Educação profissional no Brasil do século XXI:
políticas, críticas e perspectivas vol. 2
Domingos Leite Lima Filho, José Deribaldo Gomes dos Santos,
Henrique Tahan Novaes (Org.)
Educação profissional no
Brasil do século XXI:
políticas, críticas e perspectivas
vol. 2
Domingos Leite Lima Filho
José Deribaldo Gomes dos Santos
Henrique Tahan Novaes
(Organizadores)
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Diante do cenário nada animador do Brasil contemporâneo,
ousamos entregar para leitura a coletânea Educação
profissional no Brasil do século XXI: políticas, críticas e
perspectivas vol. 2. O presente volume não difere
essencialmente do primeiro, mas por ser uma segunda
publicação, indica a necessidade social de seu nascimento.
Haja vista que apenas um volume não foi suficiente para dar
conta de toda a gama de questões que cercam a educação
profissional no contexto de crise estrutural do capital. Na
moldura de crise crônica por que passa o capitalismo, o
seguimento educacional voltado para a profissionalização da
classe trabalhadora é eleito, de modo corriqueiro, como a
menina dos olhos para a solução dos problemas da produção
destrutiva capitalista.
As políticas estatais educativas, destacadamente a
profissionalizante, encontram-se hoje fortemente
associadas à venda do ensino. O grande capital incentiva,
sem nenhum constrangimento, uma determinada
especificidade educativa que forme as filhas e filhos da classe
trabalhadora para o aprendizado precário e precoce de
determinado oficio. A intenção dessa precariedade
formativa é apresentar garantias aos empregadores, ao
Estado e às agências internacionais de financiamento das
reformulações escolares, que o ensino está adaptado a uma
suposta era tecnológica. Ao fim e ao cabo, a força ideológica
da burguesia decadente de início do século XXI trafega a
necessidade de que esse recorte formativo, ainda que
precário e carente de humanismo, seja apresentado como a
saída para os problemas de desemprego, violência
campesina e urbana, desordenamento ambiental, dentro
inúmeros outros problemas criados pelo próprio capital.
Assim, é comum ouvir de jornalistas, religiosos, políticos de
direita, centro e esquerda, intelectuais diversos, artistas,
desportistas, entre muitos outros representantes de
distintos seguimentos da atrasada elite endógena, a defesa
da educação especificamente profissionalizate como
alternativa para os problemas da crise capitalista atual.
Para fazer valer o caráter contraditório do movimento
social, a educação, no nosso caso a destinada a formação
profissional de trabalhadoras e trabalhadores, não trafega
em leito linear. São muitas e de diversas ordens as
contradições moventes-motoras imanentes ao processo
educacional. Mesmo que a escola especificamente
profissionalizante entregue pelo capital aos
jovens-trabalhadores-estudantes tenha como intenção, no
limite de suas possibilidades, ensinar a escrever, contar e
apertar botão macatrônico, a dialética inerente ao tecido
social, apresenta muitas e incontáveis contradições.
Alguns arranjos educacionais espalhados pelo Brasil
procuram se opor à lógica de um capitalismo periférico que,
pela vontade de uma elite atrasada, apenas vê o que suas
míopes lentes permitem. Essas propostas, quase sempre
desenvolvidas em instituições públicas, procuram
implementar projetos educacionais que se oponham ao
desejo insano do capital em crise crônica.
O segundo volume de nossa coletânea, materializada na
presente publicação, reúne um considerável conjunto de
reflexões sobre o quadro sucintamente descrito acima. São
professoras e professores que se arvoram a vencer o difícil
obstáculo de investigar a educação profissional
contemporânea. Diante da dificuldade imposta pelo próprio
processo de avaliação da pós-graduação brasileira,
fortemente inclinada às publicações de Paperes, as pesquisas
aqui expostas procuram iluminar a problemática para além
do que costumeiramente se encontra publicado nos veículos
que tendem a alimentar a vaidade acadêmica.
Coube à articulação entre os seguintes veículos de pesquisa
materializar a publicação hora exposta: Grupo de Pesquisa
Organizações e Democracia (GPOD) da Faculdade de
Filosofia e Ciência da Universidade Estadual Paulista
(FFC-UNESP), ao Grupo de Pesquisa Trabalho, Educação,
Estética e Sociedade (GPTREES) da Faculdade de
Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, da
Universidade Estadual do Ceará (FECLESC-UECE) e ao
Grupo de Estudos e Pesquisas em Trabalho, Educação e
Tecnologia (GETET) da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná (UTFPR).
É lamentável constatar, mas é impossível omitir, que o
presente livro é desenvolvido e publicado durante a
pandemia de COVID-19; imposta à sociedade, em última
instância, pela insanidade do grande capital. No momento
em que esta redação é concluída, somente no Brasil, as
mortes contabilizadas pela pandemia já se aproximam de
650 mil. O cotidiano docente, inserido nesse cenário de
terror, compôs o entorno em que as corajosas exposições
que agora publicamos foram escritas.
O livro totaliza 12 comunicações que são divididas em dois
eixos intercalados: I – Educação profissional e políticas
educacionais; e II – A expansão das redes estaduais e federal
de educação profissional: críticas e perspetivas. As
exposições, sem abandonarem o caráter de totalidade
exigido pela natureza da ciência, ao dialogarem com a
problemática educativa brasileira, destacam recortes
específicos existentes nos Estados do Amazonas, Ceará,
Bahia, Espirito Santos, Maranhão, Rio Grande do Norte e
São Paulo.
Decididamente, a publicação posta agora sobre os próprios
pés, não espera de que a lê concordância irrestrita, elogios
cosméticos, tampouco comentários acríticos. A honestidade
da organização da coletânea, ao propor sua constituição,
objetiva que o rebatimento das exposições aqui expressas
sirva de reflexões críticas para a análise da educação
profissional no Brasil contemporâneo.
Agradecemos, antecipadamente, a confiança da leitura!
Domingos Leite Lima Filho (UTFPR)
José Deribaldo Gomes dos Santos (UECE)
Henrique Tahan Novaes (UNESP)
(Organizadores)
ISBN 978-65-5954-343-4