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Em tais afirmações, os professores, embora não abordando
nenhum aspecto teórico da construção de conhecimentos, trazem à tona a
necessidade de as intervenções pedagógicas levarem em conta o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, pois, conforme já frisado, é a partir
das estruturas cognitivas disponíveis que os sujeitos irão interpretar seu
entorno. Nesse sentido, quando abordamos conteúdos científicos,
precisamos, muitas vezes, nos aproximar de hipóteses, de esquemas e de
modelos, sendo necessária a intervenção das operações formais para sua
compreensão.
Obtivemos, igualmente, respostas que mencionaram o fato de a
dificuldade em Astronomia estar ligada a uma não compreensão da
Matemática, principalmente das relações lógico-matemáticas. Temos o
relato de que os alunos não compreendem as proporções, por exemplo,
para estimar a distância entre planetas – conteúdo abordado, à época, no
Estado de São Paulo, no 7º ano do Ensino Fundamental II (SÃO PAULO,
2010) e, atualmente, conforme indicação da BNCC (BRASIL, 2018), no
9º ano. Tal dificuldade com os conteúdos matemáticos reflete, na
perspectiva docente, igual dificuldade na disciplina de Ciências.
Acompanhemos alguns excertos:
CRIS: [...] eles têm assim, quando tem raciocínio lógico, alguma coisa
desse tipo, eles têm muita dificuldade para entender. Como assim
raciocínio lógico, você pode me explicar? É assim, vamos supor, para
calcular a distância entre planetas. É quando entra a parte da matemática,
aí eles têm muitas dificuldades.
CARL: [...] quando é Astronomia, a gente tem uns vídeos e tudo mais,
mas eu percebo que para eles fica um pouco distante, quando você vai falar
dos planetas, das órbitas, das distâncias, eu costumo fazer o cálculo da
distância entre a Terra e o Sol, aí entra Matemática no meio, eu provo para