Jonas Rangel de Almeida
A analítica do texto percorre três campos teóricos [...] do reconhecimento. Taylor,
Honneth e Butler [...] abordados para se fazer emergir a hipótese que tais teorias não
são sucientes para se chegar a um corpo utópico, ou seja, a uma mobilidade polí-
tica outra em decorrência das atualizações demandadas no mundo contemporâneo.
É aqui que se irrompe o pensamento de Foucault. [...] o que se delineia, arma-se
e se deseja no texto são outros corpos para reconhecimentos em franco devir. [...]
o que está em cena é uma genealogia de uma longa Erndung, ou seja, de uma
longa invenção do Reconhecimento, com R maiúsculo. Tal invenção, por sua vez,
interpõe-se entre o vôo fugaz da Minerva na penumbra que insiste em se anunciar
e as auroras que restam por acontecer – Nietzsche, recordando Rigveda, dizia: “Há
tantas auroras que não brilharam ainda”. Que auroras possíveis para outra política de
reconhecimento? O que se suscita, a partir daí, para a arte de governo, a educação
e as vidas? Desde a Bildung ocidental, talvez cansada demais por não reconhecer a
si mesma, indaga-se: por onde, como e por que circunscrever-se-ia aí a inclusão de
corpos que não são reconhecidos? [...] Quantos recipientes para losoa da educa-
ção existem? E para o pensamento? E para a subjetividade? E para o neoliberalismo?
E para a consciência que reconhece? E para o rosto tipicado que tipica o rosto
alheio? E para o corpo que será abjetado? E para o gesto mórbido da repetição do
gozo burocrático? E para tantos desconhecidos e excluídos desta sociedade?
As lutas por inclusão e por reco-
nhecimento orbitam as políticas da vida.
São lutas pela existência de sujeitos vivos,
corporais, capazes de engendrar resistên-
cias a tanatopolítica moderna. Conitos
vitais que se levantam contra o agrava-
mento da precariedade da existência hu-
mana e, em contrapartida, assentam-se
em modos de subjetivação que se efetu-
am de um modo quase jurídico. Escrito
em interface com o campo da losoa da
educação este livro procura presenticar
o diagnóstico de Foucault das lutas pelo
governo de si mesmo em estreita corre-
lação com as teorias do reconhecimento
atuais que se tornaram verdadeiros con-
ceitos guia para o estabelecimento de vi-
sões normativas do sujeito, da educação
e da sociedade. Em diálogo com as vi-
sões de Charles Taylor, Axel Honneth e
Judith Butler investiga-se a recorrência
da noção de reconhecimento em Fou-
cault como um dispositivo de formação
dos sujeitos: primeiro com a emergência
do corpo humano como lócus do poder
sobre a vida servindo de condição para
estabelecer nas práticas divisoras relações
entre a normalização e as resistências; se-
gundo, uma genealogia que toma como
o condutor as técnicas de si mostrando
como moldaram historicamente a noção
do sujeito de desejo. Erótica e retórica
que podem ser sintetizados como hon-
rar o desejo e transgurar-se ante o discur-
so verdadeiro. Jonas Rangel de Almeida,
Cientista Social (UNESP) e Doutor em
Educação pelo Programa de Pós-Gra-
duação em Educação da Faculdade de
Filosoa e Ciências, UNESP campus de
Marília. Atualmente é professor da rede
pública estadual de ensino.
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0798/2018
Processo Nº 23038.000985/2018-89
FOUCAULT E AS TEORIAS DO RECONHECIMENTO
Jonas Rangel de Almeida
ALEXANDRE FILORDI DE CARVALHO | UFLA - UNIFESP
interfaces com a Filosofia da Educação
FOUCAULT
E AS TEORIAS DO RECONHECIMENTO