UNA MIRADA A LA CIENCIA DE LA
INFORMACIÓN DESDE LOS NUEVOS
CONTEXTOS PARADIGMÁTICOS DE
LA POSMODERNIDAD
A
N
I
C
I
F
O
Á
R
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I
S
A
R
E
V
I
N
U
CULTURA
ACADÊMICA
E d i t o r a
MARIA JOSÉ VICENTINI JORENTE
E DUNIA LLANES PADRÓN (ORG.)
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón
(Organizadoras)
Marília/Ocina Universitária
São Paulo/Cultura Acadêmica
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
Diretor:
Dr. Marcelo Tavella Navega
Vice-Diretor:
Dr. Pedro Geraldo Aparecido Novelli
Conselho Editorial
Mariângela Spotti Lopes Fujita (Presidente)
Adrián Oscar Dongo Montoya
Ana Maria Portich
Célia Maria Giacheti
Cláudia Regina Mosca Giroto
Giovanni Antonio Pinto Alves
Marcelo Fernandes de Oliveira
Maria Rosangela de Oliveira
Neusa Maria Dal Ri
Rosane Michelli de Castro
Ficha catalográca
Serviço de Biblioteca e Documentação – Unesp - campus de Marília
M671 Una Mirada a la ciencia de la información desde los nuevos contextos
paradigmáticos de la posmodernidad / Maria José Vicentini Jorente, Dunia
Ilanes Padrón (organizadoras). – Marília : Ocina Universitária ; São Paulo :
Cultura Acadêmica, 2017.
290 p. : il.
Textos em português e textos em espanhol.
Inclui bibliograa
ISBN 978-85-7983-903-0 (impresso)
ISBN 978-85-7983-904-7 (digital)
1. Ciência da informação – Inovações tecnológicas. 2. Arquivologia. 3.
Organização da informação. 4. Catalogação – Documentos arquivísticos. 5.
Recuperação da informação. I. Jorente, Maria José Vicentini. II. Ilanes Padrón,
Dunia.
CDD 025.171
Editora aliada:
Cultura Acadêmica é selo editorial da Editora Unesp
Normalização
Lucinéia da Silva Batista
Nandia Leticia Freitas Rodrigues
Capa
Maria José Jorente
Mariana Cantisani Padua
Imagem da capa
Maria José Vicentini Jorente
Fragmento de ceramica do acervo do Museu da
História dos Judeus de Girona.
Todos os direitos reservados
Parecerista
Prof. Renato Tarciso Barbosa de Sousa
Universidade de Brasília
DOI https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7
Sumário
Apresentação
Mariângela Spotti Lopes Fujita ---------------------------------------------- 7
Parte I
aProxImacIones teórIcas Para la comPrensIón del
cambIo ParadIgmátIco en la cIencIa de la InformacIón
caPítulo 1
Arquivologia custodial ou pós custodial? Eis a questão?
Maria Cristina Vieira de Freitas --------------------------------------------- 13
caPítulo 2
Coordenadas del Cambio de Paradigma en la Archivística. Argumentos
para sus Rasgos Pos-Custodiales.
Mayra Mena Mugica --------------------------------------------------------- 43
caPítulo 3
La Relevancia del Análisis Contextual para los Gestores de Recursos
Documentales ante la Complejidad de la Cultura Organizacional.
Manuela Moro Cabero ------------------------------------------------------- 71
Parte II
organIzacIón, rePresentacIón y dIfusIon de
la InformacIón en los contextos Posmodernos
caPítulo 4
Complejidad, Representación y Acceso a la Información Archivística en los
Contextos Posmodernos.
Dunia LLanes Padrón/ Maria José Vicentini Jorente ---------------------- 103
caPítulo 5
Complexidade e Convergências: Um Olhar Sobre os Modelos
Conceituais de Descrição Arquivística.
Laís Barbudo Carrasco / Maria José Vicentini Jorente /
Dunia Llanes Padrón / Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti ----- 125
caPítulo 6
Do Conceito e dos Princípios Metodológicos de Indexação. Subsídios
para uma Análise Crítica.
Maria Da Graça De Melo Simões ------------------------------------------- 151
Parte III
comPlejIdades tegnológIcas en
el entorno de la cIencIa de la InformacIón
caPítulo 7
Reexos da Tecnologia Digital no Processo de Comunicação da Ciência.
Maria Manuel Borges -------------------------------------------------------- 179
caPítulo 8
La Evolución de la Complejidad Tecnológica de la Web Semántica.
Juan-Antonio Pastor-Sánchez ------------------------------------------------ 197
caPítulo 9
O Modelo Funcional SAAI na Perspectivada Interoperabilidade dos
Documentos Arquivísticos Digitais nas Idades Documentais e nas
Plataformas Digitais de Gestão, Preservação, Difusão e Acesso.
Gilberto Fladimar Rodrigues Viana / Daniel Flores ----------------------- 225
caPítulo 10
A Perspectiva da Complexidade e do Design da Informação na Cultura
das Instituições.
Maria José Vicentini Jorente/ Natalia Nakano/ Mariana Cantisani Pádua/
Talita Cristina da Silva/ Lucinéia da Silva Batista ------------------------ 251
sobre los autores --------------------------------------------------- 281
7
Apresentação
As mudanças sempre vêm acompanhadas de elementos de ino-
vação, gerados por algo ou alguém para atender necessidades ou deman-
das. Novos processos, produtos, conhecimentos e ferramentas são criados
para viabilizar avanços, perspectivas e condições não existentes. O enten-
dimento dessas mudanças e o conhecimento dos elementos de inovação,
bem como das necessidades e demandas que os impulsionaram, precisam
de contextualização temporal e situacional a partir de estudos teóricos e
metodológicos que, além de denir, conceituar, descrever e caracterizar
pode organizar os conhecimentos de forma reexiva e crítica. Tais estudos
propiciam a observação de problemas, novos caminhos e melhor integra-
ção culturais dos prossionais e sociedade em geral frente aos desaos da
desacomodação” que as mudanças provocam, embora estejam sempre as-
sociadas à melhoria do bem estar social.
Nessa perspectiva, as mudanças que ocorrem no modo de traba-
lho inuenciam a construção de novos conhecimentos e, por conseguinte,
a evolução das áreas de conhecimento, sobretudo as que se relacionam
com a informação e comunicação, contexto a priori e naturalmente sujeito
a mudanças haja vista a intensa aplicação das Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC). Esse cenário de mudanças é constantemente asso-
ciado às tecnologias de inovação e mais especicamente às TICs como se a
existência delas houvesse propiciado mudanças. No entanto, outros fato-
res, em realidade, tornaram possível a criação de tecnologias de inovação
que auxiliaram o desenvolvimento de novas formas de trabalho e de bem
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p7-12
8
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
estar social. Um exemplo muito conhecido da humanidade são os inventos
de Leonardo Da Vinci que, embora tivesse previsto o helicóptero, o avião
e armas de guerra, não puderam ser construídos porque não existiam, em
sua época, os demais fatores de mudança que tornariam realidade essas
tecnologias que imaginou.
Por esses motivos, além dos aspectos sociais, econômicos e políti-
cos, é que os estudos teóricos e metodológicos têm grande inuência sobre
as mudanças, cientíca e prossional, porque observam analiticamente o
contexto no qual ocorrem, tanto do ponto de vista histórico quanto de
outros aspectos que, não necessariamente, são vinculados, mas que tem
preponderância quando a observação é feita de modo abrangente e con-
juntural. À essa proposta de abrangência de análise contextual agregam-
-se todos os fatores inuentes e suas causas que demonstram os graus de
complexidade ao qual a área se expõe. Tornam-se, portanto, tal qual um
mapa cientíco que dá visibilidade aos avanços, retrocessos, problemas que
necessitam ser investigados e, principalmente, as linhas de pesquisa com
marcos teóricos e suas fontes de investigação interdisciplinares.
A Ciência da Informação consolida-se como área do conheci-
mento mediante esses estudos teóricos e metodológicos que se propõem a
analisar os contextos paradigmáticos de modo abrangente e que envolvam
outras áreas interdisciplinares para demonstrar e incluir a complexidade
existente e, sobretudo, tomar posições cientícas, além de denir conceitos
e áreas conceituais do domínio da Ciência da Informação.
É o que vemos claramente no conteúdo deste livro que apre-
senta um conjunto de 10 capítulos com análises importantes sobre
temas considerados “em aberto” em Ciência da Informação, ou seja,
que podem ou devem ser muito discutidos e investigados, quais sejam:
Arquivologia custodial ou pós-custodial que identica o documento
eletrônico como polarizador do debate “custodial vs pós-custodial”; a
condição de mudança de paradigma da custódia do arquivo como me-
mória passiva para mediador social e facilitador comunitário; a repre-
sentação descritiva para acesso à informação e os softwares de descrição
arquivística que facilitam a existência de estruturas sistêmicas conver-
gentes e complexas; o futuro da prossão na gestão documental perante
9
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
a complexidade da cultura organizacional sob o reexo das TICs; a
descrição arquivística à luz das normas arquivísticas no contexto do
paradigma pós-custodial da Ciência da Informação; a ciência aberta
e o arquivamento da produção cientíca; o sistema aberto de arqui-
vamento de informação (SAAI) e o modelo funcional de tratamento
da informação/documento para a interoperabilidade dos documentos
arquivísticos digitais em plataformas digitais; a evolução tecnológica
da web semântica na gestão arquivística; a indexação por assunto no
contexto custodial e pós-custodial; e, a importância do estudo da com-
plexidade relacionada à cibernética para interação e interoperabilidade
no contexto da Arquivologia com aportes teóricos e metodológicos do
Design da Informação.
O conteúdo dos capítulos tem como paradigmas o contexto
pós-custodial com a desmaterialização do documento e a aplicação das
tecnologias de informação e comunicação com especial enfoque para a
web. Entretanto, ressalta-se em todos os capítulos a interdisciplinaridade
da Ciência da Informação com outras áreas do conhecimento, em especial
da Ciência da Computação. As reexões, como resultado das análises, vol-
tam-se para a formação e atuação do prossional, a produção cientíca e
tecnológica da Ciência da Informação e a gestão documental.
Há que se garantir o fortalecimento da identidade epistemológica
da Ciência da Informação com estudos teóricos que se dediquem à análise
das causas e efeitos dos paradigmas bem como da complexidade do contex-
to em que estão imersos para que novos estudos sejam desenvolvidos, ob-
jetivo plenamente atingido com a coletânea. Nesse sentido, ressalta-se que
foram abertas valiosas perspectivas da área de Arquivologia em Ciência da
Informação cujos avanços demonstram o grande potencial a ser explorado
no desenvolvimento de novas pesquisas.
Marília, março de 2017
Mariângela Spotti Lopes Fujita.
Parte I
Aproximaciones teóricas para la
comprensión del cambio paradigmático en
la ciencia de la información
13
caPítulo 1
arquIvologIa custodIal ou Pós-custodIal?
eIs a questão.
Maria Cristina Vieira de Freitas
1 Introdução
[...] To be, or not to be, that is the question:
Whether ‘tis nobler in the mind to suer
e slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die, to sleep,
No more [...]
(Hamlet, William Shakespeare, 1564-1616)
Questões como o documento eletrônico
1
ou a custódia dos do-
cumentos encontram-se em voga na agenda arquivística há pelo menos
quatro décadas. Não como um modismo, mas como um problema ocasio-
nado, segundo Castells (2007) por um conjunto de mudanças produzidas
pela sociedade global, mais perceptíveis a partir dos anos 70 do século
Embora atualmente haja uma tendência para o emprego do conceito “documento digital”, optaremos nesse
texto pelo uso exclusivo do termo “documento eletrônico”, em respeito ao seu uso consagrado nos contextos e
na época sobre a qual nos iremos debruçar.
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p13-42
14
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
XX. Estas transformações, evolucionárias (ou contínuas e incompletas) em
alguns aspectos e revolucionárias (ou descontínuas e completas) noutros,
convergem para um denominador comum, que atende pela designação de
tecnologias de informação e comunicação. Estas, por sua vez, são o reexo
visível de outras transformações desencadeadas numa escala global e de
modo heterogêneo, porque não impactam todas as sociedades da mesma
forma e ao mesmo tempo.
O novo paradigma, como vem sendo conhecido, altera a socie-
dade global de uma forma irreversível, forçando a rápida adaptação dos/as
prossionais de informação às novas congurações dos seus espaços. Sem
usar da retórica da simplicação, consideramos válido dizer que a questão
das tecnologias e dos seus impactos sociais induz à ideia – por vezes, ques-
tionável – de uma profunda e rápida transformação, cuja velocidade leva a
que sejamos apanhados de surpresa em meio a muitas das suas inovações,
com o agravante de termos de responder armativamente em vários dos
quadrantes em que os seus problemas se desenham.
Os pilares da Arquivologia
2
foram abalados por estas transfor-
mações radicais. De tal forma, que desde há algumas décadas, vimos as-
sistindo a uma profunda e profícua reexão sobre os seus modos de agir,
de pensar e de perceber (numa acepção sociológica), reexão esta que vem
repercutindo nos seus espaços mais visíveis de produção e de divulgação
cientíca ao nível internacional, e que tem intensicado os debates em
torno do problema, sem indícios de um abrandamento. No bojo destas
questões são tratados alguns dos aspetos iminentes do que comumente se
identica como a dicotomia entre o documento convencional e o docu-
mento eletrônico, ou a era custodial e a era pós-custodial.
O avanço tecnológico e a explosão informacional têm exigido
dos/as prossionais de informação um crescente empenho. De tal ordem
que, nos arquivos, propugna-se, desde há quatro décadas, por um ajusta-
mento às novas demandas sociais e prossionais. As atividades e as tarefas
desenvolvidas pelos/as arquivistas contemporâneos/as já não podem cin-
gir-se apenas às funções consideradas capitais para a guarda e o zelo pela in-
2
Aqui entendida como disciplina cientíca, atendendo à demarcação realizada por Duranti e Franks (2015, p.
84).
15
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
tegridade dos documentos. As necessidades de informação atuais impõem
novas formas de agir, de pensar e de perceber o meio e os seus fatores con-
dicionantes, de modo a que com uma correta leitura do momento, possam
ser promovidas as necessárias transformações da realidade.
Essa mudança leva a indenições sobre velhas e novas perspectivas
de enquadramento. Como resumiu, há algum tempo, Alberch i Fugueras
(2000), os/as arquivistas, por um lado, devem apoiar-se em métodos de or-
ganização e de representação da informação que os coloquem em contato
com as modernas tecnologias. Por outro, precisam manter-se com o rme
propósito de atuar como guardiães/ãs da memória e como aliados/as da de-
mocracia e dos direitos dos/as cidadãos/ãs, tornando reais as possibilidades
de os arquivos estarem disponíveis no futuro. A nosso ver, esse posiciona-
mento prossional cambiante, fruto de uma realidade em transição, não
os/as livra dos estereótipos adquiridos no passado, nem os afasta do perigo
do excessivo apego ao paradigma tecnológico ou lhes garante a visão de um
futuro prossional mais promissor e com algum reconhecimento social.
Com base nessas reexões, propomo-nos discutir algumas das
questões que se encontraram e ainda se encontram, em certos casos, em voga
na atualidade, dentro de um marco conceitual internacional, de modo a
sistematizarmos o conhecimento sobre esses assuntos. Nesse intento, serão
analisados textos publicados por autores/as incontornáveis nessas matérias,
nos últimos 40 anos, seguindo, tanto quanto possível, uma linha retros-
pectiva e evolutiva de aparição dos diversos assuntos, de modo a contextu-
alizar as reexões. Finalmente, concluiremos com algumas explanações de
ordem geral acerca dos aspetos levantados. Como limitação evidente dessa
nossa opção metodológica, o que a sujeita naturalmente às críticas, referi-
mos tratar-se de uma análise vista a partir daquele que consideramos, por
força das razões históricas, ser o centro irradiador do problema, tendo isso
nos obrigado a adiar a inclusão de outras vozes igualmente importantes
3
,
cando esta tarefa por cumprir numa próxima oportunidade.
3
Sobre as preocupações dos/as arquivistas brasileiros/as, em face do contexto da automatização dos arquivos,
sugerimos consultar a seguinte dissertação de mestrado: Negreiros, L. R. (2007). Sistemas eletrônicos de geren-
16
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
2 das bases fundacIonaIs da arquIvologIa às mudanças tecnológIcas e
a sua rePercussão nos arquIvos
Eu, Assurbanipal, li todos os escritos acumulados pelos príncipes meus
predecessores. Reuni estas tabuletas, -las transcrever e, colecionando-as,
marquei-as com meu nome, para conservá-las em meu palácio
A epígrafe que abre esta seção, atribuída a um supostamente “es-
clarecido déspota” do Crescente Fértil, Assurbanípal
4
, fornece o leitmotiv
para a análise da importância atribuída, quer ao uso, quer à custódia e à
propriedade dos documentos, como frutos de ideias e de práticas que nos
foram legadas pelas civilizações do passado, sendo no presente frequente-
mente aludidas nos, agora clássicos, manuais de arquivística publicados no
decorrer do século XX.
A origem dos arquivos é, como sabemos, muito antiga, embora
tenham restado poucos vestígios da sua constituição original e dos proces-
sos de tratamento desenvolvidos em muitos deles. Estas instituições, ao
longo da história, passaram por alterações signicativas no que tange ao
seu papel político e social. Na Europa de até ao século XVIII, por exemplo,
é inegável a função de guarda dos documentos vinculada à necessidade de
manutenção de direitos e de privilégios. Esta realidade só começa a alterar-
-se no terço nal do século e com a Revolução Francesa, que representou
um marco signicativo nessa mudança
5
. Na América, também o processo
de independência das colônias promoveu a institucionalização dos arqui-
vos. Via de regra, esse processo serviu para consolidar a sua posição en-
quanto repositórios e baluartes de uma identidade nacional emergente
6
.
Assim, os arquivos históricos nacionais passariam a assumir, diremos nós,
e a gosto da mentalidade da época, o “romântico” papel de guardiães da
identidade e da memória nacional, e lugares de referência dessa mesma
memória, transmissível às próximas gerações.
ciamento de documentos arquivísticos: um questionário para escolha, aplicação e avaliação. Dissertação de mestrado,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, M.G., Brasil.
 Assurbanípal, rei da Assíria no período de 668 a 627 a.C.
Descrições que podemos encontrar, por exemplo, em Bradhser (1990), Gagnon-Arguin (1998) e Schellemberg
(1973).
 Conclusões vericáveis em Jardim (1995, p. 58).
17
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Um século após, com os seus princípios basilares já enunciados
7
,
a Arquivologia inicia-se num processo de busca pela autonomia discipli-
nar, feito que, entretanto, não se consolidaria antes da segunda metade
do século seguinte, o XX, quando novamente, e sob forte “ameaça” das
tecnologias de informação e comunicação, iniciar-se-ia em novas conten-
das. Assim sendo, a Arquivologia assume-se como uma ciência com um
corpo de conhecimentos estruturado num tempo relativamente recente.
Esse processo, não por acaso, encontra-se estreitamente relacionado com
os problemas gerados na altura e após a Segunda Grande Guerra, em que
se assistiu à polarização da sociedade, dividida entre o avanço desenfreado
das tecnologias, por um lado, e da explosão incontida da documentação,
por outro.
De acordo com o Conselho Internacional dos Arquivos (CIA,
1997), a evolução das tecnologias pode ser resumida em três fases histori-
camente consecutivas. A primeira, carinhosamente conhecida como a “era
do mainframe”, entre os anos 40 e 50, foi marcada pelo uso destes com-
putadores robustos, que efetuavam cálculos muito especícos. Os dados
eram inseridos num sistema central, gerando grandes volumes de relatórios
contabilísticos e estatísticos. Inicialmente, essas máquinas eram caras e di-
fíceis de manejar, necessitando de apoio técnico especializado. Na década
de 60, entretanto, barateou-se o seu custo e criou-se o acesso simultâneo
e em mais de um posto, surgindo novos softwares preparados para novas
rotinas (e.g., edição de grácos e de textos) e para mais de um/a usuário/a.
Tais alterações tecnológicas possibilitaram às organizações a elevação da
soma das atividades possíveis com o apoio do computador. No início dos
anos 80, e já numa segunda fase, ocorreu uma nova e radical mudança,
provocada pela introdução do computador pessoal, afetando a produção,
o controle e a gestão dos documentos no meio eletrônico. Ainda, por força
de um sistema com tecnologia descentralizada, as decisões sobre o uso e a
armazenagem dos dados passaram a ser alvo do controle de pequenos gru-
pos de usuários/as, algo que até então não tinha sido possível. Outra mu-
dança signicativa foi a disponibilidade e acessibilidade destas máquinas,
postas no mercado para atender às pequenas organizações, que passaram a
7
Como sabemos, na clássica obra de Müller, Feith e Fruin (1960).
18
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
automatizar processos e a desenvolver aplicações
8
. Finalmente, o terceiro
período é, compreensivelmente, conhecido como a era das redes, em alu-
são ao advento desta classe de tecnologia, a partir de meados dos anos 80,
proporcionando a integração dos computadores e das telecomunicações
em sistemas únicos, baseados nos protocolos de comunicação da Internet,
que em pouco tempo se expandiram à escala mundial. Do ponto de vista
tecnológico, inaugurou-se uma era dos sistemas distribuídos e das arquite-
turas do tipo cliente-servidor, passando os documentos a ser criados, envia-
dos e recebidos de uma forma sem precedentes (CIA, 1997, p. 15).
Ditas transformações repercutiram nos arquivos, sob distintas
formas e para atender a várias necessidades. Vejamos, pois, na sequência,
algumas das chamadas de atenção que passaram a fazer parte da realidade
destas instituições e de seus prossionais desde os seus centros irradiadores
de conhecimentos.
Entre os/as norte-americanos/as e com o crescimento notável da
documentação legível por máquina, surgiram, nos anos 70, algumas ini-
ciativas institucionais nacionais
9
, voltadas para a avaliação arquivística. A
propósito do tema, Dollar (1978)
10
analisou os programas institucionais
norte-americanos existentes na altura, conrmando que os mesmos se cen-
travam em estratégias de racionalização e na geração de regras e de critérios
especícos à avaliação desses novos documentos, destacando-se entre eles
a inspeção física regular para a vericação da legibilidade. Pouco depois,
Dollar e Geda (1979)
11
conrmaram que a Sociedade dos Arquivistas Ame-
ricanos tinha intenção de avaliar, num prazo de cinco anos, os impactos
Também para Vajcner (1997, p. 1) o surgimento do computador teve um impacto profundo na sociedade mo-
derna, sendo ineludivelmente uma parte integrante da gestão de muitas organizações. Igualmente, e resumindo
os avanços até então obtidos, Bailey (1993, p. 421) assumiu que, desde a Segunda Guerra, os computadores
tinham-se tornado pequenos e poderosos o suciente para caber numa mesa ou numa pasta e para fazer coisas
que os primeiros cientistas da computação nem sequer sonharam, revelando uma inuência de tal ordem sobre
a sociedade e a vida privada, em geral, e sobre os documentos governamentais, em particular, e tendo um caráter
de tal modo “pervarsivo”, que era impossível evitar interagir com eles no cotidiano.
9
Lideraram as instituições arquivísticas nacionais de países como os Estados Unidos, o Canadá e a Suécia. Tam-
bém o CIA, em meados dos anos 70, criou um Comitê de Automatização, sugerindo instruções para a avaliação
e o desenvolvimento curricular arquivístico (CIA, 1997, p. 14).
10
Intitulado: “Appraising machine-readable records”.
11
Sob o sugestivo título: “Archivists, archives, and computers: a starting point”.
19
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
provocados pela automatização, nos arquivos. Na mesma época
12
, e tendo
em conta a avaliação centrada no processo e não nos produtos, Bearman
(1979) ponderou que a automatização em curso no país seria bem suce-
dida se nela fossem consideradas as necessidades e as metas especícas dos
arquivos, tendo mencionado, entre outros, os seguintes aspectos positivos:
a agilização de operações, a melhoria da prestação dos serviços, o incre-
mento das habilidades dos/as arquivistas e, consequentemente, a elevação
do respeito social pela prossão.
Na década de 80
13
, Berner (1982) sugeriu que, dada a ênfase que
estava sendo atribuída aos materiais contemporâneos e aos sistemas auto-
matizados, os arquivos estavam sofrendo rápidas mudanças, que represen-
tavam um salto para uma nova tradição arquivística, deslocando-se o eixo
dos arquivos históricos para os arquivos públicos. Por sua vez, Michael
Cook (1983)
14
armou a necessidade de atacar a questão da descrição dos
fundos automatizados com a criação de regras e de normas
15
apropria-
das ao novo entorno, tendo sido também esta questão mencionada
16
por
Huskamp (1984), que salientou ademais a questão dos custos de preserva-
ção desta classe de documentos, que a esta altura eram já considerados um
fator crítico” do processo. Também Kesner (1984)
17
naquele momento
se interrogava sobre o futuro da prossão, questionando-se sobre se os/
as arquivistas sobreviveriam aos desaos impostos, considerando condição
sine qua non a familiarização com as novas tecnologias e a exibilização
dos/as arquivistas, no sentido de promover um maior contato com os/as
usuários/as.
Os posicionamentos anteriores, típicos do contexto norte-ameri-
cano, nos anos 70 e 80, centro irradiador do problema, ilustram algumas
12
Publicado sob um título não menos sugestivo: “Automated access to archival information: assessing systems”.
13
Intitulado: “Toward national archival priorities: a suggested basis for discussion”.
14
Numa revisão de literatura intitulada: Applying automated techniques to archives administration: a commentary
on the present situation and areas of likely progress”.
15
Referimos que, nessa época, a questão da descrição internacional normalizada, mesmo nos suportes tradi-
cionais, ainda era embrionária, com as discussões em torno da primeira versão da norma ISAD-G, que seria
publicada apenas no início dos anos 90.
16
Sob o título: “Archival principles and records of the new technology”.
17
Na revista Archivaria e intitulado: “Automated information management: is there a role for the archivist in the
oce of the future?
20
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
das preocupações e das estratégias então divisadas, e que se encontravam na
ordem do dia dos/as arquivistas que, não por acaso, estavam a sofrer com
os impactos provocados pelas mudanças tecnológicas. O desempenho das
suas tradicionais funções encontrava-se ameaçado e era preciso transformar
essa ameaça em oportunidade
18
, de forma a que a própria prossão encon-
trasse o seu devido lugar num futuro próximo.
Concretamente, e tendo como referência o panorama antes traça-
do, no limiar da próxima década, Terry Cook (1991) analisou a literatura
cientíca sobre o assunto, tentando identicar algum padrão nos modos
de pensar, de agir e de perceber dos/as arquivistas norte-americanos/as, na
época, concluindo que as suas diferentes atitudes revelavam a existência de
duas distintas gerações, impactadas de modo diferente e capazes de respon-
der de modo igualmente diverso às ameaças e/ou desaos proporcionados
pelas tecnologias. A primeira, atuante entre os anos 70 e inícios dos anos
80, teria sido marcada por prossionais que lidaram com os resultados
da “era do mainframe e dos cartões perfurados”. Naquele momento não
havia modelos a seguir e os/as arquivistas norte-americanos/as tiveram de
desbravar o território com alguma coragem e boa vontade, buscando ins-
piração em outros/as prossionais
19
. Os sistemas e equipamentos não eram
amigáveis” e grande parte do tempo consumia-se em tarefas que, nos dias
de hoje, desempenhamos em poucos minutos ou segundos. Esta primei-
ra geração cou conhecida como a dos/as “arquivistas de dados”, numa
comparação de certa forma pejorativa com os/as “arquivistas tradicionais”.
Entre as funções arquivísticas desempenhadas estavam, sobretudo e com-
preensivelmente, a avaliação e a descrição e, novidade, a referência. No
âmbito técnico, as tarefas de cópia, vericação e manipulação de documen-
tos eram as mais executadas. Esta geração, apesar do labor que certamente
desempenhou, mostrava-se bastante desconada quanto ao caráter dos do-
cumentos legíveis por máquina, a seu ver desprovidos de valor arquivístico.
Esta atitude teria dado margem para que as aquisições e as avaliações não
18
Esse discurso é recorrente no seio da literatura cientíca da área, nas últimas décadas. Para um maior aprofun-
damento destas questões, sugerimos a consulta da tese de doutorado de Freitas (2009).
19
Especialmente do campo das Ciências Humanas, visto que os documentos com que então travaram contato
eram essencialmente formulários e questionários, frutos de levantamentos de pesquisas sociológicas e de dados
estatísticos e contabilísticos.
21
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
avançassem o suciente e para que os arquivos estatísticos e contabilísti-
cos, então os mais comuns, tivessem sido considerados prioritários, pelo
evidente interesse para os/as investigadores/as, em detrimento dos organi-
zacionais
20
, que na altura não atraíam os/as arquivistas. Esse desinteresse
teria levado a que muitos desses documentos tivessem sido primeiramente
retidos pelas bibliotecas universitárias, pelos centros de documentação ou
pelas instituições criadas para o m, que teriam assumido o seu controle
(COOK, 1991).
Continuando, Cook (1991) menciona que a segunda geração te-
ria emergido no início dos anos 90, após uma curta fase de transição ocor-
rida no nal dos anos 80
21
. O autor atribui a dois arquivistas da primeira
geração – Margaret Hedstrom e Harold Naugler – a responsabilidade pela
sua antecipação. A realidade enfrentada por esta geração, a seu ver, diferiu
qualitativamente da anterior. A armazenagem dos documentos em siste-
mas de bases de dados causou um profundo impacto no mundo dos ar-
quivos, porque já não se tratava apenas de lidar com uma pequena porção
de documentos produzidos no meio digital, mas de compreender todo um
processo de transformação radical que estava a afetar os suportes tradicio-
nais, na transição para este meio, com os consequentes problemas (e.g.,
a não produção de cópias ou simplesmente o seu desaparecimento, quer
no meio analógico, quer no meio digital). Para lidar com esses sistemas
de informação complexos, tornou-se necessária a criação de um contexto
de prova em todos os níveis (e.g., produção, uso, retenção, manipulação,
destruição e transmissão de informação). Por força da complexidade das
tarefas a desempenhar, os/as arquivistas tiveram de negociar o espaço com
prossionais da computação. Neste terreno, valeu a máxima de que quem
mais cedo se adaptou, abriu o caminho aos outros/as, facilitando o seu
trabalho (COOK, 1991).
Assim, antes dos anos 90, viveu-se num contexto de enfrenta-
mentos discretos, nos quais a resistência e a descrença no teor arquivístico
20
Vejamos, por exemplo, o caso australiano, em que as decisões sobre o enfrentamento do problema dos do-
cumentos eletrônicos apenas vieram a partir do momento em que os arquivos nacionais perceberam a elevada
perda de informação a que estavam expostos na época, pela inépcia e inércia.
21
Cook (1991) adverte o início dessa segunda geração a partir da análise de oito textos distintos, publicados por
autores/as ou instituições que a seu ver abriram o caminho para a nova etapa.
22
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
dos primeiros documentos eletrônicos gerou alguma inércia que retardou
as respostas, tendo esta geração sido alvo de críticas. Movido por essa situ-
ação e atendendo a um chamamento singular
22
, Cox (1994) debruçou-se
sobre o estudo da realidade vivida pelos/as arquivistas estadunidenses, vi-
timados/as por estas sucessivas ondas de documentos eletrônicos, e encon-
trou entre as prováveis causas desta inércia aquela que considerou como
principal: a inadequação dos programas de ensino adotados pelos cursos de
formação prossional no país (COX, 1994). Ainda, num exercício predi-
tivo, contrastou a visão otimista de Cook (1991), que prognosticava uma
série de oportunidades para a segunda geração de arquivistas, com a per-
cepção realista de Margaret Hedstrom, para quem, tanto os documentos
eletrônicos como as habilidades dos/as arquivistas em os compreender ain-
da se encontravam no estágio da “infância”. Na perspectiva de Hedstrom
(1991), os esforços e os progressos obtidos até aquele ponto tinham sido
discretos. Por isso, advogava uma agenda de pesquisa capaz de colmatar os
vazios existentes (HEDSTROM, 1991 apud COX, 1994, p. 24)
23
. Ainda,
Cox (1994) retirou de Hedstrom (1991) duas ilações realmente signica-
tivas: i) se os/as arquivistas falhassem na habilidade de encontrar soluções
para os problemas revelados pelos documentos eletrônicos e na capacidade
de inuenciar pessoas e instituições, nesse intento, falhariam também no
reconhecimento da sua relevância para a sociedade; ii) a denição de uma
agenda de pesquisas era um claro salto a dar para uma nova geração de
prossionais norte-americanos.
Com efeito, no nal dos anos 80, após um curto período de
transição, em que estas questões começaram a ecoar e os problemas a ser
enfrentados, passar-se-ia, nos anos 90, para um outro contexto, em que
o documento arquivístico teria as suas características essenciais sistemati-
camente alteradas, sob o peso da rápida evolução das telecomunicações.
Diante de uma tal perspectiva, os/as arquivistas, ainda não de todo em dia
com os problemas do passado, tiveram de se esforçar para rapidamente
assimilar a nova realidade, desenvolvendo reais estratégias e ações (e.g.,
22
No livro “e rst generation of archivists in the United States: a study in professionalization”, cujo título inspi-
ra-se no artigo publicado por Cook (1991).
23
Realçamos que Margaret Hedstrom, uma das mais ativas arquivistas desta segunda geração, e com especiais
interesses no âmbito da descrição dos documentos eletrônicos, publicou realmente esta agenda.
23
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
normas, regras, sistemas, modelos, projetos, estudos)
24
. O signicado an-
tes atribuído ao documento passaria por uma mudança sensível, diante da
percepção da ameaça do “escritório sem papéis”, realidade então temerá-
ria
25
. Para esta segunda geração, os desaos tornar-se-iam intransferíveis e
inescapáveis, sob pena de uma perda irremediável do controle da situação.
Esse chamamento, tal como sabemos, surtiu efeito, lançando as bases de
uma assim designada “Arquivologia Contemporânea
26
.
3 o documento eletrônIco como PolarIzador do debate custodIal
vs. Pós-custodIal
Tendo traçado, em linhas gerais, alguns dos contextos pós-custo-
diais de emergência do documento eletrônico
27
, na vanguarda arquivística
de até os anos 90, impor-nos-á caracterizar o próprio fenómeno embutido
nestes contextos, aludindo à sua complexidade, e trazendo à luz alguns dos
principais discursos desenvolvidos desta década em diante, uma vez mais,
desde o ponto em que mais visivelmente se manifestaram.
Assim, começaremos por Vajcner (1997, p. 1-2), que nos ofe-
receu uma visão realista das suas principais características, tendo per-
cebido e sumariado o problema, em poucas palavras. O autor lembrou
que o nó górdio dos arquivos estava em gerir e preservar documentos
eletrônicos autênticos e dedignos, de forma a conseguir uma atuação
responsável e proteger a memória histórica. Os “suportes eletrônicos”,
conforme ponderou, implicavam desaos para a teoria arquivística, por
um lado, pela facilidade com que se poderia fazer desaparecer ou alterar
um documento desta natureza, além da evidente separação entre o seu
conteúdo e o seu contexto de produção; por outro, pela fragilidade
destes meios, pela sua rápida obsolescência e pela dependência tecno-
24
Datam desta época a maioria dos projetos de grande envergadura de que temos notícia ainda hoje.
25
Sellen, A. J.; & Harper, R. H. R. (2002). e myth of the paperless oce. Cambridge: e MIT Press.
26
Arquivologia Contemporânea é o termo frequentemente usado na literatura cientíca internacional – es-
pecialmente de origem anglo-saxônica – para denir a última fase ou estágio em que se encontra a disciplina,
desde os anos 90, no seu enfrentamento com os novos contextos pós-custodiais. É usado também como forma
de oposição à Arquivologia Moderna ou Custodial.
27
O documento eletrônico é percebido como um dos efeitos dos clusters de inovações tecnológicas que emergi-
ram a partir da segunda metade do século XX, mais precisamente no seu último quartel.
24
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
lógica de hardwares e softwares que garantissem o seu acesso e a sua
legibilidade, no futuro.
Com efeito, conforme o manual do CIA (1997), o documento
eletrônico não pode ser diretamente lido ou acessado pelo olho humano,
necessitando da mediação de um dispositivo. Trata-se, pois, de um supor-
te lógico em que a informação é codicada em sequências de bits e bytes,
e armazenada em meios (magnéticos ou óticos) e dispositivos (hardware
e software) frequentemente afetados pela obsolescência tecnológica. Para
a sua compreensão, à visibilidade, portanto, associam-se as condições de
legibilidade. Um documento pode ou não ser lido sob determinadas cir-
cunstâncias. Para além do olho humano, há que considerar fatores como
a nitidez, o tamanho e o espaçamento dos caracteres, a distribuição do
texto, a acessibilidade do suporte, bem como os dispositivos responsáveis
pela visualização
28
e a densidade da informação armazenada. A este respeito,
Liu (2004), citando Cook (1994)
29
e Conway (1996)
30
, alega que a alta
densidade de informação é precisamente a característica que faz com que o
documento eletrônico seja invisível ao olho humano
31
, tornando-o depen-
dente de dispositivos especiais de leitura e de decodicação. O próprio Liu
(2004) refere ainda a conectividade, a duplicabilidade e a unicidade como
outras características relevantes desse tipo de documento. A primeira asso-
cia-se à ideia de integração dos suportes e reete a tendência de convergên-
cia das tecnologias de informação e de comunicação, rumo a uma conexão
28
Como sabemos, a necessidade de uso de um equipamento condiciona a sua manutenção, podendo esta tornar-
-se inviável em face das mudanças tecnológicas. Mallinson (1986) analisou o problema da rapidez com que tais
mudanças ocorriam, armando que eram inuenciadas pelas condições impostas pelo mercado. A expectativa
de obsolescência dos equipamentos, segundo disse, era medida numa escala que não superaria os cinco anos,
tempo considerado insuciente para a adaptação à mudança. Ademais, a obsolescência poderia envolver um
planejamento prévio, levando a que as soluções tivessem de ser pensadas e atingidas com brevidade, vigilância
e continuidade.
29
De acordo com Cook (1994), mencionado por Liu (2004), nos deparamos pela primeira vez na história
evolutiva deste artefato com a possibilidade de produzir documentos que efetivamente inexistem aos olhos hu-
manos. Cook, T. (1994). It´s 10’ o clock: do you know where you data are? Recuperado de: http://web.mit.edu/
afs/athena/org/techreview/www/articles/dec94/cook.html.
30
Conway, P. (1996). Preservation in the digital world. Washington: e Comission on Preservation and Access.
Esta obra se encontra disponível, numa versão traduzida para o português, no seguinte endereço: http://www.
cpba.net.
31
De acordo com Conway (1996) citado por Liu (2004), em termos estritamente comparativos, a densidade
de informação nas tábuas de argila sumérias é de 34 caracteres por polegadas quadradas; nos manuscritos ilu-
minados medievais é de 141; nos microlmes é de 10.000; nos disquetes é de 106.200; e nos discos óticos é de
50 milhões.
25
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
entre diversas mídias eletrônicas num único suporte multimedia (e.g., voz,
vídeo e texto) ou hipermedia (e.g., o hipertexto); a segunda traduz-se pela
capacidade de reprodução por meio de cópias
32
; e a terceira, que contrasta
com a segunda, é a que conrma que os documentos de arquivo, inde-
pendentemente do suporte, são únicos, não em função de que deles não
existam cópias
33
, mas sim pelos fatos que atestam
34
(i.e., pela informação
que contêm). A unicidade do documento eletrônico deve referir-se, pois,
à sua habilidade de ocupar uma posição única, num dado conjunto, não
ocupada por nenhum outro documento, e de transmitir uma classe de in-
formação que irá compor, juntamente como outras do mesmo conjunto, o
valor de prova exigido. Finalmente, o mesmo Liu (2004) aponta-nos ainda
mais duas características interrelacionadas do documento eletrônico, sen-
do elas a portabilidade (ou mobilidade) e a uidez. A primeira diz respeito à
habilidade de execução do documento, fora do seu ambiente de criação
35
, e
a segunda à sua capacidade de uir e de atingir o destinatário, produzindo
os efeitos necessários.
Conforme sabemos, o contexto de produção e de transmissão dos
documentos eletrônicos potencia e põe em evidência os problemas gerados
pela manifestação das características acima descritas. Por melhores que se-
jam as condições de armazenagem e de acondicionamento, as expectativas
de permanência dos documentos não ultrapassam um limite xado, em
cálculos muito otimistas, em décadas, com o agravante de que os sistemas
operativos destinados à sua decodicação tornam-se obsoletos em muito
menos tempo
36
(CIA, 1997).
32
Para que tenhamos uma ideia deste caráter fácil e rápido da produção das cópias, no meio eletrônico, há
20 anos atrás previu-se um decréscimo exponencial no volume de textos escritos (livros e documentos) para o
próximo século, previsão que não se consumou, tendo havido inclusive o seu incremento. Uma das fortes razões
que têm sido apontadas, para além do barateamento dos custos e da disponibilização deste tipo de materiais,
na rede, é justamente a facilidade e a rapidez com que se podem efetuar cópias. Sobre isso, falaremos adiante.
33
O’Toole (1994), chegou mesmo a dizer que no meio eletrônico seria praticamente impossível distinguir, à
primeira vista, um original de uma cópia. O’Toole, James (1994). On the idea of uniqueness, American Archi-
vist, 57 (4), 13-37.
34
No mesmo texto de O’Toole (1994) discutiam-se estas questões. A alternativa encontrada para contornar o
problema foi reforçar a importância do princípio da organicidade e da unicidade.
35
O que representa, ainda hoje, um problema no que respeita aos repositórios arquivísticos em linha.
36
Como sabemos, este descompasso tem sido um dos grandes desaos dos que, na atualidade, debruçam-se
sobre as estratégias de preservação digital.t
26
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Outra característica do documento eletrônico, referida como de-
sejável, é a estabilidade (CIA, 1997) que, em última análise, é a capacida-
de de permanecer igual, sem alteração
37
. Ora, os suportes convencionais já
eram, por inerência, instáveis, estando irremediavelmente sujeitos às varia-
das condições, de ordem física, química, biológica, mecânica, entre outras.
No caso dos suportes eletrônicos, podemos acrescentar condicionantes de
ordem tecnológica (e.g., obsolescência, inovação, densidade informacional,
entre outras). As margens de garantia da estabilidade dependem direta ou
indiretamente do controle destas variáveis. Assim, quanto maior for o con-
trole, maior, em tese, será essa possibilidade. Não obstante, no ambiente
eletrônico, em função da separação entre suporte e conteúdo, as perdas de
informação passam a ser o foco do problema, porque há uma probabilidade
muito grande da sua precedência em relação à degradação do suporte. Antes
de nos depararmos com os documentos eletrônicos, vivenciávamos uma re-
alidade em que a longevidade da informação estava vinculada à longevidade
do suporte. No atual contexto, isso não é propriamente o que acontece.
Conforme as explicações de Conway (1996), na sua história evo-
lutiva, os suportes informacionais têm sido alvo de uma tendência que os
aperfeiçoa tecnologicamente e, ao mesmo tempo, reduz progressivamente
a sua expectativa de vida, sendo exceção à regra apenas o microlme. Con-
forme os seus cálculos, no ambiente eletrônico, a cada aumento da capaci-
dade de armazenagem e, portanto, da densidade da informação, correspon-
deria uma redução da permanência. Estas questões também foram trazidas
à tona por O’Toole (1989)
38
, anos antes, quando explorou esta mudança
na percepção que os/as arquivistas tinham de ter a respeito da permanên-
cia do documento no meio eletrônico, constatando que o conceito tinha
mudado drasticamente em face dos novos suportes informacionais. Desta
constatação adveio a relutância inicial em empregar essa noção nesses no-
vos entornos. Atualmente, e com a evolução dos estudos na área, reforça-se
a primazia da informação sobre o suporte. Na impossibilidade de manter
a estabilidade de ambos e, consequentemente, a permanência, opta-se pela
preservação da informação pelo tempo que for útil e necessária.
37
Este é o conceito de estabilidade, consoante: Ferreira, A. B. de H. (1999). Estabilidade. In: Dicionário Aurélio
Eletrônico: século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
38
Intitulado “On the idea of permanence” e publicado pela revista e American Archivist.
27
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Mas, para que a informação permaneça íntegra pelo tempo
necessário, é preciso que sejam garantidas certas condições de inalte-
rabilidade e, portanto, de estabilidade do conteúdo, o que nos leva a
analisar, ainda, outras questões igualmente cruciais. Sem pouca margem
para dúvidas, o contexto arquivístico dos anos 90 em diante foi recheado
pelo debate em torno da conabilidade, conceito que, segundo Macneil
(1998), carrega dois indicadores dimensionais absolutamente necessários
à sua compreensão: a dedignidade e a autenticidade. A autora esclarece
que um documento conável é tanto uma declaração exata dos fatos (i.e.,
dedigno) como uma manifestação genuína (i.e., autêntico) destes mes-
mos fatos. Ou, dito de outra forma, para ser dedigno um documento
tem de ser capaz de suportar os fatos que atesta, e para ser autêntico tem
de ser o que reivindica. No meio eletrônico, conforme também sugere
Macneil (1998), a manipulação e a alteração deliberadas constituem um
problema a superar com o apoio dos instrumentos diplomáticos e buro-
cráticos de controle dos documentos
39
, que têm de ser ainda mais estrei-
tos, ecientes e ecazes do que seriam no meio convencional
40
. A este
propósito, Duranti
41
(1995) acrescenta que, sendo um conceito relativo,
a dedignidade é medida em função de certos parâmetros observáveis
nos documentos, entre os quais: a forma; os procedimentos de produ-
ção, ou seja, as regras estabelecidas pelos produtores aos responsáveis por
cada tipo de documento, de acordo com os efeitos pretendidos e os atos
registrados; as atividades rotineiras de registro destes mesmos atos (e.g.,
os atos protocolares). A aferição destes parâmetros dá-nos, pois, uma
39
Nas nossas incursões, a referência mais recuada que identicamos foi um texto sobre o uso da Diplomática nos
arquivos, intitulado “Diplomatic and archives”, publicado por Skemer (1989) na revista e American Archivist.
O autor sugeriu que se desenvolvesse uma estrutura diplomática adequada ao estudo dos documentos contem-
porâneos, comentando que poderia auxiliar em assuntos associados ao contexto legal, aos sistemas documentais,
à autenticação de documentos eletrônicos e à identicação de eventuais fraudes.
40
Segundo Macneil (1998), no meio convencional, as disciplinas jurídicas e históricas circunscrevem a cona-
bilidade ao contexto da produção e da manutenção dos documentos (e, portanto, ao seu ambiente de custódia).
No caso dos documentos produzidos pelas burocracias, a conabilidade é assegurada e protegida por mecanis-
mos de autoridade e de delegação de competências, e por procedimentos de controle exercidos sobre as pessoas
formalmente responsáveis pelos documentos.
41
Num texto intitulado Reliability and authenticity: the concepts and their implications”, publicado pela revista
Archivaria. Ao longo dos anos 90, Luciana Duranti publicou uma série de textos individuais sobre o assunto, na
revista Archivaria, posteriormente coligidos numa obra única, cuja referência completa é: Duranti, L. (1998).
Diplomatics: new uses for an old science. Lanham: Society of American Archivists; Association of Canadian Ar-
chivists; Scarecrow Press.
28
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
ideia do grau de dedignidade dos documentos (DURANTI, 1995)
42
.
E, muito embora os conceitos tenham existência própria, na prática, os
componentes requeridos para atestar a dedignidade de um documento
também constituem a base para a presunção da sua autenticidade. Assim
sendo, ao apoiar-nos nos elementos disponíveis para a sua análise, somos
capazes de presumir a sua conabilidade com um grau máximo ou míni-
mo de aceitabilidade (DURANTI, 1995). Essa variabilidade no grau de
presunção é responsável pelo fato de os conceitos apresentados assumirem
uma dimensão relativa e inescapavelmente associada ao contexto, ao con-
teúdo e à estrutura dos documentos.
Com base nesses pressupostos, o CIA (1997) considerou que a
dedignidade se refere à habilidade de um documento em servir como
prova dos fatos, sendo por isso que um documento não pode ser mais ou
menos dedigno do que já era quando foi produzido, o que transfere a
responsabilidade direta pela sua dedignidade para o organismo produ-
tor. A autenticidade, por sua vez, refere-se à persistência das características
originais do documento ao longo do tempo. Um documento autêntico,
segundo constatamos, é, pois, aquele que retém as propriedades relacio-
nadas ao contexto, ao conteúdo e à estrutura que lhe foram atribuídas no
momento em que foi gerado.
No presente, os conceitos de dedignidade e de autenticidade
continuam a ser debatidos, sob diferentes perspectivas. As abordagens atu-
ais têm levado os assuntos para o âmbito dos desaos multidisciplinares,
buscando-se soluções que contemplem os requisitos necessários à garantia
da conabilidade dos documentos eletrônicos. Quanto a este aspecto, uma
prática que vem crescendo em tendência é a da transferência desta con-
ança para os ambientes responsáveis pela manutenção dos documentos,
ou seja, os repositórios digitais, que já podem ser objeto de auditoria e de
certicação
43
. Mas, como é bom de ver, mesmo nesses novos ambientes de
42
Bearman (1992) demonstrou concordar em alguns pontos com as abordagens de Luciana Duranti. Um dos
seus alertas à comunidade arquivística norte-americana veio, por exemplo, a propósito do reconhecimento
da relevância dos princípios e dos conceitos da Diplomática no âmbito da identicação das várias formas de
transmissão dos documentos eletrônicos. Também reconheceu a relevância da identicação das regras de pro-
cedimento e de controle das burocracias, à luz dos conceitos weberiano, previamente ao desenvolvimento dos
sistemas de gestão documental em ambientes eletrônicos.
43
Vejamos, por exemplo, as normas internacionais já em uso no âmbito da certicação da qualidade dos reposi-
29
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
custódia dos documentos, as preocupações relacionadas com a presunção
da conabilidade continuam mantendo o foco das atenções na vertente da
autenticidade.
4 desafIos da organIzação e da rePresentação da Informação arquIvís-
tIca nos novos contextos e a aParente dIcotomIa entre o custodIal e
o Pós-custodIal
Nos arquivos, a informação é organizada e, consequentemente,
descrita do geral para o particular, resultando numa estrutura multinível de
representação dos conjuntos, com vista à sua disponibilização para o aces-
so. Tradicionalmente, e no âmbito dos arquivos considerados permanen-
tes, a organização da informação nos níveis superiores pressupõe uma liga-
ção dos documentos aos produtores e, consequentemente, à proveniência.
Nos níveis inferiores, obedece à organização originalmente atribuída pelo
produtor. Destas análises resulta um esquema de estruturação da informa-
ção que obedece simultaneamente aos aspectos extrínsecos (proveniência)
e intrínsecos (ordem original).
As evidências demonstram que a organização e a descrição nos
arquivos são atividades muito antigas. Não obstante, a primeira obra que
nos forneceu, de um modo sistematizado, as bases com que ainda hoje
sustentamos ditos procedimentos, foi o “manual holandês”, publicado ori-
ginalmente em 1898, em cujo título já apareciam ambas as designações.
O impacto desta obra na teoria e na prática arquivística do século XX é
inegável, sendo prova os diversos manuais publicados neste período ou as
políticas arquivísticas nacionais adotadas, que escudar-se-iam em muitos
dos princípios e procedimentos aí sedimentados. Não obstante o inegável
avanço, e a despeito do que se vericou em áreas ans
44
, nota-se, até o
início dos anos 90, a ausência de um padrão internacional comum para a
descrição nos arquivos. No entanto, com o advento das tecnologias, que,
como temos vindo a demonstrar, assinalam uma mudança em vários con-
textos arquivísticos, as atividades de descrição e, consequentemente, de
tórios digitais (enquanto repositórios de objetos digitais autênticos).
44
Vejamos, por exemplo, o caso das diversas normas internacionais de descrição bibliográca sucessivamente
publicadas a partir dos anos 70 e consolidadas no ano de 2011.
30
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
representação da informação, não cariam incólumes, tendo-se assistido,
a partir de então, à produção e à publicação de uma série de standards que
viriam a preencher muitas das lacunas observadas nos contextos custodiais
e exacerbadas face à realidade pós-custodial vigente.
Neste panorama, também os princípios subjacentes aos procedi-
mentos de organização e descrição da informação começaram a ser postos à
prova. No início da década de 90, em meio a um “aceso” debate sobre o as-
sunto, Bearman (1993)
45
, apesar de admitir que tinha sido até então o mais
importante conceito da Arquivologia Moderna, sugeriu o deslocamento
da proveniência, nos contextos eletrônicos, do âmbito do produtor para o
da função e do sistema responsável pela manutenção dos documentos ar-
quivísticos
46
. Conforme explicou, isso implicaria implementar a descrição,
tradicionalmente associada à fase nal do ciclo de vida dos documentos, já
na sua fase de produção. As suas reexões tinham antecedentes nas ideias
defendidas muito antes por Scott (1966), para quem a organização e a
descrição dos documentos deviam basear-se na identicação das funções
organizacionais, e não na estrutura orgânica, de onde derivariam as séries
documentais, tratando-se, pois, de uma proposta de representação centra-
da em entidades concretas e não em abstrações.
Acrescentando mais uma letra ao debate, Dollar (1993)
47
consi-
derou que a preservação da proveniência dos documentos arquivísticos nos
sistemas eletrônicos dependeria da captura e da manutenção, juntamente
com os documentos, de um conjunto de informações contextuais necessá-
rias à sua compreensão. Com isso, remeteu os/as arquivistas irremediavel-
mente para mais um desao: a participação ativa no desenho dos sistemas e
no estabelecimento dos esquemas de metadados descritivos a ser usados para
os representar (DOLLAR, 1993).
Ora, a informação contextual é aquela que se associa à orga-
nicidade, habilidade pela qual os documentos que se reportam a uma
45
Publicado pela revista Archivaria, intitulado: “Record-keeping systems”.
46
Num provocativo artigo, intitulado: “e record group concept: a case for abandonment.
47
Num artigo publicado no mesmo volume de Archivaria, intitulado: “Archivists and record managers in the
information age”.
31
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
mesma proveniência constituem laços perduráveis entre si
48
(CIA, 1997).
Ainda, como lembrou Duranti
49
(1997), o que transforma um simples
documento num documento arquivístico é o seu caráter orgânico. E a
organicidade, na sua concepção, é original, porque nasce com o próprio
documento, necessária, porque tem de existir para que o documento ad-
quira um caráter arquivístico, determinada, porque pode ser estabelecida,
e dinâmica, porque evolui e cessa. No contexto tradicional, a organici-
dade é revelada pela ordem física e pelos enlaces lógicos atribuídos aos
documentos (e.g., pelo código de classicação ou pelo número de regis-
tro) (DURANTI, 1997). No meio eletrônico, entretanto, a supremacia
da estrutura lógica sobre a física, ou mesmo a ausência desta, dicultam
a sua determinação (CIA, 1997). Por isso, nesse meio, é preciso munir
os documentos de informações contextuais sucientes, para que tanto a
organicidade como a proveniência possam ser inequivocamente deter-
minadas
50
. Neste intento, Duranti (1997) considerou ser a descrição o
caminho para perpetuar e autenticar o signicado dos documentos e, em
função das contínuas migrações a que poderiam estar sujeitos, acreditava
ser este provavelmente o melhor método para assegurar a sua autentici-
dade em longo prazo.
Mas, além do contexto, sabemos que o documento arquivístico
necessita de ser descrito em função do conteúdo e da estrutura. Se, por
um lado, o contexto remete-o para o ambiente original de produção, por
outro, o conteúdo relaciona-o com os demais documentos do arquivo e
com a atividade ou função que o gerou, sendo a estrutura a sua própria
forma (CIA, 1997). Ao conjunto destes atributos, Cook (1991) designou
documentabilidade”, destacando a sua relevância para os novos contextos
pós-custodiais, em que o direito dos/as cidadãos/ãs à memória e ao acesso
aos documentos imporia aos/às arquivistas mais deveres e obrigações do
que estariam habituados/as a ter até então.
48
Cf: A Glossary of Archival and Records Terminology. e American Society of Archivists. Recueprado de:
http://www.archivists.org/glossary/index.asp.
49
Num texto intitulado: “e Archival bond”.
50
Ainda, Duranti (1997, p. 217) sugere que não se deve confundir organicidade com contexto. Enquanto uma
é parte essencial e inerente ao documento, o outro é algo que encontramos fora do documento, quer nos proce-
dimentos jurídicos e administrativos que lhe dão causa, quer na sua proveniência.
32
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Portanto, em vários dos discursos típicos do contexto dos anos
90, os metadados passariam a ser considerados os meios mais ecazes para
representar o documento eletrônico nessas três dimensões necessárias à sua
compreensão e à manutenção da sua integridade (CIA, 1997). Essa depen-
dência dos metadados também foi realçada por Hedstrom
51
(1993), uma
grande defensora da ideia, ao alegar que os métodos de descrição então
existentes focalizavam a atenção mais na recolha de dados relacionados
com a estrutura e o conteúdo dos documentos do que com o seu contexto,
o que deveria ser alterado para que os documentos eletrônicos pudessem
tornar-se disponíveis, compreensíveis e utilizáveis pelo tempo que tivessem
o seu valor continuado.
Estas questões parecem ter sido levadas a sério. Quase uma década
mais tarde, assistimos a um chamamento de Horsman
52
(2002), criticando
os métodos de descrição que vinham sendo adotados pelos/as arquivistas,
acusando-os/as de criarem instrumentos que atendiam mais às suas “con-
veniências” do que aos seus usuários/as, que não os compreendiam. Com
isso, queria dizer que os instrumentos produzidos não eram amigáveis, e
que em prol de um alegado controle intelectual menosprezavam-se os/as
verdadeiros/as interessados/as. Imagine-se que o autor criticou, justamen-
te, o fato de a descrição arquivística encontrar-se demasiado focalizada no
contexto e na proveniência dos documentos, e não nas necessidades dos/as
usuários/as (HORSMAN, 2002).
Igualmente, e num texto publicado um pouco antes por Menne-
-Haritz
53
(2001), defender-se-ia que o foco dos arquivos deveria desviar-se
para o acesso. Conforme dizia, se os arquivos quisessem passar uma imagem
conável à sociedade, deveriam oferecer serviços num alto nível de quali-
dade. Para isso, deveriam primeiro compreender o papel a ocupar no incre-
mento da acessibilidade dos arquivos, nisso implicando o seu envolvimen-
to no conhecimento das necessidades dos/as usuários/as e no incremento
das normas e da qualidade dos repositórios (MENNE-HARITZ, 2001).
51
Publicado pela revista Archivaria e intitulado: “Descriptive practices for electronic records: deciding what is essen-
tial an d imagining what is possible”.
52
Também publicado pela revista Archivaria e intitulado: “e last dance of the phoenix, or the de-discovery of
provenance”.
53
Publicado pela revista Archival Science e intitulado: “Access: the reformulation of an archival paradigm.
33
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Como é bom de ver, estas questões foram levantadas numa época
em que não apenas a preservação, mas o seu oposto complementar, o acesso,
ia ganhando espaço nas discussões então inuenciadas pela introdução de
novos valores, tais como a responsabilização social, o direito à memória e
a transparência informacional. Sob tais imperativos, garantir o acesso con-
tinuado e em longo prazo de documentos aos quais se pudesse acrescentar
o atributo “documentável”, como defendia Cook (1991), passaria a fazer
parte das preocupações e das obrigações arquivísticas. Mas, conforme vere-
mos a seguir, essa ideia já havia sido colocada na pauta do dia uma década
antes, sem que tivesse surtido efeito. Não por acaso, trazia consigo o debate
a respeito da custódia versus a pós-custódia dos documentos de arquivo.
Num texto publicado em 1981, o renomado arquivista norte-a-
mericano Gerald Ham mencionou as “mudanças revolucionárias” na for-
ma como a sociedade passaria a armazenar e recuperar a informação, bem
como os efeitos, e conclamou os/as arquivistas a enfrentar o que designou
como “era pós-custodial”, assumindo um novo papel em questões que se-
riam cruciais para a prossão. Na visão de Ham (1981), em face do novo
contexto tecnológico, os/as arquivistas teriam de adotar estratégias proati-
vas, transformando o seu papel tradicional, alegadamente passivo. Além de
ter tocado em aspectos cruciais como a necessidade de gerir e de avaliar os
já incontroláveis acervos documentais, frisando o caráter proativo a embu-
tir-se nessa atitude, assumiu que um passo adiante na evolução da “teoria
pós-custodial” que então propunha seria reconhecer o acesso como uma
responsabilidade primeira na custódia dos documentos e como um promotor
integral da responsabilização social.
Mais recentemente, Bastian (2002) retomou o tema, conrman-
do que o problema ainda não tinha sido solucionado mais de vinte anos
depois. A voz de Ham, a seu ver, não tinha produzido o necessário eco no
país de origem, tendo sido, no entanto, escutada noutras partes. Neste par-
ticular, relevaram, nos anos 90, as iniciativas australianas e canadenses, em
discussões sistemáticas sobre o assunto, e o engajamento de arquivistas de
renome como Richard Cox, David Bearman e Terry Cook em estratégias
pós-custodiais. No entanto, reconhecia a existência de forças contrárias,
entre as quais sublinhou a voz de Luciana Duranti.
34
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
O assunto é de fato problemático e embute diversas questões cru-
ciais para os novos contextos. Num texto emblemático, publicado anos
antes, Duranti
54
(1995) recordava o papel que, desde a Antiguidade, tinha
sido votado aos arquivos, enquanto locais destinados à guarda e à manu-
tenção continuada dos documentos, sem lugar à quebra da cadeia de cus-
tódia
55
, sendo esta a condição sine qua non para atestar a sua autenticidade,
em diversas épocas e civilizações. À pessoa do/a arquivista era, pois, relega-
da a função de “guardador/a conável” destes registros, sendo a sua resposta
natural e zelosa a este desao a limitação do acesso aos documentos.
Mas, em face dos novos contextos, haveria que conciliar esse
papel. Neste sentido, e já mais recentemente, Bearman (2006) acabaria
por publicar um texto
56
em que primeiramente reetiria sobre o fato
de terem sido atingidos, nos últimos 10 anos, pontos signicativos de
concordância a respeito dos “momentos de risco” existentes nas diversas
fases ou etapas do ciclo de vida dos documentos eletrônicos. Assim, fo-
calizando as reexões nestas etapas
57
, ponderou que o seu controle teria
de estar a cargo do produtor, que deveria ter a responsabilidade pela
custódia dos documentos. Com esse giro analítico, pretendia distribuir
uma responsabilidade até então entregue aos/às arquivistas, que atuavam
tradicionalmente na fase denitiva, também para os seus produtores, na
fase ativa. Assim, julgava-se que o controle sobre os documentos seria
mais efetivo se se atuasse desde mesmo antes de serem criados, e ainda no
âmbito da conguração dos sistemas onde existiriam e seriam mantidos,
até ao momento da sua preservação, já no estágio nal do ciclo. Essa
abordagem, enraizada em discussões anteriores
58
, cou conhecida como
54
No artigo intitulado “Archival as a place”, publicado na revista Archives and Manuscripts.
