Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta
Quem é o psicólogo que queremos formar? Essa pergunta fez parte do meu
trabalho de mestrado, há quase trinta anos. Hoje, neste livro, essa pergunta
contínua presente, com novas contribuições. O estudo das metodologias
ativas na formação universitária para a educação de prossionais críticos
e reexivos, capazes de compreenderem a dimensão de seus trabalhos de
modo mais amplo, é mais do que relevante; ela é essencial. Neste livro, os
formadores de prossionais na área da Psicologia encontrarão uma ampla
análise sobre os projetos pedagógicos e as grades curriculares dos cursos de
Psicologia do estado de São Paulo e um amplo levantamento bibliográco
sobre o uso de metodologias ativas na formação do psicólogo. Em seu tra-
balho, Thaísa buscou disciplinas relacionadas à Ética, às Políticas Públicas,
aos Direitos Humanos e às Políticas Armativas na formação do psicólogo,
por entender que tais temas precisam estar presentes de modo intencional
e não ocasional na formação universitária. Por m, ressalto que sua análise
sobre o ambiente acadêmico chama a atenção para a importância do papel
ativo do estudante sobre sua formação, além da necessidade de ofereci-
mento de oportunidades de reexão dirigida e de atividades teórico-práti-
cas que possibilitem a construção de um saber fazer que além do teórico
e técnico, em uma palavra, a construção de um fazer ético.
É com alegria que apresento mais um trabalho de minha colega Thaísa ao
público interessado em fazer melhor a Psicologia.
As reexões, apresentadas aqui, trazem
questionamentos sobre a Formação em
Psicologia e sobre o lugar que ela ocupa,
auxiliando na constituição de um sujeito
ético, para o desenvolvimento das inter-
venções nos mais variados contextos de
inserção da ciência psicológica. A reexão
sobre a Formação em Psicologia no Bra-
sil é um importante exercício para o en-
tendimento do perl de prossional que
está sendo formado, inclusive como estão
sendo estruturados os aspectos essenciais
para que haja uma formação ética, bem
como de que forma estão sendo utilizadas
as metodologias ativas no processo ensi-
no-aprendizagem. A compreensão desse
perl deve perpassar o momento atual,
integrando questões históricas e buscan-
do uma perspectiva futura, condizente
com o que se espera da atuação do psi-
cólogo na sociedade. Esta obra apresenta
o relato de um estudo desenvolvido so-
bre a graduação em Psicologia no estado
de São Paulo, tendo em vista este Estado
ter o maior número de psicólogos cadas-
trados no Conselho Regional de Psicolo-
gia, e consequentemente, a maior parcela
de Cursos de Graduação em Psicologia
com cadastro no Ministério da Educação.
Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta é Pós-
-Doutora em Educação pela Universidade
Estadual Paulista, Câmpus de Marília. Atu-
almente, é docente e coordenadora do Cur-
so de Psicologia do Centro Universitário de
Adamantina (UNIFAI) e docente no Curso
de Psicologia da Faculdade da Alta Paulista
(FAP). Participa do Grupo de Estudos e Pes-
quisas em Psicologia Moral e Educação In-
tegral (GEPPEI). Desenvolve estudos sobre
a Formação em Psicologia, com ênfase em
aspectos éticos, competência moral, meto-
dologias ativas e ambiente acadêmico.
METODOLOGIAS ATIVAS
E COMPROMISSO ÉTICO
NA FORMAÇÃO EM
PSICOLOGIA
METODOLOGIAS ATIVAS E COMPROMISSO ÉTICO NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA
PATRICIA UNGER RAPHAEL BATAGLIA
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio 396/2021
Processo 23038.005686/2021-36
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METODOLOGIAS ATIVAS E COMPROMISSO
ÉTICO NA FORMÃO EM PSICOLOGIA
THAÍSA ANGÉLICA DÉO DA SILVA BERETA
Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta
METODOLOGIAS ATIVAS E COMPROMISSO
ÉTICO NA FORMÃO EM PSICOLOGIA
Marília/Oficina Universitária
São Paulo/Cultura Acadêmica
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIASFFC
UNESP - campus de Marília
Diretora
Dra. Claudia Regina Mosca Giroto
Vice-Diretora
Dra. Ana Claudia Vieira Cardoso
Conselho Editorial
Mariângela Spotti Lopes Fujita (Presidente)
Adrián Oscar Dongo Montoya
Célia Maria Giacheti
Cláudia Regina Mosca Giroto
Marcelo Fernandes de Oliveira
Marcos Antonio Alves
Neusa Maria Dal Ri
Renato Geraldi (Assessor Técnico)
Rosane Michelli de Castro
Conselho do Programa de Pós-Graduação em Educação -
UNESP/Marília
Graziela Zambão Abdian
Patrícia Unger Raphael Bataglia
Pedro Angelo Pagni
Rodrigo Pelloso Gelamo
Maria do Rosário Longo Mortatti
Jáima Pinheiro Oliveira
Eduardo José Manzini
Cláudia Regina Mosca Giroto
Auxílio 0396/2021, Processo 23038,005686/2021-36, Programa PROEX/CAPES
Imagem da capa: Imagem de Denis Azarenko por Pixabay (uso gratuito)
Ficha catalográfica
Serviço de Biblioteca e Documentação - FFC
Bereta, Thsa Angélica Déo da Silva.
B492f Metodologias ativas e compromisso ético na formão em psicologia / Thaísa Angélica Déo
da Silva Bereta. – Marília : Oficina Universitária ; São Paulo : Cultura Acadêmica, 2022.
225 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5954-286-4 (Digital)
ISBN 978-65-5954-285-7 (Impresso)
DOI: https://doi.org/10.36311/2022.978-65-5954-286-4
1. Psicólogos - Formação. 2. Ética. 3. Ambiente universitário. I. Título.
CDD 378
Catalogação: André Sávio Craveiro Bueno CRB 8/8211
Copyright © 2022, Faculdade de Filosofia e Ciências
Editora afiliada:
Cultura Acadêmica é selo editorial da Editora UNESP
Oficina Universitária é selo editorial da UNESP - campus de Marília
Para Isabela, por todo o bem que ela me faz.
Para Marcio, meu companheiro de vida.
Para Patricia Bataglia, pelas infinitas possibilidades.
Dedico
Lista de Abreviaturas e Siglas
CES Câmara de Educação Superior
CEE Conselho Estadual de Educação
CFP Conselho Federal de Psicologia
CNE
Conselho Nacional de Educação
DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais
EAD Ensino à Distância
ENADE Exame Nacional de Avaliação do Desempenho da Educação
Superior
GEMAA Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa
GR Reflexão Dirigida
IES Instituição de Ensino Superior
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira
MEC Ministério da Educação
ORIGIN/esfp Questionário Ensino Superior: Formação em Psicologia
ORIGIN/pd Questionário Ensino Superior: Prática Docente na
Formação em Psicologia
PBL
Problem Based Learning
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PPC Projeto Pedagógico de Curso
PPP Projeto Político Pedagógico
PUC Pontifícia Universidade Católica
RT Assunção de Responsabilidade
TC Teste Conceitual
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TPC Trabalho para Casa
SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
Sumário
Prefácio | Marilene Proença Rebello de Souza..........................................11
Introdução ...........................................................................................15
Aspectos relevantes sobre a Formação em Psicologia ............................19
A formão ética na graduação em Psicologia
O Projeto Pedagógico dos cursos de graduação em Psicologia: uma
construção possível
O ambiente acadêmico no desenvolvimento da capacidade reflexiva
As metodologias ativas como possibilidade de autonomia aos graduandos
.............................................................................................................47
As Assembleias
A Aprendizagem Baseada em Problemas Problem Based Learning
(PBL)
A Metodologia da Problematização (Método do Arco)
O Método da Resolução de Problemas de John Dewey
A Sala de Aula Invertida
Uma investigação sobre a graduação em Psicologia no Estado de São
Paulo ...................................................................................................81
O Estudo
A Análise dos Dados
A Análise das Grades Curriculares
A Análise dos Projetos Pedagógicos
A Análise dos Conceitos ENADE
Refletindo sobre os Dados
Algumas Considerações Finais ...........................................................197
Referências Bibliográficas ...................................................................203
11
Prefácio
Desde o início da profissão de psicólogos(as) no Brasil, a questão
da formação tem sido um dos temas centrais para a Educação Superior, a
quem cabe, em primeira instância, realizar esta tarefa fundamental. Os
diversos cursos de Psicologia implementados no país, durante muitos
anos, tiveram como principal modelo, aquele apresentado pelo Currículo
Mínimo em Psicologia, de 1963, pautado em uma visão de formação
centrada, principalmente, nas áreas que fundamentaram a Psicologia
Científica: a Psicometria, a Clínica, os Diagnósticos Psicológicos e as
Psicoterapias, a Psicologia Educacional, Escolar e as Dificuldades de
Aprendizagem, a Orientação Profissional e Psicologia Organizacional. As
primeiras discussões a respeito da formação de psicólogos(as), datadas dos
anos de 1970, chamavam a atenção para a necessidade de ampliar esta
formação, principalmente no que diz respeito à concepção do fazer
psicológico. Considerava-se, naquele momento da história da profissão,
que o modelo clínico-terapêutico era insuficiente para compreender a
complexidade das relações humanas e sociais e que a Psicologia precisaria
beber nas fontes da Filosofia, da Sociologia crítica e da Antropologia
Social, ampliando assim seus referenciais teórico-metodológicos a fim de
constituir ferramentas que a aproximasse dos contextos e necessidades que
constituem a subjetividade humana.
Portanto, nesse processo de reflexão e de busca de um projeto ético-
político para a Psicologia no Brasil, construíram-se, com a participação de
muitos segmentos da Psicologia, as Diretrizes Curriculares Nacionais para
https://doi.org/10.36311/2022.978-65-5954-286-4.p11-14
12
os Cursos de Graduação em Psicologia, promulgadas em primeira edição
em 2004, reformuladas em 2011 e em 2019. É importante ressaltar que as
Diretrizes expressam a complexidade e a diversidade de temas e de aspectos
que passaram a compor a profissão, principalmente no que se refere à
participação da Psicologia em importantes setores das políticas públicas no
país. Fruto do processo de redemocratização do Estado brasileiro, a
presença da psicologia se deu na Luta Antimanicomial, no rum
Nacional em Defesa da Escola Pública, no Movimento de Meninos e
Meninas de Rua, da luta pelo Sistema Único de Saúde, pela aprovação do
Estatuto da Criança e do Adolescente, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, apenas para citar algumas das mais importantes
conquistas sociais que tivemos após a Ditadura Civil Militar de 1964.
A criação do Centro de Referência Técnica em Psicologia e
Políticas Públicas - CREPOP pelo Sistema Conselhos de Psicologia, em
2006, possibilitou, ainda, a sistematização dos conhecimentos no campo
da políticas públicas, de forma a apresentar as Referências Técnicas
profissionais, norteando e promovendo a qualificação da atuação
profissional de psicólogas(os) que atuam nas políticas blicas.
Essa complexidade da profissão tem desafiado fortemente a
formação, que, por sua vez, encontra nas Diretrizes Curriculares as
possibilidades de ousar e de trazer para o centro dos currículos e disciplinas
os vários aspectos que a profissão vem exigindo para o enfrentamento da
realidade social.
Um desses aspectos se apresenta nas metodologias de trabalho em
sala de aula, instrumentos fundamentais para a apropriação do
conhecimento, de referenciais teóricos e metodológicos que serão os pilares
da qualificação profissional e do sentido e significados que atribuímos a
essa profissão de grande relevância na sociedade contemporânea.
13
Assim, este livro intitulado Metodologias Ativas e Compromisso
Ético na Formação em Psicologia nos apresenta, em momento muito
oportuno, a possibilidade de conhecermos aspectos da formação
profissional, com destaque para os cursos de Psicologia do estado de São
Paulo e algumas das principais metodologias utilizadas na formação
profissional no país, inspirando as escolhas daqueles que se encontram na
difícil e desafiadora tarefa de formar profissionais no campo da Psicologia,
em suas diversas áreas de atuação. Fruto de Pesquisa de Pós-Doutoramento
de Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta, junto ao Programa de Educação
do mpus de Marília, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), este
livro nos convida a ousar, a propor, a ampliar nossas possibilidades
didáticas e de apropriação de conteúdos no âmbito da formação de
psicólogos e psicólogas.
Uma boa leitura a todos, todas e todes.
São Paulo, 19 de dezembro de 2021
Marilene Proença Rebello de Souza
14
15
Introdução
Refletir sobre a formação em Psicologia no Brasil, é um importante
exercício para o entendimento do perfil de profissional que está sendo
formado, inclusive o modo como estão sendo estruturados os aspectos
essenciais para uma formação ética. A compreensão desse perfil deve
perpassar o momento atual, integrando questões históricas e buscando
uma perspectiva futura, condizente com o que se espera da atuação do
psicólogo na sociedade.
Ao longo da história, houve uma expansão de possibilidades da
realização de intervenções psicológicas em variados contextos, rompendo
com a compreensão de que a Psicologia Clínica é a única possibilidade.
Vivenciamos uma crescente valorização da profissão, com o entendimento
de que a Psicologia se faz presente sempre que o sofrimento psíquico e os
aspectos psicológicos se apresentarem, junto ao indivíduo, aos grupos, às
instituições ou à sociedade em sua totalidade.
Pensar em uma formação que contemple a pluralidade, a
competência, o compromisso social, os direitos cidadãos plenos, de modo
generalista, crítico, reflexivo, ético, transformador e com caráter
multifacetado (BRASIL, 2018) é uma construção possível. Acreditamos,
no entanto, que a luta por essa formação seja de responsabilidade não
somente das entidades que legislam sobre a Psicologia no país, mas,
também, dos estudantes, dos docentes, das gestões dos cursos de graduação
e das Instituições de Ensino Superior (IES).
16
A formação parte de um olhar coletivo, com uma diversidade de
papéis sendo desempenhados, com cada um desses tendo sua relevância
para a construção do processo de ensino-aprendizagem. Processo esse que
vem com o entendimento da necessidade de se oportunizar espaços para
que o graduando possa ampliar suas visões de mundo, das relações, dos
sujeitos e da coletividade.
O ambiente acadêmico, as estratégias de trabalho do docente no
Ensino Superior e o que ele oportuniza aos estudantes são aspectos
facilitadores do desenvolvimento da competência moral dos graduandos
em Psicologia. Contribuindo, assim, para a formação de um profissional
que reflita, que emita juízos e que aja de acordo com esses aspectos.
Ao apresentarmos o relato de um estudo desenvolvido sobre a
graduação em Psicologia no estado de São Paulo, pretendemos
compreender um pouco mais sobre como vem se estruturando esses cursos.
Assim, investigamos se as grades curriculares ofertam disciplinas que
contemplem a Ética, as Políticas Públicas, os Direitos Humanos e as
Políticas Afirmativas, uma vez que disciplinas como essas contribuem para
a construção do perfil de profissional, o qual entendemos como necessário.
Além desse aspecto, analisaremos como se estruturam os Projetos
Pedagógicos dos Cursos de Graduação em Psicologia e o rendimento dos
concluintes desses cursos no Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (ENADE).
Este estudo faz um recorte das amplas discussões que podem ser
promovidas quanto a formação em Psicologia no Brasil, mas, certamente,
configura-se como necessária tendo em vista que o estado de São Paulo
tem o maior número de psicólogos cadastrados no Conselho Regional de
Psicologia (CRP), em comparação aos demais estados. Para tanto,
abraçamos, aqui, a maior parcela de formadores (pensando nos cursos de
17
Psicologia cadastrados no Ministério da Educação), bem como de
profissionais de Psicologia com registro no Conselho de Classe.
Ao longo das próximas páginas, o leitor terá a oportunidade de se
debruçar sobre os aspectos relevantes da Formação em Psicologia, as
metodologias ativas como possibilidade de autonomia aos graduandos e
uma análise do perfil desses cursos de graduação no Estado de São Paulo.
Uma boa leitura.
18
19
Aspectos Relevantes Sobre a
Formação em Psicologia
Em termos puramente morais, não possibilidade de
respeitar a outrem na sua dignidade, sem ao fazê-lo
experimentar o sentimento da própria dignidade.
Yves de La Taille
Acompanhando as estatísticas da Educação Superior, percebemos
que nas últimas cadas houve um aumento significativo das IES, tanto
em termos de Federação quanto do próprio estado de São Paulo, foco das
discussões promovidas neste livro. Dados do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais (INEP), de 2020, permitem-nos compreender
que, no estado de São Paulo, de um total de 611 IES, 160 estão localizadas
na Capital e 451 no interior do estado. Dessas, 501 são particulares e 110
são públicas, sendo 5 federais, 79 estaduais e 26 municipais. Quando
verificamos, em termos de Federação, 755 IES que ofertam os cursos
de Psicologia, sendo 79 públicas e 676 particulares. Em relação ao número
total de cursos de Psicologia cadastrados, são 917, com 98 públicos e 819
privados. Outro dado verificado é em relação a Psicologia e a Formação de
Professor, com 8 IES públicas e 3 particulares, com um total de 12 cursos,
divididos em 9 públicos e 3 privados (INEP, 2020).
Da observação desses dados, advém a necessidade de refletirmos a
respeito das fases da profissionalização da Psicologia no Brasil, as quais
20
permitiram chegarmos ao que se observa hoje. Os estudos de Vilela (2012)
discutem que, embora, inicialmente, não houvesse uma profissão ainda
regulamentada e uma sistematização do saber psicológico, a Escola de
Cirurgia da Bahia e a Escola Anatômica, Médica e Cirúrgica do Rio de
Janeiro (transformadas, posteriormente, em Faculdades de Medicina,
devido a alterações curriculares), passaram a ter como obrigatoriedade a
defesa de teses para que fosse possível a obtenção de título de Doutor em
Medicina. Tais teses passaram a ser elemento importante para a difusão do
conhecimento psicológico, como por exemplo, nas teses da Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, que abordaram o conhecimento psicológico,
desenvolvido na Europa e nos Estados Unidos, além de trazerem menções
a autores da Psicologia Alemã, como Wundt. Travassos e Mourão (2018)
definem essa primeira fase como P-Profissional, compreendendo os anos
de 1833 a 1890.
Vilela (2012) explica que o ensino da Psicologia ocorreu,
primeiramente, nas Escolas Normais, destinadas à formação de professoras
primárias, com o ensino baseado nas aulas ministradas pelos professores.
Com o tempo, começaram a ser publicados manuais voltados para o ensino
de Psicologia, nas referidas escolas, o que pode ser considerado como o
início dos trabalhos didáticos em Psicologia. Posteriormente, surgem as
cátedras de Psicologia nas Faculdades de Filosofia e, em outras, como a de
Educação Física na Universidade do Brasil. Pensando, também, no
momento econômico, o país começa a desenvolver-se industrialmente, no
governo de Getúlio Vargas, rumo a uma modernização, marcada pela
desigualdade entre os mundos rural e urbano. No entanto, a partir da
institucionalização da prática psicológica, da regulamentação da profissão
e da criação dos dispositivos formais de ensino surgem cursos de
especialização em Psicologia, oferecidos no Instituto Sedes Sapientiae, em
São Paulo, e do Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação
21
Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Nesse contexto, as práticas psicológicas
vão acontecendo, mas, por vezes, ainda consideradas como psicotécnicas
ou psicologistas. No final da década de 1940, acontece uma ampliação para
além do contexto educacional e a Psicologia começa a ter espaço na seleção
e na orientação profissional, além da clínica, com o psicodiagnóstico, a
orientação de pais e a orientação vital. Os testes psicológicos passam a ser
instrumentos privilegiados para essa nova atuação profissional (VILELA,
2012).
A Psicologia começa a institucionalizar-se em 1953, com a criação
do Curso de Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade
Católica (PUC) do Rio de Janeiro (FERES-CARNEIRO, 2011; VILELA,
2012) e, em 1954, pela PUC do Rio Grande do Sul (SCARPARO, 2011;
VILELA, 2012). Nesse movimento, foram várias idas e vindas para a
regularização da profissão e dos cursos. Somente em 27 de agosto de 1962,
com a Lei n. 4.119, houve a ampliação das possibilidades para esse campo
de saber científico (VILELA, 2012). Para Travassos e Mourão (2018), essa
segunda fase, a de Profissionalização, ocorre de 1890 a 1975.
A terceira fase do estabelecimento da Psicologia no Brasil, a
Profissional, a partir de 1975, apresenta-se como o estabelecimento e a
organização dessa nova profissão, havendo a ampliação das instituições
educacionais que ofertam a graduação em Psicologia e um crescente
número de profissionais presentes no mercado de trabalho, remetendo a
uma desvalorização da mão de obra, em um período de mudanças
socioeconômicas (TRAVASSOS; MOURÃO, 2018).
Após essas reflexões, mesmo que breves, sobre como se organizou,
historicamente, a Psicologia no Brasil, sentimos necessidade de voltar
nossos olhares para como a formação está acontecendo e quais aspectos
foram relevantes para a estruturação da formação atualmente.
22
Com o Parecer n. 403 do Conselho Federal de Psicologia (CFP),
aprovado em 1962, houve a disposição de um currículo mínimo para a
graduação em Psicologia, trazendo matérias necessárias para o
Bacharelado, para a Licenciatura e para a Formação de psicólogos,
regulamentando a duração de quatro anos para os dois primeiros e de cinco
anos, com práticas de estágio supervisionado, para a formação de psicólogo
(BERETA, 2020; COSTA et al., 2012). Conforme Bernardes (2012), o
currículo mínimo está baseado em teorias formais de aprendizagem, com
a transmissão dos conhecimentos acontecendo por meio do parcelamento
de disciplinas e sendo o processo de aprendizagem, isolado de um contexto
social. Segundo Soligo et al. (2020), este currículo mínimo era organizado
por disciplinas como Psicologia do Desenvolvimento, Psicologia da
Aprendizagem, Psicometria, Teorias Psicoterápicas, Psicologia Industrial,
Psicologia Escolar e Problemas de Aprendizagem, Psicologia Clínica, entre
outras, que envolviam os conhecimentos e as áreas específicas da
Psicologia, mas que previam a oferta de conteúdos relacionados a áreas
afins, sendo elas, Filosofia, Sociologia, Fisiologia e Genética. Por sua vez,
as experiências de estágio organizavam-se em torno das áreas Clínica,
Escolar e Industrial, com maior carga horária de disciplinas e estágios, na
área clínica (PRATES et al., 2019), reforçando, assim, o psicólogo como
profissional liberal, com atuação individualizada, remediativa e
sedimentada, a partir do modelo dico de atuação e que reforçava a
representação social como sendo o “profissional do divã”, por essa
priorização da formação clínica (SOLIGO et al., 2020).
Em 2004, depois de um período de sete anos de debates, as
entidades da Psicologia apresentaram uma nova regulamentação para os
Cursos de Graduação no lugar dos currículos mínimos, a Resolução n.
8/2004, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais (COSTA et
al., 2012).
23
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de
Graduação em Psicologia propõem uma formação ampla, que respeite a
multiplicidade de concepções teóricas e metodológicas e a diversidade de
práticas e de possibilidades de atuação. Estrutura-se em eixos, cuja
finalidade é garantir uma congruência dos cursos ofertados no país, a partir
de pressupostos epistemológicos, históricos, teóricos-metodológicos,
procedimentais e práticos, bem como a assimilação dos conhecimentos
sedimentados na Psicologia. A garantia de um cleo comum assegura
uma homogeneidade para a formação, para o aprendizado e para os
conhecimentos da área (BRASIL, 2004a).
O núcleo comum é definido por um conjunto de competências básicas
que se reportam a desempenhos e atuações iniciais requeridas do
formando em Psicologia e visam garantir ao profissional o domínio de
conhecimentos psicológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes
contextos que demandam a investigação, análise, avaliação, prevenção
e intervenção em processos psicológicos (BRASIL, 2004a, p. 3).
A partir dos eixos e do núcleo comum propostos nas DCNs, os
cursos de Psicologia articulam-se e adequam seus Projetos Pedagógicos
(PPs), garantindo uma formação ampla dos psicólogos. A formação em
Psicologia é regida pelas DCNs, o que representa a necessidade de
implementação dessas pelas IES, com as devidas adequações e
modificações aos currículos e estruturas apresentadas pelos cursos
(BRASILEIRO; SOUZA, 2010). Com as DCNs de 2004, houve uma
consonância por um núcleo comum e a articulação de conhecimentos, de
habilidades e de competências, a partir dos eixos estruturantes, que
objetivavam
24
[...] assegurar um núcleo básico de competências que permitam a
atuação profissional e inserção do graduado em diferentes contextos
institucionais e sociais, de forma articulada com profissionais de áreas
afins (BRASILEIRO; SOUZA, 2010, p. 109).
Com as DCNs de 2004, mudanças significativas aconteceram em
relação ao currículo mínimo, passando a uma concepção construtivista de
aprendizagem, na qual o currículo é construído tendo em vista uma
aquisição de competências e de habilidades, as quais possibilitem tanto a
formação como o exercício profissional, permitindo, ao graduando,
escolher ênfases curriculares ao invés de áreas tradicionais (Psicologia
Clínica, Escolar e Organizacional) até, então, instituídas (BRASILEIRO;
SOUZA, 2010).
Rudá; Coutinho e Almeida Filho (2019) explicam que, após um
conturbado e longo período de negociação sobre o marco normativo da
formação em Psicologia no Brasil, as DCNs de 2004 apontaram uma
habilitação única para a formação em Psicologia e que, em 2011, com uma
mudança nas DCNs, houve uma habilitação complementar de
licenciatura, na qual os PPs deveriam ser específicos para a formação do
professor de Psicologia na atuação em Educação Básica. No entanto, os
autores complementam que as instituições educacionais foram indiferentes
às novas DCNs, o que se justifica pela desvalorização das licenciaturas em
todo o país.
Martins; Matos e Maciel (2009) discutem que, historicamente, a
institucionalização dos saberes psicológicos e o contexto cultural e social
permitiram o entendimento das múltiplas faces da profissão do psicólogo,
bem como do entendimento das lacunas entre a formação e a atuação dos
profissionais. Assim, a profissão foi sendo moldada, não para responder aos
25
problemas sociais, mas, predominantemente, pela diferenciação
profissional e pelas delimitações das áreas de atuação.
Muitos avanços ocorreram ao longo da estruturação da profissão,
com ênfase no desenvolvimento de competências e em práticas educativas
que colocam o estudante como figura central, permitindo mudanças
significativas no campo da formação (MOURÃO et al., 2019).
Atualmente, estamos em um importante momento de transição
para novas DCNs. Em 04 de dezembro de 2019 foi aprovado o Parecer
CNE/CES n. 1.071/2019, que inclui o Projeto de Resolução de novas
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em
Psicologia no âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE). No
entanto, seguimos no aguardo da homologação das DCNs pelo Ministro
da Educação, desde aquela data. As DCNs em vigor foram publicadas pela
Resolução CNE/CES n. 8/2004 e republicadas pela Resolução CNE/CES
n. 5/2011, trazendo apenas alteração no artigo 13, sobre o projeto
complementar da Licenciatura. A homologação das novas DCNs afirmam
uma necessidade de avançar na construção de uma formação dos
profissionais da Psicologia, prezando, sempre, pela qualificação, pelas
necessidades da população e pelos conhecimentos da área (BRASIL, 2018).
Em Bereta (2020), encontramos um resumo dos principais
aspectos trazidos pelas DCNs para os cursos de graduação em Psicologia e
que aguardamos homologação.
- A meta central para a formação de psicólogo é voltada para a atuação
profissional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia, devendo a
formação ser: científica, ética, política, generalista, humanista, crítica,
reflexiva, democrática e laica;
26
- Formação presencial, generalista, multi e interdisciplinar, baseada na
diversidade teórico-metodológica e na pluralidade dos seus campos de
atuação, reconhecendo a identidade nacional, respeitando os contextos
regionais e atendendo às diferentes necessidades dos indivíduos e
populações, de forma inclusiva;
- A articulação dos componentes curriculares em torno dos seguintes
eixos estruturantes: I - Fundamentos epistemológicos e históricos; II -
Fundamentos teórico-metodológicos; III - Fenômenos e processos
psicológicos; IV - Procedimentos para a investigação científica e a
prática profissional; V - Interfaces com campos afins do conhecimento;
VI - Políticas Públicas; VII - Práticas profissionais voltadas para
assegurar um núcleo básico de saberes;
- Estruturação a partir de um núcleo comum, que estabelece uma base
comum para a formação em Psicologia no país, mas pode se diferenciar
em ênfases curriculares;
- Garantir ao egresso o domínio básico de conhecimentos psicológicos,
em articulação com outros campos de saberes, e a capacidade de utilizá-
los em diferentes contextos que demandam investigação, análise,
avaliação, prevenção e intervenção em processos psicológicos e
psicossociais e promoção da qualidade de vida;
- Integração da pesquisa às atividades de ensino e extensão durante a
formação;
- Carga horária total mínima de 4.000 (quatro mil) horas,
integralização mínima em cinco anos, sendo facultada a oferta de no
máximo 20% (vinte por cento) da carga horária total de 4.000 (quatro
mil) horas na modalidade de ensino à distância. Não devem ser
ministrados na modalidade de ensino à distância conteúdos da
formação profissional específica, atividade de orientação e supervisão
de estágio, disciplinas que subsidiem as áreas de aplicação técnica,
atividades em laboratório, orientação de Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC), de pesquisa e práticas de extensão, visto a importância
da mediação presencial para a consecução dos objetivos dessas
atividades;
27
- Procedimentos de auto avaliação periódica, com participação de
docentes e estudantes;
- O Trabalho de Conclusão de Curso deve compor a conclusão da
formação e ser apresentado no formato de documento (monografia,
artigo científico, relatório de pesquisa);
- Contemplar metodologias de ensino e aprendizagem diversificadas,
que priorizem a ação de estudantes e professores, com destaque para a
construção do conhecimento de forma ativa e colaborativa, articulando
teoria e prática, considerando as demandas contemporâneas e uma
leitura crítica da realidade, e observando as necessidades educacionais
especiais;
- A avaliação do processo de ensino-aprendizagem deve ser contínua e
ter caráter formativo, reflexivo, integrado, contextual, processual e
investigativo, incluindo diversidade de instrumentos;
- Criação e execução de projetos de extensão relacionados aos eixos
estruturantes do curso, e devem garantir a obrigatoriedade, de modo
creditado, de 10% (dez por cento) da carga horária total do curso;
- Estruturação dos estágios supervisionados em dois níveis Estágios
do Núcleo Comum e Estágios Específicos, cada um com sua carga
horária própria, com orientações grupais ou individuais;
- Atividades complementares devem corresponder, no ximo, a 3%
(três por cento) da carga horária total do curso;
- O Projeto de curso deve incluir um serviço-escola de Psicologia;
- Garantir suporte, acolhimento e apoio psicossocial e pedagógico aos
estudantes;
- Formação de Professores de Psicologia dar-se em um projeto
pedagógico complementar e diferenciado, com carga horária de, no
mínimo, 1.000 (mil) horas, integradas à carga horária do curso de
Psicologia;
28
- Adaptação a esta Resolução no prazo de 2 (dois) anos, a contar da
data da publicação das novas diretrizes, o que revoga a Resolução
CNE/CES 5, de 15 de março de 2011 (BERETA, 2020, p. 40-43).
As novas DCNs vêm no intuito de formar profissionais cada vez
mais adaptados às novas demandas sociais e aos contextos, nos quais a
Psicologia se faz presente, permitindo uma integração de ações voltadas
para a atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino. Defendem,
assim, uma formação presencial e generalista, de integração com diferentes
saberes e de uma estruturação unificada dos cursos de graduação em
Psicologia, a partir de eixos estruturantes, de uma carga horária total
mínima, de estágios de núcleo comum e específicos, de metodologias de
ensino-aprendizagem diversificadas e de avaliação contínua.
Enfrentaremos futuros desafios, com a implementação das novas
DCNs, tendo em vista o número de cursos de graduação em Psicologia
espalhados pelo país. Em contrapartida, emerge a necessidade de um olhar
mais atual sobre como vem se dando a formação em Psicologia, a fim de
uma maior integração da formação profissional e da qualidade ofertada
nesta formação.
A formação generalista é uma rejeição ao modelo hegemônico da
clínica, permitindo a inseão de outras disciplinas, para que haja a
produção do conhecimento. Nesse contexto, tornam-se obrigatórios os
estágios, possibilitando a inserção, no mercado de trabalho, de
profissionais mais preparados para atuação em diferentes contextos. Essa
formação básica deve contemplar competências e habilidades
fundamentais para o psicólogo, permitindo-lhe a reflexão da atuação em
diferentes contextos, cada qual com seus fazeres específicos (MARTINS;
MATOS; MACIEL, 2009).
29
À luz de Pereira et al. (2018), compreendemos os estágios como
uma oportunidade de intercruzamento entre a teoria e a prática,
proporcionadas pelos cursos de graduação, com a própria história pessoal
do estagiário. Configuram-se, assim, como um espaço, no qual a
elaboração emocional, intelectual e reflexiva, para uma construção
comprometida da realidade social.
Os autores destacam, ainda, a Resolução n. 8/2004 e a Lei n.
11.788/2008, como importantes instrumentos e que, respectivamente,
regerão os estágios profissionalizantes para os cursos de Psicologia,
regulamentando-os e preparando o acadêmico para a cidadania e para a
produtividade. São as idas aos cenários-estágios uma possibilidade de
integração entre teoria e prática, reforçando a ideia de uma aprendizagem
que seja significativa e que leve o graduando a não função de receptor
passivo do aprendizado (POPPE; BATISTA, 2012).
Lisboa e Barbosa (2009) apontam três preocupações com o modo
como vem se estruturando a formação dos profissionais da Psicologia, a
saber: (i) a gica de mercado, que determina desde a distribuição e
organização até o funcionamento dos cursos de graduação em Psicologia;
(ii) a necessidade do fortalecimento da universidade pública na formação
dos psicólogos, tornando-as as principais instituições de Educação
Superior a contribuir para a formação profissional em Psicologia; e, por
fim, (iii) uma mudança na maneira de ensinar nos cursos de Psicologia,
principalmente quanto ao currículo e a sua organização, além da mudança
na forma como se avalia essa formação.
Os autores apresentam, ainda, uma reflexão crítica no sentido de
que o mercado está determinando como a formação em Psicologia deve
ocorrer e, cada vez mais, as instituições de Ensino Superior particulares
com fins lucrativos vêm assumindo esta formação, devendo haver uma
30
resgate urgente das universidades públicas para reassumirem a formação
dos profissionais psicólogos, garantindo uma formação de excelência, para
o pleno exercício das funções do psicólogo na sociedade, que esteja
estruturada de acordo com novas formas de organização curricular, não,
somente, à formação de profissionais treinados para atingir resultados
medianos nas avaliações dos cursos, garantindo, assim, a continuidade de
seu funcionamento.
Para Martins, Matos e Maciel (2009), a formação em Psicologia
deveria estar pautada na competência, no comprometimento ético e na
qualidade dos serviços profissionais ofertados à sociedade, sendo uma
formação que avance para os aperfeiçoamentos, para as especializações e
para a pós-graduação stricto sensu.
A formação do profissional da Psicologia tem enfrentado déficits
tanto na formação técnica como na formação epistemológico-científica,
dada a existência de um distanciamento entre o que é ensinado e o que é
aprendido nas instituições de formação, gerando insatisfação quanto à
formação do psicólogo no país (LISBOA; BARBOSA, 2009). Outros
estudos têm apontado para um crescente e para um desordenado aumento
dos cursos de graduação em Psicologia no Brasil, gerando um
comprometimento na qualidade desses (GOMES, 1996; LISBOA;
BARBOSA, 2009; PFROMM NETTO, 2004; YAMAMOTO, 2006).
Lisboa e Barbosa (2009) compreendem que o psicólogo brasileiro
está sendo formado em uma graduação presencial, nas universidades
privadas com fins lucrativos, localizadas no interior do Brasil, com
predominância da região Sudeste. Tais cursos têm turnos parciais, mais no
período da noite, com muitas vagas no processo seletivo, com duração de
10 semestres e carga horária média de 4.000 horas, obtendo, nas avaliações
nacionais, o conceito médio. Esses dados apresentados são importantes
31
comparativos das investigações realizadas no presente estudo, a fim de
ampliar mais o entendimento de como se estrutura a Formação em
Psicologia, contribuindo para o entendimento de quais aspectos ainda
precisam ser revistos e discutidos para uma formação que priorize a
qualidade, os aspectos técnicos, teóricos, práticos e éticos.
A formação ética na graduação em Psicologia
Naves e colaboradores (2017) destacam que, do ponto de vista
institucional da implementação das DCNs, é fundamental a inclusão dos
professores, nos espaços de discussão, pois eles precisam estar apropriados
da integração dessas no Projeto Pedagógico do Curso e, assim, ter maior
conhecimentos sobre a formação que está sendo oferecida.
Defende-se, portanto, a formação e a atuação em Psicologia que vão ao
encontro da crítica a uma sociedade que apresenta um quadro nacional
configurado por desigualdades e injustiças; assim, a realidade brasileira
e o seu cotidiano precisam estar presentes nestes convites feitos pelas
instituições aos professores e aos alunos e os modos para se propor
trabalhos também precisam fazer parte da formação do psicólogo em
uma vertente crítica (NAVES et al., 2017, p. 75).
De acordo com Vieira-Santos (2016), as DCNs propõem uma
mudança significativa no processo de formação dos profissionais da
Psicologia, visto que a aprendizagem, até então, baseada em um acúmulo
de conhecimentos passa a priorizar perfis formativos, bem como
competências e habilidades para que esses perfis sejam apresentados pelos
32
futuros profissionais em suas práticas e contexto nos quais estiverem
inseridos.
Necessitamos de uma formação e atuação em Psicologia críticas,
frente às desigualdades e às injustiças sociais. Para tanto, professores e
estudantes precisam fazer, também, parte dessas discussões. Devemos
considerar que tanto os processos educacionais como os sociais são
indissociáveis. Disso, decorre o fato de que a educação e a atuação
profissional precisam oferecer possibilidades criativas e emancipatórias.
Para tanto, a formação acadêmica pode ser considerada uma oportunidade
de se repensar aspectos políticos e éticos ligados à atuação profissional
(PEREIRA et al., 2018).
