O livro de George Amaral Pereira,
trata, corajosamente, da polêmica reforma
da Educação Prossional e de seus efeitos
sobre o Ensino Médio, apreendida, por sua
vez, no mandato petista de Lula da Silva.
O Ensino Médio é uma etapa impor-
tante na formação de uma pessoa, jovem ou
adulta. Na moldura da crise do capitalismo
contemporâneo, a última fase da educação
básica assume o caráter de ser terminal para
uma classe e dar prosseguimento aos estudos
para outra. Naturalmente que, pela natureza
dialética da sociedade, não se excluem aqui
as exceções. As possibilidades de continui-
dade dos estudos no Ensino Superior, para
a classe trabalhadora, são incertas. A maioria
da juventude trabalhadora, por isso, é im-
pelida a abandonar os estudos e se dedicar
ao também incerto emprego no mercado de
trabalho capitalista.
Na superfície do fenômeno, essa
questão tornaria ambígua a nalidade da es-
cola básica, sobretudo aquela que se dedica
ao ensino médio, uma vez que essa fase teria
como função precípua o seguinte: por um
lado, treinar os jovens-trabalhadores-estu-
dantes para o Ensino Superior e, por outro,
para as oscilações do emprego-desemprego
do mercado de trabalho brasileiro, inserido,
pela própria dinâmica social, no capitalismo
que orbita na periferia do grande capital.
Em ns do século XX, o gover-
no tucano de Fernando Henrique Cardoso
decretou, usando as artimanhas peculiares
ao pugilato da política sufragista, o m da
integração entre educação prossionalizan-
te e ensino médio. Por meio do Decreto nº
2.208/1997, o professor universitário imple-
mentou ocialmente o divórcio entre a últi-
ma etapa do ensino básico e a modalidade de
Educação Prossional.
Com a vitória de Lula da Silva,
nas eleições presidenciais de 2002, o mo-
vimento de entidades educacionais, bem
como os intelectuais alinhados à assim de-
nominada esquerda progressista, mobi-
lizaram-se para a revogação do Decre-
to assinado pelo presidente antecessor.
O movimento teve como retorno a ocia-
lização do também Decreto nº 5.154/2004.
O que se concretizou com a sanção do novo
documento, não obstante, foi um imbróglio
permissivo. Haja vista a parte mais criticada
do Decreto anterior ter sido absorvida pelo
novo dispositivo.
Na prática, o governo petista e seus
defensores alinhados ao liberalismo de es-
querda, abraça a dualidade educativa. Pior,
institucionaliza novas possibilidades de ar-
ranjos para as diversas expressões da dico-
tomia educacional: público versus privado;
propedêutico versus prossionalizante; te-
órico versus prático, entre outros caprichos
capitalistas.
Em resumo: se por uma parte recu-
pera-se a possibilidade da integração entre
o Ensino Médio e o Prossionalizante, por
outra, ocializam-se as condições para que
os empresários do setor educativo lucrem
com a venda da formação prossionalizante
aligeirada, fragmentada e ideologicamente
cabível confortavelmente na ideia dos atra-
sados empresários brasileiros. Esse fato pode
ser comprovado por intermédio do cresci-
mento abissal dos cursos subsequentes, in-
clusive na esfera pública, como no caso dos
Institutos Federais (IFs).
Programa PROEX/CAPES:
Auxílio Nº 0798/2018
Processo Nº 23038.000985/2018-89
O presente livro procura desenvolver uma análise sobre a relação Trabalho e
Educação, preenchendo uma lacuna que circunscreve a Educação Prossio-
nal e sua relação com o Ensino Médio. Na virada do milênio, a reforma do
ensino prossionalizante ocorre em meio às lutas sociais entre as classes com
projetos societais diferenciados, buscando regulamentar o projeto de Ensino
Médio Integrado. E uma das questões controversas que abordamos foi opção
governamental de realizar as reformas via decretos.
Um outro aspecto, diz respeito ao complexo de mudanças que as reformas
implicaram, tocando no problema da conguração da educação, qual seja
o caráter dual e a dicotomia que se efetiva no quadro da reprodução social
no capitalismo, sendo a educação brasileira marcada pela dualidade estrutural
desde o processo colonizador. Nesse contexto, a escola pública pode abrigar
um ensino propedêutico ou prossional a depender a qual classe se destina
aquele saber tanto de entes das esferas pública e privada.
Para tratar desse complexo debate recorremos aos clássicos do marxismo, ten-
do em vista desnudar a aparência do fenômeno, considerando o contexto de
crise estrutural do capital e as determinações que exigem novas funcionalida-
des da educação, mediadas pelas políticas públicas.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, ENSINO
MÉDIO E CRISE DO CAPITALISMO
CONTEMPORÂNEO NO BRASIL
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ENSINO MÉDIO NO BRASIL
George Amaral
nos marcos da crise do capitalismo
DERIBALDO SANTOS - UECE
George Amaral
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, ENSINO MÉDIO E CRISE DO
CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO NO BRASIL
George Amaral