55
Reexões que Luciana Duranti remete, em vários dos seus textos, originalmente a Sir Hilary Jenkinson e ao
seu já tradicional manual de administração de arquivos, publicado em 1922.
56
Intitulado: Moments of risk: identifying threats to electronic records”.a de Monasch e McKemish.atConsulDu-
ranti.etre e, consequentemente, a perman. atualidade, debruçam-se sob
57
Que são, nomeadamente: captura, integração, manutenção, acesso e preservação.
58
Realçamos que o conceito de “continuum” já se vinha reetindo no contexto arquivístico australiano desde
nal dos anos 50 com as ideias de Ian Maclean. Nos anos 80 é levado ao Canadá, por meio de Jay Atherton,
num texto publicado na conferência anual da Associação dos Arquivistas Canadianos.De acordo com este autor,
todas as etapas de gestão dos documentos deveriam integrar-se num continuum em que estivessem envolvidos/
as tanto gestores/as de documentos quanto arquivistas. Nos anos 90, o modelo foi explorado novamente por
vários/as teóricos/as australianos/as, dos quais são exemplos: Sue McKemmish e Frank Upward, que enunciou,
inclusive, quais seriam os seus princípios.
35
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
custódia distribuída”. Note-se que o que se reivindicava era que aos/às
arquivistas seriam acrescidas novas funções em todas as etapas do ciclo
de vida dos documentos.
Numa abordagem atual, Duranti e Franks (2015) reconhecem
que a abordagem custodial continua sendo válida nos contextos tradicio-
nais, mas que não responde, evidentemente, às necessidades provocadas
pelas mudanças tecnológicas impostas aos novos arquivos, que funcionam
com as tecnologias Web e que oferecem novas possibilidades de interativi-
dade com os/as usuários/as em novos ambientes de partilha e difusão de in-
formação. Sob este ponto de vista, conforme complementam, tem-se assis-
tido a uma mudança do custodial ao pós-custodial em diversos contextos
arquivísticos e já com modelos testados. Tal mudança vem sendo traduzida
na literatura cientíca pela expressão “salto paradigmático
59
. Na mesma
obra, Tschan (2015) reforça a preocupação realmente procedente de que
os/as produtores/as dos documentos podem não ter os mesmos interesses
que os/as arquivistas ao assegurar a sua custódia. Assim sendo, e dado que
a garantia da autenticidade tem de atuar numa base bastante razoável de
presunção, os/as arquivistas, face à sua “isenção” e aos valores prossionais
que cultivam, diríamos nós, devem continuar a ser os/as prossionais indi-
cados/as para desempenhar esta importante função social.
Estas reexões levam-nos a colocar o debate “custodial/pós-cus-
todial” como um dilema longe de se resolver. Não obstante, queremos -
nalizar com uma palavra de otimismo, que advém de algumas constatações
no terreno. A Arquivologia tem lidado, há 40 anos, com um objeto cada
vez mais complexo e vem obtendo respostas para algumas das suas questões
mais fulcrais. A isso, some-se que a visão dicotômica, por vezes reivindicada
nos debates, resulta, não raro, de análises parciais e lineares do problema.
Assim sendo e se renunciarmos a essa lógica em favor de uma outra, que
propugna pela complementariedade, possivelmente encontraremos pontos
de contato entre as aparentemente distintas abordagens. Indo por uma via
como esta, poderemos, por exemplo, compreender a “Arquivologia Pós-
59
Esta expressão foi cunhada pelo arquivista anglo-canadense Hugh Taylor, num artigo publicado pela revista
Archivaria, no ano de1987, e intitulado: “Transformation in the Archives: technlogical adjustment or paradigm
shift?”.
36
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Custodial” como uma emergência destas interações múltiplas que vêm sendo
detectadas, já há algum tempo, e que se reetem nos atuais contextos.
Finalmente, a forma como os conceitos e as abordagens se encon-
tram entrelaçados, a nosso ver, além de demonstrar a sua complexidade
60
,
fornece os meios para superar a aparente dicotomia e compreender o pro-
blema na sua extensão. Deste modo, e como corolário das nossas reexões,
diremos que a resposta à pergunta inicial não pode ser dada de um modo
absoluto. Os caminhos trilhados pela Arquivologia atual são, ainda, custo-
diais em muitos sentidos, e pós-custodiais em tantos outros. Acresce-se que
diversos dos problemas visionados no passado não foram completamente
solucionados, no mesmo instante em que as mudanças tecnológicas conti-
nuam a ocorrer, trazendo inovações para a sociedade e com novas consequ-
ências para os arquivos, que ainda haveremos de analisar no futuro.
5 conclusão
Este texto teve como propósito debater alguns dos aspectos em-
butidos nos contextos arquivísticos custodiais e pós-custodiais, vistos algu-
mas vezes de uma forma dicotômica, tomando-se uma posição a respeito.
Para isso, escudamo-nos num desenho metodológico que privilegiou os
espaços cientícos internacionais de interlocução da Arquivologia, nos úl-
timos 40 anos, sendo esta uma forte condicionante dos nossos resultados,
e seguimos por uma linha retrospectiva dos diversos assuntos.
Como consequência, efetuamos num primeiro plano uma brevís-
sima análise das bases fundacionais da Arquivologia, assentadas há pouco
mais de 100 anos, para então centrarmos as nossas reexões nas mudanças
tecnológicas experimentadas a partir dos anos 70 do século XX, demons-
trando como se relacionam com a emergência de uma Arquivologia Con-
temporânea, centrada nos problemas gerados pelo aumento inesperado
dos documentos eletrônicos nos arquivos, bem como, e em consequência,
nos impactos gerados na teoria e na prática da prossão.
60
Para além de ser um dos eixos centrais de articulação deste livro, para o qual honrosamente contribuímos com
a escrita do presente capítulo, a complexidade é denida por Morin (1997, p. 14) não como uma “complicação”,
mas a partir da etimologia da palavra “complexo” (com + plexus), que signica o que é tecido junto, emaranhado.
37
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Assim, e num primeiro momento, identicamos três etapas ou
fases de evolução tecnológica: “era do mainframe” (anos 40 a 70), “era
do computador pessoal” e “era das redes” (início dos anos 80 em dian-
te). Em cada um destes períodos, vericamos que a Arquivologia esteve
às voltas com problemas que ecoaram na literatura especíca, a partir dos
seus centros irradiadores. Assim, no decorrer dos anos 70 e inícios dos 80,
identicamos a emergência de uma primeira geração de arquivistas que
empreendeu os seus enfrentamentos. Ora criticada pelos falsos começos,
ora aclamada pela coragem, esta primeira geração avançou até um certo
ponto, dando lugar a uma segunda, que iniciou os seus embates dos anos
90 em diante, a quem se conou a responsabilidade inalienável pela solu-
ção dos problemas cruciais, que dizem respeito à preservação de documen-
tos arquivísticos de valor permanente, sob condições de integridade e em
longo prazo.
Igualmente, procuramos examinar os documentos arquivísticos
provenientes destes novos contextos. Desta análise emergiu uma série de
características complexas herdadas, quer do contexto arquivístico, quer do
contexto tecnológico. A sua sistematização apoiou-nos na identicação e
na contextualização dos problemas e/ou desaos mais signicativos enfren-
tados pelos/as arquivistas, bem como na incursão pelas diversas soluções
que vêm sendo propostas. Os desaos que se apresentaram aos/às arquivis-
tas nos novos contextos foram igualmente examinados, concluindo-se que
a pró-atividade tem de ser a sua marca, bem como o seu envolvimento em
tarefas que vão além dos desaos que lhes eram impostos nos contextos
custodiais, tais como a promoção do acesso e a interação com os/as usuá-
rios/as nos novos ambientes de partilha e de difusão da informação. Como
complemento, a gestão e a representação da informação, como cou claro,
jogam uma tarefa capital nos novos contextos. A primeira, pelo fato de
embutir momentos considerados de risco na manutenção dos documentos
eletrônicos, que importam controlar e de um modo categoricamente efe-
tivo. A segunda, em função do seu papel claramente minimizador desses
mesmos riscos e da sua relação direta com as tarefas dos/as usuários/as.
Como corolário do estudo realizado, encontramos pontos de con-
tato entre as aparentemente distintas abordagens, o que, a nosso ver, as leva
38
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
à complementariedade; e, por este raciocínio, passamos a compreender a
Arquivologia Pós-Custodial” como uma emergência dos novos contextos
e não como um conceito absoluto ou como uma realidade dicotômica, que
nega realidades anteriores.
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43
caPítulo 2
coordenadas del cambIo de ParadIgma en la
archIvístIca. argumentos Para sus rasgos Pos-
custodIales.
Mayra M. Mena Mugica
1 IntroduccIón
Tal y como aparece en la invitación a participar en este libro, a
nes del siglo XX asistimos a diversos debates teóricos relacionados con el
cambio de paradigma en las Ciencias de la Información. El propósito de
este texto es examinar las ideas que articularon, en las décadas de los 80 –
90, dicho cambio de paradigma en el campo de la Archivística
61
y que han
marcado los derroteros esenciales de sus enfoques pos-custodiales.
Estudiar períodos de desarrollo en la Archivística no es un
propósito nuevo, muchos estudiosos lo han realizado estableciendo
periodizaciones que atienden a lo que consideran característico de cada
61
El uso del término Archivística aquí no pretende hacer ningún juicio de valor respecto a la denominación
de esta ciencia, solo sigue la forma tradicional de denominación de ésta en ámbito académico cubano. En tal
sentido se considera sinónimo de otras denominaciones tales como Archivología o Archival Science.
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p43-70
44
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
etapa y formulando metodologías propias. En tal sentido podrían citarse,
entre otros, los intentos de Cruz Mundet (1994), Mendo Carmona (2004),
Vivas Moreno (2004) y más recientemente Ávila Araujo (2013).
Sin embargo, explorar los debates teóricos de los años 80-90 del
siglo XX en el campo de la Archivística implica necesariamente recurrir a
la noción de paradigma propuesta por el historiador-lósofo de la ciencia
omas Samuel Kuhn, en su libro La Estructura de las Revoluciones
Cientícas (1962), pues aun reconociéndose sus limitaciones para
el análisis de las ciencias sociales y en la archivística en particular
62
, su
propuesta metodológica fue especialmente bien acogida tanto por los
autores involucrados en los debates teóricos de la Archivística de estos
años, como por aquellos que se detuvieron a estudiarlos. Muestra de ello es
el uso frecuente tanto del término paradigma, como de su denición en la
producción cientíca de autores de esta época tales como David Bearman
(1994), Charles Dollar (1992), Frank Upward (1996), Sue McKemish
(1998), Terry Cook (1997), Hugh Taylor (1987-88), eo omassen
(1999), Armando Maleiro da Silva (2009), Anne J. Gilliland-Swetland
(2000), Angelika Menne-Haritz (2001), Luciana Duranti (2001), entre
otros.
Consecuentemente, un denominador común en los estudios de
este período es el asunción de la existencia de estadios paradigmáticos en
la Archivística y especialmente el reconocimiento de la ocurrencia de un
cambio de paradigma a partir de las décadas de los 80 – 90 del siglo XX. Sin
embargo, sus denominaciones varían de acuerdo a los rasgos que los autores
consideran sobresalientes en cada período de desarrollo. En tal sentido
existe coincidencia respecto a que en el campo de la Archivística es posible
identicar claramente la ocurrencia de dos estadios paradigmáticos. El
primero, cronológicamente situado desde el surgimiento de esta disciplina
cientíca en la segunda mitad del siglo XIX y hasta las postrimerías del
siglo XX, denominado paradigma custodial, patrimonialista, histórico-
tecnicista (SILVA, 1998); paradigma clásico, moderno (THOMASSEN,
62
Un ejemplo de enfoque crítico de las ideas de Kuhn para analizar el desarrollo de la Archivística de los años
80 – 90 del siglo XX, puede apreciarse en: Anne Gilliland y SueMckemmish.Building an Infrastructure for
Archival Research. ArchivalScience (2004) 4: 149–197.
45
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
1999); o paradigma positivista, estatista (COOK, 1997). Y un segundo
estadio paradigmático que se ubica cronológicamente a continuación del
primero, es decir, a partir de las décadas de los 80 – 90 del siglo XX, y
que ha recibido las denominaciones de paradigma postcustodial, social
(COOK, 1997); paradigma postcustodial, cientíco-informacional
(SILVA et al., 1998), paradigma del acceso (MENNE-HARITZ,
2001), paradigma postcustodial, postmoderno (THOMASSEN, 1999);
nuevo paradigma archivístico (GUILLILAND-SWETLAND, 2000), o
simplemente cambio de paradigma (TAYLOR, 1987-1988).
Dada la obvia imposibilidad de lidiar con tal diversidad de
denominaciones en lo adelante para referirnos a los estadios paradigmáticos
en la Archivística optaremos por utilizar los términos paradigma custodial
y pos-custodial, por considerarlos muy distintivos de las características de
cada uno de estos períodos, como podrá apreciar más adelante.
Como se puede observar, la mayor parte de los autores referidos
con anterioridad, a excepción de los portugueses Silva y Ribeiro, o son
de habla inglesa o publicaron sus puntos de vista en esta lengua, lo que
permite aseverar que uno de los aspectos característicos del proceso de
cambio de paradigma en la Archivística, se articuló esencialmente desde el
mundo anglosajón.
También caracteriza a la producción cientíca de estos años el
amplio abanico de temas abordados, que van desde la reelaboración teórica
de conceptos tales como documento, evidencia, principio de procedencia
o ciclo de vida; hasta la preservación de documentos electrónicos,
denición de requisitos funcionales, propuestas de esquemas de metadatos
o diseños de sistemas de gestión. Todo ello sustentado con el uso frecuente
de metodologías y referencias a autores provenientes de otros campos de
estudios, especialmente del ámbito de la losofía y la sociología, tales
como Michel Foucault, Jacques Derrida, Jean-François Lyotard, Anthony
Giddens o el propio Kuhn, entre otros, como se podrá observar más
adelante.
Asimismo, puede apreciarse una novedosa diversidad de
paradigmas y métodos de investigación que van desde la asunción de
46
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
un marco positivista, teórico-deductivo (el caso de los proyectos UBC
63
e InterPARES
64
) hasta uno interpretativo, empírico-inductivo (caso del
proyecto Pittsburgh
65
). En cuanto a los métodos y técnicas utilizados para
las investigaciones se aprecia también una diversidad nunca antes observada
en el campo de la Archivística, entre ellos destacan la investigación acción,
el análisis bibliométrico, análisis del discurso, análisis de expertos, análisis
de sistemas, análisis de contenidos, análisis de garantía literaria, desarrollo
y diseño de sistemas, uso de casos de estudios, grounded theory, model
building y theory building, entro otras.
66
2 coordenadas Para comPrender el cambIo de ParadIgma
En 2001 Duranti afirmaba que para las décadas de los
años 80 – 90 del siglo XX comenzaron a ocurrir en el ámbito de la
Archivística, nuevas observaciones que no podían ser explicadas en
el marco de las fundamentaciones teóricas tradicionales y que, por
tanto, estas comenzaron a ser puestas en duda Duranti (2001). Pero,
¿cuáles fueron los móviles que motivaron reflexiones inconformes con
una estructura epistemológica articulada durante más de un siglo? Las
respuestas a este tipo de preguntas rara vez resultan en afirmaciones
universalmente válidas, sin embargo, los autores del campo de la
Archivística que han estudiado el proceso coinciden en afirmar que
las “nuevas observaciones” estuvieron esencialmente influidas por tres
elementos: las ideas de la teoría postmoderna
67
, la rápida asimilación
63
e Protection of the Integrity of Electronic Records (1994 – 1997).Proyecto de la Universidad de British Co-
lumbia liderado por Luciana Duranti.
64
International Research on Permanent Authentic Records in Electronic Systems 1 y 2 (InterPARES1 y 2, 1997
– 2006).Proyectos Internacionales conducidos por Luciana Duranti de la Universidad de British Columbia.
65
Functional Requirements for Evidence in Recordkeeping. Proyecto de la Universidad de Pittsburgh liderado por
Richard Cox.
66
Para estudiar la diversidad de temas, métodos y técnicas de investigación de estos años, véase Gilliland-
-Swetland, A.; McKemmish, S. (2004). Building an Infrastructure for Archival Research. Archival Science(4), 149-
197; así como las valiosas referencias y ejemplos que ofrecen las autoras respecto a sus usos particulares en la
investigación archivística.
67
El enfoque aquí sobre teoría postmoderna coincide con MacNeil, H. (2001). Trusting records in a postmo-
dern world. Archivaria. (51), 36-47, cuando citando arma que “[…] se reere a un rango de discursos que
se enfocan en una crítica de la teoría moderna y que deende en el plano teórico una ruptura postmoderna.
[…] que ofrece una crítica de la representación y de la creencia moderna de que la teoría reeja la realidad,
tomando en cambio posiciones ‘perspectivistas’ y ‘relativistas’ respecto a que las teorías ofrecen una perspectiva
47
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
de las tecnologías de la información y las comunicaciones (TICs)
y su impacto sobre las formas de producir y gestionar información
y los cambios en la metodología de la Historia, como campo del
conocimientos científicos.
Respecto a la inuencia de las teorías postmodernas Cook, uno
de los autores que más las ha estudiado (COOK 1997, 2001, 2013),
asegura que inuyeron sobre el pensamiento archivístico en dos sentidos.
Por una parte, al cuestionarse las grandes formulaciones de la modernidad,
estas ideas inciden con sus presupuestos teóricos sobre todas las disciplinas
cientícas, la Archivística no es una excepción. De otro lado, entre sus
reexiones esenciales está el análisis crítico de “…la naturaleza de los textos
históricos […] y la preocupación por la creación y la naturaleza de los
documentos y su designación, su supervivencia, y su preservación como
archivos” (COOK, 2001, p. 4).
Importantes pensadores postmodernos como Jacques Derrida,
Jacques LeGo o Michel Foucault, dedicaron parte de sus trabajos a
estudiar la signicación de los archivos para la sociedad, enfocándose en
mostrar lo inconsecuente de considerar objetivos los textos históricos y
las fuentes documentales en las que ellos se legitiman.
68
De tal forma, las
teorías postmodernas al impugnar el método cientíco moderno, basado
en la idea de que “La verdad de cualquier proposición podría ser establecida
por razonamiento desde la evidencia relevante, con la razón operando
dentro de un marco de inferencias, generalizaciones y probabilidades
(MACNEIL, 2001, p. 39), cuestionan hipótesis centrales del paradigma
parcial sobre sus objetos, y que todas las representaciones cognoscitivas del mundo están mediadas histórica y
lingüísticamente.
68
Las obras más citadas en este sentido son:
1) Derrida, J. (1996). Archives Fever: A Freudian Impression. Chicago and London. Un análisis de las impli-
caciones de esta obra para el campo de la archivística puede consultarse en: Brothman, B. (1999). Declining
Derrida: Integrity, and the preservation of archives from deconstruction. Archivaria (48), 64 – 88; así como en
Verne, H. (2007). Un haz de oscuridad: Derrida en el archivo. Tabula (10).
2) Le Go, J. (1992) History and Memory. New York: Columbia University Press.
3) Foucault, M. (1970). La arqueología del saber. Siglo XXI editores, S.A. México. Un análisis del uso de de las
ideas de Foucault en el campo de la Archivística puede consultarse en: Roberto Lopes dos Santos Júnior y Aluf
Alba Elias. A losoa de Michel Foucault e sua apropriação pela disciplina arquivística contemporânea. Segunda
reunión brasileña de enseñanza e investigación en Archivología. 2011; para el caso particular de la Archivística
española ver: Delgado Gómez, A. (2010). Documentos y poder: órdenes del discurso. Anales de Documenta-
ción (13), 117-133.
48
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
custodial de la Archivística, al ponerse en duda la idea establecida desde el
siglo XVIII de que “[…] el conocimiento sobre la realidad, para el que no
había acceso directo, sí podía lograrse examinando sus trazas documentales
(MACNEIL, 2001, p. 39). En tal sentido presupuestos esenciales de la
Archivística custodial, tales como el documento como fuente objetiva y
evidencia imparcial para la investigación, así como y la idea del archivero
como guardián neutral de esa evidencia, eran fuertemente puestas en
entredicho.
En palabras de Cook (2001, p. 4-5) un aporte esencial de estas
ideas al pensamiento archivístico de los 80 – 90 del siglo XX fue que:
Dejan ver el contexto detrás del texto, descubriendo que las relaciones
de poder que forman la herencia documental, la estructura del
documento, el sistema de información donde residen y las convenciones
narrativas, son más importantes que el objeto en sí, o su contenido.
El hecho en los textos no puede separarse de su pasada y continuada
interpretación, ni el autor de la autoría, ni la autoría del contexto.
Nada es neutro, imparcial u objetivo. Todo se forma, se presenta, se
representa, es simbólico, es signicado, es signo, es construido por
el orador, fotógrafo, escritor, para un propósito jo. Ningún texto es
un mero subproducto inocente de la acción como armó Jenkinson,
sino un producto conscientemente construido […] que relaciona las
realidades externas y las relaciones de poder que están bastante ocultas.
Los textos […] son todos una forma de narración más relacionada
con la construcción de consistencia y armonía por el autor […] que
evidencia de actos y hechos, o de los marcos jurídicos o legales. Y no
hay una sola narrativa en una serie o colección de documentos, hay
muchas narrativas, muchas historias, sirviendo a muchos propósitos
para muchos públicos, a través del tiempo y el espacio […] el
documento no es un material objetivo, inocente, sin tratamiento, sino
que expresa el pasado [o presente] del poder de la sociedad sobre la
memoria y sobre el futuro: el documento es restos.
Como apuntamos arriba, otro de los aspectos que sin dudas
favoreció el cambio de paradigma en la Archivística fue el impacto de las
TICs sobre las formas en que las organizaciones registran y gestionan sus
documentos, a lo que Bearman llamó la “revolución de la información
electrónica” (BEARMAN, 1994). La profunda diversicación de las
formas documentales y las facilidades de manipulación, transformación,
49
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
transportación, reproducción, almacenamiento y acceso a los documentos
electrónicos, así como la fragilidad y rápida obsolescencia de los sistemas
que los producen y almacenan, condujo a una crisis de transparencia y
de conanza en las capacidades de rendición de cuentas responsable
de las organizaciones.
69
La principal causa de esta crisis estuvo dada
por la complejidad de dotar a los sistemas de gestión electrónica de las
capacidades necesarias para la generación de documentos que sirvieran de
evidencia veraz de las transacciones de las organizaciones (BEARMAN,
1994; MCKEMMISH, 1998; MACNEIL, 2000). El cambio en la forma
de registrar información y la consecuente modicación en las formas
de los documentos, como se podrá observar más adelante, inuyó de
manera determinante en el pensamiento archivístico, pues alteró algunos
de los presupuestos esenciales sobre los que estuvieron asentados sus
fundamentos teórico-prácticos por más de un siglo, en particular aquellos
relacionados con la equivalencia entre preservar objetos físicos y garantizar
la autenticidad de la información registrada en los mismos.
Por último, se pude apuntar que otro de los aspectos que favoreció
la aparición de nuevas ideas en el campo de la Archivística, a partir de los
años 80, fueron los cambios que se venían produciendo en la metodología
de la Historia como disciplina cientíca, también muy inuida por la
crítica postmoderna. Desde los años 60 comenzaron a producirse en el
campo de la Historia observaciones críticas respecto a su dependencia
de las fuentes primarias tradicionales, dos posturas que pueden citarse al
respecto son la emergencia de los estudios sociales y los estudios feministas,
que potenciaron el uso de fuentes de información alternativas tales como
las fuentes orales, pues los documentos que tradicionalmente custodiaban
los archivos, provenientes de instituciones estatales, no registraban
información que les permitiera explorar sus objetos de estudio. Asimismo,
69
Uno de los ejemplos de esta crisis recurrente en la literatura archivística son los grandes escándalos de quiebre
por fraude de empresas como Enrom y WorlCom. Mat Isa (2009) explica que la introducción acelerada las tecno-
logías de la información y las comunicaciones (TICs) y especialmente el uso de varios tipos de sistemas de ges-
tión de información por parte de las organizaciones, tales como los electronic document management, knowledge
management, Integrated document management, content management and Enterprise content management systems;
condujo a que muchas organizaciones consideraran la gestión de sus documentos como un esfuerzo discrecional,
no relacionado con el éxito de sus negocios y por consiguiente no digno de atención. Como consecuencia, se
vieron impedidas de demostrar que los documentos que registraban sus procesos de negocios fueran veraces y
dignos de conanza.
50
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
se reconoce que voces desde el campo de la Historia han insistido en el
carácter problemático y decientemente denidos de conceptos centrales
para el pensamiento archivístico custodial, tales como memoria, identidad
y comunidad. Como apunta Cook (2013, p. 10):
Los historiadores […] arman que en el pasado la identidad es formada
por la gente común y corriente, es compartida o constituye la memoria
colectiva que les da vida a las tradiciones inventadas; y que tales
identidades, una vez que se han formado o adoptado, no son jas, sino
muy uidas, dependen del tiempo, el espacio y las circunstancias, son
reinventadas constantemente a n de adaptarlas al presente y vuelven a
imaginarse una y otra vez.
Armaciones de este tipo incitaron al pensamiento archivístico
a reexaminar la relación entre la formación de la memoria social, sus
identidades y comunidades y el papel de los documentos, los archivos y los
archiveros en tales cambiantes procesos.
3 coordenadas del cambIo de ParadIgma
Los problemas que debió enfrentar la Archivística en esta nueva
realidad, losóca o tecnológica, impedían a los pensadores del campo
proponer soluciones teóricas o prácticas sustentadas en los fundamentos
de la archivística custodial. En consecuencia, esas ideas comenzaron a ser
reexaminadas a través de un proceso de reinvención y reconceptualización
crítica (THOMASSEN, 1999) que se manifestó a través de un conjunto
de debates teóricos relacionados fundamentalmente con algunos conceptos
sistematizados por la Archivística desde sus inicios como campo cientíco,
tales como documento, evidencia, principio de procedencia, ciclo de vida y
modelo de custodia de los documentos. A través de dichos debates teóricos
se analizarán a continuación los que consideramos rasgos esenciales del
cambio de paradigma en la Archivística y consecuentemente algunas de sus
características pos-custodiales.
3.1 los Puntos de vIsta sobre el concePto de documento
La denición de documento en el discurso de la Archivística
51
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
custodial estuvo fuertemente inuida por la relación funcional de esta
con la Historia y por ende con la adscripción de la última a la losofía
positivista y a una visión de la memoria como fuente legitimadora del
Estado-Nación, de ideología nacionalista (MALHEIRO, 2008). Los
documentos fueron vistos entonces como objetos físicos, jos, textuales,
testimonio de hechos ocurridos en el pasado y, por tanto, fuentes
objetivas de información para la investigación, es decir, fueron denidos
retrospectivamente desde el punto de vista de sus usuarios nales, la
investigación (DURANTI; EASTWOOD; MACNEIL, 2002) sin prestar
atención a su naturaleza en tanto objetos informativos. Este enfoque se
centró en la idea de que la evidencia en los documentos es el resultado de
las relaciones de la administración, y los documentos que emanan de estas
relaciones eran necesariamente subproductos naturales y objetivos y, por
tanto, evidencia imparcial e impoluta de sus creadores (JENKINSON,
1922). La salvaguarda de esta evidencia estaba consecuentemente
relacionada con la preservación de la posición física de los documentos
y la relación natural con sus creadores que mostraban en el momento en
que llegaban al Archivo. Mantener la evidencia y por ende la veracidad
de los documentos signicaba la conservación de la estructura contextual
física de cada documento. En una indudable posición positivista, estas
ideas asumieron la evidencia como algo “incuestionable”, “imparcial”,
“impoluto”, en tal grado que el término “evidencialidad” fue utilizado
como cualidad para referir los vínculos entre el documento y su contexto
de creación. En consecuencia la evidencialidad de los documentos
otorgaba veracidad e imparcialidad a la información registrada en estos
y los convertía en las fuentes documentales por excelencia para las
necesidades de objetividad de la Historia positivista (MENA, 2006).
Este enfoque centrado en la sicalidad del documento, y en la
consideración de que la capacidad evidencial de las fuentes primarias para
la investigación emanaba de la relación de los documentos administrativos
con sus creadores, resultó ser tan dominante en el pensamiento archivístico
custodial que se llegó a la denición de dos conceptos diferentes para
referirse al documento objeto de la archivística: records y archives. Donde,
desde la asunción de valores primarios y secundarios, el primero (records)
52
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
se denió como aquel que sirve a propósitos administrativos y permanece
bajo la jurisdicción de sus creadores; y el segundo (archives) a aquellos
documentos que alcanzaban valor secundario o permanente y eran
conservados en entidades archivísticas. Para Schellenberg tal categoría de
archivos (archives) solo la alcanzaban los materiales que eran preservados
por motivos diferentes a aquellos por los que fueron creados o acumulados
por sus creadores, es decir, por motivos culturales y de memoria.
(SCHELLENBERG, 1958).
El impacto de estas ideas fue dramático para la Archivística,
especialmente en el mundo anglosajón,
70
pues estableció una dicotomía
en el modo de analizar y gestionar su objeto informativo, al punto de
que la archivística redujo su objeto de estudio a la atención de sólo una
fase temporal de la existencia de los documentos (archives) y el Record
Management surgió, de las disciplinas gerenciales, como un nuevo campo
de estudio para atender al documento emanado de la administración
en las primeras fases del mismo, considerándolo un objeto informativo
diferente (records).
71
Cook considera esta dicotomía como principal en
la Archivística custodial, al implicar para las mitologías de la profesión
una rivalidad expresada en la oposición entre los conceptos de evidencia
y memoria (COOK, 2013).
Las dudas respecto a las cualidades de objetividad, imparcialidad
y naturalidad de los documentos emanadas de las ideas postmodernas,
así como los cambios en las formas de los documentos electrónicos
respecto a los tradicionales
72
, apuntadas arriba, condujeron a una fuerte
reconceptualización crítica del concepto de documento y su denición
evolucionó de considerarlo un objeto informativo de naturaleza ja a
uno de naturaleza mutable, dicho en palabras de McKemmish (1994)
70
Ciertamente se ha argumentado que esta dicotomía o ruptura no afectó tanto a los modelos archivísticos
europeos, sin embargo, puede considerarse que tuvo efectos similares pues si bien los modelos europeos se ocu-
paron del documento desde sus edades tempranas el propósito de dicha atención, salvo honrosas excepciones,
fue idéntico al delineado por Schellenberg: la selección para la preservación permanente de fuentes “objetivas
para la investigación.
71
Una extensa explicación al respecto puede encontrarse en la nota 2 del Capítulo 1 de Duranti, L., T. Eas-
twood, and H. MacNeil, Preservation of the integrity of electronic records. 2002, Dordrecht: Kluwer Academic
Publishers. p. 10
72
Véase Mena, M. (2006). Propuesta de Requisitos Funcionales para la Gestión de Documentos Archivísti-
cos Electrónicos en la Administración Central del Estado Cubano. Universidad de la Habana. Facultad de
53
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
los documentos archivísticos están “always in a process of becoming”.
Esta naturaleza mutable está basada en el reconocimiento de cambios de
contexto y de percepciones de los documentos a lo largo de su existencia, que
muchas veces se reejan en cambios en su propia forma y otras en cambios
de percepción a consecuencia de sus diferentes contextos de existencia. El
documento archivístico aparece en este pensamiento rodeado de múltiples
capas de contextualidad que se expresan en la forma en que son concebidos
como agrupaciones. De acuerdo con esto, los documentos no son jos,
sino que son jados en cierto momento a través de los propios procesos de
archivación por los que pasa. De esta forma el énfasis en la denición de los
documentos se pone en su carácter evidencial, transaccional y contextual,
rechazándose obviamente las deniciones basadas en criterios enfocados en
su contenido de materia o fuente para la investigación (MCKEMMISH,
2001). Estas asunciones respecto a los diferentes contextos de existencia y
múltiples percepciones del documento, minaron también, en el discurso
archivístico postcultaodial, las consideraciones respecto a la objetividad,
imparcialidad y verdad absoluta de la información registrada en los mismos.
Tres ejemplos de las reconceptualizaciones críticas respecto al
concepto de documento, que por sus diferentes presupuestos losócos
marcan la diversidad de acercamientos característica de los desarrollos
teóricos del cambio de paradigma en la Archivística, son el Método
Diplomático Archivístico, contribución de los equipos de los proyectos
UBC e InterPARES liderados por Luciana Duranti, el enfoque sobre
documento del grupo de investigación del Modelo del Record Continuum,
de la Universidad de Monash, y el enfoque de las narrativas tácitas de los
archivos, de Eric Ketelaar.
Los proyectos de investigación e Protection of the Intergrity of
Electronic Records (Proyecto UBC, 1994 – 1997) e International Research
on Permanent Authentic Records in Electronic Systems 1 y 2 (InterPARES 1
y 2, 1997 – 2006) de la Universidad de British Columbia, se propusieron
estudiar la naturaleza de los documentos archivísticos en ambientes
electrónicos, partiendo de preocupaciones relacionadas con la preservación
Comunicación. p. 27-29. <http://www.interpares.org/display_le.cfm?doc=ip1-2_dissemination_diss_mugi-
ca_2006.pdf>.
54
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
de documentos auténticos en el ambiente digital. Para tal propósito
utilizaron el llamado Método Diplomático Archivístico, que tomó de la
primera la idea de que
[…] todos los documentos pueden ser analizados, entendidos y
evaluados en términos de un sistema de elementos formales que son
universales en su aplicación y descontextualizados en su naturaleza […]
y que los contextos de los documentos se expresan a través de su forma
documental, la cual puede ser aislada y analizada independientemente
de su contenido (DURANTI; EASTWOOOD; MACNEIL, 2002, p.
10).
El método propuesto por los investigadores de UBC tomó de
la Archivística el concepto de vínculo archivístico, “[…] que es la red de
relaciones que cada documento de archivo tiene con los documentos de
archivo que pertenecen a una misma agregación” (DURANTI, 1997).
Los proyectos concluyeron que los documentos generados por sistemas
electrónicos, si bien presentaban componentes similares a los de soportes
físicos, estos se maniestan de formas diferentes dado su carácter
hipertextual, dinámico, interactivo, experiencial y la independencia de sus
estructuras físicas y lógicas, en los cuáles su contenido puede ser variable y
su forma no es ja. Todo ello junto a las facilidades para su manipulación,
transformación, transportación y reproducción y a la fragilidad y
obsolescencia de los sistemas que los producen hacen necesarias nuevos
formas de gestionarlos para garantizar la exigencia social de servir de
evidencia conable y auténtica de actos y transacciones.
Los aportes teóricos de estos proyectos, si bien considerados
positivistas como se apuntó arriba, sirvieron para explorar las esencias de
los documentos en ambientes digitales y contribuyeron a recuperar en el
discurso archivístico un conjunto de conceptos asociados a su naturaleza
tales como veracidad, conabilidad, autenticidad e integridad que, como
consecuencia de la centralidad de la Archivística custodial en los documentos
como fuentes para la investigación, estuvieron prácticamente ausentes.
Los investigadores de la Universidad de Monash inspirados
en las ideas de Jean François Lyotard acerca de los tres signicados de
55
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
post” y de los principios estructurales Anthony Giddens
73
, analizando
críticamente la idea de la Archivística custodial anglosajona respecto a
la dicotomía entre records (atendidos por gestores documentales por su
carácter de evidencia de las actividades de los creadores de los documentos)
y archives (únicos considerados archivísticos por su carácter de fuentes para
la investigación y por tanto memoria de la sociedad), argumentaron desde
una fuerte perspectiva de propósitos integradores continuos que “[…] la
documentación de una transacción es archivística desde el momento en que
un documento es producido, y que el documento posee valor evidencial a
lo largo de toda su existencia” (MCKEMMISH, S.; UPWARD; F. 1991,
p. 19). De tal forma se cuestionaba fuertemente la concepción dicotómica
maniquea de la Archivística custodial respecto a los conceptos de evidencia
y memoria, proponiéndose un enfoque pluralista de información registrada
en el cual el documento es visto como:
[…] un género especial de documentos en tanto su intención o
funcionalidad […] y en su naturaleza evidencial contextual, rechazando
abordajes que se enfocan en su contenido y valor informacional”, es
decir, como fuentes para la investigación. Al mismo tiempo el enfoque
les permitió ofrecer una visión miltidimensional del documento al
dejar de denirlo como “…memoria personal/corporativa” para verlo
como “memoria colectiva (RONDINELLI, 2011, p. 186).
De otro lado Erick Ketelaar quien, desde explícitas inuencias
postmodernas como la idea de Lyotard de la equiparación de la
postmodernidad con la incredulidad en las meta-narrativas, o el rechazo
de Giddens a la tradición como la base lógica de las acciones humanas,
transita a un fuerte relativismo extremo, al rechazar la idea del documento
como “[…] un artefacto con unos límites jos de contenidos y contextos
[…]” armando que estos son “[…] una construcción mediatizada y
siempre cambiante”, resultado de dos procesos sociales, el de archivación,
entendido como el acto de conservar o guardar los documentos (incluido
el aspecto creativo antes de la captura de los mismos) y otro, anterior,
el de archivalización, denido por el propio autor como un neologismo
73
Vease Upward, F., Structuring the record continuum. Part One: post-custodial principles and properties.
Archives & Manuscripts, 1996. 24(2): p. 268-285, y Upward, F., Structuring the records continuum. Part Two:
structuration theory and recordkeeping. Archives & Manuscripts, 1997. 25(1): p. 10-35.
56
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
que permite entender la ocurrencia de una “[…] elección consciente o
inconsciente (determinada por factores sociales y culturales) para considerar
si algo merece ser archivado” (KETELAAR, 2001, p. 142).
Así Ketelaar considera que el documento tiene un carácter
membránico”, que le permite la infusión y exhalación de los valores que
están involucrados en lo que él llama activación, y que dene como
Cada interacción, cada intervención, cada interrogación y cada
interpreta ción por parte del creador, usuario o archivero […] del
documento. El archivo es una activación innita del documento. Cada
activación deja su rastro, el cual se atribuye a los innitos signicados
del archivo (KETELAAR, 2001, p. 142).
Son estos múltiples signicados posibles del documento lo que
permite identicar lo que el autor llama la “genealogía semántica del
archivo membránico” y leer sus múltiples narrativas tácitas de poder y
conocimiento. Esta posición muestra sin dudas una reacción crítica a las
muy extremas aseveraciones positivistas custodiales respecto a la denición
de documento.
74
3.2 Los debates teórIcos resPecto al concePto de evIdencIa
Otro de los debates teóricos que puede considerarse aportó
elementos a los cambios en la estructura teórica de la Archivística desde
las décadas de los 80 – 90 del siglo XX, fue el ocurrido en torno al
concepto de evidencia. Como se ha apuntado el concepto de evidencia está
indisolublemente ligado al propio concepto de documento. Sin embargo,
el debate respecto al mismo ocurrido a partir de los 80 merece la pena
ser atendido pues marcará una de las características fundamentales de la
archivística postcustodial, las posiciones neojenkinsonianas respecto a la
denición de evidencia. Como ya se apuntó Jenkinson defendió que el
carácter de evidencia del documento residía en el hecho de ser registro de
información de las actividades de sus creadores. Jenkinson, sin embargo,
74
Una excelente sistematización respecto al concepto de documentos y especialmente sobre los enfoques y deba-
tes postcustodiales puede consultarse en: Rondinelli, R. (2011). O Conceito de documento arquivístico frente à
realidade digital: uma revisitação necessária. Niterói: Instituto Brasileiro em Ciência e Tecnologia.
57
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
otorgó unas cualidades de dicha evidencia que le valieron con posterioridad
el rechazo de la misma. Para Jenkinson si los documentos eran evidencia
de las actividades de los creadores, esta otorgaba necesariamente a los
documentos objetividad, imparcialidad, es decir, estos eran portadores
de una verdad incuestionable y absoluta. Más tarde Schellenberg, desde
la perspectiva retrospectiva del uso del documento como fuente para la
investigación, relacionó el carácter eviendical de los documentos con su
valor secundario, es decir, en oposición a las ideas de Jenkinson el valor
de evidencia de los documentos no estaba en su capacidad de servir a
las necesidades de los creadores de los documentos, sino que debía ser
determinado por los archiveros para identicar aquellos documentos que
servirían a las necesidades de la investigación. El grado de aceptación
de estas ideas en la archivística custodial fue de tal magnitud que los
análisis del concepto de evidencia a partir de los años 80 se volvieron casi
automáticamente neojenkinsonianos, reconociéndose la inconsecuencia
de denir la evidencia desde las necesidades de la investigación e ignorar la
naturaleza de evidencia de las actividades de los creadores del documento.
Varios fueron los libros y artículos de estos años dedicados a la
exploración del concepto de evidencia, sin embargo, las ideas de Bearman
resultaron centrales en las nuevas observaciones. Este autor instaba la
comunidad archivística, ya en 1994, a retomar el concepto de evidencia tal y
como lo había denido Jenkinson, pues el impacto del uso de las TICs sobre
los modelos comunicacionales de las organizaciones y consecuentemente,
sobre las formas de los documentos afectaba grandemente el control de su
evidencialidad. Los argumentos de Bearman demostraban que la tradicional
cadena ininterrumpida de custodia física y legal de objetos físicos, ya no
era efectiva para garantizar la funcionalidad de los mismos como evidencia
de las actividades de sus creadores, dada la no interdependencia de las
estructuras lógicas y físicas de los documentos digitales, las facilidades
de su manipulación, transformación, transportación y reproducción y la
fragilidad y la rápida obsolescencia e incompatibilidad de los softwares y
los hardwares.
De tal forma, casi medio siglo siglo después de las deniciones
Jenkinson nuevamente el concepto de evidencia se hizo centro de
58
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
los debates teóricos en el campo de la archivística, al punto de que sus
deniciones en estos años giraron en torno al uso, o no, de dicho término.
Las deniciones de autores como Dollar (1992) y Bearman (1994) pueden
clasicarse entre aquellas que lo introdujeron, a diferencia de otras como
las de Duranti, Eastwood y MacNeil (2002) que demarcándose de los
tradicionales enfoques retrospectivos desde el usuario, dejaron fuera el
concepto de evidencia de la denición de documento asociándolo con una
acción, pero no vinculado primariamente (en el momento de su creación)
con el concepto de evidencia.
Duranti y su equipo, desmarcándose tanto de las ideas de
Jenkinson como de Schellenberg, introdujeron en el análisis del
concepto de evidencia la perspectiva del creador, hasta ese momento
ausente del pensamiento archivístico. Duranti arma que desde la
perspectiva de los usuarios “[...] denir al documento como evidencia es
correcto, porque ellos son usados como tales en relación con cuestiones
especícas de investigación” (DURANTI; EASTWOOD; MACNEIL,
2002, p. 10). Su reexión está basada en la consideración proveniente
del Derecho de que “[…] la evidencia no es una entidad, sino una
relación […] entre el hecho a ser probado y el hecho que lo prueba.
(DURANTI, 1997, p. 214) Siguiendo estas ideas Duranti considera
que en los abordajes del documento nunca fue tenida en cuenta la
perspectiva de sus creadores y argumenta que:
[...] si un documento es generado como un medio o un instrumento de
acción en el curso ordinario de los negocios […] no es generado como
evidencia. Si así fuese no podrían ser usados como evidencia. Es su
carácter involuntario, el hecho de ser subproductos, residuos, más que
productos; es su propósito, su objetivo, lo que garantiza su credibilidad
como evidencia.
75
Así, establece su posición respecto a que el documento no debe
ser denido como evidencia, si se emplea la perspectiva del creador. Esta
perspectiva enfocada en los procesos de creación y en los creadores de los
documentos también contribuyó a que Duranti considerara la utilidad
75
Mensaje electrónico enviado por Duranti a Rondinelli el 4 de diciembre de 2000. Rondinelli, R.C., (2005)
59
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
del método de crítica diplomática para el abordaje de los documentos
electrónicos de archivo, pues esta ciencia cuando:
Denía documentos en relación con su naturaleza, determinada en el
momento de su creación, y no como propósito de crítica diplomática,
los llamaba “instrumentos” (instrumenta, medios para ejecutar
acciones), no evidencia (DURANTI, 1998, p. 36).
Gilliland-Swetland resumió ambas posturas al considerar que:
Lo que puede derivarse de la naturaleza del documento […] es que
un documento siempre está asociado con una acción o evento, como
un agente, producto o subproducto; un documento incluye, como
mínimo, un conjunto identicable de metadatos que sirven para
aportar evidencia acerca de la acción o el evento (GILLILAND-
SWETLAND, 2000, p. 224).
3.3 El debate Para el redescubrImIento de ProcedencIa
Los enfoques sobre el principio de procedencia en la Archivística
postcustodial se desmarcaron tanto de la sicalidad de los documentos
y de la consideración de los vínculos estrechos entre estos y las rígidas
estructuras organizacionales, para centrarse en una procedencia basada en la
investigación “del contexto evidencial que los dio a la luz”, en los ambientes
de descentralización estructural de las organizaciones contemporáneas.
Como se conoce la sistematización del principio de procedencia
y orden natural de los documentos, como principio metodológico esencial
de la Archivística se produjo a través del Manual para la Clasicación y
Descripción de Archivos, publicado en Holanda en 1898. Sus autores
sintetizando las ideas aparecidas en toda Europa, asociaron la procedencia
archivística con el respeto a la pertenencia de los documentos a la
organización que los produjo y en particular a la ocina administrativa
de la cual emanaban. En consecuencia, dicha procedencia debía atender a
la organización original de la colección archivística, la cual correspondía
exactamente a la organización del cuerpo administrativo que la produjo.
Ello condujo a la percepción de que la procedencia de los documentos
Gerenciamiento Arquivístico de Documentos Electrônicos. Rio de Janeiro: FGV editora. p. 48
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Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
estaba asociada exclusivamente al lugar físico u ocina administrativa
donde estos eran producidos. La denición de la procedencia, por tanto,
estuvo determinada por el carácter físico tanto de los objetos informativos,
como de las estructuras orgánicas de donde ellos procedían, obviándose
consideraciones más asociadas a la naturaleza funcional evidencial de los
documentos en tanto registro de las actividades organizacionales.
Las enormes diferencias entre las organizaciones medievales
desactivadas, cuyos volúmenes y estructuras orgánicas ya no sufrirían
transformaciones, con las cuales trabajaron los holandeses y sus colegas
europeos, y las organizaciones modernas de estructuras jerárquicas
constantemente cambiantes y productoras de siempre crecientes volúmenes
documentales, obligaron a la introducción de ciertas modicaciones en
la aplicación del principio de procedencia que fueron desvirtuando su
esencia. Así, Jenkinson introdujo el concepto de “archive group” con el
que aportaba una visión casi exclusivamente maximalista del concepto de
fondo, en tanto lo consideraba el resultado del:
Trabajo de una Administración que era un todo orgánico, completo
en sí mismo, capaz de operar de manera independiente sin ninguna
autoridad añadida o externa, con cada aspecto de cualquier negocio
que se le presentara normalmente (COOK, 1997, p. 13).
Años más tarde Schellenberg propuso el concepto de “record group
intentando adaptar las rígidas concepciones respecto a la procedencia, antes
mencionadas, a la voluminosa e interconectada producción documental
de las estructuras gubernamentales norteamericanas de mediados del siglo
XX. De tal forma Schellenberg propuso una solución para la aplicación del
principio de procedencia que desvirtuaba el concepto original, en tanto
introducía junto a la propia procedencia un nuevo elemento que debía
tenerse en cuenta, el del volumen de los documentos producido por las
entidades administrativas. Este nuevo concepto si bien fue rápidamente
aceptado por las instituciones archivísticas de Estados Unidos y Canadá,
permitió un uso arbitrario del concepto de procedencia europeo, y
se consideró una aportación que en lugar de protegerla confundía la
procedencia Cook (1997).
61
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Consecuentemente, en los años 80 del siglo XX comenzaron
a aparecer ideas que intentando solucionar las distorsiones respecto a la
aplicación del principio de procedencia, redescubrieron su uso para las
drásticamente diferentes realidades documentales del ambiente digital.
El término “redescubrimiento de la procedencia” fue introducido
por el canadiense Tom Nesmith para expresar las nuevas formas en que
los archivistas norteamericanos estaban explorando el principio de
procedencia, en las cuales más allá de su rechazo se examinada su potencial
uso en las estructuras organizacionales propias de los ambientes digitales,
partiendo de las aportaciones teóricas que estudiaban en estos años la
naturaleza del documento electrónico. De las voces más destacadas en este
empeño pueden citarse las ideas de David Bearman y Richard Lytle en el
artículo “e Power of the Principle of Provenance” (1985-86), en el que
lejos de rechazar la procedencia exponían las enormes posibilidades de uso
de una procedencia centrada en el respeto al contexto de creación de los
documento, y en particular su utilidad para la recuperación de información
contextual. Así mismo, se reconocen las aportaciones de Duranti (1998)
al publicar por primera vez para Estados Unidos las ideas respecto a los
aportes de la Diplomática como método para garantizar la autenticidad
de los documentos a través de la identicación de los diferentes tipos de
contextos que les otorgan tal autenticidad.
Consecuentemente, la exploración de la procedencia centrada
en el contexto evidencial que da origen a los documentos, desmarcada
de posiciones sicalistas custodiales, resultó en la propuesta de la llamada
clasicación funcional, que reforzado la relación directa de los documentos
con las funciones, actividades y tareas de las organizaciones de las
que son resultado, en vez de centrarse en las rígidas, físicas estructuras
organizacionales u ocinas productoras. Como una expresión de la
naturaleza funcional evidencial del documento, para el mantenimiento
del vínculo archivístico como estructura básica en la determinación de
la procedencia de los documentos, una de las soluciones técnicas en la
gestión que más impacto ha tenido es la interrelación de los procesos para
la ejecución de las funciones de las organizaciones con los procedimientos
documentales. De esta forma se determinan qué documentos se deben
62
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
crear en cualquier proceso de negocio y la información que estos deben
contener para garantizar su valor evidencial. La asociación del documento
con la función que le da origen ocurre de antemano. Estos argumentos,
sustentados en el principio de procedencia, son trasladados por medio de
la denición de requisitos funcionales archivísticos al diseño de sistemas
de documentos electrónicos para garantizar su conabilidad, autenticidad
e integridad en dichos sistemas (DURANTI; EASTWOOD; MACNEIL,
2002). Este cambio también ha implicado un paso desde los sistemas
especícos para gestión de documentos en forma electrónica o archivos
electrónicos, a sistemas para gestionar las funciones especícas que además
tienen implícita la función de la gestión de documentos. De esta forma la
aplicación de la procedencia se enfoca en el momento de la creación de
los documentos y vuelve a ser sedimento de la realización de las funciones
principales de los creadores y no un propósito en sí.
3.4 El debate entre el modelo del cIclo de vIda y la contInuIdad de
los documentos
El desarrollo de la archivística custodial estuvo marcado, a
partir de los años 40 del siglo XX, por el uso de metáforas de ciclo de
vida, inicialmente utilizadas en el campo de las ciencias naturales. Según
Upward (MCKEMMISH, 1997) dicho uso en la archivística osciló entre
el uso de la metáfora como “historia de la vida natural” o como “pasos
rituales de la sociedad”. El uso como “historia de la vida natural” tuvo su
principal exponente en el modelo del record management norteamericano,
que asociando el ciclo de la vida del documento al de un organismo vivo,
excluyó la fase de preservación de los mismos, reconociendo inicialmente
solo las fases de vida activa y semiactica de los documentos. Se profundizó así
una ruptura conceptual y práctica entre documentos activos y permanentes
inaugurada por el modelo francés de archivo histórico, aparecido a nes
del siglo XVIII, que se estableció como rasgo distintivo en la Archivística
custodial.
Un proceso similar ocurrió en Europa con la teoría de las tres
edades de los documentos de Wyels, aunque caracterizado por Upward
63
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
como una versión de uso de la metáfora en tanto “pasos rituales de la
sociedad”. En este modelo, a diferencia del norteamericano, no se produce
una ruptura tajante entre las fases activas y semiactivas de los documentos
y la fase permanente, aunque las primeras fueron consideras como
prearchivísticas, es decir, siendo consecuentes con el ya citado modelo
francés, un estadio de vida del documento que no eran exactamente
archivístico.
Como alternativa crítica a estas visiones dicotómicas y faceticas
de ciclo de vida, surgió en Australia un nuevo modelo, no de ciclo de vida,
desarrollado por archivistas de la Universidad de Monash liderados por Frank
Upward, el llamado Record Continuum Model, que autoproclamándose
como un cambio paradigmático en la Archivística, reconoció como sus
fuentes inspiradoras y bases teóricas las posicione losócas postmodernas
de Jean François Lyotard y Anthony Giddens.
El Record Continuum Model o Modelo de la Continuidad de los
Documentos, como se ha conocido en español, es quizás la aportación
teórica más enriquecedora y característica de las surgidas de los debates que
marcaron el cambio de paradigma en la Archivística, pues el “continuum
más que un modelo es en sí, es toda una corriente de pensamiento que
integra el resto de los elementos del diálogo crítico hacia las posiciones
custodiales de estos años.
La modelación de Upward se asienta en una composición gráca
de 4 círculos concéntricos y cuatro ejes radiales separados por 90º. Los
ejes representan las direcciones fundamentales en las que se interpretan los
documentos: eje evidencial, transacción, gestión e identidad. Los círculos
concéntricos representan los procesos de recordkeeping y archivación:
creación, captura, organización y pluralización. En esta estructura se
pueden interpretar los propios ejes, los círculos concéntricos, los nodos o
cortes entre los círculos y los ejes, los espacios entre los círculos concéntricos
y los espacios que se corresponden con los planos entre los ejes; como
una estructura multicapa de signicados que existen simultáneamente
superándose conceptualmente la visión dicotómica custodial del
documentos como evidencia y memoria.
64
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Cook (2000) resumió de la siguiente forma las fundamentales
aportaciones del modelo:
1. La interacción conceptual de los dieciséis niveles y ejes muy a
menudo vistos en los círculos archivísticos como separados y
estáticos;
2. La idea de que estas complejas relaciones son uidas, múltiples, y
simultáneas a través del tiempo y del espacio, no secuenciales y jas;
3. La reconciliación entre evidencia y memoria;
4. Su potencial para incorporar imaginativamente manuscritos del
sector privado con archivos institucionales;
5. La armación, a través de la pluralización, de que los valores
sociales, así como los culturales, inuyen en todos los procesos de
gestión de los documentos.
4 el debate entre los enfoque de custodIa y Pos-custodIa de los
documentos
El discurso de la Archivística custodial respecto al modelo de
custodia de los documentos giró en torno a la idea, expuesta por Bastian
(2002, p. 86), de la necesidad de:
Protección, o control, de los documentos incluyendo tanto la posesión
física (custodia física) y la responsabilidad legal (custodia legal) […]. La
obligación de la custodia es completa cuando una entidad archivística
formalmente establecida toma los documentos desde la institución
que los crea, y por eso asume tanto la custodia física como legal de
los mismos.” Estas ideas dominaron todo el pensamiento archivístico
respecto a la custodia hasta la década del 80 del siglo XX, en que el
archivero norteamericano F. Gerald Ham inició el llamado debate de
la postcustodia con la publicación del artículo “Archival strategies for
the post-custodial era.
La conuencia de los problemas relativos al volumen de
la producción documental y especialmente los relacionados con los
documentos electrónicos, hizo que el debate girara en torno al problema
65
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
de si era posible mantener el modelo de custodia física y legal de los
documentos para las nuevas realidades documentales y problemas del
ambiente digital. Dos posturas se denieron claramente, una que articuló
las ideas respecto a que la custodia física y legal ininterrumpida garantizaba
la protección de la integridad de la información, es decir, su autenticidad;
y la otra, en oposición a la primera, que consideraba que era imposible
enfrentar los problemas del ambiente digital manteniendo un modelo
de custodia física y que consecuentemente debía pasarse a un modelo de
custodia distribuida de los documentos.
Entre los defensores del modelo de custodia física y legal
ininterrumpida se encuentran autores como Kenneth ibodeau, Terry
Eastwood y Luciana Duranti. Esta postura puede resumirse en palabras de
ibodeau (1991) cuando arma que:
Es más simple y más seguro preservar los documentos en un archivo
que en el ambiente de un sistema activo. En muchos casos no será
factible preservar los documentos en un sistema activo debido al hecho
dominante del cambio constante en los mismos […] los documentos
tienen que ser preservados en un ambiente archivístico; es decir, en
un ambiente en el cual ellos sean adecuadamente controlados para
garantizar se preservarán y que no serán alterados (THIBODEAU,
1991, p. 10).
De otra parte Glenda Acland, Sue McKemmish y Frank
Upward, David Bearman, Terry Cook y Charles Dollar defendieron
el modelo de custodia distribuida, que se asienta en la idea de la
permanencia de los documentos electrónicos en manos de sus creadores,
aun cuando estos alcancen valores de preservación permanente y tanto la
custodia legal como la responsabilidad por la veracidad de los mismos es
compartida entre el productor y una institución archivística, quedando
para este último el encargo de auditar tanto a los productores como a los
documentos que ellos producen. Según Upward y McKemmish:
Esta custodia es ejercida por la vía del establecimiento de estándares
y el monitoreo de su implementación en el lugar de depósito […] y
por la incorporación de la información sobre los documentos tenida
allí dentro del sistema de información de la autoridad archivística
(UPWARD; MCKEMMISH, 1994, p. 147).
66
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Otra idea que completa el enfoque de la postcustodia es la señalada
por Cook (1997, nota 82) respecto a que este no debe ser identicado con
una idea de no custodia de los documentos, sino que debe ser visto como
un “[…] pensamiento conceptual englobador para el archivista aplicable
ya sea si los documentos son transferidos al cuidado de custodia de un
archivo o dejados por algún tiempo en un arreglo de custodia distribuida
con su creador.
Este debate aportó ideas indiscutiblemente valiosas para la
comprensión del cambio de paradigma en la Archivística, sin embargo,
Wallace (2002) evalúa que no ofrecieron soluciones concretas, reales, para
la preservación de los documentos en el ambiente digital, por lo que puede
considerársele aún un debate vivo.
5 conclusIones
El diálogo crítico que se produjo a partir de la década de los
80 del siglo XX en el campo de la Archivística respecto a los principales
conceptos de su estructura teórica, condujo a la ocurrencia de un cambio
de paradigma en dicho campo. El impacto de las TICs sobre las formas
de registro de información por parte de las organizaciones, las críticas de
la teoría postmoderna sobre el valor de los textos históricos, así como la
innovación en las formas de producción historiográca en el campo de la
Historia, se consideran inuencias considerables para la ocurrencia de tal
cambio.
Los debates teóricos que ayudaron a articular las principales ideas
que condujeron al cambio se expresaron fundamentalmente en idioma
inglés, y utilizaron métodos de investigación y referentes losócos inéditos
en el campo de la Archivística que, sin dudas, ayudaron a conformar sus
rasgos postcustodiales. Dichos debates permitieron abrir el camino hacia
un importante cambio de atención en el pensamiento archivístico que ha
transitado de los cerrados y maniqueos enfoques de evidencia y memoria,
a las dinámicas exploraciones de los conceptos de identidad y comunidad,
y ha permitido al archivero transformarse de un custodio pasivo de fuentes
para la investigación en un activo mediador social y facilitador comunitario
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Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
(COOK, 2013). Una reciente investigación bibliométrica realizada en
el Departamento de Ciencias de la Información de la Universidad de la
Habana, en la que se exploró la producción intelectual de cuatro de revistas
de corriente principal en el campo de la Archivística, permitió corroborar
que las ideas pioneras de las décadas de los 80 – 90 marcaron los derroteros
de la investigación en al campo de la Archivística, al punto de que muchos
de los debates iniciados en estos años se han continuado profundizando,
dando pie a exploraciones mucho más acabadas y profundas.
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71
caPítulo 3
la relevancIa del análIsIs contextual Para los
gestores de recursos documentales ante la
comPlejIdad de la cultura organIzacIonal
Manuela Moro Cabero
1 IntroduccIón
Only in a world of speculation.
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present
76
.
T.S. Eliot. Burnt Norton. e Four Quartets, 1936.
En la actualidad, tal y como demuestran E. Borglund y T. Engvall
(2014), es posible apreciar dos tipos de narrativas en las que conuyen
términos como dato(s), información, documento, documentos de archivo,
con signicados comunes y elementos divergentes, sobre los que dichos
autores intentan encontrar una vía de trabajo – y de identidad profesional-
convergente. Desde un enfoque similar, en este estudio se pretende subrayar
la importancia que los profesionales de la información y documentación dan
al contexto – y a su análisis- para resaltar factores, requisitos y respuestas en
76
Sólo en un mundo de especulaciones/Lo que podía haber sido y lo que ha sido/Apunta a un n, que está
siempre presente. Traducción propia.
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p71-102
72
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
un entorno organizacional digital – y profesional- en constante mudanza.
El archivero, tradicionalmente, en el trabajo de organizar lógicamente
la información y los documentos, así como de describir y representar el
contenido de los mismos para su recuperación, ha venido considerando
valioso, por su grado de operatividad, el conocer algunos aspectos del
productor de dicha información contenida en los documentos. El gestor
de datos en las organizaciones o/y de recursos digitales en constante estado
de “llegar a ser”, – en atención a su conuencia y narrativa impuesta por
necesidades informativas, hardware y software- precisa facetar el contexto en
metanarrativas que permitan su representación, recuperación, reutilización
y disponibilidad en el tiempo, sea esta a corto, medio o largo plazo.
Los límites entre el ejercicio de procesar-reutilizar datos
y documentos de archivo son cada vez menos nítidos, quedando
maniestamente desdibujados bajo la infosfera o universo digital. Un
universo con mayores oportunidades de negocio, que gira a gran
velocidad y en el que el factor de cambio y competitividad obliga, por
un lado, a acometer con rapidez toda toma de decisiones, a orientar el
trabajo, a aprovechar oportunidades mientras que por otro, y debido a la
vulnerabilidad del recurso digital y a la potencialidad del procesamiento
de datos en expansión, resulta perentorio responder a nuevos requisitos de
preservación y reutilizacion de datos, información y documentos.
En este entorno de trabajo, el análisis contextual en las
organizaciones resulta esencial, dado que no solamente será orientado
hacia la comprensión del productor para organizar y describir un registro
de archivo, sino que el contexto se conferirá como el punto de inicio para
crear metanarrativas que aseguren la continuidad digital y la preservación
del recurso en el tiempo. Esto es, su estudio debe enfocarse no sólo a la
comprensión de los orígenes de las procedencia, sino, también, al análisis de
las descendencias venideras. La profundidad de esa línea informacional
que seamos capaces de delinear permitirá valorar su permanencia digital.
En la calidad de su perlamiento y proximidad delimitativa radicará su
continuidad.
En este ensayo pretendemos encontrar respuesta par al interrogante
siguiente ¿En qué grado está presente el análisis contextual en el discurso
73
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
archivístico y, más especícamente, en el método de trabajo estandarizado?