Nesse contexto, o desejo da comunidade acadêmica por uma
formação que seja “[...] socialmente comprometida, reflexiva, ética,
generalista, pluralista, interdisciplinar e que articule o compromisso social
com as condições concretas postas pelo mercado” (SOUZA, 2005, p. 46).
Para Poppe e Batista (2012), uma preocupação de discentes e de
docentes quanto aos currículos, na defesa de uma formação mais
abrangente, valorizando as peculiaridades regionais e enfatizando a
importância do trabalho em equipes multi e interdisciplinares. Cenário
esse que rompe com a forte identificação dos profissionais da Psicologia
com a área clínica, para uma percepção e práticas em contexto cujo setting
seja menos protegido.
Na formação em Psicologia, deve ampliar-se o envolvimento dos
graduandos em atividades de pesquisa, uma preocupação maior com as
habilidades e com as competências, inclusive com a distância entre a
formação teórica e a prática, contribuindo, assim, para o desenvolvimento
de profissionais com postura crítica diante das demandas de atuação e ao
conhecimento (cf. VIEIRA-SANTOS, 2016). Postura essa que se coloca
33
como fundamental para o avanço da ciência psicológica e para as diferentes
atuações do psicólogo na sociedade contemporânea.
Uma atuação que não toma a demanda como objeto de um trabalho
crítico, presta um desserviço à psicologia como profissão. Um
profissional tecnicista formado dessa maneira pode atender bem, mas
não cria; atua sem uma necessária reflexão. A capacidade crítica não se
configura num luxo supérfluo. É ela que faculta ao profissional
articular o como-fazer ao porq-fazer. Produz um profissional que
não apenas responde passivamente, mas pensa, problematiza, debate,
inventa; enfim, faz diferença (FERREIRA NETO, 2010, p. 139).
Além desse primeiro risco, apresentado por Ferreira Neto (2010),
quanto à formação em Psicologia, o autor explica um segundo risco,
embutido no perfil tecnicista dessa formação, qual seja: o reconhecimento
da dimensão ético-política, presente na atuação e no processo formativo
do psicólogo.
Se parte da Psicologia no Brasil foi capaz de problematizar as
implicações políticas de sua prática, ela o fez por entender que sua
atividade vai além do simples procedimento técnico: ela também opera
e produz modos de subjetivação. Seus profissionais, portanto, não são
técnicos assepticamente neutros, mas sujeitos eticamente posicionados
(FERREIRA NETO, 2010, p. 139).
Esse posicionamento ético do profissional psicólogo vem ao
encontro de um comprometimento com as subjetivações com as quais
trabalhará em suas práticas e que deve ser ampliado pelo próprio processo
34
formativo, a partir da possibilidade de reflexões sobre as experiências
vivenciadas nos campos de estágio. Reflexões essas que são instanciadas por
uma mudança na formatação das aulas, com o uso de metodologia mais
ativas de ensino e aprendizagem, com a concessão de um espaço para que
o graduando possa ser ativo, sendo protagonista em sua formação.
Para que possamos aprender sobre o sujeito brasileiro
contemporâneo, a Psicologia precisa manter interlocuções multi e
extradisciplinares, desde os movimentos sociais até empresas e seus
empresários, no sentido de conversações ampliadas para o entendimento
da sociedade brasileira, que se configura como plural e desigual. Essas
interlocuções devem estar presididas por posicionamento ético-políticos
definidos e fundamentadas a partir de um diagnóstico da atualidade
(FERREIRA NETO, 2010).
Sob essa perspectiva, os estágios supervisionados em Psicologia são,
também, oportunidades de preparação dos estudantes para a inserção no
mundo do trabalho e para que desenvolvam competências próprias para as
atividades profissionais que forem desempenhar, tendo em vista que
ocorrem em situações reais de vida e de trabalho. Nesse contexto, a
supervisão é um elemento central no processo formativo, no qual o
saber e fazer do docente supervisor e as experiências dos estudantes sendo
compartilhadas (SILVA; OLIVEIRA; GUZZO, 2017).
As supervisões em Psicologia devem manifestar um compromisso
social e político, não se limitando às questões técnicas. Devem, pois,
considerar, também, o desenvolvimento da reflexão crítica diante da leitura
das realidades (para além da aparência), da associação com aspectos
macroestruturais, do conhecimento das políticas governamentais e da
contextualização dos pontos de vista dialético e ideológico (cf.
BRANDÃO, 1995; SILVA; OLIVEIRA; GUZZO, 2017). Dessa forma,
35
é possível, por meio de estratégias analíticas, integrar teorias e realidade,
questionando-as e modificando-as sempre que se fizer necessário
(SCHRAUBE, 2015).
Essa reflexão ética é o que se espera da formação em Psicologia,
para além da articulação da teoria com a prática: a concretização de ações
na comunidade que gerem mudanças significativas no cotidiano e na vida
daqueles que pertencem a ela (BERETA, 2020).
As Instituições de Ensino Superior, a fim de levarem essa
possibilidade ao fim e ao cabo, devem priorizar, nos Projetos Pedagógicos,
esse protagonismo do estudante, proporcionando um rompimento com o
ensino tradicionalista que tanto impera no sistema educacional
brasileiro. Os Projetos Pedagógicos dos cursos de graduação, em especial,
para a formação dos profissionais da Psicologia, devem conter
oportunidades de desenvolvimento dos discentes, da construção da relação
ensino-aprendizagem, de espaços para além das salas de aula. Espaços esses
que permitam o desenvolvimento da empatia, do entendimento das
subjetivações, do posicionamento ético frente às demandas que a sociedade
apresenta.
O Projeto Pedagógico dos cursos de graduação em Psicologia:
uma construção possível
As DCNs apresentam alternativas para o investimento em
ambientes de aprendizagem e de formação profissional que estejam
pautados em atuações com profissionais de outras áreas, contemplando
variados contextos de atuação e respondendo às demandas de cada um
desses contextos (DAMASCENO et al., 2016). Assim, nesta discussão,
36
trataremos de dois aspectos indissociáveis na estruturação da Formação em
Psicologia, a saber: o Projeto Político Pedagógico (PPP) e o Projeto
Pedagógico de Curso (PPC).
É de responsabilidade das IES, estruturarem seus PPP com um
olhar sobre as diversas situações, inter-relacionadas ao processo educativo,
sem, contudo, deixar de considerar que cada região tem a sua
individualidade. Para tanto, o curso de graduação precisa, além de seguir
as DCNs, estar ancorado nas demandas regionais e nas necessidades de
atuação profissional.
Portanto, não basta a regulação através das DCNP e um PPP inovador,
em conformidade com as mesmas se o currículo não for incorporado
pela instituição e por seus atores, com todas as suas falhas e virtudes,
possibilitando constantes movimentos de pensar e repensar sobre sua
construção e seu produto; se de fato formam profissionais capazes de
analisar e intervir sobre a realidade, nos vários contextos de atuação do
psicólogo (DAMASCENO et al., 2016, p. 260).
Indo ao encontro dessa proposição, Veiga (2013) destaca que a
concepção do PPP se fundamenta no entendimento de que ele é a própria
essência do trabalho da instituição educacional, justificando a
singularidade de cada projeto. Para tanto, o PPP não é simplesmente um
agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas que se
arquivado ou, mesmo, encaminhado para autoridades educacionais, como
uma tarefa burocrática. Trata-se, pois, da construção coletiva de um rumo,
de uma direção, de uma ão intencional, com o sentido explícito de um
compromisso sociopolítico com interesses reais e coletivos da população
majoritária. É a representação da possibilidade de efetivação de
37
intencionalidade da instituição educacional, para uma formação do
estudante como cidadão participativo, responsável, compromissado,
crítico e criativo. Por essa razão, é um processo permanente de reflexão, de
discussão das problemáticas enfrentadas, além de uma busca por
alternativas viáveis.
Ainda segundo o autor, os princípios norteadores do PPP são (i) a
igualdade de condições de acesso e de permanência na instituição; (ii) a
qualidade formal ou técnica e a política (qualidade para todos); (iii) a
gestão democrática (repensar a estrutura de poder da instituição e a busca
pela socialização); (iv) a liberdade associada à ideia de autonomia (i.e.,
liberdade para aprender, para ensinar, para pesquisar e para divulgar a arte
e o saber) (v) e a valorização do magistério, bem como das condições de
trabalho, dos recursos didáticos, físicos e materiais, da remuneração e da
formação continuada. No que diz respeito à construção do PPP, Veiga
(2013) aponta sete elementos, quais sejam: (i) a finalidade da escola (ação
educativa com base nas finalidade e objetivos para almejar a cidadania); (ii)
a estrutura organizacional (administrativa locação, recursos humanos,
físicos, materiais e financeiros e pedagógica interações políticas, ensino-
aprendizagem, currículo); (iii) o currículo (construção social do
conhecimento); (iv) o tempo escolar (calendário escolar e horário escolar);
(v) o processo de decisão (atribuições específicas e gerais, relações
hierárquicas); (vi) as relações de trabalho (atitudes de solidariedade,
reciprocidade e participação coletiva); e (vii) a avaliação (ato dinâmico,
processo de avaliação diagnóstica que direcione as ações).
O PPP é uma construção possível, mas que envolve diversos
desafios. No entanto, a instituição educacional é um campo apropriado,
um espaço rico para experimentar a aventura de se propor coautor desse
processo educativo, sendo exatamente isso o que é suscitado em um PPP.
38
Essa coautoria extrapola a transmissão do saber e une-se ao
autoconhecimento, ao conhecimento do outro e da realidade ampla que
nos cerca (RESENDE, 2013).
Nesse cotejo, o PPP é uma ação necessária nos espaços
educacionais e para a construção das relações que se estabelecem nesses
espaços, mas, também, permitem indicativos do que é necessário para a
organização dos PPC, a fim de buscar a autonomia e a qualidade dos cursos
ofertados e, ao mesmo tempo, uma integração com a proposta inicial do
projeto institucional como um todo.
O Projeto Pedagógico de Curso é um documento normativo dos cursos
de graduação que apresenta características de projeto com informações
acerca da concepção e da estrutura do curso e seus elementos
reguladores internos. Nos PPCs estão presentes aspectos técnicos
normativos, concepções de homem e de sociedade, além de um com-
ponente político fundamental, sendo elemento agregador de diversas
instâncias da realidade, desde sua dimensão cotidiana dos cursos até
diretrizes das políticas macroeconômicas. Assim, o PPC deve propor o
perfil de sujeito/profissional que se busca formar, no contexto da
sociedade para qual se orienta essa formação (SEIXAS et al., 2013, p.
114).
No processo formativo, o PPC é um elemento que sintetiza as
políticas mais amplas da formação universitária e profissional,
relacionando-as com as experiências dos espaços da sala de aula e traçando
as linhas gerais para os cursos, a partir dos procedimentos didáticos,
pedagógicos e temáticos (SEIXAS et al., 2013). Deve ser resultado de
debates e de ações de todos os atores que compõem a instituição e os
cursos, além de ser estruturado a partir do Plano de Desenvolvimento
39
Institucional (PDI), das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos e da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que oferecem subsídios para
se pensar as diversas contingências e realidade de cada curso, presentes no
processo formativo. Para tanto, a formação do psicólogo nos diferentes
contextos, traz a necessidade de um PPC que contemple a riqueza e a
complexidade dessa estratégia analítica, como uma fonte de informação
científica (SEIXAS et al., 2013).
Em pesquisa desenvolvida por Seixas et al. (2013), sobre a análise
dos PPC dos cursos de graduação em Psicologia, foram levantados tópicos
presentes nos documentos, como, por exemplo, o perfil do egressos (que
profissional se pretende formar); o processo formativo (estratégias de
ensino para que o perfil seja alcançado) e as justificativas (para a abertura
do curso e reforma curricular); o histórico do curso (aspectos históricos
que contribuem para a estrutura atual do curso); as ênfases curriculares
(aprofundar o conhecimento em alguns domínios da Psicologia, sem se
constituir enquanto especialização; seguindo as DCNs); a matriz curricular
(disciplinas obrigatórias, ementas); os locais em que as práticas serão
realizadas (contextos para a preparação profissional); o funcionamento dos
estágios (articulação das atividades internas de cada estágio); a relação entre
os tipos de estágios; os objetivos dos estágios e as atividades previstas
(práticas são prescritas para serem realizadas durante o curso).
Tais tópicos trazem a possibilidade de entendermos a variedade de
informações presentes nos PPCs e o compromisso que a graduação em
Psicologia deve assumir na formação de profissionais adaptados para o
mercado de trabalho e para as realidades sociais presentes nos contextos
possíveis de atuação. Ainda, seguimos o entendimento de que o PPC é um
documento dinâmico, em que se fazem necessárias revisões continuadas,
40
no sentido de acompanhar as transformações do cotidiano e das demandas
sociais.
A complexidade da sociedade moderna, o avanço científico e
tecnológico, a influência dos meios de comunicação, a produção
capitalista, o desemprego, entre outros fatores exigem uma atuação do
profissional da Psicologia (cf. SOUZA et al., 2006). À luz desses
apontamentos, Travassos e Mourão (2018) recomendam que o projeto
pedagógico dos cursos de Psicologia seja repensado, a fim de ampliar o foco
na competência social e em estratégias para a articulação de atividades de
pesquisa, ensino e extensão. Também, a indicação de preparação dos
futuros profissionais para o trabalho multi e interdisciplinar, da associação
do conhecimento teórico e prático, da construção de um fazer reflexivo e
responsável, para que a Psicologia possa responder adequadamente à
demanda social que espera por seu trabalho (TRAVASSOS; MOURÃO,
2018).
Mourão et al. (2019), em pesquisa realizada com egressos do curso
de Psicologia, em diferentes momentos da carreira, concluíram haver a
necessidade de se revisar os projetos pedagógicos, integrando teoria e
prática e, assim, ampliando os conhecimentos sobre os processos
psicológicos e a formação epistemológica e social, permitindo uma visão
mais extensa da Psicologia e de suas correntes teóricas.
Neste trabalho, analisamos os PPCs dos cursos de Psicologia do
estado de São Paulo, que disponibilizam tal documentação nos sites
institucionais, para o entendimento dos valores fundamentais priorizados
pelos cursos, a reflexão dirigida a partir dos estágios básicos e
profissionalizantes e o estabelecimento de assunção de responsabilidades
aos graduandos, bem como discutir o ambiente acadêmico como propulsor
41
para o desenvolvimento da capacidade reflexiva na formação ética do
profissional psicólogo.
O ambiente acadêmico no desenvolvimento
da capacidade reflexiva
Para Leite e Costa (2006), “[...] tradicionalmente, as universidades
têm sido reconhecidas como espaços de produção e transferência de
conhecimento científico” (LEITE; COSTA, 2006, p. 206). Ampliamos,
entretanto, nossas convicções de que as universidades podem desenvolver
importantes espaços para as trocas sociais, de desenvolvimento da reflexão
dirigida, da assunção de responsabilidade, contribuindo assim, para a
formação ética e crítico-reflexiva dos graduandos.
Nessa perspectiva, Schillinger-Agati (2006), em sua tese de
doutorado na Universidade de Konstanz, na Alemanha, investigou o
ambiente educacional no Ensino Superior, compreendendo como a
educação universitária contribui para o julgamento da competência moral,
tanto no Brasil quanto em dois países de língua alemã, destacando a
realidade universitária e as relações estabelecidas com a ética ou com a
moral. Para tanto, traduziu e adaptou um questionário desenvolvido por
Geord Lind, em 1996, chamado ORIGIN/u, e que trazia reflexões a partir
de duas dimensões: a Assunção de Responsabilidade (RT) e a Reflexão
Dirigida (GR).
[...] na RT, o estudante assume a responsabilidade sobre o processo de
ensino-aprendizagem, que pode ser possível por meio da utilização de
metodologias ativas nos espaços de aprendizagem, a fim de permitir
mais autonomia para os estudantes. Em contrapartida, na GR,
42
entendemos que quanto mais se abre espaço para a discussão, para a
relação entre teoria e prática, mais se possibilita ao estudante e ao
professor o desenvolvimento da autonomia moral. Dentro das duas
dimensões de análise existem quatro categorias de respostas: (i)
Curricular (atividade obrigatória para a formação do estudante); (ii)
Semicurricular (atividade não obrigatória para a formação, mas ligada
à área de conhecimento do estudante); (iii) Extracurricular (atividade
não obrigatória para a formação e não ligada a área de conhecimento
do estudante); e, por fim, (iv) Não Curricular (atividade que acontece
fora da instituição e não ligada à área de conhecimento do estudante).
Quando pensamos, por exemplo, em atividade curricular,
mencionamos as disciplinas ou os estágios obrigatórios. Uma atividade
semicurricular comum poderia ser a iniciação científica. Como
atividade extracurricular temos as atividades esportivas ou políticas
organizadas por centros acadêmicos e atividades o curriculares,
atividades como participação em organizações comunitárias. Essas
atividades são de Assunção de Responsabilidade. Atividades de
Reflexão Dirigida seriam conversas, discussões ou supervisões relativas
à prática nessas tarefas (BERETA, 2020, p. 169-170).
Em sua pesquisa de doutorado, Bereta (2020) adaptou o
questionário ORIGIN/u para o ORIGIN/esfp (Ensino Superior -
Formação em Psicologia) e para o ORIGIN/pd (Ensino Superior - Prática
Docente), objetivando contar com instrumentos que possam ser aplicados
aos graduandos do curso de Psicologia, para o entendimento de como
estava ocorrendo a compreensão deles sobre a sua própria formação, bem
como permitir a compreensão da prática docente sob a perspectiva de
colaborador da instituição e sob a de formador de profissionais para a
atuação em Psicologia.
Tal pesquisa destaca papéis diferentes para o docente e suas
contribuições para o processo de ensino e aprendizagem, entendendo-o
43
tanto como colaborador da instituição educacional quanto formador dos
estudantes. Assim, pensamos na autonomia dada ao professor para que ele
defina sua própria forma de trabalho para atingir os objetivos definidos e
na postura assumida por ele na relação com os discentes. Quando o
professor propõe atividades diversificadas, utilizando alguma forma de
metodologia mais ativa, está oferecendo aos estudantes a oportunidade de
Assunção de Responsabilidade. A própria relação do docente com a equipe
gestora ou com as normas institucionais traz, também, um panorama para
identificação de se oportunidade de Assunção de Responsabilidade pelo
docente dada sua relação com a instituição (BERETA, 2020).
A estimulação por parte dos docentes para o desenvolvimento de
atividades grupais e a criação de um ambiente que permita interações
saudáveis são aspectos que facilitam a aprendizagem e a familiarização dos
estudantes com a universidade (SANTOS; OLIVEIRA; DIAS, 2015).
Para tanto, deve-se pensar nesse ambiente acadêmico que permita o
desenvolvimento da Assunção de Responsabilidades e da Reflexão Dirigida
é uma condição para que os graduandos também integrem os conceitos de
moral e ética às suas práxis (BATAGLIA; BORTOLANZA, 2012).
Dessa forma, quando a ética passa a ser entendida como parte
integrante dos currículos, de forma transversal, não apenas como uma
disciplina que propicie o entendimento de regras sobre o Código de Ética
Profissional, desenvolve-se uma construção do pensamento sistémico e
crítico, permitindo atuações mais ativas (BATAGLIA, 2012).
Indo ao entro do exposto, Rego e Schillinger-Agati (2011)
entendem que essas mudanças não devem passar somente pelos currículos
dos cursos de Ensino Superior, mas, principalmente, pelos todos e pelo
ambiente educacional a partir do qual e em que estão sendo oferecidos. Tal
fato vem ao encontro dos resultados identificados por Schillinger-Agati
44
(2006), que discutíamos, com estudantes dos cursos de graduação em
Psicologia, em Administração de Empresas e em Medicina, no Brasil, na
Suíça e na Alemanha sobre o ambiente acadêmico e sobre o
desenvolvimento da competência moral. De acordo com o autor, os
resultados apresentam a compreensão de que as universidades que estão
promovendo tanto a oportunidade de Assunção de Responsabilidade
como a de Reflexão Dirigida poderão ter maiores progressos na formação
profissional dos estudantes.
Se espera que conforme os graduandos avancem nos termos ou
séries do curso, este propicie o oferecimento de mais oportunidades de
discussões e, assim, contribuir para a formação de sujeitos reflexivos
(BATAGLIA; BORTOLANZA, 2012).
Quando esse ambiente acadêmico visa ações de Assunção de
Responsabilidades por meio, por exemplo, dos projetos de extensão, está
contribuindo para que o acadêmico possa colocar em prática os
aprendizados construídos em sala de aula. Assim, ele entende a
essencialidade de seu papel na vida de pessoas e de comunidades que
estejam usufruindo dessas intervenções. Para Rodrigues et al. (2013),
um rompimento das barreiras da sala de aula e dos ambientes fechados da
universidade, quando se permitem práticas de extensão, por possibilitar
trocas de informações e o conteúdo passará a ser multi, inter e
transdisciplinar. Essa contribuição vem possibilitando que a Psicologia
possa assumir seu papel frente à sociedade, desenvolvendo intervenções
que potencializem o sujeito, em suas individualidades, nas relações que
estabelece nesse meio, até mesmo, as ações coletivas presentes na
comunidade.
Ventura (2009) acredita que esse esforço para promover o
desenvolvimento dos estudantes deve vir no sentido de intervenções
45
multidisciplinares e transversais, possibilitando a articulação com políticas
educativas, que organizem os currículos e que tragam apoio aos
graduandos, bem como intervenções formativas junto aos docentes.
Sendo assim, o destaque para uma formação que envolva
professores e estudantes para a produção de conhecimento, de forma
dialógica, poderá trazer importantes resultados para a extensão
universitária (RODRIGUES et al., 2013), contribuindo para o
desenvolvimento dessa assunção de responsabilidade tão necessária na
formação profissional e na atuação com as demandas sociais.
Os saberes da Psicologia transcendem os espaços da universidade,
mas são nos espaços universitários que a construção desse saber e das
reflexões possíveis sobre as práticas se constituem. Olhar para o ambiente
acadêmico, como um centro embrionário do futuro profissional da
Psicologia, que necessitará buscar, após a graduação, outros espaços de
discussão e reflexão de suas práticas. Entender as frequentes mudanças
sociais, impulsiona-nos a buscar formações continuadas que nos auxiliem
em nossos fazeres.
Contudo, para que haja um ambiente acadêmico que seja justo e
democrático na construção de personalidades autônomas, precisamos
identificar outros fatores que também interfiram no cotidiano educacional,
como, por exemplo, “[...] os conteúdos escolares; a metodologia das aulas;
o tipo e natureza das relações interpessoais; os valores, a autoestima e o
autoconhecimento dos membros da comunidade escolar; e os processos de
gestão da escola” (ARAÚJO, 2000, p. 98). Acrescentaríamos, ainda, os
espaços e as possibilidades que o sistema educacional proporciona para o
exercício da cidadania, do respeito ao outro e a suas perspectivas.
46
47
As Metodologias Ativas Como Possiblidade
de Autonomia aos Graduandos
O desenvolvimento se realiza na integração das
dimensões afetiva, cognitiva e comportamental da
pessoa, de forma integrada e integradora.
Lawrence Kohlberg
Na teoria kohlberguiana, a moralidade depende de uma
organização cognitiva, permitindo que a visão de mundo e de moral se
construam em níveis mais complexos (BATAGLIA, 2014). Dessa maneira,
compreendemos que a estrutura moral se construída nas interações com
o meio e o desenvolvimento da competência moral dos graduandos pode
ser estimulada, a partir de propostas de tarefas difíceis ou dilemas morais.
Nesse sentido, as metodologias ativas assumem um importante papel na
construção dessa formação, pois permitem a aprendizagem por
confrontações com situações de conflito, criando condições de
desenvolvimento que transcendam a heteronomia (o respeito a regra do
outro) em busca da autonomia (a construção desta regra dentro de mim).
Como formar (se este for o papel da universidade) eticamente o
profissional? A resposta estrutura-se a partir do entendimento de que (i) o
ambiente acadêmico da universidade; (ii) o professor (enquanto mediador
do processo ensino-aprendizagem); (iii) as questões éticas da profissão
sendo trabalhadas interdisciplinarmente (mas diversas disciplinas do
48
currículo); (iv) o uso de metodologia ativas nas interações em sala de aula
e nas supervisões das práticas profissionais (os estágios); (v) a valorização
da assunção de responsabilidade e da reflexão dirigida no ensino
universitário; (vi) a proposição de uma formação integral dos estudantes,
todos esses aspectos permitam uma vivência positiva do processo de ensino
e aprendizagem e o próprio desenvolvimento ético do docente para
contribuir na formação ética do estudante.
Nesse ponto, abordaremos as metodologias ativas como a
possibilidade de compreendermos que o outro terá pontos de vista
diferentes do meu e que esses são necessários para a construção do respeito
a nós mesmos e ao outro. A partir dessa interação e integração dos
aprendizados, permitimos que o estudante amplie suas perspectivas
assimiladas anteriormente.
As metodologias ativas configuram-se como a aplicação de
diferentes processos na relação de ensino e aprendizagem, promovendo o
desenvolvimento da autonomia do estudante, a possibilidade de
rompimento com o ensino tradicionalista, a formação de um trabalho em
equipe, a integração de teoria e prática e a compreensão da realidade por
meio de uma visão crítica (PAIVA et al., 2016). Para Schlichting e Heinzle
(2020), as metodologias ativas de aprendizagem “[...] consideram o
estudante o centro do processo de ensino e aprendizagem, aproximando as
formações acadêmica e profissional” (SCHLICHTING; HEINZLE,
2020, p. 10).
No contexto atual em que vivemos, emerge o desafio de um
currículo e de metodologias ativas que possam mobilizar, no graduando,
diversas características, a saber
49
[...] emocionais, comunicacionais, interacionais, intelectuais e pessoais,
propondo uma ruptura das metodologias tradicionais baseadas na
passividade do estudante e na ausência de pensamento crítico e
autônomo (OLIVEIRA et al., 2020, p. 60).
A Educação Superior está demandando pedagogias, metodologias
e métodos que favoreçam uma formação de profissionais que atendam às
demandas e cujos potenciais, estejam mais além do que somente o
conhecimento cognitivo. Uma formação voltada para conhecimentos
embasados na realidade, que aproxime teoria e prática e que exija uma
visão crítica para os reais problemas encontrados na prática profissional,
que estará em consonância com os novos paradigmas do ensino superior
(MESQUITA; MENESES; RAMOS, 2016).
Para tanto, faz-se necessário identificar como a Educação Superior
está preparando futuros profissionais para o meio tecnológico, interacional
e profissional, e de como as demandas sociais refletem, ou não, a
organização e estrutura da educação superior brasileira (SCHLICHTING;
HEINZLE, 2020). Assim, cada vez mais as metodologias ativas estão
sendo integradas nas discussões sobre o processo de ensino e aprendizagem
na graduação.
Essas metodologias ativas entendem a problematização como uma
estratégia que objetiva motivar o estudante frente a um problema, no qual
ele se deterá, examinará, refletirá, relacionará os dados e ressignificará,
assim, suas descobertas (MITRE et al., 2008). Mitre et al. (2008)
destacam, também, que a proposta de uma prática pedagógica inovadora
será um ponto de partida para o desconhecido, podendo representar uma
ameaça ao posto conquistado pela educação. É justamente nesse
desconhecido que novos horizontes e que novas possibilidades de
50
transformação se abrem, para uma participação coletiva e democrática e
para a interligação dos sujeitos em uma rede. Promove-se, com isso, uma
formação técnico-científica com valores ético-humanísticos e uma
capacidade de se trabalhar em equipe constituídas por outros campos de
saber. Isso é o que se espera da Educação Superior (SCHLICHTING;
HEINZLE, 2020).
A aprendizagem ativa ou significativa foi influenciada por
diferentes pressupostos teóricos e apresenta-se como uma construção
coletiva, de olhares teórico-metodológicos, cujos princípios orientadores
comuns tem relação com o termo “projeto”, como sendo uma ferramenta
utilizado no ensino e aprendizagem (SCHLICHTING; HEINZLE,
2020). Ainda, entender este projeto como um método de instrução
institucionalizada (ALENCAR; MOURA, 2010, p. 5) que pode ter
ascendido do movimento de educação dos cursos de arquitetura e
engenharia, na Itália.
Em uma retomada histórica, Schlichting e Heinzle (2020)
discutem a incorporação de metodologias de ensino, nos cursos de Direito
de Harvard, no final do culo XIX, com elementos do cotidiano na
educação, como, por exemplo, o método de caso, que considera a resolução
de problemas próprios da esfera profissional do Direito e que pudessem ser
trabalhados ao longo dos cursos. Posteriormente, John Dewey, um
pedagogo estadunidense, tido como o precursor da metodologia baseada
em projetos, funda a primeira escola de aplicação que se preocupava com
o fazer da educação. Em 1919, William Kilpatrick, também um pedagogo
estadunidense, seguindo os princípios de John Dewey, defendeu que esses
projetos fossem desenvolvidos no processo de ensino e aprendizagem a
partir de problemas cotidianos. À luz dessa discussão, publica-se, em 1910,
o Relatório Flexner, nos Estados Unidos e no Canadá, que passam a
51
introduzir o pensamento de renovação e de atualização do ensino na área
de saúde, o que permite a inclusão de currículos integrados e práticas
educacionais em cursos de Medicina. Por volta dos anos de 1940 e 1960,
surgem, nos Estados Unidos e na França, pedagogias que consideram a
aprendizagem como significativa, considerando o estudante como ativo na
construção de seu conhecimento. Estando, aqui, os princípios teóricos de
Ausubel.
De acordo com Ronca (1994), para que essa aprendizagem seja
significativa, deve-se considerar o processo cognitivo, no qual uma
mediação presente, estabelecendo uma relação entre os conteúdos que
estão sendo aprendidos com o que o estudante sabe, seja por meio de
uma imagem, de um conceito ou de uma proposição. É nessa perspectiva
que o planejamento educacional passa a ter destaque, na medida em que
a implementação de programas curriculares que trazem conhecimentos
inter-relacionados (como em uma abordagem em espiral), entre as séries,
as disciplinas e os diferentes professores. Resgata, desse modo, o aspecto
fundamental de uma instituição educacional: a construção do
conhecimento como uma tarefa coletiva, em que os conceitos não estejam
dissociados do conhecimento da realidade em que estudante e instituição
estejam inseridos, permitindo, assim, uma compreensão da realidade de
forma abrangente e fundamentada em um tripé (realidade local, estrutura
cognitiva do estudante e identificação dos conceitos interdisciplinares)
(RONCA, 1994).
Sabemos que são múltiplas as possibilidades de desenvolvimento
das metodologias ativas no processo de ensino e aprendizagem e que
muitos caminhos podem ser seguidos, mas todos corroboram com o papel
central do estudante no processo ensino-aprendizagem. Focaremos em
alguns exemplos de metodologias ativas, como: as Assembleias, a Problem
52
Based Learning, a Metodologia da Problematização (Método do Arco), o
Método de Resolução de Problemas de John Dewey, a Sala de Aula
Invertida e a Instrução por Pares.
As Assembleias
Para Puig (2004), é importante caracterizar as práticas morais
como sendo procedimentais ou substantivas, tendo em comum a prática
de valor e diferenciando-se em relação à intencionalidade moral. Essas
práticas morais constituem-se como
[...] um horizonte reflexivo que oferece a possibilidade de permear
ações educativas que auxiliem na formação moral de sujeitos capazes
de administrar de maneira adequada e sustentável suas vidas em
sociedades complexas (JAPPE, 2012, p. 10).
Quanto às práticas procedimentais, elas possibilitarão o
desenvolvimento da criatividade, da autonomia e da investigação moral,
podendo ser de dois tipos: a prática de reflexividade e a de deliberação. A
primeira foca nas estratégias para o conhecimento, para a avaliação e para
a construção de si; a segunda, no diálogo, no entendimento e em uma troca
construtiva, guiada pela razão. As práticas substantivas cedem espaço para
a imitação moral, a partir de modelos validados pela cultura. Como
exemplos dessa prática, estão as de virtude, que destacam os valores
desejáveis pelo meio, e as normativas, que trazem ações que priorizam a
transmissão de normas básicas de funcionamento escolar. Com isso, Puig
(2004) considera que as práticas procedimentais e as substantivas podem
53
ser trabalhadas em escolas que busquem a educação moral de forma
sistemática.
Apresentando as práticas de deliberação, Puig (2004) reflete acerca
das questões que permeiam as melhores formas de se viver, as quais podem
ser esclarecidas utilizando-se argumentos que sejam racionais, objetivando
o esclarecimento e o entendimento de circunstâncias controvertidas. A
deliberação pressuporá a existência de um diálogo, que pode ser traduzida
em habilidades e em procedimentos. Para tanto, o diálogo deve ocorrer de
maneira correta, respeitosa, positiva e construtiva, auxiliando no
esclarecimento da problemática, fornecendo informações pertinentes e
organizadas e apresentando disposição para escutar e consideração,
comprometimento com as opiniões diversas e a busca de alternativas para
colocar em prática. As práticas de deliberação podem ser as assembleias de
classe, a resolução de conflitos, a mediação escolar, as sessões de debate, as
questões curriculares e vitais, as discussões de dilema, as dramatizações e os
exercícios de compreensão crítica (PUIG, 2004).
As práticas de deliberação contemplam: o grupo como sujeito e
protagonista; a consideração de uma questão que seja significativa e, por
vezes, controvertida; a consideração do tema proposto e ao debate de
pontos de vistas diferentes; a um processo que favoreça a construção de
conhecimentos e de mudanças tanto de opiniões quanto de atitudes; e que
as implicações devem ser consideradas como procedimentos que levem a
encaminhamentos e mudanças práticas (PUIG, 2004).
Nesse sentido, Dias e Colombo (2013) destacam que o
desenvolvimento de assembleias é um espaço em que a possibilidade de
conhecer os estudantes, bem como eles se conhecerem mutuamente, a
partir da elaboração em conjunto de regras, da discussão de conflitos, da
proposta de soluções, havendo a vivência da democracia e do respeito
54
mútuo. As autoras complementam que esse espaço disponibilizado pelas
assembleias permite, também, a vivência de experiências conceituais
concretas e práticas, a construção da autonomia moral, um ambiente
cooperativo, o diálogo, a reciprocidade, a educação moral e a cidadania.
É um momento institucional organizado de reunião do coletivo
para reflexão, para tomada de consciência de si mesmo, para transformação
do que é oportuno, além de ser um espaço de diálogo entre os membros
da escola, com o objetivo de melhorar tanto a convivência quanto o
trabalho escolar (PUIG, 2004). Deve-se aproveitar o momento da
assembleia para o destaque de assuntos positivos, de conquistas pessoais e
do grupo, inclusive para se discutir os temas para o desenvolvimento de
futuros projetos (DIAS; COLOMBO, 2013).
Segundo Araújo (2008), as assembleias tentam trazer um espaço
coletivo de reflexão sobre fatos cotidianos, incentivam o protagonismo das
pessoas e a coparticipação do grupo, nem sempre obtendo um consenso
ou um acordo, mas, sim, explicitando as diferenças, defendendo posturas
e ideias opostas e levando as pessoas a conviverem nesse espaço coletivo.
O espaço das assembleias propicia uma mudança radical na forma
como as relações interpessoais são estabelecidas dentro da escola e, se
devidamente coordenado com relações de respeito mútuo, permite
verdadeiramente a construção de um ambiente escolar dialógico e
democrático (ARAÚJO, 2008, p. 119).
Araújo (2008) entende, também, que iniciar um trabalho com
assembleias no ambiente escolar é um processo complexo que irá pressupor
a ocorrência de desejos políticos e pessoais, devido às mudanças que isso
irá provocar em todo o cotidiano escolar e nas relações de poder. Destaca,
55
ainda, que os envolvidos nesse processo devem ter consciência dos
significados e das consequências e que sejam firmes em seus princípios e
metas.
Podemos ter três tipos de assembleias: de classe, de escola e de
docentes. A assembleia de classe tem como objetivo de regular e de
regulamentar a convivência, as relações interpessoais, por meio de espaços
semanais de uma hora, que favoreçam o diálogo e a participação dos
estudantes da turma e de um docente. As assembleias de escola vão regular
e regulamentar as relações interpessoais e de convivência, pensando nos
espaços coletivos, por meio de encontros mensais sob a coordenação de um
membro da escola, o que favorece a discussão de assuntos sobre horários,
espaço físico, alimentação e relações interpessoais, com a participação de
representantes de diversos segmentos (escolhidos obedecendo a um
rodízio, para que todos participem). As assembleias docentes regulam e
regulamentam o convívio entre docentes e deles com a direção, o projeto
político pedagógico e com os conteúdos sobre a vida funcional e
administrativa da instituição educacional, com a participação de todos os
docentes, da direção e se possível, de representantes das secretarias de
educação ou da mantenedora (ARAÚJO, 2008). Tognetta e Vinha (2007)
apresentam, ainda, um quarto tipo de assembleia, que é a de nível ou
segmento, na qual participação de professores e de dois representantes
de cada classe, o coordenador, o orientador e o representante dos
funcionários.
Dias e Colombo (2013) citam Argüís (2002) quando afirmam que,
para a organização de assembleias, devemos considerar um tempo semanal
destinado, ou mesmo mais vezes por semana, acompanhando a demanda,
para que os estudantes se organizem em círculo para favorecimento do
diálogo e da cooperação entre os membros. O tempo destinado à
56
assembleia depende dos assuntos importantes e que mereçam atenção dos
integrantes. O diálogo permite a organização do trabalho, a solução de
conflitos existentes a partir do convívio e o comprometimento individual
nas ações a serem executadas. a forma de organização da assembleia
dependerá da faixa etária dos participantes, devendo haver o respeito às
especificidades de cada uma delas. Quanto às funções, destacam-se: a de
informação (conhecer o que é relevante e o que diz respeito à coletividade),
a de análise do ocorrido (o que aconteceu, as causas do problema, as
dificuldades, os conflitos) e a de decisão (organização do que fazer para
direcionar o grupo depois do que aconteceu).
