criança; da
importância do
livro
ilus
-
trado
na
prom
oção
do
desenvolvimento
humano;
da formação
do professor
como
essencial
para
mudanças nas práticas. De
-
monstra
a
necessidade
da apropriação
do
conhecimento
para
o
desenvolvimento
da consciência
e elucida
que tanto
o
adul
-
to
como
a criança
possuem capacidade
criadora
para objetivar-se
em
produções
autorais,
porém,
o
desen
volvimento
de
tal capacidade
está vinculado às condi
-
ções sociais e ao processo educativo.
Com
este
livro,
buscamos
reetir
sobre
o
papel
fundamental
da
es
-
cola para assegurar as condições necessárias para o desenvolvimen-
to das funções psíquicas superiores nas crianças, pois as funções
psíquicas são ferramentas essenciais para que as pessoas sejam, de
fato, sujeitos de sua história. Procuramos discorrer sobre a impor-
tância do processo de apropriação do conhecimento para a trans-
formação da prática com o livro ilustrado do professor e da pro-
fessora de Educação Infantil e apresentamos alguns princípios
didáticos para o trabalho com o livro ilustrado, demonstrando que
é possível promover o desenvolvimento da consciência, da imagi-
nação e da capacidade criadora por meio do processo de formação.
Desejamos que este livro possa inspirar os professores na busca
pela mudança de sua realidade, tornando-se autores de suas prá-
ticas em defesa da coletividade, do bem comum, da humanização
de nossas crianças, ou seja, em defesa da educação desenvolvente.