Con este propósito, se ha acometido un estudio descriptivo basado en
la revisión de fuentes primarias –las normas- y secundarias: autoridades
archivísticas. Se aporta un análisis detallado, con la intención de sopesar
el valor que aquel adquiere en el discurso estandarizado para la gestión
documental, mediante el logro de los siguientes objetivos formulados:
1. Esbozar las características cambiantes del objeto de trabajo;
2. Visualizar la aparición de un factor determinante en la gestión
y conservación del objeto que incide en el marco profesional: la
vulnerabilidad y, por ende, el riesgo al que se expone el recurso
digital;
3. Mostrar los intereses y enfoques de valor conuyentes en una
organización mediante la posición de su cultura informacional;
4. Identicar las fuentes estandarizadas donde el contexto se normaliza
como factor prioritario de análisis;
5. Analizar cómo se plama dicha mudanza en el rol profesional.
En el logro de dichos objetivos, el estudio ha sido estructurado
en otros tantos apartados que responden a cada uno de ellos, incluyendo
en el ensayo una introducción y, a modo de conclusión, la jación de ideas
principales resultantes del análisis centradas en el último objetivo.
2 esPeculacIones sobre un objeto en constante mudanza: datos,
InformacIón, documentos, recursos dIgItales y archIvo
La información en las organizaciones se conforma para muchos
autores como el oxígeno de las mismas, dado que implica poder y
conocimiento, en cuanto que apoya la toma de decisiones y suele ser
convertida en evidencia de acciones (recursos documentales) o en
fundamento para las mismas (información de/o/y recursos documentales)
y, en denitiva, a través de ella se promueve la innovación. Borglund y
Engvall (2014) la analizan como un elemento sinónimo a documento de
74
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
archivo, en el contexto archivístico o como un elemento de uso exclusivo
(respecto del término “record”) en el contexto de big data y open data,
conuyendo su signicado en ambos ambientes bajo la orientación
hacia el usuario, hacia el acceso y uso de documentos públicos, hacia
el benecio del uso y reutilización de los datos. Atendiendo al estudio
realizado por estos autores, la información en las organizaciones – y no
siempre los documentos de archivo- es percibida como factor de ventaja
competitiva.
G. Oliver y F. Foscanni (2013), a su vez, enfatizan el error
existente en confundir información como elemento que es priorizado en
una organización consecuente de una cultura informacional e información
como elemento derivado e inherente a una organización. Esto es, deenden
que no existe una organización sin la cultura informacional, dado que esta
es una manifestación de la cultura organizacional que conlleva modos de
valorar los documentos, preferencias por la información, consideraciones
sobre el lenguaje empleado, capacidades de infraestructura TIC, habilidades
y competencias desarrolladas por los empleados, etc. Observese, que dicho
error” ubica tanto a la información, como al profesional encargado de
la misma, en posiciones muy diferenciadas, sea en el organigrama de las
organizaciones, sea en el alcance operativo de su ejercicio profesional.
Al respecto, F. Smit (2013, p. 61) especica el fallo continuado de
confundir dos campos de conuencia y las responsabilidades de sus
profesionales: las tecnologías de la información y la gestión de información
y de documentación. Las habilidades y competencias de un informático
dieren de las de un gestor de la información. Son precisamente F. Upward
(2013) y Floridi (2013) quienes especican la inherencia y conuencia
de ambos campos en cualquier organización bajo el paraguas asignado
a la Archivística postmoderna multidimensional de “informática del
recordkeeping”. Sin lugar a dudas, las habilidades para interpretar los
contextos sociales, políticos e históricos de modo diacrónico y sincrónico,
así como para facilitar la creatividad, conocimiento e innovación, son
superadas con creces por el hombre frente a la máquina.
La información, por tanto, debe de ser contemplada como piedra
angular -dobela central- de un arco o como pieza constructiva de una
75
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
organización, con independencia de la antigüedad de la misma, sea una
seo románica o trátase de un edicio de la postmodernidad.
Borglund and Engvall (2014), en su estudio sobre el discurso
archivístico subrayan el valor testimonial que posee el documento de
archivo, valor rastreable desde la era analógica o pre-informática, considerado
instrumento de poder y fedatario de bienes y acciones que implican derechos
y obligaciones del poseedor. Frente a esta concepción del documento, diversos
especialistas de la preservación (VOUTSSÁS, J.; KEEFER, A.; SERRA i
SERRA, J., TERMENS, M., etc.) han ido perlando al recurso digital –set
de datos + estructura + metadata- con signicativas diferencias, dado que lo
caracterizan mediante 5 rasgos cuyas iniciales marcan el conocido guarismo
de 5 uves (5Vs) tales como: volumen, variedad, velocidad, veracidad y
volatilidad, caractereísticas todas ellas a las que están sujetos. El alcance de
las antecitadas 5 uves –en términos de impacto- supone nuevos retos que
el profesional debe asumir en su gestión, dado que dichos hitos pueden
mutarse en amanezas en el momento en que son descuidados dichos factores
y los recursos digitales no son gestionados y almacenados considerando su
incidencia de modo conjunto.
La importancia de la información y de los documentos en una
organización es tal que el archivo en una corporación es visto por Y.
Matzuzaki (2013, p. 42) como una unidad de información que posee
un valor multifacetado, ya que aporta cultura e identidad corporativa
entre sus empleados, además de cumplimiento legal, formación y
educación, contribuyendo, así mismo, a la gestión del riesgo en la
organización. D. Maruel y A. Chebbi (2013, p. 15) coinciden con
Matzuzaki al resaltar su valor como parte de la memoria-identidad
de la organización, además de considerar a este objeto de trabajo, el
documento, como un “recurso de gestión crítico, pues en su conjunto
(los documentos) incumben a las decisiones, acciones y experiencias
de las organizaciones”. Estos últimos autores (MARUEL, CHEBBI,
p. 19) consideran que la información y los documentos adquieren
roles importantes y diferenciados en las entidades, destacando su rol
informativo, de control y político. Añadimos un rol inherente a la
documentación, el identitario. En la tabla 1 se sistematizan dichos roles,
76
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
su nalidad, así como los elementos directivos de una organización. En
la última columna se aglutinan, a modo de ejemplo, algunos de los
interrogantes a los que se pretende dar respuesta:
Tabla 1 - Funcionalidades atribuidas a los documentos y su nalidad
Función del
documento
Finalidad Elementos directivos
Interrogantes a los que se
pretende dar respuesta
Identitaria
Documentar qué es la
organización, cuáles sus
principios y cuál es su
pasado
Misión, visión,
valores y principios
¿Quiénes somos? ¿Cuál es
nuestro pasado? ¿En qué
creemos?
Informativa
Justicar y documentar
procesos de toma de
decisiones
Metas y objetivos
Funciones
Procesos
¿qué hacemos para existir?
¿Cómo lo conseguimos?
¿Qué desplegamos? ¿Con
qué lo hacemos?
Controladora
Implementar decisiones
y asegurar actividades y
acciones en los procesos
Medición, mejora,
certicación
¿Qué tal lo hacemos?
¿Qué obtenemos? ¿Qué
podemos mejorar? ¿Dónde
nos equivocamos?
Política
Para controlar la
información como fuente
de poder y de inuencia
Visión
Metas
Funciones/procesos
Recursos
¿Dónde queremos llegar?
¿En qué temporalidad y
cantidad?
¿Cómo nos organizamos?
¿Con qué lo hacemos?
Fuente: MARUEL; CHEBBI, 2013. Adaptado y ampliado.
Se ha hablado de información y de documento de archivo, si
bien, las vigentes organizaciones públicas y privadas están muy interesadas
en trabajar un objeto caracterizado por su mínima información aunque
también por su capacidad explosiva y volumen: el dato. Una mirada
al Informe que EMC ha realizado sobre el Universo digital del 2014
nos permite destacar la importancia de los datos en nuestro ámbito
de trabajo y en las entidades al especicar el surgimiento de nuevas
realidades: negocios diferentes, visibilidad global y diversicación de
las gamas de negocio, exigiendo acceso rápido a los datos e información
extractada en tiempo real. Este universo de los datos se conforma,
en palabras de J. Cerdá, como “la nueva materia prima del s.XXI”
77
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
(CERDÁ DIAZ, 2013, p. 126). Al respecto, Cerdá establece 3 ámbitos
de trabajo: transparencia administrativa, reutilización de datos y
accesibilidad de la información, señalando objetivos diversos para cada
uno de ellos, siendo reproducidos en la tabla siguiente:
Tabla 2 - Ábitos de trabajo en torno a los datos
Ámbitos de trabajo del archivero Objetivos
Transparencia administrativa
Control social de las actuaciones de la administración
Escrutinio público o de partes interesadas y clientes
Evaluación
Rendición de cuentas
Accesibilidad a la información
Búsqueda y recuperación de datos sencilla e intuitiva
Visualización gráca o e-descubrimiento
Análisis comparativo de datos
Reutilización de datos
Explotación de datos
Desarrollo de aplicaciones a partir de los datos
Adopción de toma de decisiones a partir de los datos
Fuente: CERDÁ DÍAZ, 2013, p. 127, Información adaptada, gura 2.
Olivier y Foscanni, entre otros autores, hacen hincapié, en la
importancia que en el presente está adquiriendo para los archiveros el
concepto de cloud computing. Se trata de un área donde éstos tienen mucho
que asesorar, considerando los numerosos riesgos de disconformidad
a los que los datos son expuestos. En su mayoría los volúmenes de
datos son gestionados mediante entidades externalizadas de gestión y
almacenamiento. Empresas que pueden actuar de modo muy divergente
a los intereses y requisitos de los productores. Un universo de la Internet
de las cosas que Floridi materializa en su idea de infoesfera, en la que es
factible reconocer dos galaxias: oine y online, a la par que experimentar
su maridaje observando como la primera lleva:
Camino de convertirse en un entorno receptivo y completamente
interactivo de procesos de información inalámbricos, dominantes,
distribuidos y en un esquema a2a (anythign to anything, de objeto a
objeto) que funciona siguiendo el esquema a4a (anywhere for anytime,
en cualquier lugar para cualquier momento) en tiempo real (FLORIDI,
2013, p. 43).
78
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
En el informe de EMC, sobre el universo digital de
oportunidades, de datos abundantes y de valor creciente, se proyecta un
asombroso y explosivo crecimiento del universo digital hasta el 2020. Esta
hibridación hacia lo digital la conrma Floridi (p. 43) cuando arma que
el día en el que rutinariamente busquemos en Google la localización
física de objetos (·¿dónde están las llaves del coche?) está muy cerca”.
De hecho, ya disponemos de autos sin llaves, sin chófer, con cada vez,
mayores prestaciones sustitutivas de las acciones de los hombres…
En estos informes, también se nos habla de seguridad de la información
y por tanto sobre los riesgos ante el bajo nivel de protección de datos. Al
respecto, existen ya variados estudios sobre la gestión de datos en la nube
(STUART; BROMAGE, 2010; ASKHOJ; SUGIMOTO; NAGAMORI,
2011, etc.) en los que se señalan numerosos riesgos vinculados a múltiples
factores (ALEEM; SPROTT, 2012; MCKEMMISH, 2013, entre otros) y en
los que se invita al archivero a ejercer un rol de asesor en la organización para
minimizarlos (STANCIÉ; ARIAN-RAJH; MILOSEVIC, 2013).
3 esPeculacIones sobre la gestIón de rIesgos desde/en la gd (gestIón
documental)
La gestión de riesgos despunta recientemente como un área de
estudio imbricada en la GD. De hecho, la integración de esta última y su
enfoque de armonización respecto a otros códigos de buenas prácticas en
las organizaciones, en calidad de asegurador de la evidencia documental
exigida para el cumplimiento de los requisitos de dichos códigos (calidad,
responsabilidad social, seguridad, seguridad mediambiental, etc.), permite
destacar el análisis del riesgo como una técnica compartida y colaborativa,
entre otras, tales como el enfoque a procesos, el ciclo de gestión, etc. El
riesgo, atendiendo a algunos autores, ha venido siendo gestionado desde la
época de las cavernas, en las que el hombre, mediante una caza colaborativa,
reducía notablemente el peligro de enfrentarse individualmente, -y en
situación de minoría de fuerzas- a grandes bestias. En el entorno archivístico,
el riesgo se ha afrontado históricamente asociado a la conservación de los
documentos; por lo general, ha venido siendo observado desde el enfoque
79
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
de la prevención y actuación ante contingencias, mediante especícos
programas recomendados, en ocasiones insucientemente implementados
en la práctica, a pesar de ser reconocidos como política de las entidades.
El interés por el tema en nuestra profesión es rastreado en
la literatura del área por Lemieux (2010), quien establece, mediante el
seguimiento de las publicaciones, datas aproximadas desde nales del siglo
XX y hasta nuestros días con ciertos picos destacados, en torno al 2002;
2006, 2008, algunos de ellos respondiendo a acontecimientos especícos:
caso Enron, 11S, maremotos, recurso digital, etc. Esta autora denota
en la literatura profesional su tratamiento continuado desde 1997. Por
ende, podríamos especicar que su interés se vincula a ciertas ocurrencias
de eventos con un destacado impacto en la gestión documental de los
fondos de determinadas organizaciones. No obstante, se ha señalado que
los entornos de trabajo electrónico implican riesgos añadidos para sus
recursos documentales. Generalmente, en las organizaciones existe un
presupuesto notable para la tecnología informática y poco representativo
en comparación, para la gestión de los riesgos derivados de la misma. En
este sentido, Lemieux (2004, p. 3), especica que entre el 5 y el 20% del
presupuesto destinado a TICs debería ser administrado para la gestión los
riesgos derivados de las mismas.
A su vez, dicha autora subraya los siguientes puntos clave de la
gestión del riesgo (p. 8):
1. Es un macro-proceso sistemático, hecho que implica un conjunto
de procesos y sub-procesos necesarios para identicar y controlar el
conjunto de riesgos a los que la organización está expuesta.
2. Es un proceso proactivo incrementando los índices de resultados de
benecios o reduciendo los malos resultados.
3. Puede ser empleado como herramienta de apoyo a la toma de
decisiones en las entidades.
4. Su nalidad es la de prevenir pérdidas y capitalizar oportunidades
para implementar las actividades en la organización.
Precisa analizar el entorno corporativo y de negocios de la entidad.
80
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Con idéntica fuerza a la experimentada en el entorno documental,
la gestión del riesgo en las organizaciones ha estado presente de un modo
u otro –seguridad y riesgo-, si bien, hasta fechas recientes no había sido
normalizada como método de trabajo (2009). La recesión económica vigente
en las organizaciones ha supuesto un esfuerzo añadido para las mismas y
con el objetivo de mantenerse competitivas han sido escrutados todos los
métodos de gestión empleados en ellas, incluido el factor de riesgo.
Los nexos existentes entre riesgo y documentos son analizados en
la literatura por Lemieux (2010). En la tabla siguiente pasamos a agruparlos
en las siguientes categorías:
Tabla 3 - Nexos entre riesgo y documento
Categoría de riesgo Relación de riesgos
Objeto de trabajo
Riesgos en los documentos
Documentos como causa de otro tipo de riesgos
Riesgos ajenos sobre los documentos
Gestión del objeto
Riesgos asociados con las funciones tradicionales de
archivo
Derivados de aplicar procesos de gestión del riesgo
Profesión
Profesión en riesgo, si esta no se adapta a su empleo
sobre los recursos documentales
Factor de cambio en el
entorno de trabajo
Uso del documento para explorar otro tipo de riesgos
Gestión de documentos y técnicas de preservación como
estrategia para mitigar los riesgos
Fuente: LEMIEUX, 2010, p. 211, Adaptación propia.
Con independencia del debate teórico que se registre en la
literatura sobre esta temática, cabe señalar la conuencia de tres eventos
a considerar en la práctica archivística, los cuales ahondan en el binomio
riesgo/documento que pasamos a enumerar:
1. El surgimiento de la estructura digital del objeto y la vulnerabilidad
que conlleva desde la óptica de la continuidad digital y de su
preservación a largo plazo;
81
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
2. La variedad de ese objeto, con especial énfasis en los recursos Web
y su volatilidad y velocidad inherentes y, nalmente,
3. El e-descubrimiento del objeto, su accesibilidad y disponibilidad
desde el enfoque de los derechos de explotación, su visualización,
reutilización y gestión de los posibles litigios.
Estas realidades conforman una nueva narrativa en torno al factor
de impacto que pueden provocar, siendo muy elevado; razón por la que la
identicación del riesgo y su gestión se tornan obligadas para las organizaciones,
y con mayores requisitos de seguimiento, para el gestor de dichos recursos.
De hecho, se constatan diversas taxonomías sobre riesgos de la
información tal y como se especica en la tabla siguiente, donde se aportan
las clasicaciones de Lamieux, ISACA; Seguridad de la Información; Arma
Internacional o ISO:
Tabla 4 - Taxonomías de riesgos
Lamieux (2004, p. 14)
ISACA (2010)
Seguridad de la
Información
Arma Internacional,
2009
ISO/TR 18128: 2014
(áreas de riesgos)
Estratégicos
De Mercado
De Crédito
Operativos
Tecnológicos
Cumplimiento
Gestión de la
información y de los
documentos
Benecios/permisos
IT
Lanzamiento de
proyectos y programas
IT
Implementación
de servicios y
operatividad IT
Administrativos:
gobernanza, gestión
del cambio y de
emergencias
Control de
documentos:
clasicación,
metadata, valoración,
disposición,
almacenamiento y
preservación
Cumplimiento legal
y litigios
Tecnológicos:
Seguridad de la
Información,
Comunicaciones
Contexto
interno: cambios
organizacional,
tecnológico, recursos,
presupuestos
Contexto
externo: cambios
sociales, políticos,
seguridad, físicos,
empresarial,económico
Sistemas: seguridad,
interoperabilidad,
continuidad,
economía,
sostenibilidad
Procesos de los
documentos:
captura, metadata,
disposición, usabilidad,
conservación
Fuente: elaboración propia.
82
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Lamieux e ISACA categorizan los riesgos en las organizaciones
incluyendo el de la gestión de la información y de los documentos como
factor transversal que incide en otras categorías: estratégicos, de mercado,
de crédito, operativos y de cumplimiento. De igual modo, la idea de riesgo
se difunde en las organizaciones vinculada a la seguridad de la información,
principalmente, desde el enfoque de las TICs. Más concretamente, Arma
Internacional ha editado un ensayo sobre la evaluación y mitigación
de documentos y riesgos de la información en el que aprecia riesgos de
naturaleza administrativa, incluyendo la gobernanza y la gestión del
cambio; relacionados con seguridad, tecnológicos; aunados al factor de
cumplimiento, cumplimiento legal-litigios y, nalmente, vinculados al
control de los documentos: procesos de gestión documental.
Con una orientación metodológica, el informe técnico de ISO/
TR 18128 (2014) señala - en vez de taxonomías de riesgo, áreas de riesgo
para los documentos en las organizaciones, destacando, ambos contextos –
interno y externo-, desde la perspectiva de posibles cambios tecnológicos,
presupuestarios, sociales, políticos, etc.; subraya, también, sistemas, en
los que se incluye seguridad, interoperabilidad, continuidad, entre otros;
y procesos de gestión de los documentos. En suma, Gestión del cambio
estratégico, operativo y tecnológico, así como cumplimiento legal y
jurídico y operatividad en la gestión documental serían los ejes norteadores
de análisis y gestión del riesgo, como categorías (objetos) hacia las que la
gestión documental debe dirigir su mirada, contribuyendo a su mitigación,
y como generatrices (sujetos) de riesgos que pueden impactar en la gestión
documental y a los que se debe aportar soluciones mitigadoras.
Ciertamente, resta tarea por realizar en este campo tal y como
se demuestra, tanto en los Informes del Universo Digital (2015), sobre
seguridad y protección de datos, como en el informe de Iron Mountain,
sobre madurez del riesgo de la información (2014) y en el que estudiadas
empresas grandes y medianas del continente europeo y norteamericano se
establece un índice combinado de comportamiento, analizando tanto la
aplicación como la supervision, sobre 4 ejes desarrollados en 34 indicadores
básicos de conjunto: estrategia, personal, comunicación y seguridad,
alcanzando un 58,8% sobre 100. En la tabla 5 se registran los porcentajes
83
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
del índice combinado sobre las respuestas obtenidas de 1.800 directivos en
las categorías señaladas:
Tabla 5 - Ratios por categoria de riesgo
Categorías de riesgo Porcentajes
Estrategia 16,8 %
Personal: concienciación, formación, antecedentes 18,8%
Comunicación a los empleados 7%
Seguridad 16.1%
Fuente: Informe Iron Mountain, 2014.
En este contexto, los porcentajes expresados son ínmos dado que
aún cuando han sido aprobadas políticas en un buen número de empresas,
poseedoras de planes formales de recuperación y planes de contingencias,
no existen activadas, por el contrario, su auditoría y supervisión, razón por
la que se desconoce su grado de implementación.
El éxito radica en la supervisión y auditoría de políticas y de
programas diseñados para la gestión del riesgo o su prevención. De
hecho, en este mismo informe se registran comportamientos diversos.
Ejemplo, si tomamos como referente la gestión del recurso analógico o
digital de archivos, los resultados divergen en cuanto a continentes, si
bien, la existencia de pautas de eliminación y almacenamiento se registra
en la siguiente ratio: para el documento digital en Europa: se cuantican
en un 76% de empresas grandes y medianas su eliminación frente a un
74% en soporte papel. El comportamiento en Norteamérica diere, con
un 73% para el recurso electrónico, frente al documento analógico, con
un 57%. La preocupación como vemos por la gestión del riesgo en estas
actividades en Norteamérica se ha incrementado de modo notable ante el
84
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
documento electrónico, interés que se muestra parejo en ambos soportes
para el continente europeo.
4 cultura InformacIonal y documental en las organIzacIones
Iniciamos este ensayo señalando la importancia de la información
en las organizaciones, destacando el valor de una cultura de la información
como un elemento inherente a la cultura organizacional, esta última
considerada por Olivier y Foscanni (2013, p. 38) como concepto clave
para el establecimiento de un sistema de gesión documental efectivo,
destacando entre sus componentes integrantes la plataforma tecnológica
de información de la entidad, así como el sistema de gestión de su
gobernanza y conabilidad; elementos estos sobre los que los gestores
documentales pueden actuar e inuir considerando los objetivos de
gobierno corporativo. Por ello, es importante que el archivero considere
“la otredad” de la organización, esto es, sepa colaborar y aportar valor
conociendo y comprendiendo la perspectiva de los otros, dado que,
tal y como nos señalan estos autores, si los agentes que intervienen o
participan del sistema no conan en él, el resultado nal será su desuso, su
invisibilidad; en suma, una actuación indolente o pasiva ante la otredad
conllevará sucientes lagunas de conanza lo que, a su vez, implicará
para el profesional que sea ignorado en un continuado desencuentro. La
otredad” se detalla en variados y múltiples conocimientos, si bien, dos
objetivos deben de ser trazados como norteadores de su operatividad:
a) comprender los procesos de negocio de la organización y b) disponer
los datos-información-documentos para su acceso, reutilización y
disponibilidad en el tiempo.
Smit especica, a este respecto, las líneas de defensa de un modelo
de gobierno corporativo donde la gestión de documentos puede inuir
de modo notable, destacando 3 líneas defensivas vinculadas a procesos
de negocio, requisitos de dichos procesos, así como a mecanismos de
supervisión y auditoría. A nuestro entender, en este modelo, cabría
por el valor que está adquiriendo en el presente el Internet de las
cosas, incluir una nueva línea defensiva originaria: la de los datos. Con
85
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
idéntico parecer se expresan J. McLeod (2012) y L. Floridi (2013), al
señalar la importancia del cloud computing y el valor que los archiveros
pueden prestar, tanto en la consideración de los riesgos como para la
toma de decisiones. Incorporamos al modelado propuesto por Smit un
nuevo elemento de modelado en el que, al igual que para los anteriores,
la gestión documental puede inuir y colaborar de modo eciente
aportando valor, así, se reconocen 4 dimensiones (los autores visualizan
en círculos concéntricos) de trabajo:
1. Modelado de datos: asesoría como archivero 2.0 en las organizaciones
sobre la gestión y almacenamiento de datos y sobre su acceso, uso,
disponibilidad, e-descubrimiento y cumplimiento legal.
2. Modelado de actividades de negocio (o de procesos): análisis funcional
y secuencial del trabajo y de las necesidades de información y
documentación vinculadas a dichos procesos para asegurar su
consulta mediante el diseño e implementación de un ecaz servicio,
su usabilidad y disponibilidad en el tiempo.
3. Modelado de requisitos de gestión corporativa – la otredad de las
organizaciones en materia normalizadora y certicadora- en los
que la base informativa y documental contribuyen a diseñar,
implementar y demostrar grado de implementación y de logro para
la certicación, al ser considerada evidencias, registros y hallazgos
esenciales y demostrativos en calidad, gestión medioambiental,
seguridad, riesgos, tráco, energía, alimentación, etc.
4. Modelado de supervisión y auditoría para demostrar cumplimiento y
adquirir certicación y en el que la gestión documental se muestra
esencial, tanto en el diseño, implantación como en la medición del
grado de cumplimiento de los requisitos evaluados o/y a certicar.
Un modelo de madurez de gobernanza de la información en
las organizaciones ha sido presentado por Arma Internacional (2013) y
en él se establecen principios básicos que nos permiten comprender el
grado de inuencia que los archiveros pueden ejercer sobre la misma.
86
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Estos son: rendición de cuentas, transparencia, integridad, protección,
cumplimiento, disponibilidad, mantenimiento, disposición/seguridad.
La combinación de dichos principios, su grado de madurez en una
organización, permiten establecer una escala de madurez delimitada en
5 niveles reconocidos como: modelo de madurez bajo, en desarrollo,
básico, pro-activo y transformacional. El conocimiento de estos niveles y
su grado de interactuación son un requisito imprescindible para establecer
un adecuado sistema de gestión documental en el que estos principios
son considerados elementos integrantes o nalidades del mismo. La
comprensión del nivel de madurez de gobernanza de la información en
el que se ubica una organización exige entender la otredad, identicar
su grado de madurez de buenas prácticas en materia de información y
documentación, aproximarse a su contexto, a su modelado de líneas de
defensa de la gobernanza corporativa.
Comprender la cultura compleja de la organización y colaborar
estratégicamente desde la perspectiva informativa y documental, supone
para el gestor documental mutarse en etnólogos de la comunidad; en
etnógrafos de la información, a juicio de Smit (2013) y de Serra i Serra
(2015); dispuestos a desarrollar estrategias efectivas y reectivas de las
necesidades de la organización, en términos de Olivier; dispuestos a ser
informáticos del Recordkeeping, en palabras de F. Upward et al. (2013)
y de L. Floridi (2013); habilidosos en extender amplias relaciones sociales
y colaborativas, en emplear lenguajes similares a los utilizados por la
otredad”, en minimizar apariencias mediante su colaboración, en que
las organizaciones demuestren transparencia, atendiendo al pensamiento
de J. Cerdá; interesados por la auditoría y la certicación, atendiendo
a los perles señalados por Smit; y novedosos en aportar soluciones de
identicación y mitigación de riesgos, reexionando sobre los estudios
de Lemieux o, considerando la existencia de organizaciones y agentes
operando en la infoesfera, interesados en colaborar en la continuidad digital,
sorteando riesgos y aportando seguridad, mantenimiento, protección y
disposición del recurso digital. En suma, la integridad de los documentos,
su mantenimiento y disponibilidad en el tiempo.
87
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
5 análIsIs de la cultura organIzacIonal y gestIón documental
El archivero ha demostrado una experiencia en el conocimiento
de la cultura organizacional ante su ejercicio profesional, implicándose
especialmente ante la (macro)descripción y la (macro)valoración. En
ambas actividades ha sabido establecer nuevos modelos de percepción
del organismo productor de gran utilidad para la representación y
recuperación de los fondos generados por la entidad como para acordar
su disposición. El análisis del contexto de producción de la información
y de los documentos en los que se contiene, para estos nes, ha sido una
técnica empleada y difundida por todo el orbe en el último cuarto del
pasado siglo. Por tanto, nos encontramos ante un “sustrato abonado
por lo que “a priori” no debería resultar novedosa su consideración. No
obstante, la diferencia, lo sorprendente en su uso y expansión, radica, en
dos factores heterogéneos aunque conuyentes. Esto son:
• Factor 1: La mutación acontecida en el entorno productivo de
la organización cuyo resultado incide directamente en el objeto
de trabajo del gestor documental, trátese de datos, información,
documentos convencionales o recursos digitales de cualquiér índole.
Las instituciones requieren una eciente cultura informacional
para ser competitivas, pero, además, precisan demostrar buenas
prácticas de gestión y con ello actuar de modo resiliente.
• Factor 2: Por otro lado, dada la fragilidad de los objetos digitales
y debido a sus características, el gestor documental debe afrontar
nuevos requisitos de gestión en su ejercicio profesional, pautados
por innumerables situaciones de gestión (y de servicio) local y
global que deben de ser armonizados.
Conuyen, de este modo, necesidades diversas de productores y
gestores sobre el objeto de trabajo de estos últimos, destacando en torno a
ellas los requisitos de evidencia para ambos (productor y gestor), así como
el apoyo en la toma de decisiones de los primeros. De este modo, tanto
el productor como el gestor, proactivos ante los requisitos experimentados
88
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
en ambas posiciones, son interobservados desde su dicotómica otredad.
La otredad de la organización comienza a ser analizada por el gestor de
documentos y de la información que desde su proactividad ha implementado
el mismo lenguaje y ha aprendido a colaborar, a actuar estratégicamente,
a reexionar precisamente sobre dónde y cómo aportar valor. A tal n, ha
establecido un método y lo ha estandarizado tal y como se detallará en el
siguiente épigrafe de este estudio.
La respuesta de la organización hacia el archivero ha sido exigente
y multifacetada, obligándole, ante las nuevas necesidades de gestión
demandadas, a desarrollar múltiples competencias y habilidades en neótas
y heterogéneas áreas de trabajo (estrategia, políticas, riesgos, procesos,
preservación, medición, etc.); si bien, en esta simbiosis de reconocimiento
de su otredad, las organizaciones han ubicado su trabajo en el corazón de
la cultura informacional. Su imbricación en el mismo centro de la cultura
informacional pende y depende de cómo este profesional sea capaz de
consolidarse mediante su ejercicio laboral en ella.
6 el conocImIento del contexto en las fuentes normalIzadas
Tanto en manuales como en monografías diversas sobre gestión
documental, cabe señalar que el conocimiento del contexto de las
organizaciones tradicionalmente ha estado presente y ha sido investigado
para la organización lógica de los fondos (clasicación), para la descripción
de las agrupaciones (series, subfondos, fondos), así como para la valoración
(naturaleza, estado de los fondos, nalidad de servicio, de almacenamiento,
etc.) Además, cualquier herramienta activa de medición de la gestión
de documentos incluye capacidad y estrategia de la organización para
comprender su grado de ecacia y eciencia en la gestión. Esto es, el
conocimiento del contexto facilitaba (y facilita) comprender el estado de la
gestión documental en una organización y su grado de actuación.
No obstante, el contexto, tal y como ha sido enfocado en anteriores
epígrafes - desde la compleja naturaleza de la cultura organizacional-, se ha
comenzado a trabajar recientemente, precisamente, cuando se han perlado
89
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
y coordinado dos conceptos: el término “otredad” y la idea de valor; esto es,
la meta de gestionar aportando valor a la otredad, considerando la gestión
de recursos documentales un activo
77
entre los intangibles de la cultura
organizacional.
Calicamos de fuentes normalizadas al compendio de normas
ISO que han ido surgiendo para regular un método de gestión documental
en los entornos digitales de trabajo, descartando otro tipo de normas en las
que, evidentemente, el contexto productivo se registra de un modo u otro
como pueden ser las normas de descripción de recursos documentales
78
.
En atención al orden cronológico de su aparición referenciamos
fuentes normativas que consideramos relevantes. En primer término,
los códigos de buenas prácticas ISO 15489-1:2001;2016 (2ªed.) e ISO/
TR 15489-2:2001 . Estos incluyen apartados en los que el contexto
organizacional y su conocimiento para una propuesta adecuada de
programa de gestión queda explicitado mediante la regulación de políticas
y responsabilidades (ISO 15489-1, Apartado 2; Apartado 7 para la edición
del 2016 e ISO 15489-2, Apartado 6), formulación de estrategias de
actuación (ISO 15489-1, Apartado 3, 2ªed. Apartado 7 sobre el concepto
de Appraisal), enumeración de benecios de la gestión (ISO 15489-
2, Apartado 4), destaque de la mportancia de trabajar considerando el
cumplimiento del marco reglamentario que será necesario investigar en la
organización (ISO 15489-2, Apartado 5) y para la determinación especíca
de los requisitos de gestión (ISO 15489-2, Apartado 6).Transcurridos
varios lustros desde el surgimiento de esta normativa de buenas prácticas,
los nuevos códigos surgidos vinculados al logro de un sistema de gestión
estandarizado para los documentos –Serie de normas ISO 30300:2011-
profundizan en el conocimiento y análisis de los contextos. Es así, porque
atendiendo a la experiencia adquirida en gestionar recursos electrónicos
el conocimiento de aquellos resulta esencial para actuar con estrategia
y operatividad, tanto en el sistema normalizado de gestión para los
77
Se entiende por activo en la norma ISO 30300:2001 lo siguiente: (término 3.1.2) “Cualquier bien que tiene
valor para la organización” p. 14.
78
Nos referimos a las normas de Descripción, donde áreas y elementos descriptivos y representativos del produc-
tor, así como del contexto de los documentos y sus respectivas agrupaciones aparecen reguladas.
90
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
documentos, como en actuaciones precisas de preservación de los recursos
digitales en el tiempo. El nuevo concepto de Appraisal, incorporado en la
segunda edición de la primera parte de ISO 15489-1 conllevará posteriores
explicaciones y desarrollo del mismo, dado que se centra en el análisis del
contexto de producción de los documentos para asegurar la continuidad
digital, resaltando la gestión de riesgos, la seguridad de la información,
el control de los documentos y de los entornos tecnológicos, entre otros
aspectos, para denir requisitos de gestión de los documentos y de servicio
de la información.
En segundo lugar, el contexto es resaltado en códigos
complementarios ISO de naturaleza diversa (gestión de requisitos en
ocina, gestión de metadatos, digitalización de documentos en ocina,
preservación en archivos de acceso abierto, etc.) Ejemplo de ello, es
la normativa generada para fundamentar la gestión de los metadatos
ISO 23081-1:2006, en la que en varios de sus apartados se subraya el
conocimiento del contexto para determinar los metadatos más adecuados
para la gestión (apartado 4); la perspectiva y utilidad de los metadatos para
la GD de la organización, para la gestión de los documentos que produce
y para su uso tanto dentro y fuera del entorno organizacional (apartado 5);
los roles y responsabilidades sobre ellos a distribuir y asignar no sólo entre
archiveros, sino entre personal, directivos, informáticos y preservadores
(apartado 6); y la vinculación a otras áreas de gestión de utilidad para el
negocio eletrónico, para la conservación, la descripción de los recursos,
su localización y e-descubrimiento, así como para la gestión de derechos
(apartado 7).
Una segunda norma complementaria e instrumental para el
conocimiento del contexto es el informe técnico ISO/TR 26122:2008.
Esta herramienta implica identicar la relación entre procesos de trabajo y
su contexto de negocio, así como la de conocer las normas que rigen su
aplicación. Facilita, asimismo, el desglose jerárquico de los procesos en sus
partes constitutivas y reconoce la interdependencia secuencial de los procesos
de trabajo. La nalidad de este cánon es la de aportar un método que permita,
ante los objetivos de creación y de control de documentos, identicar: a)
91
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
los requisitos de GD para facilitar la incorporación automática y su gestión
en el momento de la consecución de la actividad; b) denir los vínculos
contextuales para contribuir a la ordenación y agrupación lógicas y c) facilitar
la recuperación, disposición y conservación de los recursos documentales. El
informe técnico incorpora el método de análisis funcional (de las funciones)
y secuencial (en cada proceso o subproceso). El informe regula un método
para el análisis de las actividades de negocio en las organizaciones, cuya idea
se ha registrado en diferentes monografías, entre ellas destacamos el manual
de la IRMT (1999).
El modelo normalizado MSSR (Management Standard System for
Records) encumbra el conocimiento del contexto en su fundamentación.
Se sustenta sobre los principios MSS (apartados 2.4 a 2.8) de todo sistema
normalizado de gestión: enfoque a cliente y terceras partes o interesados
(se precisan conocer requisitos y expectativas de los mismos); liderazgo y
responsabilidad (se requiere adoptar una posición, asignar roles y distribuir
responsabilidades con conocimiento de causa); apoyo a la toma de decisiones
(urge conocer el funcionamiento y la nalidad); implicación del personal (se
exige conocer competencias y habilidades de los mismos y sus tareas); enfoque
a procesos (se precisa desplegar el análisis secuencial y funcional del trabajo);
sistematización de la GD en la gestión organizacional (implica conocer los
requisitos de GD para aportar valor en la gestión organizacional); y mejora
continuada (obliga a medir resultados para poder actuar con propuestas
de mejora). En atención a sus principios, resulta lógico que su modelo
gurativo se inicie subrayando el conocimiento del contexto, mediante el
que se identican requisitos y expectativas de gestión de los productores
(clientes y partes interesadas)
79
. En la siguiente tabla (Tabla 6) se sistematiza
el apartado 2 de esta norma, claramente explicativo de lo que se pretende con
el conocimiento contextual, así como el apartado 4 del código ISO 30301
(2011, p. 9-10), donde se explicita el contexto de la organización. En la tabla
se consideraron los recursos digitales, algunos de los factores que caracterizan
una organización, objetivos de logro de la cultura informacional y valores a
aportar en la cultura organizacional:
79
Véase la Figura 2. “Estructura del SGD” de la norma ISO 30300:2011, p. 12.
92
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Tabla 6 - Logro de resultados derivados del conocimiento del contexto
organizacional
Recursos digitales
Factores de la
organización
Cultura informacional Cultura organizacional
Coherencia en la
operatividad
Adopción y
extensibilidad a toda
la organización
Garantía de
cumplimiento
legal, normativo y
reglamentario en toda
la organización
Comunicación de los
recursos
Creación, manejo y
con competencias y
habilidades adecuadas
Disponibilidad de
los recursos cómo y
cuando se precisen
Alcance delimitado y
denido del sistema
o/y sistemas diversos
convergentes en la
organización
Tamaño de la entidad
Naturaleza de la
Organización
Arquitectura y tipo
de procesos de la
organización
Arquitectura y
naturaleza de los
servicios de la
organización
Integridad de los
requisitos informativos
y documentales con
otros sistemas (MSS)
Coherencia del
SGD y requisitos
y expectativas
informativas y
documentales
Optimación de los
procesos apoyados
mediante la GD
Coherencia de los
requisitos informativos
y documentales con las
aplicaciones de gestión
Demostración de
ecacia y eciencia del
SGD
Continuidad digital
Apoyo en la toma de
decisiones
Alcance del SGD
en la organización
y fuera de la
organización (ante
la externalización de
procesos/servicios)
Coherencia del SGD
con otros Sistemas de
Gestión
Proporción de
cumplimiento
-legal, normativo,
reglamentario
y operativo-, y
de evidencia de
cumplimiento.
Coherencia o/y en su
caso cumplimiento
con expectativas de la
comunidad y códigos
voluntarios asumidos
en la organización
Incremento de la
gobernanza de la
entidad.
Memoria patrimonial
Fuente: Elaboración propia
El alcance de estas pretensiones exige un conocimiento
exhaustivo y análisis del contexto interno y externo organizacional. En
el apartado 4 de la norma ISO 30301 se enumeran los aspectos que se
presentan en la tabla 7.
93
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Tabla 7 - Factores, nalidad e información sobre el conocimiento del
contexto interno y externo de una organización
Contexto interno Contexto externo
Factores de análisis
Modelo de administración,
de gobernanza, la estructura
organizacional, roles y
responsabilidades.
Políticas, objetivos y estrategias
implementadas (para el logro del
modelo)
Capacidades de la organización
(recursos y conocimiento,
tecnologías y procesos)
Sistemas de información, ujos de
información y procesos de toma de
decisiones
Relaciones, percepciones,
expectativas y valores de
los usuarios internos de la
organización y cultura corporativa
Normas, directrices y modelos
adoptados por la organización y
La forma y extensión o alcance de
relaciones contractuales.
Entorno social, cultural, legal,
normativo, nanciero, tecnológico,
económico, competitivo, de
producción, natural, tanto en el
ambito internacional, nacional,
autonómico, local,
Factores motivacionales y
tendencias clave que inciden o
impactan sobre los objetivos de la
organización
Relaciones y percepciones, valores
y expectativas de usuarios y terceras
partes e interesados externos
Finalidad
Conocimiento de factores y agentes
internos que inciden en la gestión
de la organización y del SGD.
Conocimiento de factores y agentes
externos que inciden en la gestión
de la organización y del SGD.
94
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Contexto interno Contexto externo
Información de utilidad
para cada contexto
Misión , visión, valores y principios
de la entidad
Arquitectura de funciones y de
procesos delimitando la estructura
organizacional: funciones únicas,
generales y especializadas.
Mapa de procesos detallado por
niveles.
Conocimiento de las
responsabilidades de cada función-
proceso
Arquitectura de la información.
Modelos: de dinamiza en la
organización
Políticas y aspectos generales
Modelos de implementación en los
documentos
Cultura corporativa
Aplicaciones empleadas en la
organización para la práctica de
gestión de documentos
Marco de seguridad y riesgos.
Informes de análisis y de gestión de
riesgos. Esquema de seguridad.
Aplicaciones de actividades de
negocio. Interoperabilidad.
Relación de competencias
y de habilidades (Matriz de
competencias)
Marco de actuación en formación
Metodologías de gestión de
proyectos
Marco legal que afecta al área
Afectados o interesados externos e
internos sobre el área
Normas éticas, sociales y
empresariales, si las hubiera
Códigos de buenas prácticas
Mercados, análisis nancieros e
industriales respecto al asunto
Expectativas de funcionamiento, de
servicio del aspecto investigado
Impacto de la organización en
la sociedad, del aspecto en la
organización y sobre la sociedad
Acción gubernamental, si la hubiera
Requisitos de transparencia,
seguridad, valores, controles,
cumplimiento, etc.
Actividades de prensa y de
comunicación externa o posibles
repercusiones sobre prensa y
comunicación externa
Socios o colaboradores a nivel
de negocio, en investigación, en
formación…
Proveedores de productos y de
servicios
Grupos de la comunidad con algún
interés sobre el impacto o producto
de la organización
Gobiernos y diferentes
jurisdicciones
Fuente: Norma ISO 30301. Apartado 4. Información adaptada para su sistematización e incrementada.
95
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
La norma ISO 30302:2015 se conforma como una guía para la
implementación. En ella, se aportan método y fuentes para la investigación
del contexto organizacional. En esta línea, el antecitado informe técnico
ISO/TR 18128, incorpora como áreas especícas de riesgo, el contexto
interno y externo, con profusión de interrogantes para investigar el riesgo.
El contexto está, igualmente presente en otras normas ISO. A modo de
ejemplo, citamos la serie de normas ISO 16175 en la que, en atención a
los requisitos de negocio y al sistema tecnológico, se regula precisamente
un método de actuación para determinar los requisitos funcionales y
técnologícos de un SGD en las ocinas de las organizaciones. En esta
enumeración, son omitidas debido a una cuestión de espacio, un conjunto
de normas ISO en las que el análisis del contexto, igualmente, está presente,
desde el enfoque de preservación de los recursos digitales a largo plazo para
la consulta de potenciales comunidades de usuarios.
7 hacIa una conclusIón con el fIn Presente de esPecular sobre lo que
será la ProfesIón
Partiendo de la idea de activo intangible con la que en las
organizaciones es percibida la información –y no siempre el documento
de archivo- han sido señaladas posiciones y características de los recursos
digitales, de los datos y de su gestión, conservación y almacenamiento en
la nube, marcando la necesidad de su profundo conocimiento, tanto para
comprender su origen como para gestionarlo en el tiempo. Se subraya que
la cultura de la información es inherente a la cultura de la organización
dado que es una manifestación de la misma.
La gestión del riesgo con el que se vincula al recurso digital
incrementa la necesidad de conocer con profundidad los contextos de
producción y de servicio de dicho recurso. De igual modo, se subraya el
concepto de “otredad” y su necesaria investigación para modelar las líneas
defensivas de la gobernanza corporativa. Serra i Serra (2015), siguiendo a
Smit (2013), destaca las diferentes áreas integrantes de la gobernanza de la
información entre las que se incluyen la GD, junto con el área TICs, así
como el marco legal, privacidad, cumplimiento y el área auditora.
96
Maria José Vicentini Jorente
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Frente a la GD tradicional, pasiva y, hasta cierto punto, confrontada
con la entidad, la GD postmoderna es percibida en la actualidad como un
área inherente a la propia gobernanza, destinada a convertir las políticas
de la información en la entidad, en procesos operativos que aporten
valor y servicio en la organización. Dichos autores, deenden la idea de
servicio como enfoque, contraponiéndolo frente al fondo (servicio frente
a los requisitos organizativos de la masa documental). Por tanto, la GD se
focaliza hacia el diseño de servicios para usuarios implicados en la gestión
de la información, servicios de asesoría y servicios que contribuyan a la
seguridad de las organizaciones y que aporten valoraciones centradas en la
preservación sostenible de los recursos.
Julie McLeod (2012, p. 189) subraya el bajo número de
organizaciones que han sabido articular una visión del SGD; la constatación
de que tanto la táctica como las soluciones de GD en entornos electrónicos
suponen contextos complejos de actuación; el hecho inexorable de que
personal, procesos, sistemas y técnologías están vinculados entre sí; el
amplio número de factores de éxito críticos para los proyectos de GD, la
necesidad de enfoques que consideren el riesgo; la urgencia de disponer
de prácticas (y de sus resultados) para aplicar los principios de un SGD;
la ausencia de material y experiencias para consultar y reexionar para
su aprendizaje. Considerando esta situación, conrmamos que lo que
debería ser, parece, todavía una abstracción (rememorando un verso de
T. S. Eliot); si bien, es cierto que la posibilidad de su factibilidad no es
remota, dado que como se demuestra en este trabajo existen numerosos
códigos donde se normaliza el análisis contextual como herramienta para
el diseño, implantación y mejora de un SGD.
En este sentido, dada la compleja cultura de la información, las
organizaciones han fraguado nuevos roles para el archivero gestor quien
con celeridad se ve abocado a aprender, emprender y representarlos. Sin
embargo, es precisamente McLeod quien nos recuerda que de modo
positivo el profesional ha sabido alcanzar una visión holística de la GD en
la cultura organizacional, ha sabido formular principios para fundamentar
su trabajo, ha perlado herramientas – y métodos normalizados- para
gestionar, pero está lejos de dominar su práctica (todavía una abstracción).
97
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Esta autora, lamenta que este profesional se haya detenido en la búsqueda
de una aproximación perfecta en su trabajo, relegando la realidad a la
idealidad. En este sentido arma: “In the context of evolution this is surely
true but prerhaps less to so in the context of revolution
80
” (2012, p. 190).
En apartados de este ensayo, se apuntaron perles de etnógrafo de
la información y etnólogo de la comunidad, así como el de especialización
de “recordkeeping informatics” - y su conocido y lírico axioma de “sólo
a través del tiempo se conquista el tiempo
81
”-; todos ellos vinculados a la
concreción de un marco coherente y consistente – como es un SGD - que
avance en la compleja cultura organizacional en lo tocante a la información
y documentación, ambas promovidas por los gestores de documentos con
amplios conocimientos contextuales, informáticos o/y en colaboración
con estos últimos. La maduración de dicha idea es explicitada mediante un
amplio uso de fuentes por Upward et al. (2013).
Destacamos, igualmente, la necesidad de presentar un gestor
estratega y practicante reectivo, con amplias habilidades colaborativas
para emplear y aproximar ideas y lenguajes híbridos en TICs/GD. En
esta simbiosis, las competencias demostradas en gestión de riesgos y sus
habilidades colaborativas para trabajar con gestores del riesgo de cualquier
organización se muestran vitales.
La profesión del gestor de recursos documentales, digitales, exige,
también, demostrar competencias sobre auditoría y certicación, no sólo
para cooperar en los requisitos documentales que presentan las entidades
ante un diseño, implementación, evaluación y certicación de un sistema
de gestión normalizado, sino para demostrar, en materia de medición de
su trabajo mejora continuada.
En el presente, lograr que el profesional forme parte de la
solución, tal y como nos señala McLeod (2012) y no se congure
únicamente como problema, exige, un esfuerzo formativo y educativo
80
En el contexto de la evolución, esto es sin duda cierto, pero tal vez lo sea menos en el contexto de la revolución.
Traducción de la autora. Se percibe, por tanto, un profesional consciente de sus retos (evolucionado) aunque sin
éxitos demostrados (revoluciones).
81
“Be remembered; involved with past and future. Only through time time is conquered” citando “Burn Nor-
ton” e Four Quartets de T.S.Eliot. 1936
98
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
de alcance suciente como para permitirle alejarse de la cada vez mayor
perfeccionada fundamentación teórica, de tal manera que sea capaz desde
su contemporaniedad de afrontar la compleja realidad en la que se necesita
perlar, actuando tanto sobre los recursos del presente como sobre los
del tiempo pasado, porque ambos, parafraseando los primeros versos del
antecitado poema de Eliot (Burnt Norton
82
), “están quizá presentes en el
tiempo futuro”.
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P II
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103
caPítulo 4
comPlejIdad, rePresentacIón y acceso a la
InformacIón archIvístIca en los nuevos
contextos ParadIgmátIcos.
Dunia LLanes Padrón
Maria José Vicentini Jorente
1 IntroduccIón
“El conocimiento es una representación necesariamente nita de una complejidad
presumidamente innita
Jorge Wagensberg
A partir de mediados del siglo XX y, principalmente, en el
inicio del siglo XXI el contexto de pos-industrialización (BELL, 1974)
y del capitalismo multi y transnacional caracterizaron lo que se comenzó
a llamar pos-modernidad, momento histórico todavía, profundamente,
estereotipado en la modernidad.
Jean François Lyotard, cuando escribió La condición pos-moderna:
un informe sobre el conocimiento (1986), defendió que el momento pos-
moderno se caracteriza por la disolución de las principales narrativas o
meta narrativas del modernismo y de la crisis de las ideologías.
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p103-124
104
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
El prejo “pos” expresa una comprensión de signicados
de oposición, pero, a su vez, de continuidad de los hábitos modernos,
simultáneamente. Un eclecticismo de representaciones mezcló formas,
géneros y recortes estilísticos de diferentes culturas y cronologías,
convergentes en una complejidad relacionada al momento anterior de
diseminación masiva y unidireccional de información: la modernidad.
En el pos-modernismo, la consolidación del documento
electrónico en las interfaces computacionales rompió con el tradicional
soporte documental y con el diseño (design) de la información practicado
durante siglos; cambiando, de esta forma, los procesos técnicos y creativos de
concepción, conguración, organización, almacenamiento, preservación,
acceso y uso de la información.
Las formas híper-textuales de presentación de la información
intereren en la estética de las interacciones y abren nuevos saberes
en un rediseño (representación) de la cultura. Como resultado, las
representaciones modicadas por esta estética- vinculadas a los medios
de la web - y usadas como medios de diseminación de información y de
conocimiento de muchos para muchos - crean nuevos mapas de contactos
en la red de percepciones y en la cognición de los agentes.
La convergencia de las informaciones, de esta forma, resulta en
estructuras sistémicas complejas, por las cuales transitan las nuevas formas
de representación, presentación, acceso y difusión de la información. Por
tanto, los registros de información serán recurrentemente reorganizados en
varios modelos de comprensión.
2 comPlejIdad en la cIencIa de la InformacIón
En el paisaje contemporáneo, aún por denirse plenamente,
el aumento exponencial de las informaciones del modernismo tardío
implementó el concepto de complejidad sistémica en el proceso de
comunicación e información; que tiene como condición comprender
muchos elementos o partes y que es observable sobre varios aspectos. En
la Ciencia la denición de complejidad se relaciona con los cambios de las
relaciones entre el todo y sus partes.
105
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
La complejidad fue tratada como condición y también como
método importante para hacer ciencia por primera vez por Warren Weaver,
que propuso en el inicio del siglo XX una reorganización de la complejidad
desorganizada del siglo XIX. Desde entonces, se ha convertido en un
importante concepto si se quiere pensar en ciencia contemporánea.
En una perspectiva histórica, algunos análisis concuerdan que existe una
larga tradición en el pensamiento cientíco occidental relacionado con
la exploración de los sistemas complejos. A pesar de ello, en términos
de investigaciones recientes e inmediatas relevantes, el concepto de
complejidad parece haber sido usado por primera vez en la literatura
cientíca formal en 1947, por Warren Weaver, en un famoso artículo
titulado “Ciencia y Complejidad” (American Scientist) (PLOMAN,
1985, p. 13, traducción nuestra).
La teoría de la complejidad busca re-articular la fragmentación que
fue impuesta a las disciplinas cientícas por su constitución epistemológica
durante el predominio del cartesianismo. La complejidad, al contrario de
la linealidad cartesiana, respeta las diversas dimensiones de los fenómenos
estudiados; contempla la inseguridad, lo inexacto y lo incompleto para
responder, así, a la crisis instalada en las ciencias a partir de la segunda
mitad del siglo XX, principalmente con el surgimiento del paradigma pos-
moderno. La conclusión de que desorden y tal vez están presentes en el
universo e incorporados a la propia evolución nos conduce a aceptar la
incertidumbre.
Por otro lado, en la teoría de la complejidad, el todo organizado
es siempre mayor que la suma de las partes, debido al principio de
emergencia. La emergencia puede ser comprobada a partir del empirismo.
La complejidad es también reversible al nivel de las partes y de las
interacciones que se producen. (MORIN, 1998).
Eso sucede en las ciencias naturales, las llamadas ciencias duras
y en las ciencias humanas, igualmente. Se puede hablar, por ejemplo,
de lasinteracciones entre individuos que producen un todo social, retro
agente a un nivel individual para preparar a los sujetos de acuerdo con un
lenguaje, con las dimensiones sociales y con la cultura.
106
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
La complejidad comprende procesos de auto-organización y de eco
organización, simultáneos, con constantes intercambios de energía con el
ambiente. Autonomía y dependencia son conceptos que se complementan,
en ese contexto: para la complejidad, un sistema autónomo debe estar
abierto y cerrado al mismo tiempo. Por n, la necesidad de establecimiento
de un orden se complejizó al entender las singularidades de las diversas
situaciones, de manera que hay varias formas de orden ligadas a las ideas de
las interacciones diversas en ambientes y contextos diversos.
Las formas de representación determinan lo que es posible
y lo que no es posible conocer. La percepción (un fenómeno visto al
principio como individual) y la cultura (de naturaleza más colectiva) son
campos fundamentales para el estudio de las interacciones y de las formas
de adquisición de conocimiento. En la cultura de las convergencias,
el fenómeno informacional fue cristalizado por los medios masivos
de comunicación, redeniendo y disolviendo fronteras nacionales,
lingüísticas, étnicas y culturales; y, también, recreó individualidades.
En la Ciencia de la Información, la teoría de la complejidad
y sus metodologías pueden ser auxiliares para la comprensión y la
resolución de los conictos entre custodia y pos-custodia o moderno y
pos-moderno. En cuanto a los conictos entre custodia y el recomendado
acceso directo a la información y los documentos, el pos-modernismo
creó un debate discutido por Terry Cook en 2007. Cook se preguntaba
cómo los archivistas podían ser posmodernos cuando en el estereotipo
popular ellos, juntamente con los conservadores de museos y galerías, eran,
marcadamente, los más conservadores y los más preservadores de todos los
profesionales del mundo moderno.
Nosotros tomamos cuenta de los archivos colocados sobre nuestros
cuidados. Nosotros rescatamos cosas cuando nadie más las necesita.
Nosotros cariñosamente las restauramos y las conservamos. Nosotros
las conservamos en nuestros cofres para siempre. Nuestra propia
literatura y mentalidad profesional, por lo menos hasta tiempos
recientes, refuerza esas imágenes. Mi tesis es que los archivistas no
pueden más soportar ser, ni ser percibidos como conservadores en el
mundo electrónico (COOK, 2007, p. 401).
107
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Cook consideró central para una reorientación pos-custodial/pos-
moderna del archivista y de cualquier otro profesional de la información,
asumir la revolución causada por el computador que afectó la naturaleza
profunda de la memoria colectiva de la sociedad causada por el amplio
y extensivo uso de las computadoras y, especialmente, del computador
personal. Cook, apuntó que, por primera vez, la sociedad occidental no está
produciendo, gestionando y/o salvando objetos físicos o artefactos, pero si
tratando de comprender y preservar padrones lógicos y virtuales que dan a
la información electrónica su estructura, su contenido y su contexto y, por
tanto, su signicado como evidencia de actos y transacciones, desviando
nuestra atención de los archivos para el acto de archivar (COOK, 2007,
p. 402).
Algunas consideraciones de Cook son esenciales para la
comprensión del nuevo papel del profesional de la información en la
sociedad occidental contemporánea:
Por primera vez en 3500 años de administración de información y
actividad archivística, nosotros tenemos en lugar de mucha poca
información. Por primera vez nosotros tenemos archivos que no
existen delante de los ojos humanos; los archivos se presentan de
una forma diferente a las tabletas de barro de babilonia, los papiros
egipcios, los pergaminos Romanos y Medievales y del papel moderno,
e incluso del microlme moderno. (COOK, 2007, p. 401) , traducción
nuestra. Entre tanto, a pesar de los cambios fundamentales, a pesar de
la necesidad consecuente de re-orientar, de re-inventar o re-concebir
nuestro trabajo, casi todos los conceptos, prácticas, procedimientos y
las terminologías aceptadas por la profesión refuerzan nuestro legado
de los archivos físicos. Nosotros tenemos mentes habituadas al papel
intentando adaptarse a la realidad electrónica (COOK, 2007, p. 403),
traducción nuestra.
A partir de la consolidación de los medios electrónicos, Cook
armó que desde 1997 se percibía que – en la búsqueda de un nuevo
paradigma – los archivistas y otros profesionales de la información deberían
cambiar el foco de la información para la búsqueda del conocimiento y la
comprensión; de las bases de datos para las bases de conocimiento; para
la contextualización de las actividades; del contenido para el contexto; del
108
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
resultado nal para la intención inicial de empoderamiento; del artefacto
(archivo físico) para el proceso de creación que existe detrás de él, asimismo,
para las acciones, programas y funciones que existen detrás de los procesos;
de los sustantivos para los verbos; del texto para el contexto con o por
detrás del texto o la imagen (COOK, 2007, p. 410).
3 la rePresentacIón de la InformacIón archIvístIca en el contexto
Pos-moderno.
La teoría de la complejidad y sus métodos, como se ha explicado
anteriormente, irrumpió en el mundo de la Ciencia de la Información,
en especial de la Archivística. En los nuevos contextos pos-modernos, los
archivistas, tal y como apuntaba Cook, tienen que ser capaces de lidiar
con las complejidades y convergencias que trajeron consigo las tecnologías
digitales. Las inconformidades de los tiempos custodiales para organizar,
representar, recuperar y acceder a la información electrónica hicieron
posible la búsqueda de nuevos paradigmas que aportaran nuevas soluciones
y respuestas a estas problemáticas.
Es en este contexto, en el que se debe concebir la realidad actual
de la representación y el acceso a la información archivística. El desarrollo
tecnológico de la web semántica, las redes, las interfaces digitales, la
revolución en la escritura, la impresión y las nuevas formas de comunicar
hicieron posible que los profesionales reconsideraran los fundamentos
teóricos y prácticos de la representación y el acceso a la información y
como consecuencia su uso y apropiación.
La evolución de las tecnologías y su impacto directo en las
instituciones archivísticas inuyó, notablemente, en el cambio de las
concepciones teóricas de la representación y recuperación de la información.
La revolución electrónica permitió disociar el concepto de representación
del concepto de instrumento de búsqueda. Como consecuencia, a partir de
la década del 90 del pasado siglo, la representación comienza a tener mayor
énfasis en la actividad y no en el resultado nal. (LLANES, 2012).
Las tecnologías trajeron consigo un nuevo enfoque en el concepto
de representación y facilitaron la ampliación de su objeto. Su objetivo,
109
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
en los tiempos pos-modernos, debe estar orientado a representar la
información de forma coherente y sistemática para establecer un sistema
de información archivística que permita representar la información de
varios formatos y soportes e integrar datos de diferentes instituciones
de información (archivos, bibliotecas, museos, galerías) para facilitar así
un acceso simultáneo y desde múltiples perspectivas (tiempo, espacio,
materia y procedencia), además de permitir una reutilización de los
datos en la web.
Con la revolución de la información electrónica surgieron nuevos
conceptos en la Archivística, tal es el caso de documento electrónico,
metadatos, preservación, continuidad digital, evidencia y autenticidad
documental en ambientes digitales; todas estas nuevas nociones intervinieron
en la nueva delimitación de la representación archivística.
Ahora bien ¿qué inuencia tuvieron estos conceptos en las nuevas
tendencias de la representación y recuperación de contenidos archivísticos?
Sin lugar a dudas, estas concepciones modicaron la dimensión de la
representación. En los últimos años se han desarrollado diversas polémicas
relacionadas con el tema; los archiveros buscan un entendimiento
entre representación, asignación de metadatos, continuidad digital y
mantenimiento de la evidencia y autenticidad documental en los entornos
electrónicos.
Varios autores que se han dedicado a investigar y publicar sobre
esta nueva realidad. Luciana Duranti deende la idea de una representación
que mantenga la autenticidad y la veracidad de los documentos. Para esta
autora la descripción archivística implica:
La identicación de los documentos, la asignación de un lugar
intelectual y físico en el todo de los documentos auténticos; esto
signica la localización y descripción en su contexto, congelando y
perpetuando sus interrelaciones, asegurando así que cualquier posible
falsicación sea fácil de identicar (DURANTI, 1996, p. 247).
Siguiendo esta misma línea, McKemmish y Parer (1998) exponen
que la representación se concibe:
110
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Como parte de una compleja serie de procesos de gestión de
documentos que implican la atribución de metadatos autorizados
desde el momento de la creación de los documentos.”...”el concepto
recoge “información normalizada acerca de la identidad, autenticidad,
contenido, estructura, contexto y requisitos esenciales de gestión de los
documentos (MCKEMMISH; PARER, 1998, p. 35).
David Bearman, por su parte, considera la descripción o
representación como una herramienta que sustenta la evidencia de
acciones, especialmente en entornos organizativos automatizados; para
este autorla descripción no puede sustentar la evidencia de las acciones
si ésta tiene lugar mucho después de que estas acciones hayan sucedido”.
(BEARMAN, 1996 apud. DELGADO, 2007, p. 113-114).
Chris Hurley argumenta que la descripción:
Debe desarrollarse desde el momento mismo que se crea el documento
con el objeto de que éste siga siendo comprensible fuera de su entorno
de creación y en conjunción con otros sistemas. [...] el autor rechaza
una descripción post hoc porque esto diculta la captura del contexto
de creación del documento (HURLEY, 1998 apud. DELGADO,
2007, p. 123-125).