Para se alcançar os objetivos propostos pelas assembleias, é
fundamental que a escola incentive a participação frequente nessa prática,
a fim de tomadas de decisões coletivas (PUIG, 2004). No entanto, a
prática de assembleias não é a única metodologia ativa que a escola deve
trabalhar para se educar moralmente, pois as práticas morais precisam ser
utilizadas de modo complementar. Defendemos que as assembleias podem
ser práticas desenvolvidas, também, no Ensino Superior e que poderão
trazer espaços mais democráticos para o ambiente acadêmico e para as
relações estabelecidas neste.
Araújo (2012) conclui que a educação deve visar o
desenvolvimento de competência para lidar com a diversidade e com o
conflito de ideias, considerando as influências culturais, os sentimentos e
as emoções que estão presentes nas relações do sujeito consigo mesmo e
dele com o mundo. Para tanto, deve haver a sensibilização dos docentes e
da gestão sobre a importância de se construir uma escola democrática,
justa, não discriminatória e de qualidade.
A instituição educacional que realmente prioriza uma formação
ética, é aquela que propicia instrumentos necessários à construção de
57
competências cognitivas, afetivas, culturais e orgânicas, oferecendo a
oportunidade de o estudante agir moralmente no mundo (ARAÚJO,
2000). Dessa forma, serão apresentadas outras metodologias ativas como
construções possíveis desta educação que estamos discutindo e que
colocamos como fundamental para a construção da personalidade ética dos
acadêmicos.
A Aprendizagem Baseada em Problemas
Problem Based Learning
(PBL)
Quando falamos em aprendizagem por problemas, dois métodos
de ensino são divulgados e assimilados, principalmente na formação dos
profissionais da saúde brasileira: a Aprendizagem Baseada em Problemas
(Problem Based Learning - PBL) e a Metodologia da Problematização,
abordada no tópico seguinte.
A PBL é tida como uma estratégia inovadora em relação às
metodologias de Ensino Superior, mas, historicamente, está presente nas
discussões e nas recomendações de diversos movimentos internacionais da
década de 1950, sendo utilizada em meados de 1960 pela Universidade
Maastricht, da Holanda, e pela Faculdade de Medicina de McMaster, no
Canadá, mas que estavam sendo influenciadas pela metodologia de
estudo de casos utilizada pela Escola de Direito de Harvard, nos anos de
1920 (BARROS; LOURENÇO, 2006).
A Aprendizagem Baseada em Problemas tem como inspiração os
princípios da Escola Ativa, do Método Científico, de um Ensino
Integrado e Integrador dos conteúdos, dos ciclos de estudo e das
diferentes áreas envolvidas, em que os estudantes aprendem a aprender
58
e se preparam para resolver problemas relativos à sua futura profissão.
Por todas essas razões cremos ser possível afirmar que Problematização
e Aprendizagem Baseada em Problemas não são apenas dois termos,
mas dois caminhos diferentes de ensino e de formação profissional,
com diferentes consequências (BERBEL, 1998, p. 152).
Várias escolas de Medicina do país vêm adotando, em seus
currículos, a Aprendizagem Baseada em Problemas, bem como os cursos
de Enfermagem nos estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de São
Paulo e do Paraná, que têm incorporado a problematização às atividades
curriculares. A preparação de Auxiliares de Enfermagem de Minas Gerais
e do Rio de Janeiro vem, mais de duas décadas utilizando tal
metodologia na preparação dos profissionais (BERBEL, 1998).
A Aprendizagem Baseada em Problemas foca a existência de um
grupo tutorial como apoio para os estudos, composto por um tutor e de 8
a 10 estudantes. Dentre esses estudantes, deve haver um coordenador e
um secretário, acontecendo a cada sessão, um rodízio para que todos
exerçam essas funções (BERBEL, 1998).
Ao estudante coordenador, cabe a função de discussão do
problema de forma metódica, garantindo que os integrantes do grupo
participem da discussão promovida. Ao estudante que desempenha a
função de secretário, fica a responsabilidade de anotar as etapas de
discussão para garantir que o grupo não discuta novamente os pontos que
foram abordados. Aos demais estudantes, confere-se a função de discutir
o problema, sempre respeitando as diretrizes que o coordenador estipulou.
O docente e o tutor garantem o funcionamento do grupo, bem como a
divisão de coordenador e de secretário, a participação de todos os
integrantes e o não distanciamento da temática proposta. O tutor, que não
59
precisa ser especialista no assunto, tem previamente uma visão de quais
os objetivos pretendidos com a discussão de cada problema, mas não os
deve impor, ou mesmo, desvendá-los aos estudantes
(KODJAOGLANIAN et al., 2003).
Para as discussões em grupo, é apresentado aos estudantes um
problema pré-elaborado, que vai se desenrolar em duas fases. Na primeira,
o problema é apresentado e os estudantes formularão objetivos de
aprendizado. Depois, na segunda, -se o estudo individual que deve ser
realizado fora do grupo, haverá a rediscussão do problema a partir dos
novos conhecimentos que foram adquiridos. Os professores especialistas
podem ser consultados ao longo do estudo (BERBEL, 1998). De tal forma,
haverá a sequência de sete passos no grupo tutorial.
1. Leitura do problema, identificação e esclarecimento de termos
desconhecidos; 2. Identificação dos problemas propostos pelo
enunciado; 3. Formulação de hipóteses explicativas para os problemas
identificados no passo anterior (os estudantes se utilizam nesta fase dos
conhecimentos de que dispõem sobre o assunto); 4. Resumo das
hipóteses; 5. Formulação dos objetivos de aprendizado (trata-se da
identificação do que o estudante deverá estudar para aprofundar os
conhecimentos incompletos formulados nas hipóteses explicativas); 6.
Estudo individual dos assuntos levantados nos objetivos de
aprendizado; 7. Retorno ao grupo tutorial para rediscussão do
problema frente aos novos conhecimentos adquiridos na fase de estudo
anterior (BERBEL, 1998, p. 147).
Na Aprendizagem Baseada em Problemas, deve redirecionar-se
toda uma organização curricular, por meio de mais espaço e de
equipamentos na biblioteca, da readequação dos horários e da organização
60
dos laboratórios para as atividades opcionais, distribuição dos temas a
serem trabalhados, ou seja, todos os envolvidos assumirão novos papéis
diferentes dos moldes tradicionais de ensino e aprendizagem (BERBEL,
1998). Kodjaoglanian et al. (2003), em suas experiências com o
desenvolvimento da Aprendizagem Baseada em Problemas na formação do
psicólogo, incluem, ainda, como suporte para o desenvolvimento dessa
metodologia, uma série de recursos, quais sejam
- Laboratórios de informática interligados em rede e que
disponibilizam bases de dados científicos contendo referências
bibliográficas e textos científicos na íntegra;
- Consultorias oferecidas por docentes vinculados à instituição e
convidados;
- Sessão comentada de vídeos com a presença de docentes relacionados
à área de conhecimento a ser analisada;
- Conferências (2 por semana), com o objetivo de apresentar temas
relevantes à prática profissional, sempre com uma abordagem
interdisciplinar e multiprofissional;
- Laboratórios de habilidades, no qual o estudante tem a oportunidade
de verificar na prática as questões relacionadas ao módulo que está
sendo estudado, além de adquirir o conhecimento da aplicação
apropriada de técnicas e procedimentos próprios da prática
profissional.
- Estudos autodirigidos, individuais ou coletivos, na biblioteca ou base
de dados/Internet, adquirida especialmente para que os estudantes
possam ampliar as suas pesquisas bibliográficas (KODJAOGLANIAN
et al., 2003, p. 8).
61
Segundo Kodjaoglanian et al. (2003), essa proposta pedagógica
visa a formação de psicólogos com qualidade profissional, por meio de um
modelo educacional inovador, que se baseia em valores e em práticas
humanísticas, que seja capaz de realizar intervenções efetivas, críticas e
criativas no contexto em que está inserido.
Para tanto, nesse tipo de metodologia, os problemas precisam ser
elaborados por uma comissão designada para tal finalidade, que deve se
preocupar em elaborar problemas que abranjam os temas essenciais para o
estudante cumprir o currículo, bem como que sigam uma sequência, sendo
possível passar para outro tema com o término do atual. A avaliação é
realizada ao final de cada módulo para medir o conhecimento adquirido
em cada tema (BERBEL, 1998).
Berbel (1998) complementa algumas características da
Aprendizagem Baseada em Problemas: as hipóteses são elaboradas pelos
estudantes antes de ocorrer o estudo sobre o tema, como forma de
estimulação a partir de conhecimentos que tenham por experiências
anteriores; o estudo acontece na biblioteca, permitindo que o estudante
aprenda a pensar e a raciocinar sobre o problema, formulando soluções.
Quanto aos resultados dos estudos, os conhecimentos construídos são
usados para a resolução dos problemas, para o exercício intelectual dos
estudantes, para as práticas de laboratório e com os pacientes.
62
Quadro 1 - Sete passos da Aprendizagem Baseada em Problemas
PASSOS
DESCRIÇÃO
Passo 1
Esclarecer termos e expressões no texto do problema
Passo 2
Definir o problema
Passo 3
Analisar o problema
Passo 4
Sistematizar análise e hipóteses de explicação ou solução do problema
Passo 5
Formular objetivos de aprendizagem
Passo 6
Identificar fontes de informação e adquirir novos conhecimentos
individualmente
Passo 7
Sintetizar conhecimentos e revisar hipóteses iniciais para o problema
Fonte: Lima (2017, p. 426).
Tal metodologia objetiva o desenvolvimento e o amadurecimento
do estudante, através dos princípios de uma aprendizagem que seja
significativa, que associe teoria e prática, que respeite a autonomia do
estudante, que desenvolva os trabalhos em pequenos grupos, que valoriza
a educação permanente e a avaliação formativa (MITRE et al., 2008).
Outros aspectos, também, são destacados como importantes: a
problematização das situações cotidianas, a relação estabelecida entre os
estudantes e a comunidade, a resolução de problemas que desafiem os
estudantes, a busca por técnicas para a resolutividade da problemática, a
autonomia de raciocínio, a responsabilização sobre a aquisição do próprio
conhecimento (SOUSA, 2010).
Dessa forma, é possível a formação de um profissional mais
criativo, cooperativo e capacitado para continuar buscando conhecimentos
após a formação na graduação, que seja comprometido com a
transformação social, proporcionando a formação geral e integral do
psicólogo. Tal metodologia permite, ainda, o desenvolvimento dos
aspectos cognitivos da educação, o aprender a aprender, com enfoque nas
63
habilidades psicomotoras e de atitudes, o aprender fazendo
(KODJAOGLANIAN et al., 2003).
A Metodologia da Problematização (Método do Arco)
A problematização é uma estratégia de ensino e aprendizagem que
objetiva alcançar e motivar o estudante, uma vez que ao entrar em contato
com o problema lhe será exigido: exame da questão, reflexão, relação com
sua história e a ressignificação das descobertas. A problematização
possibilita um contato com as informações e com a produção do
conhecimento, permitindo a chegada a uma solução, bem como o
desenvolvimento do indivíduo. Visto que a aprendizagem é um
instrumento necessário e significativo para a ampliação de suas
possibilidades e de seus caminhos, o sujeito tem a possibilidade de exercitar
a liberdade e a autonomia, nos momentos de suas escolhas e tomadas de
decisões (MITRE et al., 2008).
As metodologias ativas que têm a problematização como estratégia
de ensino e aprendizagem possibilitam motivação ao estudante e o
direcionam para a busca de informações, com o intuito de solução dos
impasses e promoção do seu desenvolvimento (PEDROSA et al., 2011).
Assim, a partir do uso de metodologia problematizadora, o estudante pode
refletir a respeito de seu processo de trabalho, da realidade em que está
inserido, da sua profissão, da relação com a comunidade, tendo despertado
o senso crítico para mudanças do contexto e para a reflexão de seu papel
neste, possibilitando assim a transformação de sua realidade (PEDROSA
et al., 2011).
64
Simon et al. (2014) defendem que a problematização não pode ser
considerada um método de discussão teórica, mas, sim, de integração entre
ação e reflexão, inclusive pelas transformações práticas que advém daí. Vale
lembrar que nenhuma metodologia, isoladamente, será capaz de
desenvolver habilidades e competências necessárias à formação superior. O
esquecimento desta questão leva a reformas superficiais, fragmentadas e
transitórias do currículo. “A mudança para uma educação libertadora não
se faz apenas pelo método, depende acima de tudo da intencionalidade
política do educador” (SIMON et al., 2014, p. 1360).
Freitas et al. (2015) destacam que, para que haja a inovação do
currículo, é urgente a elaboração de estratégias, visando à articulação
teórica e prática do ensino, a fim de que os estudantes criem concepções e
possam construir seu modelo de aprendizagem. A metodologia da
problematização sugere que os estudantes partam de uma realidade e
consigam retornar a ela de um modo transformador.
A problematização pode ser usada no currículo em sua totalidade,
em uma disciplina ou, mesmo, em determinados temas de uma disciplina,
estando o docente preocupado com a forma como o estudante aprende e
com o porquê ele aprende (CYRINO; TORALLES-PEREIRA, 2004).
[...] a Metodologia da Problematização tem uma orientação geral como
todo método, caminhando por etapas distintas e encadeadas a partir de
um problema detectado na realidade. Constitui-se uma verdadeira
metodologia, entendida como um conjunto de todos, técnicas,
procedimentos ou atividades intencionalmente selecionados e
organizados em cada etapa, de acordo com a natureza do problema em
estudo e as condições gerais dos participantes. Volta-se para a realização
do propósito maior que é preparar o estudante/ser humano para tomar
consciência de seu mundo e atuar intencionalmente para transformá-
65
lo, sempre para melhor, para um mundo e uma sociedade que
permitam uma vida mais digna para o próprio homem (BERBEL,
1998, p. 144).
A Metodologia da Problematização vem sendo divulgada como
uma estratégia pedagógica para a formação de profissionais de saúde, com
intuito de uma formação mais crítica e que enfrente os desafios da
realidade social. A referência teórica mais citada nessa metodologia, em
relação à formação em saúde no país, é o Método do Arco, proposto por
Charles Maguerez, com divulgação pelo esquema apresentado por
Bordenave e Pereira (2014) e pela produção de Berbel (1998; 1995)
(CONTERNO; LOPES, 2016). Segundo Berbel (2012), Charles
Maguerez foi um educador francês que desenvolveu trabalhos com
mineiros, agricultores e operários analfabetos, nos países subdesenvolvidos
ou recém-independentes, da Europa e da África.
Sua proposta pedagógica está relacionada com os princípios da
Pedagogia Ativa, em que não temos uma aprendizagem guiada por
objetivos definidos e por expectativas, mas o docente deve assumir o papel
de facilitador, organizando o grupo para que busquem informações,
conhecimentos necessários para a resolução do problema, sendo, portanto,
a imprevisibilidade uma caraterística do referido método (CONTERNO;
LOPES, 2016). Experiências com o Método do Arco são, desde o século
passado, desenvolvidas na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná,
na área da saúde, por meio da problematização (BERBEL, 1998).
Segundo Berbel (1999), Maguerez elaborou, com a função didática
e pedagógica, a Metodologia do Arco com cinco fases, quais sejam: (i)
observação e definição dos problemas da realidade; identificação de
66
pontos-chave do problema; teorização; hipóteses de solução; aplicação à
realidade - prática transformadora.
Na primeira etapa, a Observação da Realidade Social, os estudantes
recebem a orientação do professor e olham, atentamente, fazendo o
registro sistemático da realidade, a partir do tema proposto, podendo,
inclusive, serem propostas questões gerais para ajudar os estudantes a
focalizarem o tema. A observação permitirá, ainda, o levantamento de
situações que serão problematizadas, que podem eleger um ou vários desses
problemas para o estudo de pequenos grupos. As discussões entre discentes
e docente permitem uma redação para o problema que servirá de referência
para as etapas seguintes (BERBEL, 1998).
Na segunda etapa, os pontos-chave levam os estudantes a uma
reflexão sobre as causas da existência do problema, percebendo sua
complexidade e multideterminação. Essa análise reflexiva permite a
elaboração de pontos essenciais, que são listados sobre o problema,
tentando encontrar formas de intervenção na realidade, a fim de solucioná-
lo ou mesmo de avançar nesta direção. Tais pontos-chave serão
desenvolvidos na próxima etapa (BERBEL, 1998).
A terceira etapa é marcada pela Teorização, isto é, a investigação
propriamente dita, por meio de buscas em livros, em revistas
especializadas, em jornais, em anais de congressos, além da consulta a
especialistas sobre o assunto, da observação da ocorrência do fenômeno, da
aplicação de questionários para quantificar e para qualificar as informações,
da participação em palestras e em aulas, dentre muitos outros. Tudo é
registrado, possibilitando algumas conclusões e o desenvolvimento da
próxima etapa (BERBEL, 1998).
67
Na quarta etapa, das Hipóteses de Solução, os estudantes devem
construir hipóteses para compreender profundamente o que se obteve
sobre o problema, com uma investigação a partir de todos os ângulos
possíveis (BERBEL, 1998). A Aplicação à Realidade, quinta etapa,
determina-se por um ir além do exercício profissional para outros níveis,
como o social e o político, implicando em um compromisso do estudante
com o seu meio, ao qual devem levar uma resposta de seus estudos, com a
finalidade de transformação da realidade. Completando o arco com a
quinta etapa, os discentes conseguiram relacionar prática-teoria-prática,
avançando no processo de ensino e aprendizagem e de compreensão da
realidade social (BERBEL, 1998).
Figura 1 - Planejamento do Arco da Problematização de Charles Maguerez
Fonte: Adaptado de Prado et al. (2012, p. 176).
Na Metodologia da Problematização, não são necessárias grandes
alterações materiais ou físicas na instituição educacional, mas, sim, na
68
programação das disciplinas, na postura do professor e dos estudantes para
a reflexão e para a crítica das temáticas, bem como uma flexibilidade de
locais de estudo, que a realidade social é tanto o ponto de partida quanto
de chegada do grupo de estudantes. O trabalho em grupo acontece durante
todo o processo, com a supervisão de um professor; pode acontecer a
distribuição de tarefas, mas, sempre, se retorna para o grupo para serem
concluídas as etapas do Arco (BERBEL, 1998).
Nessa metodologia, a realidade é problematizada pelos estudantes,
não havendo restrições quanto à formulação dos problemas, tendo em vista
que são extraídos da observação da realidade. Assim, após o estudo de um
problema, outros poderão surgir a partir de desdobramentos do primeiro
e os estudantes podem ter contato com diferentes percepções ou
representações das pessoas que vivenciam o problema ou mesmo convivem
com situações em que o problema está presente. Dessa forma, os estudantes
constroem seus conhecimentos envolvendo relações entre técnico-
científico, social, político, ético, podendo inclusive usar técnicas,
instrumentos de coleta de dados e recursos não convencionais
(depoimentos escritos e orais, por exemplo) na pesquisa científica
(BERBEL, 1998). A Metodologia da Problematização atua de modo a
estimular o trabalho em conjunto, indo além dos muros da instituição de
Ensino Superior para aprender com a realidade concreta, podendo
estimular uma postura de estudantes mais críticos, comprometidos com o
meio e de cidadãos mais conscientes (BERBEL, 1994).
Não , nessa metodologia, controle total sobre os resultados
quanto ao conhecimento construído. Assim, quando os conteúdos não
satisfazem o professor em termos de aprendizado para seus estudantes,
aquele poderá e deverá providenciar outra maneira de suprir o essencial
que não foi atingido no tema. quanto à formulação de hipóteses, essas
69
acontecem após o estudo, como hipóteses de solução, que atuarão como
norte para a intervenção na realidade em que se evidencia o problema.
Com isso, os resultados deverão, sempre, voltar-se para a intervenção
(independente do grau que será determinado por diversos fatores) na
realidade como condição de aprendizagem, de envolvimento e de
compromisso social com o grupo (BERBEL, 1998).
Para Cyrino e Toralles-Pereira (2004), um ensino realizado por
meio da problematização visa à mobilização de potenciais no estudante,
sejam eles: social, político e ético, para que assim possam atuar tanto como
cidadãos quanto como profissionais em processo de formação. Mitre et al.
(2008) complementam que a educação deve ser libertadora e, enquanto
processo de ensino e aprendizagem, um conjunto com atividades
articuladas, que permitam o compartilhamento entre os atores, de forma
responsável e comprometida.
Para Mourão et al. (2012), a problematização das situações permite
que ressaltemos a práxis, que busquemos soluções para a realidade
apresentada, que visemos à transformação da realidade a partir de nossa
ação e que desta forma, possamos nos transformar. Assim, para o autor, a
aprendizagem deve assumir-se, enquanto processo reconstrutivo,
permitindo o estabelecimento de relações entre fatos e objetos, entre
ressignificações e reconstruções nas várias situações que acontecem
cotidianamente. É a partir da prática reflexiva, crítica e comprometida que
podemos promover a autonomia, o diálogo, o enfretamento de resistências
e de conflitos e o aumento da capacidade do estudante, enquanto agente
de transformação social (MITRE et al., 2008). Pensando na formação em
Psicologia, o desenvolvimento de tais princípios é fundamental para um
profissional que promove intervenções nos contextos em que se insere.
70
O Método de Resolução de Problemas de John Dewey
Segundo Berbel (1995), a resolução de problemas como método
de ensino desenvolveu-se a partir das ideias de John Dewey, no século
passado. John Dewey propôs a solução de problemas com o
desencadeamento do pensamento reflexivo, sendo fuão da escola criar
condições favoráveis para o desenvolvimento de formas de pensar
reflexivas, atingindo uma lógica no ato de pensar. Dessa forma, a
metodologia da problematização e o método de resolução de problemas
têm pontos comuns e divergentes.
Quanto aos pontos comuns, trabalham com o objetivo de
resolução de um problema, buscando a sua compreensão, fundamentação,
a busca de dados, a análise dos dados, a discussão dos mesmos e a
elaboração de hipóteses de solução que devem ser colocadas em prática.
Quanto aos pontos divergentes estão sua concepção, o ponto de vista e o
ponto de chegada (BERBEL, 1994).
Sua concepção origina-se com o filósofo e educador John Dewey,
sendo o método mais característico da Escola Ativa ou Escola Nova. Em
relação ao ponto de vista, sua ênfase está no aprender fazendo,
apresentando problemas (formulados pelo professor) que retratem a vida e
reforcem a ideia de que as pessoas têm as mesmas oportunidades e se
desenvolvem segundo suas capacidades (pressupostos da linha histórico-
crítica). Quanto ao ponto de chegada, o método de resolução de problemas
pretende chegar a um resultado; para tanto, o estudante pesquisará,
discutirá com o professor, com os outros estudantes ou mesmo
profissionais, formulará hipóteses diagnósticas e de solução, completando
o estudo. Nesse método, o estímulo ao raciocínio, à exploração lógica
71
dos dados, à generalização, ao desenvolvimento de habilidades intelectuais
e à aquisição de conhecimentos (BERBEL, 1995).
John Dewey defende em sua teoria sobre a educação que esta deve
ser uma aprendizagem de hábitos de reflexão, um aprender a pensar, ou
seja,
[...] aprender a aprender, no sentido de aprender como construir ou
produzir os conceitos, conhecimentos ou significações, que aumentam
a eficiência na ação e ampliam a capacidade de aprender mais coisas
sobre nós e o mundo em que vivemos, em novas situações,
constituindo uma experiência inteligente ou reflexiva (MURANO,
2017, p. 541).
A educação é definida por Dewey (1979) como nova organização
da experiência, que tanto esclarece quanto aumenta o sentido da
experiência, dirigindo o caminho das experiências que virão. Assim, pode
ser compreendido o método de resolução de problemas proposto pelo
autor como uma oportunidade para o desenvolvimento reflexivo e para a
ampliação da capacidade de aprendizagem, aumentando a eficiência das
ações.
A Sala de Aula Invertida
Outra modalidade de metodologia ativa é a sala de aula invertida,
que consiste em uma modalidade de e-lerning. Por meio dela, permite que
tanto o conteúdo como as instruções sejam estudadas on-line,
anteriormente, ao estudante participar das atividades nos espaços de
72
aprendizagem, sendo esta, um local para estudo de conteúdos que foram
vistos pelo estudante (VALENTE, 2014). A sala de aula invertida será um
local para a realização de perguntas, de discussões e de atividades práticas,
com enfoque para as dificuldades que os estudantes apresentam, não mais
como no ensino tradicional, a apresentação de conteúdos (EDUCAUSE,
2012). Nesse novo ambiente é possível a realização de pequenas palestras
relacionadas com os assuntos que os estudantes não conseguiram
compreender previamente (VALENTE, 2014). Configura-se como uma
possibilidade de o professor atuar no desenvolvimento de atividades de
aprendizagem interativa, em grupos nos espaços de aprendizagem, e de
realização de orientações que estejam baseadas em tecnologias digitais em
um espaço fora dos espaços de aprendizagem (PAVANELO; LIMA,
2017).
Tal modalidade de ensino e aprendizagem foi inicialmente
proposta por Lage, Platt e Treglia em 2000, como inverted classroom, sendo
realizada pela primeira vez na disciplina de Microeconomia, no ano de
1996, na Miami University, em Ohio, nos Estados Unidos. Atualmente,
vem sendo trabalhada em instituições de educação básica e de ensino
superior (VALENTE, 2014).
Para se inverter a sala de aula, algumas regras básicas precisam ser
consideradas, segundo o relatório Flipped Classroom Field Guide, de 2014.
1) as atividades em sala de aula envolvem uma quantidade significativa
de questionamento, resolução de problemas e de outras atividades de
aprendizagem ativa, obrigando o estudante a recuperar, aplicar e
ampliar o material aprendido on-line; 2) Os estudantes recebem
feedback imediatamente após a realização das atividades presenciais; 3)
Os estudantes são incentivados a participar das atividades on-line e das
presenciais, sendo que elas são computadas na avaliação formal do
73
estudante, ou seja, valem nota; 4) tanto o material a ser utilizado on-
line quanto os ambientes de aprendizagem em sala de aula o
altamente estruturados e bem planejados (VALENTE, 2014, p. 86).
Para a implantação da sala de aula invertida, os aspectos
fundamentais estão pautados na produção do material que o estudante
acessará on-line e no planejamento das atividades que serão realizadas nas
aulas presenciais. Em relação aos materiais on-line, o professor pode
utilizar vídeos, sempre dosando o número e tamanho deles para que não
se torne uma aula expositiva que esteja substituindo a presencial. o
planejamento das atividades presenciais deve ocorrer a partir de propostas
que sejam coerentes e auxiliem os estudantes na construção de seu
conhecimento, estando o professor observando e participando das
atividades propostas, sempre produzindo um feedback para corrigir
possíveis concepções equivocadas ou mesmo mal elaboradas pelos
estudantes (VALENTE, 2014).
A utilização dessa metodologia, segundo Valente (2014), traz
alguns pontos positivos, são eles: o estudante estuda em seu ritmo,
podendo assistir aos vídeos várias vezes e retornar nos conteúdos de maior
dificuldade; o estudante prepara-se para as atividades em espaços de
aprendizagem e realiza autoavaliação nas atividades on-line; a
autoavaliação permite que o professor tenha o nível de preparo do
estudante, sabendo o que ele deve trabalhar; o estudo em espaços de
aprendizagem configura-se como um aprofundamento do conhecimento
adquirido; e os espaços de aprendizagem permitem as trocas sociais entre
colegas e professor/estudante.
A partir dos estudos de Bogost (2013), podem ser destacados dois
pontos preocupantes para a realização de tal metodologia: o
74
condensamento das aulas tradicionais em vídeos, o que não possibilita o
contato do estudante com os autores especialistas nas áreas, mas, somente,
com o material sintetizado pelo professor; bem como o barateamento da
educação, sendo que os estudantes serão atendidos com menos custo ou,
mesmo, a contratação de professores menos qualificados para realizarem a
avalição da aprendizagem do estudante. No entanto, mesmo com alguns
pontos negativos, Valente (2014) finaliza enfatizando que a sala de aula
invertida pode atuar no auxílio da renovação do ensino superior,
transformando a prática educacional e social, sendo produtiva para
estudantes e professores.
A valorização dessa modalidade de ensino e aprendizagem,
também, é proposta por Pavanelo e Lima (2017). Os autores destacam
que, mesmo com as dificuldades que surgirão com a experiência, emerge a
necessidade de atitudes inovadoras em espaços de aprendizagem, visando
a melhoria dos conteúdos trabalhados e uma formação profissional de mais
qualidade.
A Instrução por Pares
Outra metodologia inovadora que pode ser utilizada no processo
de ensino e aprendizagem é a técnica de Instrução por Pares, introduzida
por Eric Mazur, no estudo da Física (BARROS et al., 2004). Romano
(2013) destaca que essa aprendizagem pelos pares consiste no
envolvimento dos estudantes em todo processo de ensino aprendizagem,
permitindo serem construtores do próprio conhecimento. As aulas são
organizadas em uma sequência estrutural.
75
Primeiro é solicitado aos estudantes que, antes de cada aula, façam a
leitura de um determinado conjunto de informação e resolvam um
Trabalho para Casa (TPC). Depois, no início de cada aula, o professor
coloca uma questão designada por teste de leitura. Trata-se de uma
questão curta e que visa apenas testar se a leitura recomendada foi ou
não efetuada. Mas é importante que esta questão não teste a
compreensão da leitura, porque isso iria penalizar e desencorajar os
estudantes que fazem a leitura, mas que ainda são incapazes de dominar
os conceitos apenas a partir da leitura.
Seguidamente o professor faz uma pequena abordagem ao tema. Esta
tem em conta as dúvidas e questões que os estudantes colocam quando
do TPC associado à leitura, dando-lhes respostas. De fato, cada TPC
é constituído por três questões, em que as duas primeiras têm por base
os aspectos difíceis da leitura, com a terceira para a escrita das
dificuldades e dúvidas (ROMANO, 2013, p. 11).
Essa técnica consiste em um Teste Conceitual (TC), apresentado
aos estudantes, transcorridos 15 a 20 minutos do início da aula. Em sua
aplicação, o professor instruirá os estudantes a votarem em uma das
respostas que foram apresentadas no Quadro. A votação permitirá que o
professor avalie a compreensão dos estudantes sobre o assunto, não
refletindo esta avaliação na nota do estudante (BARROS et al., 2004).
Após a votação podem ocorrer três sequências.
- Maioria vota corretamente: Se a maioria dos estudantes escolhe o item
correto, isso indica uma boa compreensão da turma. O professor então
resolve rapidamente o problema e continuidade à aula expositiva.
- Maioria vota incorretamente: Se a maioria escolhe uma resposta
incorreta, o professor discute novamente o assunto e um novo TC pode
ser apresentado ao final da nova explicação.
76
- Metade vota corretamente: Frequentemente, somente cerca de
metade da turma responde a opção correta. Nestes casos a interação
entre os estudantes torna-se importante, pois o professor instrui os
estudantes a convencerem um colega de que sua resposta é a correta.
Após a discussão, a questão é votada novamente, e em geral o número
de respostas corretas aumenta dramaticamente, mostrando que
estudantes podem se engajar eficientemente em instrução por pares
(BARROS et al., 2004, p. 64).
Um método para a votação dos estudantes pode ser o de
responderem colocando o braço no ar, que tem como ponto positivo não
ter qualquer custo, e como negativo, a falta de anonimato e a influência da
resposta de alguns estudantes em outros. Outro método pode ser a votação
com cartões de várias cores facilitando o recolhimento das respostas dadas
pelos estudantes e tendo um baixo custo, mas que a resposta do colega não
é facilmente percebida. No entanto, esses dois métodos não possibilitam a
percepção da evolução da aprendizagem do estudante, somente sendo
possível tal situação com a utilização de clickers, um sistema de resposta
pessoal, que consiste em uma votação eletrônica, e que permitirão o
anonimato na votação, a facilitação do trabalho do professor para o
feedback e a percepção sobre a evolução individualizada dos estudantes nas
questões conceptuais (ROMANO, 2013).
A partir da contagem de votos, os estudantes discutirão suas
repostas com os colegas mais próximos, enquanto o professor circula pelos
espaços de aprendizagem, ouvindo, propiciando discussões e pedindo que
os estudantes convençam os demais com a resposta que acreditam ser
correta, explicando para isso o raciocínio subjacente. Tal discussão durará
de dois a quatro minutos e será promovida uma nova votação (ROMANO,
2013). Assim, Crouch e Mazur (2001) explicam que caso a porcentagem
77
de respostas corretas se apresentem entre 35% e 70% na primeira votação,
será aumentada na segunda votação. Como finalização do processo, o
professor deverá explicar a resposta correta ou, mesmo, pedir a um
estudante voluntário que a faça, mas sempre é importante que,
primeiramente, o professor diga a resposta correta para que não haja receio
do estudante em explicar e errar na frente dos colegas (ROMANO, 2013).
O Teste Conceitual deve seguir algumas regras como: “[...] focar-
se num conceito; não se pode resolver com equações; ter opções boas;
escrita de forma clara; ter dificuldade média (MAZUR, 1997, p. 26).
Dessa forma, a realização do Teste Conceitual irá permitir que aconteça
uma pausa na exposição do material pelo professor, a realização da
autoavaliação dos conhecimentos por parte dos estudantes e a avaliação da
turma pelo professor. Com isso, a possibilidade de uma instrução por
pares, uma oportunidade de aprenderem uns com os outros, articulando
de forma verbal as ideias, bem como, de trazerem para a prática a
comunicação com seus pares (BARROS et al., 2004).
Abaixo apresentamos um resumo das atividades propostas pela
metodologia ativa de Instrução entre Pares, destacada por Mazur (1997),
por chegar aos estudantes pelas suas dúvidas reais, configurando-se como
uma vantagem o uso desta técnica (ROMANO, 2013).
78
Quadro 2 - Etapas de aplicação do Método Instrução entre Pares
DESCRIÇÃO
1. Indicação do conteúdo
O professor deve indicar o conteúdo e o material de
referência a serem abordados em sala de aula. Nessa etapa
pode-se recorrer ao apoio de manuais, livros didáticos e
textos relevantes à área de estudos.
2. Leitura Prévia
Os alunos devem realizar a leitura do material indicado
pelo professor antes do período de aula, de modo a obterem
um primeiro contato com o tema de forma autônoma.
3. Exposição do conteúdo
O professor deve realizar uma breve exposição oral do
conteúdo da aula. Esta exposição deve focar em questões
conceituais centrais à compreensão do conteúdo.
4. Teste Conceitual
O professor deve formular uma questão conceitual sobre o
conteúdo da aula e aplicar aos alunos de forma individual.
O teste pode ser de múltipla escolha ou dissertativo e deve
ser de pida aplicação.
5. Formulação Individual
Os alunos devem refletir sobre as questões e respondê-las
individualmente, elaborando uma justificativa para as suas
respostas.
6. Avaliação das respostas
Os alunos devem informar as respostas ao professor por
meio de gabaritos, folhas de respostas, clickers ou flashcards.
A partir dos resultados o professor deve avaliar se é possível
seguir o conteúdo ou se os alunos devem interagir com fins
a formular novas respostas.
7. Discussão entre pares
Os alunos devem discutir as questões do teste entre eles,
objetivando chegar a consensos sobre quais seriam as
respostas corretas.
8. Teste Conceitual
O professor deve aplicar novamente o teste conceitual
como forma de avaliar se os alunos chegaram a uma melhor
compreensão do conteúdo a partir da interação com os
colegas.
9. Avaliação das respostas
Teste Conceitual sobre o
conteúdo (diferente do
primeiro).
Os alunos devem informar as respostas ao professor por
meio de gabaritos, folha de respostas, clickers ou flashcards.
A partir do resultado do teste, o professor deve avaliar se é
possível seguir para o 10 próximo conteúdo ou se deve
aplicar um novo.
Fonte: Mörschbächer e Padilha (2017, p. 6).
79
Mörschbächer e Padilha (2017) consideram que com o método
Instrução entre Pares é possível um avanço na dinâmica em sala de aula,
tanto na compreensão do conteúdo quanto no interesse dos estudantes no
processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, desafios são encontrados
quanto ao condicionamento dos docentes e dos discentes às metodologias
tradicionais, bem como uma falta de prática e de resistência às mudanças
e a assumir novas responsabilidades.
Contudo, esses exemplos de metodologias ativas, permitem-nos
verificar uma crescente busca por métodos inovadores, que, segundo Barba
et al. (2012, p. 837), ultrapassem o puramente técnico, mas admitam “uma
prática pedagógica ética, crítica, reflexiva e transformadora”, efetivando
uma formação do homem enquanto histórico e inscritos na dialética ação-
reflexão-ação.
80
81
Uma Investigação Sobre a Graduação em
Psicologia no Estado de São Paulo
A autonomia é um poder que se
conquista de dentro e que se exerce no
seio da cooperação.
Jean Piaget
O Estudo
Este trabalho é um estudo documental, de caráter descritivo-
exploratório, a partir do levantamento de dados dos cursos de graduação
em Psicologia cadastrados no Ministério da Educação (MEC) e no
Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEE). Objetivamos
investigar a formação dos psicólogos no estado de São Paulo, a fim de
traçar um perfil dos referidos cursos e de propor discussões sobre a grade
curricular e sobre os projetos pedagógicos. Dessa forma, poderemos
contribuir para a compreensão dos princípios éticos que estão sendo
trabalhados, inclusive com a discussão do ambiente acadêmico no
desenvolvimento da capacidade reflexiva dos graduandos.
Para levarmos a cabo tais objetivos, primeiramente, selecionamos
a amostra documental, sendo determinadas quais as unidades de análise.
Posteriormente, os dados foram organizados em categorias, sendo possível
sua interpretação de forma quantitativa e qualitativa.
82
O banco de dados formado inclui as seguintes variáveis: nome da
Instituição de Ensino Superior (IES), município de funcionamento,
jurisdição (MEC ou CEE), organização acadêmica (universidade,
faculdade, faculdades integradas, centro universitário ou instituto) e
categoria administrativa (especial, privada com fins lucrativos, privada sem
fins lucrativos, pública municipal, pública estadual e pública federal),
diploma conferido (bacharelado ou licenciatura), modalidade de ensino
(presencial, semipresencial ou à distância), data de início do
funcionamento do curso, prazo para integralização do curso, carga horária
mínima do curso, regime letivo (anual ou semestral), turnos de oferta das
vagas (matutino, vespertino, noturno e/ou integral), número de vagas
autorizadas por turno (diurno, vespertino, noturno e integral), conceitos
ENADE (anos de 2006, de 2009, de 2012, de 2015 e de 2018), cursos em
extinção e extintos, região administrativa do estado de São Paulo na qual
se encontram as instituições e cursos ofertados e sede/subsede do Conselho
Regional de Psicologia em que os cursos e vagas ofertadas se apresentam.
