
Cinesoa: a sétima arte em devaneio
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Ora, è proprio in connessione con la tecnica che, per lo più, si
parla oggi di crisi dell’umanismo. La tecnica appare come la causa
di un generale processo di disumanizzazione, che comprende
sia l’oscurarsi degli ideali umanistici di cultura a favore di
una formazione dell’uomo centrata sulle scienze e sulle abilità
produttive razionalmente dirette, sia, sul piano dell’organizzazione
sociale e politica (VATTIMO, 1998, p. 41-42).
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Nesse contexto da técnica desumanizante, é sobremaneira ressaltado
por Vattimo o conceito heideggeriano de Ge-stell – im-posição.
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A técnica
moderna, em seus efeitos ontológicos sobre a totalidade do ente, põe a
natureza em vista de sua utilidade de exploração. O pôr evidencia o gesto
técnico de requisição da natureza: a totalidade do ente é tão requisitada
como fundo de reserva que se presenta como posta, colocada, para a
requisição. A denição de Ge-stell é clara em Heidegger: “signica a
reunião daquele pôr que o homem põe, isto é, desaa [provoca] para
desocultar a realidade no modo do requerer enquanto subsistência
[Bestand, fundo de reserva]” (HEIDEGGER, 2007, p. 282, colchetes
nossos). A totalidade do ente, a natureza im-posta como fundo de reserva,
Ora, é propriamente em conexão com a técnica que, no mais das vezes, fala-se hoje de crise do humanismo.
A técnica aparece como a causa de um processo geral de desumanização, que compreende seja o obscurecer-se
dos ideais humanísticos da cultura a favor de uma formação do homem centrada nas ciências e nas habilidades
produtivas racionalmente diretas, seja no plano da organização social e política (Tradução nossa).
O termo Ge-stell deriva do verbo germânico stellen, que signica pôr, colocar. Assim, a tradução literal de
Ge-stell é consonante com “aquilo que foi posto”, embora o uso gramatical da estrutura verbal que Heidegger
procura enfatizar com o seu uso é o caráter pretérito da colocação técnica. A tradução de Ge-stell para as línguas
latinas é, contudo, bastante controversa e não encontra um porto comum. A tradução de Marco Aurélio Werle
de A questão da técnica, utilizada neste ensaio, prefere o termo armação, assim como também o faz Marco
Antônio Casanova e Zeljko Loparic (Cf. HEIDEGGER, 2007, passim; Cf. também CASANOVA, 2006, p.
156-157; LOPARIC, 1996, passim). Ernildo Stein se decide por seguir a corrente de tradução francesa, a qual
opta pelo termo arraisonnement – arrazoamento (Cf. HEIDEGGER, 2006b, p. 47, nota de rodapé; Cf também
TROTIGNON, 1965, p. 103). Manuel de Castro e Idalina Azevedo, na tradução de A origem da obra de arte,
bem como os tradutores dos Ensaios e Conferências, preferem se valer da alternativa do termo com-posição (Cf.
HEIDEGGER, 2010, p. 163; HEIDEGGER, 2012a, p. 23). Há ainda aqueles que, como André Duarte,
preferem a utilização do termo dispositivo para traduzir Ge-stell, dado que o termo, assim como composição,
conserva em sua estrutura o pôr, consonante ao stellen original (Cf. DUARTE, 2010, p. 142-143, nota de rodapé
n. 38). Todavia, preferimos nos valer aqui da opção de Vattimo para a tradução de Ge-stell, a saber, im-posizione
– im-posição –, dado que, além de o termo deixar explícito o caráter de pôr do conceito, distingue-se com um
sentido de violência em relação a termos como armação, arrazoamento, com-posição e dispositivo, que parecem
ser mais análogos à constituição da montagem cinematográca, como será tratado adiante.. Im-posição, por
outro lado, em toda a sua carga semântica, é plenamente consonante com a denição heideggeriana do termo,
enfatizando o caráter de requisição da Terra e o seu impelir por parte da técnica, tornando ainda explícito o ato
de pôr a natureza, subjugando-a à sua vontade (HEIDEGGER, 2007, p. 385). (Cf. VATTIMO, 1998, p. 179).