Es posible alegar, entonces, que la representación de contenidos
archivísticos en la contemporaneidad tiene como nalidad mantener
la autenticidad, la continuidad digital, la veracidad e integridad de los
documentos en los contextos digitales. Para ello, se recomienda realizar la
representación de forma regularizada desde la génesis documental sólo así
podrá constituir evidencia de los actos y las transacciones que se ejecutan y
captar el contexto de producción.
Hay que tener presente que la descripción en los entornos
electrónicos no es exactamente igual que en los entornos tradicionales. En
este medio interesa mantener la evidencia y por ello se necesita describir
el contexto de creación más que el contenido en sí del documento. No
se puede olvidar que uno de los problemas a los que se enfrentan, en la
actualidad, los profesionales de la información es la preservación de
los documentos en los entornos digitales. Tal como se ha destacado en
111
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
el contexto del proyecto InterPARES [200-], p. 5, traducción nuestra):
no es posible conservar documentos electrónicos, sólo la capacidad
para reproducirlos. De ahí la importancia de una descripción dirigida a
mantener la evidencia documental a través de la asignación de metadatos.
(LLANES, 2012).
Es posible, que en un futuro no muy lejano, la conservación de
diversos documentos electrónicos sea insostenible y, como consecuencia,
sólo será viable preservar un conjunto de metadatos dentro de los que
estarán, sin lugar a dudas, los metadatos de representación. El proceso de
representación debe realizarse desde la producción a través de la asignación
de metadatos en los sistemas integrados de gestión, es decir, es un proceso
complejo y convergente que ocurre durante todo el ciclo continuado de la
información archivística.
Una vez reconsiderados y redimensionados los fundamentos
teóricos de la representación, los profesionales del área tenían un nuevo
desafío por resolver: ¿cómo facilitar a los usuarios de la sociedad red el
acceso, uso y apropiación de la información preservada en los archivos?
Con las tecnologías surgieron nuevos tipos de usuarios en las
instituciones de información. Los usuarios, en la actualidad, quieren
acceder a los documentos a través de una computadora conectada a una
red desde su casa o el lugar que decidan y, con ello, recuperar y acceder a la
información que necesiten. Pero, ¿cómo los archiveros iban a responder a
estos nuevos requerimientos y tendencias? Para ello, según Esteban Navarro
y Gay Malíns (1998, p. 9) “era necesario contar con unos principios y
unas reglas universalmente aceptadas que indicaran cómo describir, qué
datos identicativos se debían extraer y cómo estos se debían presentar y
organizar”. En resumen, había que afrontar y desarrollar un proceso de
normalización de la descripción archivística.
4 el Proceso de rePresentacIón y su normalIzacIón en los contextos
del Pos-modernIsmo.
Los nuevos paradigmas pos-modernos y su inuencia en la
Archivística hicieron posible, como ya se comentó, una renovación de
112
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
las concepciones de los archiveros. La consolidación del cuerpo teórico,
la expansión de las tecnologías, el fenómeno de la globalización de
la información, la existencia de nuevos soportes de información y la
diversicación de los perles de los usuarios fueron, sin lugar a dudas, los
aspectos determinantes para poner n a viejas discusiones relacionadas con
la normalización de los procesos archivísticos.
Una vez repensados los fundamentos de la representación había
que plantearse un cambio en las formas prácticas para realizar este proceso.
Era el momento para comenzar con un movimiento normativo en el
campo de la representación. La regulación de la descripción constituía el
camino más ecaz para obtener mejores resultados en la representación
de la información archivística y su intercambio e interoperabilidad en los
ambientes digitales.
A nales de la década del 80 y principios de los 90 del Siglo
XX, el Consejo Internacional de Archivos (CIA) comenzó a realizar
un movimiento internacional de normalización que nalizaría con la
publicación de las normas internacionales: ISAD(G), ISAAR(CPF), ISDF,
ISDAH. El CIA contaba con la autoridad necesaria a nivel mundial para
llevar a cabo un proyecto de esta envergadura. No obstante, precisaba del
apoyo de la comunidad archivística internacional para que el proyecto
tuviera una aceptación completa. José Luis Bonal sobre este tema expresó:
Conscientes de esta realidad, el CIA promovió el desarrollo de un
proceso institucional y universal, auspiciado y respaldado por los
organismos archivísticos internacionales, a la vez que participativo y
representativo” (BONAL ZAZO, 2000, p. 117).
El Consejo Internacional de Archivos se basó, para la creación de
los estándares, en las relaciones que se establecen entre productor, funciones,
documentos e instituciones de custodia. A partir de esta interpretación
de la realidad archivística creó estructuras de datos adaptadas a cada una
de las entidades. El CIA tuvo por objetivo normalizar las estructuras de
datos, para de esta forma, contar a nivel internacional con estructuras
homogéneas utilizadas por cualquier sistema de información archivística.
113
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
El CIA, con la publicación de su conjunto normativo, tuvo como
propósito establecer una estructura de datos uniforme de descripción
y no una estructura de contenidos a nivel internacional. Por tanto, es
responsabilidad de cada país elaborar sus propias normas de descripción
que regulen los contenidos de acuerdo a sus realidades archivísticas. Al
respeto, en ISAD(G), se expone la siguiente idea:
Estas normas constituye una guía general para la elaboración de
descripciones archivísticas” por lo que “deben utilizarse conjuntamente
con las normas nacionales existentes o como base para el desarrollo
de otras normas nacionales (CONSEJO INTERNACIONAL DE
ARCHIVOS, 2000, p. 12).
Esta declaración tuvo una gran inuencia en el desarrollo de
normas nacionales y regionales de datos, contenidos, presentación y
codicación para describir documentos, productores y para la elaboración
de puntos de acceso que facilitaran la creación de los registros de autoridades
en archivos. Gran Bretaña, EE.UU., Canadá, Portugal, España, Irlanda,
Brasil y Uruguay son los países que han desarrollado, hasta la fecha, normas
para regular el proceso de descripción.
Las Rules forthe Construction of Personal, Place and Corporate
Names (RCPPCN), el Manual of Archival Description (MAD3),
Describing Archives: A Content Standards (DACS), las Rules for Archival
Description (RAD2), las Orientações para a Descrição Arquivística(ODA),
la Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE), el Manual
de Descripción Multinivel (MDM), la Norma Española de Descripción
Archivística - Borrador (NEDAI), la Norma de Descripción Archivística
de Cataluña (NODAC), la Norma Gallega de Descripción Archivística
(NOGADA), la Norma Aragonesa para la Descripción de Autoridades
(ARANOR), la Norma para la Elaboración de Puntos de Acceso
Normalizados de Nombres de Instituciones, Personas, Familias, Lugares
y Materias en el Sistema de Descripción Archivística de los Archivos
Estatales (NEPAN), la Norma Irlandesa de Descripción (IGAD) y la
Norma Uruguaya de Descripción Archivística (NUDA) son, sólo,
algunos ejemplos de estas normas.
114
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Estas normas rigen el contenido intelectual de las representaciones
archivísticas, diseñan sus estructuras y se orientan en el texto y el formato
de los instrumentos de descripción. Sin embargo, existían un conjunto de
cuestiones que estos estándares no podían resolver: ¿Cómo interrelacionar
la información de todas las entidades archivísticas?, ¿Cómo preservar las
relaciones jerárquicas que existen entre niveles de descripción? ¿Cómo
facilitar la navegación por una arquitectura de información y recuperar
la información especíca? Además de crear normas de datos, contenidos
y presentación, el mundo archivístico precisaba desarrollar estándares que
tradujeran las normas del lenguaje natural a un lenguaje propio entendible
por las computadoras. La computadora no puede procesar los datos
representados en las descripciones, para ello, es necesario colocarlos en un
idioma legible para la máquina, solo así se pueden identicar y compartir
los datos de un registro descriptivo.
Los profesionales necesitaban denir un lenguaje de marcas para
crear una norma de codicación que convirtiera las estructuras de datos de
los actuales estándares a un idioma entendible en el entorno electrónico.
Para ello, se precisaba, antes, denir en lenguaje de programación que
facilitara el desarrollo de normas de codicación archivística.
En las fases tempranas del desarrollo de un proyecto de lenguaje de
codicación para archivos se consideró usar el Machine Readable Cataloging
(MARC) como la base de las normas, puesto que es un estándar de marca
muy conocido en el mundo bibliotecario y muchas instituciones lo usan
para codicar instrumentos de descripción; pero se consideró que no era
el mejor esquema disponible por varias razones. MARC era inadecuado
porque los registros tenían una longitud máxima de pocos caracteres. La
limitación en el tamaño es un obstáculo porque muchos instrumentos de
descripción de archivos tienen una longitud mayor.
El primer estándar archivístico creado y publicado como estructura
de datos para facilitar la distribución en Internet de información detallada
sobre fondos archivísticos a través de los instrumento de descripción fue
el Encoded Archival Description (EAD). EAD reeja la estructura lógica y
jerárquica de un instrumento de descripción de archivo y es compatible
con la norma internacional para la descripción de material de archivo
115
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
ISAD(G). Esta norma posibilita la difusión, acceso y navegabilidad, a
través de la tecnología de redes, de la información descriptiva de las
instituciones archivísticas.
El otro estándar de codicación del mundo archivístico es el
Encoded Archival Context–Corporate Bodies, Persons And Families (EAC-
CPF). El esfuerzo por desarrollar EAC no es un hecho aislado. Estuvo muy
vinculado con las actividades e iniciativas que desarrollaba la comunidad
internacional de archivos en cuestiones de normalización. La norma
ISAAR(CPF) fue el punto de partida para la creación de EAC, que sería un
complemento de EAD, tal como ISAAR(CPF) lo es de ISAD(G). EAC
es una norma para la gestión electrónica de la información de autoridades
archivísticas y su contexto de producción.
La creación, aplicación y uso de todos estos estándares en el
proceso de representación permite a los usuarios interactuar con sistemas
de información archivística e identicar la documentación que cubre sus
necesidades informativas, facilitando así la integración de los archivos
en las nuevas dinámicas de la sociedad, caracterizada por la presencia
incondicional de las tecnologías. Estas normas cumplen con los requisitos
necesarios para describir, recuperar y acceder a la información archivística.
La regulación del proceso de descripción tiene dentro de sus
objetivos la agrupación de las descripciones procedentes de distintas
instituciones en un sistema unicado de información. Para ello, es
importante que las nuevas normas de descripción regulen la codicación
de la información para garantizar la homogeneidad de las descripciones y
la reutilización de datos.
El creciente desarrollo de las tecnologías hizo posible un
replanteamiento de los fundamentos teóricos de la representación y,
también, intervino en la decisión denitiva de regular el proceso de
descripción archivística. Sin lugar a dudas, el uso conjunto de las
tecnologías, las redes, los sistemas complejos y las normas de representación
facilitan la interoperabilidad, la convergencia, la preservación, el acceso y la
difusión de la información archivística.
116
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
5 software Para la rePresentacIón, acceso y dIfusIón de la InformacIón
archIvístIca en ambIentes dIgItales: atom
El proceso de normalización internacional tenía como objeto
facilitar el intercambio y la comunicación de los instrumentos de
descripción a nivel internacional y, con ello, facilitar la interoperabilidad
y convergencia de la información archivística. El perfeccionamiento de los
fundamentos teóricos y la publicación de los estándares proporcionaron
la creación de sistemas de información archivística orientados a facilitar
la búsqueda, la recuperación, el acceso y el uso de cualquier entidad
archivística.
Para implementar estos sistemas, además de los temas reguladores
y teóricos, es preciso contar con la tecnología y las herramientas adecuadas.
Después de la publicación del conjunto normativo internacional, el CIA -
en colaboración con la empresa Artefactual Systems - desarrolló un software
para la aplicación práctica de la descripción archivística. Este software en
sus primeras versiones se denominaba: ICA-ATOM (International Council
of Archives - Acces to Memory). En la actualidad, esta herramienta es
mantenida y actualizada por la empresa Artefactual y desde hace unos años
se nombra AtoM (Acces to Memory), pues el CIA consideró terminado su
objetivo y se desvinculó del proyecto.
AtoM presenta una interfaz amigable muy alejada de las bases de
datos convencionales. Establece relaciones entre las descripciones (vincula
registros de autoridad con descripciones de documentos, funciones e
instituciones de custodia). Permite incorporar (importar o enlazar) objetos
digitales (fotografías o vídeos, entre otros). Las descripciones archivísticas
(todas o parte de ellas) pueden hacerse públicas en la red, lo que lo convierte
en una buena herramienta de difusión. Permite realizar importaciones
(formatos XML y CSV) y exportaciones (formatos Dublin Core, XML y
EAD 2002, XML). Se puede trabajar sin conexión a Internet (BIARGE,
2012, p. 4).
El programa presenta una interfaz para el archivero fácil
de usar y, totalmente, compatible con las normas internacionales. A
través del software se pueden crear descripciones de documentos, de
117
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
autoridades archivísticas, de funciones, de instituciones que custodian
documentos, incluir listas de términos controlados, ingresar registros
de ingresos o transferencias, entre otros aspectos. Los usuarios pueden
interactuar con AtoM a través de las descripciones de documentos, las
autoridades, instituciones de custodia, funciones, materias, lugares u
objetos digitales.
El uso de este software de representación de contenidos
archivísticos trae grandes ventajas para los archivistas y los usuarios pues es
una herramienta que da acceso y difunde la memoria mundial, además de
facilitar la preservación digital a corto, medio y largo plazo.
5.1 convergencIas e InteroPerabIlIdad en atom
AtoM es un sistema desarrollado para ambientes web; se trata
de un sistema convergente pues para su construcción fueron usados
varios lenguajes y herramientas de código abierto y software libre. AtoM
está disponible con la General Public License (Licencia Pública General);
A-GPL, o sea, además de tener un código abierto, y no tener costos, es libre
para usarse con cualquier nalidad e, igualmente, puede ser estudiado,
perfeccionado, modicado y redistribuido.
En la actualidad, el uso de convergencias en los lenguajes está
presente en diversos sitios. El motivo para el aumento en el uso software
convergentes no es sólo por el hecho de ser gratuito, también se debe
al intercambio de informaciones y a la actualización constante de las
tecnologías - el beta perpetuo. Con la aplicación (APP) o software libre,
los usuarios pueden analizar, discutir y aclarar dudas entre sí a través
de los innumerables fórum que acompañan la escuela del open source.
“La convergencia de esos componentes ubicuos ayudan a optimizar el
desempeño y la disponibilidad con los soportes de servidores de aplicaciones
web” (JORENTE, 2014).
AtoM cuenta con diversas tecnologías para su creación e
instalación, que van desde un local y una base de datos donde el sitio
web es hospedado hasta las capas de acceso al usuario. El Web Browser es
118
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
el navegador o el programa con el cual el usuario puede interactuar con
internet; en la Web los más usados son: Ópera, Safari (Apple), Internet
Explorer (Microsoft), Chrome (de Google), Mozila Firefox (que es de
código abierto) y muchos otros que no son muy utilizados. Con el uso
del navegador es posible interactuar entre las páginas y los documentos
de la Web; las páginas de la Web son programadas en HTML, PHP y
CSS – en su mayoría.
El HTML es el lenguaje de marcado, y el PHP es el lenguaje
de programación y el CSS son las hojas de estilos, ambos son software
libre y convergentes pues interactúan muy bien entre sí; una vez
creadas las páginas web estas son hospedadas en un servidor web (Web
Server).
El Web Server es responsable por recibir los pedidos de los clientes
(generalmente un navegador) y la respuesta puede ser la página del sitio
solicitado. Para la instalación de AtoM es recomendado usar un servidor
Apache, que es un software libre e interoperable con otras herramientas
necesarias para la instalación de AtoM.
Este pedido, mencionado anteriormente, se realiza a través de
un protocolo de Transferencia de Hipertexto (HTTP) que es el protocolo
de comunicación responsable de trasmitir informaciones entre máquinas
en la Web. El HTTP es un mediador de comunicación en la web: cuando
un usuario quiere entrar en un sitio escribe la dirección del sitio en el
navegador – que es un tipo de cliente; ese cliente solicita al servidor – que
en ese caso es el que hospeda el sitio deseado- y el servidor responde a las
informaciones solicitadas. O sea, el HTTP es un protocolo de pregunta-
respuesta entre cliente-servidor.
El Personal Home Page: Hypertext Preprocessor (PHP) es un
código de programación, también software libre. El PHP es un lenguaje de
programación de software aunque es más usado en la creación de páginas
Web. AtoM fue programado en PHP; el motivo para escoger PHP es porque
este lenguaje es interoperable con diversas bases de datos y protocolos. Por
ejemplo, PHP soporta el protocolo HTTP en la base de datos de MySQL
entre otras bases y protocolos.
119
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Un Database Server, o base de datos, es un ambiente en el cual los
datos y las informaciones son depositados; esta base sirve para almacenar de
forma previamente organizada y programada todas las informaciones. Para
optimizar el uso de las bases de datos existe un Sistema de Gestión de Bases
de Datos (SGDB). El SGBD es un software que posibilita la administración
de bases de datos, para consulta, actualización, agrupamiento, entre otras
cuestiones. Actualmente, existen varios SGBD pero el más usado es MySQL
y, nuevamente, uno de los motivos es su capacidad de interoperabilidad.
MySQL soporta cualquier plataforma como Windows, Mac SO X e Linux.
Con el tiempo MySQL alcanzó la estabilidad y el buen
desempeño sin exigir muchos recursos de hardware. Usa la interfaz
gráca Lenguaje de Consulta Estructurada (SQL), presente en bases de
datos relacionadas: SQL fue creado basado con el álgebra relacional y por
eso es usado para la creación de las relaciones entre las entidades y los
atributos. De esta manera, para la instalación de AtoM es aconsejable el
uso de MySQL porque es interoperable con PHP y tiene fácil hospedaje
en la Web.
En este momento, se hace necesario aclarar una posible confusión
asociado con Qubit; al tratarse de bit cuántico, Qubit se reere a la menor
unidad de información cuántica. Los números binarios son usados en todo
los lenguajes computacionales. Un bit (dos números binarios) es la menor
unidad de información pudiendo ser esta 0 o 1; pero el bit cuántico,
en línea general, es la comprensión del bit normal, pues pueden ser los
binarios o una sobre posición cuántica.
Mientras tanto, para la creación de AtoM, el grupo Artefactual
(quien desarrolló Acces to Memory en colaboración directa conel Consejo
Internacional de Archivos) creó Qubit que es un conjunto de herramientas
para gerencial informaciones genéricas; este puede ser usado para diversas
aplicaciones en la Web; aunque Qubit ha sido desarrollado para archivos y
bibliotecas, este puede ser modicado para otros usos.
Asimismo, AtoM fue desarrollado sobre el software Qubit que
es una herramienta de framework Symfony
83
. El Symfony, también, es un
83
Framework es un conjunto de conceptos usados para auxiliar la programación, en ellos están contenidos los
120
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
software libre dirigido a lograr más estabilidad en las aplicaciones Web; se
basa en el sistema pregunta-respuesta e, igualmente, cuenta con fórum de
discusiones con muchos colaboradores.
Para la instalación de AtoM es recomendable el uso,
preferentemente, de software libre, desde el sistema operativo hasta la base
de datos. Al nal, las tecnologías con licencia de software libre cada vez más
son las preferidas de los desarrolladores Web, porque tienen una realidad
de mejora continua.
Además, hay que considerar la cuestión de la preservación digital,
el software libre para estos nes es muy recomendable. Pues una vez que el
código es abierto (y todas las herramientas y tecnologías para el desarrollo
sean software libre) existen innumerables posibilidades para solucionar el
problema de obsolescencia de software y obsolescencia de tecnología.
Se resalta, asimismo, que el uso de tecnologías convergentes
posibilita la integración con otros sistemas también interoperables. O
sea, es posible integrar sistemas de naturalezas diferentes que utilicen
software convergente; facilitando así el intercambio de informaciones y la
integración de bases de datos y sistemas de instituciones diversas.
6 consIderacIones fInales
En la posmodernidad, la ruptura con los soportes tradicionales de
información proporcionó un nuevo diseño de información, transformando
los procesos de concepción, organización, almacenamiento, preservación,
representación y utilización de la información creando formas híper-textuales
que inauguran nuevas concepciones en un rediseño (representación) de la
cultura informacional.
El creciente desarrollo de las tecnologías y su impacto en las instituciones
de información promovieron un replanteamiento en las concepciones teóricas
y prácticas de la representación archivística e intervinieron, denitivamente, en
la decisión nal de regular la normalización de este proceso.
modelos de aplicación de un lenguaje de programación especíco. En el caso de AtoM combinado con Qubit
fue usado Symfony, que es un framework basado en código PHP.
121
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Las nuevas formas de representación de la información resultaron
en estructuras sistémicas convergentes y complejas que cambiaron los
hábitos de mirar la presentación de la información.
Las normas nacionales e internacionales publicadas regulan el
proceso de representación de las entidades archivísticas (documentos,
productores, funciones, instituciones de custodia, materias) y facilitan la
interoperabilidad, comunicación y reutilización de datos entre los sistemas
de representación de instituciones de información.
El Diseño de la Información, parte de un sistema complejo en el
que se incluyen AtoM, que es un instrumento poderoso en la organización
de lenguajes de visualización direccionado a la mejora de condiciones para la
cognición en contextos de apertura y socialización de la información.
En la actualidad, los sistemas de información archivística son
considerados complejos y convergentes pues el todo organizado siempre
será mayor que la suma de todas las partes que lo componen. La linealidad
es un concepto ausente de los nuevos sistemas emergentes. En la gura
siguiente se muestran, grácamente, las convergencias y complejidades de
algunas de las partes presentes en la representación, el acceso y la difusión
de información archivística.
Figura 1 - Complejidad y Convergencias en el Proceso de Representación
y Acceso a la Información Archivística.
Fuente: elaboración propia.
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Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
En los tiempos pos-modernos, la representación tiene que ser
analizada y efectuada como un proceso complejo donde convergen normas,
software, entidades y atributos de información, tecnologías diversas, objetos
digitales, teorías y paradigmas, sistemas de información. Sin embargo todas
estas partes no pueden ser consideradas igual a (=) un sistema integrado
de información institucional pues el resultado es mucho mayor; a partir
de estas partes se obtienen conocimientos, habilidades, culturas que son
usadas por usuarios en su benecio propio y para la construcción de una
sociedad democratizada informacionalmente.
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125
caPítulo 5
comPlexIdade e convergêncIas: um olhar
sobre os modelos conceItuaIs de descrIção
arquIvístIca
Laís Barbudo Carrasco
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón
Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti
1 Introdução
Em um mundo globalizado, complexo e inovador é praticamente
impossível tratar de qualquer assunto sem olhar o todo. A complexidade
é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações,
determinações, acasos, que constituem nosso mundo fenomênico. Dessa
forma, para que ocorra a complexidade, temos que fazer acontecer a elimi-
nação da simplicidade, isto é, da linearidade.
É importante levarmos em consideração que da complexidade
emerge acesso à informação, uso e re-uso da informação, mudanças cultu-
rais, sociotécnicas, entre outros. Há a consolidação do documento eletrô-
nico nas interfaces computacionais, dessa forma, há o rompimento com o
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p125-150
126
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
tradicional suporte documental e com o desenho (design) da informação
praticado durante séculos. Segundo Jorente (2014), a convergência no di-
gital se dá por meio de duas camadas, isto é, na primeira camada estão os
textos, imagens, vídeos e as imagens, já na segunda camada estão os códi-
gos de representação/computação. Assim, presenciamos a transformação
dos processos técnicos e criativos de concepção, conguração, armazena-
mento, utilização e preservação da informação. Além disso, presenciamos a
convergência das informações através das estruturas sistêmicas complexas,
como as ontologias, por exemplo; novas formas representacionais, como
os modelos conceituais e os metadados; e as novas formas de apresentação
da informação, como os sistemas de gestão da informação/interfaces tec-
nológicas
O documento de arquivo é repetidamente exposto para uma re-
leitura da história, isto é, o arquivo é visto como evidência das transações
e atos de agentes e organizações/instituições em determinados contextos.
Em contrapartida, as tecnologias expressas através dos suportes, ubiqui-
dade, simultaneidade, simulação/representação, hipertextualidade (links/
caminhos), recontextualidade são os cenários que manifestam a complexi-
dade e a convergência das informações nestes contextos.
Para os arquivistas, o terceiro paradigma da Ciência da Informa-
ção é o paradigma Pós-custodial, onde ocorre a contextualização e intera-
tividade da representação e da própria informação, visto que as possibili-
dades tecnoculturais do indivíduo podem alterar o conteúdo e o contexto
(RIBEIRO, 2010).
A complexidade está expressa na Ciência da Informação através
da estrutura de informação em rede. Neste sentido, a ligação é o princí-
pio organizador da complexidade e o acesso está na reprodutibilidade da
informação. Os modelos conceituais arquivísticos entram em cena com o
intuito de melhorar a representação da informação arquivística, ou seja,
a representação das entidades arquivísticas, o acesso e a recuperação da
informação através das estruturas e formulações semânticas oferecidas por
tais modelos.
127
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Diante do exposto, o objetivo deste capítulo é descrever e analisar
conceitos e modelos conceituais de representação da informação arquivís-
tica, revisitando as normas de representação da informação (internacional,
nacional e regional) a partir de um levantamento bibliográco e revisão
de literatura da área da Ciência da Informação, ou seja, da representação
da informação nos contextos do paradigma pós-custodial da Ciência da
Informação, assim como nos novos cânones publicados para a represen-
tação da informação no âmbito da Arquivologia. Iniciaremos a discussão
com a conceituação da descrição arquivística. Em seguida, introduziremos
o conceito de modelos conceituais e, por m, descreveremos os modelos
conceituais arquivísticos nlandês, australiano e espanhol presentes nos
sistemas atuais de informação.
2 descrIção arquIvístIca
Apesar da importância da descrição para os arquivos, por muito
tempo esta atividade foi realizada sem se ter concebido seus fundamentos
teóricos. No entanto, na atualidade muitos prossionais da informação
associam a descrição com listas de referência, inventários, guias, índices e
catálogos ignorando os princípios que regem a aplicação desses instrumen-
tos. Além disso, o termo descrição é por vezes conhecido como a operação
que facilita o acesso aos documentos e não a outras entidades de informa-
ção. Por conseguinte, é necessário analisar os aspectos teóricos que denem
o conceito de descrição arquivística.
Desde a segunda metade dos anos 80 do século passado é pos-
sível notar uma mudança no conceito de descrição. Vários autores e or-
ganizações ligados a vários projetos de elaboração de normas apresentam
denições que têm colocado mais ênfase na atividade (a representação dos
fundos dos arquivos) do que no resultado nal (os instrumentos de descri-
ção, busca, consulta, pesquisa).
O Bureau Canadien des Archivistes foi uma das primeiras orga-
nizações que começou a redenir esse conceito. Em 1986, ele deniu a
descrição como “la representación más exacta y más concisa posible de
128
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
cualquier unidad archivística, elaborada siempre bajo el principio de ori-
gen y procedencia” (BONAL ZAZO, 2000, p. 159).
Outra denição observada nessa mudança foi a proposta por Mi-
chael Cook e Margaret Procter na segunda edição do Manual of Archival
Description, no qual considerou-se que a descrição não é mais que a repre-
sentação dos documentos utilizando descritores e, esta representação, na
prática, se materializa nos sistemas ou instrumentos de busca (COOK;
PROCTER, 1989).
In Information eory, these descriptive substitutes are known
collectively as the Representation le or les. In real life, representation
les in an archival repository are components of a complex nding aid
system, in which the individual nding aids take the form of catalogues,
lists, inventories, calendars or guides (COOK; PROCTER, 1989, p.
6).
A partir dessas propostas e de outros estudos relacionados com
a normalização, o Conselho Internacional de Arquivos (CIA), responsá-
vel pela normalização internacional da descrição, delimitou a denição de
descrição como:
La creación de una representación exacta de una unidad de descripción y
de las partes que la componen, en caso de haberlas, por el procedimiento
de captación, cotejo, análisis y organización de cualquier información
que sirva para identicar la documentación y explicar el contexto que
la produjo (CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS,
1993, p. 13).
O CIA na segunda versão da ISAD (G) estabelece que a descrição é:
La elaboración de una representación de la unidad de descripción y, en
su caso, de las partes que la componen mediante la recopilación, análi-
sis, organización y registro de la información que sirve para identicar,
gestionar, localizar y explicar los documentos de archivo, así como su
contexto y el sistema que los ha producido. El término también sirve
para describir los resultados de este proceso (CONSELHO INTER-
NACIONAL DE ARQUIVOS, 2000, p. 16).
129
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Como pode ser visto, as denições propostas pelo CIA, nas duas
versões de ISAD (G), são muito semelhantes uma a outra. A segunda edi-
ção enfatiza a importância de fornecer informações sobre o meio que os
documentos são criados e, portanto, o seu produtor. Além disso, como
nota explicativa, especica que é possível obter vários instrumentos de
consulta como resultado da atividade. Na primeira edição não se faz men-
ção destes instrumentos, no entanto, nesta edição, pensou-se adequado
fazer referência a eles como um dos possíveis resultados do processo, mas
sem acrescentar mais conotação.
O CIA apresentou uma proposta com maior alcance e explícita
de descrição arquivística. O ISAD (G) é focado mais na atividade e expres-
sa que o importante é representar as informações contidas em todas as uni-
dades de descrição; ou seja, não a limita apenas a unidades documentais ou
a itens. Esta nova abordagem da descrição, com base na representação de
conteúdo e contextos com a nalidade de obter várias saídas, se congura
como uma extensão do objeto da descrição.
A principal atividade da descrição é representar, por meio de in-
formações padronizadas, diversas entidades de descrição a m de gerenciar,
localizar, acessar e utilizar a informação arquivística. O centro não é o
resultado da descrição, o que mostra que a descrição arquivística e instru-
mentos de descrição não são, necessariamente, conceitos inter-relaciona-
dos. Isto é, a descrição é denida sem os instrumentos, mas os instrumen-
tos não podem ser entendidos sem a descrição, em outras palavras, é uma
relação de uma só direção.
O paradigma pós-moderno contemporâneo dene a descrição ar-
quivística como representação. Como um conceito, a representação é am-
plamente utilizada e isso signica uma nova apresentação, re-presentação
de algo. Modelos de descrição de todos os setores do patrimônio cultural
possuem diferentes tipos de representações dos recursos de informação.
O seu objetivo comum é oferecer acesso a recursos de informação que
eles preservam. Quando a descrição arquivística é denida como repre-
sentação, a descrição não é entendida apenas como uma entrada neutra
130
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
de fatos objetivos que descrevem os recursos de informação. Ao invés dis-
so, a descrição arquivística é reconhecida como uma interpretação, que é
sempre produzida a partir de um determinado ponto de vista do mundo.
Como uma representação, a descrição é entendida como um contínuo no
tempo, um processo que é continuamente complementado por agentes
que produzem e gerenciam os recursos de informação, por prossionais
que são responsáveis pelos sistemas de gestão,bem como pelos usuários dos
recursos de informação (ARKISTOLAITOS, 2013).
É importante ressaltarmos que, segundo a CNEDA (2012), em
um sistema de descrição arquivística podem existir diferentes tipos de re-
presentacionais:
• Descrições de documentos de arquivo;
• Descrições dos agentes;
• Descrições de funções e suas divisões;
• Descrições das normas, que constituem representações das normas;
• Descrições de conceitos, objetos e acontecimentos; e
• Descrições de lugares.
O modelo conceitual é o mais alto nível de abstração no sistema
de representação. Ele representa a própria descrição arquivística em si, con-
siderando que um sistema de representação modela e conceitua os recursos
de informação. Na descrição arquivística, o foco da representação tem sido
sempre na ligação do recurso de informação com o seu contexto. Tradicio-
nalmente, a proveniência arquivística é entendida como uma relação unidi-
mensional, do criador do registro para uma entidade arquivística. Quando
a proveniência arquivística de materiais analógicos é mantida, a estrutura
do material, seus limites físicos e sua ordem interna sempre é signicativa.
Descrição de arquivo tem sido uma representação desta estrutura física. No
ambiente digital, a proveniência é, ao invés disso, entendida como uma en-
tidade conceitual e como uma rede multilateral e contextual das relações.
131
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Proveniência é a relação entre o recurso de informação e as funções que ele
documenta, bem como a relação entre o recurso de informação e todos os
agentes em diferentes papéis, que participam na produção, gestão e uso do
recurso de informações em diferentes estágios de seu ciclo de vida. Depen-
dendo das características do recurso de informação, o contexto das atividades
ou o contexto dos agentes podem ser representados como uma proveniência
primária na descrição (ZHANG, 2012; ARKISTOLAITOS, 2013).
Padilha, Baião e Revoredo (2012, p. 8) dene os modelos con-
ceituais como “artefatos produzidos com o objetivo de representar uma
porção da realidade segundo uma determinada conceituação”.
Um conceito é uma rede de padrões de inferências, associações e rela-
cionamentos que são predicados ou ditos de outra forma trazidos em
cena através do ato da categorização [...] a cristalização ou formalização
do pensamento inferencial, nascida da percepção sensorial, condicio-
nada pela operação do cérebro humano e delineada pela experiência
humana. Ela repousa na fundamentação de todo pensamento, mas ela
é pragmática e instrumental. É permanente e efêmera. Permanente,
porque sem ela, a cognição é impossível; efêmera porque ela pode ser
rejeitada quando sua utilidade é esgotada (SHERA, 1957 apud ALVA-
RENGA, 2001, p. 33).
Teixeira (2009) apud Altounian (2013) arma que o processo
de conceitualização diz respeito à criação de um modelo conceitual,
quando o modelador faz abstrações ao tentar representar a parte da
realidade que lhe interessa. Ao criar modelos é preciso privilegiar as
características mais importantes, que podem variar de um grupo para
outro. Assim, podem existir diferentes modelos para representar a mes-
ma realidade. Em suma, modelos conceituais são artefatos produzidos
com o objetivo de representar uma determinada porção da realidade
segundo uma determinada conceituação.
3 modelo conceItual de descrIção arquIvístIca
A descrição arquivística nos tempos do paradigma pós-custo-
dial deve consolidar suas bases teóricas a partir de modelos conceituais.
132
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Mas o que é um modelo conceitual? “Un modelo conceptual es una
técnica formal para la representación entre los principales conceptos y
relaciones en un ámbito dado del conocimiento.” (GUEGUEN et al.,
2013, p. 9).
De acordo com a Comisión de Normas Españolas de Des-
cripción Archivística (CNEDA), um modelo conceitual de descrição
arquivística é:
La representación de la realidad a un alto nivel de abstracción en el
que quedan descritos los tipos de entidad archivísticos, sus relaciones
y atributos” (Comisión de Normas Españolas de Descripción Archivística,
2012, p. 19). A su vez, una entidad, según esta comisión, es “cualquier
objeto real o abstracto que existe, ha existido o puede llegar a existir
(CNEDA, 2012, p. 18).
Em suma, um modelo conceitual de descrição arquivística é uma
modelagem de dados que devem especicar os tipos de entidades a descre-
ver, as relações entre as entidades e seus atributos. Os modelos conceituais
de descrição arquivística são baseados no modelo entidade-relacionamento
(E-R), que surgiu a partir do desenvolvimento das tecnologias de bases de
dados e criado por Peter P. Chen em 1976.
No nal de 2012, o Conselho Internacional de Arquivos (CIA)
criou o Grupo de Especialistas em Descrição Arquivística (EGAD) e en-
comendou um modelo conceitual de descrição arquivística baseado nos
quatro padrões do ICA (ISAD, ISAAR, ISDF, ISDIAH). A modelagem
conceitual é uma técnica formal para representar os principais conceitos e
relacionamentos em uma determinada área do conhecimento. O EGAD
está desenvolvendo um modelo conceitual de dados para descrição arqui-
vística que identique e dena os elementos essenciais da descrição arqui-
vística e suas inter-relações, a m de promover a compreensão internacio-
nal comum, facilitar o desenvolvimento da próxima geração de sistemas de
arquivos, uma maior colaboração regional, nacional e internacional, como
também a colaboração com as comunidades aliadas do patrimônio cultural
– Bibliotecas e Museus. Em 2016, o modelo conceitual arquivístico nal
será publicado como um documento formal, incluindo texto e diagramas,
133
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
bem como a representação formal em OWL (Web Ontology Language).
(GEGUEN, 2013; BOLÍVAR, 2014)
Para uma ampla aceitação, segundo Pitti et al. (2014), o modelo
conceitual arquivístico deve atender as necessidades prossionais, reetir
os princípios fundamentais subjacentes à descrição arquivística e responder
aos desaos que enfrenta atualmente a prossão. Os quatro padrões do
CIA existentes para descrição arquivística possuem certas limitações:
• Os princípios e conceitos da Arquivologia não são sempre bem
denidos sendo, portanto, difícil de denir entidades arquivísticas
e de criar relações entre elas;
• É complicado acomodar as tradições nacionais;
• Eles não suportam todo o potencial das tecnologias de comunica-
ção atuais e emergentes;
• Por sua vez, se faz com que seja difícil trabalhar cooperativamente
dentro da comunidade arquivística ou com as comunidades alia-
das.
É importante mencionarmos que os padrões do CIA têm feito
parte deste movimento dinâmico na tentativa de diferenciar os componen-
tes de descrição arquivística (documentos de arquivo, agentes e funções).
No entanto, as normas são limitadas em sua capacidade de expressar toda
a gama e complexidade da compreensão arquivística, ou seja, dos registros,
seu contexto, as relações entre os registros e seu contexto, bem como entre
os próprios registros (GEGUEN, 2013; PITTI et al., 2014; BOLÍVAR,
2014).
Proteger a natureza orgânica dos registros, preservar o contexto
original da sua criação e utilização, bem como a sua história, a m de
que eles possam ser entendidos, são responsabilidades que distinguem os
arquivistas de outros prossionais da informação. Neste contexto, a comu-
nidade arquivística deve desenvolver um modelo conceitual que aborde
os princípios e as necessidades dos arquivistas, reita os princípios bási-
cos subjacentes à descrição arquivística e responda aos atuais desaos da
134
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
prossão. Os materiais de arquivo não nascem como materiais culturais,
mas sim como um resultado do desenvolvimento das tarefas realizadas por
indivíduos, famílias ou instituições. A sequência/sucessão dos documentos
de arquivo gerados por um produtor proporcionam informação das ativi-
dades realizadas, reetem o contexto em que foram criados e apresentam
conexões entre eles. A proteção destas características próprias do documen-
to de arquivo é o trabalho do arquivista (GEGUEN, 2013; PITTI; et al.,
2014; BOLÍVAR, 2014).
e archival conceptual model encompasses the records as such, as well
as a description of the context of their origin and enduring existence.
Records in Context necessarily places records in a vast network of the
people (individuals and groups) that created, used, and managed and
continue to manage them, of other records related in a host of dierent
ways, of business and work activities documented in them, and of
rules that govern these activities. Further, by embodying an accurate
articulation of context, Records in Context promotes interrelating
archival records with other cultural heritage resources, discovering
and expressing new connections within and without the records,
and making archival descriptive data available to be used in ways not
envisioned by the creators of that data (PITTI et al., 2014, p. 5).
Os sistemas digitais e as ferramentas para gerenciar e descrever
registros e arquivos apoiam a adoção de visualizações mais dinâmicas. Da
mesma forma, as tecnologias de comunicação emergentes fornecem aos
arquivistas os meios para expressar a descrição arquivística em uma rede
de dados inter-relacionados mais semanticamente precisa e logicamente
estruturada, que possam ser computacionalmente exploradas. O modelo
conceitual arquivístico irá, dessa forma:
• Identicar e denir os componentes essenciais de descrição arqui-
vística e suas inter-relações;
• Promover uma compreensão compartilhada da descrição arquivís-
tica;
• Posicionar a comunidade arquivística para aproveitar ao máximo
as oportunidades proporcionadas pelas tecnologias de comunica-
ção atuais e emergentes;
135
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
• Facilitar o trabalho cooperativo dentro da comunidade arquivísti-
ca, bem como com as comunidades aliadas do patrimônio cultural
e usuários acadêmicos e não-acadêmicos, em uma busca compar-
tilhada para proporcionar maior acesso e compreensão do registro
humano; e
• Respeitar os princípios tradicionais da descrição arquivística, bem
como abrir caminho para novos entendimentos (GEGUEN, 2013;
PITTI et al., 2014; BOLÍVAR, 2014).
4 o modelo conceItual fInlandês
O objetivo do Modelo Conceitual Finlandês para Descrição Ar-
quivística é harmonizar a descrição dos diferentes tipos de material de
arquivo: registros e outros tipos de material de arquivo; material de ar-
quivo tradicional e digital e descrição; e, material de arquivo digital em
diferentes fases do ciclo de vida dos documentos. Os dados e metadados
são fornecidos como Linked Open Data (LOD) que permite aos usuá-
rios criar diversos serviços, e, é importante enfatizar, que os usuários são
vistos como participantes ativos na descrição arquivística. É importante
ressaltarmos que a base teórica do modelo conceitual está na noção de
proveniência paralela. A proveniência não é um relacionamento um-pa-
ra-um entre o material e a organização que o criou ou tem a guarda
sobre ele. Em vez disso, a proveniência é vista como uma relação mais
complexa, por um lado entre material de arquivo e as funções que ele
documenta, por outro lado, entre o material e o agente que participou da
sua criação. Aqui é levado em conta o papel da instituição de depósito e
o papel dos usuários em diferentes fases do ciclo de vida dos documentos
na formação dos arquivos (KILKKI; OUTI; PEKKA, 2012; ARKISTO-
LAITOS, 2013).
A descrição arquivística nlandesa é denida como uma abor-
dagem conceitual voltada para o material, independentemente da sua
forma e tipo, fase do ciclo de vida e instituição de custódia. A descrição
se baseia em um modelo conceitual que descreve as principais entidades
de descrição arquivística e suas respectivas relações. Ela separa a descri-
136
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
ção do material da descrição do seu contexto (compara com a descrição
do material de patrimônio cultural), bem como separa a descrição de
contexto da descrição de conteúdo compara com a descrição do mate-
rial bibliográco) (KILKKI; OUTI; PEKKA, 2012; ARKISTOLAITOS,
2013).
e conceptual model connects dierent metadata models for the
description of archival material in dierent phases of its life-cycle, and
for bibliographic and museum materials. It takes into account the ICA
standards ISAD(G), ISAAR, ISDF, as well as the ISO (SFS) standards
23081 and 15489. e national specications and guidelines used
are Sähke2 and JHS 143 which concentrate on electronic material.
Of them, the JHS 143 has close connections to the British eGMS
and Australian RKMS standards. ere are also links to the standards
concerning material or bibliographic cultural heritage, Cidoc CRM
and FRBR (KILKKI; OUTI; PEKKA, 2012, p. 6).
Como a descrição arquivística é denida como um modelo con-
ceitual, o material pode ser descrito de acordo com diversos modelos de
metadados, o que torna o modelo exível e ajustável às necessidades de
diferentes materiais e organizações arquivísticas. As denições das prin-
cipais entidades vão, no entanto, permitir a harmonização de modelos
de metadados e práticas de descrição em diferentes organizações arqui-
vísticas. Neste sentido, o modelo conceitual nlandês para descrição ar-
quivística difere dos modelos internacionais, uma vez que ele modela a
descrição arquivística e não o material de arquivo. Nas normas arquivís-
ticas internacionais, o material de arquivo é visto principalmente como
registro, que modela a sua representação na descrição. No modelo con-
ceitual nlandês, a descrição arquivística é, em contrapartida, percebida
a partir de um ponto de vista que inclui a proveniência como uma parte
essencial da descrição. O modelo conceitual não dene a forma docu-
mental do recurso de informação que está sendo descrito ou em que
ponto do seu ciclo de vida a descrição ocorre. No modelo conceitual
nlandês, a descrição arquivística é vista como representação das relações
multilaterais entre as entidades de recursos de informação e entidades de
contexto, bem como a representação das alterações espaciais e tempo-
rais que ocorrem ou ocorreram nesses relacionamentos. A função mais
137
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
importante do modelo conceitual é reconhecer e descrever as entidades-
-chave de contexto na descrição arquivística, bem como as relações entre
as entidades de contexto com alto nível de abstração (KILKKI; OUTI;
PEKKA, 2012; ARKISTOLAITOS, 2013).
e Finnish conceptual model of archival description is based on the
analysis of international and national standards. e main standards
used are ICA standards ISAD(G), ISAAR(CPF) and ISDF as well
as ISO 23081:2 Metadata for Records: Part 2. Conceptual and
implementation issues (2007). e core entities of the conceptual
model are Function, Agent and Information Resource. ese are
included in the ICA standards and the ISO 23081-2 standard,
named slightly dierently, however. In addition, the conceptual
model of ISO 23081-2 includes entities Recordkeeping Business
and Mandate, which have also been included in the Finnish
conceptual model. Recordkeeping Business is named as LifeCycle
Event. e other entities Place, Temporal Event and Subject have
been included in the conceptual model, because they are included
in the conceptual model Functional Requirements for Bibliographic
Records (FRBR 2008) which RDA is based on, and the standard ISO
21127 A Reference ontology for the interchange of cultural heritage
information (CIDOC CRM 2006). (ARKISTOLAITOS, 2013, p.
12-13).
As entidades Agent, Place, Temporal Event e Subject também estão
incluídas nos modelos conceituais de descrição em outros setores do patri-
mônio cultural. Portanto, essas entidades fazem parte do núcleo, onde o
desenvolvimento da consistência semântica da descrição arquivística com
outros setores do patrimônio cultural vai melhorar a disponibilidade e a
usabilidade do material de arquivo. No modelo conceitual de descrição
arquivística, Agent representa os organizações/instituições, as famílias e
as pessoas que têm uma relação contextual com o recurso de informação
que está sendo descrito. De um ponto de vista prático, Place e Temporal
Event compreendem os metadados de descrição de conteúdo do recurso
de informação, como é o caso no modelo FRBR da IFLA. No entanto, no
modelo conceitual da descrição arquivística eles representam a realidade
histórica em que os agentes levaram a cabo as suas atividades. A tercei-
ra entidade de descrição de conteúdo, Subject, representa qualquer tópico
138
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
(conceitual ou físico), que o recurso contenha informações sobre ele, mas
não tem nenhuma relação contextual com o recurso de informações. Estas
três entidades são também reconhecidas internacionalmente como entida-
des fundamentais na descrição do conteúdo de arquivo (KILKKI; OUTI;
PEKKA, 2012; ARKISTOLAITOS, 2013).
Tabela 1 - Entidades e Relacionamentos das entidades do modelo concei-
tual nlandês.
Entities
A1 Subject
A2 Temporal Event
A3 Lifecycle Event
A4 Expression
A5 Mandate
A6 Past Lifecycle Event
A7 Place
A8 Planned Lifecycle Event
A9 Function
A10 Agent
A12 Manifestation
A13 Item
A14 Information Resource
Relationships of entities
S1: A5 Mandate – denes – A10 Agent
S2: A5 Mandate – guides – A9 Function
S3: A10 Agent – is responsible – A9 Function
S4: A10 Agent – has relationship – A10 Agent
S5: A10 Agent – is – A7 Place
S6: A10 Agent – is involved – A3 Lifecycle Event
S7: A9 Function – is documented – A14 Information Resource
S8: A14 Information Resource – has relationship – A14 Information Resource
S10: A4 Expression – is about – A1 Subject
S11: A10 Agent – is involved – A2 Temporal Event
S12: A7 Place – is located – A2 Temporal Event
S14: A10 Agent – has relationship – A4 Information Resource
S15: A3 Lifecycle Event – is targeted – A14 Information Resource
S16: A9 Function – has relationship – A9 Function
Fonte: ARKISTOLAITOS, 2013.
A entidade Information Resource está incluída no modelo con-
ceitual de descrição em todos os setores do patrimônio cultural. No
modelo conceitual de descrição arquivística, Information Resource é re-
presentado através das entidades Expression, Manifestation e Item, de
139
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
forma consistente ao modelo FRBR. Expression representa a descrição
do recurso de informação como um conteúdo conceitual, Manifesta-
tion como uma estrutura ou aparência da Expression e Item como uma
entidade física ou outro tipo de entidade de que possa ser percebida.
Tradicionalmente, material de arquivo tem sido percebido como úni-
co: existente apenas em uma forma física de cada vez. No entanto, a
distinção conceitual feita na descrição bibliográca tornar-se-á indis-
pensável, também, na descrição arquivística, já que haverá várias cópias
digitais do mesmo material, com necessidade de contínua conversão
e atualização, em diversas organizações/instituições (KILKKI; OUTI;
PEKKA, 2012; ARKISTOLAITOS, 2013).
As entidades Function, Lifecycle Event e Mandate, por sua vez,
não estão incluídas nos modelos conceituais de outros setores do patri-
mônio cultural e elas são as entidades essencialmente de arquivo. Func-
tion representa aquelas atividades que os recursos de informação docu-
mentam. Mandate representa os regulamentos e políticas que autorizam
as funções dos agentes. Lifecycle Event representam as ações da gestão de
documentos de arquivo (recordkeeping) que foram planejadas (Planned
Event) ou que tenham sido realizadas de forma controlada (Past Event)
em diferentes fases do ciclo de vida dos recursos de informação. Estas
entidades representam a descrição dos registros e apontam que as di-
ferenças entre a descrição arquivística e descrição dos outros setores do
patrimônio cultural estão, essencialmente, ligadas nas representações de
registros. Representação de outros tipos de material de arquivo pode,
na prática, ser muito consistente com os modelos de descrição de ou-
tros setores do patrimônio cultural. (KILKKI; OUTI; PEKKA, 2012;
ARKISTOLAITOS, 2013).
6 o modelo conceItual australIano
O modelo australiano (Australian Government Recordkeeping
Metadata Standard - AGRkMS) permite a descrição de cinco entidades
envolvidas na gestão de documentos de arquivos (recordkeeping): Record,
Agent, Business, Mandate e Relationship. Entidades são descritas pelas pro-
140
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
priedades. É importante ressaltarmos que o modelo possui 26 proprie-
dades, das quais oito são obrigatórias para implementações de entidades
múltiplas. Além disso, 12 propriedades são condicionais, e outras seis são
opcionais. Muitas das propriedades compreendem um número de sub-
-propriedades, algumas obrigatórias, algumas condicionais e algumas op-
cionais. Neste sentido, há um total de 44 sub-propriedades (AGRKMS,
2008; AGRKMS, 2011).
É importante ressaltarmos que o AGRKMS foi projetado para
descrever não só registros, mas também outras entidades (agents, business
and mandates) que fornecem o contexto necessário para os registros, bem
como as relações entre eles. A adoção desta norma permitirá à administra-
ção o acesso e a compreensão dos registros que documentam os negócios
de uma agência/governo ao longo do tempo. Esta norma descreve os mí-
nimos metadados necessários para garantir que os registros permaneçam
acessíveis e utilizáveis ao longo do tempo. Ele também descreve alguns
dos metadados necessários para gerenciar a preservação de registros digi-
tais referentes às necessidades de negócios das agências/governos ou quan-
do esses registros são mantidos em um arquivo digital (AGRKMS, 2008;
AGRKMS, 2011).
De acordo com o AGRKMS (2008, p. 11), um componente cen-
tral da abordagem de entidades múltiplas desta norma é o uso da entidade-
-relacionamento para descrever eventos. A entidade-relacionamento:
• Liga duas ou mais instâncias de entidades relacionadas (por exem-
plo, uma série de registros identicados como ‘A3525’, e pertence
a uma organização chamada “IP Australia “, com uma organização
chamada’ National Archives of Australia ‘); e
• Fornece informações sobre o evento ou ação em que essas instâncias da
entidade foram relacionadas (no exemplo acima, “pertence” e “transfere”).
Em implementações de entidades múltiplas as propriedades obri-
gatórias devem ser aplicadas a todas as entidades relevantes para assegurar
141
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
que as descrições sejam completas, precisas, conáveis e utilizáveis. Dessa
forma, cinco diferentes entidades, conforme detalhado na Tabela 2, podem
ser descritas utilizando um conjunto de metadados (AGRKMS, 2008;
AGRKMS, 2011).
Tabela 2 - As cinco entidades do modelo conceitual australiano
Fonte: AGRKMS, 2008, p. 13.
A abordagem de entidades múltiplas da norma permite que crie-
mos uma descrição de metadados para uma entidade (por exemplo, Agent)
apenas uma vez e reutilizar a descrição várias vezes, sempre que ela estiver
relacionada a uma outra entidade (por exemplo, Record). A descrição de
metadados para a entidade pode então ser reutilizada cada vez que a en-
tidade que ela representa estiver envolvida em outra ação ou evento da
gestão de documentos de arquivo (recordkeeping). Nesta abordagem, a en-
tidade de relação (Relationship) é a cola que permite que as duas entida-
des (por exemplo, Agent e Record) sejam relacionadas (AGRKMS, 2008;
AGRKMS, 2011).
142
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Figura 1 - Relacionamentos entre as entidades do modelo conceitual aus-
traliano
Fonte: AGRKMS, 2011, p. 8
A gura 1 mostra como as cinco entidades podem ser relacionadas
no modelo AGRKMS. A entidade Relationship é a entidade chave. Qualquer
entidade pode ser relacionada com qualquer outra entidade através da enti-
dade Relationship. As linhas pontilhadas indicam as ligações, via Relationship,
entre as diferentes entidades do modelo. Neste sentido, instâncias da mesma
entidade também podem ser relacionadas. Tenhamos como exemplo onde
os documentos (Records) estão relacionados com outros arquivos ou pastas
(outros Records), ou onde as pessoas (Agents) estão relacionadas com orga-
nizações (outros Agents). Além disso, relações (Relantionships) podem, tam-
bém, estar relacionadas com outras relações (Relantionships), como mostrado
na gura 1. A autorização para um evento empresarial em particular, por
exemplo, pode ser mostrada ao relacionar uma relação ‘autoriza’ a um rela-
cionamento ‘evento especíco’. Este modelo de relacionamento permite que
os usuários incluam um alto nível de descrição contextual na gestão de do-
cumentos de arquivo (recordkeeping) (AGRKMS, 2008; AGRKMS, 2011).
143
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
7 o modelo conceItual esPanhol
Em 2012, a Comissão de Normas Espanholas de Descrição Arquivís-
tica (CNEDA) apresentou o Modelo Conceptual de Descripción Archivística
y Requisitos de Datos Básicos de las Descripciones de Documentos de Archivo,
Agentes y Funciones (MCDA). O modelo conceitual é baseado em seis tipos
de entidades. Estas entidades arquivísticas existem de forma independente
em um sistema de descrição arquivística, entretanto, é através do relacio-
namento estabelecido entre elas que o sistema é enriquecido, fornecendo
informações sobre os documentos de arquivo e sobre o contexto da sua
criação, organização e custodia. Sobre o modelo pode-se armar que:
• os documentos de arquivo, que constituem a entidade principal
dos sistemas de descrição arquivística;
• os agentes, cujas descrições explicam o contexto dos documentos
de arquivo (instituições, pessoas e famílias);
• as funções (atividades) realizadas pelos agentes do arquivo;
• as normas de qualquer tipo que regulam as entidades incluídas no
modelo;
• os lugares relacionados de uma maneira ou outra com os docu-
mentos de arquivo; e
• os materiais (coisas), denominados Conceito, Objeto ou Aconte-
cimento relacionados com os documentos de arquivo (CNEDA,
2012; BOLÍVAR, 2014).
A prioridade de desenvolver o modelo conceitual constitui um
claro reexo da transição que tem ocorrido nos últimos anos a partir de
uma descrição unidimensional de arquivo, focado quase que exclusiva-
mente nas representações dos registros/documentos de arquivo, outra mul-
tidimensional, que visa a criação e manutenção de descrições de diferentes
tipos de entidade (documentos de arquivo, agentes, funções, etc.) e suas
inter-relações. Neste sentido, o objetivo do modelo conceitual de descrição
arquivística espanhol é descrever:
144
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
• Os diferentes tipos de entidades de um sistema de descrição arqui-
vística;
• As relações que ocorrem entre eles;
• Os requisitos básicos de informação para as descrições das entida-
des; e
• As normas relativas a entrada e saída de dados (CNEDA, 2012;
BOLÍVAR, 2014).
Como é demonstrado na gura 2, o modelo espanhol possui seis
entidades principais: documento de arquivo; agente; função e suas divi-
sões; norma; conceito, objeto ou acontecimento; e lugar.
Figura 2 - Entidades do modelo conceitual espanhol
Fonte: CNEDA, 2012, p. 24
A entidade Documentos de Arquivo refere-se ao objeto tangível
da gestão documental, a qual constitui o centro de atenção da Arquivo-
logia. A entidade Agente refere-se aos agentes/atores responsáveis ou par-
ticipantes na criação, produção, gestão documental dos documentos de
arquivo. A entidade Função e Divisões refere-se às funções, atividades, pro-
cessos e ações realizadas pelos agentes, que estão registradas nos documen-
tos de arquivo. Já a entidade Norma refere-se às disposições, regulamentos
que regulam a existência dos agentes, das funções que eles realizam ou os
documentos de arquivo. A entidade Conceito, Objeto ou Acontecimento
refere-se às ideias ou noções abstratas, coisas materiais, eventos ou aconte-
cimentos de que tratam os documentos. Por m, a entidade Lugar refere-se
aos espaços determinados (de que tratam os documentos de arquivo, onde
outorgam os documentos de arquivo, etc) (CNEDA, 2012).
145
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
É importante ressaltarmos que as entidades agente, função e suas
divisões, e norma, são muitas vezes consideradas ‘tipos contextuais’ por-
que estes tipos de entidades habitualmente fornecem o contexto orgânico,
funcional e normativo da criação, produção, gestão, etc. dos documentos
de arquivo. No entanto, os agentes funções e divisões e norma podem,
também, estar ligados às entidades documentais de acordo com um tipo de
relacionamento diferente ao de ‘criação, produção, gestão, etc.’, ao de ‘tes-
temunho’ (origem funcional) ou ao de ‘regulação’, por exemplo, de acordo
com o tipo de relação de ‘materiais’ (coisas) (CNEDA, 2012).
Figura 3 - Tipos de entidade e subtipos de entidade identicados
no modelo conceitual espanhol
Fonte: CNEDA, 2012, p. 25.
146
Maria José Vicentini Jorente
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A gura 3 apresenta subtipos de entidades vinculadas às entida-
des principais, ou seja, diferentes subclasses de ‘objetos’:
• Dez subtipos do tipo de entidade de documentos de arquivo: gru-
po de fundos, fundos, divisão de fundos/grupo de fundos, séries,
subsérie, fração série/subsérie, unidade documental, coleção, divi-
são de coleção e item documental.
• Três subtipos do tipo de entidade agente: instituição, família e pes-
soa.
• Quatro subtipos do tipo de entidade função e suas divisões: função,
divisão de função, atividade/processo e ação (CNEDA, 2012).
As entidades que pertencem a um dos seis tipos identicados nes-
te modelo podem ser representadas pelas descrições independentes, mas
interligadas dentro de um sistema de descrição arquivística. Neste sentido,
a descrição de uma entidade particular, mesmo que relacionada com outras
descrições, é criada e mantida separadamente, para evitar a repetição de
informações dentro do sistema, melhorar a busca e recuperação de infor-
mações, etc. É importante ressaltar que os seis tipos de entidades principais
(documentos de arquivo, agentes, função e suas divisões, normas, lugares,
e conceito, objeto ou acontecimento) identicadas no modelo são obriga-
tórios (CNEDA, 2012).
8 consIderações fInaIs
Pela primeira vez a sociedade ocidental não está produzindo,
gerenciando e/ou salvando objetos físicos ou artefatos, mas sim ten-
tando compreender e preservar padrões lógicos e virtuais que dão à in-
formação a sua estrutura, o seu conteúdo e o seu contexto e, portanto,
o seu signicado como uma evidência de atos e transações (COOK,
2001).
Diante deste novo paradigma pós-custodial da Ciência da Infor-
mação, os prossionais da informação necessitam mudar o foco:
147
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
• da informação para a busca do conhecimento e da compreensão;
• das bases de dados para as bases de conhecimento, para a recontex-
tualização das atividades;
• do conteúdo para o contexto;
• do resultado nal para a intenção inicial de empoderamento;
• do artefato (o arquivo, o livro, o objeto museológico) para o pro-
cesso de criação atrás dele;
• para as ações, programas e funções por trás daqueles processos;
• dos substantivos para os verbos (Ex: Propriedades das Ontologias e
dos Modelos Conceituais); e
• do texto para o contexto por trás ou através do texto ou da imagem
(RIBEIRO, 2010).
A Teoria da Complexidade e suas metodologias auxiliam na com-
preensão da curadoria e da pós-curadoria ao manifestar a ideia de intera-
ções dos ambientes e contextos do material arquivístico. Neste cenário,
a ligação é o princípio organizador da complexidade e o acesso está na
reprodutibilidade da informação. Os modelos conceituais arquivísticos en-
tram em cena com o intuito de melhorar a descrição arquivística, ou seja,
a representação das entidades arquivísticas, o acesso e a recuperação da
informação através de formulações semânticas e contextuais oferecidas por
tais modelos.
Um próximo passo a se seguir nesta pesquisa é estudar a imple-
mentação dos modelos conceituais arquivísticos através das ontologias e,
além disso, harmonizar os modelos conceituais arquivísticos no âmbito
da ontologia FRBRoo/CIDOC CRM, para ns de integração de sistemas
heterogêneos do patrimônio cultural, visto que não podemos dissociar a
informação arquivística da informação do patrimônio cultural, onde estão
inseridos, também, as informações e representações dos museus e das bi-
bliotecas.
148
Maria José Vicentini Jorente
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151
caPítulo 6
do conceIto e dos PrIncíPIos metodológIcos
de Indexação. subsídIos Para uma análIse
crítIca
Maria da Graça de Melo Simões
1 consIderações geraIs sobre o PrelúdIo de uma PrátIca
De um modo linear e redutor pode armar-se que a prática da
indexação por assunto surge associada à necessidade que é sentida pelo ser
humano de organizar a informação com vista à sua localização e recupera-
ção, de um modo célere e preciso, com o objetivo de transferir e construir
um novo conhecimento. Esta operação, na maioria dos casos é realizada
em serviços de informação, em particular em bibliotecas e arquivos, por
prossionais especializados aos quais são exigidas competências técnicas,
cognitivas e outras habilitações de índole intelectual e pessoal, como pos-
suírem um espírito analítico-sintético que lhes permita realizar o processo
dinâmico e concomitante da seleção/omissão concetual, meio através do
qual se efetiva a indexação. Neste sentido, pode armar-se que a indexação
é um processo de escolha concetual e terminológica.
A indexação por assunto, tarefa capital do tratamento técnico
de um documento, numa perspetiva concetual ampla contextualiza-se na
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p151-178
152
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
organização do conhecimento; quando considerada num domínio conce-
tual restrito insere-se na representação da informação por assunto, que se
formaliza na atribuição de termos aos conceitos de um documento, que
foram selecionados recorrendo-se para o efeito a linguagens de indexação,
como é o caso dos sistemas de classicações (ORTEGA; LARA, 2010).
As provas documentais legadas pela história são um testemunho
credível para se armar que foi no âmbito da representação da infor-
mação por assunto que esta prática se desenvolveu. Fê-lo, umas vezes
deixando cair determinados procedimentos, outras introduzindo novos,
procurando nesta dialética de rejeição/inovação, atualizar-se e recriar-se,
de modo a responder às novas exigências informacionais da sociedade.