Neste capítulo, focaremos na apresentação parcial dos dados do estudo,
destacando a caracterização dos cursos, as grades curriculares, o projeto
pedagógico e os conceitos ENADE, aspectos estes que estão diretamente
relacionados com o que abordamos nos capítulos anteriores.
A estruturação do banco de dados permitiu a correlação de diversas
variáveis para que fosse possível pensar em um perfil dos cursos de
graduação em São Paulo e, assim, contribuir para a ampliação do
panorama de como a formação em Psicologia vem se estruturando no
estado, onde temos o maior número de psicólogos inscritos no Conselho
Regional de Psicologia, 115.380, de um total nacional de 393.497
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2021).
83
A Análise dos Dados
Com os dados apresentados na Tabela 1, podemos verificar que
existem 117 IES cadastradas no MEC que oferecem a graduação em
Psicologia. Elas são apresentadas em ordem alfabética e teremos IES que
não tem suas siglas disponibilizadas nos dados do MEC. Também existem
IES que apresentam mais de um curso cadastrado, portanto é possível
verificar que são 226 cursos de Psicologia em atividade cadastrados. Tal
situação acontece por exemplo, com a Faculdade Anhanguera que
apresenta 24 cursos cadastrados em 24 polos diferentes. Outra situação
importante de ser destacada é que existem IES, como a Universidade
Estadual Paulista, que apresenta um único curso cadastrado para os seus
diversos polos no estado, resultando na mesma estruturação para os seus
cursos.
Tabela 1 - Relação das IES cadastradas no MEC que ofertam cursos de Psicologia.
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Centro Universitário Adventista de São
Paulo UNASP 3
Centro Universitário Amparense UNIFIA 1
Centro Universitário Anhanguera UNIFIAN 1
Centro Universitário Anhanguera de São
Paulo - 1
Centro Universitário Anhanguera
Pitágoras Ampli - 1
Centro Universitário Barão de Mauá CBM 1
Centro Universitário Braz Cubas - 1
Centro Universitário Campo Limpo
Paulista UNIFACCAMP 1
84
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium UNISALESIANO 2
Centro Universitário Central Paulista UNICEP 1
Centro Universitário da Fundação
Hermínio Ometto FHO 1
Centro Universitário das Américas CAM 1
Centro Universitário das Faculdades
Associadas de Ensino UNIFAE 1
Centro Universitário das Faculdades
Integradas de Ourinhos Unifio 1
Centro Universitário das Faculdades
Metropolitanas Unidas FMU 2
Centro Universitário de Adamantina FAI 1
Centro Universitário de Excelência Eniac ENIAC 1
Centro Universitário de Itapira Uniesi UNIESI 1
Centro Universitário de Jaguariúna UniFAJ 1
Centro Universitário de Paulínia UNIFACP 1
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP 1
Centro Universitário de Santa do Sul UNIFUNEC 1
Centro Universitário de Votuporanga UNIFEV 1
Centro Universitário do Norte Paulista UNORP 1
Centro Universitário do Vale do Ribeira UNIVR 1
Centro Universitário Estácio de Ribeirão
Preto
ESTÁCIO RIBEIRÃO
PRE 1
Centro Universitário Estácio de São Paulo
ESTÁCIO SÃO
PAULO 1
Centro Universitário Fmabc FMABC 1
Centro Universitário Fundação de Ensino
Octávio Bastos UNIFEOB 1
85
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Centro Universitário Fundação Santo André CUFSA 1
Centro Universitário Ítalo-Brasileiro UNIÍTALO 1
Centro Universitário Max Planck UniMAX 1
Centro Universitário Metrocamp Wyden
UniMetrocamp
Wyden 1
Centro Universitário Metropolitano de São
Paulo UNIMESP 1
Centro Universitário Municipal de Franca UNI-FACEF 1
Centro Universitário Nossa Senhora do
Patrocínio CEUNSP 1
Centro Universitário Padre Anchieta UNIANCHIETA 1
Centro Universitário Paulistano UNIPAULISTANA 2
Centro Universitário Sagrado Coração UNISAGRADO 1
Centro Universitário Salesiano de São Paulo UNISAL 5
Centro Universitário São Camilo SAO CAMILO 1
Centro Universitário São Judas Tadeu CSJT 1
Centro Universitário São Roque UNISÃO ROQUE 1
Centro Universitário de Itapira Uniesi UNIESI 1
Centro Universitário de Jaguariúna UniFAJ 1
Centro Universitário de Paulínia UNIFACP 1
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP 1
Centro Universitário de Santa do Sul UNIFUNEC 1
Centro Universitário de Votuporanga UNIFEV 1
Centro Universitário do Norte Paulista UNORP 1
Centro Universitário do Vale do Ribeira UNIVR 1
Centro Universitário Estácio de Ribeirão
Preto
ESTÁCIO RIBEIRÃO
PRE 1
Centro Universitário Estácio de São Paulo
ESTÁCIO SÃO
PAULO 1
Centro Universitário Fmabc FMABC 1
86
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Centro Universitário Fundação Santo André CUFSA 1
Centro Universitário Ítalo-Brasileiro UNIÍTALO 1
Centro Universitário Max Planck UniMAX 1
Centro Universitário Metrocamp Wyden
UniMetrocamp
Wyden 1
Centro Universitário Metropolitano de São
Paulo UNIMESP 1
Centro Universitário Municipal de Franca UNI-FACEF 1
Centro Universitário Nossa Senhora do
Patrocínio CEUNSP 1
Centro Universitário Padre Anchieta UNIANCHIETA 1
Centro Universitário Paulistano UNIPAULISTANA 2
Centro Universitário Sagrado Coração UNISAGRADO 1
Centro Universitário Salesiano de São Paulo UNISAL 5
Centro Universitário São Camilo SAO CAMILO 1
Centro Universitário São Judas Tadeu CSJT 1
Centro Universitário São Roque UNISÃO ROQUE 1
Centro Universitário Sudoeste Paulista UniFSP 2
Centro Universitário Toledo UNITOLEDO 1
Centro Universitário Uni-Ban UNI-BAN 1
Centro Universitário Unibta - 1
Centro Universitário Unifaat UNIFAAT 1
Centro Universitário Unifafibe FAFIBE 1
Centro Universitário Unisan UNISAN 1
Claretiano - Centro Universitário - 1
Faculdade Anhanguera de Bauru - 1
Centro Universitário do Vale do Ribeira UNIVR 1
Faculdade Anhanguera de Campinas - 3
Faculdade Anhanguera de Guarulhos - 1
Faculdade Anhanguera de Indaiatuba - 1
87
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Faculdade Anhanguera de Jacareí - 1
Faculdade Anhanguera de Jaú - 1
Faculdade Anhanguera de Jundiaí - 1
Faculdade Anhanguera de Limeira - 1
Faculdade Anhanguera de Matão - 1
Faculdade Anhanguera de
Pindamonhangaba - 1
Faculdade Anhanguera de Piracicaba - 1
Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto - 1
Faculdade Anhanguera de Rio Claro - 1
Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara - 1
Faculdade Anhanguera de São Bernardo - 1
Faculdade Anhanguera de São José - 1
Faculdade Anhanguera de Sertãozinho FASERT 1
Faculdade Anhanguera de Sorocaba FSO 1
Faculdade Anhanguera de Sumaré FACSUMARÉ 1
Faculdade Anhanguera de Taboão da Serra FATS 1
Faculdade Anhanguera de Taubaté - 1
Faculdade Anhanguera de Valinhos - 1
Faculdade Anhanguera Pitágoras de Jundiaí - 1
Faculdade Barretos FB 1
Faculdade Capital Federal FECAF 1
Faculdade Católica Paulista FACAP 1
Faculdade Ceres FACERES 1
Faculdade da Alta Paulista FAP 1
Faculdade da Fundação Educacional
Araçatuba FAC-FEA 3
Faculdade de Americana FAM 1
Faculdade de Botucatu FDB 1
88
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Faculdade de Ensino Superior e Formação
Integral FAEF 1
Faculdade de Ensino Superior Santa Barbara FAESB 1
Faculdade de Ensino Superior Santa Barbara FAESB 1
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Penápolis FAFIPE 1
Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto FAMERP 1
Faculdade de Presidente Prudente FAPEPE 1
Faculdade de São Bento FSB 1
Faculdade Eduvale de Avaré EDUVALE 1
Faculdade Estácio de Carapicuíba
ESTÁCIO
CARAPICUÍBA 1
Faculdade Estácio de Rio Preto Estácio Rio Preto 1
Faculdade Estácio de de Ourinhos FAESO 1
Faculdade Fleming Cerquilho Fac Cerquilho 1
Faculdade Galileu FG 1
Faculdade Gran Tie FGT 1
Faculdade Lusófona de São Paulo FL-SP 1
Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo FMG 1
Faculdade Municipal Professor Franco
Montoro de Mogi Guaçu FMPFM 1
Faculdade Nove de Julho de Osasco NOVE-OSASCO 1
Faculdade Nove de Julho de São Bernardo
do Campo NOVE-SBC 1
Faculdade Nove de Julho Guarulhos
NOVE-
GUARULHOS 1
Faculdade Nove de Julho Mauá NOVE-MAUÁ 1
Faculdade Santa Lúcia FCACSL 1
Faculdade Santo Antônio FSA 1
89
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Faculdade Vanguarda - 1
Faculdades de Dracena - 1
Faculdades Integradas de Bauru FIB 1
Faculdades Integradas de Ciências
Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos FG 1
Faculdades Integradas de Fernandópolis FIFE 1
Faculdades Integradas de Jahu FIJ 1
Faculdades Integradas Einstein de Limeira FIEL 1
Faculdades Integradas Rui Barbosa FIRB 1
Faculdades Integradas Urubupungá FIU 1
Instituto Itapetiningano de Ensino Superior IIES 1
Instituto Municipal de Ensino Superior de
Catanduva IMES CATANDUVA 1
Instituto Municipal de Ensino Superior de
São Manuel IMESSM 2
Instituto Taquaritinguense de Ensino
Superior Dr. Aristides de Carvalho
Schlobach ITES 1
Instituto Taubaté de Ensino Superior I.T.E.S. 1
Pontifícia Universidade Católica de
Campinas PUC-CAMPINAS 1
Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo PUCSP 1
União Das Faculdades dos Grandes Lagos UNILAGO 1
Universidade Anhanguera de São Paulo UNIAN - SP 7
Universidade Anhembi Morumbi UAM 4
Universidade Brasil UB 2
Universidade Católica de Santos UNISANTOS 1
Universidade Cidade de São Paulo UNICID 1
Universidade Cruzeiro do Sul UNICSUL 3
90
Nome da IES Sigla da IES
Cursos
cadastrados
Universidade de Franca UNIFRAN 1
Universidade de Mogi das Cruzes UMC 2
Universidade de Ribeirão Preto UNAERP 2
Universidade de São Paulo USP 5
Universidade de Sorocaba UNISO 1
Universidade de Taubaté UNITAU 1
Universidade do Oeste Paulista UNOESTE 1
Universidade do Vale do Paraíba UNIVAP 1
Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho UNESP 3
Universidade Federal de São Carlos UFSCAR 1
Universidade Federal de São Paulo UNIFESP 1
Universidade Ibirapuera UNIB 1
Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP 1
Universidade Metodista de São Paulo UMESP 1
Universidade Metropolitana de Santos UNIMES 1
Universidade Municipal de São Caetano do
Sul USCS 1
Universidade Nove de Julho UNINOVE 5
Universidade Paulista UNIP 22
Universidade Presbiteriana Mackenzie MACKENZIE 1
Universidade Santa Cecília UNISANTA 1
Universidade Santo Amaro UNISA 1
Universidade São Francisco USF 3
Universidade São Judas Tadeu USJT 5
Universidade Universus Veritas Guarulhos Univeritas UNG 4
TOTAL
226
Fonte: Da autora.
91
Apresentamos, na Tabela 2, a jurisdição das IES: 14 IES
jurisdicionadas ao CEE, que apresentam a graduação em Psicologia de um
total de 34 escolas superiores, faculdades e institutos de ensino superior.
Tabela 2 - Relação das IES jurisdicionadas ao
Conselho Estadual de Educação de São Paulo.
IES Sigla
Curso
s
Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino UNIFAE 1
Centro Universitário de Adamantina FAI 1
Centro Universitário de Santa do Sul
UNIFUNEC
1
Centro Universitário Municipal de Franca
UNI-FACEF
1
Faculdade da Fundação Educacional Araçatuba FAC-FEA 1
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Penápolis FAFIPE 1
Faculdade Municipal Professor Franco Montoro de Mogi
Guaçu
FMPFM 1
Faculdades de Dracena - 1
Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva
IMES
CATANDUV
A
1
Instituto Municipal de Ensino Superior de São Manuel IMESSM 1
Universidade de São Paulo USP 1
Universidade de Taubaté UNITAU 1
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
UNESP
1
Universidade Municipal de São Caetano do Sul USCS 1
TOTAL 14
Fonte: Adaptado de São Paulo (2021).
Significa que, embora haja o cadastro da instituição no MEC,
também o CEE acompanha essas instituições no sentido de sua atuação
92
estão pautadas em um órgão normativo, deliberativo e consultivo tanto do
sistema educacional público quanto privado no estado. Também tem
como característica o estabelecimento de regras para as escolas de Educação
Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Profissional, que aconteçam de
forma presencial ou à distância. Especificamente, em relação às IES
públicas do estado, cabe a função de orientá-las e de credenciar seus cursos,
bem como, expressar as diretrizes fundamentais, por meio de parecer,
indicação e deliberação, para a política educacional do estado. Tais
atribuições que lhe foram conferidas pela Constituição Estadual e pela Lei
de criação n. 7.940, de 7 de junho de 1963 (SÃO PAULO, 2021).
A partir das Tabelas 1 e 2, respectivamente, podemos conhecer
quais são as IES com cursos de graduação em Psicologia cadastrados no
MEC, bem como quais desses são jurisdicionados pelo CEE. Nesse
aspecto, Diniz e Goergen (2019) destacam que podemos observar um
modelo educacional brasileiro para o Ensino Superior, privado, de caráter
mercantilista, em grande expansão e compatível com a economia
neoliberal. O papel do MEC é de fiscalizar, por meio das avaliações
realizadas, atuando em conjunto com o CEE, que é um órgão normativo,
deliberativo e consultivo. Para tanto, são necessárias concepções, critérios
e instrumentos que se estruturem para assegurar qualidade ao ensino
ofertado pela educação superior (BRUNNER, 2014). Qualidade essa que
incide, diretamente, nas atuações do profissional no mercado de trabalho
e na sociedade como um todo.
É com essa preocupação que trazemos a grade curricular, nomeada,
também, de matriz curricular, como uma estrutura fundamental para a
concepção do profissional em Psicologia que quer se formar, ao entender
que independentemente da organização da IES (pública ou privada), ela
tem, diretamente, responsabilidade social com os conteúdos curriculares,
93
com a ética e com os valores, com a necessidade de um equilíbrio entre o
conhecimento economicamente pertinente e as questões humanas, sem
deixar de contemplar a esfera profissional (SEGRERA, 2012).
A Análise das Grades Curriculares
Uma das etapas do estudo foi a análise das grades curriculares dos
cursos de Psicologia de São Paulo, cadastrados no MEC. Primeiramente,
foi realizada uma pesquisa de todas as instituições que traziam os dados da
grade curricular em seus sites. Tais dados permitem-nos compreender que,
de um total de 157 instituições educacionais e 226 cursos de Psicologia
que integram esta pesquisa, 87,62% dos cursos apresentam a grade de
forma blica e 12,38% não apresentam. Ainda, destacamos que, em uma
IES cadastrada no MEC, não consta no site da instituição a graduação em
Psicologia e que em dois cursos não foi possível o acesso à grade curricular,
sem que haja o envio de e-mail para a coordenação do curso solicitando o
recebimento da grade curricular.
Quando verificamos esses dados em relação às instituições,
percebemos que 89,18% apresentam a grade curricular nos sites e 10,82%
não apresentam. Lembrando que as IES podem ter mais de um curso
cadastrado ou, mesmo, mais de um polo em que oferece a graduação em
Psicologia. Também verificamos que, na primeira fase de desenvolvimento
da pesquisa de Pós-Doutoramento que deu origem a este trabalho, algumas
IES apresentavam as grades curriculares de forma pública, mas, depois
foram retiradas, não permitindo, assim, a análise das informações de
determinados cursos.
94
Em um segundo momento, estruturamos as categorias para análise
das disciplinas que compõem essas grades, sendo elas: (i) Ética; (ii) Políticas
Públicas; (iii) Direitos Humanos; e, por fim, (iv) Políticas Afirmativas.
Essas categorias foram pensadas no sentido de serem possibilidades de os
graduandos desenvolveram um posicionamento crítico-reflexivo de seu
papel profissional na sociedade. Dessa forma, conseguiriam perceber-se
enquanto atores de transformação social, mas, também, tendo a
possibilidade de construção de respeito por si e pelo outro. Esses aspectos
configuram-se como essenciais de serem trabalhados em uma formação
que constrói com o estudante possibilidades de intervenções nos mais
variados contextos culturais, sociais e econômicos. O campo de saber
psicológico está sendo cada vez mais ampliado, no sentido de um
transcender da Psicologia de um lugar de elite e de atendimentos clínicos
clássicos, para a realização de uma clínica ampliada (BERETA, 2020).
Nesse cotejo, em relação à primeira categoria de análise de
disciplinas que contemplam a Ética, existem cursos que disponibilizam na
grade a referida disciplina; outros não. Sabemos que não é obrigatória a
existência de uma disciplina que trate dessas relações e que podem estar
sendo trabalhadas de forma transversal nas demais disciplinas. Todavia,
preocupamo-nos com o não estabelecimento de um espaço fixo (a própria
disciplina) para as reflexões provenientes das atuações profissionais, do
Código de Ética Profissional do Psicólogo e das inúmeras situações que
podem ser abordadas nessa disciplina, a fim de permitir uma visão de
mundo e de moral sendo construídas em níveis mais complexos.
As disciplinas diferem em relação ao título e, certamente, diferem
quanto aos conteúdos programáticos que serão abordados. Entretanto, tal
fato não pode ser analisado somente em termos de acesso ao nome das
disciplinas, sem considerar as ementas. Exemplificam disciplinas
95
consideradas nessa categoria: Ética; Ética na Atuação do Psicólogo; Ética
Profissional em Psicologia; Ética e Cidadania; Ética Geral; Ética Profissional;
Fundamentos da Ética; Ética e Responsabilidade Profissional; Psicodiagnóstico
e Ética Profissional; Filosofia, Ética e Cidadania; Introdução as Questões
Éticas e Normativas na Psicologia; Ética na Contemporaneidade; Filosofia e
Ética; Ética, Cidadania e Inclusão Social; Ética e Profissionalismo em
Psicologia; Ética e Psicologia; Código de Ética Profissional; Ética e Tendências
Atuais em Psicologia: Um Panorama da Profissão Hoje; Psicologia, Ética
Profissional e Práticas; Psicologia, Ética e Direitos Humanos; Bioética e Ética
Profissional; Ética Profissional e Áreas de Atuação; Pesquisa em Psicologia e
Ética Profissional; Ética e Responsabilidade Socioambiental; e Ética, Ciência
e Profissão.
Outro aspecto verificado é que algumas IES oferecem mais de uma
disciplina que contempla a questão Ética, como, por exemplo, Ética Geral
e Ética Profissional; Ética Profissional e Ética, Responsabilidade
Socioambiental e Cidadania; Ética e Ética e Profissão; e Bioética e Ética
Profissional. Assim, a Ética pode ser trabalhada, nessas disciplinas, sob
diferentes aspectos, desde a presença de fundamentos religiosos (nas
instituições educacionais confessionais/com preceitos religiosos) até a
relação dos fundamentos da ética com as práticas profissionais (em
instituições educacionais não confessionais). Disciplinas como Cidadania
e Questões Contemporâneas e Profissão do psicólogo e dilemas contemporâneos
remetem a questões, contempladas em disciplinas que abordam a Ética.
Entretanto, haveria a necessidade exposta de uma leitura das ementas
para incluí-las nesta categoria de análise.
Outro aspecto destacado é que, por vezes, uma disciplina pode
contemplar mais de uma categoria de análise, como Ética e Direitos
Humanos. Também foi possível analisar que as disciplinas de Ética não
96
são oferecidas pelo Ensino à Distância (EAD), mas sempre de forma
presencial. Podemos refletir que, embora a graduação em Psicologia seja
ofertada de forma presencial, algumas disciplinas nos cursos são ofertadas
de forma EAD. Quanto às disciplinas optativas, que na referida categoria
de análise, somente acontece em um curso, com a disciplina Filosofia, Ética
e Cidadania. Também ocorrem disciplinas que contemplam a Ética sendo
desmembradas em obrigatórias (geralmente, nos semestres iniciais do
curso) e optativas (geralmente, nos semestres finais do curso), como Ética
I e Ética II e Ética Geral e Ética Profissional. Nesse ponto de
desenvolvimento do trabalho, procedemos à investigação de se essas IES
que desmembram as disciplinas entre obrigatórias e optativas eram
instituições confessionais. Contudo, a análise dos dados mostra-nos que tal
fato acontece em apenas uma IES com fundamentos religiosos presentes,
sendo as demais instituições municipais e particulares sem preceitos
religiosos. Portanto, não podemos estabelecer que esse desmembramento
esteja relacionado somente com a divisão nas disciplinas, do trabalho com
os valores institucionais e com os fundamentos da profissão, mas, também,
com o desenvolvimento de mais práticas dos estudantes ao longo dos
cursos e a necessidade de correlacionar as questões éticas do exercício
profissional, conforme for acontecendo. Por fim, alguns cursos, embora
em sua minoria, trouxeram a disciplina de Bioética na grade curricular,
além da disciplina de Ética Profissional.
A segunda categoria de análise são as Políticas Públicas, que podem
ser entendidas como “[...] ações governamentais para realização de
objetivos socialmente relevantes e prodão de resultados ou mudanças no
mundo real” (VENTURINI, 2017, p. 1297), podendo envolver diferentes
temas, procedimentos e atores. cursos que oferecem disciplinas
relacionadas às Políticas Públicas e outros que não oferecem, sendo a
primeira situação mais frequente nas grades curriculares disponibilizadas
97
nos sites. Identificamos que as disciplinas diferem no nome que recebem e
certamente quanto aos conteúdos que abrangem em suas ementas.
Destacamos algumas das disciplinas incluídas nessa análise: Psicologia e
Políticas Públicas; Políticas Públicas, Saúde Coletiva e Psicologia Social;
Políticas Públicas, Saúde Coletiva e Psicologia Social; Psicologia e Políticas
Públicas de Assistência Social; Psicologia e Políticas Públicas em Saúde;
Políticas Públicas e Temas Transversais em Educação; Políticas Públicas e
Temas Transversais em Saúde; Políticas Públicas e Sistema Único de Saúde;
Saúde Coletiva, Políticas Públicas e Direitos Humanos; Funcionamento da
Educação Brasileira e Políticas Públicas; Desigualdades Sociais e Políticas de
Saúde no Brasil; Políticas Públicas e Modos de Subjetivação; Práticas
Psicológicas e Políticas Públicas; Políticas Públicas em Educação e Saúde;
Políticas e Estratégias em Saúde; Psicologia e a Política Pública de Assistência
Social; Psicologia e Políticas Públicas I, II; Políticas Públicas e Saúde em
Psicologia; Saúde Mental e Políticas Públicas I, II; Introdução às Políticas
Públicas de Saúde; Políticas Públicas e Movimentos Sociais; Políticas Públicas
de Saúde no Brasil; Políticas Públicas de Saúde Mental e Assistência Social;
Políticas Públicas em Sde Coletiva; Tópicos Especiais em Políticas Públicas
e Saúde Mental; e Funcionamento da Educação Brasileira e Políticas Públicas.
Nas IES, com oferta do curso de Psicologia em mais de um polo,
na maioria das vezes, oferta da mesma grade curricular. Outro ponto é
que algumas disciplinas trazem as Políticas Públicas de forma abrangente
enquanto outras são mais específicas quanto a um campo de atuação,
como, por exemplo, Psicologia e Políticas Públicas e Introdução às Políticas
Públicas de Saúde, respectivamente. Dessa forma, tais disciplinas estão,
também, sendo oferecidas de forma eletiva, a partir das necessidades e dos
interesses dos estudantes, sendo de escolha livre. Identificamos que
algumas disciplinas dessa categoria são oferecidas em EAD, inclusive as que
constam como obrigatórias na grade curricular. Outros aspecto destacado
98
é que alguns cursos apresentam mais de uma disciplina nessa categoria,
bem como da opção por disciplinas de Políticas Públicas estar relacionada
com a escolha da ênfase que o estudante cursará. A partir da análise do
título de algumas disciplinas (Política e Organização da Educação Básica no
Brasil; Políticas de Subjetividade; Psicologia e Políticas de Inclusão; Práticas
Integrativas e Complementares na Atenção Pública à Saúde), tivemos
dificuldades para identificar se estavam na categoria das Políticas Públicas,
pela não possibilidade de leitura das ementas.
A terceira categoria de análise foi definida como Direitos
Humanos. Em consulta a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
entendemos ser um
[...] ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações,
com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo
sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da
educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por
assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos
(UNICEF, 1948).
Com base no levantamento das grades curriculares de disciplinas
que contemplassem essa temática, destacamos alguns exemplos, quais
sejam: Direitos Humanos; Educação em Direitos Humanos e Identidade
Cultural; Os Direitos Humanos na Prática Profissional do Psicólogo; Saúde
Coletiva, Políticas Públicas e Direitos Humanos; Psicologia e Direitos
Humanos; Direitos Humanos e Saúde Mental no pensamento de Frantz
Fanon; Ética, Diversidade e Direitos Humanos; Saúde Coletiva, Políticas
Públicas e Direitos Humanos; Ética e Direitos Humanos; Psicologia, Direitos
99
Humanos e Sociais; Direitos Humanos, Inclusão e Diversidade; Psicologia,
Ética e Direitos Humanos; Ética Profissional e Direitos Humanos; Direitos da
Criança, do Adolescente e do Idoso; Sociologia, Antropologia Cultural e
Direitos Humanos; Ética, Direitos Humanos e Cidadania; Cidadania,
Direitos Humanos e Prática Profissional; Direitos Humanos, Cidadania e
Responsabilidade Social; Educação em Direitos Humanos e Educação das
Relações Étnico-Raciais.
Percebemos, assim como na primeira categoria, que uma mesma
disciplina pode estar contemplada em mais de uma categoria de análise,
como: Ética, Direitos Humanos e Cidadania (nas categorias de Ética e
Direitos Humanos); Saúde Coletiva, Políticas Públicas e Direitos Humanos
(nas categorias de Direitos Humanos e Políticas Públicas); Educação em
Direitos Humanos e Educação das Relações Étnico-Raciais (nas categorias de
Direitos Humanos e Políticas Afirmativas). Tivemos dúvidas se a
disciplina Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania contempla, em sua
ementa, discussões sobre os Direitos Humanos, bem como se outras
disciplinas, aqui não destacadas, podem apresentar em suas ementas e/ou
em seus conteúdos programáticos reflexões sobre a temática. Verificamos,
também, a oferta de disciplinas dessa categoria de forma optativa e
ocorrendo em EAD.
Para Almeida e Reis (2018), a educação baseada nos Direitos
Humanos promove uma ampliação de novas possibilidades na construção
de uma sociedade que seja mais consciente de suas responsabilidades, mas,
ao mesmo tempo, participativa e livre de preconceitos, em busca de
igualdade.
A última categoria analisada é em relação às Políticas Afirmativas.
Consideramos como ações afirmativas as
100
[...] políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas
pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão
socioeconômica no passado ou no presente. Trata-se de medidas que
têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas,
de gênero, de classe ou de casta, aumentando a participação de
minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego,
bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento
cultural (GEMAA, 2011, n.p.).
Segundo Venturini (2017), as discussões que envolvem política,
ação coletiva e escolhas suscitarão questões de princípio e de ordem prática,
sendo, pois, uma tentativa de avaliar as consequências possíveis da ação
com a coerência dos princípios que a baseia. Dessa forma, não são
discussões para justificar escolhas individuais ou, mesmo, valores de grupos
políticos ou culturais minoritários, mas discussões em torno de uma
política de Estado (cf. FERES JUNIOR, 2004).
Destacamos as seguintes disciplinas consideradas nessa categoria:
Diferenças, Construção Social e Constituição Subjetiva; Psicologia
Intercultural: Raça e Etnia; Introdução à Psicologia da Religião; Psicologia
Social: Intercultura e Raça/Etnia; Trabalho, Diversidade e Exclusão;
Introdução à Psicologia Indígena; Psicologia, Gêneros e Processos de
Subjetivação; Relações Étnico Raciais e Cultura; História e Cultura Afro
brasileira e Indígena; Psicologia da Diversidade; Introdução à Etnopsicologia;
Gênero, corpo e sexualidade; Diversidade; Educação das Relações Étnico-
Raciais; Relações Étnico-Raciais, Gênero e Classe em Psicologia; Psicologia,
gênero, raça e sexualidade; Educação Ambiental, Cultura Afro-Brasileira e
Indígena; História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena; Psicologia, Gêneros e
Diversidade; Introdução ao Pensamento Decolonial na Psicologia; Saúde,
Gênero e Sexualidade; Psicologia Social: Identidade e Diversidade;
101
Religiosidade e Competência Profissional I, II; Religião, Família e Sociedade;
Religiosidade e Relacionamento Intra e Interpessoal; Dinâmicas Familiares,
Gênero e Sexualidade; Cultura Religiosa; Sexualidade Humana; Diversidade
Étnico-Cultural; História e Cultura Afrodescendente; Ciência e religião;
Introdução aos Estudos sobre Colonialismo; Saúde LGBTI+: Cuidados
Interdisciplinares; Introdução aos Estudos Anticoloniais, Pós-Coloniais e
Decoloniais; e Relações Étnico Raciais no Brasil.
Tais disciplinas foram consideradas pensando nos estudos
desenvolvidos pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação
Afirmativa (GEMAA, 2011) e da Lei n. 12.288 (BRASIL, 2010), que
institui o Estatuto da Igualdade Racial. No entanto, por ser considerado
apenas o nome dado à disciplina, sem as ementas, surgiram dúvidas se
outras disciplinas da grade curricular poderiam ofertar reflexões
importantes sobre as Políticas Afirmativas, quais sejam: Psicologia das
Relações Humanas I e II; Cidade, Ethos Humano e Experiência Subjetiva no
Mundo Contemporâneo; Análise do Comportamento Aplicada:
Delineamentos Culturais; Análise Histórico-Social do Desenvolvimento
Humano; Formação Social e Cultural Brasileira; Modelos de Subjetivação nas
Culturas Moderna e Pós Moderna; Vínculos Amorosos, Conjugalidade e
Arranjos Familiares no Contemporâneo; Cultura e Sociedade; Psicologia,
Cultura e Sociedade; Grupo e Relações Sociais; Aspectos Humanos e
Socioculturais; Sociedade Contemporânea; Temas Emergentes em Psicologia;
Formação Cidadã; Análise Comportamental de Fenômenos Sociais e Práticas
Culturais; Prevenção e Promoção da Saúde no Campo da Sexualidade I, II;
Imigração, Identidades Culturais e Alimentação; Homem e Sociedade;
Antropologia: Identidade e Diversidade; Vivências Corporais da Identidade
Pessoal e Profissional; Sociedade
Brasileira e Cidadania; Indivíduo, Cultura e
Sociedade; Prática Sociais e Subjetividades; Relacionamento Amoroso:
Evolução e Cultura; Estudo do Ser Humano Contemporâneo; Fundamentos
102
do Cristianismo; Interpretação Bíblica da História; Cosmovisão Bíblico-
Cristã; Natureza, Cultura e Sociedade; Subjetividade, Corpo e Estigma;
Constituição do Humano, Políticas e Marcadores Sociais da Diferença;
Produção de Subjetividade e Contemporaneidade; Discursos Contemporâneos
sobre a Sexualidade: Saberes, Moralidades e Direitos; Etnografia,
Intersubjetividade e Pesquisa Social; Etnografia II - Leituras Dirigidas;
Tópicos em Filosofia da Diferença I; e Diferença, Diversidade e Inclusão.
As disciplinas destacadas nessa categoria vêm, em sua maioria,
sendo ofertadas como optativas, inclusive de forma on-line. Ainda,
dependendo da ênfase escolhida pelo graduando no curso de Psicologia,
terá acesso às disciplinas base desse estudo, caso contrário, não será
contemplado com essas discussões, consideradas apropriadas para o
profissional psicólogo que almejamos formar.
A partir deste trabalho, analisamos a intenção dos cursos de trazer
disciplinas que promovam essas discussões sobre ética, políticas públicas,
direitos humanos e políticas afirmativas. Esperamos, com isso, contribuir
com os próprios cursos de formação em Psicologia para que possam pensar
em disponibilizar as grades curriculares para que os futuros estudantes
possam compreender quais disciplinas são oferecidas ao longo da
graduação, bem como para que possam fazer comparações entre as grades
curriculares das IES, optando por aquela que mais comtempla o que ele
está buscando em um curso superior. Em algumas situações, o estudante
apenas terá acesso às informações de grade e de ementa das disciplinas
quando estiver matriculado no curso.
103
A Análise dos Projetos Pedagógicos
Das 157 IES e dos 226 cursos cadastrados no MEC, temos 9 IES
e 15 cursos que apresentam o PPC com acesso no site institucional. Foram
verificados dois aspectos: (a) IES que, embora apresente a graduação em
polos diferentes, tem o mesmo PPC para todos os câmpus; (b) IES que
tem cursos de Psicologia em dois polos, com Bacharelado e
Bacharelado/Licenciatura, sendo um PPC para cada polo e, por isso,
levando a análises separadas. Sumariamente, os PPC analisados são de 3
IES privadas com fins lucrativos, de 4 IES privada sem fins lucrativos, de
1 IES pública estadual e de 1 IES pública federal. Na consulta aos sites
institucionais não foi possível acesso aos PPC de IES de categoria
administrativa especial e pública municipal. Destacamos, também, que
algumas IES apresentam nos sites o tópico Projeto Pedagógico, mas trazem
somente alguns dados como os objetivos, não disponibilizando o
documento na íntegra; outras IES disponibilizam o ementário e a
bibliografia a ser utilizada nas disciplinas. Há, também, aquelas que
disponibilizam o Projeto Pedagógico Institucional ou o Plano de
Desenvolvimento Institucional, não apresentando os dados dos cursos de
forma separada.
Faz-se necessário o entendimento das denominações dessas
categorias administrativas, sendo a especial uma instituição educacional
oficial que foi criada por uma lei estadual ou municipal, existente na
data da promulgação da Constituição Federal, que não seja em sua
totalidade ou de forma predominante mantida com os recursos públicos e
consequentemente não gratuita. Uma instituição privada pode ser com fins
lucrativos, quando é mantida por ente privado e, consequentemente, vise
fins lucrativos, ou privada sem fins lucrativos, mantida, também, por ente
104
privado, mas sem fins lucrativos, podendo ser confessional ou comunitária.
Quanto às categorias públicas federal, estadual e municipal são mantidas
pelos poderes públicos Federal, Estadual, Municipal, respectivamente,
apresentando gratuidade na matrícula e nas mensalidades (BRASIL,
2021).
Com a coleta de dados documental, analisamos os PPC a partir de
quatro categorias, a saber: (i) Valores Fundamentais (objetivos;
competências; habilidades; perfil do egresso; ética e transversalidade da
ética); (ii) Reflexão Dirigida (estágios); (iii) Assunção de Responsabilidade
(monitoria; iniciação científica; grupos de estudo; projetos de extensão;
metodologia ativas); e (iv) Matriz Curricular (disciplinas que foram
destacadas neste estudo como aspectos importantes de serem abordados na
Formação em Psicologia, como Ética, Direitos Humanos, Políticas
Públicas, Políticas Afirmativas e que serão abordadas mas
detalhadamente no tópico seguinte). Apresentamos nossas análises a
seguir, juntamente com as características de cada curso que apresentou o
PPC no site institucional. Por fim, destacamos que não serão identificados
os cursos, a fim de mantermos o devido sigilo, mas todos os endereços
eletrônicos dos PPC estão referenciados, para que seja possível o acesso na
íntegra ao documento disponibilizado no site das IES para o que couber e
para o que for necessário.
O Curso 1, apresentado no Quadro 3, é ofertado em uma
instituição privada com fins lucrativos, sob jurisdição do MEC. Iniciou em
fevereiro de 2018, com 60 vagas autorizadas para o período noturno e com
carga horária mínima de 4.300 horas, de periodicidade semestral e
integralização em 10 semestres. Devido à data de início do curso não foi
possível, em 2018, a realização da prova ENADE, estando o curso sem
conceito nesta avaliação.
105
Quadro 3 - Dados do Curso 1 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional.
CURSO 1
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria Administrativa
Privada com fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
05/02/2018
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
60Período noturno
Carga Horária
4.300 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
Iniciou depois
Fonte: Da autora.
A partir da análise do PPC, podemos compreender que ele é um
projeto complementar. Portanto, abrange questões específicas da formação
do psicólogo para a docência, não do curso de Psicologia como um todo,
visando atender diplomados em Psicologia que queiram desenvolver a
prática docente no exercício de seus papéis e funções. O concluinte do
programa tem o apostilamento equivalente à licenciatura plena em seu
diploma de Psicologia, em conformidade com a Resolução CNE/CES n.
5/2011. Mesmo não trazendo aspectos globais do curso, optou-se pela
análise de tal projeto em virtude do reduzido número de PPC
disponibilizados pelas IES nos sites institucionais.
