Bruna Carla de Carvalho Amaral
Bruna Carla de Carvalho Amaral
Retratos da
Inclusão Escolar
a biopolítica em
um caso ficcional
Retratos de Inclusão Escolar: a biopolítica em um caso ficcional
Te convido a aproximar-se dessa
obra com mente e corpo abertos
à diferença. A autora, mulher
historiadora que conheço desde
pequena criança do interior
paulista, em sua sagacidade
crítica e sensível, toma de frente
a ocupação da diferença no
ambiente escolar. Uma narrativa
que parte das observações e
incômodos da própria experiência
nos espaços educacionais, da
constrangedora medicalização dos
corpos e das escalas capacitistas
sobre as possibilidades e potências
de cada vida. Nos interpela e
denuncia o que escondemos de
nós mesmos: a ingovernabilidade
da vida e o desgoverno das gestões
que “inclui excluindo”.
A obra tem a perspicácia de colocar
em evidência a lógica normativa e
seu constrangimento com os que
desviam. Quais políticas, afetos,
éticas educacionais e do cuidado
estamos produzindo nesse campo
de forças? Quais relações de poder
estão em jogo? Quais novas
histórias do conviver podemos
criar? Uma política narrativa que
desafia o paradigma científico de
pesquisa das ciências humanas,
as problematizações se fazem
como experiência de investigação
que eu chamaria autoficcional.
De modo literário e não menos
científico, compõe linhas de
consistência e interrogação em
uma personagem construída
com a densidade dos encontros
escolares que viveu.
!!"#$"%
É com os corpos deficientes e
não sobre eles.
As normativas da inclusão, que
legislam um controle corretivo
sobre os corpos e os processos
de produzir conhecimento,
reduzem as singularidades e as
oportunidades de radicalmente
superarmos um modelo
escolar que já não aguenta
mais. É costurando esses fios
teórico-filosóficos, de legislação,
das experiências e paradigmas
escolares que a trama desta
obra nos convida a duvidar, a
interrogar, a produzir diferença
e também esperança, nos
lembrando que a nossa história é
a nossa força.
PRISCILA TAMIS
psicóloga, professora universitária
e escritora.
A obra ‘Retratos da inclusão escolar: problematização de
um caso a partir da biopolítica de Michel Foucault’ é leitura
obrigatória para compreender a relevância dos estudos
foucaultianos à educação. A problematização das produções
de saberes nas práticas educativas possibilita a análise do
desafio da política inclusiva na atualidade. Por meio de casos
ficcionais, a autora, instrumentaliza conceitos foucaultianos,
na leitura da racionalidade inclusiva, tangenciando-os a
pontos fundamentais de práticas escolares. Apesar do alerta
acerca da ação da biopolítica, a autora reitera a possibilidade
de construções de práticas inclusivas em diálogo com
a diferença, rompendo com as políticas de formatação
de corpos deficientes, pela categorização deles, para
tomá-los como corpo-potência de experiências formativas
de singularização. Essa política afirmativa da vida deficiente
é sem dúvida ponto central da obra. O escrito se faz espaço
para outras potentes reflexões educativas, pela força em
que apresenta a diferença dos ‘corpos-deficientes’ na escola,
e o rigor teórico-metodológico para a compreensão da
biopolítica em Michel Foucault e das ações de resistência.
PROFA. DRA. VANESSA REGINA DE OLIVEIRA MARTINS
Universidade Federal de São Carlos