Na conjuntura histórica, entre outros acontecimentos que concorreram
para estes momentos de metamorfoses e inovação, salientam-se: a des-
coberta do papel (105 a.C.), o aparecimento da imprensa (séc. XV), a
emergência das publicações periódicas (séc. XVII-XVIII), a mecanização
da imprensa (séc. XIX) e a informática (séc. XX), em particular a Inter-
net. Por tudo isto pode armar-se que a indexação por assunto se carate-
riza por ser uma prática dinâmica que se ajusta às conjunturas sociais e se
pode considerar uma prática ainda milenar. No que se refere à primeira
particularidade, é-o na medida em que se vai adaptando às alterações e
inovações que, naturalmente, concorrem para novas necessidades infor-
macionais. Fá-lo, por um lado através da adoção de novos processos e da
elaboração de novos produtos moldados às necessidades informacionais
emergentes de quem os procura, por outro através do desenvolvimento e
ajustamento dos seus princípios metodológicos. Apesar de durante sécu-
los ser considerada uma atividade exercida com ns exclusivamente prá-
ticos, a indexação por assunto nunca deixou de ter bases metodológicas,
assentes em fundamentos empíricos e arbitrários. Como irá observar-se,
os princípios sistematizados surgirão apenas em nais do século XIX. Tal
como se depreende da designação, a segunda caraterística mencionada,
tem a ver com o facto de ser uma prática que se exerce ao longo de mi-
lénios.
A elaboração de produtos documentais ao longo deste período,
embora num estado muito incipiente, que formalmente pouco ou nada
153
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
tem a ver com os atuais
84
, é uma prova documental irrefutável e indelével
da existência desta prática. Neste âmbito contam-se os resumos, os índices
e os catálogos de assuntos, elaborados pelos produtores dos textos originais
ou por quem detinha a sua guarda.
Segundo Witty (1973), é nas civilizações da Mesopotâmia (se-
gundo milénio a.C.) que se encontram as primeiras anotações aos textos
escritos em argila. Este procedimento é também observado na civilização
egípcia, nesta altura em textos de pergaminho e papiro
85
. De acordo com
o mesmo autor, o seu objetivo era a imediata recuperação da informação,
quando ela se encontrava em textos longos.
Alavancada nas mesmas razões e prosseguindo os mesmos objeti-
vos, esta prática veio também a observar-se nas civilizações romana e grega.
Foi através dos “resumos
86
, muitos dos quais depositados nas bibliotecas
de Pérgamo e de Alexandria, que foi possível construir a história destas ci-
vilizações (SHOLNIK, 1979). A prática de representar a informação con-
densada estendeu-se à Idade Média (desenvolvida sobretudo em mostei-
ros), armando-se na Idade Moderna com o orescimento das Academias
cientícas e das revistas cientícas
87
. Continuou a crescer e a especializar-se
até à atualidade
88
. Outros testemunhos dela são os índices que no Médio
Oriente, remontam à era pré-cristã e os catálogos de assuntos, que tiveram
ao longo dos tempos um desenvolvimento muito similar aos dos resumos
e aos dos índices, na medida em que se baseiam, de uma forma geral, na
mesma prática e prosseguem o mesmo objetivo: a localização e recuperação
da informação.
A primeira notícia conhecida sobre “catálogos de assuntos” data
de 1300 a. C., na Assíria, onde foram encontrados, em tábuas de argila,
84
Durante séculos os catálogos e os índices não passaram de listas ou inventários de assuntos e os resumos eram
breves anotações às margens do texto ou descrições, mais ou menos extensas, do conteúdo de um documento.
85
Tal prática prendia-se com questões de preservação e segurança dos documentos, e com o seu tamanho e
formato (SIMÕES, 2015a).
86
Descrições abreviadas do conteúdo dos documentos com uma estrutura indenida.
87
Segundo Kronick (1962) Le Journal des sçavans é considerado o primeiro periódico (1665) onde aparece este
tipo de documento num formato que pode considerar-se um prelúdio do atual.
88
Para um maior desenvolvimento sobre o assunto ver: SIMÕES, M. G. M. Resumo Documental: um incursão
à (des)construção concetual na literatura cientíca, 2015b). Disponível em: <http://dx.doi.org/10.14195/978-
989-26-1035-1>. Consultado em: 14 dez. 2015.
154
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
registos de títulos de livros e informações relativas ao seu conteúdo, con-
siderando-se estas anotações rudimentares como o seu prelúdio. Outro re-
gisto meritório é o Catálogo de Calímaco, na Biblioteca de Alexandria, que
se encontrava organizado alfabeticamente por autores e assuntos gerais. A
Idade Média e o Renascimento foram pródigos na elaboração de catálo-
gos. Na primeira, contribuiu para isso a atividade intelectual desenvolvida
nos mosteiros
89
. Na segunda, com o advento do Renascimento a invenção
da imprensa de Gutenberg, que trouxe o livro impresso e o consequente
aumento do número de exemplares, contribuindo para uma maior disse-
minação da informação e o desenvolvimento das práticas do tratamento
técnico dos documentos, imprescindíveis para a organização do conheci-
mento. Neste contexto proliferaram os catálogos impressos de livreiros e
outros tipos de catálogos, nomeadamente nas instituições de ensino, como
é o caso das universidades.
2 uma abordagem da Indexação Por assunto no contexto custodIal
A necessidade de recuperar a informação de um modo conden-
sado e rápido foi uma constante ao longo do tempo, tal como dá conta
Collison (1969), numa breve história sobre índices e indexação. A prática
da construção de produtos através dos quais se acedesse à informação (ín-
dices, catálogos, resumos, etc.) veio a consolidar-se ess0encialmente entre
nais do século XVIII e meados do século XX, embora apresentassem uma
estrutura indenida e carecessem de fundamentos teóricos. Para a sua ela-
boração contribuíram a produção vertiginosa da documentação, o acesso e
o consumo da literatura cientíca e outras razões de natureza técnica.
Ao longo deste período, esta prática caraterizou-se por ser essen-
cialmente operacional, movida por razões pragmáticas, baseada em téc-
nicas pontuais e empíricas e destituída de fundamentos epistemológicos,
como atesta a parca bibliograa de base teórica produzida no período con-
siderado. Caraterizava esta bibliograa o facto de ser, geralmente, associada
a necessidades empíricas da organização da informação, normalmente em
89
Neste contexto apontam-se os catálogos do Convento de St. Martin em Dover (1389) e o do Mosteiro de
Syon (Inglaterra, séc. XVI).
155
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
arquivos e bibliotecas, e não a objetivos epistemológicos, como constatam
a publicação das Regras do catálogo-dicionário de Cutter, as classicações
bibliográcas enciclopédicas e as listas de encabeçamentos de matérias
90
.
Num contexto em que a materialização do documento (físico e
manuseável) assume uma importância capital, dado o facto de este assumir
um valor probatório irrefutável e patrimonial, aspetos muito considerados
no paradigma positivista
91
, concorre para a parca valorização da informa-
ção nele contido. Deste modo, compreende-se que a prática da indexação
tenha sido pautada por razões de natureza administrativa e cultural, bem
como por motivos de preservação e conservação do próprio documento.
Contudo, a partir dos inícios do século XX, o desenvolvimento do conhe-
cimento cientíco, a sua produção e consumo, obrigavam a construção de
documentos secundários, construídos com bases técnicas e teóricas mais
sólidas, que permitissem uma maior divulgação, localização e acesso ao
documento primário
92
. Deste modo impõe-se uma abordagem integralis-
ta do documento que considerasse o documento na sua dimensão física
e na informacional. Esta nova visão partilhada e enfatizada à época por
alguns estudiosos, como Henri de la Fontaine e Paul Otlet, este último
na obra Traité de Documentation (1934), veio contextualizar uma teoria e
uma prática documental orientada para a difusão, partilha e cooperação da
informação.
Neste âmbito, armam-se os produtos secundários resultantes da
indexação, como os índices, agora realizados sob consistentes orientações
metodológicas, técnicas sistemáticas alavancadas em motivos de natureza
pedagógica e cientíca
93
.
90
Classicação Decimal Dewey; Classicação da Biblioteca do Congresso, Classicação Decimal Universal e
Lista de encabeçamentos da Biblioteca do Congresso.
91
Tal posição advém do facto de ele ser o elemento por excelência que legitima a emergência de novos estados
e que é a base para a construção da memória e identidade cultural e nacional. Por esta razão, a partir dos nais
do séc. XVIII, em particular após a Revolução Francesa, começam-se a valorizar e a investir em bibliotecas e
arquivos, não só como depósitos de documentos, mas também como centros de tratamento da informação, cuja
nalidade era “[…] servir interesses historiográcos e culturais” (RIBEIRO, 2004).
92
Neste contexto, bibliotecas e arquivos passam de meros depósitos de conservação de documentos a entidades
produtoras embora, como refere (RIBEIRO, 2004), tal situação sempre “[…] ocorreu por razões instrumentais
e operativas, servindo os interesses dos seus utilizadores … em regra, as respetivas entidades produtoras”.
93
No século XVIII, numa tentativa de se ajustarem aos novos quadros mentais emergentes, a apresentação por
156
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Para permitir uma seleção célere e um breve acesso à informação,
os periódicos começaram a incluir índices. O que foi uma prática inci-
piente e casual, de início, passou a ser um procedimento frequente entre
os séculos XVIII e meados do século XX, sendo usual haver periódicos que
indexavam cada artigo pelo nome do autor e também pelo assunto especí-
co (COLLISON, 1969)
94
. Um índice que atesta a evolução deste recurso
documental é o Pooles Index to periodical literature
95
.
Nos nais do século XIX, na tentativa de domar a explosão bi-
bliográca, em grande parte causada pela imprensa mecanizada, que a
par do desenvolvimento cientíco veio contribuir para um aumento das
publicações periódicas, os índices expandiram-se a uma velocidade aluci-
nante
96
. Eram considerados um dos instrumentos mais ecazes e credíveis
para localizar a informação, mediadores privilegiados entre o documento
e o utilizador. Entre os vários tipos de índices destacam-se os de assunto,
pela sua função na recuperação da informação e complexidade inerente à
sua elaboração. Segundo Silva e Fujita (2004), è importante considerar-se
o índice de assuntos como um dos instrumentos de pesquisa mais rele-
vantes. São-no, na medida em que um utilizador através de um termo ou
conjunto de termos consegue localizar e aceder cirurgicamente à informa-
ção. Tal facto prende-se com dois postulados inerentes à sua elaboração: a
ordem sistemática do conhecimento, que prevaleceu ao longo da Idade Clássica e Medieval, é preterida em
prol da ordem alfabética (SIMÕES, 2011), ordenação que vai inuenciar a construção de índices de assuntos
e catálogos alfabéticos de assuntos. Este século é considerado a primeira idade de ouro dos índices. Para uma
localização mais fácil da informação, os livros escolares em Inglaterra (séc. XIX), passaram a incluir índices, o
que concorreu para que este se autonomizasse relativamente a outros elementos estruturais de um livro, com
funções idênticas, como é o caso do Sumário (table).
94
É nos Estados Unidos e em Inglaterra que se vem a consolidar e a formalizar a indexação nas publicações
periódicas. Além dos periódicos e dos livros escolares, destacam-se os índices dos livros de contas de grandes
empresas comerciais e ainda as enciclopédias, entre as quais salienta-se a Encyclopediae Britanica, pela qualidade
que apresentavam.
95
Este índice, criado em 1882 por William Frederick Poole, bibliotecário da Yale University, apresentava duas
caraterísticas inovadoras: era cumulativo e as entradas dos índices dos artigos eram palavras-chave extraídas dos
títulos dos mesmos, prática retomada pelo Reader’s guide to periodical literature (1901), onde cada artigo aparecia
indexado pelo autor e pelo assunto. Ainda de acordo com Collison (1969), este primava por ser uniforme e pre-
ciso, na medida em que apresentava uma teia de remissivas que relacionava assuntos semanticamente associados
entre si. Nesta prática, embora de modo incipiente, antevemos a dos índices estruturados.
96
Assim, continuou a assistir-se à elaboração contínua de índices de todos os tipos: individuais, coletivos, na-
cionais e/ou em colaboração internacional, cumulativos, setoriais etc. Para a evolução dos índices salientam-se
dois aspetos: o progresso das revistas cientícas, que continuaram a ser a base privilegiada da sua construção e
a emergência das novas tecnologias, que vieram ancorar este tipo de documentos: na elaboração, no armazena-
mento, na difusão e no acesso.
157
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
exaustividade e a especicidade concetual. Neste contexto, e porque a sua
elaboração pressupõe uma indexação muito precisa e renada, ela situa-se
no estádio da indexação exaustiva (LANCASTER, 1993)
97
.
Dadas as suas caraterísticas, como a ordem alfabética, a especici-
dade e a exaustividade, os índices são um excelente recurso na localização e
acesso à informação, seja em ambientes tradicionais seja em digitais, nestes
últimos, em especial no que se refere à localização de documentos em bases
de dados. Apesar de existirem ferramentas de pesquisas em texto integral,
contudo no que concerne às áreas das ciências sociais os índices têm um
papel importante, dado que por questões semânticas há conceitos implíci-
tos que escapam a estas ferramentas de busca.
Outro recurso de mediação entre o documento e o utilizador que
se desenvolveu graças à emergência de novos instrumentos de representa-
ção da informação (listas de encabeçamento de matérias e classicações
bibliográcas) foram os catálogos de assuntos
98
. Tal como aconteceu nos
índices, o seu desenvolvimento deve-se ao aperfeiçoamento de técnicas
metodológicas e à criação de um corpus de princípios sistemáticos, que
subjazem à sua realização. A partir de meados do século XIX, os catálogos
começaram a assumir um formato e uma função mais próxima da atual,
relevando-se na sua estrutura o uso de remissivas e entradas analíticas. Es-
tas listas, que normalmente não eram mais do que um inventário, passam
agora a cumprir a função de localizar essas obras para um melhor acesso e
divulgação da informação. Este foi um período no qual se consolidaram
os catálogos de assuntos, quer os alfabéticos, quer os sistemáticos. Para
tal contribuiram, por um lado as Cutters rules for a dictionary catalogue
97
Este tipo de indexação proporciona ao utilizador um número signicativo de pontos de acesso, o que é um
dos propósitos mais imediatos de um índice.
98
Grosso modo pode armar-se que o acesso à informação através dos catálogos de assuntos pode efetuar-se por
meio de duas vias: os catálogos alfabéticos de assuntos e os catálogos sistemáticos. Os primeiros caraterizam-se
segundo Foskett (1977, p. 247) por “[…] contains subject entries and cross-references arranged alphabetically in on
sequence. O mesmo autor (Ibidem, 250) dene o segundo tipo de catálogo como “Systematic arrangement brings
related subjects together by using notation at its code vocabular […] Entries consist of a heading, which in this case is
a notational symbol”. O primeiro garante a recuperação da informação de modo especíco, o segundo, organiza
o conhecimento em grandes sistemas epistemológicos, permite a recuperação da informação de um modo muito
geral. Neste sentido, Buchanan (1979, p. 10), refere o seguinte: […] Les systèmes de classication sont donc des
langages documentaires qui permettent la représentation la plus générale. Par nature, ils facilitent le bouquinage et
l’accès au non-spécialiste. Ao proporcionarem estes dois tipos de acesso irão completar as respostas às questões
colocadas, facto que será um valor acrescentado para o utilizador (SIMÕES, 2011).
158
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
(1876), que vieram regular as entradas dos catálogos de assuntos, por outro
a publicação da 1ª edição da Classicação Decimal de Dewey, no mesmo
ano (FOSKETT, 1977) que veio a incentivar e a vulgarizar a construção
do catálogo sistemático. Como expoente máximo dos catálogos de assun-
tos alfabéticos refere-se o Catálogo da Biblioteca do Congresso, elaborado
com base na List of Subject Headings for Use in Dictionary Catalogs(1
st
ed.,
1895; 2
nd
ed., 1898), à qual os catalogadores iam acrescentando novas en-
tradas de acordo com as suas necessidades (STONE, 2000)
99
.
A título de síntese, relativamente às práticas de indexação no
período considerado, infere-se que, embora assentes e focadas em funda-
mentos e motivos de natureza funcional, apresentam um desenvolvimento
técnico e metodológico cujo propósito era ajustarem-se e darem resposta
a uma sociedade motivada pelas ideias de progresso e valorização indivi-
dual caraterísticas da mentalidade positivista. Outro ponto a salientar é o
facto de, pela primeira vez, se assistir à preocupação de compilar de forma
sistemática um corpus de princípios e normas técnicas conducentes à re-
presentação da informação e à organização do conhecimento, com vista à
uniformidade e consistência.
3 uma abordagem da Indexação Por assunto no contexto Pós-custodIal
A partir da segunda metade do século XX, as alterações ocorridas
a nível sociocultural, com o crescimento da produção cientíca e com a re-
volução operada nas tecnologias, concorreram para uma nova abordagem
da indexação por assunto, quer no que respeita ao aspeto prático, quer no
que se refere ao aspeto teórico.
O contexto pós-custodial carateriza-se, sobretudo pela desma-
terialização do documento, a emergência da Ciência da informação (In-
formation science), a interdisciplinaridade entre a Ciência da informação
e outras áreas do saber (Ciências da computação), a aplicação das novas
tecnologias da informação e da comunicação (TIC) em particular a world
99
Ao longo do século XX, esta lista, agora com a nomenclatura Library of Congress Subject Headings (1909),
foi uma referência na prática da indexação por assunto para uma tipologia alargada de bibliotecas, como pode
observar-se pela citação que se segue: e list was also considered appropriate for the very largest public libraries,
some colleges and many university libraries (STONE, 2000).
159
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
wide web(www) à Ciência a informação; o investimento na formação de
prossionais da área da Ciência da informação (ensino superior) , a pro-
dução cientíca e académica sobre a identidade epistemológica da Ciência
da informação
100
e a gestão dos uxos de informação na perspetiva do uso
generalizado.
Grosso modo este modelo desenvolve-se num contexto socio-tec-
nológico que vulgarmente se generalizou como sociedade da informação.
Relativamente à indexação, este modelo pauta-se por dois momentos: um,
que se localiza entre os anos sessenta e os anos noventa do século XX, e
outro, que se situa dos alvores do século XXI até à atualidade. Carateri-
zam o primeiro momento as ideias de indexação automática (algoritmos,
formulas estatísticas, linguística computacional), produção de literatu-
ra de natureza teórico-metodológica sobre indexação (textos normativos
internacionais e textos de cariz epistemológico sobre os fundamentos e
propósitos da indexação), aplicação das tecnologias emergentes a esta área
especíca (construção de linguagens, divulgação e acesso dos seus produ-
tos). O segundo carateriza-se pela simbiose da indexação com os ambientes
de informação digital (novos sistemas de organização de conhecimento
(mapas concetuais, taxonomias, ontologias), indexação pós-coordenada
(uniterm, descritores, tesauros), indexação colaborativa (folksonomias)
101
e pela semântica.
3.1 conceIto e PrIncíPIos metodológIcos
Para um melhor entendimento da evolução desta prática no de-
correr destes dois paradigmas optou-se por apresentar uma breve reexão
crítica sobre a evolução do conceito e dos seus princípios metodológicos.
Esta escolha deve-se ao facto de estes conceitos traduzirem, de uma for-
ma direta e/ou indireta, os aspetos epistemológicos que a fundamentam e
apresentarem a evolução dos principais pontos metodológicos que a con-
formam.
100
RIBEIRO, F. (2004). Gestão da Informação/Preservação da Memória na era pós-custodial: um equilíbrio
precário?
101
Sistema que permite ao utilizador propor termos para representar determinado conceito. Ver: Wal, T. V.
(2007). Folksonomy.
160
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
3.1.1 conceIto
Toda a dinâmica observada nas estruturas mentais e tecnológicas
nos nais do século XIX e inícios do século XX, concorreu, não só, para o
aperfeiçoamento das técnicas de indexação mas também para um investi-
mento teórico, nunca antes vericado. Neste sentido, interessa relevar que
a abordagem teórica da indexação é muito recente quando comparada com
os quase quatro milénios de prática. Os primeiros estudos de sistematiza-
ção teórica datam de nais do século XIX. Até então, na maioria dos casos
esta prática era exercida de forma intuitiva, procurando dar respostas pon-
tuais a questões levantadas mais pela documentação que pelas necessidades
reias de informação dos utilizadores. Para o surgimento das preocupações
teóricas e metodológicas da indexação, apontam-se entre outras razões as
questões colocadas pelos utilizadores que reclamavam pesquisas mais céle-
res e especícas, em parte devido à especialização do conhecimento cientí-
co e da multidisciplinaridade que começavam a emergir. Neste contexto
exigiam produtos que respondessem de forma cabal às questões que levan-
tavam e instrumentos que lhes facultassem a realização de pesquisas com
um nível elevado de pertinência.
Guimarães (2008), refere que a abordagem teórica à indexação é
feita a partir de três aspetos: os processos, os instrumentos e os produtos,
dado o facto de serem estes elementos que sustentam esta operação. De
acordo com este autor (2009), é no nal do século XIX e início do século
XX, nos Estados Unidos, e na primeira metade do século XX, em Inglater-
ra, que se desenvolvem os estudos metodológicos relativos aos produtos e
aos instrumentos da indexação. No nal da década de 60 e início da de 70
do século referido desenvolveram-se em França os referenciais teórico-me-
todológicos relativos ao processo. Sobre as abordagens teóricas, o mesmo
autor (2008), identica três orientações que inuenciaram a indexação:
a Subject cataloguing, de inuência norte-americana, a indexing, de inu-
ência inglesa, e a Analyse documentaire, de inuência francesa. A primeira
aceção é centrada na atividade prossional realizada em bibliotecas desta-
cando-se o uso dos cabeçalhos de assunto. Na segunda tendência, orien-
tada para os centros de documentação e para o mundo editorial, assume
particular relevância o uso dos tesauros. A terceira, como se infere pela
161
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
própria designação, centra-se nos procedimentos para a identicação e a
seleção dos conceitos, com o objetivo de criar produtos documentais. É no
âmbito destas abordagens que se constrói e evolui o conceito de indexação.
Ao longo do século XX, os estudiosos que contribuíram com
subsídios para o processo de construção epistemológica nesta área, encon-
tram-se distribuídos por estas três correntes teóricas. Mais do que ligá-los
individualmente a uma corrente, interessa saber o entendimento que têm
desta noção e como a formalizam metodologicamente.
Gil Leiva (1999), apresenta uma denição de indexação que de-
monstra a sua complexidade. Fá-lo recorrendo a dois elementos: à inde-
xação da informação contida no documento e à indexação das perguntas
que são formuladas pelo utilizador, ideia também implícita em Chaumier
(1986), quando refere que a indexação não só intervém na entrada de
informação, mas também na sua saída (recuperação da informação). Se-
gundo o primeiro autor, a indexação é um processo que consiste na análise
e na seleção dos conceitos essenciais e no armazenamento dos mesmos
em linguagem controlada ou natural, que permite recuperar a informação.
De acordo com este autor concluiu-se que o principal objetivo da inde-
xação é o armazenamento e a recuperação da informação. Próxima desta
denição coloca-se Pinto Molina (1993), ao mencionar que a indexação
é a técnica de caraterizar o conteúdo de um documento e/ou as perguntas
documentais, extraindo as ideias mais signicativas para as representar por
termos de indexação adequados, provenientes de uma linguagem natural
empregue pelo autor, ou por uma linguagem controlada. Guinchat e Me-
nou (1984), descrevem este processo colocando a tónica na representação,
quando referem que ela é uma operação que permite escolher os termos
mais adequados para representar o conteúdo de um documento. Por outro
lado, Chaumier (1986), arma que a análise da informação é a principal
operação sem a qual é completamente impossível utilizar a informação.
Ainda no contexto concetual, pela importância que tiveram na
prática da indexação, é de salientar a denição apresentada pelos Princípios
de indexação da UNISIST (1975) e pela Norma ISO 5963-1985 (1988, 4.1
e 4.2). O primeiro texto diz que a indexação é a operação que descreve e
carateriza o conteúdo de um documento através da representação dos seus
162
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
conceitos com a ajuda de uma linguagem documental; menciona ainda,
que esses conceitos são extraídos por meio de um processo de análise. O
segundo refere que a indexação não consiste na descrição de um documen-
to enquanto entidade física e que através dela se extraem os conceitos dos
documentos por um processo de análise intelectual, sendo convertidos em
termos, recorrendo para tal a instrumentos de indexação.
A diversidade concetual observada nas denições expostas en-
contra-se igualmente presente quando se abordam as questões de nature-
za operacional, em particular no que se refere às etapas de realização. Tal
como referem Brown, Langridge e Mills (1976), a indexação e a classica-
ção baseiam-se no conteúdo dos documentos e o seu cumprimento passa
pela aplicação de uma metodologia faseada. Partindo de uma revisão de
literatura, Gil Leiva (1999), conclui que este processo pode desenvolver-se
entre duas a oito etapas
102
.
Pelo exposto conclui-se que a indexação é um processo que con-
siste na análise conceitual, identicação de assuntos de um documento e
tradução desses assuntos em termos representativos, que podem ou não
ser controlados, dependendo da linguagem de indexação que se usa; além
disso, tem como objetivo disponibilizar, com objetividade, o conteúdo dos
documentos o pensamento dos autores, isto é: abrir caminho para que se
venha a obter uma informação de qualidade (MENDES; SIMÕES, 2002).
Naturalmente que as ideias expressas se associam à noção de in-
dexação contextualizada na indexação humana, que apresenta duas fases
distintas e complementares: análise e representação. No que se refere à
indexação automática, o processo é diferente. Segundo Lancaster (1993),
102
Assim, para alguns autores, entre os quais Lancaster (1993, p. 8) e Langridge (1989, p. 98), as etapas da
indexação efetuam-se a dois tempos, o primeiro divide o processo em: a) análise conceptual e b) tradução; o
segundo em: a) análise do assunto e, b) tradução para termos de uma linguagem. No entanto, outros autores
como J. Rowley (1982, 45-46), Cleveland e Cleveland (1990, 104-112) e a própria Norma ISO 5963 (4.3)
dividem-no em três fases. J. Rowley refere as seguintes etapas: a) Familiarização; b) Análise; c) Conversão dos
conceitos em termos de indexação. Os segundos autores mencionam: a) Análise de conteúdo; b) Determinação
do assunto; c) Conversão dos assuntos para uma linguagem documental. A Norma ISO determina: a) Exame
do documento e denições do seu conteúdo; b) identicação e seleção das noções principais do conteúdo; c)
Escolha dos termos de indexação. Refere, contudo, que a primeira e a segunda, na prática se podem sobrepor.
A metodologia apresentada pelos autores referidos é seguidora do que é postulado nos Princípios de indexação
da UNISIST (1975, p. 2), quando registam que o processo de indexação se desenvolve em dois pontos, a saber:
a) Reconhecimento dos conceitos contidos na informação dos documentos a indexar; b) Representação dos
conceitos numa linguagem documental.
163
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
podem identicar-se duas modalidades: a) indexação por extração auto-
mática; b) indexação por atribuição automática
103
. Em qualquer dos casos
descritos os softwares realizam a “análise” com base nos termos do texto e
não nos conceitos. Nesta lógica, pode designar-se à indexação automática
como uma indexação terminológica.
A partir de meados do século XX os produtos da indexação, no-
meadamente os índices, podiam ser elaborados sem a intervenção huma-
na, recorrendo-se a regras estatísticas, linguísticas e informáticas. Assim,
o esforço intelectual despendido, sobretudo nas áreas das ciências puras
e aplicadas, caraterizadas pelo uso de terminologia denotativa, que não
concorre para entropias semânticas, dá lugar ao algoritmo. As técnicas de
indexação automática que tiveram início na década de 50 do último sé-
culo, com os trabalhos baseados na frequência de Luuhn e Baxendale, em
1957 e em 1958 respetivamente, foram-se reinventando para se ajustarem
aos ambientes digitais do novo século.
3.1.2 PrIncíPIos metodológIcos
Tal como se observou relativamente à noção de indexação, tam-
bém o conceito de metodologia, enquanto um conjunto de fases e normas
para regular uma prática, é uma ideia contemporânea. Até nais do século
XIX esta prática baseava-se num conjunto de princípios avulsos e pontuais
elaborados com base no bom senso de quem indexava. Comprova esta
armação o facto de os assuntos entrarem, na maioria dos casos, pelo ge-
nérico, sem se observarem regras de uniformidade e consistência formal
104
.
Princípios como a exaustividade e a especicidade dos assuntos não eram
tidas em conta, pelo menos de um modo sistemático. Para que tal circuns-
tância se vericasse era necessário que a indexação privilegiasse a análise
documental, situação que apenas vem a ocorrer no século XX, em função
da especialização do conhecimento cientíco e de um utilizador que pro-
103
Para um maior entendimento deste assunto ver os conceitos e a contextualização dos modelos: SLIC ( Selec-
tive listing in combination) e o PRECIS e ainda os métodos KWIC ( Keyword in context) e KWOC (Keyword out
of contexto). Ver: LANCASTER, F. W. (1993). Indexação e resumos: teoria e prática.
104
Em parte, esta situação denuncia a herança legada pelo catálogo dicionário, cuja entrada dos assuntos era feita
pelos termos genéricos e/ou pelas primeiras palavras signicativas do título do documento a indexar a catchword
titol (HANSON; DAILY, 1958) no caso de não existir autor.
164
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
cura o especíco em detrimento do geral. O compromisso entre utilizador
e a área cientíco-técnica trouxe consigo um elevado nível de exigência no
que se refere à pertinência na recuperação da informação por assunto, posi-
ção que vai concorrer para repensar, entre outros pontos, o modus operandi
e os princípios metodológicos. Tal posição irá repercutir-se nos produtos
daí resultantes, em particular nos índices e nos catálogos.
Neste contexto, pode armar-se que a exaustividade e a especi-
cidade, princípios metodológicos que determinam e garantem, em grande
medida, a qualidade dos catálogos de assuntos, essencialmente a partir da
década de 60 do séc. XX se encontram alavancadas sobretudo na evolu-
ção tecnológica e cientíca e num utilizador altamente especializado que
prefere os subtemas em detrimento dos temas, a qualidade da informação
em prol da quantidade que é simultaneamente consumidor e produtor
de informação, e que procura bases de dados e catálogos de serviços de
informação especializados. Esta nova atitude concorre para que se proceda
à dissecação dos conteúdos dos documentos tornando-se o prossional da
informação num anatomista do saber (SIMÕES, 2008). Esta disposição
indicia uma mudança de paradigma, focada no novo perl de utilizador e
no uso da informação, posição diversa da vigente, cunhada no positivismo
e centrada na custódia do documento
105
.
Estes dois princípios não emergiram em meados do século XX de
forma natural. Cutter, na obra Rules for a dictionary catalogue (1876), no
capítulo III Subjects, ao apresentar um conjunto de orientações metodoló-
gicas para a entrada dos assuntos num catálogo, já se refere à especicida-
de
106
. No que respeita a este princípio, Cutter preconiza que os assuntos
deverão dar entrada no catálogo pelo especíco. Contudo, esta recomen-
dação baseia-se mais em razões de ordem prática e económica do que em
fundamentos teóricos. De acordo com Foskett (1973), este autor nunca
assumiu a especicidade de modo efetivo, na medida em que recomendava
que se zessem ocasionalmente remissivas do especíco para o geral, para
superar a carência de especicidade (CUTTER, 1876); todavia, não pre-
105
Esta nova atitude concorreu para a criação de novas linguagens de indexação com um elevado nível de estru-
turação dos termos, como foi o ca-*so dos tesauros. 49
106
Cutter refere ainda outros dois princípios: o do uso e o sindético.
165
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
conizava o procedimento inverso, isto é: estabelecer uma remissiva do geral
para o especíco
107
. De entre os princípios enunciados por Cutter, este foi
o que mais se desenvolveu e consolidou, tendo-se fortalecido e armado
depois da década de 70, sendo uma referência permanente nas obras de
alguns dos mais consagrados teóricos da indexação como Foskett (1973),
Haykin (1985), Rowley (1982), Chaumier (1986), Langridge (1989) e
Lancaster (1993).
Outro princípio metodológico preconizado por Cutter, que con-
tinua a ser considerado um pilar na prática da indexação no paradigma
pós-custodial, mesmo em ambientes de informação digital, é o do uso,
também designado por princípio da conveniência
108
, apesar da sua nature-
za dedutiva e subjetiva e de todas as diculdades sentidas na determinação
do perl do utilizador, agravadas com a emergência da Internet. Atesta a
sua importância a produção de literatura cientíca e académica sobre o
comportamento dos utilizadores face ao uso da informação e à determina-
ção das suas áreas de interesse. Acresce ainda a alusão que dele fazem alguns
dos mais conceituados teóricos,
83que veem nele um alicerce desta prática. A título de exemplo
referem-se, entre outros, os já mencionados no que respeita ao princípio da
especicidade. A mesma importância lhe é dada pela Norma ISO 5963 nos
pontos 6.3 e 6.4, quando postula que a análise deverá ser a mais exaustiva e
especíca possível, para responder não apenas ao utilizador que se conhece,
mas ao potencial utilizador; de tal modo, os assuntos periféricos devem
também ser considerados.
O princípio sindético, tal como Cutter o preconizou, apresentava
mais razões de natureza económica, funcional e empírica do que teóricas.
As remissivas eram usadas essencialmente em duas situações: para colmatar
a distância entre os assuntos que tinham entre si relações semânticas que,
por motivos de alfabetação, se encontravam dispersas no catálogo, e nas
entradas dos assuntos especícos. As remissivas foram-se alterando ao lon-
107
Apesar de não se observar esta situação, e o princípio subjacente à elaboração deste tipo de remissivas não ser
o mesmo que hoje as norteia, antevê-se neste procedimento o prelúdio das relações hierárquicas.
108
Entre dois ou mais termos que podem representar um conceito deve escolher-se aquele que é mais familiar
ao utilizador.
166
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
go do tempo, quer no que respeita à nomenclatura, ao princípio e à fun-
ção
109
. Para tal contribuíram as tecnologias de informação que trouxeram
consigo a solução para a questão das distâncias semânticas e dos problemas
de alfabetação, assim como os estudos teóricos desenvolvidos sobre este
assunto, que vieram permitir o seu desenvolvimento de um modo susten-
tável, na ótica de um novo perl de utilizador. O princípio sindético veio
potenciar o estabelecimento das relações semânticas entre os assuntos, em
particular as hierárquicas e as associativas, tipo de relações adotadas quer
pelas estruturas de organização do conhecimento tradicional (tesauros e
listas de encabeçamentos de matérias), quer nas surgidas no âmbito da
informação digital (ontologias e taxonomias).
Embora os princípios enunciados por Cutter não tenham consti-
tuído uma base teórica para a construção dos catálogos de assuntos e índi-
ces, elas foram durante muitos anos, a base da prática norte-americana na
construção de catálogos de assuntos, encontrando-se formalizados na lista
Sears e na Library of Congress Subjets Headings, (Foskett, 1973) e também o
prelúdio de determinados recursos metodológicos aplicados à construção
de vocabulários controlados e estruturados, quer em ambientes tradicio-
nais, quer em ambientes de informação digital.
Apesar das diferenças entre os princípios metodológicos apresen-
tados têm em comum o facto de nortearem uma prática de indexação
uniforme e precisa. Em vez de se observar uma rutura epistemológica, ob-
serva-se uma linha de continuidade relativamente aos pressupostos e às
práticas de indexação consideradas nos dois paradigmas, na medida em
que são resultado de um processo evolutivo, quer no que respeita às ques-
tões empíricas, quer às epistemológicas. Assim, quando se fala de princí-
pios metodológicos, pela repercussão que assumiram nesta prática, não
podem deixar de referir-se os trabalhos de J. Kaiser, S. R. Ranganathan e
E. J. Coates. O primeiro, na sua obra Systematic Indexing (1911) apresenta
uma metodologia para a análise e a disposição dos assuntos compostos.
Esta ordem baseava-se em três categorias: concreto, processo e lugar, na qual
a primeira assume a primazia. O segundo, na obra Classied Catalogue
109
A nomenclatura alterou-se para relações semânticas, com a emergência dos tesauros e dos softwares aplicados à
construção e gestão dos vocabulários de indexação, passando a função empírica a ser de natureza teórico/prática.
167
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Code with Additional Rules for Dictionary Catalogue Code (1958) concebe
um sistema baseado em cinco categorias: personalidade, matéria, energia,
espaço e tempo (PMEST), base para a análise dos assuntos e determinação
da ordem dos cabeçalhos compostos, recurso metodológico muito ecaz
na análise de assunto por facetas, na construção de tesauros e classicações
facetadas. O último, E. J. Coates, tomando como ponto de partida as
contribuições de Cutter, Kaiser e Ranganathan, deniu um conjunto de
princípios normativos para os encabeçamentos de matérias, com o propó-
sito de uniformizar os encabeçamentos da British National Bibliography.
Estes princípios metodológicos formalizam-se na obra Subject Catalogues:
headings and structure (1960). A sua teoria metodológica, que foi aplicada
no British Technology Index, incide essencialmente sobre a formulação da
ordem de cabeçalhos compostos de assuntos, e baseia-se em quatro catego-
rias: coisa, parte, material, ação.
A contribuição das teorias destes três autores recai sobretudo na
construção das linguagens de indexação, em particular no que se refere ao uso
das remissivas
110
e das facetas, sendo a sua referência apresentada umas vezes
de forma implícita outras de forma explícita. A noção de faceta, também de-
signada por categoria, assumiu um papel importante na indexação, tanto na
análise, como na representação concetual
111
. Os seus fundamentos, concebi-
dos em ambientes tradicionais e associados às classicações bibliográcas, na
atualidade são revisitados e ajustados aos novos sistemas de organização de
conhecimento como as ontologias e as taxonomias, sendo nas últimas o seu
pilar estrutural. O mesmo se observa no que diz respeito às remissivas (relações
semânticas) que estão mais desenvolvidas nos tesauros e nas ontologias, nestas
últimas com o propósito de se atingir a formalização e especicação caraterís-
110
Embora tenham sido utilizadas pelos três autores, Ranganathan foi o mais parco no seu uso.
111
A faceta no processo de análise tem como função interrogar um documento sob um determinado número de
perspetivas, concorrendo deste modo para a sua desconstrução concetual. Devido a tal circunstância, o assunto
pode ser representado de forma especíca e precisa. No âmbito da indexação pré-coordenada, a noção de faceta
postulada por estes teóricos tinha como propósito contribuir para a construção de encabeçamentos de assuntos
compostos, em particular no que se refere à disposição dos assuntos especícos que os constituíam. Este princí-
pio veio a desenvolver uma técnica nova na construção das linguagens documentais, as classicações facetadas,
das quais se salienta a Classicação Colon e, mais tarde, os tesauros facetados, cuja construção se baseou no
princípio das classicações facetadas e no modelo dos tesauros tradicionais. Deste tipo de tesauros salienta-se
o esaurofacet : a thesaurus & faceted classication for engineering & related subjects, publicado em 1969. De
acordo com Foskett (1973, 352) este tesauro não é mais do que dois instrumentos juntos num único: uma
classicação e um tesauro que funcionam numa dinâmica de complementaridade.
168
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
ticas deste tipo de estruturas de organização do conhecimento dos ambientes
de informação digital
112
.
Após a emergência das novas tecnologias, outros teóricos reeti-
ram nas suas obras a importância dos princípios na indexação; entre eles
destacam-se Fugmann (1993), que apresenta cinco axiomas.
113
Lancaster
(1993), vê na maioria destes axiomas um conjunto de elementos que pode-
rão condicionar o desempenho dos sistemas de recuperação e propõe dois
princípios para o processo de indexação: a) que inclua todos os tópicos
reconhecidamente de interesse para os usuários do serviço de informação
que sejam tratados substancialmente no documento; b) que indexe cada
um desses tópicos tão especicamente quanto o permita o vocabulário do
sistema e o justiquem as necessidades ou interesses dos usuários. Relativa-
mente ao enunciado da alínea a) interessa referir que, as alterações trazidas
pelas novas tecnologias no que se refere aos quadros cognitivos, à partilha
de conhecimento nas redes de informação, à crescente permuta e coope-
ração dos vários serviços e à interdisciplinaridade e transdisciplinaridade
nas investigações, concorrem para que esta recomendação não seja a mais
adequada, na medida em que não se pode apenas pensar nos interesses do
utilizador de um serviço particular.
A completar o conjunto de princípios metodológicos referidos,
Mendes e Simões (2002), com base num documento proposto pela IFLA
(1999) - Principles Underlying Subject Languages, recomendam que se de-
vem ter em conta a qualidade da análise, a simplicidade formal, a coerência
e a uniformidade
114
.
A automatização e informatização da indexação trouxeram novos
princípios metodológicos. De eles destacam-se os preconizados do Sistema
de indexação PRECIS
115
, que preceituava a análise dos assuntos de acordo
112
Ver: Gruber, T. R. (1993). A Translation Approach to Portable Ontology Specications.
113
São os seguintes: denição, ordenação, grau de ordenação, previsibilidade e delidade.
114
A qualidade da análise do conteúdo - extrair de forma dedigna a ideia do autor; a garantia de uso - os termos
devem ser denidos a partir da forma como são utilizados na comunidade dos utilizadores; a simplicidade formal
– representar o termo de indexação de forma simples; a coerência e uniformidade - usar sempre o mesmo critério
para a mesma situação ou situações análogas e fazer corresponder ao mesmo conceito o mesmo termo, por forma
a evitar a ocorrência da ambiguidade no momento da pesquisa; as autoras reforçam que a escolha dos termos é
uma decisão terminológica como tal, a precisão dever-se-á ter sempre presente.
115
Sistema concebido por D. W. Austin e usado pela primeira vez em 1971 pela British National Bibliography
169
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
com duas categorias: entidades e atributos; baseia-se ainda num conjunto
de relações sintáticas e semânticas, as últimas em número de quatro. Pela
importância que vieram a ter na construção dos vocabulários de indexação,
destacam-se as relações semânticas, em particular as de tipo hierárquico -
relações género-espécie, a relação atributiva assente no binómio entidade
e atributo e a relação foco-diferença, que irá corresponder ao termo e ao
modicador, sendo o termo o foco e o modicador a diferença. Compunha
ainda este sistema um conjunto de operadores.
Entre os vários desaos que as novas tecnologias trouxeram sa-
lienta-se a cooperação bibliográca, centrada na migração de dados biblio-
grácos e que ocorreu primeiro a nível interno depois a nível internacional.
Neste contexto, muitos foram os projetos e programas informáticos que se
desenvolveram a partir da década de 70 do século XX
116
, entre os quais o
projeto MARC, que entre outras vantagens veio potenciar a normalização
nacional e internacional, em particular no que se refere às orientações me-
todológicas para a estrutura dos conteúdos, meio através do qual apenas é
possível serem legíveis por máquina e, por isso, poderem ser localizados e
recuperados.
No âmbito deste espírito normativo surgiram também os Princí-
pios de indexação, que foram pulicados pela UNISIST em 1975. A designa-
ção não deixa margem para dúvidas relativamente ao objetivo; tratava-se de
um texto normativo, que apresentava um conjunto de princípios metodoló-
gicos que deveriam nortear a prática da indexação. Dada a sua exibilidade,
este texto era adaptável ao maior número possível de casos, concorrendo,
deste modo, para a consistência e uniformidade da indexação, facto que iria,
naturalmente, resultar numa mais-valia para os resultados da pesquisa, que
se desejam pertinentes e precisos
117
.
(BNB). Ver: Austin, D. W. (1974). PRECIS: a manual of concept analysis and subject indexing.
116
Um dos projetos pioneiros foi o projeto MARC (1968) (MAchine Readable Cataloguing - catalogação legível
por máquina), ao qual se seguiram, na década de 70, vários formatos MARC nacionais, criados com base no
padrão internacional ISO 2709. Em 1977 a IFLA cria o formato UNIMARC (Universal Machine Readable Cata-
loguing). Este formato teve como objetivo criar uma linguagem comum, que permitisse a troca internacional de
registos bibliográcos, colmatando a incompatibilidade entre os vários formatos MARC nacionais. Este formato
permitia a migração de dados, o desenvolvimento dos sistemas integrados de informação e potenciava uma
realidade que veio a observar-se na década de 90 - o tratamento da informação em linha.
117
A grande novidade que trouxe esta Norma prende-se com o facto de pela primeira vez num texto normativo
de âmbito internacional sobre indexação aparecer, de forma explícita, a alusão direta às duas fases do processo
170
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Apesar de, Os Princípios de Indexação apresentarem e desenvolve-
rem uma metodologia de base funcional, na medida em que apresentam
orientações técnicas a seguir na prática da indexação
118
, são o primeiro
texto normativo e sistematizado de um conjunto de recomendações meto-
dológicas a seguir à escala internacional, que pela sua pertinência técnica
foi desenvolvido nas décadas seguintes, quer pelos teóricos desta especiali-
dade, quer pelas normas internacionais de indexação
119
.
Ainda no âmbito do paradigma pós-custodial interessa relevar o
princípio da garantia literária, em inglês literary warrant, que apesar de
ter sido enunciado pela primeira vez por Hulm, na obra Principles of book
classication (1911-1912), ele veio a desenvolver-se sobretudo a partir da
década de 60 do século XX. Para tal renascimento contribuíram, por um
lado o desenvolvimento da literatura cientíca, quer no que respeita aos
produtores, quer aos consumidores deste tipo de literatura que exigem um
vocabulário igual àquele que é usado nos textos, por outro a indexação
automática que, na maioria dos casos usa palavras extraídas do próprio
texto. Enquanto o princípio do uso se refere ao modo como os utilizadores
formulam a sua pesquisa, o princípio da garantia literária tem a ver com a
terminologia usada na construção das linguagens de indexação: tesauros,
ontologias e taxonomias, que se constroem, geralmente com base no voca-
bulário de um domínio.
De acordo com Barité et al. (2010), entende-se por garantia lite-
rária o facto de se privilegiar, para extração e validação da terminologia a
ser incorporada num sistema de classicação ou em qualquer outro sistema
de indexação pela sua relevância cita-se o ponto 3 (análise do documento). Embora alguns autores já tivessem
mencionado este ponto, o seu objetivo não era diretamente a análise do assunto do documento, mas sim a sua
formalização nos encabeçamentos das listas de matérias, portanto o seu propósito prendia-se com uma questão
formal.
118
Este texto apresenta duas fases para a elaboração da indexação: Ponto 3: Reconhecimento dos conceitos
contidos na informação e ponto 4: Representação dos conceitos através de uma linguagem documental. O
ponto 3, relativo à análise, é subdividido em três; 3.1-Apreensão do documento, 3.2- Identicação dos concei-
tos, 3.3-Seleção dos conceitos. Neste último são referidos de forma explícita dois princípios da indexação: a) a
exaustividade dos termos; b) a especicidade (Principes d’indexation, 1975, p. 2-8).
119
Ver entre outros autores: Lancaster (1993), Langridge (1989), J. Rowley (1982) e Cleveland e Cleveland
(1990). As orientações metodológicas relativas às fases e os princípios da exaustividade e especicidade foram
também objeto de desenvolvimento em outras normas: a Norma ISO 5963: Documentatión. Méthodes pour
l’analyse des documents, la détermination de leur contenu et la sélection des termes d’indexation (1985) e a ISO 214
Documentation. Analyse pour les publications et la documentation (1976).
171
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
de organização do conhecimento, a literatura de um domínio do saber;
entendimento já observado na NISO (1994, 3.6.2.1) e em Foskett (1973),
embora para este este autor o sistema deva basear-se no material que nele
introduzimos e não em condições puramente teóricas.
Se numa primeira leitura este princípio metodológico parece pa-
cíco, no seu entendimento e aceitação coloca algumas questões.
Partindo-se do fundamento de que os documentos são a fonte
privilegiada da extração e validação dos termos usados na construção dos
instrumentos de representação da informação, infere-se que este princípio
é o garante da atualização e legitimação dos vocabulários de indexação,
sobretudo no que respeita à terminologia cientíco-técnica, na medida em
que este tipo de terminologia é consensual, especializada e evolutiva. A
conceção tradicional deste princípio, de incidir o seu foco na terminologia
do documento, tem sofrido alterações, tendo-se, por isso, observado uma
extensão semântica do mesmo. Nesta perspetiva, Begthol (1986), destaca
três tipos de garantia literária: a cientíca, a educacional e a cultural, sendo
a última considerada como um garante do multiculturalismo e dos valores
éticos, extravasando deste modo, a função de natureza meramente técnica
e cientíca que lhe era atribuída na conceção tradicional. Por isso, Hudon
(1997), levanta a questão do multiculturalismo relativamente aos tesau-
ros, ao referir que um tesauro multilingue deve ser aquele em que todas
as culturas a que se destina se sintam representadas. Os instrumentos de
representação da informação e do conhecimento são estruturas dinâmi-
cas, que se ajustam e reinventam de acordo com as necessidades sociais
e reais de quem deles necessita e também de quem os constrói, como tal
devem ter sempre em conta o modo como se produz e como se consome
a informação. Por isso, é legítimo relembrar que os termos representam
conhecimento, na medida em que formalizam conceitos e, como tal, a sua
representação nunca poderá ser efetuada fora de um contexto, indepen-
dentemente da sua natureza. O reinventar deste princípio, que aparente-
mente foi esquecido durante décadas, prende-se neste novo século com a
discussão em torno das questões relacionadas com o acesso à informação,
ancorado nos ambientes digitais veiculado pela INTERNET e, em espe-
cial, pelas redes sociais, que permitem um acesso local e global, indepen-
172
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
dente do indivíduo, da cultura e da área do saber. Esta questão é tão mais
complexa quando se considera que um indivíduo no mesmo país pode ser
recetor e assimilador de vários valores culturais e, como tal, ter direito a
aceder à mesma informação utilizando diferentes termos, isto é, de acordo
com as suas orientações culturais.
Por todas estas questões, este princípio, hoje mais do nunca, é um
elemento metodológico imprescindível na prática da indexação.
A título de síntese dir-se-á que, apesar das alterações ocorridas
nas estruturas mentais, sociais e tecnológicas, não se observa uma rutura
na prática da indexação, quando observada nos dois paradigmas conside-
rados; verica-se uma evolução contínua nos princípios metodológicos e
nos fundamentos teóricos que sustentam esta prática. Outro ponto a con-
siderar é o facto de se presenciar, essencialmente no modelo pós-custodial,
a preocupação de se identicar e contextualizar epistemologicamente esta
área. Atestam esta ideia a literatura de cariz cientíco e académico, que
foi publicada sobretudo a partir dos anos 60. Considera-se também como
ponto a reter o facto de ser uma prática instituída e normalizada por orga-
nismos internacionais de relevo, como a ISO e a NISO.
Na atualidade encaram-se como grandes desaos da indexação
rever e consolidar a sua identidade epistemológica face à interdisciplina-
ridade envolvente, nomeadamente no que se refere às ciências da com-
putação. Rever a sua prática de acordo com o atual contexto cultural e
tecnológico, sem deixar cair os princípios metodológicos que a norteiam.
Neste ponto recomendam-se situações de compromisso entre os princípios
de uso, de garantia literária e o princípio cultural, recorrendo-se, para a
sua efetivação, à articulação dos seus referenciais teóricos com as técnicas
informáticas.
Por último, interessa promover ainda o compromisso entre a in-
dexação dita tradicional e a colaborativa (folksonomia), esta realizada pelo
cidadão anónimo, com o objetivo de contribuir para uma indexação mais
exível e multidimensional, pois expressa os modelos culturais do utiliza-
dor. É na contextualização e no ajustamento da indexação à sociedade con-
temporânea, que busca respostas para o pluralismo cultural e a armação
173
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
dos valores éticos e deontológicos, que esta prática se assume como essen-
cial, pois só nesta perspetiva poderá responder com o rigor às necessidades
informacionais de uma comunidade culturalmente heterogénea. Apenas
com base neste fundamento a indexação poderá contribuir para a cons-
trução de novo conhecimento, com vista a uma sociedade mais equitativa.
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179
caPítulo 7
reflexos da tecnologIa dIgItal no Processo de
comunIcação da cIêncIa
Maria Manuel Borges
1 Introdução
Nas duas últimas décadas generalizou-se o uso da Internet e da
World Wide Web que constituem a trama do ciberespaço. Nele vivem não
apenas os signos que conhecemos do universo físico, mas também aqueles
nativos deste meio, cuja natureza e essência é ser digital. No ciberespaço
irrompem novas e mais latas modalidades de comunicação da ciência, as
quais conformam práticas de colaboração, partilha, mediação e construção
da ciência sustentadas pela tecnologia digital.
A literatura cientíca tem caraterísticas que a distinguem da co-
mum: é produzida pelo autor com o objetivo de divulgar os resultados da
investigação, ou seja, serve para ser lida, comentada e citada, estando, por
essa razão, ligada às questões da produtividade e indiretamente ao sistema
de recompensas ou ‘teoria da troca’ de Hagstrom: ao contributo cientíco
transmitido à comunidade está subjacente a recompensa, traduzida pelo
reconhecimento prossional, resultando num circuito de retroação posi-
tiva que benecia todos os atores envolvidos. Bordieu (2004, p. 34) cha-
ma-lhe “capital simbólico” enquanto Latour e Woolgar (1986) preferem o
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p179-196
180
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
termo “credibilidade”: trata-se de um acumulado de “crédito” com vista a
ser usado na obtenção de mais “crédito”. Sendo, pois, um tipo de literatura
produzida com estes objetivos, quanto maiores forem as condicionantes à
sua difusão, tanto mais difícil será para os autores atingirem a visibilidade
pretendida, traduzida pelo volume de citações, com naturais consequên-
cias para eles próprios, para o progresso da investigação, bem como para
a própria sociedade no seu conjunto. A publicação anual de cerca de dois
milhões de artigos, tem estimulado o debate, nas últimas duas décadas,
sobre é o modelo de publicação, profundamente dialógico e partilhado,
que o novo meio inspira
120
:
A natureza do ‘paper’ ou ‘artigo’ cientíco ou académico foi formatado
pelo meio da sua publicação e distribuição. Cada item deve ser um grão
de informação independente, ligado por índices e resumos e referências
cruzadas. Há um valor (para a promoção e posse) na acumulação desses
grãos. [...] A rede é um lugar de diálogo. [ ] É um diálogo em que ape-
nas alguns participam, talvez, mas que é radicalmente aberto a todos
os que cumprirem com rigor as suas normas. Nesse espírito, talvez pos-
samos começar a falar não de uma forma esotérica de publicação, mas
de um reino de diálogo socrático (OKERSON; O’DONNEL, 1995,
tradução nossa).
A tónica da aceleração no acesso ao texto integral é particular-
mente sensível quando se trata de informação cientíca e é por essa razão
que todas as tecnologias, e muito particularmente a digital, desempenham
um papel preponderante na sua expressão. Contudo, a passagem de um
sistema fechado para um sistema aberto não se faz a um mesmo ritmo, já
que estes dependem, antes de mais, das práticas instituídas pelas várias
comunidades epistémicas e ainda de outros fatores:
(a) existência de investigação ativa; (b) valor da disseminação de re-
sultados; (c) presença de um colégio invisível ativo; (d) prevalência de
projetos em colaboração em larga escala; (e) dispersão geográca da
equipa; (f) interdisciplinaridade da colaboração da investigação e uso
de grande quantidade de dados e (g) papel das patentes na proteção
da propriedade intelectual (HURD, 2000, p. 1283, tradução nossa).
120
Existem múltiplos aspetos da comunicação da ciência que estão em discussão hoje, desde os modelos de
certicação pelos pares até à sua medição, mas aqui pretende-se destacar o processo de abertura, transversalidade
e horizontalidade que o meio digital proporciona.
181
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
São estas variáveis que contribuem para formar as culturas espe-
cícas das diferentes tribos, para usar a terminologia de Becher e Trowler
(2001), e , consequentemente, a forma como incorporam a tecnologia di-
gital nas práticas de construção da ciência.
A ampla disseminação dos resultados é o grande objetivo do Aces-
so Aberto (AA) à informação cientíca, procurando responder à necessi-
dade de ampliar, tanto quanto possível, os canais atualmente disponíveis
para a sua difusão. Para Cribb e Sari (2010), o AA ao conhecimento deve
ler-se como um direito humano e a única forma de ultrapassar a lacuna
entre a criação e a partilha do conhecimento, uma lacuna que sublinha
fortemente as assimetrias entre os que podem e os que não podem aceder,
e, portanto, fazer uso do conhecimento produzido. E, na verdade, temos
todos os meios de incrementar exponencialmente a capacidade de circula-
ção do conhecimento e a participação globais com todas as vantagens que
daí decorrem:
O acesso aberto fornece recursos académicos para um grande núme-
ro de professores e alunos que realizam os seus estudos fora do cír-
culo privilegiado das principais instituições. [...] Esses ganhos só são
alcançados através do compromisso de estudiosos em todos os lugares
para encontrar novas formas de melhorar o acesso ao conhecimento
(WILLINSKY, 2003, tradução nossa).
2 a centralIdade da comunIcação da cIêncIa
A comunicação cientíca é o processo que se inicia na in-
vestigação e culmina na disseminação ou partilha dos resultados. As
modalidades que assume dependem das “comunidades epistémicas”
(KNORR-CETINA, 1999)
121
ou “comunidades de práticas” (LAVE;
WENGER, 1991), um processo interativo no qual o conhecimento
é comunicado, usado e desenvolvido numa comunidade (KLING;
MCKIM, 1999). Numa aceção mais geral, considera-se o modo como
os académicos em qualquer área do conhecimento usam e disseminam
121
(KNORR-CETINA, 1999) Nesta obra, Knorr-Cetina chama a atenção para o que designa por ‘diversidade
da culturas epistémicas’ que assenta nas máquinas de conhecimento ou máquinas epistémicas as quais revelam
a fragmentação da ciência contemporânea.
182
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
a informação através de canais formais ou informais
122
.
A publicação é considerada a face visível da ciência ou a sua es-
sência, como sublinha Garvey em Communication the essence of science
(GARVEY, 1979), que Nentwich (2003) traduz como ‘o núcleo formal da
comunicação entre os académicos’ que une autores/leitores. A publicação
constitui, assim, o objectivo último da ciência, ligando-a, deste modo e
estreitamente, ao processo de tornar públicos os resultados da investigação
(CRONIN, 2005, p. 11). Karin Knorr-Cetina explicita esse sentido, tor-
nando-o sinónimo do processo de comunicação:
a comunicação é dita ser intrínseca à ciência pelo facto de a ciência
moderna ser um empreendimento colectivo que depende de os resul-
tados obtidos por cientistas individuais serem retomados por outros
cientistas que se fundam neles e os desenvolvem. A ciência projeta-se
a si mesma no futuro através da comunicação (KNORR-CETINA,
1999, p. 378).
A introdução de uma qualquer nova tecnologia implica a alte-
ração ou reconguração de processos. Contudo, as transformações a que
assistimos hoje são mais de natureza estrutural do que essencialmente
orientadas pela tecnologia digital, isto é, a principal mudança regista-se
na quebra da linearidade da comunicação, substituída por um modelo in-
terativo de rede, essencial para o crescimento e gestão do conhecimento.
Roosendall e Geurts reconhecem, contudo, que o desenvolvimento das
Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) vai suportar, sobretudo,
as duas principais partes interessadas na comunicação cientíca, o autor e
o leitor (ROOSENDAAL; GEURTS, 1998).
123
Numa outra obra em que
reetem sobre as forças e as funções da comunicação da ciência, identicam
as quatro forças complementares do mercado da comunicação cientíca,
ou ‘espaço de informação’, através de pares complementares: no primeiro
conjunto, encontram-se os atores (autores/leitores) e a acessibilidade (dis-
ponibilidade/recuperação), “eixo que descreve as dinâmicas do mercado
122
Para mais informação sobre esta matéria, veja, por exemplo: Borgman and Furner (2001) e Borgman (2007)
O facto de os canais informais se terem expandido e assumido formas amplas de disseminação de contactos
interpessoais, associadas aos meios tecnológicos de que dispomos, torna estes canais um meio privilegiado para
a armação da prioridade cientíca face à morosidade dos canais formais.
123
Note-se que são, muitas vezes, papéis intermutáveis porque um autor é também leitor e vice-versa.
183
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
e os modos de transação”, enquanto no segundo conjunto se encontra o
conteúdo (questões/respostas) e a aplicabilidade (ciência/tecnologia), “eixo
que descreve os diferentes aspetos do conteúdo que são negociados”. Estes
dois eixos e respetivos pares são sucientes para descrever a sua dinâmica
(ROOSENDAAL; GEURTS; HILF, [s.d.]). Evidentemente que o primei-
ro eixo é aquele que focaliza a nossa atenção, e é discutido neste trabalho,
na medida em que condiciona fortemente o modo como o segundo se
pode consubstanciar.
Para além das forças que estruturam a comunicação cientíca,
(Roosendaal et al., 2001) identicam as quatro funções que cumpre e que
resumem os pontos essenciais deste processo: (i) registro, fundamental
para estabelecer a prioridade intelectual, (ii) arquivo, cuja acessibilidade
tem de ser assegurada ao longo do tempo, (iii) certicação, uma função
crucial para a certicação do material publicado estabelecido através da
arbitragem cientíca, e (iv) disseminação, isto é, o processo pelo qual o
investigador se mantém a par do que vai sendo publicado na sua área. Estas
funções distribuem-se pelos eixos mencionados, constituindo uma espécie
de tetaedro, em conjuntos de pares, como acontece com o mercado: “o
registo e a consciencialização constituem aspetos distintos da observação
cientíca, enquanto [ ] a certicação e o arquivo aspetos distintos do jul-
gamento cientíco”(ROOSENDAAL; GEURTS, 1998, p. 14-15). Esta
distinção permite aos autores descrever as várias atividades ou transações
no que concerne, por um lado, ao conteúdo, i.e., à transferência do conhe-
cimento, e, por outro lado, à sua aplicabilidade na investigação. Não temos
qualquer dúvida em armar que das funções que cumpre a comunicação
da ciência, aquela ligada às questões da prioridade intelectual é a que tem
potenciado a transformação porque está intrinsecamente ligada ao reco-
nhecimento do contributo e assim à ‘acumulação de crédito’.
3 o arquIvo da cIêncIa
O arquivo da ciência é o conjunto das publicações, de tipologia
variada, que constitui o testemunho mais perene da armação da priori-
dade intelectual da descoberta cientíca. Tal conjunto, típica e maiorita-
184
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
riamente constituído por monograas, artigos em publicações periódicas
e atas de congressos, constitui o canal formal de comunicação da ciência
e é, até agora, o principal arsenal que alimenta novos ciclos, devendo, por
essa razão, ser acessível, e, portanto, preservado. É sobre ele que incidem
as atuais propostas de abertura da ciência que têm por objetivo promover
a sua ampla disseminação. Assume, pois, neste âmbito, uma importância
fundamental o acesso e uso alargado da informação cientíca para aumen-
tar a qualidade e produtividade dos sistemas de ciência mundiais. Esta
convicção levou à adoção da OECD Principles and Guidelines for Access
to Research Data from Public Funding (OECD, 2007), onde os governos
representados
124
assumem o compromisso de trabalhar no sentido de esta-
belecer, entre outros, (i) regimes de acesso aos dados da investigação que
estão na base dos resultados publicados, o que constitui um retorno do in-
vestimento público para a sua captação na medida em que podem ser uma
fonte potencial de conhecimento para novas investigações. É importante
lembrar que “o valor dos dados reside no seu uso” (U.S., 1997) e que os
esforços para assegurar a sua acessibilidade se traduzem, em última análise,
em benefícios para a ciência, e consequentemente, para a humanidade.