O referido projeto é datado de 2018 e apresenta em suas 37 páginas
o perfil institucional, o histórico da cidade em que se localiza, a missão da
IES, o contexto educacional, o marco regulatório do curso, a justificativa
para a existência do curso, os dados gerais do programa, a organização
curricular, os princípios metodológicos e a integração teórico-prática, o
106
sistema de avaliação, o atendimento ao discente, os programas
institucionais, a administração do curso, o corpo docente, os núcleos de
apoio, o corpo técnico de qualificação, a estrutura física para docentes, a
biblioteca e as condições de acessibilidade. A forma de acesso ao programa,
que visa à formação docente, é por meio da opção em continuar os estudos
no Curso de Psicologia, cursando 900 horas, divididas em dois semestres
letivos ou para acadêmicos diplomados em Psicologia, cursando 820
horas, também em dois semestres letivos. Está organizado nos eixos
conceitual, estrutural e integrador. O primeiro deles visa à compreensão
do processo de ensino e aprendizagem da prática escolar, considerando as
relações que se passam no seu interior, com seus participantes, e as relações
institucionais com o contexto imediato e geral, em que está inserida. As
disciplinas que fazem parte deste eixo são: Fundamentos Histórico-
Filosóficos da Educação; Fundamentos Sócio-Antropológicos da Educação;
Políticas Públicas da Educação; Psicologia no Contexto Educacional, Didática
e Libras. No Eixo Estrutural, abordam-se conteúdos curriculares, sua
organização sequencial, sua avaliação e sua integração com outras
disciplinas, os métodos adequados ao desenvolvimento do conhecimento
em pauta, bem como sua adequação ao processo de ensino-aprendizagem.
As disciplinas que compõem este eixo são: Fazer Pedagógico em Contextos
Especiais; Avaliação da Aprendizagem; Gestão do Sistema Educacional;
Tecnologias em Educação e Parâmetros, Referenciais Curriculares Nacionais
do Ensino Fundamental e dio; e História e Cultura Afro Brasileira e
Indígena. o Eixo Integrador está centrado nos problemas concretos
enfrentados pelos estudantes na prática de ensino, com vistas ao
planejamento e à reorganização do trabalho escolar, discutidos a partir de
diferentes perspectivas teóricas, por meio de projetos multidisciplinares,
com a participação articulada dos professores das várias disciplinas do
curso. As disciplinas que fazem parte deste terceiro eixo são: o Estágio
107
Supervisionado, em sua composição diagnóstica (observação), prática
(projeto de ensino, aulas e material didático) e de resultados (relatório final
de práxis pedagógica).
Quanto à integração Teórico-Prática, o curso enfatiza à
participação e à interação professor-aluno e à relação da teoria com a
prática, procurando utilizar as mais variadas técnicas de ensino. Busca
sempre a utilização da experiência prática de cada docente e sua vivência
profissional, articulada com o conhecimento, com a experiência e com o
cotidiano profissional do estudante. Assim, as atividades serão sempre
direcionadas e conduzidas para que o discente, em suas manifestações e
intervenções críticas, estabeleça paralelos entre a prática e os aspectos
teóricos que a fundamentam, em um processo contínuo e sistemático de
articulação entre uma e outra. Essa articulação possibilitará ao estudante
perceber os elos existentes entre as experiências práticas e seu balizamento
numa abordagem teórica.
Na análise das categorias propostas, compreendemos que, na
primeira delas, Valores Fundamentais, as políticas institucionais valorizam
a visão sistêmica do egresso, possuindo uma diretriz que combina o
desenvolvimento técnico e humanístico do estudante. Assim, o programa
pedagógico do curso mostra-se comprometido em seus valores com a
formação ética do estudante e seu envolvimento crítico e interventivo nas
problemáticas sociais. O curso apresenta como objetivos a capacitação e o
incentivo dos estudantes para a prática pedagógica, a partir de uma
metodologia dialética que visa desenvolver o espírito crítico analítico dos
graduandos, salientando uma postura científica humanista.
A citação da transversalidade ocorre, unicamente, dentro dos
objetivos gerais do curso, não sendo mais citada ao longo do projeto.
Através dela, a instituição salienta a meta de formar uma rede complexa
108
interdepende e transversal. Visa à estimulação cultural e desenvolvimento
crítico-científico e colaboração com a formação contínua dos estudantes
(através da oferta de projetos de extensão e de cursos de pós-graduação).
Em relação à interdisciplinaridade, é operacionalizada em
procedimentos teóricos e metodológicos que implicam a integração de
conteúdos e de atividades das diferentes disciplinas que compõem a matriz
curricular do curso. Permitirá, assim, conceber o conhecimento como
unidade na formação, superando as divisões entre elas, entre teoria e
prática, entre ensino e iniciação científica, considerando-as, a partir da
contribuição das ciências, diferentes leituras de que o processo de
aprendizagem não se limita aos conteúdos propostos. A matriz curricular
organiza-se, com isso, em razão de um plano de etapas de formação
intelectual. Uma estratégia para isso pode ser a elaboração de projetos de
ensino com o fim de articular disciplinas umas com as outras, em razão de
afinidades de conteúdos e de pontos de continuidade. A proposição deve
ocorrer em dois sentidos: horizontal e vertical. Este envolve disciplinas em
sequência de períodos, enquanto, aquele, disciplinas diferentes em um
mesmo período. Outra forma adotada para a implementação
interdisciplinar foi a utilização do diálogo e a problematização dos
conhecimentos, segundo o contexto de realidade em que está inserido,
trabalhando o desenvolvimento de capacidades analítico críticas no
estudante.
O perfil do egresso, assumido pelo curso, é o de educador com
comprometimento social. Assim, visa-se que o egresso seja capaz de
articular os conteúdos teórico-práticos, promovendo integração com
outras disciplinas e com métodos de ensino e aprendizagem, visando, para
além da qualidade de ensino, à postura ativo crítica, no respeito à
109
diversidade e ao comprometimento social. O professor ocupa um lugar de
orientador e de problematizador na relação de ensino aprendizado.
Na Reflexão Dirigida, segunda categoria de análise, salientamos o
papel do eixo articulador do curso, elaborado segundo três eixos
estruturantes (Eixo Contextual; Eixo Estrutural; Eixo Integrador). O Eixo
Articulador está presente desde o início do processo formativo, oferecendo
um espaço para os docentes de desenvolvimento de atividades para a
articulação dos conteúdos e reflexão. São desenvolvidas atividades como
aulas de laboratório, produções de estudantes, situações simuladas, estudo
de casos, registro de observações realizadas, resolução de situações-
problema, análise de filmes, de softwares educativos, realização de
pesquisas sobre temas correlatos e apresentação dos resultados, entre
outras, podendo ocorrer dentro ou fora da IES. O professor, nessas
atividades, ocupa o papel de facilitador na construção do aprendizado.
Ainda nesse tópico de análise, é possível citar as práticas de Estágio
Supervisionado, cuja finalidade é articular teoria e prática, para a formação
do graduando. Dessa forma, as práticas de estágio complementam o
conteúdo do processo de ensino e aprendizagem, por meio de atividades
planejadas, executadas, supervisionadas e avaliadas, a fim de assegurar aos
discentes o contato com situações de treinamento prático. O Estágio
Curricular Supervisionado faz parte, também, do eixo integrador do curso
e, ao pesquisarmos o termo estágio, houve poucas correspondências. O
projeto não se debruça sobre as atividades desempenhadas, apenas o
sinaliza na grade, apontando os objetivos.
No que se refere à terceira categoria de análise, Assunção de
Responsabilidade, o curso busca a articulação entre o ensino e a iniciação
científica, bem como a integração e o envolvimento no contexto social o
qual está inserido. Para isso, oferece diversos projetos de extensão e
110
atividades complementares. A extensão universitária é o processo educativo
e científico que busca a articulação entre o ensino e a iniciação científica,
viabilizando a relação integradora e transformadora entre a IES e a
sociedade. Assim, são objetivos da Extensão (i) otimizar as relações entre
sociedade e a Faculdade; (ii) democratizar o acesso ao conhecimento; (iii)
articular ensino e iniciação científica com as demandas sociais e culturais
da população; e (iv) preservar e valorizar a cultura e o conhecimento,
respeitando a diversidade cultural.
A instituição subdivide as modalidades de Extensão em Projetos,
ações extensionistas inter-relacionadas e de maior amplitude, envolvendo
atividades interdisciplinares eventuais ou permanentes; Cursos, incluindo
cursos de Especialização e Aperfeiçoamento; Eventos, por meio da
organização, da promoção ou da apresentação (em congressos, semanas
acadêmicas, seminários, feiras, tecnológicos, fóruns e similares); Serviços,
com atendimentos diversos, voltados diretamente para a comunidade; ou,
a participação em tarefas profissionais fundamentadas em habilidades e
conhecimentos do curso; Assessorias/Consultorias, como, por exemplo,
acompanhamento e parecer a órgãos públicos e comunidades no domínio
da instituição; além de Produções Diversas, como estudos, intercâmbio,
confecção de vídeo, filmes e materiais educativos e culturais, protótipos,
inventos e similares. As áreas temáticas de Extensão (Saúde; Educação;
Superior Tecnológica; Desenvolvimento Sustentável; Cultura;
Comunicação; Ecologia e Meio Ambiente e Cidadania) obedecem a uma
carga horária compreendida entre 40 e 120 horas, distribuídas semestral
ou anualmente.
As Atividades Complementares ofertadas compõem atividades de
natureza acadêmica, científica e cultural realizadas a partir do primeiro
semestre de ingresso do estudante no curso, compreendidas nos programas
111
das disciplinas que integram o currículo visando de contribuir para a
formação acadêmica. Os objetivos específicos das Atividades
Complementares são os de flexibilizar o currículo, possibilitando o
aprofundamento temático e interdisciplinar. As atividades
complementares oferecidas pelo curso são: Disciplinas extracurriculares;
Projetos e Programas de Pesquisa ou Iniciação Científica; Projetos e
Programas de Extensão; Monitorias (desempenhadas por estudantes
regularmente matriculados, visando incentivá-los para a Carreira
Docente); atividades diversas (seminários, simpósios, congressos,
convenções, palestras, conferências, debates, aulas inaugurais ou eventos
de estruturação análoga e participação em órgãos deliberativos da
instituição).
Foram realizadas buscas no projeto pelos termos metodologia ativa
e grupos de estudo, mas não foram encontrados. Também, não são
apresentadas todas as disciplinas específicas do curso de Psicologia
seguindo a lógica de semestres, somente a partir de eixos (conceitual,
estrutural e integrador), discutidos anteriormente.
Na quarta categoria de análise, Matriz Curricular, por ser um
projeto pedagógico complementar não verificamos a disciplina de Ética
Profissional na estrutura curricular, mas que pode estar sendo contemplada
transversalmente pelas disciplinas ofertadas nos eixos, bem como a
temática dos Direitos Humanos a partir das disciplinas Fazer Pedagógico
em Contextos Especiais e Libras. Quanto às Políticas Públicas, verificamos a
desenvolvimento da disciplina Políticas Públicas na Educação e a
possibilidade de ampliação do trabalho psicológico, para além da Psicologia
Clínica, nas práticas de Estágio Supervisionado. Em relação às Políticas
Afirmativas, destacamos a disciplina História e Cultura Afro Brasileira e
Indígena.
112
O Curso 2 de Psicologia, descrito no Quadro 4, está em uma IES
privada com fins lucrativos, sob jurisdição do MEC. Teve seu início em
janeiro de 2014, oferecendo o grau de Bacharelado, com 200 vagas
autorizadas, nos períodos matutino e noturno, com carga horária de 4.136
horas, de periodicidade semestral e integralização em 10 semestres, tendo
o conceito 2, no ENADE de 2018.
Quadro 4 - Dados do Curso 2 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 2
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria
Administrativa
Privada com fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
31/01/2014
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
200 100 no período matutino e 100 no período noturno
Carga Horária
4.136 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
2
Fonte: Da autora.
O PPC disponibilizado está estruturado em 11 páginas e permite
a compreensão do perfil do egresso, das diferenciais do curso, da
responsabilidade social, a partir de uma justificativa da necessidade do
curso, dos critérios de avaliação, da relação com o mercado de trabalho, da
coordenação do curso, da matriz curricular, da infraestrutura, dos projetos
de extensão e estágios. A partir da análise do PPC, é possível compreender
que o Curso busca uma formação generalista, através uma visão ampla do
113
mundo, ao mesmo tempo que apresenta uma formação particularizada,
bem como com conhecimentos específicos que o torne capaz de atuar na
área da Psicologia de modo a elaborar, a implantar e a implementar
projetos na área.
O Curso promove a capacitação do profissional para a intervenção
em instituições de saúde (hospitais, centros de saúde, ambulatórios de
saúde mental, hospitais dia, clínicas psicológicas etc.), organizacionais, na
perspectiva das condições e das relações de trabalho e do meio ambiente,
desenvolvendo, para isso, habilidades para o diagnóstico, para o
tratamento clínico, para a assessoria, para a orientação e para o
planejamento de intervenções cientificamente embasadas em diferentes
espaços e contextos institucionais. Assim, oferece estágio curricular com
ampla integração à prática profissional, à pesquisa, à iniciação científica e
à extensão.
A responsabilidade social possibilita uma atitude de
comprometimento com relação ao meio ambiente e à sociedade. A
transferência de conhecimento por meio de ações universitárias e o
impacto das atividades científicas, técnicas e culturais voltadas ao
desenvolvimento regional, à democracia, à promoção da cidadania, à
atenção aos setores sociais excluídos, às políticas de ações afirmativas, todos
constituem importantes mecanismos de aproximação da IES com a
sociedade, possibilitando a inclusão e o desenvolvimento técnico e
científico dos acadêmicos da Instituição.
Na análise da primeira categoria, Valores Fundamentais, o PPC
busca a formação integral do estudante por meio de uma articulação entre
o ensino, a pesquisa e a extensão, levando à construção do perfil
pretendido, estimulando a realização de experimentos e/ou projetos de
pesquisa; socializando o conhecimento produzido. Nesse contexto, a
114
investigação é o eixo que retroalimenta a formação acadêmica e a prática
do psicólogo, formado para exercer a cidadania e a participação plena na
sociedade.
A partir das discrições do curso sobre o fazer psicológico, observa-
se a valorização da Psicologia Crítica, uma Psicologia posicionada,
integrada e participativa socialmente. Assim, o curso traz como objetivos a
capacitação dos estudantes para uma atuação ética e eficaz nos diversos
campos de atuação da Psicologia. Também, objetiva inserir e incentivar os
estudantes a atuação acadêmica, por meio de atividades de pesquisa básica
e aplicada e possibilidade de elaboração de conteúdos científicos,
contribuindo, ainda enquanto estudantes, para o desenvolvimento
científico da Psicologia. O curso visa, também, por meio das atividades
extracurriculares, conscientizar o estudante da necessidade da formação
contínua.
O perfil do egresso do curso retrata uma formação profissional
generalista e específica concomitantemente, visando ao desenvolvimento
de conhecimentos que capacite o egresso a implantar e implementar
projetos na área.
De acordo com o PPC, o Curso estrutura-se visando à promoção
de ensino em um vel de integração e de coerência interna entre as
diversas disciplinas, através da multi, da inter e da transdisciplinaridade.
Todavia, ao ser realizada a busca pelo termo transversalidade da ética, essa
não foi abordada ao longo do projeto. Nesse sentido, o curso adota
métodos e técnicas científicas, aos critérios de produção e de avaliação do
conhecimento, à análise crítica dos conhecimentos produzidos e a suas
aplicações. O curso visa, além da formação acadêmica, uma a formação
ética e social dos egressos, pautando-se em referenciais éticos, para
desenvolver um comprometimento social dos estudantes. Assim, o curso
115
considera as especificidades no contexto regional na compreensão dos
fenômenos e produção de conhecimento.
Na categoria segunda categoria de análise, Reflexão Dirigida, o
Estágio Supervisionado Básico contempla práticas integrativas para o
desenvolvimento das competências e habilidades previstas no Núcleo
Comum do Curso. O projeto expõe como fundamental que o discente
tenha a experiência de observação e de acompanhamento de ações
desenvolvidas por profissionais da área de Psicologia no atendimento a
pessoas ou a grupos, além da possibilidade de estudo de casos e de
observação que lhes permitirá, não analisar decisões técnicas, como,
também, identificar necessidades de natureza psicológica, conviver com os
profissionais de sua área e aprender vicariamente a proceder a intervenções,
realizar diagnósticos diferenciais em equipe e em escolher instrumentos e
estratégias de ação de maneira coerente com os referenciais teóricos e as
características da população alvo.
No Estágio, será oportunizado ao aluno desenvolver a habilidade
de identificar demandas de trabalho e de pensar em formas de intervenção
(desenvolvimento de pequenos projetos interventivos segundo a
possibilidade do campo e orientação do supervisor). Para tanto, subsidia-
se nos referenciais teóricos com os quais teve contato no núcleo comum de
sua formação. O Estágio Supervisionado ocorre nos 6º, e períodos
do curso, subdivididos em Estágio Supervisionado Básico I (100h), Estágio
Supervisionado Básico II (100h) e Estágio Supervisionado Básico III
(100h). Os Estágios Supervisionados Específicos visam capacitar os alunos
para o máximo de modalidades e de práticas profissionais possíveis. São
previstas 350 horas de estágio, desenvolvidas no e 1 período. O
estágio desenvolve em áreas específicas, de acordo com a escolha da ênfase
do aluno. No final do oitavo período, o estudante escolhe uma das duas
116
ênfases propostas pelo Curso: em processos de gestão ou em processos
clínicos.
Na ênfase em Processos Clínicos, o estágio e a prática caracterizam-
se por diagnóstico e por atendimento psicoterápico, bem como palestras e
reuniões grupais sistemáticas com o paciente, os familiares e os(as)
cuidadores(as), objetivando estimular o acesso da população envolvida à
qualidade de vida no sentido pleno do termo. O estágio caracteriza-se pelo
atendimento psicoterápico, compreendendo práticas realizadas em locais
conveniados com a IES (Rede Municipal e Estadual de Saúde), bem como
em suas próprias instalações, oferecendo serviço de atendimento clínico à
comunidade. A ênfase em Processos de Gestão promove o estágio em
organizações conveniadas, nas diversas áreas que compõem o leque das
ações do psicólogo organizacional e do trabalho e envolve ações em espaços
diversos como: ONGs, escolas, locais conveniados com a IES (Rede
Municipal e Estadual de Saúde) e empresas ligadas à Associação Comercial,
dentre outras.
Na Assunção de Responsabilidade, terceira categoria de análise,
destacamos o estímulo do curso para a articulação entre a teoria e a prática,
a partir dos projetos desenvolvidos nos Estágios Supervisionados, nos
Laboratórios, nos Programas de Extensão Universitária e nos Seminários
Interdisciplinares. Ademais, o Curso possibilita, também, a realização de
projetos de consultoria, de intervenção e de melhoria de desempenho. Os
programas de extensão do curso acontecem por meio do Programa Semana
de Integração Alunos, do de Apoio ao Desenvolvimento do Estudante, do
Institucional de Nivelamento, da Feira do Vestibular, do de Atendimento
nas Clínicas Integradas, do Adote uma Aldeia, do de Orientação
Profissional, do Dia da Responsabilidade Social do Ensino Superior
Particular, do Encontro Institucional de Integração de Representantes de
117
Classe, do Fórum de Integração, do Congresso Científico, da
CINEPSICO (mesa redonda realizada após a exibição de filmes, uma
reflexão dos alunos do curso sobre a relação entre a fundamentação teórica
necessária para a sua formação e suas implicações em sua prática
profissional, bem como contribuir com a aprendizagem de fundamentos e
técnicas de atuação a serem aplicadas nas múltiplas áreas da Psicologia), da
Simpósio de Psicologia (Semana de cursos e palestras nas diversas áreas e
conhecimentos da Psicologia, com objetivo de proporcionar um espaço de
reflexão e de novas propostas diante as contribuições da Psicologia). Foram
realizadas buscas por grupos de estudo, de monitoria e de metodologias
ativas. Constatamos, também, que não houve a menção de nenhuma
destas no projeto.
Quanto à Matriz Curricular, quarta categoria de análise, está
dividida em Disciplinas Presenciais (3.040h), Disciplinas Optativas
(2533h), Disciplinas EAD (640h, sendo até 20% das disciplinas nesta
modalidade, conforme Portaria n. 1.428/2018, Estágio Supervisionado
(650h), Trabalho de Conclusão de Curso (80h) e Atividades
Complementares (200h). A grade curricular é dividida entre o núcleo
básico e em núcleos específicos. Segundo os interesses do estudo,
salientamos as disciplinas de Educação das Relações Étnico-Raciais (2°
período/Núcleo Básico), Direitos Humanos (4° período/Núcleo Básico),
Ética e Responsabilidade Profissional (8° período/Núcleo Básico), Ética e
Responsabilidade Social nas Organizações (9° período/ênfase em Psicologia
e Processos de Gestão), Gestão da Saúde Pública (9° período/ênfase em
Psicologia e Processos de Gestão). Ao optar pela ênfase em Psicologia e
Processos clínicos a partir no nono semestre, o estudante não terá mais
nenhuma disciplina relacionada à Ética, aos Direitos Humanos, às
Políticas Públicas ou às Políticas Afirmativas.
118
A seguir, apesentamos o Curso 3, descrito no Quadro 5.
Quadro 5 - Dados do Curso 3 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 3
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
Não iniciou
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
180não discrimina o período
Carga Horária
4.146 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
Não iniciou
Fonte: Da autora.
O Curso 3 está em uma IES privada sem fins lucrativos,
jurisdicionada pelo MEC, mas que não iniciou o funcionamento do curso
na data de coleta de dados e, por essa razão, não apresenta conceito
ENADE no ano de 2018. 180 vagas autorizadas, para Bacharelado,
com carga horária de 4.146 horas, com integralização em 10 semestres.
Com 114 páginas e datado de 2018, o PPC e apresenta como conteúdo a
dimensão institucional, a organização do curso, o corpo docente, a
infraestrutura e a autoavaliação institucional. Em relação à análise dos
Valores Fundamentais, o objetivo geral do curso é assegurar uma formação
básica e consistente aos estudantes, no que se refere ao conhecimento de
processos psicológicos fundamentais; de métodos e de técnicas envolvidas
na investigação e na prática profissional do psicólogo; e de diferentes
abordagens teórico-metodológicos coexistentes no atual momento de
119
construção do conhecimento psicológico. Busca-se, entretanto, que a
apropriação desses conhecimentos esteja implicada com um
posicionamento crítico e reflexivo sobre o saber científico e comprometido
com a transformação social e discernimento ético no trato de questões
relativas a pessoas e à coletividade.
Dessa forma, o perfil do egresso está, intrinsecamente, vinculado à
filosofia definida pela IES no seu projeto educacional mais amplo. O
objetivo do curso é formar os egressos dentro das competências básicas da
profissão, segundo diferentes referenciais teórico-metodológicos. Espera-
se, com isso, que esse conhecimento se desenvolva a partir de processos de
construção crítico-analítica, preparando o estudante para os desafios e para
as transformações sociais, bem como da própria profissão. Assim, é
esperado do graduando o desenvolvimento de competências de
investigação, de análise, de avaliação, de prevenção e de atuação em
processos psicológicos e psicossociais e na promoção da qualidade de vida,
expressos da seguinte forma.
a) Competências em análise/investigação: analisar o campo de atuação
profissional e seus desafios contemporâneos; analisar o contexto em
que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e
organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus
agentes sociais; avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva,
comportamental e afetiva, em diferentes contextos; identificar, definir
e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia,
vinculando-as a decisões metodológicas quanto à escolha, coleta, e
análise de dados em projetos de pesquisa;
120
b) Competências de avaliação: identificar e analisar necessidades de
natureza psicológica, diagnosticar, elaborar projetos, planejar e agir de
forma coerente com referenciais teóricos e características da população-
alvo; escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de
dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinência; realizar
diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos, de
grupos e de organizações;
c) Competências de intervenção: coordenar e manejar processos
grupais, considerando as diferenças individuais e socioculturais dos
seus membros; atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a
compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o
recomendar; relacionar-se com o outro de modo a propiciar o
desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação
profissional; realizar orientação, aconselhamento psicológico e
psicoterapia; elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e
outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação;
saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação
profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática
profissional; apresentar trabalhos e discutir ideias em público;
d) Competências de prevenção: atuar profissionalmente, em diferentes
níveis de ação, de caráter preventivo o terapêutico, considerando as
características das situações e dos problemas específicos com os quais
se depara.
121
Essas competências devem apoiar-se nas habilidades dos estudantes
(i) de levantar informação bibliográfica em indexadores (periódicos, livros,
manuais técnicos e outras fontes especializadas através de meios
convencionais e eletrônicos); (ii) de ler e de interpretar comunicações
científicas e relatórios na área da Psicologia; (iii) de utilizar o método
experimental, de observação e outros métodos de investigação científica;
(iv) de planejar e de realizar várias formas de entrevistas com diferentes
finalidades e em diferentes contextos; (v) de descrever, de analisar e de
interpretar manifestações verbais e não verbais; (vi) de utilizar os recursos
da matemática, da estatística e da informática para a análise, para a
apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em
Psicologia.
As ênfases para o curso são (i) Psicologia e Processos de Gestão; e
(ii) Psicologia e Processos de Prevenção e Promoção da Saúde. A primeira
implica em competências referentes ao uso e ao desenvolvimento de
diferentes recursos, estratégias e instrumentos de observação e avaliação
úteis para a atuação em Psicologia Organizacional e do Trabalho em
diversos domínios e veis de ação profissional, inclusive em contextos
sociais e institucionais. a ênfase Psicologia e Processos de Prevenção e
Promoção da Saúde possibilita o desenvolvimento de competências que
possam garantir ações de caráter preventivo, em nível individual e coletivo,
voltadas para a capacitação de indivíduos, de grupos, de instituições e de
comunidades para protegerem e para promoverem a saúde e a qualidade
de vida, em diferentes contextos em que tais ações possam ser demandadas.
A instituição valoriza a ética enquanto análise crítica do contexto e
envolvimento social. Assim, a ética é trabalhada em duas disciplinas, uma
no início da graduação, na modalidade EAD, e outra ao fim da graduação,
122
de forma presencial. Foi realizada uma busca pelo termo transversalidade
da ética, sem, contudo, obtermos resultados.
Os currículos são construídos para o desenvolvimento de
competências, estruturando-se em módulos e trazendo a presença de
Projetos Interdisciplinares, com a aplicação do princípio de que a matriz
curricular é apenas um dos componentes do currículo de um curso, mas,
também, integrado por atividades complementares, estágios
supervisionados e demais componentes curriculares.
O curso desenvolve atividades de tutoria, pois terá 5 disciplinas que
serão ministradas a distância, de forma on-line e são elas: Língua
Portuguesa; Introdução à Pesquisa Científica; Educação Ambiental; Cultura
Afrobrasileira e Indígena; e Empreendedorismo. Cada uma dessas disciplinas
tem 88 horas, totalizando 440 horas, o que representa 10% da carga
horária total do curso (4.146 horas). Os professores responsáveis por cada
disciplina montam o conteúdo, complementam com material de domínio
público e desenvolvem material. Os tutores fazem a mediação pedagógica
com os estudantes ao longo do semestre, alertando para os prazos e para as
tarefas, além de mediarem alguns runs, entrando em contato com os
docentes para dúvidas muito específicas das disciplinas.
Os docentes devem levar em consideração que os conhecimentos
são recursos para serem instrumentalizados e sistematizados, não pacotes
fechados, fragmentados e linearizados. Desenvolver competências nos
estudantes, ao invés de meramente transmitir conhecimentos e conteúdos,
alterando as metodologias de ensino e aprendizagem. As fontes de
informação são muitas e variadas e não residem, exclusivamente, no
docente, exigindo dele um outro tipo de mediação para dirigir o processo
de ensino e aprendizagem. Isso, pois, a adoção desse tipo de currículo
reposiciona os conhecimentos e o conteúdo como recursos (ao invés de
123
serem um fim em si mesmos), exigindo que o professor assuma a tarefa de
mediação do processo de formação, participando de processos e/ou
projetos de pesquisa ou de aplicação dos conhecimentos, como os que são
desenvolvidos nos Projetos Interdisciplinares.
Na categoria de Reflexão Dirigida, observamos que os estágios se
articulam a outras áreas do conhecimento para além da integração teórica
e prática, buscando habilitar o profissional a atuação multi e
interdisciplinar. Dentro das práticas de estágio, os alunos são incentivados
à produção científica, por meio da elaboração dos relatórios. Apesar da
quantidade de áreas ofertadas para a experiência de estágios, é oferecido,
nos estágios básicos, o campo educacional, não havendo essa possibilidade
nos estágios de intervenção. os estágios de gestão são ofertados na
modalidade interventiva, não constando como possibilidade dos estágios
básicos. Analisamos tal fenômeno de duas maneiras: primeiramente, como
uma possível tentativa da coordenadoria do curso de diversificar as
experiências de estágio, sendo, também, observada como uma
incompletude na continuidade das vivências de estágio.
Os estágios ocorrem nas áreas Social, Saúde, Escolar (estágios
supervisionados básicos), Psicologia Organizacional, Psicologia nas
Organizações, Psicologia Clínica e Processos Clínicos (estágios
supervisionados interventivos). Nos estágios sicos, Social e Saúde, busca-
se abordar a atuação do psicólogo no contexto da comunidade, sendo
abordados (i) questões éticas e legais no exercício da profissão; (ii) áreas de
intervenção profissional; (iii) articulação com outras áreas de produção do
conhecimento e de atuação profissional; (iv) desenvolvimento de projetos;
e (v) elaboração de relatórios científicos. Tais estágios buscam completar a
formação profissional por meio do desenvolvimento de habilidades
124
teórico-práticas, com visão crítica e postura ética, compreendendo a
comunidade, as organizações e os grupos.
O estágio básico na área Escolar foca a formação e a atuação do
psicólogo no contexto educacional, abordando (i) questões éticas no
exercício da profissão; (ii) áreas de intervenção profissional; (iii)
desenvolvimento de projetos para orientação de pais, professores, alunos e
instituições; e (iv) elaboração de relatórios científicos. Visa à formação do
profissional de Psicologia, habilitando-o para uma atuação
multiprofissional, além de proporcionar uma efetiva integração entre
teoria e prática, estabelecendo uma atuação interdisciplinar, que assegura
uma postura científica, crítica e ética, priorizando um compromisso com
as demandas sociais.
Na Psicologia Organizacional e Psicologia nas Organizações, a
atuação do psicólogo ocorre nas organizações e no coletivo dos
trabalhadores. Trata-se de contexto do psicólogo na empresa, no hospital,
no sindicato, em associações não governamentais e em outras organizações.
Nesses estágios são abordados (i) perspectiva institucional da psicologia;
(ii) visão multidisciplinar de atuação do psicólogo; (iii) elaboração de
Relatórios Científicos. Esta etapa do estágio objetiva contatar diretamente
as organizações de trabalho, diagnosticando as necessidades e as
possibilidades de intervenção. O estágio em Psicologia Clínica e Processos
Clínicos será desenvolvido na Clínica Psicológica, proporcionando aos
futuros psicólogos uma integração teórica e prática, por meio de
atendimentos oferecidos à comunidade da região.
Na categoria de análise, Assunção de Responsabilidade,
observamos que o curso oferece atividades de monitoria, de grupos de
estudo e de iniciação científica (destinada aos estudantes de graduação e
tem por objetivo promover o desenvolvimento da pesquisa, bem como
125
propiciar aos discentes uma visão mais abrangente do significado e
implicações dos estudos que realizam). A extensão é ofertada através de
cursos (aperfeiçoamento profissional, atualização científica e
especialização), de eventos (Simpósio Científico, encontros e palestras) e
de serviços desenvolvidos em benefício da população (projetos de
extensão). menção a projetos desenvolvidos pela instituição como:
projetos de marketing, recursos humanos, pedagogia, e educação física. O
projeto apresenta quatro citações a “metodologias ativas”, segundo, através
da qual visa a significação do aprendizado e mudança na metodologia
utilizado no processo-ensino-aprendizagem.
Para que os docentes sejam capazes de conduzir bem esse processo,
institui-se, em 2016, um Programa Interno de Capacitação Docente
intitulado Academia de Educadores (agora rebatizado de CIA, Centro de
Inovação Acadêmica), que vem atuando de forma contínua, envolvendo a
cada semestre um número maior de docentes. O programa tem atualmente
3 frentes de trabalho, a saber: (i) capacitar os docentes para o uso adequado
de metodologias ativas de ensino e aprendizagem, especialmente a sala de
aula invertida, peer instruction, o estudo de casos e o ensino baseado em
projetos; (ii) capacitar os docentes para o uso de tecnologia em sala de aula
e fora dela, especialmente como suporte para as metodologias ativas; e (iii)
capacitar os docentes para construção de bons instrumentos de avaliação,
coerentes com as metodologias adotadas e com os objetivos de
aprendizagem elencados nos planos de ensino, ou seja, as competências
que almejamos desenvolver.
O PPC pre a realização de um Trabalho de Conclusão de Curso.
As pesquisas desenvolvem-se durante o curso e, especialmente, quando
forem ofertadas as atividades voltadas ao TCC, além das pesquisas
126
docentes desenvolvidas a partir das linhas de pesquisa a serem montadas
relacionadas ao curso e às existentes na instituição.
Cada um dos 10 semestres do curso compõe um módulo. Para
tanto, na Matriz Curricular (quarta categoria de análise) entendemos que
essa está organizada de acordo com o arcabouço legal educacional emanado
pelo MEC e suas autarquias e em consonância com o que preconiza a
Portaria n. 2.117/2019, que dispõe sobre a oferta de carga horária na
modalidade à distância (EAD) em cursos de graduação presenciais
ofertados por instituições de educação superior.
Na análise da matriz curricular do curso, as disciplinas de Ética e
Sociedade Contemporânea (2° semestre/EAD/88h), Educação Ambiental,
Cultura Afro-Brasileira e Indígena (3° semestre/EAD/88h), Saúde e Políticas
Públicas (4° semestre/EAD/88h) são ofertadas na modalidade EAD, ao
passo que a disciplina Psicodiagnóstico e Ética Profissional (7°semestre/
presencial/66h) é ofertada presencialmente. Notamos que a maioria das
disciplinas são ofertadas na modalidades EAD, o que impossibilitaria um
maior controle de variáveis para garantir o envolvimento do estudante na
discussão e no aprendizado. Consideramos, ainda, o fato de o projeto não
abordar a metodologia adotada no ensino remoto. Por fim, cumpre
destacar que o PPC traz as ementas e as bibliografias básicas e
complementares de cada disciplina. Os Quadros de 6 a 10 referem-se a
cursos diferentes e em polos diferentes, mas vinculados a uma mesma IES,
privada sem fins lucrativos, sob jurisdição do MEC.
127
Quadro 6 - Dados do Curso 4 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 4
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
06/02/2006
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
8040 no período matutino e 40 no período noturno
Carga Horária
4.040 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
1
Fonte: Da autora.
Quadro 7 - Dados do Curso 5 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 5
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
09/02/1970
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
120período noturno
Carga Horária
4.040 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
2
Fonte: Da autora.
128
Quadro 8 - Dados do Curso 6 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 6
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria
Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de
funcionamento
09/02/1970
Grau
Licenciatura
Vagas Autorizadas
Não tem discriminado o quantitativo de vagas e nem o
período
Carga Horária
3.608 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
6 semestres
Conceito ENADE 2018
Não tem o dado
Conceito ENADE 2009
3
Fonte: Da autora.
Quadro 9 - Dados do Curso 7 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 7
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
04/08/2014
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
8040 no período matutino e 40 no período noturno
Carga Horária
4.040 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
Iniciou depois
Fonte: Da autora.
129
Quadro 10 - Dados do Curso 8 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 8
Organização Acadêmica
Centro Universitário
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
Não iniciado
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
65não informa o período
Carga Horária
4.440 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
Não iniciou
Fonte: Da autora.
O Curso 4 teve início de funcionamento em fevereiro de 2006,
com 80 vagas autorizadas nos períodos matutino e noturno. Nele, é
conferido o grau de Bacharelado, em uma integralização de 10 semestres,
com o cumprimento da carga horária mínima de 4.040 horas, sendo o
conceito 1 do ENADE 2018. No que diz respeito ao Curso 5, com
funcionamento a partir de fevereiro de 1970, tem 120 vagas autorizadas
para o período noturno, grau de bacharelado, 4.040 horas, 10 semestres e
conceito 2 ENADE 2018. De Licenciatura, o Curso 6 também iniciou em
fevereiro de 1970, com 3.608 h de carga horária e integralização de 6
semestres. O Curso não apresenta o quantitativo de vagas autorizadas,
trazendo somente conceito do ENADE de 2009, 3. No Curso 7, cujo
início foi em agosto de 2014, 80 vagas autorizadas para os períodos
matutino e noturno, carga horária de 4.040 horas, integralização 10
semestres, grau de bacharelado e sem conceito ENADE 2018, devido ao
período de início não contemplar a possibilidade de participação ainda dos
concluintes. Por fim, o Curso 8 que não iniciou suas atividades e, portanto,
130
não apresenta conceito ENADE 2018, tem 65 vagas autorizadas, carga
horária de 4.440 horas, integralização em 10 semestres e grau de
bacharelado.
O PPC apresentado nos sites dos diferentes polos institucionais é
o mesmo para os cinco cursos de Psicologia da IES, embora venha descrito
em suas páginas iniciais que é de um determinado polo. Datado de 2018
e estruturado em 382 páginas, apresenta os tópicos: instituição, curso de
Psicologia, corpo docente e pessoalcnico-administrativo, infraestrutura,
atendimento ao estudante, políticas de avaliação e anexos. A referida IES
apresenta que a Educação Superior é uma vocação de seus idealizadores e,
por meio dos princípios éticos e cristãos, tem por missão contribuir para a
formação integral de cidadãos, através da produção e difusão do
conhecimento e da cultura, em um contexto de pluralidade. Os conceitos
do referido curso apresentado no PPC, no ENADE de 2009, 2012 e 2015
foi 3.
Segundo dados do projeto, o curso de Psicologia de um dos polos
foi o segundo curso a funcionar no interior do estado de São Paulo e o
primeiro em uma determinada região administrativa do estado,
completando mais de 48 anos de existência. A criação do curso de
Psicologia resulta de um longo processo, que iniciou em 1954 com a
instalação do Laboratório de Psicologia. Em 1962, foi criada a
especificidade de Psicologia da Educação no curso de Pedagogia e, em
1965, cria-se uma especificidade de Psicologia no curso de Filosofia. Esse
progresso é acompanhado por um desenvolvimento progressivo dos
serviços de Psicologia e pela criação do Instituto de Psicologia, anexo a IES.