Dos treze princípios pelo relatório da OECD, destacamos os dez seguintes,
grande parte dos quais usa a Internet como infra-estrutura:
> Abertura: acesso igualitário para a comunidade internacional de
investigação ao menor custo possível, preferencialmente não supe-
rior ao custo marginal de disseminação e através da Internet;
> Transparência: disponibilização dos dados e das organizações
produtoras de dados, documentação sobre os dados bem como so-
bre o seu uso;
> Conformidade legal: tendo em conta, no desenho do acesso a
esses dados digitais, as disposições legais nacionais e os legítimos
interesses de todas as partes interessadas;
> Responsabilidade formal: promoção de regras explícitas e formais
sobre a responsabilidade das várias partes envolvidas com os dados;
124
Governos da África do Sul, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coreia, China, Dinamarca, Estados Unidos
da América, Federação Russa, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Holanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Lu-
xemburgo, México, Nova Zelândia, Noruega, Polónia, Portugal, República Checa, República Eslovaca, Espa-
nha, Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia.
185
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
> Prossionalismo: construção de regras institucionais para a gestão
de dados digitais baseados em normas prossionais relevantes bem
como nos valores embebidos nos códigos de conduta das comuni-
dades cientícas envolvidas;
> Interoperabilidade: ter em conta as normas e requisitos interna-
cionais em uso nas diferentes situações através da cooperação com
outras organizações internacionais;
> Qualidade: o valor e a utilidade dos dados da investigação de-
pende da sua qualidade intrínseca, o que recomenda o desenvolvi-
mento de normas que a assegurem;
> Segurança: aplicação de técnicas e instrumentos que garantam a
segurança e integridade dos dados da investigação;
> Eciência: evitar duplicação desnecessária na coleta de dados e
> Sustentabilidade: medidas para assegurar o acesso ao longo do
tempo aos dados que foram considerados para preservação.
Esta partilha de dados tem todas as vantagens enunciadas e ain-
da aquelas resumidas por Tenopir et al., (2011) que visam a sua reuti-
lização: a preservação ao longo do tempo, a otimização de recursos, a
possibilidade de replicação de estudos, etc. Os resultados deste estudo
de Tenopir et al. apontam algumas das razões que podem encorajar os
investigadores a partilhar ao menos uma parte dos seus dados e a reutili-
zar outros, em condições denidas, se obtiverem alguma vantagem com
isso: a obtenção do crédito através da citação da origem dos dados ou a
cópia dos artigos onde os dados foram utilizados encontram-se entre os
exemplos apontados.
Assistimos hoje a uma abertura progressiva que extravasa os re-
sultados publicados e pede também os dados que lhes dão origem. Estes,
se abertos a outros investigadores, prestam-se à signicação em novos con-
textos e não se esgotam, como até aqui, num conjunto fechado, e portanto
nito, de signicados. Se tivermos em conta que a ciência atual se carate-
riza por produzir uma quantidade massiva de dados, a sua abertura e a sua
186
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
interligação aumentam extraordinariamente o seu potencial de signicação
bem como o seu impacto, particularmente na resolução dos problemas
complexos que enfrentamos no mundo contemporâneo.
4 a exPansão dos meIos de dIssemInação
Em Opening Science, Bartling e Frieskike (2014), recordam-nos
que tanto a Internet como a World Wide Web (WWW), desenhadas na
academia para ns de investigação, invadiram o nosso quotidiano, acaban-
do por transformar muitos dos seus aspetos.
125
São as mesmas vias, como
vimos, pelas quais a ciência se faz e se expande, recongurando o fazer
cientíco no que toca ao acesso, escrita, produção e disseminação deste
tipo de informação, estimulando outras práticas de colaboração, de revisão
e de medição dos contributos.
Michael Nentwich, em 2003, descreveu em Cyberscience: Rese-
arch in the Age of the Internet as principais consequências da difusão das
TIC não apenas na academia, a qual se expande progressivamente para
o terreno do ciberespaço, mas também na própria ciência, denida nesta
obra como ciberciência, i.e. “o conjunto de atividades cientícas e de in-
vestigação no terreno do virtual gerado pela redes de computadores e pelos
avanços das TIC em geral”, ou, por outras palavras “o que os investigado-
res fazem no ciberespaço” (NENTWICH, 2003, p. 22). Essas mudanças
podem sintetizar-se, segundo Nentwich, em cinco pontos: (i) acesso faci-
litado aos dados, através das bases de dados em linha, (ii) computação dis-
tribuída, particularmente importante para a elaboração de modelos com-
plexos, (iii) capacidade de administração de questionários em larga escala
quando aplicados em linha, (iv) organização do trabalho tendo em conta
os fusos horários das equipas que nele trabalham e (v) construção de bases
de dados distribuídas (NENTWICH, 2003). Na mesma obra, Nentwich
aponta para um aspeto que vai retomar mais tarde, o do potencial poder
criativo dos novos media.
125
Os autores têm o cuidado de sublinhar que a pluralidade de termos não aponta para uma situação de sinoní-
mia: e.g. ‘Ciência 2.0’ não é sinónimo de ‘Ciência Aberta’, já que se a primeira é a expressão pura destes novos
meios, a segunda implica, além disso, que os conteúdos estejam disponíveis.
187
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Já mais recentemente, Nentwich e Konig (2012) focam a sua
atenção nas Redes Digitais para constatar que, num período curto de tem-
po, os universos da coleta e da disseminação de dados, de todos os dados,
estão a sofrer alterações. O mesmo sublinha Borgman (2015) em Big Data,
Little Data, no Data onde reete sobre a disponibilidade dos ‘Big Data’ e
as suas implicações para as diferentes culturas epistémicas, comparando o
seu signicado atual ao da ‘Big Science’, de que falava Derek de Solla Price,
nos anos 60 do século passado.
A transformação trazida pela Internet ou, mais concretamente,
pelas ferramentas e dados digitais, usados de um modo colaborativo e dis-
tribuído, é o objeto de Knowledge Machines (MEYER, SCHROEDER,
2015). Nesta obra frisa-se o modo como as tecnologias digitais constituem
máquinas do conhecimento’, isto é, instrumentos de manipulação de da-
dos que contribuem para o avanço e utilização da investigação.
A quantidade extraordinária de dados de que dispomos e que
estão em crescimento contínuo, por um lado, e, por outro lado, a extrema
diculdade e custo em obter alguns deles, faz com que o signicado da sua
reutilização não se possa isolar na validação dos resultados, mas vá mais
longe e se aplique a outros contextos. Sinal da importância desta abertura
são os projetos em curso um pouco por todo o mundo. Ainda muito re-
centemente - 15 de janeiro de 2016 - foi anunciado o projeto CENDARI
(Collaborative European Digital Archive Infrastructure), nanciado com
6,5 milhões de libras pelo 7º Programa-Quadro da União Europeia. Este
projeto, destinado a disponibilizar meio milhão de recursos digitalizados a
partir de fontes medievais e da I Guerra Mundial, oriundos de mais de mil
e duzentas instituições de todo o mundo, pretende colocar nas mãos dos
investigadores meios que lhes permitam transcender barreiras geográcas
e aceder a essa acumulação de dados transnacional. Ainda na Europa, um
dos projetos mais importantes é o Open Access Infrastructure for Research in
Europe (OpenAIRE, 2016), que, no momento de escrita deste texto, está
perto de atingir 14 milhões de publicações e 17 mil conjuntos de dados
(datasets), oriundos de mais de 6 mil repositórios. Mas há outros exemplos
desta nova malha como o Grid Particle Physics (GridPP) (PARK; SHIM,
2011), que vive da força de computação distribuída, ou que resulta da
colaboração do público com a academia como é o caso do Galaxy Zoo, o
188
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
qual, ao m do primeiro ano de funcionamento, tinha recebido contribu-
tos de mais de 150.000 pessoas (GALAXY ZOO, 2015). O envolvimento
do público e o esforço colaborativo está também presente nas humanida-
des, como o projeto Pynchon wiki, destinado a discutir a obra de omas
Pynchon (2015), demonstra. A colaboração estreita entre centenas de vo-
luntários e os investigadores torna possível a recolha de resultados impos-
sível de obter pelas formas tradicionais do ‘fazer ciência’.
Os vários exemplos apontados são ilustrativos desta nova forma
do ‘fazer ciência
126
, que tem uma gama diversicada de denições, e que
faz uso amplo da capacidade colaborativa, da incorporação de distintos
media, e ainda pode incluir capacidade computacional, quer envolva pu-
ramente a comunidade académica, quer amplie o conjunto de sujeitos im-
plicados nessa colaboração exteriores à academia. E se as designações para
estes novos ‘fazeres’ não são consensuais, o que parece sê-lo é o conjunto de
áreas onde o impacto de faz sentir, como sublinha Jankowski
(2010, p. 7):
Processos de investigação: inclusão crescente do computador em
todos os processos de investigação, envolvendo frequentemente
máquinas de alta velocidade, grande capacidade e a trabalhar em
rede;
Constituição de colaboratórios virtuais: estruturas virtuais de or-
ganização que envolve a colaboração à distância entre investigado-
res, frequentemente de âmbito internacional;
Formas experimentais de olhar para os dados: a visualização de
dados, como a análise de redes e de hiperligações ou de represen-
tações multimedia e dinâmicas e
Publicação, distribuição e preservação do trabalho intelectual atra-
vés da Internet, quer pelas vias tradicionais (editoras, bibliotecas
digitais), quer por vias menos formais ou institucionalizadas (e.g.
sites de redes sociais, sites web pessoais).
127
126
(IEEE, 2014) Há uma grande quantidade de designações para exprimir estas novas modalidades. Uma delas
é a e-Ciência, cuja denição, que podemos encontrar na página Web do IEEE dedicada a conferências sobre
este tema, é a seguinte: “a e-Ciência abrange todos os campos da investigação e todos os estádios do ciclo da
investigação, desde a formulação de questões de investigação, através da simulação em larga escala ou análise de
dados, descoberta cientíca até à partilha, reutilização e reaplicação de resultados, dados e outras ferramentas
relevantes, processos e conhecimento” que, na versão condensada, se apresenta como: “a e-Ciência promove a
inovação em colaboração investigação computacional ou aplicada a grande quantidades de dados em todas as
disciplinas ao longo do ciclo de vida do processo de investigação”. Mas não tem necessariamente de enfatizar
o uso de computadores de elevada performance e a utilização de vastos conjuntos de dados, basta enfatizar a
incorporação de vários media e redes digitais no processo de investigação. In: IEEE (2014, tradução nossa).
127
Tradução e adaptação do original nossa.
189
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Este incremento claro de exposição de resultados e de dados su-
blinha e incrementa um potencial aumento de ‘crédito’: o que leva os au-
tores a publicar no núcleo de títulos mais signicativo de uma disciplina é
a tentativa de garantir para o seu trabalho um elevado volume de citações
que expressam a sua inuência na área. A citação e o acesso estão, clara-
mente interligados, uma vez que a disponibilidade da fonte é uma das con-
dições da citação (BORGMAN; FURNER, 2001, p. 26). Para permitir
incrementar a citação de dados, tornando-os mais acessíveis, úteis e reutili-
záveis, foi criado o DataCite (2016). O DataCite atribui um identicador
perene (DOI – Digital Object Identier) aos dados, facilitando a sua cita-
ção, tal como acontece com as publicações, e que pode efetivamente fazer
a diferença entre a disponibilização ou não de dados.
É a consciência da necessidade desta exposição que leva os au-
tores a aumentar o uso das diferentes e crescentes modalidades dos canais
informais, os quais complementam os meios clássicos de comunicação da
ciência: ferramentas de comunicação – blogues, wikis – de partilha - Redes
Sociais Académicas, repositórios cientícos, incluindo repositório de da-
dos – de gestão de referências bibliográcas – Zotero, Mendeley, etc. – de
desambiguação dos autores – Researcher ID, ORCID – de exploração de
novas métricas – Altmetrics – de exploração de novas formas de arbitragem
cientíca, novos formatos de publicação, novos modelos de proteção da
propriedade intelectual.
A tecnologia digital está a transformar signicativamente o modo
como as diferentes culturas epistémicas fazem investigação, o que nos co-
loca em trânsito, como referem Bartling e Friesike, para uma segunda re-
volução cientíca ou, pelo menos, “para as alterações mais importantes nas
ciências e nas humanidades do nosso tempo e de um futuro previsível”
(BARTLING; FRIESIKE, 2014, p. 3). Os vários processos de transfor-
mação em curso constituem (i) uma democratização da investigação pela
maior abertura aos recursos de informação de todo o tipo – o que gera um
efeito de transparência que deve beneciar a ciência - e ao envolvimento
da sociedade quer pelo engajamento dos cidadãos nos processo cientícos,
quer pela sua inclusão nas discussões cientícas; (ii) de novos métodos de
investigação que visam responder ao ‘Big Data’, um crescendo de cola-
190
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
boração na investigação através de fenómenos de partilha entre pares e o
público em geral.
5 o PaPel das bIblIotecas unIversItárIas no contexto da InvestIgação
Já referimos que os conjuntos de dados que os investigadores têm
hoje ao seu dispor quer para a simulação de modelos de sistemas físicos,
representação de modelos de processos naturais ou comportamentos de
indivíduos e sociedade, desencadeiam novos métodos de investigação, mas
geram igualmente desaos pela complexidade que se coloca ao seu proces-
so de arquivo, preservação e utilização efetiva, metadados, proveniência,
privacidade, condencialidade, direitos de propriedade, etc. Um desses
exemplos, que ilustra a dimensão do problema, é o projeto da Biblioteca
do Congresso, How Tweet It Is, dedicado a preservar os dados desta rede
social (ZIMMER, 2015). A mesma Biblioteca do Congresso é respon-
sável pela National Digital Information Infrastructure and Preservation
Program (Digital Preservation, 2016), cabendo-lhe denir uma estratégia
nacional de coleta, preservação e difusão de conteúdo natureza digital, de
modo a assegurar a sua preservação ao longo do tempo.
Considerando a dependência da ciberciência dos dados digitais,
os projetos de digitalização levados a cabo pelas bibliotecas são fundamen-
tais neste contexto. Tanto os projetos de bibliotecas digitais que resultam
da digitalização de objetos analógicos e que incorporam, muitos deles,
valor acrescentado face ao objeto original, como os novos objetos arma-
zenados em repositórios institucionais e temáticos, tornam a biblioteca
uma das principais partes interessadas, fornecendo quer o material, quer
o conhecimento especializado em todos os processos envolvidos com a
sua organização e preservação. A criação de metadados e de dados ligados
(LOD), as questões da interoperabilidade, a prestação de novos serviços,
a colaboração em serviços de descoberta, a participação em projetos de
publicação, incluindo revistas em Acesso Aberto, a gestão de repositórios
institucionais, a preservação ou, de um modo mais amplo, a curadoria dos
dados, entendida como a gestão ativa da preservação ao longo do ciclo
de vida do objeto, são apenas algumas das preocupações assumidas pelas
191
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
bibliotecas, particularmente as universitárias, na contemporaneidade. No
Reino Unido, o Digital Curation Centre (DCC) tem por objetivo apoiar
a formação de investigadores e curadores de dados de forma a que possam
gerir e partilhar os dados digitais ao longo do ciclo de vida da investigação.
A curadoria digital “envolve a manutenção, preservação e adição de valor
aos dados digitais ao longo do seu ciclo de vida, [ ] procurando assegurar
a sua disponibilidade para reutilização” (DIGITAL CURATION CEN-
TRE, 2016).
Qualquer ambiente de investigação pede às suas bibliotecas que
assumam um papel ativo enquanto alavanca de informação, coligindo e or-
ganizando as fontes fundamentais que ancoram a produção da ciência. Se
olharmos para os reexos da paisagem digital em emergência, a sua atua-
ção expressa-se em domínios muito distintos, bem patente nos primórdios
das bibliotecas digitais na segunda metade dos 1990s
128
cuja complexida-
de requer equipas interdisciplinares na sua abordagem. A construção das
bibliotecas digitais foi a tónica dominante nos anos seguintes em todo o
tipo de bibliotecas, mas naquelas universitárias os repositórios, sobretudo
institucionais, vieram competir pelos recursos, sempre escassos, destas bi-
bliotecas gerando, em simultâneo, mais conteúdos digitais e desenhando
novos papéis para os seus prossionais.
A disponibilização de uma vasta quantidade de objetos digitais
que, de outro modo, permaneceriam dicilmente acessíveis pelas mais
distintas razões – raridade, diculdade de manipulação, localização, entre
outros -, aliados àqueles que os repositórios vieram incluir, permitem hoje
a aplicação de métodos que visam analisar e visualizar quantidades mas-
sivas de dados. É porque dispomos de todos estes dados que a e-Science,
e-Research, Digital Scholarship ou Digital Humanities ganham espessura e
sentido. Assim, a tónica da acessibilidade à informação cientíca, através
de bibliotecas digitais e repositórios, a monitorização do seu consumo, a
avaliação da produção cientíca pelo recursos a diferentes métricas e as
questões da preservação digital, ou, de uma forma mais ampla, da cura-
doria digital, já que, progressivamente, se pede também a submissão dos
128
Nos Estados Unidos da América, nas duas fases de iniciativas digitais, DLI-1 e DLI-2 (1994-1999), foram
selecionados projetos que visavam responder a problemas estimulados ou especícos do universo digital. Para
mais informação veja FOX, E. A. (1999).
192
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
dados da investigação aos repositórios, são aspetos centrais para estas bi-
bliotecas, exigindo uma preparação apropriada dos seus prossionais.
Num trabalho publicado em 2013, Moving Towards an Open Ac-
cess Future: the role of academic libraries (HARRIS, 2012), um grupo de
especialistas apontou as principais alterações para as bibliotecas no novo
contexto que desvaloriza os recursos residentes na instituição em favor de
sistemas de descoberta capazes de descortinar uma gama mais ampla de re-
cursos que extravasa o catálogo, o papel que passam a assumir no contexto
dos repositórios, o acento tónico nos serviços fornecidos, uma tendência
para o trabalho em rede, partilhando funções e serviços, e, nalmente, um
destaque para o prossional da informação: “e information professional
is the library of the future”.
129
6 conclusão
Pelo exposto, várias conclusões podem ser retiradas. Em primeiro
lugar, e antes de mais, o lugar ocupado pelo artigo cientíco no processo
de comunicação académica parece ter reassumido uma maior centralidade.
Para o arquivo da ciência poderão car as versões denitivas, postprints,
mas também aquelas que lhes deram origem e que foram divulgadas am-
plamente pelos pares
130
. Em segundo lugar, é inquestionável a importância
da abertura para os autores às suas publicações, no sentido de aumentar a
possibilidade de difusão dos seus trabalhos. Um trabalho lido não é forço-
samente citado, mas um trabalho de acesso condicionado a um grupo res-
trito poderá perder parte do impacto que seria capaz de obter. Em terceiro
lugar, as condicionantes atuais não são de todo técnicas, mas antes relevam,
simultaneamente, de duas ordens de fatores: uma económica - os interesses
das editoras - e outra, e mais fundamental, de mentalidades dos autores.
A abertura crescente dos editores à disponibilização das versões preprint e
postprint evidencia, pelos números de submissões aos repositórios institu-
cionais, uma forte inércia na academia
131
.
129
Uma descrição interessantes sobre os novos papéis que devem ser assumidos peloas bibliotecas no âmbito do
dilúvio digital’ (digital deluge) é descrito neste trabalho de GRIFFIN (2013).
130
Convém realçar que a cultura de preprints ou de circulação de manuscritos em círculos mais ou menos restri-
tos constitui uma prática regular da ciência.
131
Naturalmente que a esta inércia não são alheias as práticas das comunidades epistêmicas um novo meio tende
193
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Os canais formais e informais de disseminação da ciência não são
apenas um modo distinto de expressão, antes assumem aspetos diversos de
atualização, mais ou menos célere, de revisão ou certicação e de preservação.
Tocada pela tecnologia digital, tanto o ciclo da informação cientí-
ca nas suas diferentes fases, como o contexto em que esse ciclo tem lugar
são afetados. É a tecnologia digital, e mais particularmente a Internet e a
WWW, que está na base de uma segunda revolução cientíca, a qual am-
plia os meios e as modalidades de expressão da construção do conhecimen-
to, cujas marcas são visíveis nos termos que usamos para descrever o futuro
da investigação. ‘Ciência 2.0’, ‘Ciberciência’, ‘Ciência Aberta’ ou ‘Huma-
nidades Digitais’ são apenas formas de referir que a investigação do futuro
fará uso e ganhará expressão pelas e nas Internet e WWW (Bartling et al.,
2014) através do uso dos novos espaços comunicacionais para fazer ciên-
cia. Ao facilitar e promover novas formas de comunicação entre os indiví-
duos, incluindo a criação de novas comunidades, centradas em interesses
comuns, a tecnologia digital permite a constituição de colaboratórios, que
fazem uso do espaço virtual, e aporta em si a possibilidade de recongurar
cada uma das fases deste ciclo, (re)desenhando, deste modo, a paisagem
do acesso à informação cientíca e com isso a exploração deste território.
Temos assistido a um reforço positivo das agências de nancia-
mento para a necessidade de abertura aos recursos de informação custeados
com dinheiros públicos. Isto não signica que se venha a prescindir da
publicação pelos canais habituais, mas antes que é necessário complemen-
tar essa difusão garantindo um acesso, tão irrestrito quanto possível, ao
conhecimento de modo a tornar mais igualitárias as condições de acesso
ao conhecimento.
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197
caPítulo 8
la evolucIón de la comPlejIdad tecnológIca
de la web semántIca
Juan-Antonio Pastor-Sánchez
1 IntroduccIón
La Web actual es muy diferente de aquella diseñada por Tim
Berners-Lee que fue presentada al mundo en 1992. Desde entonces hasta
hoy día, este servicio de Internet se ha convertido en una plataforma
cliente-servidor universal sobre el que se desarrollan todo tipo de
aplicaciones e intercambian contenidos muy diversos. En la actualidad
la Web se ha convertido en una realidad incardinada en nuestro devenir
diario. La mayor parte de los usuarios son poco conscientes que múltiples
tipos de servicios y contenidos utilizan la Web como núcleo tecnológico de
desarrollo (GUINARD; TRIFA; WILDE, 2010). Redes sociales, medios
de comunicación digitales, contenidos multimedia, comercio electrónico,
gestión nanciera o herramientas de gestión corporativas son algunos de
los ámbitos en los que la Web constituye la plataforma de funcionamiento.
Por lo tanto, la Web es algo más que un entorno en el que los
usuarios interactúan con contenidos e información. La propia arquitectura
de la Web permite su ampliación mediante nuevas tecnologías que hacen
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p197-224
198
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
posible crear nuevas aplicaciones que van más allá de la gestión o generación
de documentos HTML
132
. Los desarrolladores de contenidos y servicios
vieron el potencial de la web como plataforma para la publicación y el
intercambio de información estructurada.
Una primera reexión nos podría acercar a la idea que Internet en
general y la Web en particular han cambiado para siempre el concepto de
documento. De hecho, desde mediados de los años 90 del siglo pasado la
mayoría de los documentos nacían digitalmente en entornos omáticos. A
partir de este momento, con el auge de Internet comenzaron a manejarse
de forma masiva los documentos digitales, fundamentalmente a través del
correo electrónico y la publicación distribuida en múltiples formatos y
niveles de agregación realizada mediante la Web (JAEGER; BERTOT,
2010). La auténtica revolución de la Web no resulta tan visible para el gran
público. El documento digital, en diferentes formatos, como paradigma
de la Web, es ampliamente superado en volumen y heterogeneidad por los
datos estructurados publicados en este sistema (HEATH; BIZER, 2011).
El desarrollo de tecnologías y su aplicación para que grandes cantidades de
datos estructurados estén disponibles a través de la Web se agrupan bajo
el nombre de Web Semantica (BERNERS-LEE; HENDLER; LASSILA,
2001). Denominaciones como Linked Open Data, Hyperdata o Data on the
Web se reeren a distintos “sabores” de una misma realidad: la publicación
de grandes volúmenes de datos altamente estructurados en la Web.
Se trata de un fenómeno que tiene profundas implicaciones
que afectan tanto a los usuarios, como a las instituciones que tienen en la
Web un soporte para sus servicios. Las bibliotecas o archivos, por poner
un ejemplo, comienzan a plantearse publicar sus catálogos, autoridades
y materias en forma de conjuntos de datos abiertos, disponibles para
su consulta, descarga y reutilización (HASLHOFER; ISAAC, 2011).
Entran en juego aspectos técnicos, pero también otros relacionados con la
descripción y la representación de los recursos informativos, el acceso, la
calidad, preservación y autenticidad de los datos disponibles o las licencias
de uso entre otros.
132
HyperText Markup Language. Es un lenguaje de marcado usado para la estructuración y el formato de páginas web.
199
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Por otro lado, la Web requiere herramientas ecientes de
recuperación de información. No solamente existen más de 900 millones
de sitios web en todo el planeta
133
, sino que el número de páginas en cada
uno de ellos puede ser de varios cientos e incluso miles. A lo anterior cabe
añadir que un conjunto de datos puede tener un número indeterminado
de elementos. Por poner un ejemplo Datahub
134
recoge más de 10.000
conjuntos de datos, entre los cuales DBpedia
135
ofrece 1.200 millones de
tripletas o más “modestamente” GeoNames
136
contiene casi nueve millones
de nombres geográcos. En consecuencia, tal y como arma Spivack (2007)
con la aparición de los contenidos generados en la web 2.0 se produjo un
cambio en el funcionamiento de los motores de búsqueda que también se está
produciendo con la incorporación de grandes volúmenes de datos accesibles
directamente a través de la web. Con la Web 2.0 se incorporaron entradas
y comentarios de blogs, perles de redes sociales o foros de debate, siendo
preciso adaptar la dinámica de los motores de búsqueda a estos contenidos. La
existencia de datos estructurados con un modelo de descripción semántica no
solamente demanda un nuevo enfoque en la recuperación de información en
la Web, sino que perla nuevas posibilidades para que dichos datos puedan
hacer viable el desarrollo de servicios de valor añadido partiendo de procesos
de inferencia o el descubrimiento de información.
La Web conforma un ecosistema de gran complejidad y sujeto a
continuos cambios. El W3C
137
siendo consciente de ello, no solo centra su
trabajo en el desarrollo de estándares y tecnologías. También pretende ser
un centro aglutinador, en el que usuarios, desarrolladores, investigadores,
empresas y fabricantes participen e intercambien la experiencia resultante
de aplicar y desplegar dichas tecnologías. Este enfoque colaborativo provoca
que haya cambiado en cierto modo el modelo de gestión de los conjuntos
de datos: frente a la centralización y los procesos de recolección/agregación
de datos u objetos digitales se plantea la gestión distribuida de los mismos
133
Según datos de Internet Live Stats: <http://www.internetlivestats.com/total-number-of-websites/>.
134
Disponível em: <http://datahub.io>. Acesso em: 10 dez. 2015.
135
Disponível em: <http://wiki.dbpedia.org/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
136
Disponível em: <http://www.geonames.org/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
137
World Wide Web Consortium. Consorcio internacional cuya misión es la creación de recomendaciones y
estándares Web.
200
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
y la identicación, localización, acceso y uso a través de tecnologías
abiertas interoperables. Sin duda dicho enfoque coincide en gran medida
con los principios del paradigma postcustodial (UPWARD, 1996), motivo
por el que las tecnologías y prácticas de la Web Semántica podrían tener
una aplicación directa en la práctica actual del Record Management o la
Gestión Archivística (WU; HEOK; TAMSIR, 2006). Comprender la Web
Semántica supone en gran medida comprender una nueva realidad en la
gestión y difusión de datos en cualquier contexto, puesto que la Web se
ha convertido en soporte “de facto” en donde la publicación y gestión
descentralizada de grandes conjuntos de datos supone una alternativa más
ecaz a los procesos de recolección y agregación para la creación de grandes
bancos de datos centralizados.
En este capítulo se expondrán de forma comprensiva los
principales elementos y aproximaciones de aplicación de la Web Semántica.
En primer lugar se contextualiza algunos aspectos conceptuales como
son la interoperabilidad, la reutlización, los metadatos y las ontologías.
A continuación se realiza una breve descripción de las tecnologías
utilizadas para dar soporte de dichos aspectos. Más adelante se contrapone
la agregación de datos para generar repositorios centralizados frente al
enfoque deLinked Open Data en el que la gestión de los datos se realiza
de forma descentralizada al tiempo que se establecen conexiones entre
los mismos. También se analizan los trabajos relacionados con las buenas
prácticas de publicación de datos en la web y se concluyen con una serie de
consideraciones nales a modo de reexión.
2 InteroPerabIlIdad, reutIlIzacIón, metadatos y ontologías
La interoperabilidad es la capacidad de un sistema de información
y los procesos que desarrolla para compartir datos para que sea posible el
intercambio de información y conocimiento de forma directa con otros
sistemas existentes o futuros y sin restricción de acceso o implementación
(SHETH, 1999). Se trata de un concepto que supera los procedimientos
de importación y exportación de datos que precisan de procesos de
transformación y denición de equivalencias entre estructuras diferentes.
201
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Esto permite la compatibilidad de sistemas al compartir directamente la
información que gestionan. En igual medida la interoperabilidad garantiza
que en un futuro los sistemas de información no encuentren problemas para
incorporar datos gestionados por sistemas desarrollados previamente cuyas
funciones quedan obsoletas con el paso del tiempo. En esta perspectiva
diacrónica, la interoperabilidad también es uno de los componentes de la
preservación digital (DAY, 2003).
Por otro lado, tal y como puede apreciarse en la gura 1 (DAVIS,
2006), existe una relación entre diferentes grados de interoperabilidad la
capacidad de uso de metadatos y el incremento de la capacidad de búsqueda
de los sistemas de información.
Figura 1 - La interoperabilidad y la relación entre el incremento de la
capacidad de búsqueda y el uso de metadatos.
Fuente: DAVIS, 2006, traducido y adaptado.
La interoperabilidad enlaza directamente con el concepto de
reutilización. Aquella se centra en el modo en el que los sistemas están
diseñados para la implementación de modelos de descripción, gestionar
estructuras los datos que los concretan y aplicar formatos. Por su parte,
la reutilización está asociada a los procedimientos de acceso, calidad y
utilidad de los datos, licencias de uso y transformación y la capacidad
para generar nuevos datos, contenidos, conocimiento, productos y
servicios.
202
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
En consecuencia estamos ante una perspectiva en el que los datos,
con sus correspondientes licencias, constituyen un recurso esencial para el
desarrollo de nuevos productos y servicios en la sociedad de la información.
Son la clave para establecer procedimientos para compartir datos,
intercambiar información y conocimiento. Es evidente que se precisa una
coordinación e interrelación de los agentes clave: administración pública,
empresas, investigadores, educadores y ciudadanos. En los lugares comunes
en los que estos agentes generan sinergias de reutilización mediante técnicas
de interoperabilidad con estándares abiertos se generan nuevas actuaciones
y posibilidades de negocio (RAMOS SIMÓN et al., 2012). A todo esto
subyace la voluntad política de adoptar y ejercitar el principio de neutralidad
tecnológica que desarrollen y fomenten el uso de dichos estándares.
Para que la interoperabilidad y la reutilización puedan desarrollarse
en la práctica es preciso adoptar una serie estándares tecnológicos. Pero
también es necesario comprender que los datos estructurados siempre
requieren de modelos conceptuales que permitan representar abstracciones
de ideas u objetos del mundo real. Esta es la base de los modelos descriptivos
que caracterizan los objetos de información según determinados atributos y
denen las relaciones lógicas entre objetos (SOLODOVNIK, 2011).
En la Web Semántica los planteamientos anteriores se llevan a
la práctica mediante la descripción de recursos de información aplicando
vocabularios que implementan esquemas de metadatos y ontologías.
Los metadatos son elementos que describen un determinado
objeto siguiendo algún modelo o conjunto de reglas. La clasicación de
metadatos de Gilliland-Swetland (2003) mostrada en la siguiente tabla,
permite su agrupación en función de aplicación.
Tabla 1 - Ámbitos de aplicación de los metadatos
Tipo Denición / Aplicación Ejemplos
Metadatos
Administrativos
Usados en la gestión y
administración de recursos
de información
Adquisición de Información
Derechos y reproducción
Requerimientos legales para el acceso
Localización de información
Criterios de selección para la digitalización
Control de versiones
203
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Metadatos
descriptivos
Utilizados para representar
recursos de información
Registros de catalogación
Proporcionar ayuda durante la búsqueda
Índices especializados
Describir relaciones entre recursos usando
enlaces explícitos
Anotaciones de los usuarios
Metadatos de
preservación
Permiten salvaguardar los
recursos de información
Informar sobre las condiciones de uso de los
recursos (físicos y digitales).
Informar sobre las acciones llevadas a cabo
para preservar los recursos (físicos y digitales).
Metadatos técnicos
Relativos a cómo
funcionan los sistemas o
el comportamiento de los
metadatos
Documentación de hardware y software
Digitalización de información (formato,
compresión)
Autenticación y seguridad (encriptación,
claves, etc.)
Control de tiempo de respuesta de sistemas
Metadatos de uso
Relativos al nivel y tipo
de uso que se hace de los
recursos
Información sobre versiones
Reutilización del contenido del recurso
Fuente. Gilliland-Swetland.
Así pues, los metadatos son descripciones estructuradas y
codicadas que describen características y propiedades de objetos y recursos
para facilitar su localización, recuperación, valoración, administración,
persistencia e interoperabilidad. No solo son capaces de realizar una
descripción de dichos recursos, sino que también pueden hacer lo propio
con los procesos en los que intervienen, sus componentes, las restricciones
y las relaciones que se establecen entre ellos. La dispersión de los recursos,
así como el gran volumen de información contenida en ellos y la diversidad
en cuanto a su actualización y estructura son algunos de los factores que
han hecho que los modelos tradicionales de descripción bibliográca se
hayan demostrado inecaces al aplicarse a los recursos disponibles en la
Web. En el caso de la Web Semántica, los metadatos son pares de atributo-
valor que describen recursos de información digital identicables en
Internet. Los elementos descriptivos conforman un vocabulario que se
especica en un esquema de metadatos. La representación del vocabulario
y de los metadatos se realiza, como veremos más adelante, siguiendo el
modelo de datos RDF. En denitiva, con los metadatos se puede convertir
la gran esfera de datos en la que se ha convertido la Web en un núcleo
204
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
de información estructurada y descrita de forma precisa que pueda ser
localizada y reutilizada de un modo más ecaz.
Sin embargo, Los metadatos únicamente permiten la descripción
de los recursos web en forma de propiedades y los consiguientes valores
que toman para cada recurso. Para complementar los metadatos de forma
que sea posible realizar representaciones lógicas de las relaciones lógicas
entre objetos es preciso utilizar ontologías.
Dicho de forma sencilla: en el contexto de la Web Semántica,
las ontologías permiten expresar tipos de objetos y el modo en el que se
relacionan entre sí. Una ontología web realiza descripciones de objetos,
basadas en los principios de interoperabilidad semántica, mediante la
denición de clases, propiedades, relaciones y axiomas. Esto permite
diseñar estructuras muy elaboradas de información que además de facilitar
el intercambio y explotación de datos posibilita la ejecución de inferencias
para descubrir datos no declarados explícitamente.
Para Swartout et al. (1996, p. 138) “una ontología es un
conjunto de términos estructurados jerárquicamente para describir un
dominio que puede ser utilizado como un marco inicial de una base de
conocimientos”. Podría armarse que una ontología es una abstracción,
más o menos esquemática, de algún objeto o hecho del mundo real. Por
lo tanto podría armarse que una ontología es un modelo abstracto de
una realidad concreta que se obtiene tras haber identicado y denido
los conceptos relevantes de la misma de forma explícita.
Las ontologías proporcionan un modelo lógico-conceptual
común en un área de conocimiento, deniendo, a diferentes niveles de
formalización, el signicado de las clases de objetos, las relaciones entre ellos
y las propiedades que los caracterizan. Cualquier formalismo usado para
materializar ontologías debe contener elementos que permitan representar
los conceptos, atributos y sus relaciones, utilizando siempre un conjunto
básico de axiomas que establecen los parámetros y reglas de representación.
El conocimiento en ontologías se formaliza principalmente usando seis
tipos de componentes: clases, atributos, relaciones, funciones, axiomas e
instancias.
205
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Las ontologías deben planicarse en un proceso que contemple
dos perspectivas:
• La Semántica de la ontología, que formaliza, expresa y estructura el
contenido con niveles de detalle exibles para una descripción de
objetos y hechos del mundo real, tanto en sus propiedades como
en sus relaciones.
• La Pragmática de la ontología: En donde se denen las posibles
aplicaciones de una ontología con métodos de diseño y
mantenimiento adecuados y teniendo en cuenta en qué contextos
y ámbitos se va a utilizar.
En la Web Semántica se hace un uso intensivo de las ontologías
y algunas de ellas, como SKOS o la ontología Dbpedia, resultan esenciales
para su comprensión. Además, las ontologías también están sujetas a los
principios de interoperabilidad y reutilización afectando a los aspectos
lógicos de la descripción de recursos y a las interrelaciones entre ellos.
3 las tecnologías
Los aspectos conceptuales como la interoperabilidad, reutilización,
metadatos y ontologías precisan de tecnologías concretas que las lleven a la
práctica. En este sentido, la evolución de la Web Semántica se plantea desde
una arquitectura en la que se han desarrollado diversas capas tendentes a
dotar a los datos de mayor expresividad semántica. En todo momento se ha
tenido en cuenta la interoperabilidad de los datos desde tres puntos de vista:
• Sintáctico: el formato utilizado para la descripción de los recursos.
• Estructural: el modo en el que se puede realizar la descripción de los
recursos, estableciendo los mecanismos para denir los atributos que
los pueden caracterizar y los posibles valores que pueden tomar.
• Semántico: el signicado de los atributos que describen los recursos,
así como de las relaciones y restricciones lógicas en los valores de
los atributos o las relaciones entre los propios recursos.
206
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
La siguiente gura muestra la estructuración de las diferentes
tecnologías de la Web Semántica.
Figura 2 - Arquitectura de la Web Semántica.
Fonte: Traducido y adaptado de: <http://bnode.org/blog/2009/07/08/the-semantic-web-not-a-piece-of-cake>
La Plataforma de la Web convencional continúa siendo la base de
la Web Semántica. Se utiliza el protocolo HTTP
138
para la petición y envío
de los datos y se asignan identicadores URI
139
a los recursos, cuyo alcance
de aplicación es mayor que la localización mediante URL
140
.
Los lenguajes de marcado y los formatos de datos son uno de
los ejes en torno a los cuales ha girado el ciclo evolutivo de la Web. En
un principio el lenguaje HTML era adecuado para cubrir las necesidades
básicas de estructuración de documentos cuyo uso estaba pensado para
el usuario nal. Cuando se pensó en la Web como un medio para la
publicación y el intercambio de datos fue preciso desarrollar otro
138
HyperText Transfer Protocol. Es el protocolo de comunicaciones que permite la transferencia de información
a través de la Web.
139
Uniform Resource Identier. Es una cadena de caracteres que identica un recurso disponible en un entorno
de red, generalmente a través de la Web.
140
Uniform Resource Locator. Es un tipo de URI que especica la localización de un recurso en la red para poder
acceder al mismo.
207
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
lenguaje de marcado que permitiera representar información altamente
estructurada de un modo muy exible. Tal es la nalidad de XML.
Desde su creación en 1998, el lenguaje XML
141
supuso un punto
de partida para nuevos usos y enfoques de la Web. Con XML es posible
denir la sintaxis de lenguajes de marcado para propósitos especícos,
puesto que se trata de un metalenguaje para denir vocabularios orientados
al intercambio de datos correctamente estructurados, con independencia
de la plataforma en la que se ejecuten las aplicaciones en los que se procesan
dichos datos.
Por este motivo, la familia de tecnologías XML es muy amplia
y diversa para cubrir diversos aspectos y funciones. Con XML Schema
se denen los elementos estructurales del vocabulario o vocabularios
XML utilizados en un documento. Mediante XML Namespace es posible
identicar de manera inequívoca a diferentes esquemas y vocabularios
(W3C, 2009). Por ejemplo: Dublin Core dispone de un término “publisher”
al igual que EAD
142
. Para evitar que se produzcan ambigüedades en el uso
de los elementos de idéntico nombre se utilizan los espacios de nombres
XML. De esta forma se agrupan los elementos de un esquema en torno
a una URI a la cual se le asigna un prejo y que a su vez se utiliza para
diferenciar a los elementos:
ead = http://www.loc.gov/ead/ead.xsd ead:publisher
dcterms = http://purl.org/dc/terms/ dcterms:publisher
Por su parte XSL
143
permite denir estilos visuales y establecer
transformaciones de partes de un documento XML seleccionadas mediante
XPATH y XQUERY.
XML ofrece una serie de soluciones para la interoperabilidad
de la información a nivel sintáctico. De este modo se garantiza una serie
de reglas muy denidas que permiten desarrollar mecanismos comunes
141
eXtensible Markup Language.
142
Encoded Archival Description. Es un modelo de codicación para la descripción de documentos de archivos
basado en el lenguaje XML.
143
eXtensible Stylesheet Language. Es una familia de lenguajes que permite transformar y formatear documentos
XML para su visualización en un medio concreto.
208
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
para identicar y estructurar estructuras de pares atributos-valor. El uso
conjunto de diferentes tipos vocabularios o lenguajes de marcado denidos
con XML permite describir y representar diferentes tipos de objetos,
mediante especicaciones normalizadas. En consecuencia XML supone
un salto cualitativo pues permite separar estructura, contenido y formato
visual.
En el ámbito de las bibliotecas y archivos XML ha encontrado
una aplicación directa. En este campo son muchos las iniciativas, como
MARC-XML
144
, EAD, ISAAD(G)
145
, DACS
146
o EAC-CPF
147
entre
otros, que se disponen de su correspondiente esquema XML para generar
documentos válidos con respecto a estos estándares.
Sin embargo, aunque XML constituye una pieza esencial en la
interoperabilidad, únicamente ofrece una solución desde el punto de vista
sintáctico. A lo sumo, mediante un esquema XML se consigue un nivel
básico de interoperabilidad estructural. Para alcanzar los objetivos de la Web
Semántica se precisan herramientas que ofrezcan mecanismos estándares
para denir de un modo preciso los aspectos conceptuales y lógicos de los
modelos de descripción. El uso de esquemas XML hace necesario conocer la
semántica particular de cada esquema y los desarrolladores de software son
quienes deciden la interpretación de dicha semántica. En consecuencia se
precisa un modelo de datos adecuado que dena tanto los aspectos estáticos
(representación) como los dinámicos (procesos). (BERNERS-LEE, 1998).
RDF
148
es un modelo de datos que aporta un marco semántico
para la descripción de recursos. En RDF los elementos a describir se
denen como recursos. Este modelo representa las descripciones de
144
Esquema que permite representar los registros bibliográcos MARC en forma de documentos XML. Más
información en: <http://www.loc.gov/standards/marcxml/>.
145
General International Standard Archival Description. Es la norma internacional de descripción archivísit-
ca publicada por el Consejo Internacional de Archivos. Más información en:<http://www.ica.org/download.
php?id=1745>.
146
Describing Archives: A Content Standard. Norma de Descripción Archivística de EE.UU desarrollada y pu-
blicada por la Sociedad de Archiveros Americanos. Más información en: http://www2.archivists.org/standards/
DACS.
147
Encoded Archival Context - Corporate bodies, Persons and Families. Estándar de codicación basado en XML
para representar la información sobre diversos tipos de autores de material archivístico y adoptado por la Socie-
dad de Archiveros Americanos. Más información en: <http://eac.staatsbibliothek-berlin.de/>.
148
Resource Description Framework.
209
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
recursos mediante sentencias que adoptan la forma de tripletas (triplets)
compuestas por un sujeto, un predicado y un objeto.
Cada recurso se identica de manera unívoca mediante una URI
y se describen mediante la asignación de valores a determinados atributos
o con el establecimiento de relaciones entre dos recursos (RDF 1.1
CONCEPTS AND ABSTRACT SYNTAX, 2014)
149
. En el primer caso
los recursos se vinculan con los valores con propiedades de datos. En el
segundo caso los recursos se relacionan entre sí a través de propiedades de
objeto. Cada propiedad está asociada con una URI, de manera que al igual
que los recursos se identican de manera unívoca. Por lo tanto, La tripletas
de descripciones conforman grafos, en donde los recursos se representan
como nodos, lo valores como literales y las propiedades mediante arcos.
Figura 3 - Ejemplo de grafo RDF.
Fuente: Elaboración propia.
La gura anterior es un ejemplo de grafo RDF muy sencillo.
Tanto los recursos, como las propiedades están denidos dentro de un
espacio de nombres XML, de forma que aquellos elementos con idéntico
nombre se distinguen entre sí por tener un espacio de nombres diferente.
Los espacios de nombres pueden abreviarse utilizando prejos. Tal y
149
RDF 1.1 Concepts and Abstract Syntax. W3C Recommendation, 25 February 2014. Disponível em: <http://
www.w3.org/TR/rdf11-concepts/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
210
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
como puede observarse en el ejemplo, el recurso identicado como
dbpedia:Romeo_y_Julieta” se corresponde en realidad con el recurso
cuya URI es “http://es.dbpedia.org/resource/Romeo_y_Julieta”. Puede
verse como el término de Dublin Core dcterms:creator se utiliza como
una propiedad de objeto para vincular la obra con su autor. Por su parte,
dcterms:title y schema:name se consideran propiedades de datos ya que se
utilizan para especicar valores literales.
Los grafos de sentencias RDF tienen un alto grado de expresividad
para las personas, pero lo cierto es que para que se puedan intercambiar
y procesar por máquinas
150
es preciso utilizar una representación textual.
Este proceso de codicación (serialización) precisa aplicación de un
determinado formato para expresar las sentencias RDF según una sintaxis
normalizada. Existen diversos formatos para la serialización de RDF, tales
como RDF/XML
151
, Turtle
152
, JSON-LD
153
o RDFa
154
entre otros.
Figura 4 - Formatos para la serialización de RDF.
Fuente: elaboración propia.
RDF tiene un doble propósito: por un lado describir los recursos y por
otro denir los vocabularios a partir de los cuales se realizan tales descripciones.
Dichos vocabularios deben incluir categorías o clases para clasicar los recursos.
Igualmente la denición de propiedades precisa establecer sobre qué clase de
150
En este contexto por “máquina” se entiende a programas informáticos capaces de tomar ciertas decisiones de
forma autónoma durante el procesamiento de datos en función del contenido de los mismos.
151
Disponível em: <http://www.w3.org/TR/rdf-syntax-grammar/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
152
Disponível em: <http://www.w3.org/TR/turtle/>. Acesso em: 10 dez. 205.
153
Disponível em: <http://www.w3.org/TR/json-ld/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
154
Disponível em: <https://www.w3.org/TR/rdfa-primer/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
211
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
recursos puede aplicarse una determinada propiedad y los posibles valores en el
caso de las propiedades de datos o los recursos con los que puede establecerse
una relación en las propiedades de objeto.
Para ello RDF se amplía con RDF Schema y con OWL. Mediante
RDF Schema
155
no solamente es posible denir clases y propiedades,
sino jerarquías de estas derivando subclases y subpropiedades. De
este modo es posible denir la clase “Persona” y de ésta la subclase
Artista” y de ésta a su vez la subclase “Escritor”. RDF Schema permite
desarrollar ontologías “ligeras” que pueden aplicarse en la descripción
de recursos mediante esquemas sencillos. OWL
156
aporta una mayor
expresividad semántica, de forma que es posible establecer restricciones
de cardinalidad, equivalencia entre clases de distintas ontologías, denir
propiedades inversas entre sí, etc.
Como todo modelo de datos que se precie, RDF también dispone
de un lenguaje de consulta para recuperar sentencias que respondan a
ciertas condiciones de búsqueda. Dicho lenguaje se denomina SPARQL
y permite denir patrones de concordancia con sentencias RDF. La
especicación también dene el formato de los datos de las sentencias
recuperadas. Desde la especicación SPARQL 1.1 también es posible
utilizar operaciones para el mantenimiento (inserción y borrado) de
sentencias dentro de un grafo RDF
157
.
En resumidas cuentas podría decirse que SPARQL es para RDF
lo que SQL es para el modelo relacional. No obstante esta tecnología
supone un enorme avance en el despliegue de la Web Semántica.
SPARQL supera el acceso a las sentencias RDF mediante la descarga de
conjuntos de datos completos en cheros de texto mediante alguno de
los formatos de serialización. Utilizando SPARQL es posible almacenar
las sentencias en bases de datos RDF (triplestore) para que mediante
un SPARQL Endpoint puedan recuperarse datos concretos sin que sea
155
RDF Schema 1.1. W3C Recommendation 25 February 2014. Disponível em: <http://www.w3.org/TR/
rdf-schema/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
156
OWL 2 Web Ontology Language Primer (Second Edition). W3C Recommendation 11 December 2012. Dis-
ponible en: <http://www.w3.org/TR/owl-primer>.Acesso em: 10 dez. 2015.
157
SPARQL 1.1 Query Language. W3C Recommendation, 21 March 2013. Disponível em: <http://www.
w3.org/TR/sparql11-query>. Acesso em: 10 dez. 2015.
212
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
necesario procesar todo el conjunto de datos. Con SPARQL se reducen
considerablemente lasdicultades para desarrollar aplicaciones que sirvan
datos semánticos, puesto que ya no resulta imprescindible diseñar APIs
personalizadas para interrogar conjuntos de datos.
Los datos publicados mediante ontologías están expresados
según un alto nivel de abstracción y representación lógicas. Por este
motivo una de las principales aplicaciones derivadas del uso de estos
datos es la ejecución de procesos de inferencia. Este tipo de procesos
puede permitir descubrir informaciones implícitas a las sentencias RDF
de un conjunto de datos. Las inferencias se realizan a partir de reglas.
RIF
158
es un lenguaje que permite expresar este tipo de reglas para que
puedan intercambiarse.
4 lInked oPen data
Linked Open Data (Datos Abiertos Enlazados, también
conocido por sus siglas en inglés LOD) se reere a la técnica publicar datos
estructurados en la Web. En esencia, el mantenimiento de los conjuntos
de datos se realiza de forma descentralizada, por diferentes entidades, y
posteriormente puede ser referenciados y reutilizados libremente. En
realidad se trata del mismo enfoque que los enlaces que se denen entre
documentos HTML, pero en este caso los datos se conectan entre sí gracias
a las relaciones que se establecen entre recursos. De este modo se denen
interconexiones a través del establecimiento de enlaces entre recursos
ubicados en distintos conjuntos de datos.
Estos enlaces pueden ser procesados por máquina, utilizando
diversos estándares y formatos abiertos, junto con el protocolo HTTP,
para acceder a conjuntos de datos con la nalidad de su reutilización y su
análisis para descubrir conexiones con otros conjuntos de datos a partir de
los enlaces que se hayan podido denir.
Autores como Berners-Lee (2006) y Haslhofer y Schandl (2010),
denen una serie de reglas que deben contemplarse para la publicación LOD:
158
RIF Primer (Second Edition). W3C Working Group Note 5 February 2013. Disponível em: <http://www.
w3.org/TR/rif-primer>. Acesso em: 10 dez. 2015.
213
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
1. Utilizar URIs dereferenciables como mecanismo que permita
tanto la identificación como el acceso a objetos o recursos.
Esto es de gran importancia para facilitar la definición de
enlaces entre diferentes fuentes de datos. Un ejemplo de URI
dereferenciable sería una URL que además de identificar
inequívocamente un recurso también proporciona una
dirección para su recuperación.
2. A partir del uso de URIs dereferenciables es posible utilizar el
protocolo HTTP para la transmisión de datos entre cliente y
servidor, pudiendo indicar el primero el formato en el que éste
último debe suministrar los datos. En unos casos el servidor
detectará que la petición se está realizando a través de un navegador
web, en cuyo caso la información se suministrará al usuario en
formato HTML/XHTML. En otros la petición será realizada
por parte de una aplicación informática y se utilizará un formato
legible por máquina para suministrar los datos.
3. Incluir enlaces a URIs de recursos externos. De esta forma los procesos
de publicación de datos son mucho más ecientes, utilizando fuentes
externas, conectándolas con las propias y evitando duplicidades o
procesos de replicación. Esto permite descubrir nuevos recursos
partiendo de un conjunto de datos diferente.
4. Es recomendable que las instituciones que publiquen LOD,
ofrezcan un SPARQL Endpoint para construir consultas que
permitan recuperar, de un modo más selectivo, únicamente
aquellos datos que se precisen.
5. Desde el punto de vista de la apertura de los datos, es importante
que estos dispongan de una licencia libre que no esté sujeta a
ningún tipo de copyright y que permita su reutilización exible,
sin contraprestaciones de ningún tipo y no restrictiva.
Podría decirse que Linked Open Data en cierta medida se
contrapone a las soluciones basadas en el protocolo OAI-PMH. En este
214
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
caso se crean repositorios centralizados cuyo contenido se obtiene a partir
de agregadores que “recolectan” datos de fuentes externas e incluso otros
repositorios. La aproximación con LOD supone hacer accesible, en un
formato estándar (normalmente a través de algún vocabulario RDF),
aquellos datos que una determinada organización desea hacer públicos
y en los que podemos encontrar vínculos con fuentes de datos externas.
Es paradigmático el caso de Europeana que en un principio se basaba
únicamente en procesos de agregación OAI-PMH y ha cambiado su
enfoque hacia LOD (EUROPEANA, 2011).
Figura 5 - Esquema de generación y uso de datos EDM.
Fuente: <http://pro.europeana.eu/tech-details>.
En cuanto al ámbito de bibliotecas, archivos y museos
(Libraries, Archives, Museums, LAM) los benecios son claros tanto
para investigadores y usuarios en general, instituciones, así como para
profesionales y fabricantes del sector. No obstante, hay que resaltar que
LOD/LAM todavía precisa de un desarrollo ya que actualmente está en
un estado muy inicial debido a aspectos políticos y operativos más que a
problemas técnicos (WORLD WIDE WEB, 2011).
215
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Un indicador de la expansión de esta tecnología puede
encontrarse en Datahub
159
. Se trata de un catálogo colaborativo con
información descriptiva de conjuntos de datos disponibles en Internet.
Datahub contiene información sobre la localización, tipo de contenido,
forma de acceso a los datos, volumen o relaciones con conjuntos de
datos externos entre otras características. A día de hoy este catálogo
referencia más 10000 conjuntos de datos.
5 las buenas PráctIcas
Pese a todo lo visto hasta ahora, puede armarse que, para
la publicación de datos estructurados en la Web, no es suciente con
disponer de tecnologías sucientemente desarrolladas desde el punto
de vista técnico. La práctica ha demostrado que es necesario aplicar una
serie de pautas que sirvan de guía en este tipo de proyectos.
El grupo de trabajo DWBP del W3C de buenas prácticas
de datos en la web (Data on Web Best Practices, DWBP) fomenta
el desarrollo de un ecosistema de datos abiertos de forma que
desarrolladores y editores de los datos se entienda entre sí. Para ello es
imprescindible que los editores mejoren la coherencia de los conjuntos
de datos. Por este motivo Para ello el grupo de trabajo enfoca sus
tareas en dos líneas: la denición de buenas prácticas para aplicar en
la implementación tecnológica durante la publicación de los datos y
la denición de vocabularios para representar indicadores de calidad y
uso de los conjuntos de datos
160
.
Resulta esencial entender que la noción de conjunto de
datos o dataset ha cambiado en función de la práctica. En efecto, el
desarrollo de proyectos aplicados ha hecho posible identicar nuevas
necesidades en los procesos de publicación de datos estructurados.
Ahora el centro del desarrollo de este tipo de proyectos no son tanto las
soluciones tecnológicas de edición y publicación como la reutilización
y consumo de dichos datos, su abilidad o el tipo de licencia (SAORÍN;
159
Disponível em: <http://datahub.io>. Acesso em: 10 dez. 2015.
160
Data on the Web Best Practices: <https://www.w3.org/2013/dwbp/wiki/Main_Page>.
216
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
PESET; FERRER-SAPENA, 2013). En denitiva, el desarrollo y
mantenimiento de los conjuntos de datos ha de ser independiente de
su posible explotación a posteriori.
Un conjunto de datos publicado en la web está rodeado de los
elementos expuestos en la sección anterior: la propia arquitectura de
la web, estándares y recomendaciones, los vocabularios utilizados para
representar los datos y los mecanismos para acceder a los mismos.
Además de los datos propiamente dichos (data values), un
conjunto de datos debe contener ciertos metadatos con información
sobre su contenido, estructura, procedencia, indicadores de calidad o
medios para su acceso y uso. Los valores de datos han de organizarse en
diferentes distribuciones, que responderían a diferentes necesidades de
explotación o consumo.
Evidentemente, los aspectos de modelado o representación son
esenciales, pero es igual de importante contemplar a un conjunto de datos
en función de su ciclo de vida dentro el contexto Linked Open Data. Por
ello, han de considerarse otras operaciones, como la interconexión con
otros conjuntos de datos, la aplicación de vocabularios controlados para
clasicar los datos, el enriquecimiento de los mismos, el análisis de su
calidad. Todo ello al tiempo que se tiene en cuenta explotación mediante
mecanismos para buscar, descubrir, extraer y consultar los datos (AUER
et al., 2012).
Con el tiempo, la publicación de datos en la Web, ha planteado
nuevos retos sobre su privacidad, seguridad, calidad, procedencia y
licencias de explotación. De igual manera, disponer de diferentes
versiones de los datasets, convenientemente enriquecidos, mantenidos y
preservados son tareas incardinadas en el ciclo de vida de los datos.
Figura 6 - Composición de los conjuntos de datos (valores de
datos y metadatos) junto con otros componentes relacionados con su uso
y publicación.
217
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Fuente: <https://www.w3.org/TR/dwbp>.
El grupo de trabajo DWBP ha actualizado las buenas prácticas
para la publicación LOD
161
gracias a un documento de buenas prácticas
que identica de un modo muy concreto los retos anteriormente
esbozados
162
:
• Utilizar URIs persistentes para identicar tanto a las distintas
versiones de un dataset como a los datos que contiene.
• Uso de vocabularios de datos para incrementar la interoperabilidad
semántica, reutilizando vocabularios y escogiendo niveles
adecuados de modelado y formalización.
• Usar estándares para que los datos estén disponibles en diferentes
formatos que hagan más exible su reutilización.
• Enriquecer los datos para aportar valor añadido a través del uso de
otros conjuntos de datos, bases de datos u otros recursos.
• Suministrar metadatos del conjunto de datos legibles tanto por
máquina como por personas. Estos metadatos, ya sean descriptivos,
estructurales o de aspectos más concretos, se deben representarcon
los términos de vocabularios estándar.
161
Best Practices for Publishing Linked Data. W3C Working Group, Note 09 January 2014. Disponível em:
<https://www.w3.org/TR/ld-bp>. Acesso em: 10 dez. 2015.
162
Data on the Web Best Practices. W3C Working Draft, 12 January 2016. Disponível em: <http://www.w3.org/
TR/dwbp>. Acesso em: 15 jan. 2016.
218
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
• Proporcionar acceso en tiempo real a datos actualizados en la
medida de lo posible, no solamente descargando el conjunto
de datos en su totalidad en algún formato estándar, sino
también a través de servicios web y con APIs adecuadamente
documentadas.
• Garantizar la privacidad y la seguridad de los datos sensibles,
identicando qué partes de los conjuntos de datos no están disponibles
públicamente e indicandosobre el motivo de dicha limitación.
• Informar a los usuarios y consumidores de los datos acerca del
modo para contactar con los editores y publicando los resultados
de dicha retroalimentación como datos abiertos.
• Incluir una licencia de uso del datasetpara que los usuarios estén
informados sobre las limitaciones y posibilidades de reutilización
de los datos.
• Incluir información sobre la procedencia del contenido del
conjuntos de datos para que pueda evaluarse con la nalidad de
medir su abilidad y conanza.
• Gestionar adecuadamente las distintas versiones de un conjunto de
datos, evitando modicar las APIs o servicios de acceso a los datos
que obliguen a introducir cambios en los clientes que ya hagan uso
de los mismos.
Dicho documento establece 32 buenas prácticas clasicadas en
función de los benecios que pueden aportar en los proyectos de
publicación de datos en la Web:
• Comprensión: las personas pueden tener una mejor comprensión
sobre la estructura, naturaleza y signicado de los datos, así como del
conjunto de datos en su globalidad y los metadatos que lo acompañan.
• Procesamiento: las máquinas son capaces de procesar y manipular
el contenido del conjunto de datos.
• Descubrimiento: las máquinas pueden descubrir de forma
automática conjuntos de datos o datos especícos dentro de estos.
219
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
• Reutilización: se incrementan las posibilidades de reutilización de
datos por parte de diferentes grupos de consumidores.
• Conanza: mejora la conanza de los consumidores en el conjunto
de datos.
• Conectividad (Linkability): es posible crear vínculos entre los
recursos, tanto a nivel de conjunto de datos como de elementos
individuales dentro de estos.
• Acceso: tanto las personas como las máquinas pueden acceder a
datos actualizados en diferentes formatos y niveles de detalle.
• Interoperabilidad: facilita el acuerdo entre editores y consumidores
de datos.
Puesto que tanto la calidad como el uso que se haga de los
conjuntos de datos actualmente se están desarrollando sendos vocabularios.
El primero de ellos amplía la funcionalidad del vocabulario DCAT
163
,
para representar determinados aspectos, indicadores y métricas sobre la
calidad de los conjuntos de datos
164
. El otro vocabulario
165
tiene como
objetivo representar los usos que se realiza de un dataset por parte de los
consumidores de datos.
6 consIderacIones fInales
El desarrollo de la Web Semántica puede entenderse como una
evolución lógica de la Web convencional. Sin embargo, la publicación de
datos resulta evidentemente mucho más compleja que la publicación de
documentos, puesto que la interoperabilidad semántica de los datos es
mucho más exigente que la interoperabilidad sintáctica que se exige en
el caso de los protocolos y los lenguajes de marcado. Por esta razón, no
163
Disponível em: <http://www.w3.org/TR/vocab-dcat/>. Acesso em: 10 dez. 2015.
164
Data on the Web Best Practices: Data Quality Vocabulary. W3C Working Draft,17 December 2015. Disponí-
vel em: <https://www.w3.org/TR/vocab-dqv>. Acesso em: 15 jan. 2016.
165
Data on the Web Best Practices: Dataset Usage Vocabulary. W3C Working Draft, 28 January 2016. Disponível
em: <http://www.w3.org/TR/vocab-duv>. Acesso em: 3 fev. 2016.
220
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
hay que confundir la dispersión tecnológica con la propia naturaleza del
ecosistema de la Web Semántica. Exigirle características propias de un
conjunto compacto e integrado de tecnologías y funcionalidades o un
sistema planicado no tiene sentido en una realidad en constante cambio
como la Web. Son muchas las propuestas que desaparecen o se funden
con otras fruto de la propia naturaleza auto-organizativa de la Web, en
especial cuando participan múltiples agentes en procesos colaborativos
abiertos proponiendo recomendaciones, trabajando sobre casos de uso y
elaborando estándares.
Pero sin lugar a dudas, hablamos de una apuesta por la
interoperabilidad y los estándares abiertos en una arquitectura
tecnológico-organizativa basada en las sinergias y tensiones existentes en
el binomio dispersión-integración de datos en un entorno distribuido.
La clave de la reutilización en el panorama actual no es el control
centralizado, la normalización extrema y la transformación de los datos
en función de su uso, sino la colaboración y la interconexión.
Los Archivos y Bibliotecas, sensibles y conscientes de esta
realidad, están abrazando rápidamente los desarrollos de la Web Semántica
y las aplicaciones prácticas como Linked Open Data. El incremento en
el número y volumen de conjuntos de datos es un reejo de las nuevas (y
no tan nuevas) tendencias en estas instituciones. Las entidades públicas
juegan un rol crucial en todo ello a través de la publicación de conjuntos
de datos. La misma Sociedad aporta recursos económicos y humanos para
la creación y gestión de estos datos y las administraciones públicas están
obligadas a su publicación en formatos que garanticen su interoperabilidad
para que ciudadanos y organizaciones públicas y privadas incorporen
valor añadido deniendo nuevos vínculos, creando nuevas plataformas de
consulta y ofreciendo nuevos servicios y productos.
Tampoco olvidemos que se precisan ciertas condiciones que
contribuyan a incrementar su despliegue y ofrezcan incentivos para que el
sector privado participe en este panorama. Un mercado de datos semánticos
resulta atractivo por las nuevas oportunidades que sugiere, pero también
conlleva denir un modelo que considere aspectos tales como los derechos
y licencias de explotación de los datos, la inclusión de publicidad o el
221
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
respecto a la privacidad. Aquí tienen mucho que ver las políticas públicas
y corporativas y los modelos de negocio que apoyen y fomenten su uso.
El camino es largo y las nuevas tecnologías han de aplicarse teniendo en
cuenta que la mejor solución no es la que aparente ser la denitiva, sino
la que aparente ser fácilmente ampliable y modicable en el futuro y a ser
posible que no vuelvan a pasar por un camino ya recorrido.
En denitiva, estamos ante un conjunto de tecnologías, aplicaciones,
servicios y productos emergentes en continuo desarrollo y en consecuencia
su maduración ha estado sujeta al cumplimiento de ciertas expectativas.
Y estas expectativas, como toda tecnología emergente, han evolucionado
en función de desarrollos concretos. La práctica ha arrojado la conclusión
que las tecnologías en sí, aunque brillantes, no son el único elemento, ni
siquiera el más determinante, para asegurar su éxito y su correspondiente
supervivencia. Por este motivo la aplicación de las tecnologías de la Web
Semántica trasciende los aspectos meramente técnicos y conocer en
profundidad otros relacionados con el ciclo de vida de los datos en la web.
Si algo hemos aprendido es que las dinámicas de publicación, acceso y
reutilización de los datos son tanto o más importantes. Esto es así, puesto
que durante la puesta en práctica de los procesos de publicación de datos
se han identicado dicultades concretas, siendo preciso elaborar una serie
de pautas (buenas prácticas) que orienten a los actores que participan en la
publicación de datos en la Web y mejoren la calidad y reutilización de los
conjuntos de datos.
Pero hay que considerar que la propia naturaleza cambiante
y heterogénea exigirá una revisión de los trabajos del DWBP, tan útiles
hoy, pero que sin duda quedarán desfasados con la identicación de
nuevas problemáticas, la aparición de nuevas tecnologías y el desarrollo
de aplicaciones prácticas aún por imaginar. No esperemos en ningún
momento de la Web Semántica y sus aplicaciones un mundo ordenado e
inmutable. Y es que la misma Web, como cualquier otra realidad humana,
está inmersa en un mundo cuya realidad social, cultural y tecnológica se
encuentra en estado de “beta” continuo. Por mucho trabajo ya realizado,
casi todo está por hacer, por pensar, por idear, así es el mundo en el que nos
ha tocado vivir en todos sus aspectos.
222
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
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225
caPítulo 9
o modelo funcIonal saaI na PersPectIva
da InteroPerabIlIdade dos documentos
arquIvístIcos dIgItaIs nas Idades documentaIs
e nas Plataformas dIgItaIs de gestão,
Preservação, dIfusão e acesso
Gilberto Fladimar Rodrigues Viana
Daniel Flores
1 Introdução
Este estudo propõe uma análise da aplicação ao Sistema de In-
formação para o Ensino (SIE) da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), no Módulo de Registro de Projetos, aos propósitos do Sistema
Aberto de Arquivamento de Informação (SAAI), norma NBR 15.472,
nas seções desta que discorrem sobre as responsabilidades prioritárias e
ao modelo funcional de tratamento de informação/documento. As abor-
dagens das seções são compatíveis com a diversidade e o volume das
informações e dos documentos gerenciados no SIE.
Associa-se a abordagem desenvolvida sobre o modelo SAAI à
realidade do Sistema de Informação para o Ensino (SIE), pelo fato de
que este arcabouço subsidia a dinâmica das relações entre o produtor e
o criador, e a administração e o consumidor dos documentos gerados no
âmbito do sistema de informação da instituição.
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p225-250
226
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
omaz e Soares (2004) armam que o modelo SAAI possibilita
uma série de recursos associados à estrutura de metadados utilizados em
sistemas de informação, como o SIE, e acreditam que:
Estes metadados podem, p.ex., documentar os processos técnicos
associados à preservação, especicar direitos de acesso e estabelecer
a autenticidade do conteúdo digital. Podem registrar a cadeia de
custódia de um objeto digital e identicá-lo de forma única, interna
e externamente, em relação ao arquivo ao qual pertence. De fato, a
criação e o desdobramento de metadados de preservação tende a ser
um componente chave para a maioria das estratégias de preservação
digital (THOMAZ; SOARES, 2004, p. 16).
O registro de projetos consiste no lançamento de dados iden-
ticados no documento, no registro do projeto, no SIE. Este proces-
so é realizado por meio do preenchimento de campos na estrutura de
metadados que, uma vez preenchidos, tramita eletronicamente para as
inúmeras instâncias de aprovação do projeto. Neste estudo trata-se a
informação/documento no âmbito do SIE, conforme a abordagem ini-
cial que substancia o valor do documento de arquivo a partir da Norma
ISO 15.472, correspondente ao SAAI, que enfoca o gerenciamento da
informação/documento.
A estrutura de metadados propicia que um Sistema de Infor-
mação forneça aos usuários e aos administradores das organizações uma
multiplicidade de cruzamentos e compartilhamentos não redundantes de
documentos em sua íntegra, ou com parte destes, sendo que todas estas
possibilidades são autorizadas e reguladas no âmbito do mesmo e subsi-
diadas conforme os preceitos da norma SAAI.
O funcionamento do SIE na perspectiva do modelo SAAI,
constitui-se do detalhamento de criação de documentos, assim como
suas modicações e alterações no contexto da gestão documental, e na
preservação de documentos permanentes.
Os preceitos normativos básicos do SAAI são abordados a par-
tir da aplicação da realidade de arquivo digital em Sistemas de Infor-
227
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
mação que fazem a gestão documental, assim como o gerenciamento e
o armazenamento da massa informacional e documental, tratados ou
não, referente às suas atividades, funções e estrutura.
Destaca-se que a manutenção da cadeia de custodia é uma
característica dos Sistemas de Informação com o perl de instituições
autônomas ou autárquicas, como é o caso do SIE da UFSM. Cabe
enfatizar que a conguração do SAAI associado ao SIE constitui-se
do produtor/criador do documento, assim como da administração do
sistema (armazenamento e gerenciamento de dados) e o acesso congu-
rado pelo consumidor/usuário, sendo este complexo geral sob a respon-
sabilidade da instituição, no caso, a UFSM e também se consolidando
como arquivo (ABNT, 2007).
2 aPlIcação do modelo saaI
Passa-se a tratar a norma - NBR 15.472, correspondente ao
SAAI, aplicada ao Módulo de Registro de Projetos do SIE – UFSM,
tendo como exemplo a estrutura de metadados conforme a Figura 1, se-
guida da primeira tela do registro de projetos e a tela de informações dos
participantes do projeto, onde serão abordados os tópicos das seguintes
seções: Quarta seção – Pacotes de Informação; Quinta seção – Responsa-
bilidades; e Sexta seção – Modelos de Entidades Funcionais.
Figura 1 - Primeira tela do registro do projeto.
Fonte: SIE - UFSM.
228
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Em função do SIE ainda não adotar os requisitos de repositório
conáveis e de não receber tratamento arquivístico de forma ocial no
que concerne a instituição, ainda sim é possível constatar, por meio de
sua funcionalidade já incorporada nas rotinas de produção documen-
tal na instituição, que o modelo SAAI se mostra pertinente as funções
e responsabilidades do SIE. Ao considerar tal pertinência se analisa os
princípios de aplicação dos pacotes de informação, denidos como: “[...]
um recipiente conceitual de dois tipos de informação chamados de in-
formação de conteúdo e informação de descrição e preservação” (ABNT,
2007, p. 11).
Por meio da resolução nº 39 do CONARQ (2014, p. 13), al-
terada posteriormente pela resolução n° 43 do CONARQ (2015), são
descritos os requisitos para repositórios conáveis, onde dene-se a si-
gla dos pacotes de informação tratados no modelo SAAI, conforme a
seguinte expressão, traduzida para o português: “1) Pacote de informa-
ção para submissão (Submission Information Package - SIP); 2) Pacote de
informação para arquivamento (Archival Information Package - AIP); e
3) Pacote de informação para disseminação (Dissemination Information
Package - DIP”.
Ressalta-se que no modelo SAAI, no processo de elaboração e de
encaminhamento, via sistema dos pacotes de informação para submissão,
caracteriza-se neste momento a alteração da cadeia de custódia dos docu-
mentos no caso de instituições que prestam serviços a outras instituições
mediante contratos ou acordos. No caso tratado neste estudo, a cadeia de
custódia não se caracteriza, tendo em vista o SIE – UFSM é de uso ins-
titucional, com a personalidade jurídica autárquica, porém vinculada aos
órgãos da administração direta do governo federal.
Foi simulado o funcionamento dos pacotes SIP, AIP e DIP do
modelo SAAI no SIE, onde se identica na parte inicial, da gestão docu-
mental (fase corrente e intermediária do documento) a efetivação do paco-
te SIP, e em seguida, a fase da destinação nal que consiste da eliminação
ou recolhimento do documento (permanente), contemplada pelo DIP, de
modo que a simulação é constituída das seguintes etapas:
229
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
1. SIP – no SIE, ocorre durante a gestão de documentos no sistema,
que é exportado para o Repositório Arquivístico Digital Conável
- RDC-Arq;
2. AIP – é gerado no RDC-Arq, após a captura e processamento do
SIP, para posteriormente gerar o;
3. DIP – que é a difusão por meio do ICA-AtoM (AtoM), mantendo,
assim, a cadeia de custódia dos Documentos Arquivísticos.
Ainda sobre a resolução 39 do CONARQ (2014, p. 14), que
trata dos requisitos para repositórios digitais conáveis, no processo de
admissão – captura dos documentos digitais, a mesma apresenta que “no
caso de um repositório para documentos arquivísticos, a denição dos me-
tadados deve observar o e-ARQ Brasil (nas fases: corrente e intermediária)
e a NOBRADE (na fase permanente)”. Assim, a resolução engloba todo o
ciclo documental, conforme sua apresentação:
A preservação dos documentos arquivísticos digitais, nas fases corrente,
intermediária e permanente, deve estar associada a um repositório di-
gital conável. Os arquivos devem dispor de repositórios digitais con-
áveis para a gestão, a preservação e o acesso de documentos digitais
(CONARQ, 2014, p. 4).
Faz parte do arcabouço que complementam as diretrizes da reso-
lução 39 do CONARQ, que além do Modelo de referência OAIS (SAAI) e
o e-ARQ Brasil, observam-se outros referenciais nacionais e internacionais,
destacando-se, entre eles: O Relatório da Research Library Group (RLG) e
da Online Computer Library Center (OCLC) – Repositórios digitais con-
áveis: atributos e responsabilidades; A certicação e auditoria de reposi-
tórios conáveis: critérios e check listTRAC; Os Metadados de preserva-
ção – PREMIS; A Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística
– ISAD(G); A Norma Brasileira de Descrição Arquivística – NOBRADE;
Os padrões de codicação e transmissão de metadados – METS.
230
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
2.1 resPonsabIlIdades PrIorItárIas do saaI
O modelo SAAI estabelece um elenco de responsabilidades prio-
ritárias que envolve todo o complexo do modelo, ou seja, o estabelecimen-
to de padrões e protocolos de aceitação de registros de documentos, sua
preservação, público-alvo, assim como sua inteligibilidade, integridade,
disponibilidade e acesso.
Tabela 1 - Responsabilidades mínimas obrigatórias do SAAI.
Responsabilidade Pressupostos Operacionais
Negociar Adequação; racionalidade; completude
Controles básicos para preservação
Autonomia regrada (SAAI/CRIADOR) Direitos Autorais
(SAAI/CONTRATADO)
Delimitar a comunidade alvo
Pertencimento; entendimento; interesses em tempos
diferentes
Compreender a inteligibiliadade
Autônoma;
Sem necessidade de mediação
Políticas de preservação
Atualização de software/hardware; segurança do suporte
(cópias)
Disponibilidade Acesso
Fonte: Elaborado pelos autores.
Destaca-se que as responsabilidades prioritárias apresentadas no
Quadro 1, devem ser observadas de forma contundente a todas as fases que
constituem o SAAI. Estas responsabilidades abrangem primordialmente a
administração, os usuários-produtores e os usuários na posição de consumi-
dor, conforme a Figura 2 do modelo funcional do SAAI, sendo que o geren-
ciamento das informações/documentos se dá por meio da administração.
Figura 2 - Modelo funcional do SAAI.
Fonte: Elaborado pelos autores.
231
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
As informações/documentos têm como essência as questões
que envolvem: objeto de informação; cognição dos dados; informação
de conteúdo – que é o produto do objeto de dados de conteúdo com
a adição da informação de representação; informação de descrição dos
dados.
Tal produto é constituído com as seguintes características de pro-
veniência, contexto, referência e xidez da informação, bem como infor-
mação de descrição do Pacote de Informação – que é a informação ou
o conjunto de informações que propicia a localização da informação de
interesse do usuário/consumidor.
Entre as responsabilidades explicitadas no Quadro 1, algumas
ainda não fazem parte das rotinas do SIE, ou seja, são observadas somente
de maneira informal entre as unidades produtoras e gerenciais responsá-
veis, sucessivamente, de forma direta e indiretamente pela criação do do-
cumento, e por extensão, estas negociações também são informais com
administração do SAAI na conguração do estudo como o SIE.
Quanto às responsabilidades de controles básicos de preservação
no SIE, destaca-se que estas também carecem de formalidade, no entanto,
as alterações nos documentos só podem ser feitas pelo órgão criador/pro-
dutor, ou seja, indiretamente, a responsabilidade de custódia está atendida,
assim como a de direitos autorais, que no caso deste estudo, trata-se de
uma situação peculiar a projetos desenvolvidos na Instituição e registrados
no SIE. Ressalta-se, ainda, que o SIE não utiliza o recurso de trilha de
auditoria para as alterações ou acessos aos documentos que fazem parte do
banco de dados, conforme relata Viana (2011).
Quanto às responsabilidades que dizem respeito à delimitação
do público-alvo no SIE, nota-se, também, que é uma questão ainda não
formalizada, pois embora a Instituição tenha toda sua produção intelectual
registrada e armazenada no SIE, a visibilidade institucional a partir destas
ocorre de maneira informal, de modo que pode-se armar que não existe
um regramento formal sobre o acesso para ns informativos de projetos
desenvolvidos na Instituição, principalmente a outros pesquisadores com
interesses próximos, na atualidade e em perspectivas futuras.
232
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Destaca-se que a responsabilidade da delimitação do público-al-
vo no caso do SIE, deveria ocorrer no intuito de ampliar o acesso aos
documentos e projetos considerando os interesses acadêmicos intra e inte-
rinstitucionais, que antes eram por questões de nanciamentos, conforme
destaca Dagnino (2007, p. 165), ao se referir a uma cultura de “quase insu-
lamento” em relação ao isolamento de indivíduos e de grupos de pesquisa,
por força da concorrência por recursos nanceiros no meio acadêmico e
cientíco. Todavia, neste estudo, as razões do insulamento decorrem mais
pela falta de comprometimento com a visibilidade do que é produzido na
Instituição Pública, do que por questões nanceiras.
Ainda, destaca-se que a compreensão e a inteligibilidade ainda não
foram tratadas no âmbito do SIE, tendo em vista que o sistema ainda não
dispõe de recursos de ajuda, e nem de um manual atualizado sobre pro-
cedimentos operacionais que subsidie o preenchimento dos campos/meta-
dados que compõe o documento, no registro do projeto. Ainda quanto à
compreensão/inteligibilidade do sistema, nota-se que de fato do sistema não
informa as mudanças ocorridas nas telas e na barra de ferramentas, utilizadas
para o lançamento dos dados no processo de registro do projeto, conforme
destaca Viana (2011) ao descrever o funcionamento do SIE e sua interação
com usuários, considerando a amigabilidade da interface do sistema.
Outra responsabilidade de extrema importância é a política de
preservação, que está associada também à segurança, e que envolve, ainda,
a forma de atualização tanto de software como de hardware, assim como
a utilização de recursos de cópias de segurança compatíveis com a atua-
lização de TI. Ressalta-se o CONARQ, por meio da Câmara Técnica de
Documentos Eletrônicos (CTDE), ainda apresenta muitas preocupações
em relação à preservação digital expressa na Resolução 37, que trata das
Diretrizes para a Presunção de Autenticidade de Documentos Arquivísti-
cos Digitais e da Resolução 39 que trata dos requisitos para Repositórios
Digitais conáveis.
Observa-se que os cuidados com a preservação são primordiais
no SIE, em função do incidente que instituição teve com perda de infor-
mações/documentos devido uma pane do computador que armazenava
todas as informações e documentos da UFSM, no nal da década 1990.
233
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Assim, a atualização dos recursos tecnológicos pertinentes à preservação
como requisito de segurança, passaram a fazer parte da rotina corpo técni-
co responsável pelo SIE.
A responsabilidade com o acesso é uma das prioridades recomen-
dadas pelo modelo SAAI, a mesma relacionada à completude e complexi-
dade das informações, bem como os recursos de TI disponibilizados para
o seu acesso por parte dos usuários-consumidores, no entanto, conside-
rando o grau de acesso denido pela administração do SAAI por meio do
estabelecimento de políticas e acordos sobre o acesso a documentos que
envolvem direitos autorais, e sigilo respaldado legalmente através de clas-
sicação de sigilo quando documento público, conforme a Lei de Acesso
à Informação – LAI 12.527. Ressalta-se que no caso do SIE, o acesso vem
sendo tratado por meio de estudos preliminares na gestão institucional
que envolvem dirigentes e pessoal técnico especializado de várias áreas do
conhecimento, com destaque Informática e Arquivologia.
2.2 modelo funcIonal do saaI
O modelo funcional do SAAI está estruturado em três etapas: o
produtor, a administração do sistema e o consumidor, conforme a Figura
2, já apresentada. Tais etapas se processam por meio da interação no am-
biente SAAI, que se constitui de seis fases denominadas “entidades”, que
serão posteriormente abordadas neste artigo.
A importância da administração do sistema decorre em função
das responsabilidades em relação a todos os agentes envolvidos no SAAI, e
também, considerando o seu status de gerenciamento macro, por meio de
dispositivos legais e/ou contratuais entre os agentes. Ela envolve, ainda, ne-
gociações com produtores em função de diagnósticos internos do SAAI ou
por solicitação. A administração do sistema envolve também o estabeleci-
mento e a atualização das políticas do SAAI, assim como o assessoramento
aos seus usuários.
A etapa da administração do sistema (entidade) envolve uma
gama de procedimentos voltados às políticas de atualização tecnológicas
234
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
dos Sistemas de Informação, em função dos documentos armazenados pri-
mordialmente voltados aos documentos de valor primário, tendo como
pressuposto a gestão documental. Destaca-se que o SAAI também tem
condições de contemplar o tratamento dos documentos de valor secundá-
rio (permanente).
As demais fases (entidades) se constituem dos uxos funcionais:
a) da admissão, bem como o recebimento do SIP, fase que envolve a checa-
gem dos padrões pré-estabelecidos para recebimento do pacote, a geração
do AIP, assim como a extração das informações de descrição para alimentar
o sistema; b) do arquivamento, fase esta que envolve as funções de arqui-
vo, manutenção e recuperação, associadas ao gerenciamento das áreas de
armazenamento e atualização de mídias vinculadas aos documentos arma-
zenados, auditagens internas e prevenção de panes; c) do gerenciamento
de dados, fase que envolve atividades de inclusão, alteração, manutenção
e acesso as informações descritivas que identicam os conteúdos armaze-
nados no banco de dados, com a nalidade de produzir relatórios a partir
de consultas e de dispositivos autônomos do próprio sistema (auditagem
interna); d) do acesso, que envolve a apresentação do AIP, juntamente com
a sua informação descritiva na forma de DIP ao consumidor, em confor-
midade com os preceitos leais e dos contratos e acordos pré-estabelecidos
entre ambos (administração do SAAI e consumidor).
Pode-se dizer que o SAAI se constitui de uma estrutura macro
de metadados de preservação e acesso agendados previamente, ou seja,
ele contempla os metadados de criação, de arquivamento, e de acesso
durante todo o ciclo documental, com a característica dominante do mo-
delo, de disseminar documentos e informações aos usuários que manifes-
tam, antecipadamente, o nível de complexidade dos metadados que são
de seus interesses, como elemento facilitador. Destaca-se que o modelo
foi concebido para transações intra e inter-relações de instituições e que
envolve um volume elevado de documentos e informações.
O modelo funcional do SAAI, conforme a Figura 3, também
dispõe de serviços que atendem as entidades funcionais, que se classi-
cam como serviços comuns, com as seguintes subclassicações: serviços
de sistemas operacionais - sendo constituído basicamente de operações e
235
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
a administração de interfaces entre o sistema de informação e os softwa-
res utilizados pelos usuários, o produtor do documento que está ligado
umbilicalmente” ao Pacote de Submissão (SIP) no modelo SAAI; ser-
viços de rede que englobam atividades pertinentes ao funcionamento de
Sistemas de Informação de redes internas (intranet), ou redes externas
(internet), que também tem forte predominância na conabilidade e na
consistência dos documentos, no que diz respeito a comunicação do da-
dos, integridade, interoperabilidade, simultaneidade e complexidade de
itens que envolve a segurança do SAAI; e os serviços de segurança que
envolvem recursos de TI voltados aos pressupostos da diplomática foren-
se em ambiente digital, ou seja, recursos que atuam como ferramentas
à auditagem de Sistemas de Informação de forma continua e sistêmica.
Tais recursos estão voltados à identicação e ao credenciamento dos usu-
ários quanto ao nível e a complexidade de acesso os documentos, bem
como o estabelecimento de dispositivos que impeçam e/ou registrem as
alterações dos mesmos.
Figura 3 - Fluxo de Admissão.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Os recursos de segurança também abrangem a blindagem do Sis-
tema de Informação quanto às intervenções que visam o conhecimento
dos padrões que o sistema opera, de pessoas não autorizadas. Outro serviço
de segurança é o de não-repúdio, que se constitui do recurso de emissão
de mensagem/recibo, podendo ser tanto por parte do produtor (criador do
documento, e um dos responsáveis pela criação do - SIP), quanto por parte
236
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
do receptor (admissão - SIP/AIP), como forma de registrar ocialmente a
operação de emissão e recebimento de documentos entre eles (emissor -
produtor e receptor - administração do SAAI).
Com base no exposto, serão descritos os uxos funcionais das res-
pectivas entidades arroladas no modelo funcional do SAAI, associando-os
ao funcionamento do SIE-UFSM, no módulo registro de projeto.
2.2.1 entIdade de admIssão
O processo de admissão no modelo funcional do SAAI, confor-
me foi apresentado na Figura 3, implica no cumprimento de rotinas que
dizem respeito à administração do sistema quanto a solicitação e conrma-
ção de recebimento do SIP, que deve ser sempre atualizado no ato de sua
admissão, de modo que etapa será também analisado e relatado o padrão
de qualidade do mesmo. A administração do sistema também envolve a
auditagem (de SIP e AIP), assim como a triagem dos padrões estabelecidos
para o recebimento e a geração do AIP.
No SIE a entidade de admissão se apresenta no contexto da admi-
nistração do sistema, tendo como personagens o departamento e o centro de
ensino ao qual o mesmo está inserido, na etapa de criação do documento o
seu produtor (o responsável pelo projeto). Esta estrutura hierárquica está em
vigência na instituição, sendo que o principio de autonomia, tanto do res-
ponsável pelo projeto como do órgão de lotação, o departamento ao qual o
projeto está inserido, constitui o agente do produtor/criador do documento.
Ressalta-se que atualmente que não existe no SIE uma tratativa
formal onde considere os interesses do produtor do documento, cujos atri-
butos de preservação desses documentos devem ser observados, conside-
rando a elaboração de pacotes e informação no modelo SAAI.
2.2.2 entIdade de arquIvamento
A entidade de arquivamento envolve diretamente a admissão que
recebe o SIP do produtor, assim como da administração do sistema, con-
237
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
forme a Figura 4. Esta etapa do processo do SAAI está associada às rotinas,
protocolos e políticas, que se caracterizam por registros de uxo, tanto de
elaboração como de encaminhamento do AIP, e também na elaboração de
relatórios, mas na sua essência é o espaço onde se considera primordialmente
à mídia, o suporte, o arquivo onde ca armazenado/arquivado o AIP.
Figura 4 - Fluxo do arquivamento do AIP.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Inicialmente, o uxo da entidade de arquivamento se dá por meio
do recebimento dos documentos e seus metadados, que por sua vez, gera
ou cumpre-se um protocolo de solicitação de arquivamento (entidade de
admissão), seguido da conrmação do arquivamento pela entidade com-
petente deste processo, já com as devidas adequações e compatibilidades
estabelecidas em termos dos recursos de TI (mídias) voltadas a preservação
e ao acesso.
No plano das rotinas e políticas de administração do sistema, a
entidade de arquivamento segue o estabelecido por meio das políticas do
sistema como um todo, e em especial, com as políticas de gerenciamento
de conteúdo, assim como de elaboração de relatórios estatísticos operacio-
nais e gerenciais.
A entidade de arquivamento se constitui do processo de ela-
boração do pacote de informação de arquivamento (AIP) que envolve
o gerenciamento da hierarquia de armazenamento, ou seja, comanda
a adequação de mídias, o nível de acesso aos conteúdos dispostos no
AIP, o acesso a um AIP que pode ocorrer em tempo real ou não (online
238
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
ou oine), de modo que esta disposição deve estar prevista nos acor-
dos ou contratos entre administração do sistema e seus consumidores.
Ressalta-se que a ocorrência de erros mesmo em etapas que não a do
arquivamento, deve gerar relatórios ou alertas no SAAI, considerando
o nível hierárquico dos usuários em relação aos documentos com estas
ocorrências.
No plano das políticas da entidade de arquivamento têm-se as
Políticas de Recuperação de Desastres e Panes que não prescinde de dispo-
sitivos e comandos de transferência de conteúdos (acervos) a outros Siste-
mas de Informação credenciados para o recebimento e armazenamento da
massa documental que corre risco. Destaca-se que a questão de segurança
envolve também a utilização de mídias removíveis de cópias de segurança.
No SIE a entidade de arquivamento está restrita à administração
do sistema, e isto signica que não existem diretrizes ou políticas expres-
sas institucionalmente que considere os preceitos do modelo SAAI, ou de
normas internas do mesmo gênero, que envolvam a elaboração de paco-
tes de informação de arquivamento. Observa-se, ainda, que em função da
ocorrência de uma norma no nal de 1990, é possível inferir que o corpo
técnico do SIE tem conhecimento do ocorrido e prima para observância
dos requisitos de segurança quanto à perda de dados e documento.
2.2.3 entIdade de gerencIamento de dados
A entidade de gerenciamento de dados apresentada na Figura 5,
trata da integridade das informações descritivas e também das informações
do sistema, com o intuito de manter a integridade do banco de dados,
por meio de seu gerenciamento que implica em incluir, alterar e excluir
documentos de forma já prevista e expressa nas políticas e procedimento
credenciados no sistema. Os registros dessas ocorrências se dão por meio
da emissão de relatórios, solicitações e consultas oriundas das entidades
envolvidas diretamente nos uxos de admissão, bem como do criador do
documento como do consumidor. Evidencia-se que a entidade de geren-
ciamento de dados é regrada conforme as políticas estabelecidas pela enti-
dade de administração do sistema, que abrange a íntegra do SAAI.
239
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Figura 5 - Fluxo da entidade de gerenciamento de dados.
Fonte: Elaborado pelos autores.
No SIE a entidade gerenciamento de dados, assim como a enti-
dade arquivamento descrita anteriormente, está restrita a administração
do SIE, não havendo também diretrizes ou políticas institucionais que
considerem os preceitos do SAAI também na elaboração de pacotes de
informação de arquivamento. Destaca-se que esta entidade tem implicação
direta com o preceito de autenticidade dos documentos, que por sua vez,
não deve prescindir do recurso de trilha de auditoria no ambiente digital,
reconhecido e compatibilizado por meio de normatização nacional e in-
ternacional.
2.2.4 entIdade de admInIstração do sIstema
O uxo desencadeado pela entidade administração do siste-
ma é extremamente complexo, visto que engloba uma série de ativida-
des operacionais e de coordenação (ações) que interligam os uxos na
conguração do processo, propiciando assim um amplo gerenciamento
que dá sustentação ao próprio SAAI. A entidade de administração do
sistema gera relatórios operacionais para os ns planejados e estabele-
cidos no sistema, assim como a geração de protocolos de recebimentos
e encaminhamentos entre as entidades que fazem parte do processo,
conforme a Tabela 2.
240
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Tabela 2 - Etapas do processo da administração do sistema.
Etapas Do Processo Ações
1 Produtor Negociação de acordo de submissão
2 Administração Controle de acesso físico
2.1 Gerenciamento de Dados
Gerenciamento de conguração do sistema;
Estabelecimento de padrões e políticas
2.2 Arquivamento Atualização da informação arquivada
2.3 Planejam. de Preservação Auditoria de submissão
2.4 Acesso Ativação de solicitações
3 Consumidor Serviços ao cliente
Fonte: Elaborado pelos autores.
A administração do sistema tem como responsabilidade as nego-
ciações de acordos e contratos de submissão de pacotes com produtores
de documentos, se valendo de seus interesses, bem como do SAAI. Os
acordos e contratos envolvem cláusulas que se traduzem em protocolos
recíprocos entre o produtor dos documentos e a administração do SAAI,
sendo que as submissões abrangem o fornecimento de informações e o
cumprimento de requisitos, tais como: calendário/periodicidade, cumpri-
mentos de requisitos de submissões quanto à atualização de conteúdos, a
emissão de relatórios de adaptações de preservação e auditagem, além da
funcionalidade e a evolução do sistema, com destaque para as atualizações
tecnológicas e seus riscos de obsolescência.
A administração também envolve o controle hierárquico autori-
zado de acesso aos documentos arquivados no sistema. Tais acessos devem
estar formalizados por meio de um conjunto de obrigações e direitos esta-
belecidos na forma de acordos e contratos, estes que devem estar consoli-
dados e em consonância com as políticas do SAAI, sincronizando assim, os
interesses do produtor-criador, da administração do SAAI e do consumi-
dor (terceiro) que pode ser o próprio produtor sistema.
241
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
A entidade de administração do sistema no SIE, também não está
formalizada, assim como a entidade de gerenciamento de dados descrita an-
teriormente. A administração do sistema é restrita à cúpula diretiva do órgão
que abriga o SIE, denominado Centro de Processamento de Dados – CPD
da UFSM, que por sua vez, está interligado ao dirigente máximo da institui-
ção (o Reitor), mas em termos gerenciais, o mesmo está ligado a Pró-Reitoria
de Planejamento – PROPLAN. Já em termos operacionais, a administração
do sistema está ligada diretamente aos órgãos gerenciais que compõem a es-
trutura administrativa da instituição, e que gerencia a produção documental
na instituição, tanto em suporte digital, como em papel.
Com base no exposto, ao considerar a importância e a amplitude
das responsabilidades da entidade de administração do sistema, destaca-
-se que uma vez formalizadas as políticas e as diretrizes do SIE, este terá
condições, acompanhado de outras ações, de viabilizar o atendimento dos
requisitos arquivísticos, conforme os preceitos normativos recomendados
para reconhecê-lo como arquivo e ou como repositório conável.
2.2.5 entIdade de Planejamento da Preservação
O planejamento de preservação é a entidade que se constitui de
mais um uxo interno no SAAI, e que se caracteriza por uma interação
contínua por meio de consultas e pesquisas junto à comunidade-alvo: pro-
dutores e consumidores que compõem o SAAI.
Conforme a Figura 6, a interação da administração do SAAI com
os produtores e os consumidores abrange o gerenciamento de requisitos,
formatos, mídias, software, plataforma e sistemas de redes de comunicação.
O planejamento de preservação envolve também a prospecção de novos
recursos de TI, assim como a sua “testagem” por meio de simulações com
todas as entidades envolvidas no processo, e com seus respectivos pareceres
sobre a ecácia de mudanças.
242
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Figura 6 - Fluxo da entidade planejamento da preservação.
PRODUTOR/
CONSUMIDOR
ADMINISTRAÇÃO DO
SISTEMA
MONITORAMENTO DE
TECNOLOGIA
MONITORAMENTO DA
COMUNIDADE ALVO
DESENVOLVIMENTO DE
ESTRATÉGIAS E
PADRÕES DE
PRESERVAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
DE PADRÕES E PLANOS
DE MIGRAÇÃO
Fonte: Elaborado pelos autores.
A entidade de planejamento de preservação envolve, ainda, os
planos de migração tanto para SIP como para AIP, e por extensão ao DIP,
onde o estabelecimento de gabarito para esses pacotes é fundamental à
preservação dos documentos armazenados no SAAI. Ressalta-se que o pla-
no de migração abrange o estabelecendo de procedimentos em todas as
entidades do SAAI.
Assim como as entidades descritas anteriormente, admite-se que
a entidade de planejamento de preservação, também não está formalizada.
Ainda, ressalta-se que o planejamento de preservação do sistema, também
está restrito à cúpula diretiva do órgão que abriga o SIE, que é o Centro
de Processamento de Dados – CPD. Destaca-se que essa entidade é uma
das funções básicas que fundamenta a razão da utilização do modelo SAAI,
ressaltando ser um dos objetivos pelos quais o modelo foi estabelecido.
Destaca-se, ainda, que resoluções emanadas do CONARQ, por meio da
CTDE versam sobre preservação digital, assim como a LAI que estabelece
também o regramento de preservação à manutenção e armazenamentos de
documentos públicos independentemente do suporte.
243
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
2.2.6 entIdade de acesso
Na sequência da vericação dos uxos no contexto das entidades
do SAAI, tem-se a entidade de acesso, visto na gura 7, que se consolida
por meio da intervenção autorizada e regrada do consumidor ao conte-
údo informativo/documental armazenado no sistema. Essa intervenção
se dá por meio do recebimento de pacotes de informação de dissemina-
ção (DIP), ou diretamente do SAAI, por meio de interfaces amigáveis de
acesso ao usuário do tipo consumidor, mas com possibilidade de ser do
produtor, na condição de consumidor, devidamente acordada e regrada.
O acesso pode proceder por vários meios: através de rede intranet ou web
na modalidade online; por meio de terminais destinados à usuários em
espaços especícos; solicitações por meio de serviços de atendimento aos
usuários na forma de consultas não-instantâneas, ou seja, relatórios que
podem exigir tempo para sua elaboração e pedidos, que podem ser solici-
tados tanto a unidade de gerenciamento de dados, como de arquivamento
na geração de DIP.
Figura 7 - Fluxo da entidade planejamento de acesso.
Figura 7 - Fluxo da entidade de acesso.
Fonte: Elaborado pelos autores.
244
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Entre os recursos disponibilizados aos usuários-consumidores a
entidade de acesso pode também informar o estágio de sua solicitação,
bem como o cronograma das solicitações agendadas e/ou contratadas entre
a administração do SAAI e o usuário-consumidor.
A entidade de acesso propicia a funcionalidade de pacotes por
meio de associações com a entidade de gerenciamento de dados, em fun-
ção das informações descritivas necessárias ao DIP. Ainda quanto às fun-
cionalidades, nota-se que a entidade de acesso contempla uma série de
relatórios operacionais de forma sintética e analítica que versam estatistica-
mente sobre as operações que foram executadas na produção do DIP, assim
como a noticação do procedimento de entrega do mesmo.
Assim como as demais entidades no SIE, a entidade de acesso
não está formalizada, assim, o acesso ao sistema é disposto aos usuários
por meio de dispositivos de autorização, de criação e de tramitação de
documentos, considerando o vínculo empregatício com a UFSM, na con-
dição de servidor técnico administrativo ou docente, mediante a matrícu-
la funcional de servidor ativo. O acesso ao sistema também considera os
níveis hierárquicos de aprovação e tramitação dos documentos, ou seja,
é a homologação das solicitações ou atos por parte das cheas e/ou das
comissões que compõem a pirâmide hierárquica da instituição. Contudo,
destaca-se que tais denições de acesso não estão regradas ou normatizadas
expressamente.
Considera-se que o modelo SAAI tem muito a contribuir com
os preceitos da LAI, em especial quanto à entidade de acesso, visto que o
objetivo maior desta lei é de que o “acesso aos documentos/informações
seja uma regra e o sigilo uma exceção”.
Ainda, na consideração da interoperabilidade dos documentos
arquivísticos em ambientes digitais, é necessário lançar mão da abordagem
da Cadeia de Custódia apresentada por Flores (2016), onde apresenta ini-
cialmente uma concepção ainda ligada aos documentos analógicos, con-
forme visto na gura 8.
245
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Figura 8 - Cadeia de Custódia dos Documentos Arquivísticos Analógicos,
com base em Jenkinson, 1922.
Fonte: FLORES, 2016.
Já segundo o mesmo autor, quando tratamos de documentos
digitais, não bastaria mais a mesma concepção de Jenkinson (1922)
apresentada na gura 8, com o recolhimento para as instituições ar-
quivísticas, mas sim um acompanhamento que mantenha uma linha
ininterrupta entre as idades documentais, do corrente ao intermediário
e o recolhimento ao permanente, como apresentado na gura 9.
Figura 9 - Cadeia de Custódia Digital dos Documentos Arquivísticos -
Focada nas 3 idades.
Fonte: FLORES, 2016.
246
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Ainda, uma consideração aos ambientes ou plataformas digitais
para a manutenção desta cadeia de custódia, conforme gura 10, nesta
apresentação de Flores (2016) é possível visualizar uma separação mui-
to clara entre o ambiente de Gestão de Documentos (Cor: AZUL do
e-ARQ Brasil), ambiente ou plataforma de Preservação (Cor: Vermelha
do RDC-Arq) e Plataformas de Difusão e Acesso (Cor: Verde).
Figura 10 - Cadeia de Custódia Digital dos Documentos Arquivísticos -
Focada nas Plataformas de GESTÃO, PRESERVAÇÃO e ACESSO.
Fonte: FLORES, 2016.
A manutenção da cadeia de custódia então segundo Flores (2016),
deve ser feita através de Ambientes Autênticos, sejam os SIGAD’s (e-ARQ
Brasil) nas fases corrente e intermediária, e os RDC-Arq (Repositórios Ar-
quivísticos Digitais Conáveis) na fase permanente. O e-ARQ Brasil, con-
templa a Gestão Documental, e após o término da fase da Gestão de Do-
cumentos, com a alteração da cadeia de custódia, passamos para a fase de
AAP - Administração de Arquivos Permanentes, através dos RDC-Arqs
(Resolução n° 43/CTDE/CONARQ), contemplando Arranjo, Descrição,
Digitalização, Difusão e Acesso de Documentos de caráter permanente, e
não mais permitindo ações ou operações típicas da Gestão de Documentos
como a Avaliação, etc.
247
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Assim, a Cadeia de Custódia Digital é uma linha ininterrupta
que gerencia, no tempo e nas idades do ciclo vital de documentos, os
custodiadores destes Documentos Arquivísticos através da interoperabi-
lidade dos documentos arquivísticos em Pacotes OAIS SIP, AIP e DIP e
considerando-se, ainda, os ambientes ou plataformas de Gestão, Preser-
vação, Difusão e Acesso.
3 conclusão
Este estudo propôs apresentar a aplicação do Sistema de Informa-
ção para o Ensino – SIE da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM,
no Módulo de Registro de Projetos, aos propósitos do Sistema Aberto de
Arquivamento de Informação – SAAI, norma ISO 15.472, no que se refere
aos pacotes de informações, responsabilidades e o modelo de funcional
analisado por meio dos uxos das entidades que compõem a administra-
ção do SAAI. A abordagem adotada neste estudo considerou o arcabouço
teórico-normativo além da norma 15.472, as resoluções emanadas do CO-
NARQ, por meio da CTDE, assim como a LAI.
As responsabilidades expressas na norma SAAI, em seção especí-
ca, constatam que sua aplicação é compatível com a diversidade e o vo-
lume das informações e documentos gerenciados no SIE. Em vista dessas
peculiaridades, faz-se necessário que a administração do SIE, composta
pelo corpo técnico do CPD, juntamente com os órgãos que tratam da
administração, do planejamento e da produção documental institucional,
passem a considerar que é necessária a observância e a implementação de
um modelo de gerenciamento da massa documental produzida na institui-
ção. Destaca-se entre as responsabilidades, a negociação que implica todo
o complexo do sistema, considerando os produtores, a própria administra-
ção do SAAI e o consumidor.
No caso do SIE da UFSM, tais negociações assumem contor-
nos na dimensão de cumprimento de exigências legais, e por se tratar de
uma instituição pública, a questão do acesso e dos cuidados em relação à
preservação das informações e dos documentos conta com uma legislação
especíca na Lei de Acesso a Informação, além da Lei de arquivo nº 8159.
248
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Ao comparar a análise dos uxos das entidades descritas no mo-
delo funcional do SAAI, ao que ocorre no âmbito do sistema, foi possível
identicar que os uxos acontecem informalmente e restritivamente ao
corpo técnico gerencial do CPD, principalmente quanto às entidades de
admissão, arquivamento, preservação e gerenciamento de dados. Já as
entidades de administração do sistema e de acesso, conta com a partici-
pação de outros órgãos gerenciais e diretivos, porém também em caráter
informal.
Portanto, os resultados deste estudo tendem a servir de apoio os
prossionais e os dirigentes da UFSM, especialmente quanto à preocupação
maior do prossional arquivista em instituições públicas, a observância dos
preceitos teóricos e legais quanto à gestão documental, à preservação e o
acesso às informações e documentos. Recomenda-se que este estudo tam-
bém seja aplicado as organizações privadas, que apresentam a necessidade da
aplicação dos princípios de gestão arquivística.
Conclui-se assim da necessidade preemente de consideração da
Manutenção da Cadeia de Custódia Digital dos Documentos Arquivísti-
cos, uma linha ininterrupta que gerencia, no tempo e nas idades do ciclo
vital de documentos, seus custodiadores através da interoperabilidade dos
documentos em Pacotes OAIS SIP, AIP e DIP, considerando também os
ambientes ou plataformas de Gestão, Preservação, Difusão e Acesso.
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249
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
______. Resolução 39, Diretrizes para implementação de repositórios conáveis de documentos
arquivísticos. Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, Rio de Janeiro, 2014.
______. Resolução 43, Diretrizes para implementação de repositórios conáveis de
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DAGNINO, R. ciencia e tecnologia no brasil: o processo decisorio e a comunidade de
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FLORES, D. A difícil tarefa de manter a Cadeia de Custódia Digital dos Documentos
Arquivísticos: Autênticos ou Autenticados. Blog Ged/A Documentos Arquivísticos
Digitais, Santa Maria, 2016. Disponível em: <http://documentosdigitais.blogspot.
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(Mestrado em Patrimônio Cultural) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa
Maria, 2011.
251
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
caPítulo 10
a PersPectIva da comPlexIdade e do desIgn da
Informação na cultura das InstItuIções
Maria José Vicentini Jorente
Natalia Nakano
Mariana Cantisani Padua
Talita Cristina da Silva
Lucinéia da Silva Batista
1 Introdução
O conhecimento cientíco tem, por muito tempo, se proposto a
simplicar as complexidades dos fenômenos “a m de revelar a ordem sim-
ples a que eles obedecem” (MORIN, 2005, p. 5). No entanto, de acordo
com os princípios da Complexidade propostos por Morin, a simplicidade
e redução de conhecimentos produzem uma forma de cegueira em contra-
posição à elucidação dos fenômenos. Assim, o conhecimento acerca dos
fenômenos e da realidade devem ser considerados em sua complexidade,
ou seja, tecidos juntos.
A palavra complexidade traz em si uma carga semântica de incer-
teza e desordem. “[...] é complexo o que não pode se resumir numa pala-
vra-chave, o que não pode ser reduzido a uma lei nem a uma ideia simples
(MORIN, 2005, p. 5).
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p7-12
https://doi.org/10.36311/2017.78-85-7983-904-7.p251-280
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Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
A Teoria da Complexidade pretende dar conta de explicar fe-
nômenos formados por diversas partes em sistemas abertos que têm
diversas entradas; é uma teoria adequada aos fenômenos pós modernos,
cuja principal características é a não linearidade. O que se propõe, en-
tão, é religar os saberes que o positivismo de Descartes separou e sim-
plicou para especializar e explicar, mas o que de fato não é suciente
para resolver relações entre sistemas que convergem diferentes fenôme-
nos ou ainda diversas linguagens, pois muito se perde quando as partes
de um sistema são consideradas isoladamente, ainda que sejam vistas
com maior distinção. Por outro lado, se a especialização permitia divi-
dir o todo para estudar as partes, e realizar uma análise cada vez mais
especíca, essa subdivisão supunha que para recompor o todo, bastaria
juntar as partes.
Descartes formulou este paradigma [paradigma da simplicação] es-
sencial do Ocidente, ao separar o sujeito pensante (ego cogitans) e a coi-
sa entendida (res extensa), isto é, losoa e ciência, e ao colocar como
princípio de ideias “claras e distintas”, isto é, o próprio pensamento
disjuntivo (MORIN, 2005, p. 11).
Na contemporaneidade, entretanto, isso não é mais suciente,
na medida em que os fenômenos tornaram-se mais complexos. Sem negar
a importância do processo de disjunção, pois por ela foram permitidos
progressos à ciência e à losoa (MORIN, 2005; POMBO, 2005) - é re-
conhecido que os observadores e seus contextos informativos e formativos
também pertencem a sistemas e não estão distanciados ou isolados deles.
Morin (2005, p. 11) arma que o processo disjuntivo tem seus efeitos
nocivos revelados a partir do século XX. “[...] o princípio da disjunção iso-
lou radicalmente uns dos outros os três grandes campos do conhecimento
cientíco: a física, a biologia e a ciência do homem”.
Mesmo no inicio do século XX, no momento axiomatico da mo-
dernidade, Ortega Y Gasset, em La rebelión de las massas (1929), já colocava
que não se podia pensar o especialista como um sábio “[...] porque ignora
formalmente tudo quanto não entra na sua especialidade; mas também não
é um ignorante porque é um ‘homem de ciência’ e conhece muito bem a sua
253
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
pequeníssima parcelas do universo” (ORTEGA Y GASSET, 1929, p. 173).
Nessa mesma modernidade, em continuidade às estratégias de disjunção,
à redução do complexo ao simples se seguiu uma hiperespecialização, que
foi desejada e desenvolvida como um ideal e como consequência o tecido
conjunto (complexo) das realidades e dos fenômenos foram fragmentados,
presumindo-se “que o corte arbitrário operado no real era o próprio real”
(MORIN, 2005, p. 12).
Contrariamente, para Morin, deve-se buscar a compreensão
dos fenômenos, e não a sua explicação, uma vez que as explicações são
dedutivas, desdobram, separam, especificam enquanto que a compre-
ensão rejunta, religa, busca as relações das totalidades com as partes,
das partes entre elas, e dessas relações com a totalidade. Para a ci-
ência, entretanto, considerar a complexidade não é tarefa fácil: [...]
A dificuldade do pensamento complexo é que ele deve enfrentar o
emaranhado, o jogo infinito das inter-retroações, a solidariedade dos
fenômenos entre eles, a bruma, a incerteza, a contradição” (MORIN,
2005, p. 14).
Visando a compreensão da teoria da complexidade, como pro-
posta neste capitulo, ou seja, a complexidade relacionada à cibernética,
há que se voltar um pouco no século XX e discutir a teoria dos sistemas
e os conceitos relacionados a ela. A Teoria dos Sistemas, pensada para
a biologia por Von Bertalany nos anos 50, considerou a “associação
combinatória de elementos diferentes” (1968, p. 19, tradução nossa),
ampliando a realidade conhecida, considerando como sistemas “[...]
desde o átomo até a galáxia, passando pela molécula, a célula, o orga-
nismo e a sociedade” (1968, p. 19, tradução nossa). Expandiu-se em
variadas direções, com adeptos de diferentes áreas do conhecimento,
entre eles a cibernética. A cibernética estuda a auto-regulação dos sis-
temas. Em 1948, Wiener lançou o livro Cybernetics, no qual o autor
propõe os fundamentos da teoria cibernética: todos os dispositivos au-
tomáticos e criaturas vivas apresentam semelhanças na sua estrutura e
funcionamento, uma vez que são sistemas abertos, o princípio funda-
mental é o da manutenção da ordem no interior do sistema ou entre
dois sistemas (WIENER, 1965).
254
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Dessa maneira, no desenho do cenário pretendido neste capítulo,
três dos postulados da Teoria dos Sistemas são relevantes para a teoria da
complexidade: (1) a noção de sistema como central para a teoria que assu-
me a totalidade das diferentes partes de um sistema como algo maior nas
qualidades e características do que a soma dessas partes constitutivas; (2) o
sistema como uma noção ambígua; (3) o caráter transdisciplinar da teoria
sistêmica com relação às complexidades dos fenômenos.
A noção de sistema - central para teoria sistêmica - e nela a noção
de sistema aberto, pressupõe trocas de matéria ou energia ou trocas infor-
macionais entre o sistema e o seu ambiente e, consequentemente, pressu-
põe a instabilidade e o desequilíbrio dentro do sistema. Em comparação,
um sistema fechado como uma mesa, por exemplo, não realiza troca de
energia ou de informação com seu meio ambiente. Assim, o sistema aberto
é ao mesmo tempo independente e dependente do seu meio. Destaca-se
que é crucial para o entendimento do sistema aberto que seu ambiente
externo seja considerado.
Portanto, duas conseqüências capitais decorrem da ideia de sistema
aberto: a primeira é que as leis de organização da vida não são de equilí-
brio, mas de desequilíbrio, recuperado ou compensado, de dinamismo
estabilizado. [...] A segunda conseqüência, talvez ainda maior, é que a
inteligibilidade do sistema deve ser encontrada, não apenas no próprio
sistema, mas também na sua relação com o meio ambiente, e que esta
relação não é uma simples dependência, ela é constitutiva do sistema
(POMBO, 2004, p. 22).
Para Olga Pombo, devido a isso, “[...] mais do que denir cada
ciência pelo seu objeto de estudo, à teoria dos sistemas importa tentar
compreender o que liga as várias ciências entre si, o que há de comum en-
tre elas, o que nelas se cruza e transfere” (POMPO, 2004, p. 44). Assim,
outro postulado da teoria dos sistemas relevante para a investigação deste
capítulo é a natureza inter e transdisciplinar dos sistemas. A interdisci-
plinaridade não se congura apenas em um cruzamento de disciplinas,
mas traduz uma nova maneira de pensar individual e coletiva de fazeres
e métodos cientícos (POMBO, 2005). Trata-se da abertura à diversi-
dade de outros conhecimentos e o reconhecimento de que as inovações
255
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
e as conquistas somente ocorrem de forma interdisciplinar, servindo-se
de uns saberes e aplicando outros. A transdisciplinaridade, por sua vez,
pressupõe ir além, transpassar os limites disciplinares.
Como a realidade não obedece a divisão didática proposta pelo
positivismo, a divisão das ciências serve como norte, mas não retrata ou
mesmo espelha a realidade. O cientista inter e transdisciplinar se propõe a
tentar compreender a natureza e os fenômenos de forma conjunta, consi-
dera saberes das áreas do conhecimento, seu contexto e sua cultura - rene-
gados pelo positivismo de Descartes - e seu entorno.
Se a noção de informação dentro da teoria sistêmica é noção re-
levante para essa investigação, por nela se considerar que há troca de ener-
gia/informação entre o sistema e seu meio ambiente, o foco está centrado
na informação como denida por Michael Buckland, no texto Informa-
tion as ing de 1991. Nele, o autor dene informação sob três diferentes
perspectivas: informação como processo, informação como conhecimento
e informação como coisa. Informação como processo é considerada na
qualidade de ação informativa; como conhecimento é considerada como
aquilo que reduz a incerteza acerca da realidade; e nalmente, a noção de
informação como coisa refere-se àquela informação passível de registro. De
acordo com Jorente (2012):
A informação que afeta opiniões, constrói incessantemente conheci-
mento e muda saberes e crenças é vista como evidência de aprendizado.
Entretanto, evidência é algo passivo - dependente da percepção dos
indivíduos envolvidos no processo informativo. Evidência dene infor-
mação, inicialmente, como dado - registro puro e simples - e objetos,
embora estes não sejam documentos no senso comum (p. 28).
Nota-se que o foco da noção de informação retorna ao sujeito,
pois este transforma em informação aquilo que percebe, que observa dos
objetos informativos, dos fenômenos, da realidade (espelhada ou não), e
determina, segundo sua própria subjetividade, de forma pessoal, se a in-
formação lhe é relevante ou não. No panorama descrito, a informação é
independente, mas também dependente do contexto em que os sujeitos
estão envolvidos. Nesse sentido, Jorente (2012) arma:
256
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Se o processo é individual, o que regula a subjetividade das conside-
rações de utilização (ou não) de determinados dados como informa-
tivos, é o consenso: um acordo entre as partes envolvidas no processo
informacional e comunicacional, princípio pelo qual se podem criar,
por exemplo, as coleções de objetos, bases de dados e bibliotecas. É o
contexto que vai distinguir identidades, semelhanças, diferenças, se-
rialização e critérios de inclusão e exclusão. As TIC, com seus meios e
linguagens próprias, transformam a informação durante seu processa-
mento contextual (p. 29).
Considere-se também que o desenvolvimento da cibernética -
como produtora de sistemas complexos que mediam o uxo informacional
desde o momento da sua produção, seu armazenamento, sua recuperação
e até que seja informativo aos indivíduos (e que esses construam conhe-
cimento) - tem passado por marcos que se confundem com os marcos do
desenvolvimento da Ciência da Informação (CI). O primeiro momento da
CI, fundamenta-se na Biblioteconomia e na Documentação, e se amplia
com o volume informacional decorrente da Segunda Guerra Mundial (de
1945 a 1980). Esse pode ser denido como o momento da gerência do
uxo informacional, quando o foco dos estudos buscavam padrões univer-
sais para questões de administração do uxo. Em seu segundo momento,
a CI se voltou para os problemas de cognição entre informação e conhe-
cimento (1980 a 1995). O terceiro momento, marcado pelos fenômenos
decorrentes da criação da Internet, e nela a Web, pode ser denido como o
momento do conhecimento interativo (BARRETO, 1998).
É importante notar que se vivencia contemporaneamente um momen-
to em que a rede mundial de computadores se consolida como mídia
paradigmática do século XXI, e esse momento situa a mediação da
informação como sistema de conhecimento que estabelece relações
com outros sistemas como os de recuperação e de armazenamento, e
/ou com o humano como sistema, partes do todo maior e com certa
imprevisibilidade. (JORENTE, 2012, p. 33).
Contemporaneamente a Internet, e nela a Web, compostas por
subsistemas, podem ser consideradas as principais plataformas para am-
bientes informacionais. Essa condição tem por consequência o desenvol-
257
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
vimento de um sistema aberto gigantesco, de impossível equilíbrio entre
todas as suas partes, entre seu todo e os indivíduos, e entre as situações
de interações e interoperabilidades decorrentes da sua mediação. “Quan-
do tais sistemas mudam de forma, novos paradigmas convergem para um
novo espírito na sociedade e para as mudanças socioculturais que se veri-
cam com tanta intensidade atualmente” (JORENTE, 2012, p. 33). O ce-
nário descrito é caótico. Porém, a característica predominante dos sistemas
abertos, e fenômeno que emerge da complexidade, é a busca pelo equilí-
brio. Dessa maneira, do desequilíbrio e fuga do caos emerge o fenômeno
da auto-organização.
No terceiro paradigma que a CI experimenta - denido como
momento de conhecimento interativo - para a mediação da informação
como sistema de conhecimento que visa estabelecer relação com outros
sistemas, depende de estratégias armazenamento e recuperação de infor-
mação. Necessita portanto de organização (auto-organização) e hierarqui-
zação.
Neste capitulo, colocam-se como objeto de discussão dois siste-
mas complexos abertos, softwares utilizados para descrição e para constru-
ção de repositório de documentos de arquivos, cujo Design considera as
questões complexas impostas pelo novo paradigma contemporaneamente
experienciado. Discute-se, por isso, disciplinaridades de Design da Infor-
mação (DI) como uma ciência interdisciplinar à CI, cujas metodologias
para a construção de teorias, pesquisas e recursos visam-nas como ferra-
mentas de manutenção de equilíbrio para sistemas complexos abertos, tais
como os arquivísticos, por natureza tendentes ao caos.
Os softwares desenhados atualmente com funcionalidades e fun-
ções de Web 2.0 podem ser de natureza beta perpétuo e customizáveis,
o que lhes confere a característica de sistemas abertos e também de ava-
lizadores do respeito ao espírito e à cultura dos indivíduos que com eles
interagem. O código aberto garante conança, pois evita obsolência e am-
plia interoperabilidade, relevantes para segurança em tempos líquidos
166
.
Assim, discute-se a importância do Design da Informação (DI) como me-
166
A expressão ‘tempos líquidos’ faz referência à expressão cunhada pelo lósofo Zygmunt Bauman no seu livro
Liquid Times.
258
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
todologia para melhorar a interação nesses sistemas, pois o DI possibilita a
convergência dos sistemas com interação transparente, ecaz e satisfatória.
Portanto, considerando os softwares AtoM e o Archivematica
como sistemas complexos abertos, discute-se os sitemas sob a perspectiva
da complexidade e do DI, para que seja possível a sua compreensão e a
sua adaptação para a realidade da cultura das instituições brasileiras. De
maneira decorrente, há que se pensar no DI como ciência, disciplina e
método que possibilita a convergência e interoperabilidade eciente desses
sistemas.
2 sIstemas comPlexos abertos Para Interação e InteroPerabIlIdade no
contexto da arquIvologIa
O Conselho Internacional de Arquivos (ICA), no intuito de
organizar os sistemas complexos que se constituem como objeto da or-
ganização de arquivos - a partir das pesquisas em estudo sobre a criação
de normas de descrição em vários países e por meio dos estudos das
atividades técnicas em arquivos - identicou 11 entidades presentes nas
instituições de arquivo: “documento de arquivo, produtor, função, lugar
ou território, tempo, norma, relação, ciclo de vida, recursos de informa-
ção, instituição custodiadora e conceito” (LLANES PADRÓN, 2014).
Dessas entidades, o conselho construiu normas internacionais
para a descrição das quatro entidades fundamentas e imprescindíveis às
instituições de arquivo: ISAD(G), ISAAR(CPF), ISDF e ISDIAH. Para a
entidade ‘documento’ foi elaborado a norma ISAD(G), que teve sua pri-
meira versão publicada em 1994 e a segunda edição publicada em 2000.
Essa norma visa instruir a descrição desde o fundo dos documentos e
suas partes até o item documental (o documento). Para a entidade ‘pro-
dutor’ foi elaborada a norma ISAAR(CPF), que teve sua primeira versão
publicada em 1996 e a segunda edição publicada em 2004. Essa norma
tem por objetivo auxiliar na descrição de registros de autoridades, ou
seja, descrição sobre o produtor, acumulador e ou pessoas e famílias en-
volvidos nos documentos e materiais arquivísticos. Para a entidade ‘fun-
ção’ foi elaborada a norma ISDF, com uma versão publicada em 2007,
259
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
essa norma objetiva instruir a descrição das funções dos produtores de
documentos. Para a entidade ‘instituição custodiadora’ foi elaborada a
norma ISDIAH - Norma Internacional para Descrição de Instituições
com Acervo Arquivístico. Essa norma, com uma versão publicada em
2008, auxilia a descrição de Instituições que custodiam documentos de
caráter arquivísticos.
As quatro normas desenvolvidas pelo ICA, brevemente apresen-
tadas, têm o propósito de estabelecer uma estrutura dos metadados para a
descrição das entidades. Metadados são “Dados estruturados e codicados,
que descrevem e permitem acessar, gerenciar, compreender e/ou preservar
outros dados ao longo do tempo” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.
106).
Portanto, uma norma de descrição constitui-se de um conjun-
to para a estruturação dos metadados de um documento, pessoa, objeto,
dado ou informação.
A estrutura é internacional, criada com o intuito de tornar pos-
sível a interoperabilidade e o intercâmbio de informações entre insti-
tuições do mundo, decisão acordada pelo ICA a m de homogeneizar a
representação da informação arquivística e dessa maneira propiciar uma
recuperação ampliada, bem como a fruição da informação arquivísti-
ca. Dessa forma, uma determinada informação pode ser recuperada de
maneira estruturada, pois sua descrição está em um mesmo formato de
metadados; além disso, a integração de acervos pode ser facilitada pelo
recurso da homogeneização.
Por essas razões, o International Council on Archives (ICA) e a
empresa Artefactual, especialista na criação de softwares arquivísticos, de-
senvolveram o sistema de descrição para registro de memória (inicialmente
denominado ICA-AtoM) baseado nas quatro normas internacionais: ISA-
D(G), ISAAR(CPF), ISDF e ISDIAH. Porém, além dessas quatro nor-
mas enlaçadas ao sistema pelo ICA, outras foram utilizadas para cobrir
situações imprevistas no desenvolvimento do sistema: a Rules for Archival
Description (RAD), norma de descrição desenvolvida pelo conselho de ar-
quivos do Canadá; os esquemas de metadados Dublin Core, que estabelece
260
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
elementos mínimos de descrição a m de promover a interoperabilidade
de metadados; o Metadata Object Description Schema (MODS), mais de-
talhado que o Dublin Core; e a Describing Archives: A Content Standard
(DACS), norma de estrutura de metadados e conteúdo desenvolvida pelo
Conselho da Sociedade Americana de Arquivistas.