Na análise da primeira categoria, Valores Fundamentais, os
conteúdos atitudinais perpassam todo o currículo e possibilitam uma
formação democrática, humana, compromissada com a qualidade de vida
131
e a dignidade do ser humano, sempre pautada na ética e na contribuição
ao desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão, contribuem as
disciplinas (contextos teóricos e práticos) dos eixos de fundamentos
filosóficos, epistemológicos, históricos da Psicologia; bem como da
Psicologia e contextos sociais.
Os cursos de Psicologia da IES, sob a orientação da missão
confessional de uma educação segundo os princípios éticos e cristãos,
buscam o desenvolvimento da pessoa humana em sua integralidade e,
coerente com os objetivos do curso que é a formação de profissionais
comprometidos com a cidadania e humanização, tem como tema
transversal em seus eixos estruturantes os Direitos Humanos. Assim, a
Política de Educação em Direitos Humanos do curso de Psicologia visa
garantir a defesa e a promoção do ser humano em seu acesso enquanto
cidadão a vários cuidados de sua saúde física, mental e social, e tem o dever
de promover e desenvolver nos jovens universitários uma formação
fundamentada na crença em seu papel de cidadão comprometido com a
luta pela justiça, pelo respeito às diferenças, às pluralidade e à inclusão, por
meio de várias ações acadêmicas.
Quanto à interdisciplinaridade, está presente em todo o processo
de gestão do conhecimento em Psicologia que tenha como foco o diálogo
conceitual entre as disciplinas a serem ministradas ao longo do curso. A
produção científica e os projetos interdisciplinares contemplados ao longo
da formação (8 semestres) permearão e capacitarão a investigação científica
que norteia a preparação e a confecção da monografia de conclusão ao final
do curso (9º e 10º semestres).
Os núcleos básico e profissionalizante preveem o desenvolvimento
de competências e habilidades para a compreensão e para a aplicação dos
eixos estruturantes que dão sustentação à concepção do curso. O primeiro
132
eixo estruturante é Fundamentos Filosóficos, Epistemológicos, Históricos e
Conceituais da Psicologia, que trata de conhecimentos relacionados aos
fundamentos filosóficos, epistemológicos, históricos e conceituais da
psicologia, propiciando ao aluno as bases da construção da Psicologia
enquanto ciência em integração com áreas afins. O Eixo 2, Processos
Psicológicos Básicos, apresenta os processos psicológicos básicos - memória,
linguagem, pensamento, emoção - assim como as teorias básicas, inserindo
o aluno no campo específico da Psicologia, em consonância com os
conhecimentos adquiridos no eixo anterior. No Eixo 3, Fundamentos
Metodológicos para Investigação Científica, o estudante é colocado, na teoria
e na prática, em contato direto com os métodos da pesquisa e da
investigação científica, fundamentados no domínio das principais teorias,
sistemas e processos básicos da psicologia, bem como dos fundamentos
básicos construídos no primeiro eixo, e que perpassam todos os demais
eixos. O Eixo 4, Procedimentos de Avaliação e Intervenção Psicológicas, trás
os procedimentos de avaliação e intervenção psicológicas - testes,
psicodiagnósticos, atuação em grupos -, fundamentados nos domínios
estruturados nos eixos anteriores. As Bases Biológicas da Psicologia, Eixo 5,
apresentam as bases biológicas da psicologia, a fim de garantir os
fundamentos biológicos para os processos de avaliação e intervenção
psicológicas em diferentes contextos). No Eixo 6, Psicologia e Contexto
Social, a Psicologia é apresentada em sua dimensão social e seu
compromisso com a transformação desse contexto, sendo consideradas
nesse eixo as habilidades e competências humanas fundamentais ao perfil
do egresso. Quanto às Áreas de Aplicação da Psicologia, Eixo 7, apresentam-
se disciplinas que articulam as diferentes áreas de aplicação da psicologia,
considerando que o domínio das teorias subjacentes, métodos,
instrumentos e técnicas foram adquiridos nos eixos anteriores. O último
Eixo, Formação Profissional e Ênfases Curriculares, trata da formação
133
específica ou profissionalizante do estudante na medida em que oferece um
conjunto de disciplinas vinculadas às ênfases curriculares. Essas ênfases são
o reflexo da construção do conhecimento e prática sob domínio dos eixos
e disciplinas do núcleo básico. Assim, os eixos objetivam mostrar que a
proposta do curso contempla um conjunto de fundamentos e
instrumentos básicos em Psicologia e as interfaces com as ciências afins.
O PPC pre, além das disciplinas formativas teóricas, a
obrigatoriedade de espaços para pensar, para analisar, para problematizar,
para observar e para experimentar situações e para intervir em situações da
futura prática profissional, como, por exemplo, estágios, prática como
componente curricular, atividades complementares, que organizam as
matrizes curriculares com uma carga horária disciplinar que privilegia ao
mesmo tempo os aspectos teóricos formativos como os de natureza prática,
ligados ao exercício profissional. Portanto, nas disciplinas presenciais de
estudos teóricos, tanto de 40 como de 80 horas, ligadas à atividade
profissional, privilegiam-se 08 e 16 horas, respectivamente, para atividades
práticas que estão devidamente destacadas nos planos de curso, pois se
relacionam diretamente com o conteúdo teórico das disciplinas
presenciais. Também são apresentadas as ementas, as bibliografias básica e
complementar das disciplinas.
Na segunda categoria, Reflexão Dirigida, o curso tem as disciplinas
distribuídas ao longo dos dez semestres, em torno dos eixos de formação,
de forma crescente em termos de domínio de conhecimentos e de domínio
de habilidades e de competências. As atividades práticas e interdisciplinares
são previstas nos planos de cada disciplina de forma a se integrarem ao
conteúdo teórico e, também, à prática dos estágios, sempre correlacionadas
aos diferentes eixos curriculares e às habilidades e às competências previstas
em cada eixo e ênfases. O discente deverá cursar, obrigatoriamente, a
134
ênfase de Práticas Clínicas (disciplinas e estágio) e optar por uma das duas
outras ênfases (Educação e Compromisso Social; Saúde Mental e
Prevenção) para cursar as disciplinas e o estágio obrigatório. No contexto
do Núcleo Básico e das ênfases, as disciplinas envolvem atividades
extraclasses e práticas complementares interdisciplinares estruturadas em
conjunto, pelos professores, quando do planejamento semestral do curso.
A ênfase em Práticas Clínicas em Psicologia habilita o profissional
para a atuação em contextos de prevenção e de atendimento à clientela,
para além da clínica privada, ou seja, atuação no contexto grupal e na
perspectiva do atendimento individualizado. Essa forma de inserção
implica em uma atuação multiprofissional e multidisciplinar, fazendo uso
de instrumentos, métodos e técnicas da Psicologia, alicerçada nas grandes
teorias que sustentam o “saber-fazer” clínico: comportamentalismo,
psicanálise e fenomenologia. Definimos a perspectiva clínica como aquela
que aplica o conhecimento e as habilidades, as técnicas e os instrumentos
proporcionados pela Psicologia e ciências afins às anomalias, aos
transtornos e qualquer outro comportamento humano relevante à saúde e
a enfermidade, com a finalidade de avaliar, diagnosticar, explicar, tratar,
modificar ou prevenir, no contexto em que estes se manifestam
(individualmente ou em grupo).
A ênfase em Educação e Compromisso Social habilita o
profissional para a atuação em conjunto de situações, em instituições e em
contextos, através do uso de práticas tradicionais e inovadoras. Assim, o
futuro profissional habilita-se para a atuação na área da Psicologia aplicada
às instituições escolares (atendimento para diagnóstico em dificuldades
escolares, psicoterapia motora como coadjuvante da aprendizagem
escolar), como também em outras instituições abertas, tais como creches e
orfanatos, APAEs e instituições congêneres. O profissional deverá
135
apresentar domínio para a prevenção, a orientação e a intervenção em
situações escolares, sociais e relacionadas ao desenvolvimento humano, tais
como: sexualidade, drogas, violência, adversidades sociais (situações de
risco). Assim, o aluno levará, para a prática, as contribuições correntes da
pesquisa científica em Psicologia, contribuindo com a sua prática para o
desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão. Segundo O PPC,
o compromisso com a Educação é a missão da instituição.
A ênfase em Saúde Mental e Prevenção habilita o profissional de
Psicologia para trabalhar com a saúde individual e grupal, entendendo
saúde não apenas como ausência de doença, mas, principalmente, como
qualidade de vida pessoal e grupal resiliência no enfrentamento dos
inúmeros desafios que a vida impõe. Esse trabalho requer participação
multiprofissional, envolvendo vários profissionais relacionados à área da
saúde: psicólogos, médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
entre outros. Ao escolher por essa ênfase, o futuro psicólogo estará apto a
identificar, a compreender e a intervir em demandas que envolvam
questões somatopsicológicas e psicossomatológicas no nível individual e
coletivo, com o objetivo de favorecer o autoconhecimento, as relações
entre físico e psíquico, reforçando a capacidade de resiliência para enfrentar
a “doença”. O futuro psicólogo, em uma perspectiva preventiva, colabora
para a análise e desenvolvimento de recursos institucionais e públicos que
garantam a harmonia entre físico e o psíquico, com consequências
positivas nas relações interpessoais multiprofissionais. Desse modo, o
estudante terá oportunidade de contato com práticas e áreas inovadoras da
Psicologia.
Na terceira categoria, Assunção de Responsabilidade, o curso
oportuniza aos estudantes eventos, jornadas, palestras, roda de conversa,
minicursos, oficinas, grupos de pesquisa, observatório de Violência nas
136
Escolas, Serviço de Psicologia Aplicada, projetos de extensão na
comunidade (contação de histórias para crianças, orientação aos pais,
empregabilidade, idosos e orientação profissional), monitoria, práticas de
pesquisa, grupos de estudo, e uso de metodologias ativas (inclusive, o PPC
faz referência a um Laboratório de Metodologias Ativas). O trabalho
desenvolvido com as metodologias ativas é colaborativo, com o uso de um
contexto ativo para o aprendizado, promovendo o desenvolvimento da
habilidade de trabalhar com outro(s) aluno(s) formando um par,
aprendizagem entre pares ou em grupo, além de estimular o estudo
individual, de acordo com os interesses e o ritmo de cada estudante. O
aprendizado passa a ser protagonizado pelo estudante e os professores
atuam como mediadores de todo o processo, estimulando a discussão dos
discentes, conduzindo-a, quando necessário, e indicando os recursos
didáticos úteis para cada situação.
As metodologias ativas estão alicerçadas no princípio teórico
significativo e na busca pela autonomia de Paulo Freire. Um dos projetos
desenvolvidos pelo Núcleo de Assessoria Pedagógica da instituição
(Educação a Distância - Curso de Extensão - Docência Universitária) traz
um módulo, intitulado Metodologias Ativas e Inovadoras: autonomia e
corresponsabilidade do aluno na construção de sua aprendizagem. O núcleo
propõe-se a contribuir com reflexões teóricas, produção de textos, reflexões
conjuntas e realização de palestras, minicursos diretamente relacionados à
prática docente, além de estruturar atividades.
Quanto à Matriz Curricular, quarta categoria de análise, a
disciplina de Ética Profissional é ofertada no quinto semestre, Psicologia e
Políticas Públicas (quarto semestre) e Políticas Públicas e Legislação
Educacional (quarto semestre de Licenciatura Plena em Psicologia). Com
a escolha da ênfase, é possível, também, ter contato com disciplinas que
137
destacam o compromisso social, a intervenção comunitária, a inclusão
social e a prevenção, destacando, assim, o papel social da Psicologia para
além da formação clínica.
O Curso de Psicologia oferece, ainda, a habilitação em
Licenciatura em Psicologia, concebido com 4 anos de duração,
apresentando um currículo estruturado para oferecer ao licenciado uma
sólida formação nas disciplinas específicas de Psicologia, nas pedagógicas,
diretamente relacionadas ao magistério e aplicação da ciência psicológica
no Ensino Fundamental e Médio. Tais características são apresentadas em
um Projeto Complementar de Licenciatura. A partir de 2017, foi
estruturado o processo de ensino semipresencial utilizando-se na
modalidade EAD em algumas das disciplinas oferecidas pelo curso. De
acordo com as informações contidas no PPC, este processo está amparado
na legislação em vigor (Portaria 4.059/2004), que permite que 20% do
total da carga horária total do curso seja nesta modalidade em EAD, como
é o caso da disciplina Leitura e Produção de Texto. A organização didático-
pedagógica do Curso contempla professor-tutor virtual e professor-tutor
presencial, alocados por disciplinas e por área. Nos polos de apoio
presencial, o professor-tutor presencial, docente especializado na área de
atuação do curso, é responsável pelo assessoramento do aluno no Polo,
tanto no que diz respeito a orientações didático-pedagógicas, quanto ao
uso e interação no Ambiente Virtual Acadêmico e no atendimento às
questões acadêmico-administrativas, além de assumir a prática avaliativa e
as atividades presenciais planejadas.
O Quadro 11 apresenta os dados do Curso 9, em uma IES privada
com fins lucrativos, jurisdicionada pelo MEC, que iniciou o curso em
agosto de 2001, com 80 vagas autorizadas no período noturno. A carga
138
horária é de 4.040 horas, com integralização em 10 semestres e conceito 2
no ENADE 2018.
Quadro 11 - Dados do Curso 9 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 9
Organização Acadêmica
Faculdade
Categoria Administrativa
Privada com fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
28/08/2001
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
80período noturno
Carga Horária
4.040 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
2
Fonte: Da autora.
O Projeto Pedagógico do Curso, apresentado em 387 páginas, é
datado de 2018. Nele, apresenta-se como conteúdo: a apresentação; a
instituição; a organização didático pedagógica do curso; o projeto
institucional do curso; a coordenação do curso; o corpo docente e cleo
docente estruturante do curso; o corpo discente (composição e políticas de
atendimento); o projeto institucional de responsabilidade social; a
infraestrutura do curso; a biblioteca; a autoavaliação e o acompanhamento
do desenvolvimento institucional; as formas de acompanhamento e de
avaliação do planejamento e de execução do trabalho docente e
autoavaliação do curso.
Na análise dos Valores Fundamentais, o curso possui como
objetivo geral, possibilitar a reflexão e a compreensão sociocultural e
139
Educacional sob a natureza dos fenômenos psicológicos e
comportamentais dos indivíduos a partir de conhecimentos
cientificamente embasados. De acordo, com os princípios éticos,
instrumentos e metodologias de análise e intervenção aceitos pela classe
profissional, representada por seus conselhos. Assim, o perfil do egresso
contempla um profissional engajado e comprometido com o homem
concreto, contextualizado, levando em consideração questões sociais,
econômicas, políticas e institucionais da realidade brasileira
O curso é atravessado por uma filosofia humanista, generalista e
preventivista com base na qual, optou por três ênfases curriculares:
Psicologia e Processos de Investigação Científica; Psicologia e Processos de
Prevenção e Promoção da Saúde e Psicologia e Processos Clínicos. Sendo ainda
eleitos três temas transversais: Prevenção: Atenção Primária; Bioética:
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos e Ecologia Humana: Relações
Interpessoais. Os temas são interdependentes e inter-relacionados, o que
significa que tanto as escolhas das ênfases curriculares como a dos temas
transversais levaram em consideração: a Filosofia do Curso, a Matriz
Curricular do Curso com suas Unidades Curriculares, conteúdos, práticas
e estágios, suportados pelo que propõem as Diretrizes Nacionais para os
Cursos de Psicologia.
Os objetivos do curso têm embasamento ético e cultural, apoiados
na formação de profissionais críticos, éticos e comprometidos socialmente.
O curso visa subsidiar a atuação profissional adotando uma formação
generalista incentivando por meio de projetos específicos a formação
continuada. No que diz respeito à transversalização do projeto pedagógico,
o curso apresenta-a a partir das disciplinas de Prevenção: atenção primária,
Bioética: pesquisa envolvendo seres humanos, Ecologia humana: relações
interpessoais e pela inter-relação dos conteúdos e pelo desenvolvimento de
140
programas e de metodologias específicas e diversificadas. Assim, na análise
da Matriz Curricular, levantamos as disciplinas de Socioatropologia Étnico
Racial (3°semestre), Ética Profissional (4°semestre), Educação em Direitos
Humanos (5° semestre) e Saúde Pública e Saúde Mental (5° semestre), todas
são realizadas na modalidade presencial, com carga horária de 60 horas
cada. As disciplinas optativas serão realizadas conforme a escolha da ênfase
e dos temas transversais, conforme mencionado anteriormente.
Na Reflexão Dirigida, observamos que os estágios visam uma
contínua interação-orientação entre estudante professor orientador e
supervisor de campo. A forma como são divididas as práticas de estágio
chamam a atenção: no núcleo comum, os alunos devem aprender as
técnicas e as habilidades básicas da prática Psicologia, para durante os
estágios específicos aprofundarem sua experiência de atuação com a
articulação entre teoria e prática.
O estágio supervisionado divide-se em duas partes. A primeira é
constituinte do núcleo comum, com estágios sicos; a segunda, de
Formação Específica, de acordo com as Ênfases Curriculares propostas. O
total da carga horária de estágio é de 600 horas, correspondendo a 15% da
carga horária do curso, sendo 60 horas de estágios básicos, cumpridas a
partir do semestre e 540 horas de estágio específico na ênfase escolhida
pelo estudante, cumpridas do ao 10º período. O Estágio Básico
Supervisionado do Núcleo Comum é dividido em três estágios,
contabilizando assim cada 20 horas mínimas de duração. As atividades
acadêmicas complementares iniciadas no Núcleo Comum tem sua carga
horária computadas no final do curso, reconhecida até um total de 200h.
Todos os estágios específicos serão acompanhados por supervisor no local
e orientados pelo professor responsável pela unidade curricular
correspondente à prática.
141
O Núcleo Comum inclui o estágio básico supervisionado, que
permitirá ao estudante realizar a prática integrativa das habilidades
desenvolvidas neste nível. São oferecidos três estágios básicos. O primeiro
desenvolve as habilidades em técnicas de observação e registro em diversos
contextos que possibilitam pesquisa, avaliação e intervenção de fenômenos
psicológicos e comportamentais. O segundo relaciona-se à prática de
entrevistas. O terceiro concerne ao psicodiagnóstico, envolvendo a
avaliação diagnóstica em Clínica-Escola de Psicologia e de Pesquisa
Aplicada.
Os estágios Supervisionados Específicos são oferecidos em
Psicologia Clínica, para atuar em clínica particular; em instituições de
saúde pública e particular; em serviços comunitários e espaços terapêuticos
criados, onde houver necessidade da intervenção do Psicólogo Clínico. O
Estágio Específico será realizado através de atendimentos individuais e
grupais, destinado a crianças, a adolescentes, a adultos e a idosos, podendo
esses, frente à impossibilidade de locomoção ou de transporte, receber
atenção domiciliar. Os alunos-estagiários atuam de acordo com aprendido
na abordagem escolhida: Teorias e cnicas Psicoterápicas Psicanalíticas;
Teorias e Técnicas Psicoterápicas Comportamentais e Cognitivas; Teorias
e Técnicas Psicoterápicas Fenomenológicas, Existenciais e Humanísticas;
Dinâmicas e Processos Grupais; Processos de Gestão em Saúde Coletiva;
Fundamentos da Clínica Ampliada, tudo sob a orientação,
acompanhamento e supervisão do Professor-Orientador da respectiva
abordagem. Poderão, ainda, atuar junto ao Plantão Psicológico, para
atendimentos de pessoas não-agendadas, emergenciais, para
psicodiagnóstico ou triagem, também, sob supervisão.
Na categoria de Assunção de Responsabilidade, notamos que o
curso oferece atividades de monitoria, de iniciação cientifica e de projetos
142
de extensão, sendo os dois últimos orientados segundo relevância social e
princípios éticos. O PPC não descreve quais são os projetos de extensão
desenvolvidos. Procedemos, então, a uma busca pela terminologia grupos
de estudo”, mas não obtivemos nenhuma correspondência.
Os eixos estruturantes definidos pelas Diretrizes Curriculares são
convertidos em conteúdos curriculares, práticas integrativas de estágios
supervisionados e atividades acadêmicas complementares. Corresponde às
atividades de metodologias ativas de ensino e aprendizagem desenvolvidas:
aulas dialogadas, dinâmicas de grupo, leituras comentadas, fichamentos,
aulas expositivas, visitas técnicas, aulas práticas, uso de laboratórios
específicos, estudos de meio, projetos paralelos integradores, leitura de
livros, pesquisa bibliográfica, desenvolvimento de iniciação científica,
elaboração de artigos, divulgação de resultados, participação em simpósios,
semanas acadêmicas, seminários e projetos institucionais especialmente os
relacionados aos estudos e reflexões sobre Meio Ambiente, Direitos
Humanos e Diversidades Sócio-Étnico-Culturais.
As atividades de monitoria realizadas na instituição visam
incentivar o estudante a um alto rendimento acadêmico, o gosto pela
carreira docente. Além de assegurar a cooperação do corpo discente ao
docente, no desenvolvimento e na elaboração das atividades de ensino, de
pesquisa e de extensão. A monitoria não implica vínculo empregatício,
sendo-lhe oferecido, somente, um certificado pelas atividades
desenvolvidas durante a monitoria. Semestralmente, a seleção de
monitores ocorre, no início de cada semestre, por intermédio dos docentes,
com a participação da Coordenadoria dos Cursos.
A Iniciação Científica e a Pesquisa nas diversas modalidades, tem
como função indissociável o ensino e a extensão, com o fim de ampliar o
acervo de conhecimentos ministrados nos diversos cursos. Deve, assim,
143
assegurar o estabelecimento de uma relação de troca e uma forma de
comunicação entre a universidade e seu meio, sempre articulada das
atividades de ensino e de pesquisa, funcionando também como um serviço
à comunidade.
Os princípios norteadores das atividades extensionistas, são: a
globalização, a integração, a qualidade (relevância social), o aperfeiçoa-
mento; a parceria; e a responsabilidade ética. Enquanto, os princípios que
regem a pesquisa, por meio da iniciação científica são: a qualidade; a
atualização constante; a interdisciplinaridade; a relevância social; a
parceria; e a responsabilidade ética.
O Curso 10, descrito no Quadro 12, está na categoria
administrativa privada sem fins lucrativos, sob jurisdição do MEC, com
início em fevereiro de 2005. O curso confere o grau de bacharelado e tem
80 vagas autorizadas para os períodos matutino e noturno, carga horária
de 4.520 horas, integralização em 10 semestres e conceito 5 no ENADE
2018.
Quadro 12 - Dados do Curso 10 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 10
Organização Acadêmica
Faculdade
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
01/02/2005
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
8040 no período matutino e 40 no período noturno
Carga Horária
4.520 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
5
Fonte: Da autora.
144
Datado de 2017, o PPC está organizado em 194 páginas e
contempla a identificação do curso, o corpo docente e a infraestrutura. O
projeto apresenta um currículo estruturado em competências básicas, para
que sejam possíveis a construção e o desenvolvimento do conhecimento
científico em Psicologia, a compreensão da atividade humana em sua
integralidade, a atuação pautada na realidade e nos diferentes contextos
que visam a qualidade de vida, a cidadania e a ética nas ações que envolvem
a Psicologia. São apresentados dois cleos, o comum e o específico. Nesse,
objetiva-se capacitar o psicólogo para atuar em área específica,
assegurando-lhe uma formação que atenda às expectativas do contexto
atual e futuro, bem como das demandas do mercado de trabalho da região,
onde a IES está inserida. Sendo assim, optou-se pela ênfase em saúde, que
consiste na concentração em competências garantidoras de ações de caráter
preventivo em nível individual e coletivo para protegerem e promoverem
a saúde e qualidade de vida; e pela ênfase no trabalho com uma formação
que abarque a possibilidade de diagnóstico, planejamento e procedimentos
e técnicas no processo de gestão organizacional.
A análise do PPC está estruturada a partir de quatro categorias. Na
primeira delas, Valores Fundamentais, as políticas institucionais, no
âmbito do curso, pretendem oportunizar diretrizes do ensino e
aprendizagem ativas e críticas do conhecimento científico, que é
historicamente produzido e dinamicamente evoluído e acumulado pela
humanidade, sendo inspiradas nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana. Têm por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, observando a abordagem dos conteúdos formadores das
estruturas mentais e vinculando as habilidades e as competências para
progressiva autonomia profissional e intelectual.
145
Os objetivos da formação em Psicologia são desenvolver
competências e habilidades na atenção à saúde (trabalho com ações de
prevenção, promoção, proteção e reabilitação as saúde psicológica e
psicossocial, a partir de princípios da ética/bioética); na tomada de decisões
(capacidade de avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas,
baseadas em evidências científicas); na comunicação (com profissionais
acessíveis, que trabalhem em equipe, que mantenham os princípios éticos
e o sigilo no uso das informações a eles confiadas); na liderança (trabalho
em equipe multidisciplinar, assumindo posições de liderança, que visem o
bem estar da comunidade); na administração e no gerenciamento
(profissionais que demonstrem iniciativa, organização no gerenciamento e
administração da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de
informação); e na educação permanente (a partir do aprendizado contínuo
na formação e na prática, tendo responsabilidade e compromisso com as
futuras gerações de profissionais).
Na análise das oportunidades de Reflexão Dirigida, segunda
categoria, destacamos os estágiossicos e de formação. Na matriz para os
ingressantes antes de 2017, os estágios básicos iniciavam no terceiro
semestre, indo até o sexto semestre. os específicos, do sétimo até o
décimo semestres, sendo divididos nas ênfases de clínica (que acabavam no
nono semestre), saúde e trabalho. Os estágios perfazem um total de 1.780
horas. Na matriz para ingressantes a partir de 2017, contabilizando 1160
horas de estágio. , também, a divisão entre os estágios básicos e os
específicos: os primeiros são no quinto e sexto semestres e os específicos,
em clínica no sétimo e oitavo semestres, e em saúde e trabalho no oitavo e
nono semestres. As atividades do básico visam à observação de crianças,
identificando as etapas do desenvolvimento infantil, as funções cognitivas
de pensamento e de linguagem, as fases psicossexuais e a afetividade, além
do nível das interações. Sendo, posteriormente, a observação e o
146
acompanhamento nas áreas clínica, organizacional, jurídica, dentre outras
em que haja a atuação dos psicólogos. Os estágios na Clínica-Escola de
Psicologia baseiam-se no atendimento à comunidade do município e de
cidades vizinhas da região por meio da triagem, para a identificação da
queixa, da avaliação psicológica como sequência da triagem e no
desenvolvimento da psicoterapia. Os estágios de Saúde e Trabalho são
realizados em locais específicos: hospitais, Capes, Ambulatórios de Saúde
Mental, ONGs e entidades filantrópicas, empresas públicas, privadas e não
governamentais. Os estágios visam formar um profissional que conheça,
pratique e promova os princípios éticos, que contribua para a
transformação da realidade, que integre teoria e prática, que tenha uma
leitura crítica por meio da pesquisa, que conheça as teorias e os métodos
da Psicologia, que articule intervenções com outros campos do saber, que
promova a saúde mental e implementação de política de saúde mental justa
para todos.
Quanto à Assunção de Responsabilidade, terceira categoria de
análise, a política apresentada destaca a iniciação científica, que tem por
objetivo despertar a vocação e desenvolver o senso crítico, investigativo e
de conquista do estudante, necessários ao processo de formação contínua
e de alicerce ao desenvolvimento de futuros projetos de pesquisa que
contribuam para um maior conhecimento e socialização do saber. Quanto
à política de extensão, na integração estudante e comunidade, contribui
para elevar as condições de vida ao desenvolvimento e ao progresso da
região. O curso oferece, ainda, monitorias com orientação docente, a fim
de promover o desenvolvimento da atividade acadêmica ligada ao ensino,
à pesquisa e à extensão, favorecendo a interação aluno-professor e aluno-
aluno, tanto em projetos de pesquisa quanto de extensão, nos ambientes
do Laboratório e da Clínica de Psicologia. Foram realizadas buscas no
147
projeto pelos termos metodologias ativas e grupos de estudo, mas não
foram encontrados.
No projeto, ao serem apresentadas duas Matrizes Curriculares,
quarta categoria analisada, foi possível buscar por disciplinas que estejam
em consonância com as destacadas neste estudo, sendo então possível
perceber nas duas matrizes, que a disciplina de Ética Profissional é realizada
no terceiro semestre e a disciplina Psicologia e Saúde Pública, no oitavo e
novo semestres. O PPC não contempla disciplinas de direitos humanos,
de políticas/ações afirmativas (raça, gênero, etnia, religião) e demais
políticas públicas, mas pode apresentar tais discussões em outras disciplinas
da grade curricular.
O Curso 11 na categoria administrativa privada sem fins lucrativos,
com jurisdição do MEC. Tem habilitação em grau de bacharelado, com
carga horária 4.840 horas e integralização em 10 semestres, com 120 vagas
autorizadas, mas que não iniciou o seu funcionamento e para tanto, não
apresenta conceito ENADE 2018, conforme descrito no Quadro 13.
Quadro 13 - Dados do Curso 11 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 11
Organização Acadêmica
Faculdade
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
Não Iniciado
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
120não discrimina o período
Carga Horária
4.840 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
Não iniciou
Fonte: Da autora.
148
O PPC tem 145 páginas e é datado de 2018. Apresenta como
conteúdo: dados institucionais; contexto institucional; políticas
institucionais no âmbito do curso; do curso; estrutura e conteúdo
curricular; metodologia; atividades acadêmicas articuladas a formação;
apoio ao discente; ões decorrentes do processo de avaliação; tecnologia
de informação e comunicação; Tecnologia de Informação e Comunicação;
corpo docente; e infraestrutura.
Na análise da categoria Valores Fundamentais, a formação do
psicólogo é entendida como meta central do curso. Para tanto, ofertam-se
atividades práticas, conjunto de estudos teóricos e estágios supervisionados
básicos e específicos voltados para pesquisa e para a atuação profissional.
O Curso de Psicologia oferece uma formação generalista, que evita a
especialização precoce e mantém a graduação dirigida para o conjunto da
profissão e da ciência psicológica. Dessa forma, o perfil do egresso
contempla a formação de profissionais éticos e empreendedores,
competentes, com alto nível educacional, além de pessoas comprometidas
com o desenvolvimento socioeconômico.
A grade curricular é dívida em duas ênfases curriculares, Psicologia
Social e Comunitária e Psicologia Clínica. A primeira consiste no conjunto
de ações e de competências que garantem uma atuação de caráter
preventivo em nível individual e coletivo, voltadas para a formação de
indivíduos, grupos, organizações, instituições (públicas/privadas), visando
à promoção de saúde e à qualidade de vida, em diferentes contextos.
Desenvolve e envolve competências necessárias para lidar com fenômenos
psicossociais, processos de gestão, de ensino e aprendizagem e relações
indivíduo-família-comunidade-sociedade. a ênfase em Psicologia
Clínica abrange um conjunto de competências e de habilidades
relacionadas à atenção à saúde psicológica e psicossocial como base da
149
atuação profissional do psicólogo, nas suas possibilidades preventivas,
terapêuticas, organizacionais, educativas, socioeducativas, cooperativas e
inclusivas.
As atividades complementares são agrupadas em três categorias:
ensino, pesquisa ou extensão. Para a obtenção do diploma, é necessário o
cumprimento 200h de atividades complementares, que serão avaliadas
para contabilização segundo o regulamento de atividades complementares.
Por serem desenvolvidas em outras áreas do conhecimento, estas possuem
um caráter de inter e transdisciplinaridade.
Na categoria Reflexão Dirigida, o estágio supervisionado curricular
oferece atividades que possibilitem ao estudante adquirir experiência
profissional específica e que contribua, de forma eficaz, para a sua absorção
pelo mercado de trabalho. O objetivo é proporcionar ao discente a
oportunidade de aplicar seus conhecimentos acadêmicos no contexto da
realidade da atuação profissional, possibilitando-lhe desenvolver sua
experiência prática dentro situações vivenciadas, bem como, a construção
de uma visão crítica de sua área de atuação profissional. O estágio
supervisionado curricular ocorre na Clínica da instituição, sob a supervisão
dos docentes do curso.
A partir da categoria de análise Assunção de Responsabilidade,
podemos compreender que o curso contempla diversos componentes
curriculares como estágio extracurricular supervisionado, estudos em
práticas independentes, presenciais, monitorias, programas de iniciação
científica, extensão, atividades complementares e cursos realizados em
outras áreas. Essas atividades são desenvolvidas de forma correlacionada às
atividades obrigatórias, desenvolvendo em grau e complexidade ao longo
do processo de formação, garantindo a característica de um generalista e,
ao mesmo tempo, possibilitando o desenvolvimento em áreas de interesse
150
específico. Nessa proposta, os estudantes devem, obrigatoriamente,
integralizar um mínimo de 880 horas efetivamente trabalhadas, sendo 280
horas de estágio supervisionado básico e 600 horas de estágio
supervisionado específico, conforme artigo 22 da Resolução n. 05/2011.
Ao buscarmos no PPC o termogrupos de estudos”, encontramos
referência somente aos objetivos do Núcleo Docente Estruturante do
curso, de ofertar, de promover e de coordenar grupos de estudo para o
aperfeiçoamento do quadro docente. Em relação aos projetos de extensão,
têm como objetivo trabalhar segundo a identificação das situações
problemas na sua região de abrangência, visando otimizar as práticas de
ensino e a pesquisa, contribuindo, assim, para o desenvolvimento e para a
melhoria da qualidade de vida da população. Os programas de extensão
privilegiam o caráter interdisciplinar, reunindo diferentes áreas do
conhecimento em torno de objetivos comuns, maximizando assim a
clareza na análise e elaboração do diagnóstico da situação problema e
aumentando a eficácia na proposição do equacionamento. Esses projetos
constituem-se em um espaço organizado e democrático de concretização
de sua contribuição para a organização e desenvolvimento da sociedade.
Na busca por metodologias ativas no PPC, não referência a essa
terminologia, somente a adequação da metodologia do processo do ensino,
da metodologia e da aprendizagem. Sendo apresentado que, o conteúdo é
trabalhado de forma gradual e orgânica, a fim de desenvolver o raciocínio.
A solução de casos práticos põe em prova esse raciocínio, fazendo com que
o estudante absorva a Psicologia como um verdadeiro sistema. Novas
tecnologias são aplicadas no ensino, com o estímulo da
interdisciplinaridade na formação não somente de um técnico, mas de um
cidadão crítico e construtor de seu próprio aprendizado.
151
Na análise do PPC, em relação à Matriz Curricular, o curso atende
à Resolução CNE n. 1/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e Indígena, principalmente
nas atividades curriculares das disciplinas de Estudos Sócioantropológicos
e História e Cultura Afro-brasileira e Indígena, além da participação nos
projetos institucionais relacionados a essa área. O curso atende, também,
ao Decreto n. 4.281/2006, que regulamentou a Lei n. 9.795/1999. A
referida lei instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental,
desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e
permanente, cuja temática é abordada transversalmente, disposta em vários
componentes curriculares, tais como: Meio Ambiente e Sustentabilidade e
Ética, Cidadania, Direitos Humanos e Inclusão Social.
O PPC apresenta que o curso atende a Resolução n. 1/2012, que
estabelece as Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos,
desenvolvida como uma prática nos processos de promoção, de proteção,
de defesa e de aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e
de responsabilidades individuais e coletivas. Tal temática é abordada nas
disciplinas: Estudos Socioantropológicos, Ética, Cidadania, Direitos
Humanos e Inclusão Social. Cabe ainda citar a preocupação do PPC em
estar atento às questões de gênero, amplamente discutidas, bem como a
Lei n. 1.0741/2003, que discute as Políticas do Estatuto do Idoso.
Conforme disposto na Lei n. 12.764/2012, o curso busca promover,
fomentar e divulgar estudos e experiências bem-sucedidas realizados na
área de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista.
152
Nos quadros 14 e 15, apresentam-se os Cursos 12 e 13, que se
referem a uma mesma IES, embora com cursos diferentes cadastrados, mas
acontecendo no mesmo polo.
Quadro 14 - Dados do Curso 12 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 12
Organização Acadêmica
Universidade
Categoria Administrativa
Pública Estadual
Jurisdição
CEE
Início de funcionamento
21/03/1969
Grau
Licenciatura
Vagas Autorizadas
6535 período integral e 35 período noturno
Carga Horária
4.005 h
Periodicidade
Anual
Integralização
5 anos
Conceito ENADE 2018
Não tem
Conceito ENADE 2012
1
Fonte: Da autora.
Quadro 15 - Dados do Curso 13 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 13
Organização Acadêmica
Universidade
Categoria Administrativa
Pública Estadual
Jurisdição
CEE
Início de funcionamento
18/07/2007
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
7035 período integral e 35 período noturno
Carga Horária
4.005 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
17 semestres
Conceito ENADE 2018
5
Fonte: Da autora.
153
No Quadro 14, contemplamos os dados do Curso 12 de uma IES
pública estadual, jurisdicionada pelo CEE, com início de funcionamento
em março de 1969, que oferece o grau de licenciatura. 65 vagas
autorizadas nos períodos integral e noturno, com carga horária 4.005
horas, periodicidade anual, integralização em 5 anos e apresenta somente
o conceito 1 do ENADE 2012. Tal situação pode ser justificada pela não
oferta do curso cadastrado no MEC ou, também, pela não aderência dos
concluintes ao processo avaliativo dos cursos, o ENADE. no Quadro
15, o Curso 13 oferece o grau de bacharelado e teve o início de
funcionamento em julho de 2007. São ofertadas 70 vagas para o período
integral e noturno, com carga horária de 4.005 horas e integralização até
em 17 semestres e conceito 5 do ENADE 2018. Em consulta ao site
institucional, é apresentado um único PPC para os dois cursos cadastrados
no polo. Entretanto, um terceiro curso dessa mesma IES, em outro polo,
apresenta um PPC próprio. Para tanto, embora seja a mesma IES, faremos
as análises individuais dos PPC dos diferentes polos. O PPC é datado de
2006/2007, apresenta 54 páginas e os seguintes conteúdos: introdução;
perfil esperado do psicólogo a ser formado; objetivos do curso; organização
curricular; organização das disciplinas por eixo; organização das disciplinas
por núcleo de formação; organização curricular (Seriação das disciplinas
do curso); estágios supervisionados; disciplinas optativas; avaliação do
curso; anexos. Além de um histórico do desenvolvimento do Curso de
Psicologia ofertado pela IES.