Por outro lado, a Artefactual, com o apoio da UNESCO, desen-
volveu complementarmente, um sistema para armazenamento denomina-
do Archivematica, voltado à preservação e promoção de acesso à objetos
digitais. Seu desenvolvimento também baseou-se em normas e padrões,
para que a informação seja conável, autêntica e interoperável. Dentre
as normas, modelo e padrões utilizados pelo Archivematica se encontram
o modelo OAIS (Open Archival Information System), a PREMIS (Preser-
vation Metadata Implementation Strategies), o METS(Metadata Encoding
& Transmission Standard), o Dublin Core entre outros padrões e práticas
(ARTEFACTUAL).
2.1 atom: descrIção como estratégIa de rePresentação
A descrição é um processo técnico realizado em instituições de
informação que visa registrar e representar de forma escrita e verbal um
documento, informação, objeto, pessoa, instituição e função de um con-
junto documental. Descrever é, portanto, construir uma representação es-
crita das informações. No processo de descrição analisa-se o conteúdo, o
contexto, a estrutura, a função, os elementos formais dos documentos para
compor, por m, um conjunto de instrumentos de pesquisa.
O AtoM é um software composto por um sistema de descrição
arquivística que concentra e converge em um único ambiente os quatros
tipos de instrumentos de pesquisa: guia, inventário, catálogo e índice. Isso
signica que em um mesmo ambiente, podem ser recuperadas de maneira
simultânea, descrições referentes à instituição, ao produtor do documento
e ao documento, relacionadas entre si. Trata-se, portanto, de um sistema
de caráter relacional, que estabelece as ligações internas por meio dos links
e dos pontos de acesso (palavras-chave). Percebe-se, assim, que no AtoM o
contexto e as relações orgânicas presentes entre os documentos dos acervos
261
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
e da própria instituição são evidenciados e preservados. Além de ser um
sistema baseado em normas, o AtoM é de código aberto, foi desenvolvido
para ambiente Web e para multiarquivos pois, além das descrições textuais,
comporta arquivo de imagem e PDF, voltado para a visualização.
O produto de uma descrição realizada no AtoM é a elaboração
de instrumentos de pesquisa decorrentes dos registros dessas descrições de
maneira multinível. Eles podem ser elaborados conforme o nível da descri-
ção, ou ainda, por assunto, por relação, por hierarquia. No guia são apre-
sentadas as descrições dos fundos de documentos ou coleções existentes na
instituição. O inventário contém as descrições das unidades documentais
de um fundo, ou seja, em um inventário se descreve todos os objetos ou
itens existentes no acervo. Esses dois primeiros reetem uma organiza-
ção hierárquica das descrições. No catálogo, a descrição “[...] organizada
segundo critérios temáticos, cronológicos, onomásticos ou toponímicos,
reunindo a descrição individualizada de documentos pertencentes a um ou
mais fundos, de forma sumária ou analítica” (ARQUIVO NACIONAL,
2005, p. 37). No índice, a organização não é hierárquica, pois assim como
no catálogo, permite-se o uso de outros tipos de organização, como uma
organização relacional, na qual as descrições são relacionadas por meio de
nomes de pessoas, lugares, assuntos ou datas presentes nos documentos do
acervo. Este instrumento pode trazer também informações da localização
física dos recursos descritos.
O AtoM é, portanto, um sistema automatizado de recuperação da
informação, por meio do qual é possível o acesso, de forma normalizada e
indexada a todos os recursos nele descritos cuja criação proporciona o tra-
tamento técnico da documentação, uma vez que o plano de classicação da
instituição é mantido e apresentado e também o acesso.
Quanto à caracterização do AtoM, uma questão tem sido discuti-
da tanto no Brasil quanto no exterior: o AtoM é um sistema Gerenciador
Eletrônico de Documentos (GED)? A resposta a essa questão é simples,
pois trata-se de uma confusão conceitual entre as expressões Gestão de
Arquivos e Gestão Documental, que embora parecidas, tratam-se de con-
ceitos diferentes.
262
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, a
Gestão de Arquivos pode ser entendida como a administração de arquivos
que envolve “Direção, supervisão, coordenação, organização e controle das
atividades de um arquivo” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 20). Por
outro lado, a Gestão de Documentos é entendida como um “conjunto de
procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso,
avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediá-
ria, visando sua eliminação ou recolhimento” (ARQUIVO NACIONAL,
2005, p. 100).
Portanto, Gestão de Arquivos pode ser realizado com o AtoM,
mas a Gestão Documental só pode ser realizada com uma plataforma
GED, como por exemplo o SIGAD. Segundo Flores (2016) “na Europa,
alguns países têm usado o AtoM para a Gestão de Arquivos, mas não para
a Gestão Documental”.
Outra resposta a esta questão está denição das três plataformas
ou ambientes arquivísticos de curadoria digital, que Flores (2016, grifo
nosso) ressalta: “A primeira plataforma é destinada para Ambiente de Ges-
tão de documentos, a segunda para Ambiente de preservação (Archivema-
tica) e a terceira para Ambiente ou Plataforma de Acesso.” E nesta última
se insere o AtoM, que:
Tem no seu escopo exclusivamente: DESCRIÇÃO, DIFUSÃO E
ACESSO. Desta forma, ele não faz preservação digital. A preservação
digital só acontece quando ligado ao Archivematica ou (à algum outro
repositório arquivístico digital em conformidade com o) RDC-ARq,
resolução 43 do Conarq. Quanto a Gestão, o AtoM só faria Gestão de
Documentos ou GED, enquanto ferramenta, quando interligado ao
SIGAD, e-Arq Brasil, desta forma, em uma Cadeia de custódia digital
integrada. De qualquer forma, em nenhum modelo ele faz a Gestão de
Documentos ou GED (FLORES, 2016, grifo do autor).
Assim, embora o AtoM não possa ser considerado um GED, ele
pode ser usado em gestão, pois atua na visualização e recuperação da in-
formação, é estratégico para a compreensão da dimensão do acervo, suas
estruturas e característica, organização, localização entre outros.
263
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
Vale ressaltar que o AtoM também não é um workow, pois ele
não registra o uxo ou o trâmite documental na instituição, sua ênfase é na
representação. Não pode ser considerado um repositório ou banco de dados,
pois a capacidade do banco de dados do sistema é limitada.
No entanto, para cumprir a função de banco de dados é possível
a interoperabilidade entre o AtoM e o Archivematica, repositório digital
para extensos volume de dados.
Existe uma corrente internacional que defende a interconexão e intero-
perabilidade de todas as plataformas ou ambientes, ou seja, o ICA-A-
toM Interconexo [...] nós não inserindo mais documentos diretamente
no AtoM, e sim vindos de pacotes OAIS SIP, e AIP e DIP (FLORES,
2016).
Dessa forma, todo o recurso é submetido no Archivematica,
que faz o tratamento de preservação e é apresentado no AtoM, por
meio de seus instrumentos de descrição. Um instrumento de pesquisa,
por sua vez, é construído para o acesso às informações do acervo, dos
documentos e da instituição. Nos instrumentos de pesquisa são apre-
sentadas informações quanto à estrutura, à identicação numérica, à
localização física, às condições de acesso, às ligações orgânicas com a
documentação e à instituição. O instrumento de pesquisa, então, serve
como meio para a recuperação e acesso à descrição de materiais de ins-
tituições de informação.
2.2 archIvematIca
O Archivematica é um sistema de preservação digital que, além
de armazenar os objetos digitais faz o tratamento de preservação da infor-
mação. Essa é uma das facetas do tratamento da informação na comple-
xidade dos sistemas, pois esse tratamento se dá a partir da realização de
micro-serviços dentro do sistema. Os micro-serviços são compostos de ati-
vidades voltadas à autenticidade, conabilidade, interoperabilidade, pre-
servação e acesso. Segundo Garderen (2010), o Archivematica usa o design
padrão de micro-serviços que possibilita a convergência de um conjunto
264
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
de softwares e ferramentas open source, com o objetivo de tratar os objetos
digitais submetidos ao sistema.
Os micro-serviços foram organizados a partir de um uxo de
trabalho (workow), que nesse sistema especíco, teve como referência as
atividades realizadas pelo Arquivo da cidade de Vancouver – lugar em que
foi desenvolvido o sistema, com o apoio da UNESCO (GARDEREN et
al., 2012).
Além disso, foi convergido o modelo Open Archival Information
System (OAIS) que, segundo Sayão (2010), congura-se como um esque-
ma conceitual que estabelece um padrão para orientar a composição e fun-
cionamento do sistema a partir de conceitos relacionados a preservação e
acesso à informação ao descrever o seu ambiente, suas interfaces externas,
seus componentes funcionais e seus objetos de informação para preserva-
ção e acesso à informação a longo prazo. O modelo consiste, assim, em
denir as entidades envolvidas no sistema de preservação e a infraestrutura
do funcionamento do sistema. Por outro lado, a convergência de modelos
fez-se necessária no caso da Archivematica, pois o modelo OAIS apresenta
conceitos amplos, que não detalham as atividades especícas a serem rea-
lizadas no sistema.
As entidades envolvidas no ciclo de preservação são os produto-
res, os administradores e os consumidores. Os produtores são pessoas ou
sistemas fornecedores de informação a ser preservada no sistema de preser-
vação; os administradores são responsáveis pelo sistema de preservação no
estabelecimento de políticas gerais; e os consumidores são os que buscam
informação no sistema a m de identicar e adquirir a informação deseja-
da (SAYÃO, 2010).
A infraestrutura do modelo OAIS está dividida em modelo fun-
cional e modelo informacional. O modelo funcional dene o conjunto de
atividades realizadas pelo sistema que compreende a admissão, armaze-
namento, gestão de dados, planejamento da preservação, administração e
acesso. Por sua vez, o modelo de informação dene informações apresen-
tadas em forma de metadados para preservação e acesso (SAYÃO, 2010).
O conjunto de atividades faz parte de um uxo de trabalho que ocorre por
265
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
meio de pacotes de informação, que encapsulam o objeto, seus metadados
e seu conteúdo.
Os pacotes de informação (SAYÃO, 2010) são divididos em três
tipos: de submissão, formado por conteúdo e metadados submetidos pelo
produtor ao sistema; de armazenamento, que são conteúdos e metadados
armazenados e gerenciados pelo administrador ao longo dos anos no siste-
ma; de disseminação que são conteúdos e metadados que estarão disponí-
veis para o acesso dos consumidores que os requisitarem.
O uxo de trabalho inicia-se quando a informação entra no sis-
tema a partir de uma submissão criando um System Information Package
(SIP) – pacote de informação de submissão – em que os objetos digitais
começam a ser tratados pelo sistema. Posteriormente, é possível fazer o ar-
mazenamento, criando um AIP (pacote de informação de armazenamen-
to), segundo os critérios de preservação do sistema. O design da estrutura
desse pacote possibilita, assim, a gestão de dados, classicando-os e organi-
zando-os de forma lógica. Por último, cria-se a DIP (pacote de informação
para disseminação) para acesso e disseminação de informação. O OAIS foi
normalizado e aprovado pela International Organization for Standardiza-
tion (ISO) 14721 de 2003.
Sayão arma ainda que o modelo OAIS não contempla detalhes
para sua implementação em um sistema, provocando uma lacuna entre
a teoria e a prática, vista sob como um problema no sistema complexo
que constitui o tratamento da informação para a sua preservação e acesso.
Por essa razão, criou-se um instrumento para dirimir essa lacuna, que se
constitui em um guia de implementação do modelo OAIS, criado pelo
grupo responsável pelo Preservation Metadata: Implementation Strategies
167
,
PREMIS.
O resultado desse trabalho foi o “Data dictionary for preserva-
tion metadata: nal report of the PREMIS Work Group em 2005. Além do
Dicionário de Dados “publicaram um conjunto de esquemas XML para
apoiar a implementação do Dicionário de Dados em sistemas de preserva-
ção digitais” (PREMIS, 2015, p. 1).
167
Metadados de Preservação: Implementação de Estratégias.
266
Maria José Vicentini Jorente
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O dicionário organiza um modelo de dados a partir de entidades
que tem como propriedades os metadados. Segundo o Premis (2015) essas
entidades são: objetos, que é o objeto digital a ser preservado; o ambien-
te, que é o software e hardware utilizado para guardar o objeto digital; o
evento, que são as ações envolvidas que afetam o objeto; o agente que é
a organização ou sistema associado com as ações (eventos) na vida de um
objeto; e os direitos, que são direitos e permissões em relação ao objeto e/
ou agente. As cinco entidades se relacionam e convergem para realizar a
preservação digital.
Contudo, a codicação e empacotamento desses metadados apre-
sentam a necessidade de um esquema XML para essa atividade, que é rea-
lizada com o desenvolvimento do METS (Metadata Encoding & Transmis-
sion Standard)
168
.
Nesse sentido, a iniciativa do desenvolvimento do METS foi da
Digital Library Federation (Federação de Biblioteca Digital) que tentou tra-
balhar sob o projeto Making of America II (MOA 2). Esse formato foi de-
senvolvido em XML para codicar os metadados que gerenciam os objetos
no sistema e facilitam o intercâmbio de objetos entre sistemas. Seu uso no
modelo OAIS estrutura e gerencia os pacotes de informação. Sayão (2010)
arma que o METS estabiliza preservação digital em sistemas complexos,
por utilizar um formato aberto de linguagem, o que facilita a migração, e
o intercâmbio entre sistemas complexos. O esquema pode ser integrado
a outros esquemas externos, aprovados pelo conselho METS. Dentre os
esquemas externos aprovados se encontra o Dublin Core que, segundo
a ANSI/NISO Z 39.85-2012 (2013), é focado na descrição de recursos,
não necessariamente a um domínio de assunto ou objetos especícos. Os
sistemas de informação além de usarem esse esquema para facilitar a recu-
peração da informação, utilizam-no para interoperabilidade entre sistemas,
pois criam uma linguagem comum entre eles. Isto signica que os quinze
elementos descritivos do Dublin Core são padronizados.
De acordo com Souza et al. (2000) muitas vezes o conjunto
de elementos Dublin Core é “embutido no próprio documento descrito
168
Padrão de Transmissão e Codicação de Metadados.
267
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
(HTML, XML Extensible Markup Language e outros), ou, dependendo
do recurso, a meta-informação encontra-se separada do recurso cataloga-
do” (p. 93). Nesse contexto, o Archivematica usa o esquema embutido
no seu código de programação para possibilitar a comunicação com ou-
tros sistemas, além de seus diferentes cenários que facilita essa ocorrência
(GARDEREN, 2010). A complexidade do sistema aumenta quando é in-
tegrado com AtoM para acesso, ou mesmo com outros sistemas como o
DSpace,CONTENTdm, Islandora, LOCKSS,DuraCloud, OpenStack,
ArchivistsToolkit, Arkivum, ArchivesSpace, que possuem estruturas co-
muns e incomuns entre eles.
3 consIderações sobre o desIgn da Informação como artIculador da
curadorIa dIgItal da Informação em ambIentes dIgItaIs
As seções anteriores, relacionadas às Teorias dos Sistemas e à Te-
oria da Complexidade, apresentam o design de sistemas abertos que osci-
lam entre equilíbrio e desequilíbrio. A Web como um sistema no qual as
informações estão em um uxo e em desordem, se apresenta cada vez mais
difícil de encontrar, acessar e preservar a informação, pois as informações
são inseridas nesse ambiente digital, que se tornou, ao longo do tempo,
um ambiente complexo e de grande uxo que tende ao desequilíbrio. Con-
sidera-se assim, que a normalização, a padronização e o uso de sistemas
normalizados, abertos, complexos e interoperáveis são respostas ao dese-
quilíbrio existente na Web.
O DI é um complexo e multifacetado construto disciplinar emer-
gente e tecnológico de uma peça de um quebra-cabeça maior, que pode
reger outros sistemas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Design da
Informação – SBDI, a área congrega pesquisadores, docentes e prossio-
nais que atuam em sistemas de informação e comunicação analógicos e
digitais, além de tratar da gestão e produção de informação com foco na
otimização dos processos de aquisição, interação e gerenciamento da infor-
mação visual.
Em linhas gerais as bases teóricas do DI estão simultaneamente
se consolidando nas várias disciplinas a partir das quais as práticas da tec-
268
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
nologia de sistemas informacionais são derivadas - Ciência da Informação,
Ciência da Computação, Design, Ciências Cognitivas, TIC e sistemas in-
teligentes. A terminologia Design da Informação usada para descrever essa
nova ideia reete suas múltiplas origens, suas diversas motivações, e sua
novidade.
Para Saul Carliner (2000), o DI é a preparação de produtos de
comunicação para que eles atinjam objetivos de desempenho estabeleci-
dos previamente nos requisitos do projeto. De acordo com o autor (CAR-
LINER, 2000, p. 4, tradução nossa) o processo de DI envolve:
1. Os problemas de comunicação em que analisará;
2. Estabelecer objetivos de desempenho que, quando alcançados, abor-
dam e solucionam estes objetivos;
3. Desenvolver um plano para um esforço de comunicação, de forma a
abordar os objetivos estabelecidos;
4. Desenvolver os componentes da solução planejada, para menor es-
forço do usuário no processo de comunicação; e
5. Avaliação da ecácia nal do esforço.
Alguns dos termos dessa denição, têm signicados especícos
no campo, tais como: os objetivos de desempenho, que são observáveis
(item 2), i.e., tarefas mensuráveis – que são as metas que os usuários devem
ser capazes de executar, e as condições para realizar essas tarefas, além de
tratar do nível de trabalho aceitável (MAGER, 1997); o plano (item 3)
trata da organização do projeto, detalhada para elaborar um documento
que indica não só o conteúdo a ser apresentado, mas a extensão e o formato
da apresentação (KOSTUR, 1999). Os outros itens não necessitam de um
esclarecimento quanto a sua especicidade.
Carliner (2000) propõe um modelo tríptico de DI em ambien-
tes digitais. O autor apresenta alguns recursos e elementos focados na co-
municação efetiva. O framework é baseado em três dimensões, entendidas
pelas autoras desse estudo como permeáveis, complexas, e não distintas e
separadas umas das outras, sendo que questões envolvendo uma camada
interferem e inuenciam nas outras.
269
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
O Quadro 1 resume as questões que devem ser consideradas pelo
DI do ambiente digital de Carliner (2000).
Quadro 1 – Dimensões do DI
Design Físico:
auxiliando os internautas a
encontrar informação
Design cognitivo:
auxiliando internautas a
entender
Design Humanístico:
motivando internautas a
interagir
Questões
• Design da página e da tela;
• Recuperação da
informação;
• Seleção de mídias;
• Produção de conteúdo;
• Escrita e edição técnica.
Processos
1. Análise de necessidades;
2. Estabelecimento dos objetivos;
3. Escolha da forma;
4. Preparação do design;
5. Estabelecimento das diretrizes.
Questões:
• Atenção;
• Motivação;
• Comunicação
transcultural;
• Linguagem;
• Impacto social e
político;
• Questões legais e
éticas;
• Serviço ao cliente;
• Metodologias para
o entendimento
de questões
comunicacionais.
Questões
• Aplicação dos princípios de
psicologia cognitiva;
• Aplicação de teorias do design,
tais como minimalismo;
• Abordagem da sobrecarga
informacional;
• Modularização da informação;
• Planejamento do design dentro
dos limites.
Fonte: CARLINER, 2000, tradução nossa.
Neste quadro, as dimensões do DI são: (1) Design Físico (sen-
sorial/ perceptível), capacidade de encontrar informações; (2) Design
Cognitivo (intelectual), capacidade de compreender as informações;
(3) Design Humanístico (emocional), capacidade de navegar com faci-
lidade na apresentação das informações.
A camada do Design Físico pode ser utilizada por cientistas da
informação capacitados para o desenvolvimento de recursos de DI para
dar forma à informação que se deseja expor: enfatizar ou minimizar;
comparar ou ordenar; agrupar ou classicar; selecionar ou omitir; optar
pelo reconhecimento imediato ou tardio; e apresentá-la de forma bem
resolvida formalmente. Para isso, pode-se fazer uso de variáveis visu-
ais como descritas pelo cartógrafo francês Jacques Bertin na década de
1970, situando o DI no âmbito do Design gráco. A partir de aspectos
270
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
como posição, forma, tamanho, contraste, saturação, cor e direção, é
possível organizar elementos de informação de modo a apresentá-las de
maneira adequada ao seu objetivo e aos sujeitos que buscam a infor-
mação.
Segundo Morita (2011), o legado de Bertin foi o estabeleci-
mento de uma estrutura que permitia a elaboração de mapas mais cla-
ros. No entanto, a importância de sua obra não se restringe ao domínio
da cartograa, sendo destacada também por pesquisadores relacionados
à visualização de informações (KRAAK, 2011). Morita (2011) subli-
nha, ainda, que a teoria de Bertin é mais fácil de ser aplicada atual-
mente, a partir da utilização de meios digitais. Para Bertin, a percepção
visual é ubíqua, ou seja, quando lemos uma imagem, passamos por três
níveis de percepção: a imagem completa, uma parte dela e um elemen-
to; e a alternância entre eles é praticamente automática, não exigindo
nenhum tipo de esforço especial. O Quadro 2 apresenta as variáveis de
Bertin adaptadas por Mijksenaar (1997).
Tabela 1 - Variáveis adaptadas para o DI
Fonte: MIJKSENAAR, 1997, tradução nossa.
Nesse contexto o DI está, principalmente, preocupado com
clareza (e não simplesmente a simplicidade) e compreensão (SHEDRO-
271
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
FF, 2000, online). Ao tratar de questões de conteúdo, de fatores huma-
nos e técnicas, o foco situa-se atualmente, diante das potencialidades
entre linguagens nos ambientes desenhados por meio das TIC também
nas questões de interoperabilidade e convergência de sistemas de in-
formação. A interoperabilidade permite que vários sistemas, idênticos
ou radicalmente diferentes, possam se comunicar sem problemas. Tor-
nou-se fundamental em muitas áreas, como Tecnologia da Informação
(TI), Medicina, Engenharia Elétrica, Engenharia Aeroespacial; redes
ferroviárias e, de uma maneira geral, é muito utilizado em aplicações
industriais. Destaca-se que, para tirar vantagem da interoperabilidade
entre sistemas devidamente conectados, é importante apontar a neces-
sidade de competências para interpretar a complexidade da informação
derivada de cada sistema: uma questão para especialistas que, em equi-
pes multidisciplinares, que tratam diretamente estruturas de design, de
metadados, de linguagens de programação especícas da computação,
entre outras convergências.
Isso implica que as capacidades cognitivas humanas no processo
de comunicação, como um todo, devam ser equacionadas. No Design da
Informação a prioridade é encontrar a estrutura mais apropriada para o
tipo de informação que está sendo apresentada e, portanto, deve-se ter um
foco mais amplo, que não abrange apenas grácos, textos e ilustrações, ou
trata de questões meramente estéticas, mas que se preocupa também com
as metas do sujeito que interage com o sistema, com o conteúdo da men-
sagem que está sendo transmitida e com todos os atores (humanos ou não)
do processo comunicacional, bem como com os objetivos de realização da
tarefa, para que ocorra uma interação satisfatória com o objeto digital e
com a interface.
Mais contemporaneamente, para explicar a camada do Design
Cognitivo a teoria proposta por Tufte (2001) apresenta três princípios ge-
rais que complementam a proposta da camada do Design Cognitivo e de-
vem ser aplicados para alcançar resultados excelentes no planejamento do
DI: (1) a apresentação bem planejada de dados interessantes, uma questão
de substância, estatística e design; (2) a comunicação de ideias complexas
com clareza, precisão e eciência; e (3) o oferecimento, ao usuário, do
272
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
maior número de ideias no menor tempo possível, com a menor quantida-
de de pixels no menor espaço.
Em termos ainda mais consolidados, com relação à camada do
Design Humanístico, Redig (2004) apontou a importância social do DI ao
armar que ele está intimamente ligado à democracia, uma vez que não
se pode falar em democracia sem informação clara e verdadeira. Diferente
dos autores citados anteriormente, Redig inclui o destinatário da mensa-
gem, a forma da mensagem e o tempo de transmissão da mensagem como
aspectos característicos do Design de Informação. Em relação ao sujeito
que irá interagir com a informação, o autor destaca a necessidade de se
levar em conta aqueles que interagem com ela, modicando-a para denir
e redenir o conteúdo (REDIG, 2004), pois quanto maior a escalabilidade
a que se destina determinada informação, mais complexa se torna a de-
nição do conteúdo, uma vez que as singularidades e particularidades pro-
vavelmente se tornem presentes de forma proporcional. Assim, na camada
do Design Humanístico, dentre as questões apontadas por Carliner (2000)
relacionadas à Comunicação Transcultural, Linguagem, Impacto Social e
Político, Legais e Éticas e Serviço ao Cliente e Metodologias para entendi-
mento de questões comunicacionais, reportamo-nos a Redig (2004) com
o intuito de destacar o aspecto motivador junto a internautas, um convite
à interação com o sistema, justamente por seu caráter social democrático.
Quanto à forma da mensagem, Redig (2004) dene sete quali-
dades do DI: (1) analogia em relação ao conteúdo, o que, segundo o autor,
é determinante para a existência do DI; (2) clareza, também considerada
imprescindível, mas muitas vezes ausente; (3) concisão, excluindo-se sig-
nos ou palavras supéruas ou dispensáveis; (4) ênfase, para destacar itens
mais importantes da mensagem, conferindo legibilidade e identidade a ela;
(5) coloquialidade, dependendo do objetivo e dos atores envolvidos; (6)
consistência, fazendo com que cada signo, dentro de seu contexto, cor-
responda sempre a um mesmo signicado; e (7) cordialidade, por uma
questão de respeito.
Observa-se que as quatro primeiras qualidades citadas por Redig
(2004) – a analogia, a clareza, a concisão e a ênfase – têm sido citadas
recorrentemente por outros autores que tratam do mesmo tema. O indiví-
273
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
duo está em constante interação com a natureza e este se integra na socie-
dade através de uma contínua reorganização da sua experiência (DEWEY,
1979). Dessa maneira, de acordo com as dimensões e objetivos do DI
considera-se que as interações e a continuidade do processo de encontrar,
navegar e compreender a apresentação das informações, podem ser ava-
liadas as duas características fundamentais para se obter uma experiência
enriquecedora. Com relação às questões de atenção e motivação, as qua-
lidades relacionadas ao tempo na interação, para Redig (2004), são: (1) o
senso de oportunidade, sendo essencial que a informação apareça quando
o receptor precisa dela, e não aparecendo quando ele não precisa; (2) a
estabilidade ou continuidade dos códigos utilizados.
É importante destacar que, por meio das interações com inúme-
ros aparatos tecnológicos, novas tecnologias e sistemas estão se alterando
constantemente as dinâmicas de ação, criando novas possibilidades de ex-
plorar a informação e interagir com a informação que esta sendo veiculada
pelo meio. As informações traduzem os dados que são signicativos para
um grupo de pessoas, o que exige a criação de relacionamento entre as
mensagens que constituem.
Assim, nesse contexto, o AtoM e o Archivematica organizam e
estruturam os dados para o acesso e recuperação das informações em am-
bientes digitais de Arquivo. Se transformar dados em informação é uma
forma de organizá-los de forma signicativa e apropriada e comunicar
todo o contexto em que estas ações ocorrem (SHEDROFF, 2014), um
dos primeiros passos é explorar a organização dos objetos digitais: a forma
de organizar um mesmo conjunto de dados expressa diferentes atributos
e mensagens. O AtoM e o Archivematica com suas regras, normas e pa-
drões propõem formas de organização dos seus bancos de dados para o
armazenamento e posterior recuperação, ou seja, cada sistema tem uma
organização diferente para o armazenamento e apresentação dos dados. É
importante perceber que a forma com que as informações, objetos digitais
e dados estão organizados em uma interface afetam a interpretação e com-
preensão do todo.
Nesse sentido, Shedro (2014) denomina Design da Informação
Interativo a intersecção de três disciplinas: Design da Informação, Design de
274
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Interação e Design Sensorial, a área de convergência dessas disciplinas e preo-
cupação central é o conteúdo, conforme apresentado na Figura 2.
Figura 2Design da Informação Interativo: A teoria do campo unicado
do Design
Fonte: Shedro, 2014
Enquanto o DI se concentra na representação, organização e
apresentação dos dados, a ênfase do Design de Interação está na criação de
experiências satisfatórias entre os internautas e os objetos digitais dispos-
tos nas interfaces. Por Design Sensorial entende-se o emprego de todas as
técnicas por meio das quais se efetiva a comunicação via sentidos (visão,
olfato, paladar, tato e audição). O conceito trata dos aspectos emocionais
e cognitivos para se alcançar o objetivo em dado projeto de design. Para
Shedro (2014) as três disciplinas citadas são novas, enquanto diversas
pesquisas e métodos estão em desenvolvimento por serem consideradas es-
senciais para a compreensão da comunicação e interação nas mais diversas
mídias e suas especicidades, com foco na convergência intensa, inteligível
e onipresente na interação.
Voltamos, portanto, ao clássico McLuhan que, em 1974, já con-
siderava de maneira polemica que as alterações criadas pelo meio sejam a
verdadeira mensagem: a partir do momento que as novas tecnologias se
fazem condicionantes de novas percepções da realidade – na medida que
instrumentalizam a comunicação humana nas suas formas de represen-
275
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
tação – criam-se quadros de memórias, fornecem símbolos e o ambiente
mental requerido para determinados momentos de ruptura decisivos para
a reestrutração dos sistemas sócio- técnicos. Com a interação dos meios de
comunicação, a linguagem escrita cedeu continuamente espaço às conver-
gências de várias linguagens e codicações estruturadoras de informação,
o que não signica, entretanto, que tais linguagens possam ser considera-
das equivalentes em estatuto. Se a sua interação interfere nos processos de
decodicação da informação e de apreensão de conhecimento parece evi-
dente, para compreender esses processos, as linguagens que reestruturam
as formas de comunicação das informações no sistema humano devem ser
aprendidas, compreendidas e potencializadas como meios para mapear as
interações.
O DI, pensado no ciclo de vida documental a Curadoria Digi-
tal atua em todas as fases do processo como por exemplo no acesso, na
recuperação e na preservação de objetos digitais. O AtoM, por exemplo,
é desenhado para resolver problemas de acesso e interação, nesse senti-
do, apresenta novas possibilidades aos internautas, de maneira diversa
ao tradicional. No acesso a um arquivo por meio dos instrumentos de
pesquisa, diante das emergências possibilitadas pelas TIC que suportam
o AtoM (multinível e desenhado com várias facetas), apresenta múlti-
plos pontos de acesso. Isso quer dizer que, nesse software, encontram-se
convergências e interoperabilidades entre os variados instrumentos de
indexação, busca e recuperação da informação – as potencialidades do
inventário, guia e catálogo estão reunidas em um mesmo ambiente. Além
disso como o software apresenta-se em beta perpétuo, possibilita que o
DI esteja em todas as fases iterativas de desenvolvimento e também de
interatividade, propiciando uma melhora nos processos de acesso, recu-
peração e preservação dos dados e informações, embora seja direcionado
principalmente à descrição.
Ao analisar esses sistemas com o uso do framework proposto por
Carliner identica-se as seguintes características do Design Físico demons-
trado no quadro a seguir:
276
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Quadro 2 – Análise da Dimensão Física do DI no AtoM e no Archivematica
Análise do Design Físico AtoM Archivematica
Design da página e da tela
Layout limpo, agradável e
bem organizado, títulos para
recuperação da informação pelo
campo de busca
Layout limpo, agradável e bem
organizado, títulos e palavras-
chave para recuperar
Recuperação da informação
Por campos de buscas, mapas do
site, índices e por navegação por
links
Por sintaxe
Seleção de mídias e condições
de acesso
Apresentação na página on-line por
meio de texto verbal e imagem
Pacote DIP
Produção de conteúdo
Exclusiva da instituição utilizadora
do sistema, o conteúdo pode ser
importado e exportado nos padrões
Dublin Core 1.1 XML e EAD
2002 XML..
Exclusiva da instituição
utilizadora, não é aberta aos
internautas e o conteúdo só é
exportato pela DIP.
Escrita e edição técnica
O rigor culto, forma e cientico na
escrita das descrições inseridas no
sistema é estabelecido na política
de descrição de cada instituição
Não apresenta textos extensos
em sua interface.
Fonte: Elaborado pelas autoras
O quadro acima demonstra na dimensão física do design: ques-
tões relacionadas a colocação, disposição e identicação das informações
na página ou na tela dos sistemas. Assim percebe-se grande diferença en-
tre o sistemas e a justicativa para essa diferença está na ênfase de cada
sistema, pois o AtoM tem o objetivo de prover o acesso a metadados de
documentos de um acervo, enquanto que o Archivematica tem o objetivo
de preservar os objetos digitais nele inserido. Tendo essa diferença em vista
percebe-se que:
No design da página e tela a apresentação das informações em am-
bos sistemas são de fácil localização, desde um layout simples e limpo até os
elementos de recuperação da informação como títulos e campos de busca.
Além do campo de busca no AtoM é possível a navegação hierárquica por
menus e não hierárquica por links. No Archivematica, no entanto, a recu-
peração da informação e a navegação é por sintaxe, pois os indivíduos que
interagem no sistema são especialistas, ou seja, pessoas com conhecimento
277
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
na área da CI, diferente dos indivíduos que interagem no outro sistema,
que são desde especialistas até indivíduos não especializados.
Assim, os meios utilizados nos sistemas para a apresentação e en-
trega das informações para os indivíduos também são diferentes, uma vez
que o Archivematica utilizará do pacote de difusão (DIP) para enviar os
metadados ao AtoM, que por sua vez irá disponibilizar as informações para
acesso. Por serem sistemas de Gestão de Arquivos, a produção e edição de
conteúdo só é possível por login, senha e níveis de acesso.
Considera-se ainda, que dadas as características especícas dos
sistemas (gestão, preservação e acesso), não é possível identicar e analisar
as demais dimensões do DI em suas interfaces, pois no desenvolvimento
dos sistemas a ênfase não estava na experiência dos indivíduos que utili-
zam o sistema e sim no correto funcionamento do sistema sob a ótica dos
princípios e fundamentos da arquivologia para a gestão no contexto dos
objetos digitais e do acesso. Por esse motivo, faz-se necessário a conceitua-
ção e elaboração de uma interface (no próprio sistema AtoM, ou uma tela
convergente a ele) que corresponda as demais dimensões do DI, como por
exemplo a UX.
Contudo, no que concerne aos objetos digitais contidos nos am-
bientes estudados, o DI também estabelece regras e possibilita a conver-
gência dos dois softwares apresentados (AtoM e Archivematica), por meio
da proposta de uma solução que trata da semântica, da organização e hie-
rarquização dos dados e metadados.
Essas soluções estão relacionadas às ontologias, tesauros, taxo-
nomias e vocabulários controlados. As interações realizadas por meio
dos diversos suportes tecnológicos, diferentes tecnologias e sistemas são,
dessa forma, ações realizadas nas interfaces no ciberespaço e que se apre-
sentam de forma complexa na estrutura de dados e metadados. O DI
articula, assim, as três dimensões do framework de Carliner (2002), por
meio do qual é possível trabalhar o sistema de forma complexa e interdis-
ciplinar. O resultado do desenvolvimento de soluções para os problemas
encontrados no desenvolvimento dos softwares por meio da utilização
de métodos e técnicas do DI, são os softwares abertos, que estão em
278
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
constante atualização, reavaliação e melhorias. Finalmente, a possibilida-
de de tradução e customização, que o beta perpétuo possibilita também
pode ser considerada como uma questão de Design de Informação. Cada
faceta rapidamente explorada nessa subseção representa fenômenos de
alta complexidade que envolvem uma quantidade de variáveis difíceis de
serem delimitadas, os fenômenos aliados ao aumento da diversidade das
áreas de aplicação das técnicas e métodos expostos estão extrapolando as
fronteiras do mundo físico.
Nesse cenário, portanto, o papel do DI é construir interações por
meio das quais o indivíduo pode criar padrões e signicados, estimular a
compreensão das mensagens e criar experiências e dessa forma comparti-
lhar e transmitir a um nível de comunicação fundamentalmente partici-
pativa (rede de comunicação cognitiva e comunidades de conhecimento).
Torna-se necessária a realização de novas pesquisas que possam fornecer
um catalisador para uma nova forma de pensar e apresente novas perspec-
tivas relacionadas às questões mente/corpo e interação/informação.
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2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n1/v29n1a10.pdf>.
TUFTE, E. e visual display of quantitative information. Cheshire: Graphics Press,
2002.
WIENER, N. Cybernetics or control and communication in the animal and the
machine. 2. ed. e MIT Press: Cambridge, Massachusetts, 1965.
281
sobre los autores
danIel flores
Pesquisador CNPq PQ2. Bolsista de Produtividade em Pesquisa, Doutor em Docu-
mentação pela USal, concluiu o Doutorado em “Metodologías y Líneas de Investigación
en Biblioteconomía y Documentación” - Universidad de Salamanca/España em 2006
(Revalidado/reconhecido no Brasil ao título de Doutor em Ciência da Informação pela
UFRJ/IBICT com bolsa CAPES). Desenvolveu estágio de Pós-Doutorado nanciado
pela Fundação Carolina na Espanha de 2008 a 2009 em Documentos Digitais: Gestão
e Preservação. Concluiu o mestrado em Engenharia de Produção na linha de pesquisa
Tecnologia da Informação pela UFSM - Universidade Federal de Santa Maria em 2000,
tornou-se especialista em Organização de Arquivos pela USP – Universidade de São Paulo
em 1998, graduou-se como bacharel em Arquivologia em 1998, desde o ano de 1995. É
líder do Grupo de Pesquisa em Gestão Eletrônica de Documentos Arquivísticos - Ged/A
e do Grupo de Pesquisa em Patrimônio Documental Arquivístico registrados no CNPq e
orientou bolsistas de Iniciação Cientíca. É Consultor de Projetos Arquivísticos. Atual-
mente é Professor Associado do Departamento de Documentação da Universidade Fede-
ral de Santa Maria, desde 1998, onde ministrou disciplinas de Arquivística, Diplomática,
Preservação Digital, Gestão Eletrônica de Documentos, Bases da GED e suas linhas de
pesquisa, Diplomática Contemporânea, Repositórios Arquivísticos Digitais, Reprograa,
Ética e Legislação Arquivística, Tecnologia da Informação I e II, Digitalização de Docu-
mentos, Tópicos Avançados de Bancos de Dados para a Arquivologia e orienta Estágios
Supervisionados e Trabalhos de Conclusão de Curso, ademais de coordenar Projetos de
Pesquisa, Extensão e Ensino. Docente Permanente do Mestrado Prossional em Patri-
mônio Cultural/PPGPPC-UFSM, Docente Colaborador do Mestrado Prossional em
Gestão de Documentos e Arquivos - PPGARQ - UNIRIO e participou como docente
do Curso de Especialização à distância em Gestão em Arquivos (EAD), do Curso de
graduação em Arquivologia/UFSM, do Curso de graduação em Sistemas de Informação
da UFSM, do Mestrado em História da UFSM. É Consultor da Capes, membro presen-
cial da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos - CTDE do CONARQ - Conselho
Nacional de Arquivos / Arquivo Nacional. Participou dos Colegiados de Departamento
e Colegiado do Curso de Arquivologia, do Conselho do Centro de Ciências Sociais e
Humanas e do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão-CEPE da UFSM (Conselhos
282
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Superiores), ademais de participar de Comissões Permanentes, Comissões de Legislação
e Normas, de Ensino e exercer cargos Administrativos como Coordenador e vice-coorde-
nador do Curso de Arquivologia/UFSM, Vice-coordenador do Mestrado em Patrimônio
Cultural da UFSM e Chefe substituto do Departamento de Documentação/UFSM. Foi
o presidente fundador da Associação dos Arquivistas do Estado do Rio Grande do Sul
- AARS em 1999. Orientou Dissertações de Mestrado no Programa de Pós-Graduação
em Patrimônio Cultural/UFSM, co-orientou dissertações de mestrado em Engenharia da
Produção (Tecnologia da Informação/PPGEP/UFSM), orientou monograas da Especia-
lização em Gestão em Arquivos - EAD/UFSM, além de ter orientado trabalhos de inicia-
ção cientíca e trabalhos de conclusão de curso nas áreas de Ciência da Informação, Ciên-
cia da Computação e Arquivística. Atualmente coordena projetos de pesquisa e extensão.
Atua na área de Ciência da Informação, com ênfase em Arquivologia. Em suas atividades
prossionais interagiu com colaboradores em co-autorias de trabalhos cientícos. Em seu
currículo Lattes os termos mais freqüentes na contextualização da produção cientíca,
tecnológica e artístico-cultural são: Documentos Digitais, Preservação Digital, Gestão
Arquivística de Documentos Digitais, Sistema de Arquivos, Arquivologia, Arquivística,
Projeto de Arquivo, GED, Tecnologia da Informação, Gestão Eletrônica de Documen-
tos, Automação em Arquivos, Documentos Eletrônicos, Digitalização de Documentos e
Software Livre - SL.
dunIa llanes Padrón
Profesora de la Facultad de Comunicación de la Universidad de La Habana (Cuba) desde
2006, adscrita al Departamento de Ciencias de la Información; Posdoctorado en Ciencias
de la Información, Facultad de Filosofía y Ciencias, Universidad Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Brasil (2014-2015). Doctora en Biblioteconomía y Documentación por la
Universidad de Salamanca, España (2011). Máster en Documentación por la Universidad
de Coimbra, Portugal (2009). Licenciada en Bibliotecología y Ciencias de la Información
por la Universidad de La Habana, (2003). Además de su experiencia docente en la Univer-
sidad de La Habana ha impartido cursos de posgrados en la Universidad Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Universidad Federal de Santa María, Universidad de Brasilia,
Universidad Estadual de Londrina, Instituto Brasileño de Información en Ciencia y Tecno-
logía, Universidad de Coimbra y Universidad de Salamanca. Miembro del Conselho Nacio-
nal de Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico de Brasil como colaboradora extranjero
en grupos de pesquisa de la Universidad de Brasilia y el Instituto Brasileño de Información
en Ciencia Tecnología. Sus líneas de investigación y docencia se enfocan en la representa-
ción y el acceso a la información archivística y su normalización. Entre su haber, destaca la
publicación de artículos cientícos, capítulos de libro, ponencias y comunicaciones sobre
los temas de normalización de la descripción archivística, representación de información y
gestión documental. Así mismo le han sido otorgados premios y becas internacionales por
su quehacer investigativo en esta área del conocimiento.
283
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
gIlberto fladImar rodrIgues vIanna
Possuo Graduação em Arquivologia (Bacharelado) pela Universidade Federal
de Santa Maria (1986); Especialização em Administração - Qualidade na Administração
do Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro de Ciências Sociais e Hu-
manas da Universidade Federal de Santa Maria (2002); Especialização em Engenharia de
Produção - Agente de Inovação e Difusão Tecnológica do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Ma-
ria (2007); Mestrado em Patrimônio Cultural do Programa de Pós-Graduação Prossio-
nal em Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria(2011). Doutorado
em Ciência da Informação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Estadual Paulista - UNESP/MARÍLIA (2015). Tenho experiência prossio-
nal em gerenciamento de documentos/informações sobre de Projetos de Ensino, Pesquisa
e Extensão. Sou Servidor técnico-administrativo-nível superior/arquivista da Universida-
de Federal de Santa Maria.
juan-antonIo Pastor-sánchez
Doctor en Documentación por la Universidad de Murcia y Profesor en la misma Uni-
versidad en la Facultad de Comunicación y Documentación, dentro del Departamento
de Información y Documentación. En el año 2002 comenzó su actividad docente como
profesor asociado fundamentalmente en el área de tecnologías de la información y la co-
municación, y más concretamente sobre sevicios de información digital, gestión de con-
tenidos, arquitectura de la información y diseño web. A partir de 2009 se dedica exclusi-
vamente a las tareas docentes y de investigación y en la actualidad es Profesor Contratado
Permanente. Su principal línea de investigación se centra en la aplicación de tecnologías
de la web semántica para la representación de sistemas de organización del conocimiento
mediante SKOS y su publicación como linked open data. Otras líneas de trabajo han
incluído el estudio de sistemas hipermedia, la gestión automatizada de tesauros, la apli-
cación de técnicas para la accesibilidad web y la elaboración de ontologías web. Cuenta
en su haber con una carrera profesional desde 1992 hasta 2009 como documentalista,
desarrollador de aplicaciones web y diseñador de sistemas de información y aprendizaje
en línea. También ha desarrollado labores de gestión universitaria como Vicedecano de la
Facultad de Comunicación y Documentación y Coordinador de Bibliotecas de la Univer-
sidad de Murcia y director de la revista Anales de Documentación. Es miembro del grupo
de investigación de Tecnologías de la Información de la Universidad de Murcia, del think
tank inkEPI y miembro del comité cientíco de la Conferencia internacional sobre
revistas de ciencias sociales y humanidades.
284
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
laís barbudo carrasco
Possui graduação em Ciência da Informação e Documentação pela Universidade de São
Paulo (2010) e mestrado em Patrimônio, Multimídia e Sociedade da Informação pela
Universidade de Coimbra (2012). Atualmente é estudante de doutorado da Universi-
dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e 2º tenente bibliotecário - Força Aérea
Brasileira. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Ciência
da Informação, atuando principalmente nos seguintes temas: cidoc crm, ontologia, web
semântica, patrimônio cultural e metadados.
lucInéIa da sIlva batIsta
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação pela Unesp/
Marília. Arquivista formada em 2012 pela UNESP/Marília e graduanda em Bibliote-
conomia desde 2013 na UNESP/Marília. Atua principalmente nos seguintes temas:
Ambientes Digitais, Design da Informação, Archivematica, ICA-AtoM, Complexida-
de, Redes Sociais, Twitter, Empoderamento e Disseminação da Informação. Realizou
estágio no Cedhum (Centro de Documentação de Marília). Atualmente desenvolve
projeto de pesquisa com o software Archivematica que visa a preservação da informa-
ção em ambiente Web em instituições de Arquivo, busca-se analisar a interface deste
sistema do ponto de vista do Design e discutir questões de interoperabilidade entre
o Archivematica e o ICA-AtoM. Membro do grupo de pesquisa GPNTI (Grupo de
Pesquisa Novas Tecnologias em Informação), do laboratório de pesquisa LADRI (La-
boratório de Design e Recuperação da Informação), membro do projeto de descrição e
digitalização dos acervos documentais do pesquisador William Nava, coordenador do
Museu de Paleontologia de Marília
manuela moro cabero
Profesora Titular de Universidad en la Universidad de Salamanca (España) desde
1998. Adscrita al Departamento de Biblioteconomía y Documentación de la Univer-
sidad de Salamanca. Especializada en la gestión de documentos en las organizaciones.
Imparte su docencia en el Grado en Información y Documentación y el Máster de Siste-
mas de Información Digital. Es miembro del programa de Doctorado de la Universi-
dad de Salamanca Formación en la Sociedad del Conocimiento. En la línea de Educaci-
ón y sociedad de la información. Es Licenciada en Geografía es Historia, especializada
en Historia Medieval en 1985. Diplomada en Biblioteconomía y Documentación
con especialización en Archivística en 1990. Doctora en Historia por la Universidad
de Salamanca desde 1995. Miembro del Grupo SC01 de Gestión de documentos-Es-
285
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
paña del CTN-50 de AENOR. Miembro del Observatorio de prospectiva Achivística
y Sociedad de la Universidad Carlos III de Madrid. Profesora invitada en el programa
de Pós-Graduaçâo em Ciência da Informaçâo, bajo la línea de Investigación “Gestâo,
Mediaçâo e Uso da Informaçâo” en la Faculdade de Filosoa e Ciências de la UNESP/
Campus de Marília (Brasil). Es colaboradora extranjera en el Grupo de investigación
sobre Gestão Eletrônica de Documentos Arquivísticos-Ged/A, do(a) Universidade
Federal de Santa Maria (Brasil). Entre su haber, destaca la dirección de numerosas te-
sis doctorales e investigaciones, así como publicaciones (monografías, publicaciones
periódicas, ponencias y comunicaciones, etc.) sobre gestión documental en empresa,
valoración y selección documental, gestión de sistemas, gestión de calidad, modelos
de evaluación, auditoría y certicación, gestión de documentos electrónicos, ges-
tión de la información y conocimiento, gestión normalizada de sistemas para los
documentos, preservación, continuidad digital y gestión de riesgos. Igualmente ha
realizado diversas publicaciones sobre motivación, formación e investigación en Ar-
chivística. Ha desempeñado y desempeña diversos cargos de coordinación, gestión y
dirección en la Universidad de Salamanca.
marIa crIstIna vIeIra de freItas
Doutora em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade de Salamanca e
mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Re-
alizou cursos de Especialização nas seguintes áreas: Conservação de Documentos,
Ciências Documentais e Metodologias de Ensino. Licenciou-se em História e em
Documentação e Arquivística. É membro doutorado dos seguintes centros de inves-
tigação: CEIS20 (Universidade de Coimbra) e CONDOR (Universidad de León).
Revisora em publicações monográcas e periódicas nacionais e internacionais, com
participações em comissões cientícas de eventos nacionais e internacionais. Autora
e/ou coautora em dezenas de publicações cientícas, em veículos nacionais e inter-
nacionais. Atualmente, é docente nos cursos de licenciatura, mestrado e doutorado
em Ciência da Informação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Participa, ativamente, na qualidade de interlocutora institucional, nos projetos de
Gestão Documental nas Instituições do Ensino Superior Português e no projeto de
Avaliação Suprainstitucional da Informação Arquivística (ASIA), sob a coordenação
da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB)/Arquivo Na-
cional Torre do Tombo. Interessa-se pelas seguintes áreas: organização da informação
e do conhecimento; arquivos pessoais; arquivos digitais; preservação do património
documental; métodos qualitativos de análise de dados.
286
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
marIa da graça de melo sImões
Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no Departamen-
to de Filosoa, Comunicação e Informação onde assegura as unidades curriculares do 1º
ao 3º Ciclos na área de Organização do Conhecimento. Tem Doutoramento em Ciência
da Informação pela Universidade de Salamanca (2010), Mestrado (2007) em Ciência da
Informação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Pós Graduação em
Ciências Documentais pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1991), Pós
Graduação em Estudos Europeus pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
(1993) e Licenciatura em História pela mesma Universidade (1989). É autora de diversas
monograas e artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, essencialmente,
sobre Representação da informação e organização do conhecimento.
marIa josé vIcentInI jorente
Livre Docente em Cultura Digital e Informação Pós-Custodiada em Redes de Cola-
boração e Doutora em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -
UNESP. Professora Adjunta em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa
da UNESP. Especialista em Design de Produto. Licenciada em Artes pela Fundação Ar-
mando Álvares Penteado – FAAP - e em Letras pela Universidade de São Paulo (USP).
Docente dos cursos de graduação em Arquivologia e Biblioteconomia e dos cursos de
Mestrado Acadêmico e Doutorado em Ciência da Informação da Unesp. Foi coor-
denadora do Curso de Arquivologia da Unesp/Marília, 2013-2015. Investigadora nas
áreas de Informação e Tecnologia, Tecnologias de Informação e Comunicação, Mídias,
Intersemiótica, Genética de Produtos de Criação, Hipertextualidade, Webdesign. Foi
membro dos conselhos dos cursos de Biblioteconomia e de Arquivologia e do Conselho
de Pós-Graduação em Ciência da Informação, 2013-2015. Membro do Grupo Novas
Tecnologias em Informação (GPNTI). Membro da Comissão de Implantação do Curso
de Museologia da UNESP. Membro do Comitê de Atividades Museológicas da UNESP.
Coordenadora do Convênio Unesp/Universidade do Porto (CetacMedia) juntamente
com a pesquisadora portuguesa Prof. Dra. Cândida Fernanda Ribeiro. Participante do
projeto de pesquisa internacional JUNTS. Superant barreres socioeducatives i afavorint
l’alfabetització en salut: Intervenció sobre les interferències i dicultats de comprensió d’in-
formació i documentació dirigida a famílies d’infants afectats per malalties minoritàries, na
Cataluña. Parecerista ad hoc de agências de fomento.Vice-Presidente da Comissão de
Comunicação Social da Unesp de Marília.
287
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
marIa manuel borges
Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A sua área de
investigação principal situa-se no domínio da Comunicação da Ciência, particularmente
em ambiente digital tecnologia digital e as suas implicações nas formas de produção,
acesso e disseminação da informação cientíca.Publica com regularidade em Portugal
e no estrangeiro e faz parte do corpo editorial e de árbitros de revistas cientícas, bem
como de comissões cientícas de conferências, nacionais e internacionais.Tem colabora-
do como investigadora ou consultora cientíca em projetos de investigação em Portugal e
no estrangeiro. É atualmente Subdiretora do Departamento de Filosoa, Comunicação e
Informação, Coordenadora da Secção de Informação e Diretora do Mestrado e Doutora-
mento em Ciência da Informação. É Diretora dos Serviços de Biblioteca e Documentação
da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
marIana cantIsanI Padua
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação na UNESP, cam-
pus Marília. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba.
Graduada em Design com habilitação em Comunicação Visual pela Pontifícia Universi-
dade Católica de Goiás /PUC-GO. Lecionou no Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia da Paraíba/ Cabedelo, ministrando as disciplinas: Ergonomia Informacional,
Gestão de Projetos, Computação Aplicada ao Design I e II, Planejamento Visual IV e
Análise Gráca no Curso Superior Tecnológico em Design Gráco. Possui interesse de
pesquisa nas seguintes áreas: Design de Informação, Design de Interação, Museologia,
expograa, Ciência da Informação, práticas que viabilizam o acesso à informação (aces-
sibilidade) e seu uso (usabilidade), arquitetura da informação pervasiva e experiência do
usuário (User eXperience - UX).
mayra mena mugIca
Doctora en Ciencias de la Información en 2006. Master en Bibliotecología y Ciencias
de la Información por la Universidad de La Habana en 2002. Licenciada en Historia por
la misma universidad en 1989. Tiene más de 20 años de experiencia en la actividad de
información. Trabajó en el Archivo Nacional de Cuba durante 10 años donde se desem-
peñó como Vicedirectora de Investigaciones y fue miembro de sus consejos de Dirección
y Cientíco. Ha recibido asesoramiento técnico profesional en la Escuela Taller de Ar-
chivos del Ministerio de Cultura de España y en el Servicio de Bibliotecas y Archivos de
la Universidad de Salamanca. Ha cursado estudios de post-grado en las especialidades de
Historia de Cuba y España en la Universidad de La Habana; y de Archivística, Paleografía
288
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
y Diplomática en el Archivo Nacional de Cuba y el Archivo General de la Administración
de Alcalá de Henares. En 2004 le fue otorgada una beca de investigación Keizo Obuchi
de la UNESCO para realizar estudios de Doctorado en la Universidad de Salamanca y en
el Instituto de Teoría y Técnica de la Información Jurídica del Consejo Nacional de Inves-
tigaciones de Florencia, Italia. Su tesis doctoral fue publicada por el sitio web del Proyecto
InterPARES. Ha participado como ponente en los eventos y reuniones cientícas nacio-
nales e internacionales y en las actividades de diseminación del Proyecto InterPARES 2
realizadas en Cuba y México por parte del equipo de trabajo CLAID (Caribbean and
Latin-American Dissemination Team de InterPARES 2) en 2006. Ha publicado, entre
otros, los libros “La administración Autonómica Española en Cuba – 1898. Catálogo de
la Documentación de la Cámara de Representantes del Parlamento Insular y de la Presi-
dencia del Consejo de Secretarios”, realizado en colaboración con Severiano Hernández
Vicente; e Introducción a las Ciencias de la Información, con el Dr. Radamés Linares
Columbié. Se desempeña como Profesora Titular en el Departamento de Ciencias de la
Información de la Universidad de La Habana. Es miembro de la Comisión Nacional de
Grados Cientícos para las Ciencias Sociales, Secretaria del Tribunal de Grados Cientí-
cos en Información y Comunicación y Secretaria del Consejo Cientíco de la Facultad de
Comunicación de la Universidad de la Habana.
natálIa nakano
Doutoranda em Ciência da Informação na Unesp/Marília, desenvolveu projeto de mes-
trado com foco comparativo em softwares livres para atendimento online para bibliotecas,
arquivos e museus. Atualmente o objeto de pesquisa de doutorado se expande para incluir
plataformas abertas e gratuitas para disseminação da informação na internet e construção
do conhecimento; Complexidade, Design da Informação e Design Instrucional desses
ambientes, com o objetivo de empoderamento e capacitação à distância para as massas.
Membro do grupo de pesquisa GPNTI (Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em In-
formação) , do laboratório de pesquisa LADRI (Laboratório de Design e Recuperação da
Informação); membro do projeto de descrição e digitalização dos acervos documentais do
pesquisador William Nava, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília.
sIlvana aParecIda borsettI gregórIo vIdottI
Licenciada em Matemática pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da
UNESP (1986). Especialista em Ciência da Computação pelo Instituto de Ciências Ma-
temáticas de São Carlos da USP (1987). Mestre em Ciências ? área de concentração
- Ciências da Computação e Matemática Computacional - pelo Instituto de Ciências
Matemáticas de São Carlos da USP (1993). Doutora em Educação - área de concen-
289
Una mirada a la ciencia de la información esde
los nUevos contextos paradigmáticos de la posmodernidad
tração Educação Brasileira - pela Faculdade de Filosoa e Ciências da UNESP (2001).
&lt;b&gt;Atuação prossional&lt;/b&gt;: Coordenadora do Programa de Pós-Gradua-
ção em Ciência da Informação da Unesp (2004 - 2011) Coordenadora do Doutorado
Interinstitucional (DINTER) Unesp e Universidade Federal do Ceará (2010-2014) Pro-
fessora Assistente-Doutora em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Filosoa e Ci-
ências - FFC - Campus de Marília, Departamento de Ciência da Informação. Docente
dos cursos de graduação em Arquivologia e Biblioteconomia e dos cursos de mestrado
acadêmico e doutorado em Ciência da Informação da Unesp. Assessora da Pró-Reitoria
de Pós-Graduação da Unesp (PROPG ). Membro Titular do Conselho Editorial de Pe-
riódicos da UNESP - CEPC. Membro Titular do Comissão Permanente de Educação a
Distância da UNESP - CPEaD. Membro Titular do Conselho de Gestão Cientíca do
Núcleo de Computação Cientíca da Unesp - GridUnesp. Coordenadora do Laboratório
de Desenvolvimento e Aplicação de Multímidia da FFC - UNESP. Membro da Associa-
ção Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB). Líder
do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação. Parecerista ad hoc de agências
de fomento nacionais. Parecerista e membro de Comitês Cientícos de periódicos cien-
tícos Coordenadora do Projeto de Extensão Universitária: Inclusão Digital de alunos da
UNATI - Marília. Pesquisadora da área de Ciência da Informação, com ênfases em Tec-
nologias de Informação e Comunicação e em Arquitetura da Informação digital Bolsista
de Produtividade em Pesquisa do CNPq - nível 2 - projeto de pesquisa: Arquitetura da
Infomação e Usabilidade Digital: um estudo da contribuição teórica e metodológica no
contexto da Ciência da Informação
talIta crIstIna da sIlva
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação pela Unesp/Marilia.
Arquivista formada em 2013 pela UNESP/Marília. Atua principalmente nos seguintes te-
mas: Ambientes Digitais, Design da Informação, ICA-AtoM, Complexidade, Wikipédia,
Empoderamento e Construção Coletiva do Conhecimento. Graduanda em Arquivologia
na UNESP - Marília. Realizou estágio no SIARQ (Sistema de Arquivos na UNICAMP),
no Cedhum (Centro de Documentação de Marília) e no Cine Clube (Clube do Cinema
de Marília), no acevo documental. Possui dois cursos técnicos: Técnica de Administração
e Técnica de Informática para Internet, pelo Centro Paula Souza. Atualmente desenvolve
projeto de pesquisa com o software AtoM. Bolsista Proex, 2012/2013, Bolsista de Inicia-
ção Cientica FAPESP, 2013/2014, Bolsista CNPq de Iniciação Cientíca, 2014/2015 e
bolsista CNPq de Mestrado, 2015/2016. Membro do grupo de pesquisa GPNTI (Gru-
po de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação), do laboratório de pesquisa LADRI
(Laboratório de Design e Recuperação da Informação); membro do projeto de descrição
e digitalização dos acervos documentais do pesquisador William Nava, coordenador do
Museu de Paleontologia de Marília.
290
Maria José Vicentini Jorente
Dunia Llanes Padrón (Org.)
Catalogação
Telma Jaqueline Dias Silveira
Assessoria Técnica
Maria Rosangela de Oliveira
Capa e Diagramação
Gláucio Rogério de Morais
Produção gráca
Giancarlo Malheiro Silva
Gláucio Rogério de Morais
2017
Impressão e acabamento
Gráca Campus
Unesp Marília - SP
Formato
16X23cm
Tipologia
Adobe Garamond Pro
Papel
Polén soft 70g/m2 (miolo)
Cartão Supremo 250g/m2 (capa)
Acabamento
Grampeado e colado
Tiragem
300
sobre o lIvro
A
N
I
C
I
F
O
Á
R
I
T
I
S
A
R
E
V
I
N
U
CULTURA
ACADÊMICA
E d i t o r a
A recompilação de textos que compõem o livro “Una Mirada a la Ciencia de la
Información desde los Nuevos Contextos Paradigmácos de la Pos-
modernidad” apresenta dez capítulos, elaborados por dezesseis autores de
instuições brasileiras, espanholas, portuguesas e cubanas. O primeiro e o
segundo capítulo expõem a problemáca da mudança de paradigma na
Arquivologia, apresentando algumas coordenadas para compreender a
transição das teorias custodiais às pós-custodiais; no terceiro capítulo,
ressalta-se a importância da análise contextual para a organização e descrição
de recursos arquivíscos e para a criação de metanarravas que assegurem a
preservação e a connuidade digital. Em seguida, os capítulos quatro e cinco
abordam as complexidades que caracterizam a representação da informação
arquivísca na pós-modernidade, determinada pelo uso de normas e
modelos conceituais, assim como pela presença de tecnologias de acesso
aberto. No sexto capítulo, a reflexão versa sobre os princípios metodológicos
e conceitos de indexação, a parr das alterações ocasionadas, principalmente,
pelas tecnologias. A importância das tecnologias digitais no processo de
comunicação da ciência é o tema destacado no sémo capítulo. O oitavo
capítulo dispõe sobre o contexto da web semânca e seus elementos, além
de propor uma aproximação às noções de interoperabilidade, reuso,
metadados e ontologias. No nono capítulo, expõe-se uma análise de
plataformas digitais de gestão, preservação, uso e difusão de documentos
arquivíscos no contexto de instuições de ensino superior. Por fim, o décimo
e úlmo capítulo traz uma discussão sobre os sistemas complexos abertos
ulizados para a descrição e a preservação digital, ressaltando a relevância
que tem o Design da Informação como área interdisciplinar à Ciência da
Informação.
UNA MIRADA A LA CIENCIA DE LA
INFORMACIÓN DESDE LOS NUEVOS CONTEXTOS
PARADIGMÁTICOS DE LA POSMODERNIDAD
ISBN - 978-85-7983-903-0
9 788579 83903 0