Na análise da primeira categoria, Valores Fundamentais, os cursos
têm como objetivo geral formar psicólogos para atuar nas áreas de
abrangência da ciência psicológica, por meio da apropriação, da construção
e da socialização de conhecimentos teórico-práticos que possibilitem uma
visão social de mundo comprometida com a cidadania e com a
transformação social.
154
O perfil do egresso do curso apresenta profissionais habilitados
para o exercício profissional, visando que o profissional de Psicologia, em
sua formação inicial e contínua, seja capaz de construir o conhecimento,
ampliando suas possibilidades para o pleno exercício do pensamento
científico e criativo. Dessa forma, permitirá a compreensão dos fenômenos
enquanto fatos psicossociais que devam se constituir em objeto da ação
humana transformadora. Comprometendo-se com o processo de
transformação da ordem social vigente, exercendo uma Psicologia crítica
para a eliminação das injustiças sociais e a promoção da qualidade de vida,
sendo capaz de identificar as variadas dimensões de sua prática social
(científica, educativa, clínica etc.). Sendo assim, a referida formação
organiza-se em torno de núcleos: Núcleo Comum de Formação em
Psicologia, Núcleo de Formação do Psicólogo; os quais promovem uma
formação básica, generalista, pluralista e sólida, privilegiando a integração
teórico-prática e as ações interdisciplinares.
O curso visa capacitar os alunos para atuar nos vários campos da
psicologia, desenvolvendo uma visão profissional ampliada e ao mesmo
tempo contextualizada socialmente e cientificamente. Também, não
uma descrição específica das habilidades esperadas do egresso, o curso
apenas visa que estas permitam a sua adequação a um processo de mudança
amplo e contínuo. Foi realizada uma busca pelo termo transversalidade
da ética”, não obtendo resultados.
A grade curricular organiza-se a partir de cinco eixos que
estruturam e dão significado ao conjunto das disciplinas e das atividades
acadêmicas do curso, quais sejam: Fundamentos epistemológico e históricos
da Psicologia; Interfaces da Psicologia com campos afins; Fenômenos e processos
psicológicos; Fundamentos teóricos, metodológicos e procedimentos técnicos
para a investigação e intervenção científicas na prática profissional do
155
psicólogo; e Fundamentos da prática psicológica (articulação teoria e prática
profissional).
No primeiro eixo, busca-se possibilitar e assegurar ao futuro
profissional a compreensão da natureza histórica do conhecimento
psicológico, visando à análise das diferentes teorias, técnicas e práticas em
Psicologia. O segundo eixo objetiva garantir a apreensão de conhecimentos
de áreas da Psicologia para subsidiar uma compreensão mais ampla e
profunda do fenômeno psicológico. No terceiro eixo, procura-se
desenvolver a compreensão dos fenômenos que constituem o campo
clássico da Psicologia como ciência. O enfoque aborda os estudos teórico-
prático aos fenômenos psicológicos. No quarto eixo, visa-se garantir a
compreensão dos processos envolvidos na produção do conhecimento
psicológico, visando o domínio dos métodos, procedimentos e estratégias
de aplicação do conhecimento científico em Psicologia. O quinto eixo
busca promover a articulação teórico prática, por meio de práticas de
atividades científicas e de estágios supervisionados para a formação do
bacharel em psicologia e a formação do psicólogo. O quinto eixo discute o
desenvolvimento de complexidade crescente na formação dos alunos, a
partir de atividades articuladas de pesquisa, ensino e extensão, avançando
para projetos de intervenção nos estágios supervisionados nas diversas áreas
da prática profissional abrangidas pelos estágios específicos.
Os currículos deverão ser elaborados, buscando uma sólida
formação geral básica (teórico-metodológica) e específica. Contemplando,
assim, além das disciplinas pré-determinadas (obrigatórias e optativas),
outras atividades complementares fundamentais para a profissionalização
do graduando. Permite, com isso, diferentes possibilidades de formação e
de habilitações em um mesmo programa. As atividades complementares
156
reconhecidas são: monitorias e estágios, programas de iniciação científica,
estudos complementares e cursos realizados em outras áreas afins.
Na categoria de Reflexão Dirigida, identificamos que o objetivo
dos estágios básicos, segundo o projeto é o de possibilitar ao estudante a
articulação entre teoria e prática, de modo que, cabe aos estágios
supervisionados, desenvolver as habilidades necessárias a prática
psicológica. O Núcleo Comum de formação do curso concentra as
disciplinas e as atividades dos três primeiros eixos formadores do curso que
corresponde aos três primeiros anos do curso. Este núcleo garante o
conhecimento científico básico à formação de psicólogo. O estágio básico
do cleo do comum é constituído das disciplinas intituladas de
Atividades Articuladoras, abrangendo os eixos 1 e 2 (núcleo diversificado)
e 3. É o núcleo que garante a terminalidade da formação do futuro
profissional da psicologia, com os eixos 4 e 5.
A estrutura curricular orienta-se pelas ênfases Psicologia Clínica
(Brinquedoteca; Terapia Comportamental em Grupo; Processos de
Intervenção: Necessidades Especiais; Clínica Psicanalítica: Adultos;
Psicologia Clínica: Abordagem Comportamental; Clínica Psicanalítica de
Adolescentes ; Psicologia Clínica Hospitalar; Clínica de Orientação
Psicanalítica: Psicoterapia e Psicanálise de Crianças); Psicologia e Educação
(Psicologia da Educação; Desenvolvimento Infantil: Avaliação e
Intervenção; Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano;
Processos de Intervenção: Inclusão Educacional; Educação e Orientação
Sexual; Processos de Intervenção: Necessidades Educacionais Especiais);
Psicologia e Trabalho (Psicologia Organizacional e do Trabalho;
Orientação Profissional e para o Trabalho) e Psicologia Social (Psicologia
Social e Comunitária; Saúde Mental e Comunidade). Os estágios são
oferecidos a partir das quatro ênfases, dentre as quais o aluno deve,
157
obrigatoriamente, cursar 3 delas, contabilizando um total de 42 créditos
que são oferecidos anualmente.
Na categoria Assunção de Responsabilidade, o curso oferece
atividades de extensão, de iniciação científica e de monitorias. No entanto,
essas não são descritas no projeto, apenas ênfase na indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão. Ademais foram realizadas buscas pelos
termos “grupo de estudo” e “metodologia ativa”, sem nenhuma
correspondência no PPC.
Na análise da Matriz Curricular, observamos disciplinas que
podem estar relacionadas com as categorias deste estudo, foram elas: Ética
geral (5°semestre); Ética profissional (6°semestre); Políticas públicas,
Instituições e saúde análise histórico-social do desenvolvimento humano
(4°semestre); Análise do comportamento aplicada: Delineamentos culturais
(5°semestre); Desenvolvimento e educação sexual (ênfase dois;
eletiva/8°semestre). A IES também oferece como optativa a disciplina de
Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, que pode estar integrada às
Políticas Públicas, por nós destacadas.
Conforme assinalado, no Quadro 16, referimo-nos à mesma IES
dos Quadros 14 e 15, mas com o Curso 14 cadastrado ocorrendo em polo
diferente dos Cursos 12 e 13.
158
Quadro 16 - Dados do Curso 14 de Graduação em Psicologia,
cujo PPC está disponível no site institucional
CURSO 14
Organização Acadêmica
Universidade
Categoria Administrativa
Pública Estadual
Jurisdição
CEE
Início de funcionamento
07/02/1966
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
9045 período matutino e 45 período noturno
Carga Horária
4.020 h
Periodicidade
Anual
Integralização
9 anos
Conceito ENADE 2018
5
Fonte: Da autora.
O referido curso de graduação teve início em fevereiro de 1966 e
conta com 90 vagas autorizadas para os períodos matutino e noturno. A
carga horária anual é de 4.020 horas, com integralização em até 9 anos,
conferindo o grau de bacharelado. No ENADE 2018, o curso teve
conceito 5. Quando ao PPC, com 433 páginas, traz como conteúdos:
apresentação, histórico do curso, serviço de psicologia da IES, princípios
norteadores do curso, objetivos do curso, perfil profissional pretendido,
estrutura curricular, concepção do núcleo comum, concepção das ênfases,
proposta de organização dos estágios, atividades complementares, quadro
docente, planos de ensino das disciplinas, regime escolar e autoavaliação
do curso.
Analisando os dados quanto à categoria Valores Fundamentais,
compreendemos que o objetivo do curso é proporcionar aos alunos uma
formação generalista, afirmando e subsidiando a universalidade do
conhecimento. Nesse contexto, pauta-se nos preceitos básicos da profissão,
159
que compõem o saber da Psicologia e que delimitam seu objeto de estudo.
O curso garante, ainda, a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-
extensão, valorizando a prática em pesquisa; visando promover o
desenvolvimento de atitudes profissionais permanentemente vinculadas à
produção do conhecimento. Promove, inclusive, a interlocução com
outros campos de saber e a construção de novas concepções teórico-
práticas, privilegiando práticas em diferentes áreas da Psicologia que
atendam às demandas sociais e à promoção dos direitos humanos. O curso
orienta suas relações com a sociedade, por uma ética fundada em valores
que visem equidade e justiça social, visando a construção de uma ética nas
relações internas que permita a discussão de pertinência do trabalho
individual no atendimento do interesse coletivo.
O perfil profissional do egresso deverá reunir as características de
um profissional com sólida formação humanista, dotado de uma
consciência crítica capaz de promover a equidade e a justiça social. Sua
atuação deverá estar pautada na contínua integração entre prática e
produções de novos conhecimentos. Assim, deverá compreender a
Psicologia como práxis para a problematização, para a construção e para a
reconstrução do conhecimento, articulada com outros campos do saber,
sendo capaz de reconhecer a complexidade e a multideterminação dos
fenômenos psicológicos. Para tanto, deve subsidiar-se em princípios éticos
essenciais ao exercício da profissão e promoção da cidadania.
As habilidades e as competências esperadas do egresso dizem
respeito ao desenvolvimento e à construção de uma Psicologia crítica. O
fazer psicológico, ética e cientificamente, embasado e articulado aos demais
campos de do conhecimento. Foram encontradas duas referências ao
termo “transversalidade da ética”, na ênfase das Políticas Públicas e Clínica
Crítica, não sendo identificada no projeto pedagógico como um todo.
160
A estrutura curricular do curso é composta por disciplinas e por
estágios básicos obrigatórios do Núcleo Comum, por disciplinas
obrigatórias, optativas, estágios específicos das ênfases curriculares e
atividades complementares que ocorrerão em ambos os níveis de ensino.
O Curso funciona em módulos semestrais (embora nos dados cadastrados
no MEC a periodicidade está como anual) e são oferecidas quatro Ênfases
Curriculares, das quais o graduando deve optar por duas, totalizando
4.020 horas, correspondentes a 268 créditos ao final do Curso.
O Núcleo Comum é distribuído em seis semestres letivos e
constituído por disciplinas obrigatórias, Estágio Básico Obrigatório e
Atividades Complementares. Para a conclusão do Núcleo Comum, o
estudante deve integralizar 2.280 horas de atividades de ensino, em um
total de 152 créditos. As Ênfases Curriculares, distribuídas em quatro
semestres letivos, constituem-se de disciplinas obrigatórias, de disciplinas
optativas, de estágio específico supervisionado obrigatório e de atividades
complementares. Para integralização das Ênfases Curriculares, o estudante
deve cumprir 840 horas em cada ênfase, totalizando 1.680 horas e
computando as duas ênfases cursadas. O número nimo de créditos a ser
cumprido nas duas Ênfases Curriculares é de 32 créditos em disciplinas
obrigatórias, 32 créditos em disciplinas optativas e 48 créditos em
atividades de estágio supervisionado. Os conteúdos curriculares são
apresentados ao longo das disciplinas e demais componentes curriculares,
através das ementas, bibliografia básica e complementar. O curso exige,
como titulação dos docentes, doutorado.
A concepção do Núcleo Comum está fundada em sistemas teóricos
que consideram como referência os seguintes operadores de análise:
fundamentos históricos, epistemológicos e teórico-metodológicos, ou seja,
que objetos recorta e como; com que metodologia aborda seu objeto;
161
concepção de homem e de sujeito adotada e abordagem do percurso e das
transformações históricas. Enfim, como a Psicologia tem questionado,
refletido e analisado esse processo. O conceito de núcleo comum é baseado
no sistema teórico fundamentado nos seguintes operadores analíticos:
fundamentos históricos, epistemológicos e teórico-metodológicos; o
conceito de homem e sujeito, o caminho e o método de transformação
histórica.
As ênfases curriculares são: Processos Clínicos e Saúde Mental;
Subjetividade, Trabalho e Administração do Social; Psicologia Social,
Educação e Subjetividade; e Políticas Públicas e Clínica Crítica. A primeira
ênfase implica no aprofundamento das competências para atuação clínica,
visando desenvolver diferentes recursos, estratégias e instrumentos
compatíveis com os processos clínicos e coerentes aos referenciais teóricos
diversos, voltados para o sujeito e em diversos domínios e níveis de ação
profissional. a ênfase de Subjetividade, Trabalho e Administração do
Social traz objetivo geral, problematizar as relações da psicologia e a
contemporaneidade, por meio de diversos estudos e reflexões, que visam
questionar como o domínio da atividade humana é organizado. A ênfase
de Educação e Subjetividade visa examinar as contribuições da Psicologia
para o processo de ensino e aprendizagem nos diversos níveis, mediante o
diagnóstico das necessidades e o planejamento dos procedimentos de
pesquisa e de intervenção. Na ênfase de Políticas Públicas e Clínica Crítica,
o objetivo geral é habilitar o aluno a refletir e a desenvolver a atuação e a
produção de conteúdo, fundamentadas na análise crítica e nas políticas
públicas. Considerando, para isso, a constituição da subjetividade como
resultado de processos sócio-histórico-culturais transversalmente
atravessados por forças e por poderes de disciplinarização e/ou de controle
do social. Os eixos utilizados nessa investigação são: a saúde coletiva; a
atenção psicossocial na saúde coletiva; sexualidades e gêneros;
162
esquizoanálise; psicanálise com crianças e adolescentes e as políticas sociais;
e a psicanálise de Freud a Lacan.
Segundo o PPC, o curso de Psicologia consolida uma série de
práticas sociais com foco nas questões da expansão ao longo de seu processo
de desenvolvimento, a partir dos problemas dos modelos contemporâneos
de objetivação e de subjetivação. Desse modo, a definição do enfoque
curricular é estabelecer o campo de atividade profissional, aprofundar as
habilidades e competências iniciadas no núcleo comum e garantir a
concretização da carreira institucional, tendo em consideração as
particularidades da região e do lugar.
Foi possível observar que, na categoria Reflexão Dirigida, os
estágios básicos adotam uma estrutura curricular de pesquisa, articulando-
se aos projetos de extensão e à iniciação científica. Sendo, assim, mais
voltados para o desenvolvimento da capacidade crítico-reflexiva do
estudante e para as habilidades acadêmicas, como escrita e produção de
textos. Enquanto os estágios supervisionados, esses assumem o papel de
capacitar o discente para a prática psicológica nos mais diversos contextos
através do aprofundamento dos conteúdos do cleo básico e contato com
o campo.
O estágio básico está no Núcleo Comum, tendo como principal
objetivo colocar o estudante em contato direto com a realidade da atuação
do psicólogo, com problemas e com situações que demandam pesquisa e
intervenção da Psicologia, segundo a compreensão dos múltiplos
referenciais que compõem o fenômeno psicológico. O estágio objetiva
possibilitar ao graduando a construção de conhecimentos e de vivências,
segundo suas observações, investigação-análise, visitas e participação,
quando for viável. Desenvolve-se por meio da atuação psicológica em
instituições e em serviços, públicos ou privados, ou em projetos de
163
extensão. A estrutura do estágio básico se elabora sob o formato de
pesquisa, tendo como suporte à integração Ensino, Pesquisa e Extensão.
Desse modo, a atividade em pesquisa deve orientar-se por objetivos
e por questões construídas com o estudante, utilizando procedimentos e
instrumentos científicos, criados por referenciais teórico-metodológicos,
constituídos na diversidade do campo da Psicologia e enfocados nas demais
disciplinas do Núcleo Comum. A realização do projeto de estágio é
elaborada e executada em grupo, devendo ser elaborados relatórios, de
acordo com as práticas desenvolvidas no estágio, objetivando desenvolver
as habilidades de escrita, de reflexão e de discussão coletiva dos alunos.
As atividades práticas desenvolvidas ao longo dos três semestres dos
estágios básicos comtemplam a observação e o contato com o campo e com
os projetos desenvolvidos, seguindo as possibilidades oferecidas pelo
campo e pelos supervisores. Desse modo, quando possível, é recomendada
a participação dos estagiários na elaboração e desenvolvimento das
atividades da Psicologia que estejam a seu alcance, como, por exemplo, o
mapeamento de territórios psicossociais (investigar dados e informações
para realizar diagnósticos situacionais nos diferentes campos de atuação do
psicólogo, buscando definir o espaço dos problemas e a geração de
determinadas configurações psicossociais).
O estágio específico inicia a partir do sétimo semestre, como
atividade obrigatória do Curso de Psicologia. É compreendido na
perspectiva de continuidade da formação básica definida no Núcleo
Comum e no aprofundamento das Ênfases Curriculares, fundamentadas
nos princípios éticos e teórico-práticos indispensáveis para o exercício
profissional. Assegurando, assim, um conjunto básico de competências e
de habilidades esperado do Psicólogo. Os estágios específicos
desenvolvidos pelo estudante estarão vinculados às disciplinas optativas das
164
Ênfases e, desse modo, com programas de ensino que contemplam as
relações entre ensino, pesquisa e extensão. As atividades de estágio
específico visam aproximar o discente, de forma sistemática e gradual, da
práxis do psicólogo, formando seu conhecimento e sua experiência a partir
da vivência em diferentes contextos e realidades sociais.
Na categoria Assunção de Responsabilidade, foi possível observar
que o curso incentiva a pesquisa desde o início da graduação, contando
com projetos de extensão e com a iniciação científica, que são integradas
às práticas de estágio básico. Acrescenta-se, ainda, que, não especificação
de quais são os projetos de extensão ofertados pelo curso, embora haja a
relação de projeto de extensão com as atividades ofertadas pelo Centro de
Pesquisa e Psicologia Aplicada, por meio de serviços psicológicos ofertados
à comunidade.
Dentre as oportunidades oferecidas aos estudantes pelo curso estão:
grupos de estudo, seminários temáticos, cursos de extensão, minicursos,
oficinas, atividades culturais, jornadas temáticas, eventos científicos (com
apresentação de trabalhos), organização de eventos científicos e culturais,
participação em projetos culturais e artísticos, entre outras. Foram
realizadas buscas pelos termos “monitoria e “metodologia ativa”, não
obtendo resultados.
Na categoria de análise da Matriz Curricular, a maior parte das
disciplinas visadas na análise são eletivas ou optativas, de modo que, ao
escolher determinada ênfase, o estudante, automaticamente, não terá
oportunidade de construir outros conhecimentos que não estão agrupados
nas disciplinas da ênfase escolhida. Assim, as disciplinas levantadas que
podem se associar os objetivos deste estudo e que pertencem ao cleo
comum foram: Fundamentos da ética (4° semestre); Políticas públicas e
movimentos sociais (5° semestre); Psicologia, gêneros e processos de
165
subjetivação (5°semestre); Formação social e cultural Brasileira (6°semestre);
Modelos de subjetivação nas culturas moderna e pós-moderna (6° semestre).
Na ênfase de Processos Clínicos e Saúde Mental: Vínculos amorosos,
conjugalidade e arranjos familiares no contemporâneo (7° semestre). Na
ênfase de Políticas Públicas e Clínica Crítica: Políticas públicas sociais:
instituições, processos de subjetivação e práticas psi (9° semestre); Perspectiva
Queer na Psicologia Clínica (optativa); Perspectiva Queer na Psicologia
Clínica e Direitos Humanos (optativa); Políticas Públicas, Instituições e
Atenção Psicossocial (optativa); Intercessões Institucionais Clínicas em
Políticas Públicas (optativa). Na ênfase de Psicologia Social, Educação e
Subjetividade: Cartografias de Gêneros e Sexualidades na Educação de
Crianças e Jovens I, II (optativas).
No Quadro 17, apresentamos as informações sobre o Curso 15. O
curso está sob jurisdição do MEC e ocorre em uma universidade pública
federal. Estão autorizadas 40 vagas para o período integral, sendo 10
semestres e uma carga horária de 4.065 horas.
Quadro 17 - Dados do Curso 15 de Graduação em Psicologia que apresenta PPC
disponível no site institucional
CURSO 15
Organização Acadêmica
Universidade
Categoria Administrativa
Pública Federal
Jurisdição
MEC
Início de funcionamento
05/03/2007
Grau
Bacharelado
Vagas Autorizadas
40período integral
Carga Horária
4.065 h
Periodicidade
Semestral
Integralização
10 semestres
Conceito ENADE 2018
5
Fonte: Da autora.
166
O conceito ENADE 2018 foi 5. O PPC analisado está estruturado
em 103 páginas, datado de 2009. Apresenta como conteúdo: prólogo,
justificativa e filosofia do curso de psicologia, histórico do curso, condições
físicas e humanas de funcionamento do curso, questões administrativas
gerais, anexos e apêndices.
Na categoria de análise Valores Fundamentais, apresenta-se o
objetivo do Curso, pautado na formação do Psicólogo voltado para a
atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia,
considerando os compromissos envolvidos na formação do psicólogo
redefinidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como os objetivos
gerais em termos de competências e habilidades.
Aponta-se, para o perfil do egresso, que os estudantes apresentem
aptidões gerais e específicas, que se destinam à atuação no manejo junto
aos fenômenos psicológicos (intervenção na realidade) e na produção de
conhecimentos sobre fenômenos psicológicos (pesquisa). Enquanto
profissional de vel superior, buscar acessibilizar o conhecimento da
Psicologia àqueles com quem interage, seja ao intervir ou ao produzir
conhecimento (ensino), e ao manter-se em permanente desenvolvimento
(desenvolvimento pessoal).
O curso estrutura-se por meio de duas vertentes de formação,
entendidas como indissociáveis e complementares: a de Pesquisa ou
Produção de Conhecimento e a de Atuação em termos de Serviços e
Intervenção. Assim, essas duas vertentes correspondem à noção de ênfases
das Diretrizes Curriculares Nacionais, na medida que constituem a base da
estruturação do curso, sendo desenvolvida e aprofundada ao longo dos
semestres. A vertente de Produção de Conhecimento em Psicologia
focaliza conhecimentos, habilidades e competências básicas de pesquisa
definidas no núcleo comum da formação. Dentro da vertente, o estudante
167
deve ser capacitado a analisar criticamente diferentes estratégias de
pesquisa; a conceber e a redigir projetos de pesquisa; a conduzir processos
de pesquisa e a relatar investigações científicas de distintas naturezas.
Posteriormente, ao entrar na formação específica, a vertente de produção
de conhecimento pre a oferta de condições para garantir ao graduando
o desenvolvimento de competências como divulgar pesquisas realizadas
por meio de produtos bibliográficos (artigos, capítulos, trabalhos
completos) em diferentes veículos, apresentar esses produtos em reuniões
científicas e organizar eventos de divulgação, bem como planejar e
favorecer sua trajetória de formação como pesquisador ao término da
graduação.
No que diz respeito à vertente de Atuação em Psicologia, essa se
concentra em conhecimentos, em habilidades e em competências básicas
de pesquisa e de intervenção definidas no cleo comum da formação, as
quais devem capacitar o formando a diagnosticar necessidades; a planejar
condições de intervenção e serviços psicológicos; a realizar procedimentos;
a avaliar efeitos de intervenção e de serviços psicológicos na solução de
problemáticas cuja origem e/ou solução dependam do comportamento
humano. No segundo momento, para formação específica em intervenção,
são oferecidas condições para garantir ao estudante o desenvolvimento de
competências, como propor, planejar e implementar alternativas de
atuação profissional em Psicologia, em termos de serviços, de acordo com
as necessidades sociais identificadas.
Considerando a gama de possibilidades e de campos de atuação do
psicólogo, ao invés de eleger uma ênfase, a proposta do curso é possibilitar
a escolha ao graduando de inserção em diferentes projetos de intervenção
profissional ao longo do curso. Objetivando garantir, simultaneamente, a
instrumentalização necessária para lidar com diferentes demandas e
168
problemas sociais, e desenvolver a capacidade de identificação dos
estudantes. As opções podem ser feitas, desde o segundo ano do curso, em
termos de atividades de intervenção (estágios básicos de intervenção) e, no
caso da inserção em atividades de pesquisa, essa possibilidade de escolha
acontece a partir do terceiro ano.
Observamos poucas citações quanto à especificidade dos valores
éticos da instituição e do curso. Contudo, essa contempla, em seus
objetivos, a formação de profissionais comprometidos com as normas de
atuação profissional, assumindo-a de forma concomitante à capacitação
generalista e específica dos egressos através do aprofundamento de
conteúdo. Tem como objetivo a instrumentalização dos estudantes para
lidar com as diversas demandas sociais. Destacamos, ainda, que as duas
vertentes oferecidas pelo curso são trabalhadas de forma complementar.
Procedemos a busca pela terminologia “transversalidade da éticaou “ética
sendo trabalhada de forma transversal”, mas não obtivemos
correspondência.
Na análise da categoria Reflexão Dirigida, observamos que o
Estágio Básico é composto pelas disciplinas: Práticas de atuação profissional
1, 2, 3 e 4 e Prática em pesquisa psicológica 1, 2, 3 e 4. No caso das
disciplinas Práticas de atuação profissional, os estudantes desenvolvem
atividades vinculadas a projetos de intervenção na comunidade interna e
externa à Universidade, sob acompanhamento direto dos supervisores,
aprendendo, através da observação de modelos e de atuação monitorada.
Também são ofertadas condições para o desenvolvimento conceitual nas
áreas relativas ao tipo de campo em que o projeto se desenvolve, a partir
de leituras e discussões com colegas de anos mais adiantados do curso e de
supervisores. No caso das disciplinas de Prática em pesquisa psicológica, os
169
discentes aprendem a desenvolver diferentes tipos de processos de pesquisa,
participando, em grupo, de projetos propostos por docentes.
Dentro do Estágio Específico de Ênfase, na vertente de atuação em
Psicologia, o estágio é desenvolvido ao longo das disciplinas de Intervenção
em psicologia: Estágio Supervisionado 1, 2, 3 e 4, exigindo a atuação direta
de professores e de estudantes na comunidade. Enquanto, na vertente
Produção de Conhecimento, o estágio é desenvolvido ao longo das
disciplinas de Pesquisa em Psicologia: monografia 1, 2, 3 e 4, exigindo uma
atuação direta de professores e alunos na realização de pesquisas que servem
de base à elaboração, pelo aluno, de sua própria monografia, em linha de
pesquisa escolhida dentre as oferecidas pelos docentes.
Segundo o PPC, estimula-se e garante-se a diversidade nas
possibilidades de intervenção oferecidas nas disciplinas práticas, segundo a
exigência de que cada estudante se engaje em projetos diferentes do
segundo ao quinto anos (diferentes supervisores e, de preferência,
diversificados objetos, populações, necessidades sociais ou campos de
intervenção).
As Disciplinas Optativas são atividades de complementação e de
aprofundamento, escolhidas pelos graduandos, a partir das disciplinas
semestralmente ofertadas, por docentes do departamento, bem como de
outros departamentos, sendo garantido, assim, perspectivas variadas sobre
diferentes temáticas. Também ocorre a possibilidade de realização pelos
estudantes de Estágios não obrigatórios, na condição de disciplina eletiva.
Analisando a categoria Assunção de Responsabilidade, destacamos
que o curso incentiva a pesquisa durante a graduação, possuindo diversos
projetos de extensão e de iniciação científica. O curso oferece, também,
programas de monitoria (incluindo programas de bolsa monitoria),
170
projetos de grupos de estudos (15 horas por semestre/2 semestres). Foi
realizada a busca por metodologia ativa”, não obtendo correspondência.
As atividades Complementares são atividades ministradas por
docentes de vários departamentos e destinadas a estudantes de diferentes
cursos, entre elas: atividade Curricular Integrada Ensino Pesquisa e
Extensão, Iniciação Científica, congressos, participação em projetos de
extensão, órgãos colegiados, representação estudantil, publicações etc.
Todos os estudantes realizam atividades vinculadas à pesquisa
experimental e à descritiva, apesar de estarem vinculados a diferentes
projetos, previamente elaborados com a finalidade de ensino (“projetos-
escola”). A carga horária e a distribuição dessas atividades, ocorre ao longo
dos 10 semestres letivos regulares, tomando como referência um total de
4065 horas (271 créditos). A distribuição da carga horária para as
diferentes atividades curriculares resultou em 2625 horas (64,57%) para
Disciplinas Obrigatórias do Núcleo Comum; 360 horas (8,85%) para
Estágio Básico; 420 horas (10,33%) para Estágio Específico das vertentes
da ênfase, 60 horas (15,49%) para disciplinas optativas e 30 horas (0,82%)
para Atividades Complementares. Às disciplinas optativas, serão atribuídas
preferencialmente no máximo 4 créditos cada, para garantir a diversidade
das disciplinas optativas.
A partir da análise da Matriz Curricular, identificamos que o curso
se fundamenta em cinco eixos estruturantes: Fenômenos e Processos
Psicológicos; Investigação e Intervenção sobre Processos e Fenômenos
Psicológicos; Instrumentação (para Investigação e Intervenção sobre
Processos e Fenômenos Psicológicos); Determinantes Biológicos e
Socioculturais de Processos e Fenômenos Psicológicos; Psicologia como
Ciência: Filosofia e História da Psicologia. Foram levantadas as disciplinas
que se associam aos aspectos levantados por este estudo, destacando: Ética
171
na atuação do psicólogo (3°semestre) e Comportamento e Cultura
(3°semestre). Salienta-se que as matérias optativas não constam no PCC,
possibilitando a inclusão de mais disciplinas na análise.
Assim, as atividades educativas disponibilizadas na grade curricular
do curso são: Disciplinas obrigatórias do Núcleo Comum; Estágio Básico;
Disciplinas específicas de cada vertente da Ênfase; Estágio de Ênfase;
Disciplinas optativas; Atividades Complementares. No Núcleo Comum,
as atividades se realizam tanto no contexto de sala de aula, como no âmbito
dos laboratórios de ensino e dos contextos comunitários onde são
realizadas as práticas previstas para cada uma delas. Aqui, estão incluídas
as disciplinas obrigatórias do curso, relativas aos fundamentos, à
instrumentação, aos determinantes sociais e biológicos do
comportamento, e à história e à filosofia, nas quais é mantida, como
estratégia geral de ensino, a perspectiva do aprender fazendo, aprender a
aprender e aprender a solucionar problemas. Para tanto, tomam-se temas
e habilidades que são retomados nas atividades de pesquisa e de
intervenção; principalmente, nos Estágios Básicos do Núcleo Comum e
nos Estágios Específicos de cada uma das vertentes da Ênfase,
individualmente ou em pequenos grupos, com nova perspectiva.
Ao finalizar a análise dos PPCs, podemos entender as contradições,
as aproximações e os distanciamentos entre o “currículo ideal”, proposto
pela DCN, e o “currículo real”, os próprios PPCs, característicos de cada
IES, pública ou privada (ALMEIDA; SCHLICHTA, 2017).
Não é uma tarefa fácil identificar nos PPC as categorias propostas
para a análise, necessitando uma leitura atenta dos aspectos apresentados
para a compreensão de quais são os valores fundamentais propostos pelo
curso de graduação e se indicam possibilidades de assunção de
172
responsabilidade e reflexão dirigida nas atividades que compõem a
formação profissional.
Um ambiente acadêmico, favorável, no Ensino Superior, à
aprendizagem, é um fator importante para a qualidade da formação, para
a competência cnica e profissional, para o desenvolvimento humano e
integral dos estudantes e para os entrelaçamentos das dimensões cognitivas
e sócio-morais (MORAIS et al., 2017). Patto (2000) questionava que,
sem o pensamento crítico, o psicólogo poderia estar condenado a ser
apropriado pela sua própria ciência, ao invés de apropriar-se dela.
Para tanto, sabendo do perfil desses graduandos, em sua maioria
provenientes da classe trabalhadora, as IES e o próprio curso m a
responsabilidade de pensar em recursos que possam favorecer a adaptação
acadêmica e a motivação para a aprendizagem (reduzindo a evasão), a
partir de um currículo que considere as peculiaridades dos estudantes (sem
empobrecer a relação dos conteúdos e das metodologias utilizadas), mas
que se preocupe com a carga horária, com o apoio pedagógico ao
graduando, com instalações e serviços adequados, com a expansão de
horários para atendimentos e com docentes atuando de forma mais
dinâmica (MORAIS et al., 2017).
Essas questões reforçam a importância do Projeto Pedagógico para
a totalidade do curso de graduação, que, sem esse mecanismo, no qual
são estabelecidos os parâmetros para a formação, dificilmente haveria a
efetivação das propostas, aqui, apresentadas. Ficando, a mercê, das gestões
administrativas das IES e dos interesses momentâneos dos gestores. Por
outro lado, não somente o PPC pode ser a garantia de que a formação
esteja acontecendo sob uma perspectiva adequada. Da prática docente,
emergem possibilidades de ampliação dos espaços de discussão, das
integrações entre os conteúdos das disciplinas, de uma participação ativa
173
do estudante, de atividades que suscitem oportunidades da construção do
conhecimento, de assunção de responsabilidade e de reflexão dirigida.
A Análise dos Conceitos ENADE
Para Ministério da Educação, avaliar o ensino de graduação é a
possibilidade de conhecer e de dimensionar as características e os fatores
envolvidos na relação educacional para uma formação de cidadãos
profissionais e, assim, identificar subsídios para os seus aprimoramentos.
Dessa forma, procura contribuir com a instituição educacional, ampliando
o seu autoconhecimento e a busca de melhor adequação de suas funções
científicas e sociais (BRASIL, 1993).
De acordo com o INEP (2021b), o ENADE tem como objetivo
avaliar o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação quanto aos
conteúdos programáticos, previstos nas DCNs, as competências e as
habilidades para o aprofundamento da formação geral e profissional, e a
atualização dos graduandos quanto às realidades brasileira e mundial. A
avaliação é aplicada pelo INEP desde 2004 e integra o Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Superior (SINAES), também composto pela
Avaliação dos Cursos de Graduação e pela Avaliação Institucional. Juntos
integram o tripé avaliativo, que identifica a qualidade dos cursos e das IES
brasileiras. Com os resultados do ENADE e as respostas do Questionário
do Estudante, é possível o cálculo dos Indicadores de Qualidade da
Educação Superior. As áreas de conhecimentos e eixos tecnológicos são
divididas em Ano I, Ano II e Ano III, com a vinculação de cursos a essas
áreas de avaliação da edição.
174
Para Travassos e Mourão (2018), os resultados do ENADE trazem
um indicativo da formação e apontam que as notas dos estudantes
concluintes vêm sendo menores nos últimos anos de realização da
avaliação, tanto no componente de formação geral quanto no de formação
específica. Aqui, corroboramos parcialmente com os autores citados, ao
compreendermos que aconteceu uma diminuição das notas de 2006 para
2009 e de 2015 para 2018, na formação geral, e de 2006 para 2012, na
formação específica. No entanto, os resultados para o desempenho médio
dos graduandos em 2015, quanto à formação geral, foi o maior de todos
os anos do ENADE para o curso de Psicologia, ocorrendo, também, um
aumento na média da formação específica de 2012 para 2018 (INEP,
2021a).
Conforme podemos observar na Tabela 3, no ano de 2006, os
resultados da média geral para a formação geral foram de 47,2 pontos e
para a formação específica de 52,7 pontos. Em 2009, a média geral para a
formação geral foi de 30,21 pontos e para a formação específica de 42,58
pontos. No ano de 2012, os estudantes apresentaram desempenho médio
na formação geral de 42,1 pontos e na formação específica de 37,6 pontos.
Em 2015, a avaliação da formação geral foi de 54,2 pontos e a avaliação
da formação específica foi de 45,6 pontos (INEP, 2021a).
Tabela 3 - Desempenho médio dos estudantes no ENADE
Ano ENADE
Formação Geral
Formação Específica
2006 45,4 46,3
2009 30,21 42,58
2012 42,1 37,6
2015 45,6 54,2
2018 46,9 46,1
Fonte: INEP (2021a).
175
Não somente esses resultados do desempenho médio no ENADE
sinalizam lacunas no desenvolvimento das competências dos graduandos,
como, também, estudos a respeito das Diretrizes Curriculares do Cursos
de Psicologia indicam lacunas nas competências, na formação dos futuros
profissionais (TRAVASSOS; MOURÃO, 2018). A Tabela 4 apresenta os
conceitos do ENADE de 2006, de 2009, de 2012, de 2015 e de 2018 (anos
de aplicações das provas para o Curso de Psicologia).
Tabela 4 - Conceito ENADE por ano de realização da avaliação
ANO ENADE
CONCEITO ENADE
CURSOS
%
2006
1 2 2,70
2 11 14,86
3 35 47,30
4 9 12,17
5 1 1,35
Sem conceito 16 21,62
Total 74 100
2009
1 3 3,30
2 6 6,59
3 44 48,35
4 14 15,38
5 2 2,20
Sem conceito 22 24,18
Total 91 100
2012
1 4 4,70
2 7 8,24
3 47 55,29
4 24 28,24
5 3 3,53
Total 85 100
176
ANO ENADE CONCEITO ENADE CURSOS %
2015
1 2 1,96
2 19 18,63
3 52 50,98
4 28 27,45
5 1 0,98
Total 102 100
2018
1 4 1,77
2 39 17,26
3 48 21,24
4 17 7,52
5 4 1,77
Sem conceito 114 50,44
Total 226 100
Fonte: Da autora.
Em uma leitura dos dados, identificamos que, em 2006, de um
total de 74 cursos ativos, a maior concentração obteve conceito 3
(47,30%), a menor concentração com conceito 5 foi de 1,35% e 21,62%
representam cursos que não tiveram conceito. Em 2009, de 91 cursos,
48,35% obtiveram conceito 3 e a menor concentração (2,20%) o conceito
5, sendo que 24,18% dos cursos não tiveram conceito. No ano de 2012,
de 85 cursos, a maior concentração (55,29%) continua com o conceito 3,
a menor 3,53% com o conceito 5. Em 2015, de um total de 102 cursos, o
maior percentual apresentou o conceito 3 (50,98%) e o menor o conceito
5 (0,98%). No último ENADE investigado, o de 2018, de 226 cursos,
21,24% apresentaram o conceito 3 como maior concentração e a menor,
1,77%, nos conceitos 1 e 5, sendo que 50,44% dos cursos de graduação
em Psicologia não obtiveram conceito. Não apresentamos os dados dos
cursos sem conceito para os anos de 2012 e de 2015, por não estarem
177
disponíveis na plataforma consultada. O curso de Psicologia tem duração
de cinco anos e a prova do ENADE é aplicada aos estudantes do período
final da graduação, conforme indicado a Tabela 5.
Tabela 5 - Quantitativo de Cursos iniciados por ano em atividade até os dias de hoje
Ano
Cursos
%
1959 3
1,33
1963
1
0,44
1964
2
0,88
1965 1
0,44
1966
1
0,44
1969
1
0,44
1970 4
1,77
1971
4
1,77
1972
5
2,21
1973 3
1,33
1975
1
0,44
1978
1
0,44
1980 2
0,88
1988
3
1,33
1990
3
1,33
1993 2
0,88
1994
1
0,44
1995
3
1,33
1996 2
0,88
1997
7
3,10
1999
5
2,21
2000 8
3,54
2001
7
3,10
2002
2
0,88
2003 6
2,66
2004
3
1,33
2005
7
3,10
178
Ano
Cursos
%
2006
8
3,54
2007
11
4,88
2008
4
1,77
2009
5
2,21
2010
4
1,77
2011
2
0,88
2012
1
0,44
2013
2
0,88
2014
4
1,77
2015
5
2,21
2016
19
8,42
2017
8
3,54
2018
10
4,42
2019
22
9,74
2020
14
6,20
2021
1
0,44
Não iniciados
18
7,97
TOTAL 226
100
Fonte: Da autora.
Identificamos 12 cursos que iniciaram suas atividades entre de
2009 e 2012, não contemplando a realização da avaliação ENADE 2012;
mesma situação em 2015, em que 12 cursos tiveram suas atividades
iniciadas de 2012 a 2015. A Tabela 6 traz dados do ENADE 2018, com
base na categoria administrativa, no grau e na região administrativa de São
Paulo.
179
Tabela 6 - Conceito ENADE 2018 e categoria administrativa,
grau e região administrativa.
Categoria administrativa 1 2 3 4 5 SC Total Geral %
Especial 0 2 1 1 0 0 4 1,77
Privada com fins lucrativos 0 19 26 11 0 64 120 53,10
Privada sem fins lucrativos 3 15 19 5 0 39 81 35,84
Pública Estadual 0 0 0 0 2 7 9 3,98
Pública Federal 0 0 0 0 2 0 2 0,88
Pública Municipal 1 3 2 0 0 4 10 4,43
Total Geral 4 39 48 17 4 114 226 100
Grau 1 2 3 4 5 SC Total Geral %
Bacharelado 4 39 48 17 4 108 220 97,35
Licenciatura 0 0 0 0 0 6 6 2,65
Total Geral 4 39 48 17 4 114 226 100
Região Administrativa 1 2 3 4 5 SC Total Geral %
Araçatuba 0 1 2 1 0 5 9 3,99
Baixada Santista 0 0 2 0 1 4 7 3,10
Barretos 0 0 1 0 0 1 2 0,88
Bauru 0 3 1 1 1 5 11 4,86
Campinas 2 4 9 6 0 24 45 19,92
Central 0 2 2 0 1 2 7 3,10
Itapeva 0 0 0 0 0 1 1 0,44
Franca 0 1 0 1 0 2 4 1,77
Marília 0 2 2 1 1 1 7 3,10
Presidente Prudente 0 2 1 0 0 1 4 1,77
Ribeirão Preto 0 0 4 0 0 4 8 3,54
180
Região Administrativa
1 2 3 4 5 SC Total Geral %
São José Do Rio Preto 0 5 3 0 0 3 11 4,86
São José Dos Campos 0 1 2 1 0 9 13 5,75
São Paulo 2 16 17 5 0 42 82 36,29
Sorocaba 0 2 2 1 0 10 15 6,63
Total Geral 4 39 48 17 4 114 226 100
Fonte: Da autora.
*SCSem Conceito.
Quanto à categoria administrativa, a maior parte dos cursos que
obtiveram conceito no ano da avaliação, enquadram-se em instituições
privadas com fins lucrativos (53,10%) e em privadas sem fins lucrativos
(35,84%), havendo um expressivo número (114 de um total de 226) de
cursos que não obtiveram conceitos, sendo 56,14% de instituições
privadas com fins lucrativos, 34,21% privadas sem fins lucrativos, 6,14%
de públicas estaduais e 3,51% de públicas municipais. Podemos levantar
questões para essa situação, como cursos que iniciaram menos de 5 anos
da última avaliação do ENADE, ou que ainda não iniciaram e, portanto,
não havia turma se formando no ano de 2018, ou mesmo pela não
aderência dos cursos e de seus graduandos a este modelo avaliativo dos
cursos de graduação no Brasil. Os cursos que apresentaram o maior
conceito estão na categoria administrativa de pública estadual e pública
federal, com dois cursos em cada categoria.
Referindo-nos a essas categorias, é possível perceber que 7 cursos
da pública estadual não obtiveram conceito e todos os de pública federal
foram avaliados. os cursos com o menor conceito estão distribuídos nas
categorias privada sem fins lucrativos e pública municipal, com 3 e 1
cursos, respectivamente. Na relação do grau de bacharel e licenciado em
181
Psicologia com o conceito ENADE 2018, 97,35% ofertam o grau de
bacharel e 2,65% o de licenciado. Todos os cursos de licenciatura estão
sem conceito e os maiores percentuais do bacharelado estão associados ao
conceito 3 e 2, respectivamente.
Quanto à região administrativa do Estado de São Paulo, 36,29%
dos cursos estão localizados na região de São Paulo e 19,92% na região de
Campinas, sendo estas regiões as que também apresentam as maiores
concentrações de cursos sem conceito. Os cursos com o conceito 5 estão
localizados nas regiões administrativas da Baixada Santista, Central, Bauru
e Marília, com um curso em cada uma dessas regiões. os cursos com o
conceito 1 estão localizados nas regiões administrativas de Campinas e São
Paulo, com dois cursos em cada localidade.
A partir da Tabela 7, podemos olhar o conceito ENADE 2018 a
partir de uma outra perspectiva, apresentando separadamente as
informações por conceito.
Tabela 7 - Conceito ENADE 2018 e variáveis
CONCEITO ENADE 1
Variáveis Cursos %
Grau Bacharelado 4 100,00
Total Geral 4 100
Categoria Administrativa
Privada sem fins lucrativos 3 75,00
Pública Municipal 1 25,00
Total Geral 4 100
Região Administrativa
Campinas
2
50,00
São Paulo 2 50,00
Total Geral 4 100
182
CONCEITO ENADE 2
Variáveis Cursos %
Grau Bacharelado 39 100,00
Total Geral 39 100
Categoria Administrativa
Especial 2 5,13
Privada com fins lucrativos 19 48,72
Privada sem fins lucrativos 15 38,46
Pública Municipal 3 7,69
Total Geral 39 100
Região Administrativa Araçatuba 1 2,56
Bauru 3 7,69
Campinas 4 10,26
Central 2 5,13
Franca 1 2,56
Marilia 2 5,13
Presidente Prudente 2 5,13
São José Do Rio Preto 5 12,82
São José Dos Campos 1 2,56
São Paulo 16 41,03
Sorocaba 2 5,13
Total Geral 39 100
183
CONCEITO ENADE 3
Variáveis Cursos %
Grau Bacharelado 48 100,00
Total Geral 48 100
Categoria Administrativa
Especial 1 2,08
Privada com fins lucrativos 26 54,17
Privada sem fins lucrativos 19 39,58
Pública Municipal 2 4,17
Total Geral 48 100
Região Administrativa Araçatuba 2 4,17
Baixada Santista 2 4,17
Barretos 1 2,08
Bauru 1 2,08
Campinas 9 18,75
Central 2 4,17
Marilia 2 4,17
Presidente Prudente 1 2,08
Ribeirão Preto 4 8,33
São José Do Rio Preto 3 6,25
São José Dos Campos 2 4,17
São Paulo 17 35,42
Sorocaba 2 4,17
Total Geral 48 100
CONCEITO ENADE 4
Variáveis Cursos %
Grau Bacharelado 17 100,00
Total Geral 17 100
Categoria Administrativa
Especial 1 5,88
Privada com fins lucrativos 11 64,71
Privada sem fins lucrativos 5 29,41
Total Geral 17 100
184
Região Administrativa Araçatuba 1 5,88
Bauru 1 5,88
Campinas 6 35,29
Franca 1 5,88
Marília 1 5,88
São José Dos Campos 1 5,88
São Paulo 5 29,41
Sorocaba 1 5,88
Total Geral 17 100
CONCEITO ENADE 5
Variáveis Cursos %
Grau Bacharelado 4 100,00
Total Geral 4 100
Categoria Administrativa
Pública Estadual 2 50,00
Pública Federal 2 50,00
Total Geral 4 100
Região Administrativa Baixada Santista 1 25,00
Bauru 1 25,00
Central 1 25,00
Marilia 1 25,00
Total Geral 4 100
SEM CONCEITO ENADE 2018
Variáveis Cursos %
Privada com fins lucrativos 64 56,14
Privada sem fins lucrativos 39 34,21
Pública Estadual 7 6,14
Pública Municipal 4 3,51
Total Geral 114 100
Fonte: Da autora.
185
Na análise do conceito 1, 4 cursos com grau de bacharelado,
estando 75% na categoria administrativa privada sem fins lucrativos e 25%
em pública municipal, sendo distribuídos nas regiões administrativas de
Campinas (50%) e São Paulo (50%). Em relação ao conceito 2, são 39
cursos com grau de bacharelado, nas categorias administrativas especial
(5,13%), privada com fins lucrativos (48,72%), privada sem fins lucrativos
(38,46%) e pública municipal (7,69%), distribuídos nas regiões
administrativas de Araçatuba (2,56%), Bauru (7,69%), Campinas
(10,26%), Central (5,13%), Franca (2,56%), Marília (5,13%), Presidente
Prudente (5,13%), São Jo do Rio Preto (12,82%), São José dos Campos
(2,56%), São Paulo (41,03%) e Sorocaba (5,13%).
Com o conceito 3, temos 48 cursos, que conferem o tulo de
bacharelado, dispostos nas categorias administrativas especial (2,08%),
privada com fins lucrativos (54,17%), privada sem fins lucrativos
(39,58%) e pública municipal (4,17%) e nas regiões administrativas de
Araçatuba (4,17%), Baixada Santista (4,17%), Barretos (2,08%), Bauru
(2,08%), Campinas (18,75%), Central (4,17%), Marília (4,17%),
Presidente Prudente (2,08%), Ribeirão Preto (8,33%), São José do Rio
Preto (6,25%), São Jo dos Campos (4,17%), São Paulo (35,42%) e
Sorocaba (4,17%). No levantamento dos dados do conceito 4,
compreendemos que são 17 cursos que oferecem o grau de bacharelado,
divididos nas categorias administrativas especial (5,88%), privada com fins
lucrativos (64,71%) e privada sem fins lucrativos (29,41%), pertencendo
às regiões administrativas de Araçatuba (5,88%), Bauru (5,88%),
Campinas (35,29%), Franca (5,88%), Marília (5,88%), São José dos
Campos (5,88%), São Paulo (29,41%) e Sorocaba (5,88%). Em relação
aos dados dos cursos de graduação em Psicologia que obtiveram o conceito
5, maior nota possível na avaliação, destacamos que foram 4 cursos, que se
encontram nas categorias administrativas pública estadual (50%) e pública
186
federal (50%), e pertencem as regiões administrativas: Baixada Santista
(25%), Bauru (25%), Central (25%) e Marília (25%).
Souza e Bastos (2011) trazem uma preocupação pertinente quanto
ao boom na expansão dos cursos de formação em Psicologia no país,
destacando que muitos estudantes ingressaram no sistema superior, mas,
em contrapartida, não se compreendia o que essa expansão poderia
significar. Segundo os autores, o enfrentamento de dificuldades estrutura-
se com programas de incentivo à pesquisa, à pós-graduação e à investigação
que, para além dos centros públicos, poucas instituições privadas e
processo de escolarização anterior ao Ensino Superior (para apropriação do
conhecimento, sendo de qualidade e que contribua para o pensamento
científico e artístico) apresentam.
Dados dos estudos dos autores indicam que os concluintes da
graduação em Psicologia conhecem os processos psicológicos, o “saber-
fazer”, mas necessitam melhorar no reconhecimento das finalidades que
estão envolvidas nesse fazer profissional, bem como na articulação de novas
formas de fazer que aprimore o conhecimento das questões investigativas,
epistêmicas e históricas. Assim, coloca-se como primordial uma “[...]
formação integral, arraigada nas raízes que produziram os diversos campos
do conhecimento psicológico e nas possibilidades de avanços por meio da
investigação consistente e coerente do objeto de estudo da psicologia”
(SOUZA; BASTOS; BARBOSA, 2011, p. 310).
Macedo et al. (2017) ampliam a visão do setor privado como
hegemônico na formação do psicólogo, estando inclusive sob a gestão
empresarial de grupos internacionais (principalmente, nas regiões nordeste
e sudeste), com interesses mercadológicos e cultura organizacional
próprios, apresentando cursos de carga horária mínima (4000 h segundo
exigência das DCNs) ao público-alvo de estudantes trabalhadores.
187
Nesse cenário, o Conselho Federal de Psicologia elegeu o ano de
2018 como sendo o ano da Formação em Psicologia (de revisão das
DCNs), pois havia a discussão no contexto político do Ensino Superior
para oferta de cursos de Psicologia integralmente na modalidade EAD,
devido, justamente, aos interesses mercadológicos e a grandes grupos
educacionais almejando vantagens com o oferecimento da graduação em
Psicologia e demais cursos da área da saúde em formato EAD. Tal modelo
dificulta a efetivação dos princípios propostos pelas DCNs de uma
formação crítica e comprometida com as demandas sociais brasileiras
(RIBEIRO; SOLIGO, 2020).
Essa expansão dos cursos de Psicologia em IES privadas, que atuam
na lógica do mercado, tratando a educação como produto, priorizam o
lucro em detrimento da qualidade do ensino, comprometendo a qualidade
dos cursos e oferecendo condições precárias de trabalho aos docentes
(escassa remuneração, excesso de estudantes por sala, atividades extrassala).
Dessa forma, precarizam-se os contratos de trabalho, incluem-se
disciplinas básicas em EAD, reduzindo a carga horária de disciplinas com
conteúdos extensos (RIBEIRO; SOLIGO, 2020).
Quando analisamos os conceitos ENADE 2018 (Tabela 7),
percebemos que não houve a inclusão da categoria administrativa privada
(com ou sem fins lucrativos) no conceito 5 (a pontuação maior), estando
somente nesta análise cursos de graduação em Psicologia em IES públicas
estaduais e federais. A maior concentração desses cursos privados está no
conceito 3 (45 cursos), seguido pelo conceito 2 (34 cursos), conceito 4 (16
cursos) e conceito 1 (3 cursos). Isso vai ao encontro das discussões que
levantamos a respeito das prioridades do sistema educacional superior
brasileiro e o quanto isso acarreta o desempenho dos concluintes em suas
práticas profissionais e o ENADE. Compreendemos, também, que o
188
expressivo percentual de cursos que não obtiveram conceito no ENADE
2018, pode ser decorrência do boom dos cursos de Psicologia em IES
privadas com e sem fins lucrativos, que iniciaram as suas atividades em um
período não compatível com a realização da avaliação (Tabela 6).
Assim, os dados do ENADE trazem três perspectivas, quais sejam:
(a) de um lado, as IES (especialmente, as privadas), querem colher
benefícios econômicos com os bons resultados, como o aumento no
número de interessados, as vagas subsidiadas pelos programas de
financiamento estudantil, a mensalidade sem perda de mercado, a
publicidade dos indicadores obtidos (ranking das IES) e a transformação
do ensino superior em mercadoria; (b) por outro lado, estudantes,
obrigados a prestarem o exame, sendo que, muitas vezes, nem sabem ou
do que se trata, mas cumprem as regras institucionais; por fim, (c)
ingressantes, que direcionam suas escolhas para as IES mais bem colocadas
no ranking do ENADE, pois o diploma ofertado aparenta uma maior
qualidade dos cursos e consequentemente maior empregabilidade,
favorecendo os aspectos vendáveis dos cursos (ALMEIDA; SCHLICHTA,
2017).
Podemos concluir que a formação profissional vem sendo
embasada nos resultados do ENADE, dificultando assim uma formação
estruturada nos princípios educacionais do ensino, da pesquisa e da
extensão.
Refletindo sobre os Dados
O ensino e aprendizagem sempre esteve presente nos
relacionamentos humanos, mas a compreensão de que o desenvolvimento
189
dessa relação dependerá do bom conhecimento e da utilização de recursos
didáticos pelo educador, são reflexões mais recentes no âmbito
universitário (BORGES; ALENCAR, 2014).
Granado et al. (2005) destacam em seus estudos que “[...] a
interação na vida universitária é vista como um processo multifacetado,
complexo e multidimensional que se construí no cotidiano das relações
estabelecidas entre o estudante e a instituição” (GRANADO et al., 2005,
p. 33-34). É justamente nesse espaço construído pelas interações que
emergem possibilidades de se trabalhar com as questões éticas, com as
políticas públicas, com os direitos humanos e com as ações afirmativas.
Para isso, Roncaglio (2004) considera necessário que o sistema educacional
adote uma filosofia de Educação com estrutura circular e integrada, na qual
as ões possam ser mais autônomas e as decisões sejam tomadas no
coletivo.
Wanderley (1987) destaca que, para uma democratização
universitária, três dimensões básicas estariam envolvidas, a saber: (i) a
democratização do acesso (universalização do Ensino Básico,
aperfeiçoamento do ensino médio, melhoria do vestibular, formação
adequada para os professores); (ii) a democratização interna (escolha de
dirigentes, processos de representação e participação, responsabilidade
individual e coletiva); e (iii) democratização externa (extensão e prestação
de serviços na sociedade). Corroboramos, nesse sentido, de entender que,
para a estruturação de uma formação universitária democrática e ética,
discussões precisam estar acontecendo desde os níveis educacionais
anteriores. Para desenvolver a autonomia nos estudantes universitários,
compreendemos que todo o sistema educacional necessita caminhar na
mesma direção.
190
uma vinculação da democratização com a autonomia
universitária, exigindo para a sua concretização “[...] dedicação, esforço,
compreensão, avaliação constante, projeto claro do que se quer, luta contra
pressões e resistências, práticas concretas e reflexões teóricas que as
acompanhem” (WANDERLEY, 1987, p. 73).
Assim, nesses ambientes acadêmicos, de múltiplas relações, o
equilíbrio da relação professor-aluno é o cerne da relação pedagógica,
contribuindo para a relação do estudante com o seu conhecimento e,
consequentemente, com o contexto universitário em sua totalidade
(RONCAGLIO, 2004).
A gestão universitária, bem como dos cursos de graduação, está
diretamente vinculada à gestão do Sistema Educacional Brasileiro, em um
modelo vertical (RONCAGLIO, 2004). Propostas de metodologias ativas
são construções de uma nova relação para o processo educacional e
possuirão, como pressuposto, a contextualização, aproximando a teoria da
realidade do estudante. Nessa concepção, é necessária uma identificação,
que possibilite a interação e a intervenção do graduando como
protagonista do processo de aprendizagem (AZEVEDO; PACHECO;
SANTOS, 2019).
No entanto, essa mudança de uma prática pedagógica é um
processo de repensar o conhecimento, sendo feita de forma consciente e
preparada, passando o Ensino Superior a ser considerado como espaço para
a autonomia, para a descoberta, para a pesquisa, para a participação dos
estudantes e para os trabalhos em grupo. Havendo a possibilidade de
aprofundar os conhecimentos e de ressignificá-los (BORGES; ALENCAR,
2014).
191
Essa mudança da prática pedagógica vem ao encontro do
entendimento de que a ação docente será a base para uma boa formação
do estudante e para a contribuição na construção de uma sociedade
realmente pensante (FREIRE, 2007). Assim, o uso das metodologias ativas
vem como
[...] uma possibilidade de recurso didático para uma formação crítica e
reflexiva do estudante universitário, e se lança como uma prática
pedagógica inovadora, trazendo a participação coletiva democrática
como requisito fundamental para uma aprendizagem significativa, que
visa por meio da reflexão, e do compartilhamento de conhecimento,
uma formação do indivíduo como um ser que se forma à medida que
se relaciona e se apropria da realidade humana. Somente através da
utilização dessas metodologias ativas, aliados a práticas cada vez mais
reflexivas, críticas e grande comprometimento, será possível viver uma
pedagogia que promova a autonomia, que liberte que possibilite o
diálogo e o enfrentamento de resistências e de conflitos oriundos do
ensino superior (BORGES; ALENCAR, 2014, p. 139).
É essa busca constante pelo rompimento de práticas
tradicionalistas que propomos como emergente de ser discutida. Os
Projetos Político Pedagógicos das instituições educacionais deveriam ter
esta visão mais ampla de qual profissional que se quer formar e se esse perfil
condiz com uma formação que valorize os conhecimentos dos estudantes
e não apenas, que transmita os conhecimentos por meio da figura
autoritária do professor. Nos Projetos Pedagógicos de cursos de graduação,
como os analisados neste estudo, emerge, também, a necessidade de
definições mais claras e objetivas dos recursos metodológicos que estão
192
sendo valorizados e colocados como intrínsecos ao processo ensino e
aprendizagem, no meio universitário.
Não poderíamos deixar de destacar a urgência de grades
curriculares que estejam relacionadas com o que se espera do futuro
profissional da Psicologia, não apenas que haja o oferecimento de
disciplinas aleatórias, em que os estudantes tenham a possibilidade de
discussões apenas se fizerem a opção de cursar determinadas ênfases. As
novas DCNs, que aguardamos homologação, permitem-nos construir uma
grade curricular que esteja estruturada em eixos, justamente para
considerar a formação do psicólogo enquanto generalista e atuante em uma
sociedade que exigirá múltiplas intervenções individuais e coletivas. As
DCNs para os cursos de graduação em Psicologia, em vigor, são de 2004,
tendo sido republicadas em 2011, com uma alteração que trata do projeto
complementar ofertado pela Licenciatura. Então, depois de se passados
muitos anos desde a publicação original foi possível avaliar sua
efetividade e propor revisões, na construção de uma formação profissional
do psicólogo que esteja em consonância com as necessidades da população
e com a progressiva evolução dos conhecimentos psicológicos (BRASIL,
2018). Para tanto, as novas propostas das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Graduação em Psicologia vêm ao encontro de uma busca
de entidades da Psicologia (Conselho Federal de Psicologia, Associação
Brasileira de Ensino em Psicologia e Federação Nacional dos Psicólogos)
para uma formação qualificada e ética.
Essa ética vem sendo entendida como espaços que promovam
reflexões nos graduandos sobre situações vivenciados no cotidiano de
nossas práticas profissionais e na própria vida, compreendendo que
teremos posicionamentos diferentes frente aos acontecimentos, mas que a
opinião do outro e os argumentos que ele oferece para justificar suas ações
193
devem ser considerados. Isso nos permite atingir níveis mais elevados de
desenvolvimento moral (reciprocidade entre as pessoas, a igualdade de
oportunidades e o valor incondicional que cada pessoa tem), porque esta
estrutura moral é justamente possível pelas interações com o meio.
Reforçar a transversalidade da ética é outro ponto discutido neste
estudo, quando consideramos que não deve estar presente somente nas
discussões da disciplina. Deve, também, estar presente em diferentes
oportunidades; para isso, deve haver uma integração entre as disciplinas. É
compreender que
[...] a ética é sempre do “dever ser das relações humanas em vista de
nossa plena realização”. É uma busca infinita, interminável; é uma
consciência nítida de nossa incompletude; é um impulso permanente
em busca de crescimento e transformação (GUARESCHI, 2008, p.
23).
A ética vem aliada, também, ao respeito aos direitos humanos e a
uma educação baseada neles, cujo papel é de transformadora das
pedagogias educativas e da sociedade. Trata-se, pois, de uma prática social
e política emancipatória, que promove a conquista, a proteção de direitos,
a capacidade de formar sujeitos que exercitem indignação às injustiças e
desigualdades sociais e que demonstrem comprometimento com a
valorização da vida em sua plenitude (ALMEIDA; REIS, 2018).
Uma educação emancipadora em Direitos Humanos precisa ser capaz
de criar uma ética fundada no diálogo que integre a diferença e admita
o conflito. A ética pode ser definida aqui como a reflexão que
possibilita aos indivíduos uma abordagem crítica sobre a lei e a moral
194
e a sua contestação, o seu estranhamento, permitindo a consideração
da inadequação e inaceitabilidade dos digos morais que os regem e,
consequentemente, a mobilização para uma vida melhor para todos
(ALMEIDA; REIS, 2018, p. 53).
Quando destacamos na categoria de análise os Direitos Humanos
e as disciplinas que, possivelmente, estariam nessa, enfatizamos que a
universidade tem a possibilidade de avançar nas discussões e deixar de ver
esta oportunidade apenas como “[...] um conteúdo de ensino escolar
obrigatório para tornar-se um instrumento de reconhecimento e
acolhimento da diversidade fundamental para o desenvolvimento dos
direitos humanos” (ALMEIDA; REIS, 2018, p. 51).
Nesse sentido, as ações profissionais desenvolvidas na sociedade
tendem a estar ligadas às Políticas Públicas vigentes em nosso país, ou seja,
a um campo do conhecimento que tanto busca colocar o governo em ação
e analisar essa ação, como propor mudanças no desenvolvimento destas
(SOUZA, 2006). O psicólogo atuante nas esferas governamentais, ao
identificar as queixas das demandas atendidas, tem a responsabilidade de
pensar as suas intervenções condizentes com as Políticas Públicas e com a
articulação de uma rede que possa, sob diferentes campos de saber, atuar
em conjunto na problemática identificada.
Essa perspectiva de uma formação, para além do setting clínico e
das salas de aula, é a que defendemos. A Psicologia a cada dia tem
aumentada a possibilidade de atuação. Para tanto, necessita que os espaços
de formação priorizem uma estrutura curricular, relacionada com a
atuação generalista, ética, científica, humanista, crítico-reflexiva,
democrática, laica, que esteja embasada nos Direitos Humanos (BRASIL,
2018).
195
Dessa forma, a preocupação dos docentes e da gestão do curso de
Psicologia, bem como da instituição educacional em sua totalidade, deve
estar além dos conceitos obtidos no ENADE. É, sim, importante haver um
bom desempenho dos estudantes nesse sistema avaliativo, para a
manutenção do curso e para que novos estudantes ingressem, mas esta não
deve ser a preocupação sob a qual a formação deva se estruturar. Os
conceitos obtidos no ENADE deveriam vir como uma consequência das
oportunidades de assunção de responsabilidade e reflexão dirigida que são
oferecidas pelos cursos de graduação em Psicologia. Nessa concepção,
realmente poderíamos considerar que um compromisso com a
formação e com o perfil do profissional que se deseja formar.
196
197
Algumas Considerações Finais
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas
na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
Paulo Freire
As reflexões apresentadas vêm trazer questionamentos sobre a
Formação em Psicologia e sobre o lugar que ela ocupa, auxiliando na
constituição de um sujeito ético, para o desenvolvimento das intervenções
nos mais variados contextos de inserção da ciência psicológica.
Repensar a formação e a prática do psicólogo vem no sentido de
estabelecer uma perspectiva crítica sobre que profissional queremos
formar. Se que estamos priorizando uma formação que além dos aspectos
teóricos, priorizem a técnica e a prática, empoderando os futuros profissionais
na transformação das relações e das desigualdades que se apresentam na
sociedade que vivemos?
Para tanto, considerar os processos educacionais e sociais de forma
mais ampla e compreender que a educação e a atuação profissional devem
estar articuladas, no sentido de oferecer ao sujeito as possibilidades criativas
e emancipatórias, fazem parte de uma formação que entende os aspectos
éticos indissociáveis dessa.
Formar, pois, implica na possibilidade de um espaço capaz de
construir ressignificações para a prática, que além de trazer o estudante
à reflexão dos seus próprios pensamentos e experiências cotidianas, traz a
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condição de olhar de maneira mais ampla e, ao mesmo tempo específica,
cada subjetividade, cada história de vida, cada demanda atendida, cada
intervenção realizada.
A atuação do docente do Ensino Superior, e mais restritamente o
docente da graduação em Psicologia, deve estar pautada em práticas que
permitam ao estudante atuar enquanto agente do seu processo de
formação. O docente é o mediador desse processo, justamente por
compreender que suas ações devem estar articuladas com o uso de
metodologias ativas, permitindo ao graduando se posicionar frente às
teorias, às técnicas e às práticas, sempre vislumbrando esse processo
educacional como uma troca de saberes. Deixando, para tanto a visão, tão
amplamente utilizada durante décadas, do ensino tradicionalista. A
Educação Superior tem a responsabilidade de trazer o graduando para se
posicionar frente a construção desse saber psicológico.
Quando consideramos em nossas discussões, o ambiente
acadêmico no desenvolvimento da capacidade reflexiva, entendemo-la
como parte desse processo de formação os espaços de discussão, os eventos
promovidos pelo curso, a atuação desses graduandos em projetos de
extensão, o desenvolvimento de práticas de estágio, a integração entre as
disciplinas, a transversalidade dos aspectos éticos, o Projeto Pedagógico do
curso, a grade curricular, enfim, tudo o que é propiciado pela instituição
educacional e pelo curso para a formação integral do estudante. Um
ambiente acadêmico que não esteja preocupado com o desenvolvimento
dessa capacidade reflexiva por parte de seus estudantes, certamente não está
também, com o desenvolvimento de intervenções significativas nesse
contexto de constantes transformações sociais.
Pesquisar sobre os cursos de graduação em Psicologia do estado de
São Paulo permitiu ampliar nossa visão de que a mudança no processo
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educacional vigente deve ser vista como além da atuação docente.
Precisamos olhar as oportunidades que os cursos de graduação oferecem
para o engajamento dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem.
O conhecimento dos aspectos contemplados no Projeto Pedagógico do
curso e da grade curricular são compreendidos com fundamentais para as
escolhas dos futuros estudantes, quando pensamos nas muitas
possibilidades de IES que ofertam vagas nos cursos de graduação em
Psicologia. Nesse sentido, para que haja uma possibilidade de escolha, os
Projetos Pedagógicos e as grades curriculares devem estar disponibilizados
nos sites institucionais.
A formação em Psicologia no estado de São Paulo assume uma
importante parcela de profissionais graduados anualmente, tendo em vista
a quantidade de vagas que são ofertadas, principalmente no montante de
instituições privadas. Nesse contexto, em que identificamos um aumento
na quantidade de profissionais inscritos no conselho de classe e
consequentemente, atuantes no mercado de trabalhado. Sob essa
perspectiva, reforçamos a necessidade de um olhar cada vez mais atento
para essa formação e a partir de quais condições ela vem se configurando.
A formação em Psicologia tem enfrentado críticas, indicando que
os cursos de graduação oferecem um ensino precário e com pouca
qualidade para a atuação profissional. Dessa forma, estudos que apontem
e que descrevam as fragilidades, bem como indiquem alternativas que
favoreçam a formação e um modelo adequado frente aos desafios da
contemporaneidade e das interfaces da sociedade brasileira, se faz
importante (RUDÁ; COUTINHO; ALMEIDA FILHO, 2019).
Lisboa e Barbosa (2009) destacam que muitas conquistas
aconteceram após a regulamentação da Psicologia no país, no entanto, é
200
preciso entender o presente para que seja possível haver um planejamento
para o futuro, pois
[...] a formação inicial dos psicólogos brasileiros não é a pretendida, a
desejada pelos próprios integrantes da área e, também, por aqueles que
dela podem se beneficiar. Forma-se, atualmente, para o passado, para
poucos, para a manutenção, para a alienação. que se formar para o
futuro, para o compromisso social, para a transformação, para a
libertação (LISBOA; BARBOSA, 2009, p. 735).
Para Rudá; Coutinho e Almeida Filho (2019), a Psicologia pode
ser um dos cursos com maior possibilidade de atuação, devido às práticas
profissionais em diferentes contextos inter ou transdisciplinares. Todavia,
isso requer novas práxis e desafios ocupacionais e éticos.
Para isso colocamos novamente a pergunta central: qual profissional
queremos formar? Essa é uma questão urgente que precisa ser repensada,
para que a formação em Psicologia esteja comprometida com seu papel
social, implicando na assunção de responsabilidade da IES sobre o processo
formativo dos futuros profissionais, bem como no compartilhamento dessa
responsabilidade com a gestão do curso e com a atuação dos docentes
enquanto colaboradores das IES e como formadores de futuros
profissionais.
Reforçamos que o graduando tem, também, uma parcela de
responsabilidade frente a seu processo de formação, ao manifestar um
posicionamento mais ativo na construção do conhecimento, no
desenvolvimento de práticas de estágio, no envolvimento com a pesquisa
na iniciação científica, na participação em grupos de estudo e projetos de
extensão universitária, na organização e na participação em eventos
201
promovidos pelo curso, enfim, em diversas ações oferecidas que permitam
constantes desequilíbrios em busca da estruturação de novas organizações
internas.
Desejamos, ao fim e ao cabo, que as reflexões, aqui iniciadas,
possam mobilizar outros pesquisadores na sua continuidade, a fim de
buscarmos uma compreensão cada vez mais ampla de como vem
acontecendo a Formação em Psicologia no Brasil.
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225
SOBRE O LIVRO
Catalogação
André Sávio Craveiro BuenoCRB 8/8211
Normalização
Lívia Pereira Mendes
Diagramação e Capa
Mariana da Rocha Corrêa Silva
Assessoria Técnica
Renato Geraldi
Oficina Universitária Laboratório Editorial
labeditorial.marilia@unesp.br
Formato
16x23cm
Tipologia
Adobe Garamond Pro
Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta
Quem é o psicólogo que queremos formar? Essa pergunta fez parte do meu
trabalho de mestrado, há quase trinta anos. Hoje, neste livro, essa pergunta
contínua presente, com novas contribuições. O estudo das metodologias
ativas na formação universitária para a educação de prossionais críticos
e reexivos, capazes de compreenderem a dimensão de seus trabalhos de
modo mais amplo, é mais do que relevante; ela é essencial. Neste livro, os
formadores de prossionais na área da Psicologia encontrarão uma ampla
análise sobre os projetos pedagógicos e as grades curriculares dos cursos de
Psicologia do estado de São Paulo e um amplo levantamento bibliográco
sobre o uso de metodologias ativas na formação do psicólogo. Em seu tra-
balho, Thaísa buscou disciplinas relacionadas à Ética, às Políticas Públicas,
aos Direitos Humanos e às Políticas Armativas na formação do psicólogo,
por entender que tais temas precisam estar presentes de modo intencional
e não ocasional na formação universitária. Por m, ressalto que sua análise
sobre o ambiente acadêmico chama a atenção para a importância do papel
ativo do estudante sobre sua formação, além da necessidade de ofereci-
mento de oportunidades de reexão dirigida e de atividades teórico-práti-
cas que possibilitem a construção de um saber fazer que vá além do teórico
e técnico, em uma palavra, a construção de um fazer ético.
É com alegria que apresento mais um trabalho de minha colega Thaísa ao
público interessado em fazer melhor a Psicologia.
As reexões, apresentadas aqui, trazem
questionamentos sobre a Formação em
Psicologia e sobre o lugar que ela ocupa,
auxiliando na constituição de um sujeito
ético, para o desenvolvimento das inter-
venções nos mais variados contextos de
inserção da ciência psicológica. A reexão
sobre a Formação em Psicologia no Bra-
sil é um importante exercício para o en-
tendimento do perl de prossional que
está sendo formado, inclusive como estão
sendo estruturados os aspectos essenciais
para que haja uma formação ética, bem
como de que forma estão sendo utilizadas
as metodologias ativas no processo ensi-
no-aprendizagem. A compreensão desse
perl deve perpassar o momento atual,
integrando questões históricas e buscan-
do uma perspectiva futura, condizente
com o que se espera da atuação do psi-
cólogo na sociedade. Esta obra apresenta
o relato de um estudo desenvolvido so-
bre a graduação em Psicologia no estado
de São Paulo, tendo em vista este Estado
ter o maior número de psicólogos cadas-
trados no Conselho Regional de Psicolo-
gia, e consequentemente, a maior parcela
de Cursos de Graduação em Psicologia
com cadastro no Ministério da Educação.
Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta é Pós-
-Doutora em Educação pela Universidade
Estadual Paulista, Câmpus de Marília. Atu-
almente, é docente e coordenadora do Cur-
so de Psicologia do Centro Universitário de
Adamantina (UNIFAI) e docente no Curso
de Psicologia da Faculdade da Alta Paulista
(FAP). Participa do Grupo de Estudos e Pes-
quisas em Psicologia Moral e Educação In-
tegral (GEPPEI). Desenvolve estudos sobre
a Formação em Psicologia, com ênfase em
aspectos éticos, competência moral, meto-
dologias ativas e ambiente acadêmico.
METODOLOGIAS ATIVAS
E COMPROMISSO ÉTICO
NA FORMAÇÃO EM
PSICOLOGIA
METODOLOGIAS ATIVAS E COMPROMISSO ÉTICO NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA
PATRICIA UNGER RAPHAEL BATAGLIA
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio 396/2021
Processo 23038.005686/2021-36
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